1. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho
APOSTILA DE GERENCIAMENTO DE RISCO
Professor: Roberto Portela de Castro
2. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho
Disciplina: Gerenciamento de Risco
Professor: Roberto Portela de Castro
1 PLANO DE CURSO ........................................................................................................................................... 6
1.1 EMENTA .............................................................................................................................................................. 6
1.2 CARGA HORÁRIA ................................................................................................................................................ 6
1.3 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................................................................ 6
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................................... 6
1.5 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .............................................................................................................................. 6
1.6 ESTRATÉGIA DE TRABALHO................................................................................................................................ 6
1.7 AVALIAÇÃO: ........................................................................................................................................................ 6
1.8 BIBLIOGRAFIA: .................................................................................................................................................... 6
2 CONCEITUAÇÃO, EVOLUÇÃO HISTÓRICA: DA PREVENÇÃO DE LESÕES À SEGURANÇA DE SISTEMAS ................... 7
2.1 CONCEITUAÇÃO .................................................................................................................................................. 8
ANTES DE PROSSEGUIRMOS EM NOSSOS ESTUDOS, VAMOS TRABALHAR ALGUNS CONCEITOS QUE SERÃO DE EXTREMA
IMPORTÂNCIA AO LONGO DE NOSSO TRABALHO. ................................................................................................................ 8
2.1.1 Risco ............................................................................................................................................................. 11
2.1.2 Gerenciamento de Risco .............................................................................................................................. 12
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ..................................................................................................................................... 15
SEGUEM A SEGUIR ALGUNS MARCOS QUE PODEM SER RESSALTADOS AO LONGO DESSA EVOLUÇÃO: ............................... 16
3 - A EMPRESA COMO SISTEMA, SUB-SISTEMAS EMPRESARIAIS, NATUREZA DOS RISCOS EMPRESARIAIS, RISCOS
PUROS E ESPECULATIVOS. ..................................................................................................................................... 20
3.1 A EMPRESA COMO SISTEMA ............................................................................................................................ 20
3.1.1 O Processo Decisório segundo uma abordagem Sistêmica .......................................................................... 22
3.2 SUB-SISTEMAS EMPRESARIAIS ......................................................................................................................... 23
3.3 NATUREZA DOS RISCOS EMPRESARIAIS .......................................................................................................... 25
3.3.1 Riscos Puros ................................................................................................................................................. 26
3.3.2 Riscos Especulativos ..................................................................................................................................... 27
3.3.3 Outras Classificações ................................................................................................................................... 28
3.4 MAPEAMENTO DE RISCO................................................................................................................. 29
3.5 SINALIZAÇÃO E ROTULAGEM ........................................................................................................... 31
3.6 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................. 33
4 - FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS: PREVISÃO DE PERDAS POR ESTATÍSTICA, PROBABILIDADE, CONFIABILIDADE,
ÁLGEBRA BOOLEANA E A AVALIAÇÃO DO RISCO. ................................................................................................... 34
4.1 APLICAÇÃO DA ESTATÍSTICA Á PREVISÃO DE PERDAS .................................................................................... 34
4.1.1 Conceitos de Estatística ............................................................................................................................... 34
4.1.2 Distribuição de Freqüência........................................................................................................................... 37
4.1.3 Exercícios...................................................................................................................................................... 40
4.1.4 Medidas de Tendência Central ..................................................................................................................... 41
4.1.5 Medidas de Dispersão .................................................................................................................................. 43
4.1.6 Conceitos de Engenharia de Segurança com aplicação estatística .............................................................. 47
4.1.7 Exercícios...................................................................................................................................................... 48
4.2 APLICAÇÃO DA PROBABILIDADE Á PREVISÃO DE PERDAS ............................................................................... 48
4.2.1 Conceitos ...................................................................................................................................................... 49
4.2.2 Técnicas de Contagem ................................................................................................................................. 50
4.2.3 Exercícios...................................................................................................................................................... 51
4.2.4 Distribuição de Probabilidade ...................................................................................................................... 53
4.3 APLICAÇÃO DA CONFIABILIDADE Á PREVISÃO DE PERDAS .............................................................................. 60
4.3.1 Tipos de Falhas............................................................................................................................................. 62
4.3.2 Falhas Operacionais ..................................................................................................................................... 63
4.3.3 Exercício ....................................................................................................................................................... 64
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4.3.4 Funções de Confiabilidade ........................................................................................................................... 64
4.3.5 Variáveis Quantitativas ................................................................................................................................ 65
4.3.6 Análise de Sistemas de Confiabilidade ......................................................................................................... 66
4.3.7 Tratamento de Falhas .................................................................................................................................. 67
4.3.8 Exercícios...................................................................................................................................................... 67
4.4 AVALIAÇÃO DE RISCO ....................................................................................................................................... 70
5 - TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS: ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS. ANÁLISE DE MODOS DE FALHAS E EFEITO.
SÉRIE DE RISCO. ANÁLISE DE ÁRVORE DE FALHAS. .................................................................................................. 70
5.1 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGO ........................................................................................................ 72
5.1.1 Técnica de Incidentes Críticos (TIC) .............................................................................................................. 72
5.1.2 What-If (WI) ou E se...? ................................................................................................................................ 73
5.1.3 Análise e Revisão de Critérios (ARC)............................................................................................................. 74
5.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS .................................................................................................................. 75
5.2.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) ou Análise Preliminar de Perigos (APP) ou Preliminary Hazard Analysis
(PHA) ..................................................................................................................................................................... 75
5.2.2 Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) ou Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) ..................... 77
5.2.3 Análise de Operabilidade de Perigos (HAZOP) ............................................................................................. 84
5.3 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS .............................................................................................................. 91
5.3.1 Análise de Árvore de Falhas (AAF) ............................................................................................................... 91
5.3.2 Série de Risco (SR) ........................................................................................................................................ 96
5.3.3 Análise de Árvore de Eventos (AAE) ............................................................................................................. 97
5.3.4 Análise por Diagrama de Blocos (ADB) ........................................................................................................ 99
5.3.5 Análise de Causas e Conseqüências (ACC) ................................................................................................. 100
5.4 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................... 102
6 - RESPONSABILIDADES PELO PRODUTO ........................................................................................................108
6.1 RESPONSABILIDADE E QUALIDADE ................................................................................................................ 108
6.2 RESPONSABILIDADE CÍVIL PELO PRODUTO ................................................................................................... 111
6.3 RESPONSABILIDADE CRIMINAL PELO PRODUTO ............................................................................................ 112
6.3.1 Tipos de danos e responsabilidade criminal............................................................................................... 113
6.3.2 Alguns conceitos e definições de Direito .................................................................................................... 114
6.3.3 Alguns crimes e penas ................................................................................................................................ 114
6.4 PERÍCIAS TRABALHISTAS ............................................................................................................................... 115
6.5 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PELO PRODUTO ......................................................................................... 116
7 AVALIAÇÃO DE PERDAS DE UM SISTEMA: RECURSOS HUMANOS MATERIAIS E OPERACIONAIS. CONTROLE DE
DANOS E CONTROLE TOTAL DE PERDAS ................................................................................................................116
7.1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE PERDAS ................................................................................. 116
7.1.1 Alguns Conceitos importantes ................................................................................................................... 117
7.1.2 Circunstâncias que levam às perdas .......................................................................................................... 118
7.2 AVALIAÇÃO DE PERDAS DE UM SISTEMA ....................................................................................................... 118
7.2.1 Ausentismo ................................................................................................................................................ 119
7.2.2 Paralisação de Equipamentos .................................................................................................................... 119
7.2.3 Exercício ..................................................................................................................................................... 119
7.3 SISTEMA DE CONTROLE DE DANOS ............................................................................................................... 120
7.4 CONTROLE DE PERDAS .................................................................................................................................. 122
8 - METODOLOGIA PARA ANÁLISE DE CUSTO DE ACIDENTES ............................................................................123
8.1 ANÁLISE HISTÓRICA ....................................................................................................................................... 123
