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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA

       ESCOLA SECUNDÁRIA DE VENDAS NOVAS




Projecto Novas Oportunidades a Ler+
O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




    [Trabalho realizado ao abrigo da Portaria Nº 926/2010, de 20 de Setembro]




              Adélia de Jesus Caetano Ricardo Barbosa Bentes




                               Outubro de 2011
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                       O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




                                          Resumo



Estudos recentes têm demonstrado a persistência de níveis de literacia particularmente
baixos na população portuguesa, apesar dos esforços que têm vindo a ser feitos para
inverter a situação.

Novas Oportunidades a Ler+ é um projecto do Plano Nacional de Leitura, desenvolvido
em parceria com a Agência Nacional para a Qualificação, que visa apoiar o
desenvolvimento do gosto pela leitura junto do público da Iniciativa Novas
Oportunidades, com o objectivo de contribuir para a melhoria dos níveis de literacia dos
adultos envolvidos na Iniciativa, e, de forma indirecta, dos seus familiares e amigos.

O Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Vendas Novas aderiu ao Plano
Nacional de Leitura em Setembro de 2009 e tem desenvolvido um conjunto de
actividades e iniciativas neste âmbito.

Neste trabalho serão apresentados os objectivos, as estratégias e as actividades
desenvolvidas pelo Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Vendas
Novas no âmbito do projecto Novas Oportunidades a Ler+. Serão também apresentados
alguns resultados da avaliação do projecto, relativos aos anos 2010 e 2011, que nos
permitem retirar algumas conclusões acerca do impacto do projecto junto dos seus
destinatários.

Palavras-chave: literacia, promoção da leitura, competências-chave, aprendizagem ao
longo da vida, adultos




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Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                   O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




                                      ÍNDICE




                                                                             Pág.

Introdução……………………………………………………………………..                                         4



I - Conhecimento e Aprendizagem nas Sociedades Contemporâneas……...             5


II – Desenvolvimento do Projecto Novas Oportunidades a Ler+ no CNO             12
da Escola Secundária de Vendas Novas……………………………………...


Conclusões……………………………………………………………………...                                        25


Referências……………………………………………………………………..                                        28




                                                                        Página 3 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                      O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




                                     INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objecto o desenvolvimento do Projecto Novas
Oportunidades a Ler+ no Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Vendas
Novas, tendo sido realizado ao abrigo da Portaria Nº 926/2010, de 20 de Setembro.

Em Setembro de 2009 os Centros Novas Oportunidades foram convidados a
apresentarem candidaturas ao projecto, então criado pelo Plano Nacional de Leitura,
com a finalidade de aumentar os níveis de literacia da população adulta inscrita nos
Centros Novas Oportunidades. Foi sem quaisquer hesitações que a equipa do CNO da
Escola Secundária de Vendas Novas aderiu, uma vez que já desenvolvia várias
actividades no âmbito da promoção do gosto pela leitura e pela escrita, junto dos adultos
que desenvolviam processos de Reconhecimento Validação e Certificação de
Competências (RVCC), com o objectivo de melhorar os níveis de literacia dos
candidatos.

Este trabalho reporta-se ao desenvolvimento do projecto durante os anos 2010 e 2011 e
constitui-se como uma reflexão, que visa, entre outros objectivos, permitir a redefinição
de estratégias e rumos a seguir, contribuir para a reflexão sobre a promoção do gosto
pela leitura junto do público adulto, como estratégia para melhorar os níveis de literacia;
e ainda dar visibilidade ao (bom) trabalho que toda a equipa do Centro Novas
Oportunidades tem desenvolvido, nesta área.

No que concerne à estrutura, o trabalho organiza-se em duas partes essenciais. A
primeira, com o título Conhecimento e Aprendizagem nas Sociedades Contemporâneas
é dedicada à análise teórica e visa, essencialmente, clarificar e relacionar os conceitos
de leitura, literacia e competências-chave, no contexto social e económico da sociedade
do conhecimento e da informação. A segunda parte é inteiramente dedicada à descrição
do projecto. Depois de uma breve contextualização, são apresentados os objectivos, as
actividades desenvolvidas, a avaliação e alguns resultados. Segue-se a conclusão onde
são feitas algumas recomendações, a partir da análise dos resultados e perspectiva-se o
futuro do projecto.




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Projecto Novas Oportunidades a Ler+
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                                              I

           CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM NAS SOCIEDADES
                                 CONTEMPORÂNEAS




Sociedade da informação e do conhecimento

A vida contemporânea nas sociedades ocidentais é, segundo alguns investigadores,
marcada pela mutação constante, em resultado de rápidas mudanças tecnológicas,
económicas, culturais e sociais, que podemos sintetizar referindo a rápida evolução
científica e tecnológica, com impacto em muitos domínios da vida do indivíduo; a
transição para uma sociedade da informação e do conhecimento; a rápida disseminação
da tecnologia pelas áreas da comunicação, do trabalho e da aquisição de conhecimento;
o alargamento e a diversificação dos contextos de aprendizagem. Segundo Daniel Bell
(1974), na sociedade pós-industrial, não é apenas a economia que se transforma, mas
toda a estrutura social.

