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Subcomitês como proposta 
de descentralização da 
gestão das águas na bacia 
do rio das Velhas: o Projeto 
Manuelzão como fomentador 
Rogério de Oliveira Sepúlveda (*) 
Pretende-se fazer um breve balanço e algumas reflexões sobre 
os subcomitês de bacias hidrográficas vinculados ao Comitê da Ba-cia 
Hidrográfica do Rio das Velhas – CBH-Velhas. Serão tratados 
aspectos da relação da criação dos subcomitês com a mobilização 
social do Projeto Manuelzão, o estado atual da criação desses gru-pos 
consultivos e propositivos e as dificuldades e desafios para que 
a descentralização pretendida possa se concretizar. Finalizando, são 
apresentados alguns exemplos de atuação que, esperamos, possam 
servir de modelo para outros subcomitês. 
A origem e o papel do Manuelzão 
Explicar a origem dos atuais nove subcomitês existentes na ba-cia 
do Velhas nos remete forçosamente a julho de 2003, quando da 
eleição do Instituto Guaicuy, ONG de apoio ao Projeto Manuelzão, 
para a Presidência do CBH-Velhas, e a outubro de 2004, quando da 
aprovação pelo seu plenário da Deliberação Normativa n° 02, de 
31/08/2004, publicada no Minas Gerais em 23/10/04, que criou a 
figura do subcomitê de bacia hidrográfica vinculado àquele Comitê. 
O Projeto Manuelzão, nesses quase dez anos de atuação, construiu 
uma rede de “Comitês Manuelzão” em vários pontos na bacia do Ve-lhas. 
Estes Comitês, atualmente denominados Núcleos Manuelzão, fo-ram 
estimulados, em sua evolução, a se organizar segundo a Lei Fede-ral 
n° 9433/97, principalmente no que diz respeito à composição com 
participação dos segmentos previstos na lei e à adoção de uma bacia 
hidrográfica como território de gestão. 
Essa descentralização praticada pelo Projeto foi motivo de deba-te 
no CBH-Velhas e permitiu que seu Plenário aprovasse a criação 
dos subcomitês por meio da DN n° 02/2004. Nela estão colocadas 
as diretrizes de criação e de funcionamento dos subcomitês e sua 
vinculação ao CBH-Velhas. Este processo não foi simples nem ime-diato, 
tendo passado por discussões sobre aspectos legais referentes 
N. 2 - novembro 2006 
(*) Coordenador 
do Grupo de 
Educação e 
Mobilização 
do Projeto 
Manuelzão 
– GEM 
Coordenador de 
expedições de 
afluentes do rio 
das Velhas 
Engenheiro Civil, 
Especialista 
em Geografia 
pela Université 
Sorbonne 
Nouvelle, França
à ausência de competência do CBH-Velhas para criar outro Comitê, 
nome original proposto, daí surgir o nome subcomitê. Aprovada a 
possibilidade de criação dos subcomitês no âmbito do CBH-Velhas, 
o debate no Projeto Manuelzão passou a ser sobre o destino dos 
“Comitês Manuelzão”. Partiu-se para a definição inicial de que deve-riam 
eles se transformar em subcomitês do CBH-Velhas. Entretanto, 
no 6º Encontro de Comitês Manuelzão, realizado em 25 e 26 de 
junho de 2005, em Belo Horizonte, os membros se manifestaram 
contra a possibilidade de deixarem de “ser Manuelzão” e, por unani-midade 
do plenário, deliberou-se que: 
“A participação do Projeto Manuelzão na criação e no funciona-mento 
dos Subcomitês vinculados ao Comitê da Bacia Hidrográfica 
do Rio das Velhas apresenta-se como uma estratégia central de ação 
do Projeto Manuelzão em todas as suas instâncias de organização. 
