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Coberturas vivas adaptadas para o clima Mediterrânico
    Mediterranean Climate Adapted Green Roofs


             Eugénio Menezes de Sequeira
            Engº Agrónomo, Investigador Coordenador
            Vogal da Liga para a Protecção da Natureza
                      Conselheiro do CNADS
O que é Clima Mediterrânico
      Classificações Climáticas de Portugal Continental e Ilhas
                          Segundo Köppen:
           acima dos 1000 m ETH em pequenas manchas
 Csb, isto é, clima mesotérmico húmido de Verão seco pouco quente
                        mas extenso no Norte
      Csa- Clima mesotérmico húmido de Verão quente no Sul
 Na Madeira é Csa e no Grupo Oriental dos Açores Csb e nos outros
                               Cfb

                   Segundo Thornthwaite varia de:
Nas Penhas da Saúde AC’2R b’4, isto é, Super-húmido, 2º Microtémico,
  défice de água nulo ou pequeno, e eficácia térmica moderada no
                              Verão.

 Até D B’3d a’, em Faro, isto é, Árido, 3º Mesotérmico, superavite de
 água no ano nulo ou pequeno, eficácia térmica nula ou pequena no
                                 Verão                               2
Para melhor se entender a diferença
   comparemos, através do gráfico do
 balanço hidrológico, dos superavides
 (escoamento superficial e profundo) e
dos défices (Carência de água) de dois
     solos, um delgado com 10 cm de
espessura (20 mm de água utilizável) e
    um muito profundo com mais de 1
 metro de espessura (200 mm de água
utilizável) no Gerês e em Faro, nos dois
   extremos climáticos do continente
                                      3
Gerês:                                                Faro
       Precipitação 2994 mm; Etp – 747 mm                      Precipitação 452 mm; Etp – 870 mm
        Solo delgado 20 mm H2O utilizável                       Solo delgado 20 mm H2O utilizável
 Etr- 671 mm Défice 75 mm, Superavite 2322 mm            Etr- 323 mm Défice 547 mm, Superavite 129 mm

 500
 450
 400
                                          superavite                                            superavite
 350
 300                                      Deficit       160
                                                        140                                     Deficit
 250
                                                        120
 200                                      Deplecção     100
 150                                                     80                                     Deplecção
 100                                      recarga        60
  50                                                     40                                     recarga
                                                         20
   0                                                      0
                                                                                                Evapot
                                                                                                Chuva




            Solo profundo 200 mm H2O utilizável                 Solo profundo 200 mm H2O utilizável
      Etr- 737 mm Défice10 mm, Superavite 2266 mm         Etr- 452 mm, Défice -418 mm, Superavite 0 mm
500
450
400
350                                                                                             superavite
300                                                     160
                                           superavite   140
250                                                     120                                     Deficit
                                           Deficit      100
200
                                                         80                                     Deplecção
150                                        Deplecção     60
100                                                      40
                                                         20                                     recarga
                                           recarga
 50                                                       0
  0                                                                                             Evapot
                                                                                                Chuva

                                                                                                      4
Em Lisboa a situação é intermédia
                       Precipitação 704 mm; Etp – 814 mm
Solo delgado 20 mm H2O utilizável           Solo profundo 200 mm H2O utilizável
   Etr- 383 mm Défice 431 mm,                   Etr- 542 mm Défice 272 mm,
        Superavite 321 mm                            Superavite 162 mm
140
                                    140                                                                                                  Superavit
120                             Superavit
                                    120
100                                                                                                                                      Défice
                                     100
                                Défice
80                                   80                                                                                                  Depl do solo
                                Recarga
60
                                solo 60                                                                                                  Recarga solo
40                                    40
                                Depl do
                                solo                                                                                                     Evaptrans
20                                   20
                                Evaptrans                                                                                                chuva
 0                              chuva 0




                                                     Fevere
                                            Janeir




                                                                              Maio


                                                                                     Junho


                                                                                             Julho


                                                                                                     Agosto




                                                                                                                               mbro
                                                                                                                      Outubr
                                                                      Abril




                                                                                                              Setem




                                                                                                                                      Dezem
                                                              Março




                                                                                                                               Nove
                                                                                                               bro




                                                                                                                                       bro
                                                       iro
                                              o




                                                                                                                        o
  Solo intermédio com 40 mm H2O utilizável (Telhado Verde com um substrato de
             15/20 cm espessura) num ano mau – Alteração Climática
       160       Etr- 372 mm Défice 549 mm, Superavite 268 mm
      140
                                                                                                                           Superavit
      120
      100                                                                                                                  Défice
       80
       60                                                                                                                  Depl do solo

       40
                                                                                                                           Recarga solo
       20
        0                                                                                                                  Evaptrans
                                                                                                                           chuva
                                                                                                                                                  5
Verifica-se que nas nossas condições
  climáticas, de enorme variabilidade do Norte
     até ao Sul, temos como qualquer regime
                   Mediterrânico:
• Um excesso de água de Outubro a Março, em
 que tínhamos 2 picos de chuva e de excesso
um em Novembro (altura das grandes cheias -
 citadas desde o século XIV até agora) e outro
 pico em Março (que desapareceu nos anos 60
           pelas Alterações Climáticas)
   • Uma forte carência de Maio até Setembro,
    com um pico em Julho e Agosto, mas que
      agora, em anos maus será de Maio até
                     Setembro               6
Para um Desenvolvimento Sustentável, para a construção
         Sustentável, para as Coberturas e Fachadas
      Mediterrânicas Vivas, para a poupança de energia
  melhorando o bem estar no interior, poupando energia, e
       melhorando as condições climáticas na cidade e
                 reduzindo os riscos teremos:
• Que reduzir os picos de escoamento, e portanto os riscos
    de cheias na altura dos picos de chuva, e absorver os
            excessos nos eventos extraordinários
  • Que manter as coberturas verdes em condições de boa
  vegetação, e portanto que transferir o excesso dos picos
     para os períodos de carência, isto é, só será possível
manter as coberturas verdes em condições de reduzirem a
        amplitude térmica no Verão se forem regadas.
     De facto do calor dissipado pela cobertura ≈58% é o
    resultado da evapotranspiração, 30% pela radiação da
   copa (do Sedun) e 9% pela fotossintese (Chi Feng et al., 2010) .
                                                                7
O substracto, que
    funciona como solo?
  É, portanto uma delgada
interface entre a Litosfera e
   a Atmosfera, (recurso
 natural perecível), base de
     toda a vida terrestre8
É o meio natural para o Desenvolvimento
das Plantas Terrestres, tal como se formou
   (solo dito natural) ou mais ou menos
 modificado como resultado da acção do
            homem - substrato.
   No caso extremo de construção pelo
 homem, como o caso dos socalcos ou de
  muitas estufas e telhados verdes, diz-se
                 antrópico
     É um sistema anisotrópico (cujas
propriedades variam segundo as direcções),
   que tem fase sólida, líquida e gasosa
                                       9
Constituintes:
• Matéria Mineral (que pode representar entre
  <10 e 99% da parte sólida): fragmentos de
  rocha, minerais primários e secundários.
• Matéria orgânica (que pode representar de 0
       a >90% da parte sólida): raízes,
   microorganismos, mesofauna, restos de
plantas mais ou menos decompostas, húmus.
• Espaços: ar e água (que podem representar
            de 15 a 80% do solo:
     Água- solução do solo com substâncias
                dissolvidas
             Ar- - atmosfera do solo     10
A matéria mineral do solo pode ser classificada de acordo com
         a dimensão das partículas que a constituem.
  Normalmente, para fins analíticos é considerada apenas a
        fracção <2mm, a que se chama a terra fina.
       Para a classificação da textura, consideram-se:
         Materiais com > 2mm (calhaus, pedras e cascalho)
      Areia- < 2 mm e > 0,02 mm (de 2 a 0,5 mm é areia grossa)
         Limo - < 0,02mm e > 0,002 mm (USA 0,05 a 0,002)
                        Argila- < 0,002 mm
 VYDRO geotextil e camada drenante – substância porosa de
                  suporte para as plantas
As partículas arranjam-se em agregados formando a estrutura
                          do solo.
O Ar e a água ocupam o espaço intersticial entre as partículas
                                                          11


        individuais e entre os agregados de partículas.
Nos ecossistemas naturais tem as
seguintes funções, que também tem nos
telhados:
• Sustentação física, fornecimento de
nutrientes e água às plantas
• Substrato e habitat para os organismos
do solo
• Sistema de transformação filtro e
tampão, regularizador do ciclo hidrológico,
condicionador da quantidade e qualidade
da água
• Balanço do calor, regularizador do clima
                                        12
O Solo ou subestracto artificial é um meio poroso, sendo os
 poros ocupados pela água e pelo ar. Os espaços vazios é o
local onde se desenvolvem a vida do solo - raízes, bactérias,
    fungos, microfauna, mesofauna e até a macrofauna.
A capacidade do solo ou substracto artificial, por exemplo o
 “Vydro” para drenar o excesso de água, para reter a água
 utilizável pelas plantas, para manter a água com uma força
   (potencial) tal que as plantas não a podem utilizar, para
permitir o arejamento e a respiração dos seres vivos no solo,
depende do tamanho, da forma e da continuidade dos poros
                            no solo.
Este tamanho, forma, distribuição e continuidade dos poros,
depende da textura (dimensão das partículas) e da estrutura
 (forma como as partículas estão arranjadas) e estabilidade
                           desta.
Assim, a chamada “distribuição dos tamanhos dos poros”, e
portanto as propriedades de retenção e cedência de água do
solo é função da textura, da matéria orgânica e das forças de
                    ligação das partículas
                                                       13
A quantidade máxima de água que um solo pode receber,
    quando preenche na totalidade todos os seus poros (na
  natureza é muito raro, pois ficam sempre algumas bolhas) é
chamada a capacidade máxima para a água (ou porosidade total
   ou “total water holdig capacity”) e varia entre 40 e 60% do
                        volume do solo.
 A tensão superficial da água faz com que a água fique retida e
  se mova a velocidade diferente, e com que a água suba por
 capilaridade, num tubo mergulhado em água de acordo com o
seu diâmetro. O modelo que o explica (em que h é a altura e d o
                diâmetro do tubo em metros) é:
                         h= 3 x 10-5 /d
 Isto é para um tubo de 2 mm ∅ h= 15 mm, para 1 mm ∅ h=30
                            mm
               Para um tubo de 1 mm h=30 mm
             Para um tubo de 0,1 mm h= 300 mm
                                                         14