Bell, na interpretação que faz da sociedade pós-industrial, destaca a centralidade do
conhecimento, que sempre foi factor importante de desenvolvimento económico, mas
que, na sociedade pós-industrial, muda o seu carácter: trata-se do conhecimento teórico,
codificado em sistemas abstractos de símbolos, que surge como recurso estratégico e
fonte de inovação. Bell, na sua teoria, dá também muito relevo à informação, por ele
considerada a principal tecnologia das sociedades pós-industriais. O conhecimento e a
informação assumem, assim, um carácter decisivo, afectando o sistema produtivo e os
padrões culturais das sociedades e os modos de agir dos sujeitos. O acesso, sem
precedentes, ao conhecimento, que pode ser acumulado, partilhado e difundido, graças
às tecnologias da informação; torna-o um recurso fundamental.

       Desigualdades sociais e conhecimento
Do ponto de vista económico, criou-se também uma nova ordem, marcada pela
globalização dos mercados, com exigências a nível do aumento da competitividade e da
flexibilidade, com enormes riscos a nível social. Kessels (2001) defende que a economia
se está a transformar na economia do conhecimento, sendo que o factor-chave para o



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                      O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

desenvolvimento é o conhecimento. Neste contexto, a valorização das “competências-
chave”, a transferibilidade das competências e a flexibilidade dos trabalhadores são
vistas como um meio para o desenvolvimento económico. Importa, no entanto, referir
que a informação e o conhecimento encontram-s objectivados, representados
simbolicamente pela escrita. Logo, só se tornam recursos centrais nas sociedades em
que a capacidade de decifração e produção da informação escrita se generalizem.
Se a produção de novos conhecimentos, a reconstrução dos saberes e das competências
disponíveis, e o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem dos indivíduos são
perspectivados como elementos-chave para enfrentar os desafios do futuro; importa
referir que existem profundas desigualdades sociais ao nível da forma como os
indivíduos se posicionam face a esses recursos. A alargada difusão das tecnologias da
informação não garante, por si só, que todos os indivíduos delas possam vir a beneficiar.
Com efeito, nas sociedades e economias actuais, os trabalhadores são desafiados a
desenvolverem tarefas cada vez mais complexas, que requerem, da sua parte,
competências e capacidades para lidarem com conhecimentos especializados e com
informação escrita.

O nível de educação formal é geralmente considerado uma das condições básicas que
possibilita a transição para a sociedade do conhecimento. No entanto, estudos recentes,
dos quais podemos destacar o European Social Suvey (ESS, 2006) têm evidenciado que,
na Europa, existe ainda uma grande disparidade no que respeita a níveis de
escolarização. A situação tem sido especialmente constrangedora em Portugal, que
continua a apresentar dos níveis mais baixos de escolaridade da Europa.

Destaca-se também o estudo nacional sobre literacia publicado em 1996 e coordenado
por Ana Benavente, cujo objectivo foi analisar de que forma as competências de leitura,
escrita e cálculo, e o uso que delas se faz na vida quotidiana; e que permitiu concluir
que a maior parte da população se encontrava em níveis baixos e muito baixos de
literacia: 79,4% distribuíam-se pelos níveis 0 a 2, com apenas 20,6 nos níveis superiores
3 e 4. Cerca de metade das mulheres situava-se nos níveis 0 e 1, numa posição não
muito inferior à dos homens, diferença que, segundo os autores, se deveria
provavelmente aos também inferiores níveis de instrução.




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Para Castells (1998) a ausência de competências para lidar com a sociedade da
informação está intrinsecamente ligada com as problemáticas da exclusão social e da
“nova pobreza”, do que se depreende a importância de preparar os indivíduos para o
uso efectivo das competências básicas de leitura, escrita e cálculo para o processamento
de informação escrita na vida quotidiana.

Maria do Carmo Gomes (2003) comenta o desfasamento entre a certificação de
qualificações escolares e a sua utilização nas várias situações da vida quotidiana
demonstrando que a simples quantificação dos que possuem, ou não, títulos de
frequência ou conclusão de anos de escolaridade não é suficiente para dar conta do
modo como essas competências escolares adquiridas são usadas para o manuseamento
da informação escrita. Esta autora investigou um grupo de adultos do ensino básico
recorrente numa freguesia de Lisboa, para perceber não só as suas práticas de literacia e
os contextos onde estas ocorriam, como as representações que os próprios tinham
quanto à valorização de competências, à avaliação que faziam de si próprios e ainda as
suas percepções de exclusão derivada da falta de domínio dessas competências (Gomes,
2002). Aliás, a esta autora se deve o conceito de Literexclusão, que traduz a exclusão
social, causada pelos baixos níveis de literacia.

