Este documento apresenta o plano de ensino de Filosofia para o 10o ano de escolaridade no ano letivo de 2017/2018. O plano inclui os objetivos, conteúdos programáticos e orientações metodológicas distribuídos por três períodos. Os temas abordados são a introdução à filosofia, a ação humana, os valores, a ética, a política, a estética e problemas contemporâneos.
1. Grupo de Recrutamento de Filosofia 1
Escola Secundária Dr. Jaime Magalhães Lima
Departamento de Ciências Sociais e Humanas
Roteiro de conteúdos e de objectivos da disciplina de Filosofia – 10.º ano de escolaridade
Ano letivo 2017/2018
Objectivos Conteúdos
Clarificar etimologicamente o conceito de
Filosofia
Explicitar a especificidade do objecto da
filosofia
Distinguir as questões filosóficas das
questões científicas
Caracterizar a atitude filosófica
Problematizar o valor da filosofia
Explicita as características específicas da
Filosofia
Adquirir e utilizar de forma progressiva e
correcta os conceitos instrumentais;
Desenvolver capacidades de análise de texto
argumentativo.
Distinguir o fazer do acontecer
Explicitar a dimensão voluntária, consciente
e intencional dos actos humanos
Conceptualizar as noções de agente, de
intenção e motivo.
Distinguir o carácter voluntário do carácter
involuntário dos motivos e dos desejos.
Relacionar liberdade e responsabilidade
Conceptualizar as noções de liberdade, de
1.º PERÍODO
I – Iniciação à actividade Filosófica
1. Abordagem introdutória à Filosofia e ao Filosofar
8 aulas
1.1. O que é a Filosofia?
1.1.1. Aproximação etimológica
1.1.2. Aproximação histórica
1.1.3. O seu método e o seu objeto
1.2. Quais são as questões filosóficas?
1.2.1. Características das questões filosóficas
1.2.2. As questões filosóficas e os campos da
Filosofia
1.3. Qual o valor da Filosofia?
1.3.1. A atitude filosófica: a reflexão crítica e a
problematização
1.3.2. A utilidade da filosofia no ensino secundário
1.4. A dimensão discursiva do trabalho filosófico – Esta
componente será tratada ao longo de todo o ano
lectivo, embora implique uma abordagem dos
conceitos metodológicos e de técnicas de análise
do discurso no 1.º período do ano letivo.
II – A Acção humana e os Valores
1. A Acção Humana – análise e compreensão do agir
12 aulas
1.1. A especificidade humana do agir:
1.1.1. O que nos acontece e o que fazemos
1.1.2. Acção voluntária: o papel da consciência e da
vontade na caracterização dos actos humanos.
1.2. Análise da complexidade agir: a rede conceptual da
acção
1.2.1. Motivo, intenção e finalidade
1.2.2. Consciência e vontade
1.2.3. A deliberação e a decisão
1.3. O agente: liberdade e responsabilidade
1.4. Determinismo e liberdade na acção humana: É O
HOMEM LIVRE?
2. Grupo de Recrutamento de Filosofia 2
determinismo, de indeterminismo, de
libertismo e de compatibismo
Problematizar a as teses estudadas
Distinguir determinante de condicionante
Identificar as diferentes condicionantes da
acção humana
Explicar a acção como um espaço para a
liberdade do agente
Problematizar a natureza valorativa da
relação do homem com o mundo
Conceptualizar a noção de valor.
Diferenciar juízos de facto de juízos de valor.
Definir a polaridade dos valores.
Definir a hierarquia dos valores.
Problematizar cada uma das posições acerca
da natureza dos valores
Distinguir os critérios valorativos pessoais
dos critérios valorativos grupais.
Mostrar que os critérios valorativos variam
em função do grupo social e da cultura.
Problematizar a possibilidade de existência
de critérios valorativos universais.
Discutir critérios valorativos universais
propostos.
Explicitar algumas atitudes face ao facto da
multiculturalidade
Problematizar as diferentes
propostas/atitudes face à multiculturalidade.
Clarificar a noção de pessoa.