8.2 DADOS ESTATÍSTICOS .................................................................................................................................... 123
8.3 PANORAMA NACIONAL E INTERNACIONAL ...................................................................................................... 124
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8.4 QUEM PERDE COM OS ACIDENTES DE TRABALHO? ........................................................................................ 124
8.5 CONCEITOS I MPORTANTES............................................................................................................................. 125
8.6 TIPOS DE CUSTOS .......................................................................................................................................... 127
8.6.1 Custos Diretos e Indiretos .......................................................................................................................... 127
8.6.2 Custos Fixos e Variáveis ............................................................................................................................. 129
8.6.3 Custos Quantificável e Não-quantificável .................................................................................................. 129
8.7 FATOR ACIDENTÁRIO PREVIDENCIÁRIO ......................................................................................................... 130
8.8 CUSTOS COM INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE ....................................................................................... 131
8.9 CUSTO DE ACIDENTE DE TRABALHO X INVESTIMENTO EM SEGURANÇA ....................................................... 131
8.10 MÉTODOS DE CÁLCULO.................................................................................................................................. 132
8.11 MÉTODOS EXISTENTES .................................................................................................................................. 132
8.11.1 Método de Heinrich para o cálculo dos custos dos acidentes ............................................................... 132
8.11.2 Método de Simonds para o cálculo dos custos dos acidentes ............................................................... 133
8.11.3 Método de Bird para o cálculo dos custos dos acidentes ...................................................................... 133
8.11.4 Método de Pharm para o cálculo dos custos indiretos dos acidentes................................................... 134
8.11.5 Método de Manuel Bestratén Bellovi para o cálculo dos custos dos acidentes .................................... 135
8.11.6 Método desenvolvido pelo Health & Safety executive (HSE) para o cálculo dos custos dos acidentes . 135
8.12 MÉTODO DA FUNDACENTRO .......................................................................................................................... 136
8.13 MODELO DE FICHA PARA CÁLCULO DO CUSTO EFETIVO DE ACIDENTES ..................................................... 137
9 - PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS ...............................................................................139
9.1 PROGRAMA DE CONTROLE DE ACIDENTES COM DANOS À PROPRIEDADE ..................................................... 139
9.1.1 Benefícios do Programa ............................................................................................................................. 140
9.2 PROGRAMA DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS ................................................................................ 140
9.2.1 Elementos Básicos de um Programa de Prevenção de Perdas ................................................................... 141
9.2.2 Estrutura de um Programa de Prevenção de Perdas ................................................................................. 143
9.2.3 Implantação de um Programa de Controle Total de Perdas ...................................................................... 144
10 - NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURO E PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DE SEGUROS ...........................................147
10.1 CONCEITO ....................................................................................................................................................... 147
10.2 FINALIDADE E CARACTERÍSTICAS................................................................................................................... 147
10.3 CONCEITOS IMPORTANTES ............................................................................................................................. 148
10.4 PRINCÍPIOS ..................................................................................................................................................... 148
10.5 FRANQUIA ....................................................................................................................................................... 149
10.5.1 Tipos de Franquia .................................................................................................................................. 149
10.6 SEGUROS PROPORCIONAIS E NÃO PROPORCIONAIS .................................................................................... 149
10.6.1 Seguros Proporcionais ........................................................................................................................... 149
10.6.2 Seguros Não Proporcionais ................................................................................................................... 149
10.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS ..................................................................................................................... 149
11 - RETENÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE RISCOS ...................................................................................................150
11.1 RETENÇÃO DE RISCOS ................................................................................................................................... 151
11.1.1 Auto-adoção .......................................................................................................................................... 151
11.1.2 Auto-seguro........................................................................................................................................... 152
11.2 TRANSFERÊNCIA DE RISCOS .......................................................................................................................... 152
11.3 DECISÃO ENTRE SEGURO E AUTO-SEGURO .................................................................................................. 153
11.4 DEFINIÇÃO DO VALOR DA FRANQUIA ............................................................................................................. 154
11.4.1 Regra do Menor Custo .......................................................................................................................... 154
11.4.2 Modelo de Houston ............................................................................................................................... 154
12 - PLANOS DE EMERGÊNCIA ..........................................................................................................................155
12.1 NOÇÕES E CONCEITOS .................................................................................................................................. 155
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12.2 GRANDES ACIDENTES .................................................................................................................................... 156
12.3 PLANO DE EMERGÊNCIA ................................................................................................................................. 157
12.3.1 Interferências do ambiente de trabalho................................................................................................ 158
12.3.2 Metodologia .......................................................................................................................................... 158
12.3.3 Objetivo ................................................................................................................................................. 158
12.3.4 Características ....................................................................................................................................... 158
12.3.5 Razões para a elaboração de um Plano de Emergência ....................................................................... 159
12.3.6 Estrutura Organizacional ...................................................................................................................... 159
12.3.7 Zonas de Trabalho ................................................................................................................................. 160
12.3.8 Implantação e Manutenção .................................................................................................................. 160
12.4 ESTRUTURA DE UM PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA ................................................................................. 161
12.4.1 Estrutura estabelecida pela CETESB ...................................................................................................... 161
12.4.2 Estrutura estabelecida pelo CONAMA................................................................................................... 162
12.4.3 Estrutura estabelecida pela ABNT ......................................................................................................... 162
12.4.4 Estrutura estabelecida pelas NR´s ......................................................................................................... 163
12.5 GUIA PARA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE EMERGÊNCIA ............................................................................ 163
12.6 SUB – PLANOS DO PLANO DE EMERGÊNCIA .................................................................................................. 171
12.7 DIRETRIZES PARA PLANOS DE EMERGÊNCIA ................................................................................................. 173
13 - MODELO DE UM PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS ...................................................................178
13.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E DA REGIÃO ................................................................................ 179
13.2 IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS E CONSOLIDAÇÃO DAS HIPÓTESES ACIDENTAIS ............................................... 180
13.3 ESTIMATIVA DOS EFEITOS FÍSICOS ANÁLISE DE VULNERABILIDADE ............................................................... 180
13.4 ESTIMATIVA DE FREQÜÊNCIA .......................................................................................................................... 182
13.5 ESTIMATIVA E AVALIAÇÃO DE RISCOS ............................................................................................................ 182
13.6 TRATAMENTO DOS RISCOS ............................................................................................................................. 182
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Disciplina: Gerenciamento de Risco
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1 Plano de Curso
1.1 Ementa: Apresentar e discutir aspectos teóricos e práticos sobre gerenciamento de riscos, quando
assumi-los com recursos próprios e quando transferi-los para terceiros sob a ótica secundária.
1.2 Carga Horária: 60 h/a
1.3 Objetivos Gerais:
- Conhecer e interpretar corretamente a natureza dos riscos empresariais; utilizar corretamente as modernas
técnicas de análise de riscos.
- Saber quando e como fazer um retenção ou transferência de riscos.
1.4 Objetivos Específicos:
- Analisar corretamente os fundamentos matemáticos e administrativos utilizados na avaliação de riscos e
perdas.
- Ter conhecimento das técnicas básicas de seguro.
- Ter condições de planejar e executar um “programa de segurança de sistemas”.
1.5 Conteúdo Programático:
- Conceituação, Evolução Histórica: Da Prevenção de Lesões à Segurança de Sistemas.
- A empresa como sistema, sub-sistemas empresariais, natureza dos riscos empresariais, Riscos Puros e
Especulativos.
- Fundamentos Matemáticos: Previsão de Perdas por Estatística, Probabilidade, Confiabilidade, Álgebra
Booleana e a Avaliação do Risco.
- Técnicas de Análise de Riscos: Análise Preliminar de Riscos. Análise de Modos de Falhas e Efeito. Série de
Risco. Análise de Árvore de Falhas.
- Responsabilidades pelo Produto.
- Avaliação de Perdas de um Sistema: Recursos Humanos Materiais e Operacionais. Controle de Danos e
Controle Total de Perdas.
- Metodologia para Análise de Custo de Acidentes.
- Programas de Prevenção e Controle de Perdas.
- Noções Básicas de Seguro e Princípios de Administração de Seguros.
- Retenção e Transferência de Riscos: Auto Adoção e Auto Seguro.
- Planos de Emergência.
- Modelo de Um Programa de Gerenciamento de Riscos.
1.6 Estratégia de Trabalho
- Aulas Expositivas com Apoio de Data Show, Diapositivos e Vídeos Relacionados ao Assunto.
- Discussão de Casos.
- Apostila Resumo das Aulas.
- Bibliografia Básica.
- Tabelas do Cronograma das Aulas.
- Apresentação de um Programa de Gerenciamento de Risco.
- Execução de Exercícios Práticos.
1.7 Avaliação:
- Elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos.
- Execução de exercícios práticos dados em aula.
- Prova escrita embasada em questões (sem consulta) ou embasada em casos práticos (com consulta).
1.8 Bibliografia:
- Apostila de Gerenciamento de Risco do Professor Antônio Castellar, 2008.
- http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap1/cap1_ane.htm
- http://www.eps.ufsc.br/disserta/evandro/capit_1/cap1_eva.htm
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7. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho
Disciplina: Gerenciamento de Risco
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- Araújo,Vagner Pereira. Gestão de Riscos Operacionais. São Paulo – 2006.
- Tavares, J. C., Noções de prevenção e controle de perdas em Segurança do Trabalho, Senac, São
Paulo, 2007.
- De Cicco, Francesco M. G. A. F. & Fantazzini, Fundacentro, 3ed, 1994.