              Para um tubo de 0,01 mm ∅ h= 3 m
Esta capacidade de reter a água, nos poros mais finos, faz com
que o solo, mesmo após a drenagem retenha água, a água retida
  pela carga hidráulica ou pressão contra a força da gravidade,
 corresponde à chamada capacidade de campo (field capacity),
 que será a água retida pelo solo contra a força da gravidade (a
  água 24 horas depois de uma rega abundante ficando o solo
        coberto por um plástico para evitar a evaporação).
Esta água é utilizada pelas plantas, mas a partir de determinada
 carga hidráulica ou pressão de retenção as plantas já não têm
 capacidade de retirar mais água e então atinge-se o chamado
         coeficiente de emurchecimento (wilting point)

                   A água retida
                     nos poros                     A água retida nos
                   maiores está                   poros mais estritos,
                    submetida a                  nos estrangulamentos
                   menor sucção                    e nos filmes está
                                                   submetida a uma
                                                     maior sucção
                                                               15
As pressões negativas da humidade do solo abaixo da saturação, são
              normalmente expressas pelo seu valor de pF, em que
                                  pF = log10 h
                   Sendo h a tensão ou sucção em cm de água
Relação entre a tensão de água no solo, o pF e o diâmetro dos poros equivalentes
                      (ocupados pela água a essa sucção)


                                                        ∅ do poro                      Comentários
     Tensão de água no solo ou sucção                  equivalente
  Equivalente de Pressão     cm de              pF         µm        Dmr- drenágem muito rápida; Dr - drenágem
Bar     kPa       kg cm-2     água                                   rápida; Dm - drenagem média, Dl - drenagem lenta
0.00015        0,015        0,00015    0,2      -0,7     20.000                    Fenda de 2cm Dmr
‘0,00098       0,075         0,001     0,8     -0,01      4.000              Buraco de verme (minhoca) Dmr
‘0,00098       0,098         0,001     1,0      0        3.000               Diâmetro de furo de insecto Dmr
0,00245        0,245        0,0025     2,5      0,4      1.200                                Dr
0,0098          0,98         0,01      10,0    1,00       300                Diâmetro de uma raiz de cereal Dr
0,0294          2,94         0,03      30,0    1,48       100                              Dr
0,0588          5,88         0,06      60,0    1,78        50             Poros acima dos quais há drenagem Dm
 0,098          9,8          0,10      100     2,00        30                                Dm
 0,196          19,6          0,2      200     2,30        15                  Tamanho de uma bactéria. Dl
 0,294          29,4          0,3      300     2,48           9             Capacidade utilizável (facilmente)
 0,498           49           0,5      500     2,70           6              Capacidade utilizável (facilmente)
  2,45          245          2,50     2.500     3,4           1              Capacidade utilizável (facilmente)
  4,90          490          5,00     5.000     3,7        0,6              Capacidade utilizável (dificilmente)
 15,54          554          15,85    15.850    4,2        0,2         Coeficiente de emurchecimento (não utilizável)
                                                                                                                 16
9,8 •   103   9,8 •   105     104      107      7,0      3•   10-4           Solo seco a   100oC   (não utilizável)
Então, considerando que a tensão ou força de sucção se mede
  pelo logaritmo da coluna de água (em cm) que equilibra as
                      forças de sucção
 • Capacidade máxima para a água - corresponde à porosidade
 total do solo, é a água que o solo pode reter à sucção 0, isto é
              saturada (toalha freática à superfície).
  • Percentagem de água a 1/3 de atmosfera, será a água que o
  solo retém contra uma sucção de 1/3 de atmosfera (1,0132 /3
 bar, isto é, 344,53 cm de água ≈ pF 2,54). É também chamado o
equivalente de humidade (água retida a 1.000 gravidades), que é
  ≈ a capacidade de campo, isto é, a água que o solo retém em
                        condições normais.
   • Percentagem a 15 atmosferas, é a água retida com força
superior à capacidade de sucção das plantas (abaixo da qual as
 plantas não podem absorver a água), e é aproximadamente o
    “Coeficiente de Emurchecimento” a água retida a pF 4,2.
 • Percentagem de água retida no solo seco na estufa a 105oC,
                    corresponde a pF 7
                                                         17
Em resumo
• Capacidade máxima para a água - é a água que o solo
   pode reter à sucção 0, isto é quando está saturado
              (toalha freática à superfície).
   • Capacidade de campo - é a água retida depois da
 drenagem (corresponde a pF de 1,8 a 2,5 - estima-se a
  pF 2,5). Mede-se saturando a solo, cobrindo com um
plástico (para evitar evaporação) e deixando drenar por
                        48 horas.
 • Coeficiente de emurchecimento - é a água que o solo
   retém quando as plantas já não têm capacidade de
extrair, isto é, quando as plantas murcham e se mantêm
nesse estado mesmo que se anule a evapotranspiração
                                                  18

         (atmosfera saturada)- estima-se a pF 4,2.
• Água Utilizável (AU) é a água correspondente à
diferença entre a água à capacidade de campo e
a água ao coeficiente de emurchecimento (≈ a %
     de água a pF 2,5 - % de água a pF 4,2).
     Desta água somente 2/3 são facilmente
utilizáveis, e depende da salinidade da solução
do solo que aumenta com a redução do teor em
 água no solo, e portanto que faz aumentar a
                pressão osmótica.
 A Água Utilizável Total (AUT) expressa em mm,
corresponde à quantidade total de água utilizável
   na espessura efectiva considerada no solo.
                                            19
Para o cálculo dessa água utiliza-se a espessura efectiva
dos diferentes horizontes ou camadas e a água utilizável
  de cada um deles, exprimindo a quantidade de água
                         em l m-2.
Por exemplo para calcular a quantidade de água utilizável
                   do seguinte solo:
Horizonte A 0-20 cm; Água utilizável 10%(v/v), Volume de
            solo= 0,20 × 1,00= 0,200 m3= 200 l
     Água utilizável = 200 × 10/100= 20 l m-2 = 20 mm
Horizonte B 20-50 cm; Água utilizável 15%(v/v), Volume de
          solo= 0,30 × 1,00= 0,300 m3= 300 l m-2
     Água utilizável = 200 × 15/100= 30 l m-2 = 30 mm
 Água utilizável total no solo (até 50 cm de profundidade)
                     20 + 30 = 50 mm                    20
O Teor total de Água Utilizável para as plantas
      num solo pode classificar-se de:
     Muito boa quando mais de 150 mm;
         Favorável de 100 a 150 mm;
             Marginal de 50 a 100
     (50 mm é o limite inferior aceitável)
                Mau < 50 mm
  <20 mm muito mau, apenas existente em
 solos esqueléticos com menos de 15 cm de
            espessura efectiva.              21
A Água Utilizável, que corresponde à água
 retida nos poros de 0,2 µm a 9 µm (isto é, à
 diferença de água retida de pF 2,5 e a água
    retida a pF 4,2), pode ser dividida em:
• Água facilmente utilizável, que corresponde
à água dos poros de 9 a 1 µm (≈ à água retida
   a pF 2,5 menos a água retida a pF 3,4).