Elucidar a indissociabilidade entre o eu e o
outro.
Elucidar o papel das instituições na
dimensão ética da acção humana.
Equacionar o valor da intenção ética face à
norma moral.
Distinguir moral de Ética.
Conceptualizar a noção de consciência
moral.
Distinguir os dois tipos de ética:
1.4.1. O Determinismo radical
1.4.2. O Compatibilismo
1.4.3. O libertarismo
1.5. A crença na liberdade e as condicionantes da
acção humana.
2. Os valores – análise e compreensão da experiência
valorativa
10 aulas
2.1. Valores e valoração – a questão dos critérios
valorativos
2.1.1. Análise da experiência valorativa
a) O mundo humano como um mundo de valores
b) Distinção entre juízos de facto e juízos de valor
c) Características dos valores: polaridade e
hierarquia
2.1.2. A natureza dos valores: subjetividade;
objetividade; relatividade cultural
2.1.3. Análise dos critérios valorativos
a) O que são critérios valorativos?
b) A dimensão pessoal e a dimensão grupal dos
critérios valorativos
c) Será possível a existência de critérios
valorativos universais? E quais?
2.2. Valores e Cultura – a diversidade e o diálogo de
culturas
Atitudes face à diversidade cultural:
a) O Etnocentrismo
b) O Relativismo cultural
c) O Interculturalismo
2.º PERÍODO
3. Dimensões da acção humana e dos valores
3.1. A dimensão ético-política – análise e
compreensão da experiência convivencial
14+6 aulas
3.1.1. A dimensão pessoal e social da ética – o si
mesmo, o outro e as instituições
a) Pessoa como sujeito moral: o si mesmo
b) A Dimensão ética de sermos uns-com-os-
outros
c) O eu, o outro e as instituições: as instituições
3.1.2. Intenção ética e norma moral
a) Os códigos morais e a norma moral
b) Moral e intenção ética
c) A Consciência moral
3.1.3. A necessidade de fundamentação da moral
- as éticas deontológicas e as éticas teleológicas
a) A ética de Kant
3. Grupo de Recrutamento de Filosofia 3
deontológicas e teleológicas.
Contrapor a ética kantiana à ética utilitarista
de S. Mill.
Problematizar cada uma das éticas
estudadas
Explicar a origem natural do Estado de
acordo com a resposta de Aristóteles.
Explicar a origem natural do Estado de
acordo com a resposta de Locke.
Discutir a noção de Justiça.
Articular o conceito de justiça com o conceito
de direito, de política e de ética.
Expor a resposta de J. Rawls acerca da
possibilidade de uma sociedade justa.
Problematizar a teoria de J. Rawls.
Caracterizar a noção de experiência estética.
Conceptualizar a noção de juízo estético.
Enunciar o problema da justificação do juízo
estético.
Enunciar o problema da definição da arte.
Caracterizar as diversas teorias da arte
Problematizar as teorias da arte estudadas
Discutir o papel social da arte
Discutir o papel cognoscitivo da arte.
Problematizar a dimensão do consumo da
arte
Os objetivos desta unidade organizam-se a partir
dos objectivos gerais do programa de Filosofia
b) A ética utilitarista: a perspectiva de S. Mill
3.1.4. Ética, Direito e política
1) A origem do Estado
- A resposta naturalista de Aristóteles
- A resposta contratualista de J. Locke
2) A justiça como elemento central da articulação
entre a dimensão ética, o direito e a política.
3) Como é possível uma sociedade justa?
- A resposta de J. Rawls
- Críticas à conceção de J. Rawls.