       Desafios da aprendizagem ao longo da vida
À medida que a informação e o conhecimento se tornam pedras angulares nas
sociedades actuais, novos desafios se colocam aos indivíduos. De facto, o ritmo e a
intensidade das mudanças é de tal ordem, que obrigam os indivíduos a enveredarem por
processos de aprendizagem ao longo da vida, de forma a conseguirem acompanhar as
mudanças que se vão operando. Mariano Enguita (2001), a partir da análise das
transformações ocorridas ao nível do ritmo da mudança social, concluiu que nas
sociedades modernas, de mudança intrageracional, a maioria da população adulta tem
de readaptar-se a novas condições de vida, de trabalho e de sociabilidade. Por contraste
ao que acontecia anteriormente, onde à formação inicial se seguia um período de vida
activa, onde eram aplicadas as competências adquiridas; actualmente, a formação inicial
perde peso para a educação/formação ao longo da vida.
Ora, no caso português, em particular, o principal problema reside no facto de as
competências, nomeadamente as de literacia, estarem situadas em níveis muito baixos,



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sendo elas fundamentais para permitirem que os indivíduos continuem a aprender.
Assim, o que se verifica é que os que mais formação têm são os que mais usufruem das
oportunidades de aprendizagem, aumentando, desta forma, o fosso relativamente aos
que têm menos formação. Cientes das previsíveis graves consequências desta realidade,
organismos como a UNESCO (Delors, 1996) e a Comissão Europeia (2000) têm
produzido documentos de referência na área da educação/formação de adultos, que
evidenciam a centralidade da aprendizagem nas sociedades actuais.

Também em Portugal, nos últimos anos, tem sido feito um enorme esforço no sentido
de aumentar as qualificações escolares e profissionais dos indivíduos, nomeadamente
através da Iniciativa Novas Oportunidades, com o objectivo principal de aumentar os
níveis de literacia da população adulta.

       Literacia e Competências-chave
No contexto social já caracterizado, onde a aprendizagem tem lugar em sociedades
estruturadas pelo conhecimento e pela informação; a literacia constitui uma
competência-chave fundamental, quer para o acesso à informação e ao conhecimento,
quer para aprender ao longo da vida, quer ainda na promoção da reflexividade (Giddens,
1992). Valerá então a pena debruçarmo-nos sobre os conceitos de literacia e de
competências-chave.
No trabalho pioneiro nesta área, que foi A Literacia em Portugal - Resultados de uma
Pesquisa Extensiva e Monográfica, publicado em 1996, Ana Benavente propõe um
conceito de literacia, que é definida como “as capacidades de processamento de
informação escrita na vida quotidiana”. A autora contrapõe ainda este conceito ao de
alfabetização, separando-o de escolaridade “ se o conceito de alfabetização traduz o
acto de ensinar e de aprender (a leitura, a escrita e o cálculo) um novo conceito – a
literacia – traduz a capacidade de usar as competências (ensinadas e aprendidas) de
leitura, de escrita e de cálculo” (Benavente, 1996, p.4).

Reveste-se também de especial importância, nesta matéria, o estudo Literacy in the
Information Age – Final Report of the International Adult Literacy Survey (2000), um
estudo comparado de literacia que envolveu 20 países e que permite uma comparação
do nível e da distribuição das competências em literacia na população adulta,
identificando também alguns dos factores que influenciam o desenvolvimento das suas


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competências. Para este trabalho, é também pertinente o conceito de literacia
apresentado no estudo: “The ability to understand and employ printed information in
daily activities at home, at work and in the comunity – to achieve one‟s goals, and to
develop one‟s knowledge and potential”.

O estudo em análise evidenciou a existência de diferenças muito significativas entre os
20 países quanto aos níveis de literacia das respectivas populações. Portugal é
apresentado como um exemplo de como o nível de escolaridade global da população
afecta o desempenho geral em literacia do país, reflectindo, sobretudo, um desempenho
mais baixo entre as pessoas que não beneficiaram da frequência do ensino secundário, a
grande maioria da população. Por outro lado, o estudo evidenciou também que os níveis
de literacia dos pais condicionam, em grande medida, os níveis de escolaridade
atingidos pelos filhos.