      • Água dificilmente utilizável, que
corresponde à água dos poros de 1 a 0,2 µm
(≈ à água retida a pF 3,4 menos a água retida
                                          22

                   a pF 4,2).
• Água de Drenagem ou Porosidade Drenável (PD -
que se representa como µ) pode ser definida como a
diferença entre a porosidade total e a capacidade de
 campo (≈ % de água a pF 0,4 - % de água a pF 2,5).
• A Porosidade Drenável pode ser classificada como
                     segue:
           Classe              Porosidade drenável
                       total
               Muito alta              >30%
                Alta                     20 - 30%
             Média                      10 - 19%
               Baixa                   5 - 9%   23



              Muito Baixa               <5%
A Porosidade Drenável (PD ≈ % de água saturada - %
água a pF 2,5) poderá ser dividida em 3 subclasses:
• PDr- A Porosidade de drenagem rápida (≈ % de água
      saturada - % água a pF 1) e de arejamento,
corresponde aos poros > 300 µm (0s espaços maiores
que 3mm (> 3000 µm) são espaços correspondentes a
 grandes fendas e orifícios da meso e macro - fauna e
  correspondem a espaços apenas preenchidos com
    água quando de alagamentos, permanentes ou
                    temporários).
  • PDm - A Porosidade de Drenagem Média, (≈ % de
 água a pF 1 - % água a pF 2) corresponde aos poros
                   de 30 a 300 µm.
• PDl - A Porosidade de Drenagem Lenta, (≈ % de água
a pF 2 - % água a pF 2,4) corresponde aos poros de 9 a
                                                 24

                         30 µm.
Para fins comparativos mostram-se os vários tipos
de porosidades de solos desde arenosos, passando
pelas texturas medianas até um Andossolo com 20
              % de matéria orgânica
            PT -v/v    PD total    PDr % no     PDm         PDl       PU total      PfU         PdU       P não U
Unidade    % no solo   % no solo     solo     % no solo   % no solo   % no solo   % no solo   % no solo   % no solo
 Solo
           % da PT     % da PT     % da PT    % da PT     % da PT     % da PT     % da PT     % da PT     % da PT
PZ-          36           30          7          20          3            4          3           1           2
arenoso      100          83         19          56          8           11          8           3           6
FL           48           17          1          11           5          20          10          10          11
textura
calcário     100          36          3          22          11          41          20          21          23
FL           57           12          4          5           3           32          17          15          13
textura
média        100          22          8          9           5           56          30          26          22
VR           51           13          3           7          3            7          3           4           31
muito
pesada       100          25          6          13          6           14          7           7           62
AN           73           30         10          15          5           22          12          10          21
húmico       100          41         14          20          7           30          16          14          29
  Repare-se que: 1- num solo arenoso >80% da porosidade é porosidade de drenagem, predominando
nesta a média, sendo muito baixa a porosidade útil (4% v/v) e a não útil (2%). Num solo argiloso >60% da
porosidade é não útil (31% V/V) sendo a porosidade de drenagem e a útil baixa; num solo argiloso mas
                                                                                                25
   muito rico em matéria orgânica (≈20%) a porosidade total é muito elevada (≈70%), a porosidade de
           drenagem é como na areia muito elevada, sendo a porosidade útil também elevada.
Nos Chamados telhados verdes extensivos interessa ter
     elevadas porosidades que confiram ao substrato:
   1º- As porosidade de drenagem, em especial média e
baixa, se possível 20 a 30%, que permitam o arejamento do
solo, mas também a absorção de elevadas quantidades de
  água dos eventos extraordinários, reduzindo assim os
 escoamentos rápidos pela capacidade de embeber cerca
  de 40 a 60 mm de chuva, que depois escoa lentamente,
 para além da capacidade de reter a água utilizável (cerca
                           de 40 mm)
 2º Rugosidade elevada que leve a que outro tanto, ainda
   que mais rapidamente fiquem retidos nas folhas e na
           rugosidade da parte aérea das plantas
   3º- Porosidade útil também deverá ser elevada o que
  apenas será possível num Andossolo Húmico, ou num
      meio artificial (“Vydro”) com composto orgânico  26
Podem considerar-se 3 regimes possíveis para a
infiltração da água da chuva (ou rega), situação que
depende da infiltrabilidade do solo e da intensidade
                  da precipitação:
 • Infiltração não inundante (non ponding infiltration)
    em que a intensidade da precipitação é sempre
             inferior à infiltrabilidade do solo.
• Infiltração pré-inundante (preponding infiltration) em
  que a intensidade da precipitação é ainda inferior à
infiltrabilidade do solo, mas que com o tempo tenderá
a ultrapassá-la, pela formação de crosta e redução da
               infiltrabilidade com o tempo.
• Infiltração inundante ( ponding infiltration) em que a
 intensidade da precipitação excede a infiltrabilidade
                                                   27

                        do solo.
Considerando R a precipitação, t o tempo desde o início da
chuvada, Dr/dt a intensidade da chuvada, i a infiltrabilidade do
 solo, I infiltração acumulada desde o início da chuvada, Ds a
diferença da humidade inicial em relação à capacidade máxima
                       para a água teremos.
 1- dR/dt <i ; I<Ds -toda a água caída se infiltra e vai aumentar o
teor de água do solo (só não fica no solo a precipitação que cais
                        na rede hidrológica)
 2- dR/dt <i ; I> Ds -toda a água caída se infiltra e vai aumentar o
teor de água do solo (só não fica no solo a precipitação que cais
    na rede hidrológica), até que I atinja Ds e então começa o
                        escoamento igual a i.
3- dR/dt >i ; I<Ds - parte da água caída (até DR/dt= i) infiltra-se e
 vai aumentar o teor de água do solo, escoando-se o excesso
                              (dR/dt-i).
 4- dR/dt >i ; I> Ds -parte da água infiltra-se (até DR/dt= i) e vai
  aumentar o teor de água do solo, até que I atinja Ds e então
                  começa o escoamento igual a i.               28
LEMBRO QUE:

  Chuvisco - precipitação com gotas <0,5 mm e
             intensidade < 1 mmh-1.
Chuva - precipitação com intensidade >0,5 mmh-1.
Chuva fraca - precipitação com intensidade >0,5 e
                   <2,5 mmh-1.
 Chuva moderada - precipitação com intensidade
             >2,5 e <7,5 mmh-1.
Chuva forte - precipitação com intensidade >7,5 e >
                      30 mmh-1.
Chuva muito forte - precipitação com intensidade
                   >30 mmh-1.
A chuva pode atingir intensidades instantâneas >
                                              29

          100 mmh-1 ou mesmo mais.
Lembro que chuvadas de 20 mm em 30 minutos são
              comuns nas tempestades.
  Tal implica uma intensidade média de 40 mm h-1.
Sabe-se que uma chuvada tem uma distribuição em
que a intensidade máxima ocorre em 20% do tempo,
em que chovem cerca de 80% da precipitação total .
Assim, dos 20 mm, 16 mm caíram nos 6 minutos de
                 chuva mais intensa.
  Tal quer dizer que a intensidade média nesses 6
            minutos foram de 160 mm h-1.
E para a recolha destes excessos pontuais que deve
 ser pensado um sistema, porque a maioria destas
   chuvadas resulta em escoamentos superficiais
                curtos mas violentos .
                                                30
Da água infiltrada, fica retida até ser
 evapotranspirada, toda a que é menor que a
   capacidade de campo (água utilizável).
 A que exceder a capacidade de campo vai ser
 escoada, de forma mais ou menos lenta, sub-
     superficialmente, a que for inferior à
       capacidade máxima para a água:
        • lateralmente quando não existirem
fendas ou permeabilidade da rocha que permita
  a recarga dos aquíferos (granitos, xistos, ou
                 zonas cársicas)
    • Profundamente sempre que a rocha mãe
   do solo seja permeável (areias, arenitos,
                                          31

              margas, argilitos)
•Movimento da água no solo ou no sub-solo, quando
   saturado, depende da condutividade hidráulica do
material, da espessura do material poroso (perde de carga
por atrito), da carga (pressão), e da área do escoamento:
                                        ∆
            (Lei de Darcy, 1856) Q = k (∆h/L) A
           Em que Q é o fluxo através da amostra
   ∆h é a diferença de carga entre os dois pontos (carga
              hidráulica) em que se faz o fluxo
   L é a altura do material poroso que o fluxo atravessa
 k é uma constante de proporcionalidade e corresponde à
            condutividade hidráulica da amostra
   A velocidade de percolação (V= Q/At, isto é fluxo por
unidade de área e unidade de tempo, aumenta com a carga
                e com a porosidade do meio.
     • Em amostras não saturadas o k não é constante,
      diminuindo com a redução da humidade do solo.
 A lei de Darcy é válida para fluxos laminares em material
                                                    32

                poroso (velocidades baixas)
Para comparar solos usa-se o tempo necessário para a Infiltração
 acumulada de 10 cm (100mm) em horas, e a taxa de infiltração
básica (taxa de infiltração i quando se consegue uma infiltração
                 acumulada de 10 cm (100 mm).
Classificação com base no tempo para uma infiltração acumulada
              de 10 cm (carga constante de 10 cm)

          Classes               Tempo para I= 10 cm, em horas
    Extremamente lenta                       >40
     Demasiado lenta                        20-40
          Lenta                             10-20
          Média                              5-10
          Rápida                            2,5 - 5
    Demasiado Rápida                      1,25 - 2,5
   Extremamente Rápida                      < 1,25        33
Classificação com base na infiltração básica ib (taxa de infiltração ou
infiltrabilidade obtida após o tempo para uma infiltração acumulada de 10 cm)
                           (método do duplo cilindro)


             Classes                     Taxa de infiltração básica ib
                                                ( em mm/h)
         Muito baixa                                  < 2,5
        Bastante baixa                                2,5- 5
            Baixa                                     5-10
            Média                                    10-20
             Alta                                    20 - 40
         Bastante alta                               40 - 80
          Muito Alta                                   > 80
                                                                       34
Exemplos de algumas taxas de infiltração básicas (ib) para diferentes tipos de
                                   solos


                             Infiltração (I) Taxa de infiltração
          Solos            acumulada 3 horas após 3 horas (≈ ib)
  Textura grosseira            150-300 mm               15 - 20 mm h-1

  Textura mediana                 30 - 100               5 - 10 mm h-1
  Textura fina (não
                                   30 - 70                1 - 5 mm h-1
     fissurado)*
   Solo compacto,
                                     0-2                   ≈ 0 mm h-1
      massiços

                                                                         35
As determinações da condutividade hidráulica em solo
 saturado (depende da porosidade total, da distribuição
forma e tamanho dos poros, da tortuosidade do espaço
              poroso e do tipo de argila).
 A tortuosidade é a relação entre o comprimento médio
do trajecto ou da passagem dos poros e o comprimento
 da amostra e é sempre ≥ 1 (próximo de 1 quando são
     poros de raízes verticais e furos de minhocas)
          excedendo muitas vezes o valor de 2).
A condutividade hidráulica depende também do tipo de
   argila e das características da água (viscosidade,
complexo de troca iónico do solo - dispersão da argila,
 em especial com águas de baixa salinidade em solos
                        sódicos).