Os Comitês Manuelzão (...) poderão utilizar a denominação “Nú-cleos 
Manuelzão”, seguida do nome da sub-bacia. A prioridade dos 
‘Núcleos Manuelzão’ residirá no apoio à constituição dos Subco-mitês, 
o que não exclui a continuidade dos projetos e ações locais 
desenvolvidos pelo Projeto Manuelzão.” (Carta do 6º Encontro de 
Comitês Manuelzão) 
Nove subcomitês criados entre outubro de 2004 e agosto de 2006 
mostram o papel inquestionável do Projeto Manuelzão na condução 
desse processo. As bases construídas ao longo dos seus nove anos de 
atuação e mobilização na bacia do Velhas permitiram organizar esses 
grupos em tão pouco tempo. (Figura 1) 
Aspectos do funcionamento dos subcomitês 
Segundo o artigo 1° da Deliberação Normativa CBH-Velhas n° 
02/2004, “os subcomitês são grupos consultivos e propositivos”, com 
atuação nas sub-bacias hidrográficas da bacia hidrográfica do rio das 
Velhas. Sua constituição exige a presença de representantes dos seguin-tes 
segmentos: sociedade civil organizada, usuários de água e poder pú-blico. 
Os subcomitês poderão ser consultados sobre conflitos referen-tes 
aos recursos hídricos e, também, poderão levar ao conhecimento 
do CBH-Velhas e dos órgãos e entidades competentes os problemas 
ambientais porventura constatados em sua sub-bacia. 
Em seu artigo 3º, a DN apresenta como competências de um 
subcomitê “acompanhar a elaboração e implementação do Plano 
de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica do rio das Velhas em 
sua área de atuação, prioritariamente no que diz respeito às ativida-des 
de preservação, conservação e recuperação hidroambiental da 
bacia, formulando sugestões ao CBH-Velhas para o cumprimento 
N. 2 - novembro 2006
Figura 1: Subcomitês criados até outubro de 2006 
de seus objetivos e para suas atualizações”. Ninguém melhor que 
os atores locais para conhecerem suas prioridades. Além disso, os 
subcomitês têm um importante papel de articuladores locais das 
entidades existentes na bacia e que possuem funções públicas rela-cionadas 
às questões ambientais, sociais e educacionais. 
Os subcomitês assemelham-se às câmaras técnicas de Comitês, 
que possuem regimento e critérios de participação definidos e cujo 
papel está relacionado a uma função ou a um tema específico como, 
por exemplo, outorga, legalidade ou comunicação. Poderiam então 
ser uma espécie de câmara técnica de território (uma sub-bacia do 
Velhas), ou seja, emitiriam parecer sobre as questões dos recursos 
hídricos relativos à sua bacia embasando as decisões do Plenário do 
Comitê e apresentando questões de relevância para o debate dos 
conselheiros deste órgão. 
O argumento relativo à importância da criação de subcomitês para 
a descentralização da gestão das águas é fortalecido quando se avalia 
a distribuição, na bacia do rio das Velhas, da localização das sedes das 
entidades membros do CBH-Velhas. Predominam aquelas situadas na 
N. 2 - novembro 2006
Capital: dezessete dos vinte e um membros titulares representantes do 
poder público estadual, usuários e sociedade civil têm suas sedes loca-lizadas 
em Belo Horizonte. Obviamente, essa proporção não leva em 
conta as sete vagas destinadas ao poder público municipal. 
A atuação dos subcomitês pode compensar, em certa medida, 
essa concentração, e permitirá o intercâmbio e a discussão de temas 
das diversas sub-bacias em um Plenário em que predominam mem-bros 
de Belo Horizonte. Exemplo de uma primeira experiência deste 
intercâmbio ocorreu quando o Paraúna, subcomitê em formação, 
trouxe para o Plenário do CBH-Velhas a discussão sobre o licencia-mento 
e a outorga de uma empresa mineradora que pretende extrair 
diamantes nas margens e no leito do rio Paraúna. Tal apresentação 
gerou da parte do CBH-Velhas a indicação de alguns de seus conse-lheiros 
para acompanharem a primeira audiência do licenciamento e 
uma posterior reunião no COPAM Regional. 