Tendo em conta que os indivíduos com competências limitadas têm poucas
possibilidades de terem contacto com actividades / tarefas promotoras de literacia, não é
provável que as consigam desenvolver sem ser através de educação e/ou formação.
Logo, é extremamente importante que aos adultos portugueses continuem a ser dadas
oportunidades de educação/formação variadas, flexíveis e ajustadas às suas
necessidades e interesses.

Nos últimos anos, tem-se generalizado a utilização dos conceitos de competências e de
competências-chave, que têm adquirido uma importância crescente, à medida que têm
aumentado os desafios que se colocam aos indivíduos e às organizações nas sociedades
actuais. Com efeito, adoptam-se, neste trabalho as definições da Comissão Europeia
(2004b), que entende a competência como uma “combinatória de capacidades
conhecimentos, aptidões e atitudes apropriadas a situações específicas, requerendo
também „a disposição para‟ e „o saber como‟ aprender”. Já a definição de
competência-chave é a de “um conjunto articulado, transferível e multifuncional, de
conhecimentos, capacidades e atitudes indispensáveis à realização e desenvolvimento
individuais, à inclusão social e ao emprego” (Comissão Europeia, 2004b).

Podemos, pois, afirmar que os conceitos de literacia e de Competências-Chave estão
intrinsecamente ligados e, neste trabalho, têm especial relevo as competências de



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literacia, concordando com Patrícia Ávila (2005, p. 499) “literacia não é apenas uma
competência-chave (o que poucos contestam), é, além disso, uma competência – chave
decisiva para que outras possam ser desenvolvidas.”. De facto, no quadro das
sociedades contemporâneas, que, ainda segundo a autora, distinguem-se das anteriores,
pela generalização e democratização, sem paralelo, do acesso à leitura e à escrita, e, ao
mesmo tempo que a informação escrita prolifera à nossa volta, generaliza-se também o
número daqueles que são capazes de a decifrar e a utilizam enquanto recurso e enquanto
instrumento, nas várias esferas da sua vida.

        Leitura e literacia
São Luís Castro, citada por Maria José Alves Veiga (2000), afirma que o acto de ler
“implica converter um sinal gráfico numa representação linguística fonológica, em que
o ponto de partida é puramente arbitrário”(p. 2). Trata-se, pois, de uma actividade que
exige uma técnica de descodificação complexa e que carece de aprendizagem. Saber ler,
implica, pois, saber compreender, saber negociar sentidos, dentro de uma vasta rede
semântica. Logo, exige uma aprendizagem formal, cuidada e motivante.
Maria José Alves Veiga (2000) aponta também alguns benefícios de que o leitor poderá
vir a usufruir:
         “Em termos cognitivos, a leitura incrementa as capacidades de percepção, de
         concentração, de aquisição, de inferência e de interpretação de significados.
         No seu conjunto, estes factores promovem o crescimento da autonomia, do
         autoconhecimento, da autoconfiança e do espírito crítico do sujeito, na medida
         em que este acede a instrumentos facilitadores de um melhor poder de
         argumentação, esperando-se que esta seja               concomitantemente, mais
         construtiva e positiva (…) A leitura poderá ser igualmente responsável pelo
         desenvolvimento sociocultural do sujeito, devido a um alargamento dos
         horizontes culturais e do contacto com novas referências, outros valores,
         sentimentos e tradições. Assim, as percepções que o leitor tem de si próprio e
         do mundo serão alargadas e contextualizadas de forma mais sistematizada.
         (…) a estas vertentes acresce ainda o facto de a leitura concorrer, de igual
         modo, para o apuramento dos sentidos do indivíduo, nomeadamente,
         promovendo a formação de uma sensibilidade estética” (pp. 3,4)




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                    O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

A leitura traz, pois, muitos benefícios para o leitor, pelo que será importante que, no
decorrer da realização do processo RVCC o candidato tenha a possibilidade de contactar
com um elevado número de textos, de caractrísticas variadas e em suportes distintos.

Esta primeira parte, dedicada à clarificação de alguns conceitos pertinentes para o
projecto, constitui, também, a sustentação teórica que nos orienta e nos guia,
diariamente, no desenvolvimento das nossas actividades de promoção do gosto pela
leitura e pela escrita, no CNO da Escola Secundária de Vendas Novas.




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                    O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




                                            II

  Desenvolvimento do Projecto Novas Oportunidades a Ler+ no CNO da Escola
                            Secundária de Vendas Novas

       O Projecto

Novas Oportunidades a Ler+ é um projecto do Plano Nacional de Leitura (PNL) em
parceria com a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) destinado a apoiar o
desenvolvimento do gosto pela leitura junto do público da Iniciativa Novas
Oportunidades.

Pretende-se que este projecto possa ser um contributo efectivo para a melhoria dos
níveis de literacia da população portuguesa, tornando a leitura transversal ao processo
de reconhecimento e validação e certificação de competências, que os adultos realizam
no âmbito do Programa Novas Oportunidades, e que lhes permite adquirir, desenvolver
e ampliar saberes e competências.