                                                  36
Lembro que manter as coberturas verdes em condições de boa vegetação, e
portanto que transferir o excesso dos picos para os períodos de carência é muito
importante, e que só será possível manter as coberturas verdes em condições de
            reduzirem a amplitude térmica no Verão se forem regadas.
        De facto do calor dissipado pela cobertura ≈58% é o resultado da
evapotranspiração, 30% pela radiação da copa (do Sedun) e 9% pela fotossintese
                                 (Chi Feng et al., 2010)


Assim, num solo com 40 mm H2O utilizável (Telhado Verde com um substrato de
            15/20 cm espessura) num ano mau – Alteração Climática
 Etr- 372 mm Défice 549 mm, Superavite 268 mm é imprescindível saber como
manter a vegetação de Abril a Outubro, cobrindo ainda que parcialmente o défice
                                  de 549 mm

     160
     140
                                                                   Superavit
     120
     100                                                           Défice
      80
      60                                                           Depl do solo

      40
                                                                   Recarga solo
      20
       0                                                           Evaptrans
                                                                   chuva

                                                                                  37
A rega pode ser efectuada deixando o solo/substracto secar até 30%, 20% ou
  mesmo menos que 10% da capacidade utilizável, dependendo da resistenciada
 vegetação e do que se pretente: - Produção (numa cultura), aspecto (num jardim)
    e nos telhados verdes na capacidade atenuadora do pico de calor. Vejamos
                                    exemplos:

         Balanço hidrológico diário, com alteração climática, solo 40 mm
                        cap. util. rega aos 30% (≈ 12 mm)
140



120



100


80                                                                         Precipitação
                                                                           Eto

60                                                                         água no solo
                                                                           ETR
                                                                           Défice
40
                                                                           Superavite


20



  0
      Chuva 12 Ago
            02/Mai
            05/Mai
            08/Mai
            11/Mai
            13/Mai
            16/Mai
            19/Mai
            22/Mai
            25/Mai
            28/Mai
            31/Mai




             03/Jul
             06/Jul
        Rega 09 Jul
             12/Jul
             15/Jul
             18/Jul
             21/Jul
             24/Jul
             27/Jul
             30/Jul




             02/Set
             05/Set
       Rega 07 Set
             11/Set
             14/Set
             17/Set
       Rega 20 Set
             23/Set
             26/Set
             29/Set
             Março




            03/Jun
            06/Jun
            09/Jun
            12/Jun
            15/Jun
            18/Jun
            21/Jun
            24/Jun
            27/Jun
            30/Jun




            03/Ago
            06/Ago
            09/Ago

            15/Ago
            18/Ago
            21/Ago
            24/Ago
       Rega 27 Ago
            30/Ago




         Novembro
-20                                                                                 38
-20
                 0
                     20
                                       40
                                                                  60
                                                                                      80
                                                                                           100
                                                                                                 120
                                                                                                                                                       140
         Abril
Chuva 04 Maio
       08/Mai
Chuva 12 Maio
       15/Mai
       19/Mai
       23/Mai
       27/Mai
       31/Mai
       04/Jun
       08/Jun
       12/Jun
       16/Jun
       20/Jun
       24/Jun
       28/Jun
        02/Jul
        06/Jul
        10/Jul
        14/Jul
        18/Jul
        22/Jul
        26/Jul
        30/Jul
       04/Ago
       08/Ago
 Chuva 12 Ago
       16/Ago
       20/Ago
       24/Ago
       28/Ago
                                                                                                                      cap. util. rega aos 20% (≈ 6 mm)




       01/Set
       05/Set
       09/Set
       13/Set
       17/Set
       21/Set
       25/Set
       29/Set
    Dezembro
                                                                                                       Balanço hidrológico diário, com alteração climática, solo 30 mm




                                                                 Eto


                                                ETR
                                       Défice
                                                      H20 solo




   39
                          Superavite
                                                                       Precipitação
Uma visão parcial e ampliada para se ver a alteração da taxa de evaporação ao
longo do tempo. Repare-se que a Evapotranspiração real passa de 4,2 mm /dia na
 altura da rega em 23 de Junho, para 1 mm /dia a 4 de julho, altura da rega , o que
          tem efeitos enormes na capacidade tampão para a temperatura

100


90


80


70


60

                                                                            Precipitação
50
                                                                            Eto
                                                                            H20 solo
40
                                                                            ETR

30                                                                          Défice
                                                                            Superavite
20


10


 0
               Abril
             02/Mai

             06/Mai
             08/Mai
             10/Mai

             13/Mai
             15/Mai
             17/Mai
             19/Mai
             21/Mai
             23/Mai

             27/Mai
             29/Mai
             31/Mai




              02/Jul
              04/Jul
              06/Jul
              08/Jul
              10/Jul
              12/Jul
              14/Jul
           Fevereiro



      Chuva 04 Maio




      Chuva 12 Maio




       Rega 25 Maio




             02/Jun
             04/Jun
             06/Jun
             08/Jun
             10/Jun
             12/Jun
             14/Jun
             16/Jun
             18/Jun
             20/Jun
             22/Jun
             24/Jun
             26/Jun
             28/Jun
             30/Jun
-10

                                                                                     40
Teremos quantidades diferentes de rega (dotação),
    teremos défices diferentes (diferença entre a
Evapotranspiração potencial e a Evapotranspiração
 real), que correspondem a capacidades diferentes
     de atenuação dos picos de calor nas zonas
                      cobertas.
  As diferenças de rega em Lisboa, para diferentes
 dotações de rega pode variar de mais de 140 mm
   (de 220mm a 360 mm), e a decisão terá que ser
 efectuada face à água disponível (superavite que
   varia de 220 mm a 260 mm) e das condições de
            atenuação dos picos de calor.
De qualquer forma todo ou quase todo o Superavite
de água deverá ser armazenado, sob pena de ter de
               usar água de consumo.            41
São estas as exigências da
manutenção do efeito atenuador
das cheias nas áreas urbanas, de
amortecimento das condições de
extremos térmicos na habitação,
 de alteração na envolvente dos
         telhados verdes,
     em Clima Mediterrânico
                              42
Obrigado pela vossa
     Atenção


                      43
Evapotranspiração Real (Er) é a quantidade de água que
     o solo realmente cede por unidade de área (m2, isto é em l
        m-2 , o mesmo que mm de água como a chuva). Só é
       mensurável pelos lisímetros ou pela medida diária das
      temperaturas do ar e das superfícies evaporantes. Pode
     no entanto estimar-se com base nos seguintes conceitos:

    • Nos meses em que a Precipitação (R) é maior do que a
     Evapotranspiração Potencial (Ep, isto é, em que R≥Ep)
  considera-se que o solo está sempre bem abastecido e que
                       portanto Er=Ep.
• Nos meses em que R<Ep a Evapotranspiração Real (sempre
menor que Ep) será a soma da quantidade de chuva desse mês
           (R ) com a água perdida pelo solo, isto é,
                             Er= R + DS
 Em que , a água perdida pelo solo nesse mês é a diferença da
   água no solo no mês anterior ASi-1 e nesse mês ASi. Então:
                              DS= ASi – ASi-1
                                                            44
Superavite ou excesso de água (S) é o excesso
da quantidade da precipitação R, num dado
intervalo de tempo, sobre a soma da
Evapotranspiração (Ep) com a água armazenada
no solo até á capacidade de campo (até saturar a
água utilizável). Esta água é perdida por
escoamento superficial (causando muitas vezes
erosão), ou então é perculada lateralmente (sub-
superficialmente) ou recarrega os aquíferos
(água profunda). Apenas existe quando R> Ep +
C, em que C é a água utilizável.
                  S= R – Ep + C

Défice de Água (d) corresponde à diferença entre
a Evapotranspração Real e a Evapotranspiração
potencial

                   D= Ep-Er                        45
O método de Thornthwaite & Mather (Thornthwaite, C. W. & Mather,
    J. R., 1953- Instructions and Tables for Computing Potential
Evapotranspiration and Water Balance. Publications in Climatology
X (3). Drexel Institute of Technology>; Mendes, J. C. & Bettencourt,
M. L., 1980- O Clima de Portugal XXIV. Contribuição para o Estudo
    do Balanço Climatológico de Água no Solo e Classificação
       Climática de Portugal Continental. Instituto Nacional de
 Meteorologia e Geofísica), é baseado na equação simplificada do
balanço hídrico para períodos longos (1 semana a 1 mês) em que:

                             R= DS + Er + S
Sendo: R a precipitação em mm que atinge o solo; DS a variação
de água do solo (até à capacidade de campo) Nota- Considera-se
nula no ano, pois que se parte do solo à capacidade de campo no
   fim da estação chuvosa (último mês de superávite); Er é a
   evapotranspiração real; S é o excesso, correspondente ao
escoamento superficial e infiltração lateral e profunda (para for a
                            do perfil).
                                                                 46
O R é medido (estação meteorológica), os valores de Er e S são
obtidos do balanço e os valores de DS são obtidos da seguinte
                            forma:
 Nos meses em que R≥ Ep, o valor da água do solo obtém-se
somando o valor de R-Ep à água residual existente no começo
       do mês, sendo o limite a capacidade de campo (o
 preenchimento da água utilizável C). O excesso {(R-Ep) –C} é
                         Superavite.
Nos meses em que R<Ep cria-se um défice de água e o solo vai
   perdendo água, sendo o valor residual no fim do período
                   calculado pelo modelo:

                                 AS = C e(L/C)
Em que: AS (no mês i) é a quantidade de água em mm existente
no solo; C é a capacidade de água utilizável do solo; e é a base
do logaritmo Neperiano; L é o valor da perda potencial de água
                 desde o início da estação seca

               L = Σ R-Ep nos meses em que R<Ep.
                                                            47
Este modelo baseia-se na constatação de que a velocidade de
  perda de água do solo se atenua ao longo do tempo, pois que
diminui a dimensão dos poros por onde a água se movimenta para
  as raízes à medida que o solo seca, diminuindo portanto a sua
   velocidade. Ao mesmo tempo as plantas sujeitas a um stress
  crescente aumentam a resistência à transpiração. Os estomas
    fecham às horas de maior radiação, as folhas enrolam, etc..
           Então a taxa de evapotranspiração do sistema será
  proporcional ao teor de água no solo. Se B for a quantidade de
                 água perdida no sistema então:

                                dB/dt = K As

        Integrando para o tempo considerado obtém-se:


                                 AS = C e(L/C)
 A variação da água do solo obtém-se subtraindo a água do mês
                  anterior a água desse mês.                48
Exemplo do cálculo na folha Exel

                      Água no solo
=IF(D15<0;40*EXP(E15/40);IF((F14+D15)>40;40;(F14+D15)))