Dificuldades e desafios 
A Lei Federal de Recursos Hídricos, n° 9.433/97, completará 
dez anos em 2007. Muito ainda há a ser feito, tanto no que diz 
respeito à criação de Comitês quanto à implementação dos instru-mentos 
de gestão previstos na referida lei. Exemplos disto são os 
desafios de criação das Agências de Bacia e a realização de Cadas-tros 
de Usuários, fundamentais para a implementação da cobrança 
pelo uso da água. Se a maioria dos Comitês tem dificuldades para 
se estruturarem e cumprirem os objetivos previstos na lei, o que se 
dirá do desafio de criar e viabilizar o funcionamento dos subcomi-tês 
do CBH-Velhas? 
Percebe-se dificuldade de compreensão sobre a função e a com-petência 
dos comitês e subcomitês e suas interfaces com as compe-tências 
dos municípios e Estado. Some-se a isso a não coincidência 
da bacia hidrográfica com os territórios administrativos municipais, 
regionais e estaduais. Se as competências municipais estão bem defi-nidas 
na Constituição e em outros atos normativos, por outro lado, a 
compreensão do papel de gestor e articulador de ações em uma bacia 
hidrográfica ainda é objeto de confusão e dúvidas. Como viabilizar a 
gestão das águas sem ter em conta as questões urbanas municipais e 
a gestão do território regional? Por fim, e aí está a complexidade da 
tarefa, como conciliar a função pública dos municípios nos subco-mitês, 
grupos de gestão intermunicipais que, além do poder público, 
agregam representações1 dos segmentos sociedade civil e usuários? 
1 Não cabe nesse artigo e nem no estágio atual dos subcomitês avaliar a efetiva representatividade 
das entidades participantes. 
N. 2 - novembro 2006
Para se avançar nessas questões são necessárias decisões e ações 
que superem vaidades e isolamentos institucionais e rivalidades in-termunicipais, 
assim como um contínuo processo de informação, 
capacitação, mobilização e divulgação sobre o papel do subcomitê, 
permitindo demonstrar aos gestores municipais e empresariais que 
a integração de ações potencializa o alcance de melhores resultados, 
evitando desperdícios de recursos. 
Quais caminhos estão sendo trilhados? 
Há diversidade nas atividades desenvolvidas pelos subcomitês 
criados e em criação. Em face das dificuldades, observa-se que eles 
acabam por se desdobrar e emerge daí a criatividade que permite ate-nuar 
ou superar esses desafios. Essa diversidade de formas de ações 
é reflexo também do variado perfil dos seus membros, característica 
inerente a um grupo que objetiva praticar a gestão compartilhada. 
Alguns membros participam ativamente, extrapolando a função ori-ginal 
para a qual foram designados; outros ficam restritos à participa-ção 
presencial a partir da indicação de seus superiores. 
Pode-se em linhas gerais dizer que, além da estruturação do pró-prio 
subcomitê, predominam as atividades vinculadas à educação 
ambiental, mobilização social, formação de bancos de dados e, por 
vezes, à elaboração de diagnósticos da bacia e realização de expedi-ções. 
Em alguns subcomitês foram formados grupos de trabalho: 
Grupos de Educação Ambiental, de Planejamento e Projetos, Agros-silvopastoril, 
Urbano/Industrial. Um exemplo de atividade integrada 
desenvolvida por esses grupos, ocorre atualmente no Jequitibá, cujos 
Grupos Urbano/Industrial e Agrossilvopastoril estão elaborando 
projeto de rede de monitoramento da qualidade das águas da bacia. 
Os resultados desse monitoramento serão objeto de trabalho educa-cional 
sob responsabilidade do Grupo de Educação Ambiental desse 
N. 2 - novembro 2006 
mesmo Subcomitê. 
A recorrente citação de que gestão ou mobilização devem ser 
vinculadas à educação ambiental e o significativo número de pessoas 
ligadas à educação participantes das reuniões de vários subcomitês 
foram determinantes para a criação dos Grupos de Educação Am-biental. 
Essa experiência ocorreu inicialmente no Subcomitê do Ri-beirão 
Jequitibá e influenciou o Grupo de Educação e Mobilização 
do Projeto Manuelzão – GEM, que apóia a criação e estruturação 
dos subcomitês, a estimular a formação desses grupos em outros 
subcomitês. Esses grupos debatem sobre temas específicos e ela-boram 
propostas que posteriormente são levadas para discussão e 
aprovação pelo subcomitê.
