2. ► Definição de cartografia ACI 1991 – “Disciplina que trata
da concepção, produção, disseminação e estudo de
mapas”;
► Especialização da Cartografia -> separação da Geografia;
► Ponto comum -> espaço no centro das preocupações;
► Espaço para a Geografia: elemento central de análise e
o seu mapeamento é parte do processo investigativo e
discursivo; o mapa é parte do discurso geográfico – o
mapa é um meio;
► Espaço para a Cartografia: fonte de informações para
o desenvolvimento do seu objetivo de estudo – o mapa é
um fim -> mapa objeto da Cartografia;
3. ► “Divisão” da cartografia (e dos mapas) em duas, de
acordo com conteúdos, técnicas, objetivos e habilidades
(embora todos os mapas sejam do interesse dos
geógrafos e cartógrafos);
a) “Sistemática”, “de referência geral” ou “de
base”;
b) “Temática”, “geográfica” ou “geocartografia”
► Esta divisão não rígida.
4. Características da Cartografia Sistemática e Cartografia Temática
Produtos da Cartografia
Produtos da Cartografia de Base
Mapas topográficos com a representação do
Temática
terreno Mapas temáticos que representam qualquer tema
Atendem a uma ampla diversidade de propósitos Atendem usuários específicos
Podem ser utilizados por muito tempo Geralmente os dados são superados com rapidez
Não requerem conhecimento específico para sua Requerem conhecimento específico para sua
compreensão. Leitura simples compreensão. Interpretação complexa.
Elaborados por pessoas especializadas em Geralmente elaborados por pessoas não
cartografia especializadas em cartografia.
Utilizam cores de acordo com a convenção Utiliza cores de acordo com as relações entre os
estabelecida para mapas topográficos dados que apresenta
Uso de símbolos gráficos, especialmente
Uso generalizado de palavras e números para
planejados para facilitar a compreensão de
mostrar os fatos
diferenças quantitativas e qualitativas
Sempre servem de base para outras Raramente servem de base para outras
representações. representações.
Sanchez (1981) apud Archela (2000)
Joly (1990) cartografia temática: todos os mapas que tratam de outro assunto
além da simples representação do terreno.
5. ► Cartografia sistemática - Archela (2000): Execução
dos mapeamentos básicos que buscam o equilíbrio
da representação altimétrica e planimétrica dos
acidentes naturais e culturais, visando a melhor
percepção das feições gerais da superfície
representada. Sua preocupação central está na
localização precisa dos fatos, na implantação e
manutenção das redes de apoio geodésico, na
execução dos recobrimentos aerofotogramétricos e
na elaboração e atualização dos mapeamentos
básicos.
6. ► Cartografia temática – Archela (2000): instrumento
de expressão dos resultados adquiridos pela
Geografia e pelas demais ciências que têm a
necessidade de se expressar na forma gráfica. Tem
como preocupação básica a elaboração e o uso dos
mapeamentos temáticos, abrangendo a coleta, análise,
interpretação e a representação das informações sobre
uma carta base. Importa-se mais com o conteúdo
que vai ser representado no mapa do que com a
precisão dos contornos ou da rede de paralelos e
meridianos.