Por outro lado, prevê-se também que os adultos envolvidos possam vir a ter um papel
importante na promoção da leitura, junto dos seus círculos de familiares e de amigos,
contribuindo para desenvolver os níveis de literacia da população em geral.

       Caracterização do problema

Criada em 1975, a Escola Secundária de Vendas Novas (ESVN) tem tido um papel
central na vida dos cerca de 12.000 residentes que constituem a população de Vendas
Novas (INE, 2007), um pequeno concelho do distrito de Évora, com características
especiais, uma vez que constitui, devido à sua localização geográfica,“A Porta do
Alentejo”. Vendas Novas foi crescendo graças às várias indústrias que aqui se
instalaram, a partir dos anos 60. Ainda hoje, o concelho aposta na indústria, tendo um
Parque Industrial com dezenas de empresas que exigem mão-de-obra cada vez mais
qualificada.

No entanto, os dados relativos aos níveis de escolaridade dos habitantes do concelho,
continuam a ser preocupantes, como revela o quadro que se segue:


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       Quadro 1: Nível de Instrução e Taxa de Analfabetismo da População de Vendas Novas




Apesar de pouco actualizados, estes são os dados mais recentes, disponíveis, uma vez
que os dados relativos aos CENSOS 2011 não estão ainda disponíveis. No entanto, o
quadro permite-nos verificar que 23% da população não possui qualquer nível de
ensino, 28,7% possui o 1º ciclo completo, só 6,7% da população tem o ensino
secundário completo, apenas 7,5 da população chegou ao ensino superior e a taxa de
analfabetismo é ainda de 13%. São, sem dúvida, dados preocupantes. No entanto, estes
níveis são ainda mais preocupantes se tivermos em conta apenas a população adulta do
concelho, onde os níveis de escolaridade são ainda mais baixos.

Em 2006, com a criação do Centro Novas Oportunidades (CNO), deu-se a abertura da
escola a toda a comunidade, pois apesar de sempre ter tido ensino de adultos, o número
de alunos era residual, a adesão à Iniciativa Novas Oportunidades proporcionou a
centenas de adultos uma oportunidade de retomarem percursos formativos. Por outro
lado, teve também o mérito de ter atraído à escola indivíduos que há muito tinham
desistido de aumentar as suas qualificações escolares.

Passados cinco anos sobre a sua criação, o CNO da Escola Secundária de Vendas Novas
tem acolhido, encaminhado e certificado centenas de indivíduos, como mostra o quadro
que se segue:




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Quadro2:Resultados CNO de Maio 2006 a Setembro 2011 (Inscritos, Encaminhados e Certificados)

                            Estado                                        Nº Adultos
 Inscritos                                                                  1661
 Em Processo                                                                 100
 Encaminhados para outras ofertas                                            332
 Certificados RVCC (total + parcial)                                         546
                                              Fonte: SIGO 09/2011

Pela análise do quadro, verifica-se que o CNO tem tido, desde 2006, um papel
importantíssimo no que diz respeito à captação de público adulto, continuando a
desenvolver esforços para captar público, lutando contra a resistência da população que
ainda não procurou aumentar as suas qualificações.

Na maioria dos casos, a passagem pelo Centro Novas Oportunidades deixa marcas
indeléveis nos candidatos, que se redescobrem e reconstroem como indivíduos e como
aprendentes, redefinindo projectos de vida e de educação aos quais é necessário dar
resposta, como ilustra este testemunho de Teresa (36 anos) quando concluiu a sua
certificação de B3, em 2008 “Depois de concluir o RVCC descobri que todos nascemos
para uma vida verdadeiramente humana. Com isto quero dizer que não temos apenas
direito ao trabalho, à saúde, a uma casa, mas também direito à liberdade para escolher
e aprender”. Teresa obteve, em 2011, o nível secundário e uma carteira profissional,
através da realização de um curso EFA de dupla certificação.

Defensora de uma perspectiva globalizante e alargada sobre a aprendizagem, e tendo em
mente os princípios da aprendizagem ao longo da vida, eneunciados no Memorando
sobre a educação e a formação ao longo da vida (2000), a equipa do Centro Novas
Oportunidades considerou importante oferecer, em articulação com a escola, contextos
de aprendizagem formal, não formal e informal que possibilitassem o envolvimento dos
adultos em experiências de aprendizagem muito diversificadas, visando manter o
estímulo intelectual, a curiosidade e o gosto pela aprendizagem. O exemplo de Teresa,
aqui apresentado, é apenas um entre os muitos casos de sucesso que poderíamos
enumerar.