A demanda gerada por alunos de instituições particulares de ensino 
10 N. 2 - novembro 2006 superior, relativa ao cumprimento de estágio curricular junto ao Proje-to 
Manuelzão, tem sido encaminhada de maneira que sejam firmados 
convênios visando à participação dessas entidades como membros 
efetivos dos subcomitês e à adoção da bacia hidrográfica de um dos 
subcomitês como território de trabalho. A resposta das entidades tem 
sido positiva, já havendo a participação, no Subcomitê Arrudas, das Fa-culdades 
Arnaldo, das Universidades Fumec, Uni-BH e PUC-Barreiro. 
No Subcomitê Onça, a Faculdade Faminas. No Jequitibá, participam a 
Fundação Educacional Monsenhor Messias – FEMM e a Escola Téc-nica 
Municipal de Sete Lagoas. 
Foi criado no Subcomitê Arrudas um grupo de Planejamento e 
Projetos – GPP que pretende articular as entidades do poder públi-co, 
da sociedade civil e empresas, integrando e apoiando os projetos 
existentes nas bacias dos afluentes do Arrudas por meio de oficinas e 
seminários. Cada entidade participante desse grupo adota uma sub-bacia 
do Arrudas como território de trabalho visando ao desenvolvi-mento 
de trabalhos construídos com a comunidade e os estudantes. 
O Projeto Manuelzão possui convênio celebrado com o Município 
de Belo Horizonte que contempla ações relacionadas aos Subcomitês 
Arrudas e Onça. Uma delas consiste na criação de dois Centros de 
Educação Ambiental em cada uma das bacias com a participação dos 
referidos subcomitês. Pretende-se que esses centros sejam referências 
físicas e conceituais das bacias e dos subcomitês e que possam receber 
alunos e pessoas da comunidade, permitindo favorecer a construção 
da identidade e da idéia do território da bacia hidrográfica. 
Desde 2003, o Projeto Manuelzão realiza expedições na bacia 
do rio das Velhas com a participação dos Núcleos Manuelzão e de 
subcomitês, formados ou em formação. Três expedições já foram 
realizadas em bacias de afluentes do Velhas nas quais a participação 
dos respectivos subcomitês foi fundamental. Elas são uma forma de 
mobilizar as comunidades chamando a atenção para os rios e os seus 
problemas e para a importância de uma gestão integrada e comparti-lhada, 
necessidade que fortalece também o argumento da criação dos 
subcomitês das sub-bacias do Velhas. 
Conclusão 
Finalmente, não é possível concluir sem ter em conta o enorme 
desafio que ainda há por ser superado. As bases legais, conceituais e 
técnicas da gestão dos recursos hídricos são por demais suficientes 
para o encaminhamento das soluções. As dificuldades para supera-ção 
de todo o desequilíbrio e passivo ambientais muitas vezes estão
relacionadas a interesses outros que não a melhoria da qualidade de 
vida das populações que carecem de saneamento ambiental. 
O estado de calamidade em que se encontram nossos rios, ribeirões 
e córregos espelham a necessidade premente de uma gestão compar-tilhada 
e do compromisso expresso de toda a sociedade, assim como 
do poder público, na busca de ações efetivas, rápidas e definitivas para 
esse passivo socioambiental, regularmente associado somente a ques-tões 
ambientais, mas que é essencialmente reflexo das desigualdades 
sociais de nosso Brasil. 
Referências Bibliográficas 
• BRASIL. Lei Federal n° 9.433, de xx de janeiro de 1997. Institui 
a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Na-cional 
de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o 
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1° 
da Lei n° 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a 
Lei n° 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Ministério do Meio 
Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Recursos Hídricos: 
conjunto de normas legais. 3. ed. Brasília: Ministério do Meio 
Ambiente, 2004. 
• MINAS GERAIS. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Ve-lhas. 
Deliberação Normativa n° 02 de 31 de agosto de 2004. 
Estabelece diretrizes para a criação e o funcionamento dos sub-comitês 
de bacias hidrográficas vinculados ao CBH Velhas. 