7. Autores e definições de Cartografia de Sistemática e Cartografia Geográfica
Cartografia topográfica,
cartografia de referência geral, Cartografia temática, cartografia
Autor
cartografia sistemática ou geográfica ou geocartografia
cartografia de base
Raisz (1969) Mapas gerais Mapas especiais
Robinson apud Barbosa (1967) Mapas topográficos Mapas de compilação
Barbosa (1967) Mapas topográficos Mapas especiais e Mapas temáticos
Deetz (1948) Mapas topográficos oficiais Mapas de fins especiais
Mapas de base ou de referência
Sanchez (1973 e 1981) Mapas temáticos
geral
Simielli 1986 Mapas topográficos Mapas temáticos
Rosa (1994) Mapas de base Mapas temáticos
IBGE Mapas gerais Mapas temáticos
Libault (1975) Mapas topográficos Mapas geográficos
Martinelli (2003 e 2005) -- Mapas temáticos
Joly (1985) Mapas topográficos Mapas temáticos
Archela (2000) Mapas sistemáticos Mapas temáticos
Slocum (1999) Mapas de referência geral Mapas temáticos (ou estatísticos)
9. PRINCÍPIOS DA SEMIOLOGIA GRÁFICA
► Jacques Bertin (1962);
► Normatização da representação gráfica: diagramas, redes e
mapas;
► Linguagem gráfica monossêmica é diferente da linguagem
polissêmica (pintura, fotogafia etc.);
► Monossemia é importante para que não haja dúvida sobre o
que está representado (porém a interpretação não é única);
► Legenda é responsável pela padronização do significado de
cada signo;
► A gráfica auxilia na comunicação e compreensão das
informações: uma tabela demanda muito mais tempo para
compreensão do que um gráfico;
10. ELEMENTOS DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
► Componentes (ou variáveis) = informações e dados;
► Variáveis visuais - 8 = duas dimensões do plano ( X e Y -
no mapa apenas uma variável – localização) e as variáveis
retínicas (Z) -> tamanho, valor, granulação, cor, orientação e
forma.
► Implantação: utilização das duas dimensões do plano;
► Três tipos de implantação (primitivas cartográficas): ponto,
linha e área;
► Elevação: utilização das variáveis retínicas (essas variáveis
representam informações impossíveis somente com as duas
dimensões do plano, que ficam na localização).
11. Classificação das variáveis visuais segundo
os quatro níveis de organização
(propriedades perceptivas): seletivo,
associativo, ordenado e quantitativo
13. ► Seletivo (≠) : permite isolar todas as
correspondências da mesma categoria (a família dos
signos vermelhos, a família dos signos verdes; a
família dos signos escuros, a família dos signos claros;
► Associativo (≡ ): permite o agrupamento imediato de
todas as correspondências diferenciadas por esta
variável (todas as variáveis visuais são associativas,
porém em diferentes graus);
14. ► Ordenado (O): permite a classificação visual de suas
categorias (cinza é intermediário dentre o preto e o
branco (variável valor); o médio é intermediário entre
o pequeno e o grande (variável tamanho);
► Quantitativo (Q): revela a relação de
proporcionalidade entre elementos (A é duas vezes
maior do que B).
16. ► Nível qualitativo (ou nominal): objetos ou fenômenos que têm
relação de igualdade ou diferença mútua. Questão “o quê?”. Ex:
usina nuclear, mina de carvão, poço de petróleo; budista, católico,
muçulmano, hinduista) – não são ordenadas. Deve ser representada
por uma variável visual seletiva ou associativa;
► Nível ordenado: elementos que tenham relação de grandeza ou
hierarquia entre si. Questão “em que ordem?”. Envolve conceitos que
permitem um ordenamento dos elementos de maneira
universalmente conhecida (frio-quente-morno; preto-cinza-branco;
pequeno-médio-grande; bom-médio-ruim). Deve ser representado
por uma variável visual ordenada;
► Nível quantitativo (métrico): usado quando fazemos uso de
unidades contáveis (número de habitantes, valor em dinheiro, vezes).
Questão “Quanto?”. Deve ser representado pelo tamanho
(quantitativa);
17. Representação qualitativa
Expressa a existência, localização e
extensão de ocorrência dos
fenômenos.
Variável visual deve ser seletiva ou
associativa.
Exemplo
Tipo de implantação: área
Componente: qualitativo
Variável visual: cor (seletiva)
Mapa corocromático com informação
seletiva no modo de implantação zonal
Fonte: Archela e Théry, 2008
18. Representação ordenada
Expressa fenômenos que
apresentam ordem hierárquica entre
os elementos.
Variável visual deve ser ordenada (o
tamanho, embora seja ordenado,
deve ser reservado à
proporcionalidade). A cor pode ser
explorada (clara e escura - fria e
quente).