                                                          49

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  • 1. Coberturas vivas adaptadas para o clima Mediterrânico Mediterranean Climate Adapted Green Roofs Eugénio Menezes de Sequeira Engº Agrónomo, Investigador Coordenador Vogal da Liga para a Protecção da Natureza Conselheiro do CNADS
  • 2. O que é Clima Mediterrânico Classificações Climáticas de Portugal Continental e Ilhas Segundo Köppen: acima dos 1000 m ETH em pequenas manchas Csb, isto é, clima mesotérmico húmido de Verão seco pouco quente mas extenso no Norte Csa- Clima mesotérmico húmido de Verão quente no Sul Na Madeira é Csa e no Grupo Oriental dos Açores Csb e nos outros Cfb Segundo Thornthwaite varia de: Nas Penhas da Saúde AC’2R b’4, isto é, Super-húmido, 2º Microtémico, défice de água nulo ou pequeno, e eficácia térmica moderada no Verão. Até D B’3d a’, em Faro, isto é, Árido, 3º Mesotérmico, superavite de água no ano nulo ou pequeno, eficácia térmica nula ou pequena no Verão 2
  • 3. Para melhor se entender a diferença comparemos, através do gráfico do balanço hidrológico, dos superavides (escoamento superficial e profundo) e dos défices (Carência de água) de dois solos, um delgado com 10 cm de espessura (20 mm de água utilizável) e um muito profundo com mais de 1 metro de espessura (200 mm de água utilizável) no Gerês e em Faro, nos dois extremos climáticos do continente 3
  • 4. Gerês: Faro Precipitação 2994 mm; Etp – 747 mm Precipitação 452 mm; Etp – 870 mm Solo delgado 20 mm H2O utilizável Solo delgado 20 mm H2O utilizável Etr- 671 mm Défice 75 mm, Superavite 2322 mm Etr- 323 mm Défice 547 mm, Superavite 129 mm 500 450 400 superavite superavite 350 300 Deficit 160 140 Deficit 250 120 200 Deplecção 100 150 80 Deplecção 100 recarga 60 50 40 recarga 20 0 0 Evapot Chuva Solo profundo 200 mm H2O utilizável Solo profundo 200 mm H2O utilizável Etr- 737 mm Défice10 mm, Superavite 2266 mm Etr- 452 mm, Défice -418 mm, Superavite 0 mm 500 450 400 350 superavite 300 160 superavite 140 250 120 Deficit Deficit 100 200 80 Deplecção 150 Deplecção 60 100 40 20 recarga recarga 50 0 0 Evapot Chuva 4
  • 5. Em Lisboa a situação é intermédia Precipitação 704 mm; Etp – 814 mm Solo delgado 20 mm H2O utilizável Solo profundo 200 mm H2O utilizável Etr- 383 mm Défice 431 mm, Etr- 542 mm Défice 272 mm, Superavite 321 mm Superavite 162 mm 140 140 Superavit 120 Superavit 120 100 Défice 100 Défice 80 80 Depl do solo Recarga 60 solo 60 Recarga solo 40 40 Depl do solo Evaptrans 20 20 Evaptrans chuva 0 chuva 0 Fevere Janeir Maio Junho Julho Agosto mbro Outubr Abril Setem Dezem Março Nove bro bro iro o o Solo intermédio com 40 mm H2O utilizável (Telhado Verde com um substrato de 15/20 cm espessura) num ano mau – Alteração Climática 160 Etr- 372 mm Défice 549 mm, Superavite 268 mm 140 Superavit 120 100 Défice 80 60 Depl do solo 40 Recarga solo 20 0 Evaptrans chuva 5
  • 6. Verifica-se que nas nossas condições climáticas, de enorme variabilidade do Norte até ao Sul, temos como qualquer regime Mediterrânico: • Um excesso de água de Outubro a Março, em que tínhamos 2 picos de chuva e de excesso um em Novembro (altura das grandes cheias - citadas desde o século XIV até agora) e outro pico em Março (que desapareceu nos anos 60 pelas Alterações Climáticas) • Uma forte carência de Maio até Setembro, com um pico em Julho e Agosto, mas que agora, em anos maus será de Maio até Setembro 6
  • 7. Para um Desenvolvimento Sustentável, para a construção Sustentável, para as Coberturas e Fachadas Mediterrânicas Vivas, para a poupança de energia melhorando o bem estar no interior, poupando energia, e melhorando as condições climáticas na cidade e reduzindo os riscos teremos: • Que reduzir os picos de escoamento, e portanto os riscos de cheias na altura dos picos de chuva, e absorver os excessos nos eventos extraordinários • Que manter as coberturas verdes em condições de boa vegetação, e portanto que transferir o excesso dos picos para os períodos de carência, isto é, só será possível manter as coberturas verdes em condições de reduzirem a amplitude térmica no Verão se forem regadas. De facto do calor dissipado pela cobertura ≈58% é o resultado da evapotranspiração, 30% pela radiação da copa (do Sedun) e 9% pela fotossintese (Chi Feng et al., 2010) . 7
  • 8. O substracto, que funciona como solo? É, portanto uma delgada interface entre a Litosfera e a Atmosfera, (recurso natural perecível), base de toda a vida terrestre8
  • 9. É o meio natural para o Desenvolvimento das Plantas Terrestres, tal como se formou (solo dito natural) ou mais ou menos modificado como resultado da acção do homem - substrato. No caso extremo de construção pelo homem, como o caso dos socalcos ou de muitas estufas e telhados verdes, diz-se antrópico É um sistema anisotrópico (cujas propriedades variam segundo as direcções), que tem fase sólida, líquida e gasosa 9
  • 10. Constituintes: • Matéria Mineral (que pode representar entre <10 e 99% da parte sólida): fragmentos de rocha, minerais primários e secundários. • Matéria orgânica (que pode representar de 0 a >90% da parte sólida): raízes, microorganismos, mesofauna, restos de plantas mais ou menos decompostas, húmus. • Espaços: ar e água (que podem representar de 15 a 80% do solo: Água- solução do solo com substâncias dissolvidas Ar- - atmosfera do solo 10
  • 11. A matéria mineral do solo pode ser classificada de acordo com a dimensão das partículas que a constituem. Normalmente, para fins analíticos é considerada apenas a fracção <2mm, a que se chama a terra fina. Para a classificação da textura, consideram-se: Materiais com > 2mm (calhaus, pedras e cascalho) Areia- < 2 mm e > 0,02 mm (de 2 a 0,5 mm é areia grossa) Limo - < 0,02mm e > 0,002 mm (USA 0,05 a 0,002) Argila- < 0,002 mm VYDRO geotextil e camada drenante – substância porosa de suporte para as plantas As partículas arranjam-se em agregados formando a estrutura do solo. O Ar e a água ocupam o espaço intersticial entre as partículas 11 individuais e entre os agregados de partículas.
  • 12. Nos ecossistemas naturais tem as seguintes funções, que também tem nos telhados: • Sustentação física, fornecimento de nutrientes e água às plantas • Substrato e habitat para os organismos do solo • Sistema de transformação filtro e tampão, regularizador do ciclo hidrológico, condicionador da quantidade e qualidade da água • Balanço do calor, regularizador do clima 12
  • 13. O Solo ou subestracto artificial é um meio poroso, sendo os poros ocupados pela água e pelo ar. Os espaços vazios é o local onde se desenvolvem a vida do solo - raízes, bactérias, fungos, microfauna, mesofauna e até a macrofauna. A capacidade do solo ou substracto artificial, por exemplo o “Vydro” para drenar o excesso de água, para reter a água utilizável pelas plantas, para manter a água com uma força (potencial) tal que as plantas não a podem utilizar, para permitir o arejamento e a respiração dos seres vivos no solo, depende do tamanho, da forma e da continuidade dos poros no solo. Este tamanho, forma, distribuição e continuidade dos poros, depende da textura (dimensão das partículas) e da estrutura (forma como as partículas estão arranjadas) e estabilidade desta. Assim, a chamada “distribuição dos tamanhos dos poros”, e portanto as propriedades de retenção e cedência de água do solo é função da textura, da matéria orgânica e das forças de ligação das partículas 13
  • 14. A quantidade máxima de água que um solo pode receber, quando preenche na totalidade todos os seus poros (na natureza é muito raro, pois ficam sempre algumas bolhas) é chamada a capacidade máxima para a água (ou porosidade total ou “total water holdig capacity”) e varia entre 40 e 60% do volume do solo. A tensão superficial da água faz com que a água fique retida e se mova a velocidade diferente, e com que a água suba por capilaridade, num tubo mergulhado em água de acordo com o seu diâmetro. O modelo que o explica (em que h é a altura e d o diâmetro do tubo em metros) é: h= 3 x 10-5 /d Isto é para um tubo de 2 mm ∅ h= 15 mm, para 1 mm ∅ h=30 mm Para um tubo de 1 mm h=30 mm Para um tubo de 0,1 mm h= 300 mm 14 Para um tubo de 0,01 mm ∅ h= 3 m
  • 15. Esta capacidade de reter a água, nos poros mais finos, faz com que o solo, mesmo após a drenagem retenha água, a água retida pela carga hidráulica ou pressão contra a força da gravidade, corresponde à chamada capacidade de campo (field capacity), que será a água retida pelo solo contra a força da gravidade (a água 24 horas depois de uma rega abundante ficando o solo coberto por um plástico para evitar a evaporação). Esta água é utilizada pelas plantas, mas a partir de determinada carga hidráulica ou pressão de retenção as plantas já não têm capacidade de retirar mais água e então atinge-se o chamado coeficiente de emurchecimento (wilting point) A água retida nos poros A água retida nos maiores está poros mais estritos, submetida a nos estrangulamentos menor sucção e nos filmes está submetida a uma maior sucção 15
  • 16. As pressões negativas da humidade do solo abaixo da saturação, são normalmente expressas pelo seu valor de pF, em que pF = log10 h Sendo h a tensão ou sucção em cm de água Relação entre a tensão de água no solo, o pF e o diâmetro dos poros equivalentes (ocupados pela água a essa sucção) ∅ do poro Comentários Tensão de água no solo ou sucção equivalente Equivalente de Pressão cm de pF µm Dmr- drenágem muito rápida; Dr - drenágem Bar kPa kg cm-2 água rápida; Dm - drenagem média, Dl - drenagem lenta 0.00015 0,015 0,00015 0,2 -0,7 20.000 Fenda de 2cm Dmr ‘0,00098 0,075 0,001 0,8 -0,01 4.000 Buraco de verme (minhoca) Dmr ‘0,00098 0,098 0,001 1,0 0 3.000 Diâmetro de furo de insecto Dmr 0,00245 0,245 0,0025 2,5 0,4 1.200 Dr 0,0098 0,98 0,01 10,0 1,00 300 Diâmetro de uma raiz de cereal Dr 0,0294 2,94 0,03 30,0 1,48 100 Dr 0,0588 5,88 0,06 60,0 1,78 50 Poros acima dos quais há drenagem Dm 0,098 9,8 0,10 100 2,00 30 Dm 0,196 19,6 0,2 200 2,30 15 Tamanho de uma bactéria. Dl 0,294 29,4 0,3 300 2,48 9 Capacidade utilizável (facilmente) 0,498 49 0,5 500 2,70 6 Capacidade utilizável (facilmente) 2,45 245 2,50 2.500 3,4 1 Capacidade utilizável (facilmente) 4,90 490 5,00 5.000 3,7 0,6 Capacidade utilizável (dificilmente) 15,54 554 15,85 15.850 4,2 0,2 Coeficiente de emurchecimento (não utilizável) 16 9,8 • 103 9,8 • 105 104 107 7,0 3• 10-4 Solo seco a 100oC (não utilizável)