2 Conceituação, Evolução Histórica: Da Prevenção de Lesões à Segurança de Sistemas
Para as antigas civilizações gregas, romanas e judaicas, o privilégio de antever o futuro era um
dom destinado apenas aos oráculos e adivinhos que detinham um monopólio sobre todo o
conhecimento humano e possuíam a capacidade de realizar previsões sobre possíveis eventos futuros.
Porém uma idéia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o passado foi a
capacidade do ser humano em pensar, analisar e tomar suas próprias decisões e assumir as
responsabilidades pelas conseqüências, fazendo com que o futuro da humanidade deixasse de ser um
fruto do capricho dos deuses.
O processo racional de enfrentar riscos mostrou ao mundo como compreender, medir e avaliar
suas conseqüências, convertendo o ato de correr riscos em dos principais catalisadores do
desenvolvimento.
No mundo de hoje, sabe-se que com exceção da existência de impostos e da imutabilidade das
leis fundamentais do universo, a única coisa realmente previsível é que tudo se modifica no decorrer
do tempo.
A disciplina de Gerenciamento de Risco está intimamente ligada aos conceitos de "Qualidade e
Competitividade", que vem sendo difundidos e empregados por um número cada vez maior de
empresas que descobriram aí uma fonte de ganhos sociais, econômicos e financeiros, e acima de tudo
uma excelente forma de competitividade empresarial.
Dentre todas as vertentes associadas à qualidade, existe uma que é a qualidade do público
interno, dos colaboradores, e dentro desta categoria se encontra o aspecto da segurança no trabalho. E
quem viabiliza a qualidade neste ambiente é a adoção de uma Política de Segurança no Trabalho que
busque proteger e preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. O foco dessa política
deve ser um Sistema de Prevenção, ou seja, a minimização dos erros e falhas (acidentes).
Então, o que Gerenciamento de Risco busca é administrar as possibilidades de falhas, buscando
evitar que essas aconteçam; caso aconteçam, que não se propaguem; caso as possibilidades de falhas
sejam de difícil controle, decidir entre reter ou transferir.
Resultados de investigações de grandes acidentes mostram que as falhas responsáveis pelos
mesmos estão associadas a quatro fatores principais, a saber: tecnologia, sistemas de gerenciamento,
fatores humanos e agentes externos. Deste modo, muitas indústrias têm se preocupado com a
confiabilidade de seus equipamentos e investido em melhores tecnologias. Porém, uma análise mais
detalhada acerca das causas que precedem estas situações mostra que o erro humano e a falta de
sistemas de gerenciamento de riscos adequados são os contribuintes mais significativos para a
concretização dos acidentes.
O aumento dos riscos de acidentes industriais de grande periculosidade, provenientes da
utilização de tecnologias mais avançadas e complexas, maior número de matérias primas e insumos,
criação de novos processos e produtos, grandes capacidades de armazenamento e transporte de
produtos perigosos, fez com que aumentasse a pressão sobre as empresas no sentido de reduzirem
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seus riscos, esclarecerem os cidadãos sobre os mesmos e adotarem medidas de emergência e
contenção de riscos eficientes. Além do mais, com a evolução do tecido social, temas notadamente
ligados às áreas ecológicas e de acidentes do trabalho passaram a preocupar o público ao redor das
indústrias e, conseqüentemente, as autoridades governamentais. Como consequência, as indústrias
foram obrigadas a examinar com mais acuidade os efeitos de suas operações intra e extra-muros.
O grande número de variáveis que interagem dinamicamente no decurso de um processo
operacional atribui uma elevada complexidade aos sistemas industriais atuais que, apesar de
altamente automatizados, continuam dependentes do desempenho humano em diversos aspectos.
Portanto, o desconhecimento dos riscos associados ao uso de novas tecnologias e a velocidade com
que determinadas ações devem ser tomadas frente a problemas operacionais conduzem ao aumento
da probabilidade de falha humana, podendo comprometer o bom andamento operacional e resultar
em acidentes catastróficos, com elevadas perdas tanto materiais quanto humanas.
Neste sentido, o gerenciamento de riscos surgiu como instrumento de mitigação e administração
de riscos presentes no meio industrial, oferencendo filosofias e ferramental técnico que visam
otimizar o uso da tecnologia, a qual sofre avanço acelerado e, não raramente, inconsistente com os
padrões mínimos de segurança que devem estar presentes dentro de atividades industriais. O
gerenciamento de riscos dentro de uma empresa representa a possibilidade de se atribuir segurança e
confiabilidade aos processos e procedimentos, constituintes do seu ambiente operacional, permitindo
a integração de dois pólos que, até então, se relacionavam indiretamente: a segurança do trabalho e a
segurança patrimonial.
2.1 Conceituação
Antes de prosseguirmos em nossos estudos, vamos trabalhar alguns conceitos que serão de
extrema importância ao longo de nosso trabalho.
a) Perigo: Fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos em termos de lesão,
doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação destes.
Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos tais
como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, meio ambiente, perda de material em
processos ou redução da capacidade produtiva.
b) Desvio: é qualquer ação ou condição que tem potencial para conduzir, direta ou indiretamente, a
danos a pessoas, ao patrimônio ou causar impacto ambiental, que se encontre desconforme com as
normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais ou normativos, requisitos do sistema de gestão,
ou boas práticas. O conceito de desvio é similar ao de perigo, mas com uma diferença sutil: um
desvio está associado a uma não conformidade com requisitos pré-definidos, ou seja, é algo
desconforme com o adequado.
Todo desvio é um perigo, mas alguns perigos, no entanto, não são desvios: perigos naturais,
ou aqueles oriundos de mudanças e processos inovadores, que (ainda) não estejam desconformes a
normas e/ou requisitos.
Desvios são usualmente evidenciados por inspeções in loco, sendo um importante conceito
nas chamadas auditorias comportamental.
Perigos podem ser identificados tanto in loco quanto por análise a priori (técnicas de análises
de risco), que será vista nos próximos capítulos.
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Quando ocorre um acidente, perigos ou desvios se tornam as causas do mesmo, que se
encadeiam desde a origem das seqüências até o acidente em si e seus efeitos (danos ou perdas).
c) Segurança: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental, traduzindo por saúde, paz e
harmonia. Segurança do Trabalho: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental do
empregado, no trabalho para a empresa e se possível, fora do ambiente dela (viagem de trabalho, lar,
lazer, etc.). É um compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a perigos.
d) Dano: É a conseqüência negativa do acidentes, ou seja, é o produto ou resultado negativo do
acidente (prejuízo). Gravidade da perda humana, material ou financeira que pode resultar se o
controle sobre um risco é perdido. A probabilidade e a exposição podem manter-se inalterados, e
mesmo assim, existir diferença na gravidade do dano.
Os danos podem ser:
- Pessoais: lesões, ferimentos, perturbação mental
- Materiais: danos em aparelhos, equipamentos
- Administrativo: prejuízo monetário, desemprego em massa
e) Causa: Origem, de caráter humano ou material, relacionada com o evento catastrófico (acidente)
pela materialização de um perigo, resultando em danos. É aquilo que provocou o acidente, sendo
responsável por sua ocorrência, permitindo que o risco se transformasse em danos. Antes do acidente
existe o risco. Após o acidente existe a causa.
Existem três tipos de causas: Atos inseguros, Condições Inseguras e Fator Pessoal de
Insegurança.
f) Sinistro: Prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento por seguro ou por
outros meios.
g) Incidente: Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos, mas por algum
fator não satisfeito, não ocorre o esperado acidente. Também denominado de “quase-acidente”.
Muitas vezes atribuída ao anjo-da-guarda.
Os estudos dos incidentes trazem um conhecimento maior sobre as causas, que poderiam vir a
tornar-se acidentes, além de conter estes.
h) Perdas: é o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento através de
seguros ou outros meios. Prejuízos (materiais e/ou humano) ocorridos em uma organização, os quais
são ressarcidos através de seguros ou de outros meios. Freqüentemente é associado com: desperdício,
sobras, refugos, retrabalhos.
As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou intangíveis,
quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa.
i) Ato inseguro: É todo ato, consciente ou não, emitidos pelo trabalhador ou empresa, capaz de
provocar dano ao trabalhador, a seus companheiros ou a máquinas, materiais e equipamentos,
estando diretamente relacionado a falha humana. Os atos inseguros são cometidos por imprudência,
imperícia ou negligência. Exemplo: A falta de treinamento, excesso de trabalho / pressa, teimosia,
curiosidade, improvisação, autoconfiança, entre outros são fatores que levam à prática do ato
inseguro.