Ex: Tipo de implantação: área
Componente: ordenado
Variável visual: valor e cor (seletiva)
Mapa coroplético com informação ordenada
no modo de implantação zonal
Fonte: Archela e Théry, 2008
19. Representação quantitativa
Expressa relação de proporcionalidade
entre os componentes.
Variável visual deve ser quantitativa
(somente o tamanho)
Método dos círculos proporcionais;
Raio do círculo = raiz de Q (qdade);
Ex: Tipo de implantação: ponto
Componente: quantidade
Variável visual: tamanho (quantidade)
Mapa de círculos proporcionais com informação
quantitativa no modo de implantação pontual
Fonte: Archela e Théry, 2008
21. Representação corocromática
•Choros (área) e chroma (cor).
•Utilizado para representações de
componentes nominais
(qualitativos).
•Implantação zonal.
•Representa fenômenos que se
manifestam segundo áreas com
limites não preestabelecidos
(zonas geológicas, zonas de
vegetação).
Mapa corocromático com informação seletiva
no modo de implantação zonal
Fonte: IBAMA, 2005.
22. Representação coroplética
•Choros (área) e pletos (valor).
•Implantação zonal.
•Representa fenômenos que se
manifestam segundo áreas com
limites preestabelecidos
(municípios, estados etc.).
•As variáveis visuais utilizadas
devem ser cor e valor;
•Os dados representados devem
ser relativos (taxas, porcentagens,
índices) e nunca absolutos
(quantidades).
Mapa coroplético com informação ordenada
no modo de implantação zonal
Fonte: SEPLAG/DEPLAN, 2010.
23. Representação isarritmica
•Iso (igual) – linhas de mesmo
valor.
•Linhas unem os pontos de mesmo
valor (isarrítmica);
•Mapas de isolinhas e mapas
isopléticos (com preenchimento
das zonas entre as linhas);
•Pode ser utilizado para
representar valores absolutos ou
relativos.
Mapa isoplético com informação ordenada no
modo de implantação zonal
Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil, 2000.
24. Representação por símbolos proporcionais
•Utilizado para representar
quantidades em valores absolutos
•A superfície da figura é
proporcional à quantidade do
componente na unidade
geográfica;
•Representacão pontual;
•Variável visual tamanho.
Mapa de círculos proporcionais com informação
quantitativa no modo de implantação pontual
Fonte: Atlas da questão agrária brasileira, 2008
25. Representação por pontos de contagem
•Utilizado para representar
quantidades em valores absolutos
•Cada ponto corresponde a uma
quantidade do componente
representado, sendo implantado o
número de pontos correspondente;
•Implantação zonal;
Mapa de pontos de contagem com informação quantitativa no modo de implantação pontual no qual se
visualiza uma mancha mais clara ou mais escura consoante a ocorrência do fenômeno representado.
Fonte: Archela e Théry, 2008
26. Representação dinâmica – movimentos no espaço:
Método dos fluxos
•Utilizado para representar
quantidades em valores
absolutos;
•A espessura das linhas
representa a quantidade do
componente representado;
•Implantação linear
•Variável visual: tamanho
Mapa de fluxo com informação quantitativa
no modo de implantação linear.
Fonte: Atlas da questão agrária brasileira, 2008
27. Representação dinâmica – movimentos no tempo:
Método dos círculos concêntricos
•Utilizado para representação de
dois valores ao mesmo tempo por
meio de dois círculos sobrepostos
com cores diferentes.
•Este tipo de representação é
recomendado para a apresentação
de uma mesma informação em
períodos distintos, ou para duas
informações diferentes com dados
não muito discrepantes.
•Implantação linear
•Variável visual: tamanho e cor
Mapa de círculos concêntricos com informação quantitativa
no modo de implantação pontual
Fonte: Archela e Théry, 2008
28. Representação por método de síntese
•O mapa de síntese é mais
complexo e exige profundo
conhecimento técnico dos
assuntos a serem mapeados.