  • 17. Então, considerando que a tensão ou força de sucção se mede pelo logaritmo da coluna de água (em cm) que equilibra as forças de sucção • Capacidade máxima para a água - corresponde à porosidade total do solo, é a água que o solo pode reter à sucção 0, isto é saturada (toalha freática à superfície). • Percentagem de água a 1/3 de atmosfera, será a água que o solo retém contra uma sucção de 1/3 de atmosfera (1,0132 /3 bar, isto é, 344,53 cm de água ≈ pF 2,54). É também chamado o equivalente de humidade (água retida a 1.000 gravidades), que é ≈ a capacidade de campo, isto é, a água que o solo retém em condições normais. • Percentagem a 15 atmosferas, é a água retida com força superior à capacidade de sucção das plantas (abaixo da qual as plantas não podem absorver a água), e é aproximadamente o “Coeficiente de Emurchecimento” a água retida a pF 4,2. • Percentagem de água retida no solo seco na estufa a 105oC, corresponde a pF 7 17
  • 18. Em resumo • Capacidade máxima para a água - é a água que o solo pode reter à sucção 0, isto é quando está saturado (toalha freática à superfície). • Capacidade de campo - é a água retida depois da drenagem (corresponde a pF de 1,8 a 2,5 - estima-se a pF 2,5). Mede-se saturando a solo, cobrindo com um plástico (para evitar evaporação) e deixando drenar por 48 horas. • Coeficiente de emurchecimento - é a água que o solo retém quando as plantas já não têm capacidade de extrair, isto é, quando as plantas murcham e se mantêm nesse estado mesmo que se anule a evapotranspiração 18 (atmosfera saturada)- estima-se a pF 4,2.
  • 19. • Água Utilizável (AU) é a água correspondente à diferença entre a água à capacidade de campo e a água ao coeficiente de emurchecimento (≈ a % de água a pF 2,5 - % de água a pF 4,2). Desta água somente 2/3 são facilmente utilizáveis, e depende da salinidade da solução do solo que aumenta com a redução do teor em água no solo, e portanto que faz aumentar a pressão osmótica. A Água Utilizável Total (AUT) expressa em mm, corresponde à quantidade total de água utilizável na espessura efectiva considerada no solo. 19
  • 20. Para o cálculo dessa água utiliza-se a espessura efectiva dos diferentes horizontes ou camadas e a água utilizável de cada um deles, exprimindo a quantidade de água em l m-2. Por exemplo para calcular a quantidade de água utilizável do seguinte solo: Horizonte A 0-20 cm; Água utilizável 10%(v/v), Volume de solo= 0,20 × 1,00= 0,200 m3= 200 l Água utilizável = 200 × 10/100= 20 l m-2 = 20 mm Horizonte B 20-50 cm; Água utilizável 15%(v/v), Volume de solo= 0,30 × 1,00= 0,300 m3= 300 l m-2 Água utilizável = 200 × 15/100= 30 l m-2 = 30 mm Água utilizável total no solo (até 50 cm de profundidade) 20 + 30 = 50 mm 20
  • 21. O Teor total de Água Utilizável para as plantas num solo pode classificar-se de: Muito boa quando mais de 150 mm; Favorável de 100 a 150 mm; Marginal de 50 a 100 (50 mm é o limite inferior aceitável) Mau < 50 mm <20 mm muito mau, apenas existente em solos esqueléticos com menos de 15 cm de espessura efectiva. 21
  • 22. A Água Utilizável, que corresponde à água retida nos poros de 0,2 µm a 9 µm (isto é, à diferença de água retida de pF 2,5 e a água retida a pF 4,2), pode ser dividida em: • Água facilmente utilizável, que corresponde à água dos poros de 9 a 1 µm (≈ à água retida a pF 2,5 menos a água retida a pF 3,4). • Água dificilmente utilizável, que corresponde à água dos poros de 1 a 0,2 µm (≈ à água retida a pF 3,4 menos a água retida 22 a pF 4,2).
  • 23. • Água de Drenagem ou Porosidade Drenável (PD - que se representa como µ) pode ser definida como a diferença entre a porosidade total e a capacidade de campo (≈ % de água a pF 0,4 - % de água a pF 2,5). • A Porosidade Drenável pode ser classificada como segue: Classe Porosidade drenável total Muito alta >30% Alta 20 - 30% Média 10 - 19% Baixa 5 - 9% 23 Muito Baixa <5%
  • 24. A Porosidade Drenável (PD ≈ % de água saturada - % água a pF 2,5) poderá ser dividida em 3 subclasses: • PDr- A Porosidade de drenagem rápida (≈ % de água saturada - % água a pF 1) e de arejamento, corresponde aos poros > 300 µm (0s espaços maiores que 3mm (> 3000 µm) são espaços correspondentes a grandes fendas e orifícios da meso e macro - fauna e correspondem a espaços apenas preenchidos com água quando de alagamentos, permanentes ou temporários). • PDm - A Porosidade de Drenagem Média, (≈ % de água a pF 1 - % água a pF 2) corresponde aos poros de 30 a 300 µm. • PDl - A Porosidade de Drenagem Lenta, (≈ % de água a pF 2 - % água a pF 2,4) corresponde aos poros de 9 a 24 30 µm.
  • 25. Para fins comparativos mostram-se os vários tipos de porosidades de solos desde arenosos, passando pelas texturas medianas até um Andossolo com 20 % de matéria orgânica PT -v/v PD total PDr % no PDm PDl PU total PfU PdU P não U Unidade % no solo % no solo solo % no solo % no solo % no solo % no solo % no solo % no solo Solo % da PT % da PT % da PT % da PT % da PT % da PT % da PT % da PT % da PT PZ- 36 30 7 20 3 4 3 1 2 arenoso 100 83 19 56 8 11 8 3 6 FL 48 17 1 11 5 20 10 10 11 textura calcário 100 36 3 22 11 41 20 21 23 FL 57 12 4 5 3 32 17 15 13 textura média 100 22 8 9 5 56 30 26 22 VR 51 13 3 7 3 7 3 4 31 muito pesada 100 25 6 13 6 14 7 7 62 AN 73 30 10 15 5 22 12 10 21 húmico 100 41 14 20 7 30 16 14 29 Repare-se que: 1- num solo arenoso >80% da porosidade é porosidade de drenagem, predominando nesta a média, sendo muito baixa a porosidade útil (4% v/v) e a não útil (2%). Num solo argiloso >60% da porosidade é não útil (31% V/V) sendo a porosidade de drenagem e a útil baixa; num solo argiloso mas 25 muito rico em matéria orgânica (≈20%) a porosidade total é muito elevada (≈70%), a porosidade de drenagem é como na areia muito elevada, sendo a porosidade útil também elevada.
  • 26. Nos Chamados telhados verdes extensivos interessa ter elevadas porosidades que confiram ao substrato: 1º- As porosidade de drenagem, em especial média e baixa, se possível 20 a 30%, que permitam o arejamento do solo, mas também a absorção de elevadas quantidades de água dos eventos extraordinários, reduzindo assim os escoamentos rápidos pela capacidade de embeber cerca de 40 a 60 mm de chuva, que depois escoa lentamente, para além da capacidade de reter a água utilizável (cerca de 40 mm) 2º Rugosidade elevada que leve a que outro tanto, ainda que mais rapidamente fiquem retidos nas folhas e na rugosidade da parte aérea das plantas 3º- Porosidade útil também deverá ser elevada o que apenas será possível num Andossolo Húmico, ou num meio artificial (“Vydro”) com composto orgânico 26
  • 27. Podem considerar-se 3 regimes possíveis para a infiltração da água da chuva (ou rega), situação que depende da infiltrabilidade do solo e da intensidade da precipitação: • Infiltração não inundante (non ponding infiltration) em que a intensidade da precipitação é sempre inferior à infiltrabilidade do solo. • Infiltração pré-inundante (preponding infiltration) em que a intensidade da precipitação é ainda inferior à infiltrabilidade do solo, mas que com o tempo tenderá a ultrapassá-la, pela formação de crosta e redução da infiltrabilidade com o tempo. • Infiltração inundante ( ponding infiltration) em que a intensidade da precipitação excede a infiltrabilidade 27 do solo.
  • 28. Considerando R a precipitação, t o tempo desde o início da chuvada, Dr/dt a intensidade da chuvada, i a infiltrabilidade do solo, I infiltração acumulada desde o início da chuvada, Ds a diferença da humidade inicial em relação à capacidade máxima para a água teremos. 1- dR/dt <i ; I<Ds -toda a água caída se infiltra e vai aumentar o teor de água do solo (só não fica no solo a precipitação que cais na rede hidrológica) 2- dR/dt <i ; I> Ds -toda a água caída se infiltra e vai aumentar o teor de água do solo (só não fica no solo a precipitação que cais na rede hidrológica), até que I atinja Ds e então começa o escoamento igual a i. 3- dR/dt >i ; I<Ds - parte da água caída (até DR/dt= i) infiltra-se e vai aumentar o teor de água do solo, escoando-se o excesso (dR/dt-i). 4- dR/dt >i ; I> Ds -parte da água infiltra-se (até DR/dt= i) e vai aumentar o teor de água do solo, até que I atinja Ds e então começa o escoamento igual a i. 28
  • 29. LEMBRO QUE: Chuvisco - precipitação com gotas <0,5 mm e intensidade < 1 mmh-1. Chuva - precipitação com intensidade >0,5 mmh-1. Chuva fraca - precipitação com intensidade >0,5 e <2,5 mmh-1. Chuva moderada - precipitação com intensidade >2,5 e <7,5 mmh-1. Chuva forte - precipitação com intensidade >7,5 e > 30 mmh-1. Chuva muito forte - precipitação com intensidade >30 mmh-1. A chuva pode atingir intensidades instantâneas > 29 100 mmh-1 ou mesmo mais.
  • 30. Lembro que chuvadas de 20 mm em 30 minutos são comuns nas tempestades. Tal implica uma intensidade média de 40 mm h-1. Sabe-se que uma chuvada tem uma distribuição em que a intensidade máxima ocorre em 20% do tempo, em que chovem cerca de 80% da precipitação total . Assim, dos 20 mm, 16 mm caíram nos 6 minutos de chuva mais intensa. Tal quer dizer que a intensidade média nesses 6 minutos foram de 160 mm h-1. E para a recolha destes excessos pontuais que deve ser pensado um sistema, porque a maioria destas chuvadas resulta em escoamentos superficiais curtos mas violentos . 30
  • 31. Da água infiltrada, fica retida até ser evapotranspirada, toda a que é menor que a capacidade de campo (água utilizável). A que exceder a capacidade de campo vai ser escoada, de forma mais ou menos lenta, sub- superficialmente, a que for inferior à capacidade máxima para a água: • lateralmente quando não existirem fendas ou permeabilidade da rocha que permita a recarga dos aquíferos (granitos, xistos, ou zonas cársicas) • Profundamente sempre que a rocha mãe do solo seja permeável (areias, arenitos, 31 margas, argilitos)