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j) Condição Insegura: Consiste em irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de
trabalho que constituem riscos para a integridade física do trabalhador e para a sua saúde, bem como
para os bens materiais da empresa. A falta de limpeza e ordem no ambiente de trabalho, bem como
máquinas e equipamentos sem proteção ou a segurança “jampeada” são fatores que produzem a
condição insegura.
l) Fator pessoal de Insegurança: Problema pessoal do indivíduo que pode vir a provocar acidentes:
Problemas de saúde, Problemas familiares, Dívidas, Alcoolismo, Uso de Substâncias Tóxicas, etc.
m) Nível de exposição: Relativa exposição a um risco que favorece a materialização do risco como
causa de um acidente e dos danos resultantes deste. O nível de severidade varia de acordo com as
medidas de controle adotadas, ou seja:
Nível de Exposição = Risco/Medidas de Controle adotadas
n) Acidente: toda ocorrência não programada que pode produzir danos. É um acontecimento que não
prevemos, ou se prevemos, não sabemos precisar quando acontecer. Temos diferentes conceitos para
acidente, os principais são o legal e o prevencionista.
Conceito Legal:
Acidente é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da
capacidade laboral para o trabalho.
Conceito Prevencionista:
Acidente é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no
processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, lesões nos trabalhadores ou
danos materiais.
Outros Conceitos de Acidente do Trabalho
É a ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho que, ocasionando danos pessoais ou
materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho.
Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade produtiva e que
tem cobertura da seguradora.
OBS: Em geral um acidente acontece em decorrência da conjunção de várias falhas, que possuem
causa ou modo de falhas. Estas falhas possuem probabilidade ou chance de acontecerem, quando
acontecem geram incidentes, também chamados de quase-acidente (sem danos tangíveis), ou
acidentes que causam danos. Se os danos estão segurados chama-se de sinistro, quando não, houve
perda para a empresa. A associação dos danos (efeitos adversos) com a probabilidade de
acontecerem chama-se risco. Quando o acidente acontece o risco passa a chamar-se de causa. A
exposição relativa ao risco é denominada perigo. Quando o perigo refere-se a procedimentos e
regulamentos não atendidos, chama-se de desvio.
o) Segurança e Prevenção de Acidentes
Tradicional Segurança vista como sinônimo de Moderna Segurança voltada para prevenção de
prevenção de lesões pessoais perdas e danos
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Ações voltadas somente para a prevenção de Ações voltadas não só para acidentes com
acidentes fatais ou com lesões incapacitantes; pessoas, mas também com equipamentos,
Acidentes que não envolviam pessoas não máquinas, instalações, meio ambiente, etc., ou
tinham valor nenhum seja, tudo o que interfira no processo produtivo
p) Definição dos Acidentes
Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva
Acidentes considerados como fatos indesejáveis,
Acidentes considerados como fatos inesperados, com a maior partes das causas sendo conhecidas,
com causas fortuitas e/ou desconhecidas. previsíveis e controláveis. Os acidentes com
Ocorrências inevitáveis e incontroláveis. causas fortuitas ou desconhecidas devem-se
geralmente a fatores incontroláveis da natureza
como terremotos, maremotos, raios, etc.
q) Programas de SST
Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva
Enfoque corretivo, Espera pela ocorrência do Enfoque preventivo, Conceitos de ato e condição
acidentes para depois atacar as conseqüências ou insegura, Maior preocupação com os acidentes
evitar acidentes semelhantes pessoais e perdas a eles associados
r) Atividades de Segurança
Tradicional Responsabilidade centralizada Moderna Responsabilidade compartilhada
Integração da organização, Aumento da eficácia
Executantes com pouca informação e poder de
das medidas corretivas e preventivas, Maior
ação preventiva, Impossibilidade de prevenção
conhecimento dos trabalhadores sobre os riscos
dos riscos inerentes aos processos produtivos,
aos quais estão expostos, bem como sobre sua
Falta de compromisso por parte dos executantes
redução ou eliminação
Após a apresentação destes conceitos básicos iremos detalhar um pouco mais os dois conceitos
bases desta disciplina. O que é Risco? O que é Gerenciamento de Risco?
2.1.1 Risco
Como base na origem etmológica da palavra, “risco”, é uma derivação da antiga língua italiana
denominada “risicare”, que representa evolução social, científica e tecnológica do ser humano em
“ousar”, que possibilita uma “escolha” do homem e não um destino divinamente determinado.
Alguns autores costumam definir risco como a possibilidade de um evento adverso que possa
afetar negativamente a capacidade de uma organização para alcançar seus objetivos. Dentro dessa
acepção o risco é considerado um evento indesejável. No entanto, dentro de uma visão macro,
sabemos que ao apostar na Mega-Sena estamos correndo o risco de ganhar, o que, de forma alguma,
é algo negativo ou indesejável. Para esses autores a possibilidade de um evento conduzir a um
resultado favorável é chamada de Chance, enquanto a Possibilidade de um evento conduzir a um
resultado desfavorável é de Risco.
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O risco poderá ter pelo menos três significados:
- Hazard: Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos
como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de
material em processo ou redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na
possibilidade de existência de efeitos adversos.
- Risk: Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou
número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicado
pelo dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais.
- Incerteza: Quanto à ocorrência de um determinado acidente.
Para a Segurança do Trabalho o risco expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de
um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, ou seja, representa o potencial de
ocorrência de conseqüências indesejáveis.
O Risco pode ser calculado através da identificação dos efeitos adversos potenciais de um
fenômeno a ser analisado, com a compreensão da estimativa de sua probabilidade e da magnitude de
seus efeitos.
Risco = Probabilidade x Impacto
2.1.2 Gerenciamento de Risco
A gerência de riscos pode ser definida como a ciência, a arte e a função que visa proteger a
empresa (recursos humanos, materiais e financeiros) das conseqüências de eventos aleatórios que
possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para
com terceiros. A proteção fornecida pela Gerência de Risco compreende esforços na tentativa de
eliminar, reduzir, controlar ou ainda financiar os riscos, caso seja economicamente viável.
O gerenciamento de riscos pode, ainda, ser definido como um processo formal no qual fatores de
incerteza presentes em determinado contexto são sistematicamente identificados, analisados,
estimados, categorizados e tratados. Procura-se alcançar um equilíbrio entre a concretização de
oportunidades de ganhos e a minimização de perdas. Trata-se de atividade interativa que permite o
aprimoramento contínuo do processo de decisão e a melhora crescente do desempenho da
organização.
O processo envolve a criação de infra-estrutura e cultura adequadas, com aplicação de método
sistemático, a fim de permitir que as decisões sejam tomadas mediante o conhecimento dos riscos
associados às atividades da organização.
O Gerenciamento de Risco é ainda definido como a área de atuação que busca administrar as
possibilidades de falhas, buscando evitar que essas aconteçam; caso aconteçam, que não se
propaguem; caso as possibilidades de falhas sejam de difícil controle, decidir entre reter ou transferir.
Compreende toda uma metodologia que visa aumentar a confiança na capacidade de uma
organização de prever, priorizar e superar obstáculos para obtenção de suas metas, e visa, ainda,
proteger a empresa das conseqüências de eventos aleatórios que possam reduzir sua rentabilidade,
sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros.
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A finalidade da Gerência de Riscos é prevenir todos os fatos negativos que distorcem um
processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, podendo provocar danos e/ou perdas
às pessoas, materiais, instalações, equipamentos e meio ambiente.
Outra forma de compreender o Gerenciamento de Risco é através dos seus objetivos, entre os
quais, podemos citar fornecer orientações a fim de possibilitar que as organizações:
- tomadas de decisão com confiabilidade;
- identificar melhor as ameaças, oportunidades, pontos fortes e fracos (matriz swot);
- tirar proveito de incertezas e variabilidade;
- gestão pró-ativa e não reativa;
- torna a alocação de recursos mais eficaz;
- reduzir perdas e custos (prêmios, indenizações, etc.);
- atender as exigências legais;
- melhorar a qualidade de vida através da redução de acidentes.
2.1.2.1 Conceitos
Além dos conceitos básicos já vistos anteriormente referentes à disciplina, veremos a seguir
outros conceitos, mais específicos, referentes à metodologia de gerenciamento de risco.
a) Análise de riscos: processo sistemático de entendimento da natureza e do nível de risco.
b) Avaliação do risco: processo de comparação do nível de risco em relação a determinados
critérios.
c) Conseqüência: resultado ou impacto de um evento.
d) Critério de risco: termo de referência pelo qual a significância do risco é estimada.
e) Estimativa de risco: processo global de identificação, análise e avaliação do risco.
f) Evento: ocorrência de um conjunto particular de circunstâncias.
g) Evitar o risco: decisão de não se envolver ou de se retirar de uma situação de risco.
h) Freqüência: medida do número de ocorrências por unidade de tempo.
i) Identificação do risco: processo para determinar o que, onde, quando, por que e como algo
poderia ocorrer.
j) Expectativa de ocorrência de evento: chance de algo ocorrer, seja ela definida, medida ou
estimada de modo objetivo ou subjetivo. É expressa em termos de freqüência, de probabilidade ou
por meio de um descritor.
k) Monitorar: verificar, supervisionar, observar criticamente e medir o progresso de uma atividade,
ação ou sistema de maneira regular, a fim de identificar mudanças no nível de desempenho requerido
ou esperado.
l) Organização: grupo de pessoas e de instalações submetidos a um arranjo de responsabilidades,
autoridades e relacionamentos.