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Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                     O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

Paralelamente, constatámos que, à semelhança do que acontecia à escala nacional, o
nosso público tinha poucos hábitos de leitura e de escrita, apresentando baixas
qualificações escolares e baixos níveis de literacia. Um estudo realizaodo pela equipa do
CNO, relativo aos adultos certificados em 2009, permitiu-nos concluir que a larga
maioria tinha, como habilitação de partida, o 1º ciclo. Por outro lado, os seus percursos
pessoais e profissionais, na generalidade, não oferecem muitas oportunidades de
contacto com o texto escrito, como confessa Maria, 33 anos, certificada com o nível B3
“Porque já há muito tempo que a gente não pega nos livros, não escreve… Eu tenho
muitos livros em casa, mas... é raro ler, porque o tempo é pouco; escrever, dantes ainda
escrevia uns postais de Natal e isso tudo, agora é tudo por telemóvel…”

       Objectivos
É neste contexto que surge, em 2009, a candidatura ao projecto “Novas Oportunidades a
Ler+”, promovido pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) e pela Agência Nacional para
a Qualificação (ANQ).
O objectivo geral do projecto é a promoção da aproximação dos adultos ao livro e ao
texto escrito em geral, uma vez que optámos por um conceito abrangente e globalizante
de leitura; com vista à melhoria dos níveis de literacia dos candidatos inscritos no CNO.
Podemos, no entanto, elencar alguns objectivos mais específicos, dos quais destacamos:

    A promoção da reflexão sobre a importância da leitura, em vários contextos e
       com múltiplas finalidades;
    A criação de hábitos de leitura e de escrita nos candidatos;
      O aumento da visibilidade à leitura no decorrer dos processos de RVCC;

      O incentivar à leitura, de acordo com o gosto e as competências de leitura dos
       candidatos

       Metodologia
Perante o desafio de elaborar um projecto de promoção do gosto pela leitura, junto do
público adulto, a equipa reuniu e analisou as seguintes questões:
    Como motivar para a leitura adultos pouco escolarizados, com poucos ou
       nenhuns hábitos de leitura e com uma má imagem de si próprios enquanto
       leitores?



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Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                      O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

    Como integrar as actividades no Processo de RVCC, de forma a envolver o
       maior número possível de candidatos e sem “acrescentar complexidade” ao
       processo?
    Como envolver toda a equipa e todas as Áreas de Competência?

Para a elaboração do projecto foi de grande ajuda a brochura Novas Oportunidades a
Ler+, elaborada pelo PNL e distribuída aos CNO que decidiram aderir. O nosso
projecto foi elaborado a partir das linhas orientadoras propostas:
    Criar um ambiente de leitura no CNO;
    Promover dinâmicas de leitura integradas em diversas áreas dos referenciais de
       Competências-Chave;
    Apoiar percursos pessoais de leitura;
    Organizar um acesso regular a bibliotecas e ao uso dos seus recursos.

Enumeram-se, de seguida, algumas actividades que integram o nosso projecto e que se
encontram agrupadas, de acordo com o contexto em que têm lugar:

       Actividades desenvolvidas no âmbito do Processo RVCC
O maior desafio para a equipa foi conseguir integrar actividades de promoção do gosto
pela leitura de forma articulada com e entre as várias áreas de competência. No entanto,
percebeu-se que era possível fazê-lo e assim, de acordo com as recomendaçãoes do
PNL, a promoção do gosto pela leitura é, no nosso CNO transversal a todas as áreas.
Aliás, antes de integrarmos o projecto, já se fazia a promoção do gosto pela leitura, no
entanto, a adesão trouxe-nos a mais-valia de envolver toda a equipa e de passarmos a
agir de forma mais reflexiva e orientada.

Eis alguns exemplos das muitas actividades desenvolvidas e das quais fica um registo
no Portefólio:

    Leitura e discussão de artigos de jornais, revistas, e outros documentos,
       consultados em papel ou em formato digital.
    Pesquisas sobre autores e temas variados, sobretudo realiazados no âmbito da
       área de TIC.
    Reflexões sobre a importância da leitura na vida do candidato.



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                        O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

     Relatos de experiências de leitura.
     Resposta a um questionário sobre hábitos de leitura, que visa consciencializar o
           adulto de que a leitura faz parte do seu quotidiano e de que tem algumas
           competências de leitura, o que é um factor importante para que o adulto queira
           ler mais.
     Visitas às bibliotecas municipal e escolar.