  • 32. •Movimento da água no solo ou no sub-solo, quando saturado, depende da condutividade hidráulica do material, da espessura do material poroso (perde de carga por atrito), da carga (pressão), e da área do escoamento: ∆ (Lei de Darcy, 1856) Q = k (∆h/L) A Em que Q é o fluxo através da amostra ∆h é a diferença de carga entre os dois pontos (carga hidráulica) em que se faz o fluxo L é a altura do material poroso que o fluxo atravessa k é uma constante de proporcionalidade e corresponde à condutividade hidráulica da amostra A velocidade de percolação (V= Q/At, isto é fluxo por unidade de área e unidade de tempo, aumenta com a carga e com a porosidade do meio. • Em amostras não saturadas o k não é constante, diminuindo com a redução da humidade do solo. A lei de Darcy é válida para fluxos laminares em material 32 poroso (velocidades baixas)
  • 33. Para comparar solos usa-se o tempo necessário para a Infiltração acumulada de 10 cm (100mm) em horas, e a taxa de infiltração básica (taxa de infiltração i quando se consegue uma infiltração acumulada de 10 cm (100 mm). Classificação com base no tempo para uma infiltração acumulada de 10 cm (carga constante de 10 cm) Classes Tempo para I= 10 cm, em horas Extremamente lenta >40 Demasiado lenta 20-40 Lenta 10-20 Média 5-10 Rápida 2,5 - 5 Demasiado Rápida 1,25 - 2,5 Extremamente Rápida < 1,25 33
  • 34. Classificação com base na infiltração básica ib (taxa de infiltração ou infiltrabilidade obtida após o tempo para uma infiltração acumulada de 10 cm) (método do duplo cilindro) Classes Taxa de infiltração básica ib ( em mm/h) Muito baixa < 2,5 Bastante baixa 2,5- 5 Baixa 5-10 Média 10-20 Alta 20 - 40 Bastante alta 40 - 80 Muito Alta > 80 34
  • 35. Exemplos de algumas taxas de infiltração básicas (ib) para diferentes tipos de solos Infiltração (I) Taxa de infiltração Solos acumulada 3 horas após 3 horas (≈ ib) Textura grosseira 150-300 mm 15 - 20 mm h-1 Textura mediana 30 - 100 5 - 10 mm h-1 Textura fina (não 30 - 70 1 - 5 mm h-1 fissurado)* Solo compacto, 0-2 ≈ 0 mm h-1 massiços 35
  • 36. As determinações da condutividade hidráulica em solo saturado (depende da porosidade total, da distribuição forma e tamanho dos poros, da tortuosidade do espaço poroso e do tipo de argila). A tortuosidade é a relação entre o comprimento médio do trajecto ou da passagem dos poros e o comprimento da amostra e é sempre ≥ 1 (próximo de 1 quando são poros de raízes verticais e furos de minhocas) excedendo muitas vezes o valor de 2). A condutividade hidráulica depende também do tipo de argila e das características da água (viscosidade, complexo de troca iónico do solo - dispersão da argila, em especial com águas de baixa salinidade em solos sódicos). 36
  • 37. Lembro que manter as coberturas verdes em condições de boa vegetação, e portanto que transferir o excesso dos picos para os períodos de carência é muito importante, e que só será possível manter as coberturas verdes em condições de reduzirem a amplitude térmica no Verão se forem regadas. De facto do calor dissipado pela cobertura ≈58% é o resultado da evapotranspiração, 30% pela radiação da copa (do Sedun) e 9% pela fotossintese (Chi Feng et al., 2010) Assim, num solo com 40 mm H2O utilizável (Telhado Verde com um substrato de 15/20 cm espessura) num ano mau – Alteração Climática Etr- 372 mm Défice 549 mm, Superavite 268 mm é imprescindível saber como manter a vegetação de Abril a Outubro, cobrindo ainda que parcialmente o défice de 549 mm 160 140 Superavit 120 100 Défice 80 60 Depl do solo 40 Recarga solo 20 0 Evaptrans chuva 37
  • 38. A rega pode ser efectuada deixando o solo/substracto secar até 30%, 20% ou mesmo menos que 10% da capacidade utilizável, dependendo da resistenciada vegetação e do que se pretente: - Produção (numa cultura), aspecto (num jardim) e nos telhados verdes na capacidade atenuadora do pico de calor. Vejamos exemplos: Balanço hidrológico diário, com alteração climática, solo 40 mm cap. util. rega aos 30% (≈ 12 mm) 140 120 100 80 Precipitação Eto 60 água no solo ETR Défice 40 Superavite 20 0 Chuva 12 Ago 02/Mai 05/Mai 08/Mai 11/Mai 13/Mai 16/Mai 19/Mai 22/Mai 25/Mai 28/Mai 31/Mai 03/Jul 06/Jul Rega 09 Jul 12/Jul 15/Jul 18/Jul 21/Jul 24/Jul 27/Jul 30/Jul 02/Set 05/Set Rega 07 Set 11/Set 14/Set 17/Set Rega 20 Set 23/Set 26/Set 29/Set Março 03/Jun 06/Jun 09/Jun 12/Jun 15/Jun 18/Jun 21/Jun 24/Jun 27/Jun 30/Jun 03/Ago 06/Ago 09/Ago 15/Ago 18/Ago 21/Ago 24/Ago Rega 27 Ago 30/Ago Novembro -20 38
  • 39. -20 0 20 40 60 80 100 120 140 Abril Chuva 04 Maio 08/Mai Chuva 12 Maio 15/Mai 19/Mai 23/Mai 27/Mai 31/Mai 04/Jun 08/Jun 12/Jun 16/Jun 20/Jun 24/Jun 28/Jun 02/Jul 06/Jul 10/Jul 14/Jul 18/Jul 22/Jul 26/Jul 30/Jul 04/Ago 08/Ago Chuva 12 Ago 16/Ago 20/Ago 24/Ago 28/Ago cap. util. rega aos 20% (≈ 6 mm) 01/Set 05/Set 09/Set 13/Set 17/Set 21/Set 25/Set 29/Set Dezembro Balanço hidrológico diário, com alteração climática, solo 30 mm Eto ETR Défice H20 solo 39 Superavite Precipitação
  • 40. Uma visão parcial e ampliada para se ver a alteração da taxa de evaporação ao longo do tempo. Repare-se que a Evapotranspiração real passa de 4,2 mm /dia na altura da rega em 23 de Junho, para 1 mm /dia a 4 de julho, altura da rega , o que tem efeitos enormes na capacidade tampão para a temperatura 100 90 80 70 60 Precipitação 50 Eto H20 solo 40 ETR 30 Défice Superavite 20 10 0 Abril 02/Mai 06/Mai 08/Mai 10/Mai 13/Mai 15/Mai 17/Mai 19/Mai 21/Mai 23/Mai 27/Mai 29/Mai 31/Mai 02/Jul 04/Jul 06/Jul 08/Jul 10/Jul 12/Jul 14/Jul Fevereiro Chuva 04 Maio Chuva 12 Maio Rega 25 Maio 02/Jun 04/Jun 06/Jun 08/Jun 10/Jun 12/Jun 14/Jun 16/Jun 18/Jun 20/Jun 22/Jun 24/Jun 26/Jun 28/Jun 30/Jun -10 40
  • 41. Teremos quantidades diferentes de rega (dotação), teremos défices diferentes (diferença entre a Evapotranspiração potencial e a Evapotranspiração real), que correspondem a capacidades diferentes de atenuação dos picos de calor nas zonas cobertas. As diferenças de rega em Lisboa, para diferentes dotações de rega pode variar de mais de 140 mm (de 220mm a 360 mm), e a decisão terá que ser efectuada face à água disponível (superavite que varia de 220 mm a 260 mm) e das condições de atenuação dos picos de calor. De qualquer forma todo ou quase todo o Superavite de água deverá ser armazenado, sob pena de ter de usar água de consumo. 41
  • 42. São estas as exigências da manutenção do efeito atenuador das cheias nas áreas urbanas, de amortecimento das condições de extremos térmicos na habitação, de alteração na envolvente dos telhados verdes, em Clima Mediterrânico 42
  • 43. Obrigado pela vossa Atenção 43
  • 44. Evapotranspiração Real (Er) é a quantidade de água que o solo realmente cede por unidade de área (m2, isto é em l m-2 , o mesmo que mm de água como a chuva). Só é mensurável pelos lisímetros ou pela medida diária das temperaturas do ar e das superfícies evaporantes. Pode no entanto estimar-se com base nos seguintes conceitos: • Nos meses em que a Precipitação (R) é maior do que a Evapotranspiração Potencial (Ep, isto é, em que R≥Ep) considera-se que o solo está sempre bem abastecido e que portanto Er=Ep. • Nos meses em que R<Ep a Evapotranspiração Real (sempre menor que Ep) será a soma da quantidade de chuva desse mês (R ) com a água perdida pelo solo, isto é, Er= R + DS Em que , a água perdida pelo solo nesse mês é a diferença da água no solo no mês anterior ASi-1 e nesse mês ASi. Então: DS= ASi – ASi-1 44
  • 45. Superavite ou excesso de água (S) é o excesso da quantidade da precipitação R, num dado intervalo de tempo, sobre a soma da Evapotranspiração (Ep) com a água armazenada no solo até á capacidade de campo (até saturar a água utilizável). Esta água é perdida por escoamento superficial (causando muitas vezes erosão), ou então é perculada lateralmente (sub- superficialmente) ou recarrega os aquíferos (água profunda). Apenas existe quando R> Ep + C, em que C é a água utilizável. S= R – Ep + C Défice de Água (d) corresponde à diferença entre a Evapotranspração Real e a Evapotranspiração potencial D= Ep-Er 45
  • 46. O método de Thornthwaite & Mather (Thornthwaite, C. W. & Mather, J. R., 1953- Instructions and Tables for Computing Potential Evapotranspiration and Water Balance. Publications in Climatology X (3). Drexel Institute of Technology>; Mendes, J. C. & Bettencourt, M. L., 1980- O Clima de Portugal XXIV. Contribuição para o Estudo do Balanço Climatológico de Água no Solo e Classificação Climática de Portugal Continental. Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica), é baseado na equação simplificada do balanço hídrico para períodos longos (1 semana a 1 mês) em que: R= DS + Er + S Sendo: R a precipitação em mm que atinge o solo; DS a variação de água do solo (até à capacidade de campo) Nota- Considera-se nula no ano, pois que se parte do solo à capacidade de campo no fim da estação chuvosa (último mês de superávite); Er é a evapotranspiração real; S é o excesso, correspondente ao escoamento superficial e infiltração lateral e profunda (para for a do perfil). 46
  • 47. O R é medido (estação meteorológica), os valores de Er e S são obtidos do balanço e os valores de DS são obtidos da seguinte forma: Nos meses em que R≥ Ep, o valor da água do solo obtém-se somando o valor de R-Ep à água residual existente no começo do mês, sendo o limite a capacidade de campo (o preenchimento da água utilizável C). O excesso {(R-Ep) –C} é Superavite. Nos meses em que R<Ep cria-se um défice de água e o solo vai perdendo água, sendo o valor residual no fim do período calculado pelo modelo: AS = C e(L/C) Em que: AS (no mês i) é a quantidade de água em mm existente no solo; C é a capacidade de água utilizável do solo; e é a base do logaritmo Neperiano; L é o valor da perda potencial de água desde o início da estação seca L = Σ R-Ep nos meses em que R<Ep.  47
  • 48. Este modelo baseia-se na constatação de que a velocidade de perda de água do solo se atenua ao longo do tempo, pois que diminui a dimensão dos poros por onde a água se movimenta para as raízes à medida que o solo seca, diminuindo portanto a sua velocidade. Ao mesmo tempo as plantas sujeitas a um stress crescente aumentam a resistência à transpiração. Os estomas fecham às horas de maior radiação, as folhas enrolam, etc.. Então a taxa de evapotranspiração do sistema será proporcional ao teor de água no solo. Se B for a quantidade de água perdida no sistema então: dB/dt = K As Integrando para o tempo considerado obtém-se: AS = C e(L/C) A variação da água do solo obtém-se subtraindo a água do mês anterior a água desse mês. 48
  • 49. Exemplo do cálculo na folha Exel Água no solo =IF(D15<0;40*EXP(E15/40);IF((F14+D15)>40;40;(F14+D15))) 49