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m) Perigo: fonte de dano em potencial.
n) Perda: qualquer conseqüência negativa.
o) Probabilidade: medida da chance de ocorrência expressa por um número entre 0 e 1.
p) Processo de gerenciamento de riscos: aplicação sistemática de gerenciamento de políticas,
procedimentos e práticas às tarefas de comunicar, estabelecer o contexto, identificar, estimar, tratar,
monitorar e rever os riscos.
q) Risco: chance de que algo ocorra, causando impacto nos objetivos.
r) Risco residual: risco remanescente após implementação do tratamento.
s) Stakeholders: pessoas e organizações que podem afetar, serem afetadas ou possuírem a percepção
de serem afetadas por uma decisão, atividade ou risco.
t) Tratamento do risco: processo de seleção e implementação de ações para modificar o risco.
u) Risco aceitável: é o que foi reduzido a um nível aceito pela organização.
2.1.2.2 Metodologia
As melhores práticas indicam que o gerenciamento de riscos se dá por meio de método
sistemático que estabelece um contexto para depois identificar, analisar, estimar, tratar, monitorar e
comunicar os riscos associados a alguma atividade, função ou processo da organização (Figura 1).
Tal gerenciamento deve ser visto como parte da cultura interna, tomando lugar em sua filosofia,
práticas e processos, a fim de se tornar parte da gestão estratégica. Organizações que gerenciam
riscos de maneira eficaz e eficiente tendem a alcançar seus objetivos com menores custos.
Figura 1 – Processo de Gerenciamento de Risco
Simplificadamente, o processo envolve a definição do contexto no qual a organização atua, ou
seja, objetivos, estratégias, valores e cultura, estabelecendo-se, assim, a estrutura sobre a qual as
decisões se apóiam. Então, passa-se à identificação dos Perigos análise dos riscos, estimando-se a
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expectativa de ocorrência dos eventos e os impactos que estes causam à organização. Concluída a
análise, os riscos são avaliados e categorizados para que lhes seja dado o tratamento adequado.
Essa abordagem exige que os administradores da organização conheçam a natureza e a
magnitude dos riscos, identificados e analisados em um processo sistemático, evitando-se abstrações
ee complexidades que dificultem seu entendimento. Entenda-se que, em alguns casos, se torna
necessário utilizar técnicas mais sofisticadas para a adequada análise dos riscos.
A fase de análise dos riscos pode ser feita de forma quantitativa ou qualitativa. Em muitas
situações, quantificar os riscos é uma tarefa árdua e incerta, até mesmo para especialistas. Nesses
casos, a solução adotada é o emprego de métodos qualitativos. Um consenso para a análise
qualitativa dos riscos pode ser obtido por meio de técnicas adequadas, como o método Delphi.
Após a categorização dos riscos, deve-se decidir qual tratamento a dar e quais recursos alocar.
Conceitualmente, quatro opções estão disponíveis:
evitar o risco, pela modificação do sistema, de modo que desapareça;
reduzir o risco, atuando-se sobre os fatores que influenciam a expectativa de ocorrência ou as
conseqüências;
transferir o risco, por meio de seguros, cooperação ou outro ato; e
reter o risco, quando for impossível ou economicamente inviável tratá-lo de modo diferente.
As três primeiras opções são medidas preventivas, enquanto a última é de caráter contingencial
ou mitigatório.
2.2 Evolução Histórica
A origem da Gerência de Riscos se confunde com a própria evolução do prevencionismo. Dentro
da gerência de riscos estão aglutinados todos os aspectos apresentados por diversas filosofias
prevencionistas que surgiram ao longo dos tempos, sob uma ótica gerencial e objetiva. Nos Estados
Unidos e em alguns países europeus, a Gerência de Riscos (Risk Management) surgiu há
aproximadamente 40 anos, logo após a Segunda Guerra Mundial, e vem sendo sustentada e
aprimorada pela ação conjunta de empresários, trabalhadores e organizações governamentais.
Na América Latina, os primeiros sinais do prevencionismo foram motivados pelos movimentos
sociais iniciados na década de 20. Em 1947, vários países implantaram serviços de higiene e
segurança, incentivados pelo programa de ajuda norte-americana, iniciado em Lima e dirigido pelo
engenheiro John J. Bloomfield.
No Brasil, os primeiros passos prevencionistas surgiram com a criação do Ministério do
Trabalho, na década de 30. No entanto, desde 1919, com Rui Barbosa, o país contava com uma lei de
acidentes do trabalho, a qual foi reformulada em 1934, mas continuou deficiente em termos
prevencionistas, pois preocupava-se apenas com a compensação do acidentado e não com a
prevenção de lesões. Apenas em 1941 foi incluído um capítulo sobre prevenção de acidentes e, em
1943, foi lançada a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes. Porém, somente em fins da
década de 70 e início da década de 80, é que trabalhos sobre prevenção e controle de perdas
começaram a ser divulgados, impulsionados por órgãos como a Fundacentro.
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Já a Gerência de Riscos foi introduzida, no Brasil, pelas filiais de empresas multinacionais com o
objetivo de reduzir os custos relativos ao pagamento de seguros e, ao mesmo tempo, aumentar a
proteção do patrimônio e dos trabalhadores. Porém, somente em finais da década de 80 e início da
atual década é que o gerenciamento de riscos começou a ser divulgado e utilizado de forma mais
ampla por um número maior de empresas.
Com a evolução das políticas prevencionistas, passou-se a analisar mais criteriosamente os riscos
industriais e os métodos para reduzir os mesmos, valendo-se da filosofia de prevenção de perdas para
a tomada de decisões técnicas e gerenciais, tanto a nível de prevenção de acidentes do trabalho, como
de acidentes catastróficos envolvendo as instalações, o meio ambiente e o público em geral.
Sob esta ótica, a prevenção de perdas e, consequentemente, a Gerência de Riscos, são
caracterizadas pelo seu envolvimento com a evolução da tecnologia e com os riscos associados a este
desenvolvimento, conferindo uma abordagem gerencial e sistêmica ao tratamento de problemas
relativos a acidentes e riscos industriais.
Seguem a seguir alguns marcos que podem ser ressaltados ao longo dessa evolução:
O cenário que permitiu o surgimento dos primeiros estudos de risco aconteceu entre os séculos
XIV e XVI, época do Renascimento. Nesse período histórico ocorreram grandes transformações
sociais, científicas, culturais, religiosas e políticas, as pessoas começassem a se libertar e desafiar as
crenças consagradas, prevalecendo uma época de grande turbulência religiosa, de capitalismo
nascente e uma abordagem vigorosa da ciência e do futuro.
Com o renascimento, o desenvolvimento das civilizações foi ganhando mais força, fazendo com
que o misticismo cedesse espaço ao desenvolvimento científico e lógico, abrindo as portas para a
Reforma Protestante, que enfraqueceu o domínio da Igreja Católica sobre os povos, o que significou
mais que uma mera mudança da relação da humanidade com Deus. Com a extinção da confissão, as
pessoas dali em diante, tiveram que caminhar com os próprios pés e se responsabilizar pelas
conseqüências das próprias decisões. A partir de então os conceitos de fragilidade e abstinência
foram substituídos pela importância crescente sobre o futuro em relação ao presente, abrindo uma
série de opções e decisões, fazendo com que os povos reconhecessem que o futuro oferecia, além de
perigos, grandes oportunidades, e que era ilimitado e cheio de promessas. O resultado de tudo isso,
não poderia ser diferente, trouxe a era do capitalismo, a necessidade de correr riscos.
Em 1760, surgem os primeiros indícios de ações prevencionistas na Inglaterra, após o
nascimento da Revolução Industrial. As profundas alterações tecnológicas provocadas pela revolução
industrial, lançada com o aparecimento da primeira máquina de tear e marcada pela invenção da
máquina a vapor (em 1781) por James Watts, deram início aos grandes processos de industrialização,
que prosseguiram até nossos dias, substituindo o trabalho humano pela máquina.