           Actividades desenvolvidas em articulação com a Biblioteca Escolar
A escola Secundária de Vendas Novas dispõe de uma moderna e bem equipada
biblioteca, onde os candidatos podem ter acesso a livros, revistas, jornais, material
audiovisual e equipamento informático. Logo, a biblioteca tem sido um espaço
privilegiado no que respeita à organização e dinamização conjunta de actividades de
leitura:

     Incentivam-se os candidatos a frequentarem a biblioteca, quer inseridos em
           grupos, quer autonomamente, com os mais variados objectivos: pesquisas,
           consultas, leitura de jornais, revistas e livros, requisição de obras e utilização do
           equipamento informático.
     Organizam-se visitas à biblioteca escolar, com sessões de formação de leitores,
           onde os candidatos ficam a conhecer o espaço e as suas valências, aprendem a
           localizar documentos, a procurar, seleccionar e tratar informação.
     Organizam-se oficinas e acções de formação / sensibilização sobre temas
           variados: O Novo Acordo Ortográfico, Referências Bibliográficas, Realização
           de Trabalhos de Pesquisa, Temáticas Ambientais.
     Visualizam-se filmes, seguidos de debate.
     Participa-se na Semana da Leitura, procurando organizar actividades destinadas
           ao público adulto, promovendo actividades intergeracionais: partilha de
           experiências de leitura, divulgação de livros / textos.
     Dinamiza-se um grupo de leitores “Chá com Livros Sénior”. Pelo interesse que
           tem suscitado, pelo impacto que tem tido e pela regularidade com que se realiza,
           o grupo de leitores merece aqui um lugar de destaque. Com efeito, os grupos de
           leitores têm como finalidade a descoberta de diferentes formas de aproximação
           aos livros e à leitura. No nosso caso, um grupo de pessoas reúne-se mensalmente


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             O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

na biblioteca escolar para, de forma informal, falar das suas experiências de
leitura do livro do mês.
Para tornarmos o ambiente mais acolhedor e descontraído, acompanhamos a
conversa com chá e biscoitos. Pretende-se, através dos livros previamente
seleccionados, introduzir temas para discussão ligados à vida e à história de
todos, visando, desta forma, aumentar o prazer de ler, estimular o debate, a
reflexão e a partilha de experiências, proporcionando um espaço de
aprendizagem     informal,   aberto   à   comunidade.      As     reuniões    mensais
complementam-se com a organização de outros eventos relacionados com a
leitura: exposições temáticas, passeios relacionados com autores/livros, sessões
de leitura em grupo, visitais a feiras do livro e encontros com escritores.

Em 2010, as dinamizadoras (coordenadora do CNO e professora bibliotecária)
elaboraram um folheto de divulgação da actividade, explicando o que é um
grupo de leitores, de que se fala, como se participa, que actividades se
desenvolvem e propondo dez títulos, que foram submetidos à aprovação do
grupo, na altura ainda bastande irregular. Privilegiaram-se autores portugueses,
tentando abarcar vários géneros e indo ao encontro dos interesses e das
competências de leitura dos elementos.

Em Setembro de 2010, os resultados eram já visíveis: o grupo tornou-se coeso,
embora sempre aberto a novos membros, a lista de livros para 2011 foi já
elaborada pelo grupo, que integra leitores mais e menos experientes, com
experiências de vida muito distintas, o que o enriquece; tendo-se tornado
também uma forma de ligação ao CNO de adultos que concluiram o seu
processo de RVCC.

Actualmente, o grupo de leitores, que reune mensalmente, conta com a presença
assídua de 8 a 12 elementos e está já a preparar as propostas de leituras para o
próximo ano, pois todos manifestaram vontade de continuar a pertencer ao
grupo. Há a destacar, nesta actividade, a regularidade com que se realiza, e que
tem sido factor determinante para a criação ou melhoria dos hábitos de leitura
dos seus membros, que têm conseguido ler um livro por mês, apesar de não ser




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       condição determinante para participar no grupo, todos querem ler, para poderem
       participar na discussão.

       De acordo com um testemunho de um elemento da equipa do Plano Nacional de
       Leitura, Drª Paula Luís, o nosso Chá Com Livros (Sénior), divulgado na Página
       do PNL, foi inspirador para muitos outros CNO, que criaram também grupos de
       leitores.

       Actividades desenvolvidas em articulação com a Biblioteca Municipal
À semelhança do que acontece com a biblioteca escolar, também a Biblioteca Municipal
de Vendas Novas é nosso parceiro no projecto “Novas oportunidades a Ler+”. Trata-se
de um equipamento cultural de elevado interesse, que, regra geral, não é devidadmente
aproveitado pelos cidadãos.
De entre as actividades planificadas e desenvolvidas em colaboração com a biblioteca
Municipal, destacamos a visita guiada feita por todos os cidadãos que iniciam processos
de RVCC, durante a qual, os que ainda não têm cartão de leitor, procedem à sua
inscrição. Esta visita é devidamente preparada pela equipa, que elabora um guião
destinado a orientar o adulto na elaboração de uma reflexão que será mais tarde
colocada no PRA.