• MINAS GERAIS. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Ve-lhas. 
Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica 
do Rio das Velhas: resumo executivo. Belo Horizonte: Instituto 
Mineiro de Gestão das Águas, Comitê da Bacia Hidrográfica 
do Rio das Velhas, 2005. 
• Projeto Manuelzão. Carta do 6° Encontro de Comitês Manuel-zão. 
Belo Horizonte, 2005. 
• Souza Júnior, Wilson Cabral de. Gestão das águas no Brasil: 
reflexões, diagnósticos e desafios. Instituto Internacional de 
Educação do Brasil. São Paulo: Peirópolis, 2004. 
11 N. 2 - novembro 2006

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Subcomitês como proposta de descentralização da gestão das águas na bacia do rio das Velhas: o Projeto Manuelzão como fomentador. Autor: Rogério de Oliveira Sepúlveda

  • 1. Subcomitês como proposta de descentralização da gestão das águas na bacia do rio das Velhas: o Projeto Manuelzão como fomentador Rogério de Oliveira Sepúlveda (*) Pretende-se fazer um breve balanço e algumas reflexões sobre os subcomitês de bacias hidrográficas vinculados ao Comitê da Ba-cia Hidrográfica do Rio das Velhas – CBH-Velhas. Serão tratados aspectos da relação da criação dos subcomitês com a mobilização social do Projeto Manuelzão, o estado atual da criação desses gru-pos consultivos e propositivos e as dificuldades e desafios para que a descentralização pretendida possa se concretizar. Finalizando, são apresentados alguns exemplos de atuação que, esperamos, possam servir de modelo para outros subcomitês. A origem e o papel do Manuelzão Explicar a origem dos atuais nove subcomitês existentes na ba-cia do Velhas nos remete forçosamente a julho de 2003, quando da eleição do Instituto Guaicuy, ONG de apoio ao Projeto Manuelzão, para a Presidência do CBH-Velhas, e a outubro de 2004, quando da aprovação pelo seu plenário da Deliberação Normativa n° 02, de 31/08/2004, publicada no Minas Gerais em 23/10/04, que criou a figura do subcomitê de bacia hidrográfica vinculado àquele Comitê. O Projeto Manuelzão, nesses quase dez anos de atuação, construiu uma rede de “Comitês Manuelzão” em vários pontos na bacia do Ve-lhas. Estes Comitês, atualmente denominados Núcleos Manuelzão, fo-ram estimulados, em sua evolução, a se organizar segundo a Lei Fede-ral n° 9433/97, principalmente no que diz respeito à composição com participação dos segmentos previstos na lei e à adoção de uma bacia hidrográfica como território de gestão. Essa descentralização praticada pelo Projeto foi motivo de deba-te no CBH-Velhas e permitiu que seu Plenário aprovasse a criação dos subcomitês por meio da DN n° 02/2004. Nela estão colocadas as diretrizes de criação e de funcionamento dos subcomitês e sua vinculação ao CBH-Velhas. Este processo não foi simples nem ime-diato, tendo passado por discussões sobre aspectos legais referentes N. 2 - novembro 2006 (*) Coordenador do Grupo de Educação e Mobilização do Projeto Manuelzão – GEM Coordenador de expedições de afluentes do rio das Velhas Engenheiro Civil, Especialista em Geografia pela Université Sorbonne Nouvelle, França
  • 2. à ausência de competência do CBH-Velhas para criar outro Comitê, nome original proposto, daí surgir o nome subcomitê. Aprovada a possibilidade de criação dos subcomitês no âmbito do CBH-Velhas, o debate no Projeto Manuelzão passou a ser sobre o destino dos “Comitês Manuelzão”. Partiu-se para a definição inicial de que deve-riam eles se transformar em subcomitês do CBH-Velhas. Entretanto, no 6º Encontro de Comitês Manuelzão, realizado em 25 e 26 de junho de 2005, em Belo Horizonte, os membros se manifestaram contra a possibilidade de deixarem de “ser Manuelzão” e, por unani-midade do plenário, deliberou-se que: “A participação do Projeto Manuelzão na criação e no funciona-mento dos Subcomitês vinculados ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas apresenta-se como uma estratégia central de ação do Projeto Manuelzão em todas as suas instâncias de organização. Os Comitês Manuelzão (...) poderão