A existência de duas novas classes sociais caracterizou as sociedades pós-revolução industrial: a
classe dos patrões (empregadores) e a classe dos trabalhadores, que se enfrentavam direta e
individualmente, não existindo qualquer organização, por parte dos trabalhadores, para proteger os
seus interesses. Portanto, as massas trabalhadoras foram impiedosamente exploradas durante o início
da revolução industrial, pagando o custo social desta mudança.
Ainda no século XVIII, Através da publicação do livro “De Morbis Artificum Diatriba” (A
Doença dos Trabalhadores), o médico Bernadino Ramazzini relaciona as doenças desenvolvidas por
trabalhadores de 50 profissões.
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No entanto, nesta fase inicial, a segurança foi criada e desenvolvida para fazer frente aos
excessos praticados pelas empresas contra a força de trabalho. A preocupação em termos de
segurança era totalmente voltada para morte ou lesões incapacitantes permanentes dos trabalhadores.
A partir de acordos e algumas leis específicas foram criados alguns planos de assistência,
beneficiando o empregado e sua família. Porém, essa legislação não resolvia senão uma parcela
mínima dos problemas e, portanto, foi seguida por leis complementares, em geral pouco eficientes
devido à pressão dos empregadores.
Com o passar do tempo e com os avanços das lutas sociais, além dos planos de assistência, os
trabalhadores passaram a ser cobertos por seguros e outros dispositivos que os protegia não apenas
contra as lesões incapacitantes permanentes, mas também pela perda momentânea da capacidade de
trabalho. Mais tarde, tiveram atenção especial outras formas de lesões pessoais, inclusive as que não
afastavam o indivíduo do trabalho.
Foram necessárias gerações para que estes homens começassem a se organizar. Porém, em
meados do século XIX, quase meio século após o início da revolução industrial, ainda na Inglaterra, a
preocupação com a prevenção de acidentes do trabalho e de outros fatores de risco, que eram
freqüentes no ambiente das primeiras fábricas, gerou a união de trabalhadores e homens públicos
para a concretização das bases da política prevencionista. Através das campanhas de melhoramento
social, que surgiram com as leis de segurança social, foram introduzidos o trabalho sistemático e a
legislação fabril.
O fato das empresas adotarem planos para reduzir as lesões dos trabalhadores não aconteceu de
forma voluntária, mas devido à pressão dos altos gastos financeiros oriundos das indenizações e
seguros, às reivindicações sociais e à discriminação caso não acompanhassem os novos rumos da
segurança.
Desta forma, apesar dos avanços, os acidentes que não envolvessem pessoas não tinham valor
nenhum, embora muitos destes acidentes possuíssem as mesmas causas ou causas semelhantes aos
acidentes com pessoas. O motivo deste desinteresse, talvez fosse devido ao simples desconhecimento
do alto índice de ocorrência dos acidentes, bem como dos custos que acarretavam.
Apesar da evolução em que chegamos atualmente, em termos de engenharia e segurança do
trabalho, esta filosofia perdura até hoje em grande parte das empresas e órgãos do governo,
principalmente nos países subdesenvolvidos, sendo que grande parte dos acidentes como: quebra de
equipamentos, interrupção do processo produtivo e agressões ao meio ambiente, não são nem mesmo
registrados e muito menos analisados ou divulgados.
Após seu surgimento na Inglaterra, a revolução industrial espalhou-se pela Europa Ocidental e,
atravessando o Atlântico, desembarcou nos Estados Unidos da América, país este onde o movimento
prevencionista se radicou e se desenvolveu devido às ações conjuntas entre governo, empresários e
especialistas.
Em 1928, o American Engineering Councill já fazia referência à relação existente entre os custos
indiretos (não segurados) e os custos diretos (segurados) dos acidentes, e atribuía aos custos indiretos
o pagamento de salários improdutivos, perdas financeiras, redução de rendimento da produção, falhas
no cumprimento de prazos de entrega de produtos, etc.
Em 1931, o americano H. W. Heinrich, que pertencia a uma companhia de seguros dos Estados
Unidos, publicou um estudo onde afirmava existir uma relação de 4:1 entre os custos indiretos e os
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custos diretos dos acidentes, sendo sua pesquisa fundamentada em dados médios da indústria
americana da década de 20, demonstrou ainda que o desenvolvimento de ações prevencionistas seria
a saída para redução desses custos. No mesmo estudo, Heinrich lançou a idéia de acidentes com
danos à propriedade, ou melhor, acidentes sem lesão. Heinrich é considerado o pai do
prevencionismo, e foi ele quem definiu acidente como todo evento não planejado, não controlado e
não desejado que interrompe uma atividade ou função.
Posteriormente, R.P. Blake analisou os resultados e, junto com Heinrich, formulou alguns
princípios e sugestões, dentre elas a de que as empresas deveriam promover medidas tão importantes
ou mais do que aquelas que visassem apenas à proteção social dos seus empregados, ou seja, as
empresas deveriam, efetivamente, partir para evitar a ocorrência de acidentes.
Em 1947, R.H. Simonds propôs um método para cálculo do custo de acidentes, que enfatizava a
necessidade de se realizar estudos-pilotos, em todas as empresas, sobre os custos associados a quatro
tipos de acidentes: lesões incapacitantes, casos de assistência médica, casos de primeiros socorros e
acidentes sem lesões. Simonds também propôs a substituição dos termos custo direto e custo indireto
por custo segurado e custo não-segurado, respectivamente, muito utilizados hoje em dia em
gerenciamento de riscos.
Durante a década de 50, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma conscientização no sentido de
se valorizar os programas de prevenção de riscos de danos materiais procurando reduzir suas
despesas com seguros passam a definir metodologias no sentido de aumentar o seu grau de proteção
em relação aos seus riscos associados. Esta idéia de aumentar a proteção e diminuir as despesas com
seguros, foi chamada de Gerência de Riscos.
Em 1965, o Conselho Nacional de Segurança dos EUA concluiu que o país havia perdido U$ 7,2
bilhões em acidentes com danos materiais e U$ 7,1 bilhões em acidentes com danos pessoais nos
últimos dois anos, sendo que, em 1964, os danos materiais resultantes de acidentes no trânsito e, em
1965, os danos materiais resultantes de acidentes nas empresas somavam juntos U$ 2,8 bilhões.
Em 1966 o engenheiro americano Frank Bird Jr., propõe o Loss Control ou Controle de Perdas,
que era uma visão mais abrangente da prevenção, que tinha como objetivo principal a redução das
perdas oriundas de danos materiais, sem no entanto se descuidar dos acidentes com danos pessoais.
Os quatro aspectos principais em que se baseava o desenvolvimento de programas de controle de
perdas eram: informação, investigação, análise e revisão do processo. Mais tarde, Bird, já com fortes
influências do trabalho apresentado por J.A.Fletcher e H.M.Douglas, nomeou a sua teoria como
Controle de Perdas e o procedimento gerencial como Administração do Controle de Perdas.
Após os estudos anteriores, Frank Bird foi nomeado diretor de segurança de serviços de
engenharia da ICNA. Introduziu o conceito de “quase acidentes”, que demonstram que, se o acidente
quase ocorreu , também a perda ou dano quase ocorreu , e poderia ser tanto material quanto pessoal.
Em 1970, os engenheiros canadenses John Fletcher e Hugh M. apresentaram um trabalho,
baseado nos estudos de Bird, onde aplicavam os princípios do Controle de Danos de forma extensiva
a todos os acidentes passíveis de ocorrência dentro de um sistema, ou seja, acidentes com máquinas,
materiais, instalações, meio ambiente, etc. E acabam por acrescentar a palavra total e propõe o Total
Loss Control, Controle Total de Perdas. Os programas de Controle Total de Perdas têm o objetivo de
reduzir ou eliminar todos os acidentes que possam interferir ou paralisar o processo produtivo,
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abordam todo e qualquer tipo de evento que interfira negativamente no mesmo, prejudicando a
utilização plena de pessoal, máquinas, materiais e instalações.
Os estudos desenvolvidos, até então, tanto por Bird quanto por Fletcher, constituíam-se apenas
de práticas administrativas, sendo negligenciados os problemas que exigiam uma análise técnica mais
acurada.
Partindo desta observação, em 1972, Willie Hammer, engenheiro especialista em Segurança de
Sistemas, área intimamente relacionada à Engenharia de Confiabilidade, e com larga experiência em
projetos aeroespaciais dos EUA, ampliou os conceitos, com relação ao estabelecimento de segurança
de sistemas, defendendo a previsão de acontecimentos para organizar a identificação e o manejo de
riscos, ao invés da análise de eventos a posteriori. Desta forma, Hammer alertou para a necessidade
de se incluir um reforço complementar, do ponto de vista da engenharia, nos programas de
administração e controle de riscos desenvolvidos até então. Segundo Hammer, as atividades
administrativas eram muito importantes, mas existiam problemas técnicos que teriam
obrigatoriamente que ter soluções técnicas. Os estudos de Hammer ajudaram a compreender melhor
os chamados erros humanos, muitas vezes provocados por projetos deficientes e que, por isso,
deveriam ser debitados à organização e não ao executante. O enfoque sistêmico apresentado por
Hammer estabelece a responsabilidade, quando da elaboração de um produto, para prevenir riscos
inerentes aos bens e serviços que farão uso deste produto, evitando o transpasse de possíveis danos
aos usuários do mesmo.