3.º PERÍODO
3.2. A dimensão estética
8+6 TL
3.2.1. A experiência e o juízo estético
a) O que é a estética?
b) A experiência estética
c) Juízo estético e juízo de Gosto
- Sujeito
- Desinteresse
- Contemplação
- Universalidade
3.2.2. A criação artística e a obra de arte
a) O que é a arte?
b) Teorias da arte:
-Arte como imitação
-Arte como expressão
-Arte como forma significante
c) O artista
- O génio criador;
- O acto de criação artística;
3.2.3. A arte – produção e consumo,
comunicação e conhecimento
a) Arte como comunicação
b) Arte e conhecimento
c) Arte, produção e consumo
3. Temas/problemas do mundo contemporâneo
8 TL
(Os conteúdos desta Unidade/módulo programático
poderão ser integrados numa outra unidade)
4. Grupo de Recrutamento de Filosofia 4
Orientações metodológicas e avaliativas
1) A sequência dos conteúdos programáticos e a gestão dos tempos letivos poderão sofrer alterações devido à dinâmica do
processo ensino-aprendizagem.
2) A temporização dos conteúdos deve respeitar os tempos lectivos definidos pelo programa de Filosofia do Ministério de
Educação.
3) Os tempos letivos dedicados a cada unidade apresentam por vezes dois valores. O primeiro valor é a referência do programa
do Ministério da Educação para tratamento das unidades e que se assume como mínimo exigido. O segundo valor aponta a
possível dilatação do tratamento da unidade, de acordo com as exigências que os estilos de ensino-aprendizagem requerem e
sem por em causa o cumprimento do programa.
4) A unidade 4, temas/problemas do mundo contemporâneo, pode, eventualmente, ser integrada numa das outras unidades
didácticas.
5) As metodologias e os procedimentos de avaliação seguem as orientações presentes no Programa de Filosofia do Ministério de
Educação, orientadas para a diversidade de estratégias e a pluralidade de instrumentos de avaliação.
6) Os conceitos operatórios
O trabalho filosófico distingue-se também pela especificidade da linguagem que utiliza, em particular pela
especificidade dos conceitos que mobiliza. Cunhados e apurados ao longo da história da filosofia, é com eles que a filosofia
configura o discurso sobre os temas/problemas abordados, assumindo portanto esses conceitos um carácter heurístico e
operatório ou instrumental.
De entre os conceitos operatórios com que trabalha a filosofia, tomados como instrumentos intelectuais de análise e
de reflexão, poder-se-ão distinguir três grupos maiores:
os conceitos gerais ou transversais.
os conceitos específicos ou regionais, aqueles com os quais a filosofia configura a abordagem de temas/problemas
particulares.
os conceitos metodológicos ou instrumentais, aqueles que dizem respeito às competências e à metodologia do trabalho
filosófico.
Relativamente aos conceitos gerais ou transversais e aos conceitos metodológicos ou instrumentais, que hão-de
informar, do princípio ao fim, o trabalho filosófico e a abordagem dos vários temas/problemas, entendeu-se por bem dar-lhes um
lugar de destaque (vide quadros abaixo).
Não se circunscrevem a nenhuma rubrica programática específica; eles hão-de sim ser introduzidos à medida da sua
oportunidade e conveniência. Deverão ser aprendidos como se aprende, naturalmente, uma língua. Cada docente fará um uso
permanente e rigoroso deles, sempre que os temas ou as actividades o exigirem; os alunos e as alunas utilizá-los-ão, também,
progressivamente: inicialmente de modo incerto, logo depois de forma mais segura e explícita.
CONCEITOS GERAIS OU TRANSVERSAIS
absoluto / relativo
abstracto / concreto
antecedente / consequente
aparência / realidade
a priori / a posteriori
causalidade / finalidade
compreensão / explicação
contingente / necessário
dedução / indução
dogmático / crítico
dúvida / certeza
empírico / racional
essência / existência
finitude / infinitude
formal / material
identidade / contradição
imediatez / mediação
intuitivo / discursivo
particular / universal
saber / opinião
sensível / inteligível
sentido / referência
ser / devir
subjectivo / objectivo
substância / acidente
verdade / validade
teoria / prática
transcendente / imanente
CONCEITOS METODOLÓGICOS OU INSTRUMENTAIS
Conceptualizar / conceptualização; Aproximação linguística; Aproximação predicativa; Aproximação extensiva;
Aproximação metafórica; Problematizar / problematização; Problema filosófico; Questionamento filosófico;
Argumentar / argumentação; Tese; Argumento e contra-argumento; Defesa e refutação