utilizar a denominação “Nú-cleos Manuelzão”, seguida do nome da sub-bacia. A prioridade dos ‘Núcleos Manuelzão’ residirá no apoio à constituição dos Subco-mitês, o que não exclui a continuidade dos projetos e ações locais desenvolvidos pelo Projeto Manuelzão.” (Carta do 6º Encontro de Comitês Manuelzão) Nove subcomitês criados entre outubro de 2004 e agosto de 2006 mostram o papel inquestionável do Projeto Manuelzão na condução desse processo. As bases construídas ao longo dos seus nove anos de atuação e mobilização na bacia do Velhas permitiram organizar esses grupos em tão pouco tempo. (Figura 1) Aspectos do funcionamento dos subcomitês Segundo o artigo 1° da Deliberação Normativa CBH-Velhas n° 02/2004, “os subcomitês são grupos consultivos e propositivos”, com atuação nas sub-bacias hidrográficas da bacia hidrográfica do rio das Velhas. Sua constituição exige a presença de representantes dos seguin-tes segmentos: sociedade civil organizada, usuários de água e poder pú-blico. Os subcomitês poderão ser consultados sobre conflitos referen-tes aos recursos hídricos e, também, poderão levar ao conhecimento do CBH-Velhas e dos órgãos e entidades competentes os problemas ambientais porventura constatados em sua sub-bacia. Em seu artigo 3º, a DN apresenta como competências de um subcomitê “acompanhar a elaboração e implementação do Plano de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica do rio das Velhas em sua área de atuação, prioritariamente no que diz respeito às ativida-des de preservação, conservação e recuperação hidroambiental da bacia, formulando sugestões ao CBH-Velhas para o cumprimento N. 2 - novembro 2006
  • 3. Figura 1: Subcomitês criados até outubro de 2006 de seus objetivos e para suas atualizações”. Ninguém melhor que os atores locais para conhecerem suas prioridades. Além disso, os subcomitês têm um importante papel de articuladores locais das entidades existentes na bacia e que possuem funções públicas rela-cionadas às questões ambientais, sociais e educacionais. Os subcomitês assemelham-se às câmaras técnicas de Comitês, que possuem regimento e critérios de participação definidos e cujo papel está relacionado a uma função ou a um tema específico como, por exemplo, outorga, legalidade ou comunicação. Poderiam então ser uma espécie de câmara técnica de território (uma sub-bacia do Velhas), ou seja, emitiriam parecer sobre as questões dos recursos hídricos relativos à sua bacia embasando as decisões do Plenário do Comitê e apresentando questões de relevância para o debate dos conselheiros deste órgão. O argumento relativo à importância da criação de subcomitês para a descentralização da gestão das águas é fortalecido quando se avalia a distribuição, na bacia do rio das Velhas, da localização das sedes das entidades membros do CBH-Velhas. Predominam aquelas situadas na N. 2 - novembro 2006
  • 4. Capital: dezessete dos vinte e um membros titulares representantes do poder público estadual, usuários e sociedade civil têm suas sedes loca-lizadas em Belo Horizonte. Obviamente, essa proporção não leva em conta as sete vagas destinadas ao poder público municipal. A atuação dos subcomitês pode compensar, em certa medida, essa concentração, e permitirá o intercâmbio e a discussão de temas das diversas sub-bacias em um Plenário em que predominam mem-bros de Belo Horizonte. Exemplo de uma primeira experiência deste intercâmbio ocorreu quando o Paraúna, subcomitê em formação, trouxe para o Plenário do CBH-Velhas a discussão sobre o licencia-mento e a outorga de uma empresa mineradora que pretende extrair diamantes nas margens e no leito do rio Paraúna. Tal apresentação gerou da parte do CBH-Velhas a indicação de alguns de seus conse-lheiros para acompanharem a primeira audiência do licenciamento e uma posterior reunião no COPAM Regional. Dificuldades e desafios A Lei Federal de Recursos Hídricos, n° 9.433/97, completará dez anos em 2007. Muito ainda há a ser feito, tanto no que diz respeito à criação de Comitês quanto à