A corrida espacial e a guerra fria criam na década de 70 a Engenharia de Segurança de Sistemas.
Esta engenharia desenvolveu várias técnicas de avaliação de riscos através de metodologias oriundas
da indústria militar e aeroespacial americanas. Willie Hammer foi o responsável por trazer e adaptar
estas metodologias para a área da indústria civil.
A Grã-Bretanha, através do BSI – British Standards Instituction, que é o organismo normalizador
que produz as normas naquele país, equivalente à nossa ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas, publica em 1979 a BS 5750, sobre sistemas de qualidade. Esta norma deu origem à série
ISO 9000, que foi editada oficialmente em 1987.
Em 1992 o BSI edita a norma BS 7750 revisada em 1994, que dá origem à série ISO 1400 sobre
sistemas de gestão ambiental, editada oficialmente em 1996.
Em 1994, sai a primeira revisão da ISO 9000, já incorporando a visão de gestão.
Na área de Segurança e Saúde Ocupacional é publicada em 1995 a BS 8750, revisada em 1996 e
publicada como BS 8800. Devido a questões econômicas e políticas a BS 8800 ainda não se
transformou em ISO 18000.
Porém em 1999, após um acordo entre várias instituições de diversos países ( National Standards
Authority of Ireland; South African Bureau of Standards; British Standards Institution; Bureau
Veritas Quality International; Det Norske Veritas; Lloyds Register Quality Assurance; National
Quality Assurance; SFS Certification; SGS Yarsley International Services; Asociación Española de
Normalización y Certificación; International Safety Management Organisation Ltd; Standards and
Industry Resaerch Institute of Malasya; International Certification Services) e a urgente demanda de
clientes por uma norma reconhecida para Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho são
publicadas as diretrizes OHSAS– Occupational Helth and Safety Assessment Series, OHSAS 18001-
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Especificações para Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho e OHSAS 18002 –
Diretrizes para Implantação da OHSAS 18001.
A OHSAS 18001 é um padrão internacional que estabelece requisitos relacionados à Gestão da
Segurança e Saúde Ocupacional, por meio do qual é possível melhorar o conhecimento dos riscos
existentes na organização, atuando no seu controle em situações normais e anômalas. Este padrão é
aplicáveis aos mais diversos setores e atividades econômicas, orientando tais organizações sobre
como promover a melhoria contínua do desempenho de Segurança e Saúde Ocupacional, com os
benefícios para as organizações:
Melhoria na cultura de segurança, na eficiência e, conseqüente redução de acidentes na produção;
Incremento no controle de perigos e redução de riscos;
Demonstração do atendimento das exigências legais e aumento da reputação no gestão da SSO;
Redução de prêmios de seguros;
Constituição de uma parte integral de sua estratégia de desenvolvimento sustentável;
Demonstração do seu compromisso com a proteção do seu pessoal e dos ativos fixos;
Promoção das comunicações internas e externas.
Em 2004, na área de Gestão de Risco foi publicada a primeira norma do mundo sobre Gestão de
Riscos: a AS/NZS 4360:2004. Ela fornece um modelo genérico do processo de Gestão de Riscos, que
pode ser utilizado por organizações de qualquer tipo, tamanho e setor de atividade.
A AS/NZS 4360:2004 (base da futura ISO 31000) dá ênfase à inserção da Gestão de Riscos na
filosofia, nas práticas e nos processos de negócio da organização, em vez de ser vista ou praticada
como uma atividade separada. Embora o conceito de risco seja freqüentemente interpretado em
termos de perigo ou impacto negativo, a norma vê os riscos como a exposição às conseqüências da
incerteza ou como potenciais desvios do que foi planejado ou do que é esperado.
3 - A empresa como sistema, sub-sistemas empresariais, natureza dos riscos
empresariais, Riscos Puros e Especulativos.
3.1 A Empresa como Sistema
É comum nos dias de hoje a divisão do trabalho dentro de uma organização. Porém é necessária
a completa integração entre os vários elementos. Esta integração, por sua vez, pode ser realizada
eficazmente ao se adotar uma abordagem sistêmica.
Visão sistêmica significa entender e interligar todos os processos empresariais (cadeia de
suprimento, produção, distribuição e planejamento) de forma que a tomada de decisão leve em
consideração a otimização de todo o sistema. A soma dos resultados de áreas isoladas (marketing,
finanças, produção...) não é o resultado do todo.
Sob o ponto de vista sistêmico, qualquer organização é um sistema composto de partes, cada
uma com metas próprias. Para alcançar as metas globais, deve-se visualizar todo o sistema e procurar
compreender e medir as inter-relações e integrá-las de modo que capacite a organização a buscar suas
metas eficientemente.
Um sistema pode ser considerado como um conjunto de elementos inter-relacionados que
interagem entre si e com outros sistemas, de modo a cumprir um certo objetivo que evolui no tempo
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num determinado ambiente. Pode ser definido, literalmente, como um todo organizado ou complexo,
um agrupamento ou combinação de coisas ou partes que formam um todo complexo ou unitário.
A empresa na concepção sistêmica (Figura 2) é tratada como um sistema de entradas e saídas,
que transforma e combina os fatores de produção, suas entradas, através de um processo tecnológico
de produção, dando origem a outros produtos ou serviços, que se constituem nas saídas. As entradas
são os insumos necessários à produção (materiais, informação, recursos financeiros e humanos), o
processamento são as operações necessárias à construção de um bem ou serviço (manufatura,
atendimento, logística...) e as saídas são os bens e serviços ofertados aos mercados consumidores.
Figura 2 – Ambiente Sistêmico
A abordagem sistêmica teve sua origem na junção dos estudos de dois pesquisadores: O
americano, Norbert Wiener, em 1946 e o alemão Von Bertallanfy. Enquanto este, desenvolveu estudo
na forma de abordagem dos estudos de todas as ciências; aquele, desenvolveu o conceito de feedback
ou retroalimentação.
Teoricamente os sistemas podem ser considerados abertos ou fechados. Os fechados são aqueles
cuja seu desenvolvimento ao longo do tempo e do espaço compreende apenas variáveis controláveis;
enquanto os fechados sofrem influências de variáveis externas e incontroláveis.
Os sistemas de interesse à Segurança do Trabalho são os produtivos que são do tipo aberto, pois
são tantas as variáveis e tamanha a velocidade de modificação da realidade, que se considera
impossível ter um controle completo do sistema produtivo, o que leva a um interação entre o sistema
e meio-ambiente externo, onde recebe e causa influência.
Os elementos fundamentais de um sistema são: objetivo, entrada, processamento, saída,
controles e retroalimentação e as formas de interação entre elas, sendo uma conjunção de Recursos
Humanos (RH), Recursos Financeiros (RF) e Recursos Materiais (RM) que interagem tendo
objetivos específicos, amplos e diversificados, conforme Figura 3 acima.
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Figura 3 – Elementos de um Sistema
As mudanças no ambiente externo também provocam alterações na empresa e em seus
subsistemas. Assim, as organizações devem monitorar e compreender as mudanças no ambiente,
adequando seus sistemas e subsistemas de modo a maximizar os resultados (saídas).
A fronteira da empresa, enquanto sistema é uma delimitação calcada nas áreas próprias de
influência dos recursos e subsistemas envolvidos, por onde flui a interação e o relacionamento com
outros sistemas, dentro do conceito de empresa, não como um sistema fechado, mas sim, como parte
de um sistema maior do qual participa e sofre influências.
3.1.1 O Processo Decisório segundo uma abordagem Sistêmica
No mundo atual a modernização, o desenvolvimento tecnológico e a globalização exigem cada
vez mais a execução de projetos com qualidade e rapidez para satisfazer a necessidade dos clientes.
A velocidade com que a dinâmica do ambiente se altera e o aumento da competitividade exigem
tomadas de decisões oportunas, precisas e de baixo custo. No entanto, a tomada de decisões tem por
base a existência de alternativas que possam promover o estado de coisas que ele deseja alcançar.
Essas alternativas disponíveis constituem o centro de qualquer problema de decisão.
Para que a melhor decisão seja tomada é preciso compreender o ambiente de trabalho, como ele
funciona, quais suas peculariedades, sua cultura organizacional, sua visão, suas restrições, seus
pontos fortes e fracos. Isso no âmbito global como a nível departamental.