•Esse tipo de mapa é construído a
partir da sobreposição, porém sem
construção de tipologias de
objetos.
•Martinelli, 2003 critica essa
postura afirmando que o mapa de
sobreposição nega a própria idéia
de síntese e sendo mapas muito
confusos.
Mapa de síntese – mapa coroplético representando a
síntese de estudos sobre diferentes fenômenos
Fonte: Archela e Théry, 2008
29. Representação por método de síntese
•O mapa ao lado apresenta a
síntese de 8 indicadores
ambientais agrupados em
classes evidenciando os
conjuntos espaciais como
coloca Martinelli, 2003.
•Nesse caso o que se destaca
são os agrupamentos de
atributos para a identificação
dos espaços similares, para
definição da tipologia de cada
espaço.
Mapa de síntese – mapa coroplético representando a síntese de
estudos sobre diferentes fenômenos através da tipologia
Fonte: Ugeda Junior, 2012
30. ►Usando as normas e
possibilidades da
representação cartográfica
apresentadas o mapa deve
ser pensado como um todo.
31. Mapa para ver
Responde: o
componente X, onde
está?
Conjunto de mapas
exaustivo.
Mapa para ler
Responde: o lugar
x, o que tem?
Poderia ser
represntado por
formas, por
exemplo.
32. Leitura análise e interpretação de mapas temáticos
Leitura do mapa pelo usuário
1º Momento: compreensão do título e verificação da escala.
O que significa o título?
A escala é grande ou pequena?
A escala favorece ou dificulta a leitura?
2º Momento: Entendimento da Legenda
Quais os símbolos que ela representa? É completa? É Clara?
3º momento: observação atenta do mapa a fim de criar uma
setorização para a decodificação/descrição. Nesse caso poderiam
ser as áreas mais elevadas do Brasil
4º Momento: decodificação do mapa.
5º Momento reconstrução mental do mapa.
Fonte: Castrogiovanni, 1998.
33. ►Todos os elementos citados
devem ser levados em
consideração no momento
da concepção dos mapas.
34. Leitura análise e interpretação de mapas temáticos
Aspectos considerados pelo autor
► Qual o propósito do mapa: para que ele servirá?
► Quem usará o mapa: usuários em potencial?
► Como o mapa vai ser utilizado? Ele será utilizado para uma finalidade
específica ou para informação geral?
► A dimensão espacial do dado (modo de implantação): ponto, linha ou
área?
► O nível de organização do componente: qualitativo, quantitativo,
ordenado?;
► Como as variáveis serão mapeadas (variáveis visuais utilizadas)?
► Há um componente temporal para o dado?
► Como ele será disposto para uso?
► Há alguma limitação técnica? Por exemplo: publicação restrita à P&B?
Tempo e custos envolvidos.
Estética: alguns símbolos são mais chamativos do que outros.
Adaptado de Nogueira (2008), Martinelli (2003) e Archela (2000)
35. Bibliografia
► ARCHELA, R. S. e THÉRY, H. Orientação metodológica para construção e leitura de
mapas temáticos. In Revista Confins, 2008, número 3. Disponível em:
<http://confins.revues.org/3483?&id=3483>
► CASTROGIOVANNI, A. C. el al. O misterioso mundo que os mapas escondem. In
Geografia em sala de aula. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2003.
► GIRARDI, E. P. Atlas da questão agrária brasileira. 2008. Disponível
em:<http://www.fct.unesp.br/nera/atlas>
► MARTINELLI, M. Mapas da Geografia e cartografia temática. São Paulo. Editora Contexto.
2003, p. 112.
► __________ Curso de Cartografia Temática: Caderno de Mapas. São Paulo. Editora
Contexto.1991.
► NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados
espaciais. Florianópolis, Editora da UFSC, 2008.
► Sites:
► BRASIL, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). IBGE – Censo Demográfico 2010.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em 01/02/2012.
► BRASIL, (instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ibama.
Disponível em: <http://www.ibama.gov.br>. Acesso em 01/02/2012.