implementação dos instru-mentos de gestão previstos na referida lei. Exemplos disto são os desafios de criação das Agências de Bacia e a realização de Cadas-tros de Usuários, fundamentais para a implementação da cobrança pelo uso da água. Se a maioria dos Comitês tem dificuldades para se estruturarem e cumprirem os objetivos previstos na lei, o que se dirá do desafio de criar e viabilizar o funcionamento dos subcomi-tês do CBH-Velhas? Percebe-se dificuldade de compreensão sobre a função e a com-petência dos comitês e subcomitês e suas interfaces com as compe-tências dos municípios e Estado. Some-se a isso a não coincidência da bacia hidrográfica com os territórios administrativos municipais, regionais e estaduais. Se as competências municipais estão bem defi-nidas na Constituição e em outros atos normativos, por outro lado, a compreensão do papel de gestor e articulador de ações em uma bacia hidrográfica ainda é objeto de confusão e dúvidas. Como viabilizar a gestão das águas sem ter em conta as questões urbanas municipais e a gestão do território regional? Por fim, e aí está a complexidade da tarefa, como conciliar a função pública dos municípios nos subco-mitês, grupos de gestão intermunicipais que, além do poder público, agregam representações1 dos segmentos sociedade civil e usuários? 1 Não cabe nesse artigo e nem no estágio atual dos subcomitês avaliar a efetiva representatividade das entidades participantes. N. 2 - novembro 2006
  • 5. Para se avançar nessas questões são necessárias decisões e ações que superem vaidades e isolamentos institucionais e rivalidades in-termunicipais, assim como um contínuo processo de informação, capacitação, mobilização e divulgação sobre o papel do subcomitê, permitindo demonstrar aos gestores municipais e empresariais que a integração de ações potencializa o alcance de melhores resultados, evitando desperdícios de recursos. Quais caminhos estão sendo trilhados? Há diversidade nas atividades desenvolvidas pelos subcomitês criados e em criação. Em face das dificuldades, observa-se que eles acabam por se desdobrar e emerge daí a criatividade que permite ate-nuar ou superar esses desafios. Essa diversidade de formas de ações é reflexo também do variado perfil dos seus membros, característica inerente a um grupo que objetiva praticar a gestão compartilhada. Alguns membros participam ativamente, extrapolando a função ori-ginal para a qual foram designados; outros ficam restritos à participa-ção presencial a partir da indicação de seus superiores. Pode-se em linhas gerais dizer que, além da estruturação do pró-prio subcomitê, predominam as atividades vinculadas à educação ambiental, mobilização social, formação de bancos de dados e, por vezes, à elaboração de diagnósticos da bacia e realização de expedi-ções. Em alguns subcomitês foram formados grupos de trabalho: Grupos de Educação Ambiental, de Planejamento e Projetos, Agros-silvopastoril, Urbano/Industrial. Um exemplo de atividade integrada desenvolvida por esses grupos, ocorre atualmente no Jequitibá, cujos Grupos Urbano/Industrial e Agrossilvopastoril estão elaborando projeto de rede de monitoramento da qualidade das águas da bacia. Os resultados desse monitoramento serão objeto de trabalho educa-cional sob responsabilidade do Grupo de Educação Ambiental desse N. 2 - novembro 2006 mesmo Subcomitê. A recorrente citação de que gestão ou mobilização devem ser vinculadas à educação ambiental e o significativo número de pessoas ligadas à educação participantes das reuniões de vários subcomitês foram determinantes para a criação dos Grupos de Educação Am-biental. Essa experiência ocorreu inicialmente no Subcomitê do Ri-beirão Jequitibá e influenciou o Grupo de Educação e Mobilização do Projeto Manuelzão – GEM, que apóia a criação e estruturação dos subcomitês, a estimular a formação desses grupos em outros subcomitês. Esses grupos debatem sobre temas específicos e ela-boram propostas que posteriormente são levadas para discussão e aprovação pelo subcomitê.