A análise de sistemas auxilia o profissional que toma decisões a compreender melhor a estrutura
do problema, possibilitando definir a solução deste, com a escolha da melhor dentre um conjunto de
ações alternativas.
Ao abordar-se a análise de sistemas é importante ter-se a consciência que, além da necessidade
de conhecer-se a fundo o sistema e o meio atuante, criar alternativas viáveis requer uma variedade de
habilidades técnicas. Comumente nenhum único indivíduo possui todas as habilidades requeridas.
Assim sendo, o conceito de equipe interdisciplinar é benéfico à análise de sistemas. Uma equipe
interdisciplinar é um grupo de trabalho, composto de pessoas com formações e habilidades variadas,
cada uma delas trazendo seu próprio ponto de vista e experiências para atuar sobre o problema,
conseguindo freqüentemente resultados significativamente superiores àqueles que se poderia esperar
de um único indivíduo.
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Sinteticamente, uma forma de estabelecer as fases do processo decisório a partir da abordagem
sistêmica, pode ser esquematizado de acordo com a Figura 4.
Figura 4 – Visão Sistêmica e o Processo Decisório
De acordo com SELL (1995), "num sistema de trabalho, em seu estado ideal, os fatores técnicos,
organizacionais e humanos estão em harmonia. Por ocasião de um acidente ou quase-acidente essa
harmonia é perturbada, sendo assim, é de fundamental importância que no planejamento e projeto de
sistemas de trabalho, sejam eliminadas ou ao menos restringidas as condições de risco, aumentando-
se assim a segurança do trabalhador".
De forma enfática o risco está associado à probabilidade de perdas durante a realização de uma
atividade dentro do sistema, e todos os elementos de um sistema apresentam potencial de riscos que
podem resultar na destruição do próprio sistema.
3.2 Sub-sistemas empresariais
É possível que um sistema seja constituído por vários subsistemas ou ainda, que faça parte de um
sistema mais amplo, participando ele próprio como subsistema de um sistema maior.
Os subsistemas empresariais são suas áreas/departamentos e/ou suas unidades de negócios
(marketing, financeiro, contabilidade, produção, RH, vendas, etc). Qualquer alteração em um de seus
subsistemas poderá provocar reações em outras áreas, bem como em toda a empresa. Exemplo: A
empresa decide alterar o sistema de distribuição de seus produtos, passando a ter entregas menos
freqüentes no intuito de reduzir seus custos com fretes. Como conseqüência, esta medida poderá
acarretar maior formação de estoques, maiores custos com a manutenção destes, como também
alterações nas relações com seus clientes externos.
Dentro da concepção de sub-sistemas uma forma de mapear os processos é através do
planejamento e controle dos fluxos de: matérias; recursos financeiros; mão-de-obra; máquinas e
equipamentos; e informação.
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O Fluxo de materiais interliga fornecedores e consumidores, na logística de compra de matéria-
prima e na distribuição de produtos acabados.
O fluxo de recursos financeiros compreende: as atividades de financiamento junto a bancos,
acionistas e governo; das atividades de compra com respeito a fornecedores; das atividades de
comercialização junto a clientes; e das atividades de contabilidade dos direitos trabalhistas.
Uma forma de representar esses fluxos é através de representação gráfica com o uso de
fluxogramas produtivos, que podem ser usados para representar sistemas produtivos ou fluxos
específicos. As Figuras 5 e 6 abaixo apresentam alguns fluxogramas.
Figura 5 – Processo Sistêmico Empresarial
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Figura 6 – Processo da Atividade de Colheita
3.3 Natureza dos Riscos Empresariais
A identificação dos riscos potenciais e inerentes a cada atividade numa empresa é uma questão
fundamental, principalmente no início do gerenciamento de riscos. Existem diferentes tipos de riscos
com características diferenciadas em função do ambiente de atuação da empresa e das suas próprias
características operacionais. Novos riscos surgem com novos tipos de estruturas corporativas e
mudanças na tecnologia da informação (Vanca, 1998, p.21).
Os tradicionais estudiosos da Gerência de Riscos, entre eles De Cicco, os classificam em:
riscos especulativos (ou dinâmicos)
riscos puros (ou estáticos)- à propriedades, pessoas e materiais
A principal diferença entre essas duas categorias é que os riscos especulativos envolvem uma
possibilidade de ganho ou de perda; ao passo que os riscos puros envolvem somente possibilidade de
perda, não existindo nenhuma possibilidade de ganho ou de lucro.
O confronto entre os Riscos Especulativos e Puros e seus respectivos gerenciamentos associados,
no âmbito de cada empresa, pode ser evidenciado por meio da Figura 7.
Para uma Gestão Global ser eficiente, temos que considerar a conjunção dos dois
gerenciamentos: Empresarial e de Riscos, em que este último está a serviço do primeiro.
No entanto, como os Riscos Puros não geram ganhos, acaba sendo colocado em segundo plano
em relação aos Riscos Especulativos.
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No tratamento dos riscos, perante a probabilidade de ocorrência e magnitude de cada perda
virtual deve-se verificar a suportabilidade da empresa e em função dos recursos disponíveis e
medidas serão aplicadas para se enfrentamento.
Na área de segurança os riscos são basicamente puros e são relativos aos perigos. As técnicas de
análise valem para ambos.
Figura 7 – Revista Eletronica | Brasiliano&Associados Julho – Agosto 2007|Edição 31ª
3.3.1 Riscos Puros
Os riscos puros serão nosso campo de atuação na Higiene e Segurança do Trabalho e
compreendem os prejuízos decorrentes de danos à propriedade são provenientes de incêndios e/ou
explosões, vandalismo, roubo, sabotagem, danos aos equipamentos, ações naturais (ventos,
inundações, etc.), etc. Os riscos às pessoas são aqueles que podem resultar em doenças ou acidentes
do trabalho (morte, invalidez permanente, etc.). Por último, mas de grande importância nos dias
atuais, encontram-se os riscos por responsabilidade, que são aqueles que resultam em prejuízos por
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danos a terceiros (pagamento de indenizações por lesões ou morte, pensões, etc.) e por danos ao meio
ambiente.
A classificação dos riscos puros envolve também a avaliação de sua probabilidade de ocorrência
e dos seus possíveis impactos estratégicos, operacionais, financeiros, etc. A magnitude do impacto de
cada risco precisa ser identificada, para que assim se tenha um adequado grau de controle. Cada risco
pode ser classificado como: catastrófico, alto, médio ou baixo. Já com relação a tendência o risco
pode ser: estável, crescente ou decrescente.
Os riscos baixos (leves) são aqueles cujo prejuízo financeiro resultante é baixo, podendo ser
assimilado integralmente pela empresa, obrigando a adoção de outros meios para o alcance dos
objetivos da empresa. Um risco médio é aquele que o seu acontecimento impede o alcance dos
objetivos da empresa. Os riscos graves são aqueles cuja perda é significativa para a empresa e só
podem ser assumidos sob determinadas condições que assegurem a mitigação de seus resultados. Os
riscos puros considerados catastróficos são aqueles que, caso venham a se concretizar, resultam em
prejuízos de grande monta para a empresa com possibilidade de colapso financeiro, sendo, portanto,
transferidos a terceiros.
De um modo geral, uma organização possuem bens tangíveis e intagíveis expostos à perda. As
perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou intangíveis, quando se
referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa.
As principais perdas resultantes da materialização dos riscos puros numa empresa são:
perdas decorrentes de morte, invalidez ou afastamento de funcionários. Tanto ao acidentado, como
a dependentes (indenizações), inclusive advogado;
perdas de tempo e produtividade por profissional não treinado, equipamento danificado, baixa na
moral da equipe;
perdas por danos à propriedade e a bens em geral não cobertos por seguros, tais como: reposição
de produto e/ou itens danificados;
perdas decorrentes de fraudes ou atos criminosos;
custos com: investigação de acidentes, perito de defesa, ações corretivas, honorários com
advogados, assistência emergencial;
perdas por danos causados a terceiros (responsabilidades da empresa por poluir o meio ambiente,
responsabilidade pela qualidade e segurança do produto fabricado ou do serviço prestado).
Normalmente, considera-se que a Gerência de Riscos trata apenas das questões relativas à
prevenção e ao financiamento dos riscos puros. Entretanto, vale mencionar que muitas de suas
técnicas podem ser igualmente aplicadas aos riscos especulativos.
3.3.2 Riscos Especulativos
Os riscos especulativos são chamados de riscos de negócio podem ser divididos em três tipos:
1. riscos administrativos - relacionados ao processo de tomada de decisões gerenciais. Uma decisão
errada poderá perdas consideráveis, uma decisão correta pode trazer lucros para a empresa.
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