  • 6. A demanda gerada por alunos de instituições particulares de ensino 10 N. 2 - novembro 2006 superior, relativa ao cumprimento de estágio curricular junto ao Proje-to Manuelzão, tem sido encaminhada de maneira que sejam firmados convênios visando à participação dessas entidades como membros efetivos dos subcomitês e à adoção da bacia hidrográfica de um dos subcomitês como território de trabalho. A resposta das entidades tem sido positiva, já havendo a participação, no Subcomitê Arrudas, das Fa-culdades Arnaldo, das Universidades Fumec, Uni-BH e PUC-Barreiro. No Subcomitê Onça, a Faculdade Faminas. No Jequitibá, participam a Fundação Educacional Monsenhor Messias – FEMM e a Escola Téc-nica Municipal de Sete Lagoas. Foi criado no Subcomitê Arrudas um grupo de Planejamento e Projetos – GPP que pretende articular as entidades do poder públi-co, da sociedade civil e empresas, integrando e apoiando os projetos existentes nas bacias dos afluentes do Arrudas por meio de oficinas e seminários. Cada entidade participante desse grupo adota uma sub-bacia do Arrudas como território de trabalho visando ao desenvolvi-mento de trabalhos construídos com a comunidade e os estudantes. O Projeto Manuelzão possui convênio celebrado com o Município de Belo Horizonte que contempla ações relacionadas aos Subcomitês Arrudas e Onça. Uma delas consiste na criação de dois Centros de Educação Ambiental em cada uma das bacias com a participação dos referidos subcomitês. Pretende-se que esses centros sejam referências físicas e conceituais das bacias e dos subcomitês e que possam receber alunos e pessoas da comunidade, permitindo favorecer a construção da identidade e da idéia do território da bacia hidrográfica. Desde 2003, o Projeto Manuelzão realiza expedições na bacia do rio das Velhas com a participação dos Núcleos Manuelzão e de subcomitês, formados ou em formação. Três expedições já foram realizadas em bacias de afluentes do Velhas nas quais a participação dos respectivos subcomitês foi fundamental. Elas são uma forma de mobilizar as comunidades chamando a atenção para os rios e os seus problemas e para a importância de uma gestão integrada e comparti-lhada, necessidade que fortalece também o argumento da criação dos subcomitês das sub-bacias do Velhas. Conclusão Finalmente, não é possível concluir sem ter em conta o enorme desafio que ainda há por ser superado. As bases legais, conceituais e técnicas da gestão dos recursos hídricos são por demais suficientes para o encaminhamento das soluções. As dificuldades para supera-ção de todo o desequilíbrio e passivo ambientais muitas vezes estão
  • 7. relacionadas a interesses outros que não a melhoria da qualidade de vida das populações que carecem de saneamento ambiental. O estado de calamidade em que se encontram nossos rios, ribeirões e córregos espelham a necessidade premente de uma gestão compar-tilhada e do compromisso expresso de toda a sociedade, assim como do poder público, na busca de ações efetivas, rápidas e definitivas para esse passivo socioambiental, regularmente associado somente a ques-tões ambientais, mas que é essencialmente reflexo das desigualdades sociais de nosso Brasil. Referências Bibliográficas • BRASIL. Lei Federal n° 9.433, de xx de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Na-cional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1° da Lei n° 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei n° 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Recursos Hídricos: conjunto de normas legais. 3. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004. • MINAS GERAIS. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Ve-lhas. Deliberação Normativa n° 02 de 31 de agosto de 2004. Estabelece diretrizes para a criação e o funcionamento dos sub-comitês de bacias hidrográficas vinculados ao CBH Velhas. • MINAS GERAIS. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Ve-lhas. Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas: resumo executivo. Belo Horizonte: Instituto Mineiro de Gestão das Águas, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, 2005. • Projeto Manuelzão. Carta do 6° Encontro de Comitês Manuel-zão. Belo Horizonte, 2005. • Souza Júnior, Wilson Cabral de. Gestão das águas no Brasil: reflexões, diagnósticos e desafios. Instituto Internacional de Educação do Brasil. São Paulo: Peirópolis, 2004. 11 N. 2 - novembro 2006