Há depois um conjunto de actividades que incluem a apresentação de livros, o encontro
com escritores, as sessões de leitura e a comemoração de efemérides, que são também
desenvolvidas em colaboração com esta biblioteca.

No entanto, estamos cientes de que há ainda um longo caminho a percorrer, pois uma
grande percentagem dos candidatos continua a ter a ideia, errada, de que a biblioteca é
quase exclusivamente para o público infantil.

       Outras actividades
O CNO desenvolve ainda um conjunto de actividades que são transversais e que, por
isso, não se enquadram nas secções anteriores, das quais salientamos:
     Criação do canto da leitura no CNO
        Uma zona da sala de trabalho da equipa foi decorada com imagens e textos
        relacionados com os livros e com a leitura. É também nesse espaço que existe
        uma “Mesa de Livros”, destinada à partilha de livros entre os elementos da


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               O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

   equipa e os adultos. É nesse espaço que os candidatos recebem apoio
   individualizado quando se dirigem ao CNO.
 Dinamização do blogue Companhia dos Livros
   Disponível em companhiadlivros.blogspot.com, o blogue foi criado com o
   objectivo de apoiar o desenvolvimento das actividades do CNO, na área da
   promoção do gosto pela leitura. Tem sido dinamizado, essencialmente, pela
   equipa. Pensamos, no entanto, que seria importante, de futuro, conseguir
   motivar os adultos para uma participação mais activa no blogue, o que até à
   data ainda não aconteceu, provavelmente porque o público-alvo tem poucas
   competências informáticas.
 Participação nos Jogos Florais Inter-escolas.
  Trata-se de um concurso de escrita, com alguma tradição no concelho, uma vez
  que vai para a sua VIII edição. Envolve todas as escolas de Vendas Novas e
  tinha cinco escalões, que reflectiam os vários níveis de ensino das escolas.
  Por sugestão da equipa do CNO, o concurso, em 2010, passou a ter mais um
  escalão, destinado ao público adulto da escola. A criação deste escalão surgiu da
  constatação de que alguns candidatos já tinham ou desenvolveram durante o
  processo, hábitos de escrita, que seria importante valorizar e estimular. Por outro
  lado, a inclusão do 6º escalão reflecte também o que é, hoje, a Escola Secundária
  de Vendas Novas, onde a população adulta quase iguala, em número a
  população jovem.
  Merece especial destaque o aumento do número de trabalhos a concurso em
  2011 (17), relativamente a 2010 (4); em grande parte, fruto do empenho da
  equipa em estimular a participação. Os concorrentes participaram, com muito
  agrado, na cerimónia de entrega de prémios e no Sarau “Aconteceu…”
  organizado pela Biblioteca Escolar.

 Oficinas de Escrita
  Fruto de algumas oficinas de escrita que têm sido realizadas e do incentivo que
  tem sido dado aos adultos, o CNO tem já uma boa colecção de textos, que estão
  a ser revistos e organizados visando uma possível publicação.




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     Espaço da Escrita
       Foi criado, no Boletim do CNO, uma secção designada “Espaço da Escrita”,
       destinada à divulgação de textos dos candidatos.

     Elaboração de listas de livros
       Tendo em conta as competências de leitura e as características dos leitores, o
       CNO elabora listas de livros, que distribui aos candidatos, com o objectivo de
       apoiar percursos individuais de leitura.

       Divulgação e Disseminação de boas práticas
A divulgação do projecto e a disseminação de boas práticas e de resultados tem sido
uma preocupação da coordenadora do projecto, em especial, mas que se alarga à equipa,
que, progressivamente, vai tendo um maior envolvimento no projecto.
No que concerne à divulgação das actividades, nomeadamente daquelas que são abertas
à comunidade, a divulgação é feita através de:

     Cartazes e desdobráveis
     Boletim trimestral do CNO
     Rádio local
     Portal do PNL
     Página da Direcção Regional de Educação do Alentejo.

Relativamente à forma como se tem procedido à disseminação de boas práticas e de
resultados do projecto, há a salientar que o CNO tem sido considerado, por entidades e
por outros CNO, um exemplo de boas práticas no que concerne ao desenvolvimento do
Projecto NO a Ler+, pelo que tem sido convidado, com regularidade, a apresentar
comunicações ou a participar em encontros, seminários e conferências, das quais
destacamos:

    Conferência Internacional “Centros Novas Oportunidades:Passaporte Para O
       Futuro”, Leiria, 2011
    Encontro Técnicos Novas Oportunidades a Ler+, Alcáçovas, 2011
    Encontro Novas Oportunidades a Ler+, Évora, 2011-10-02
    Encontro Novas Oportunidades a Ler+, Cacilhas 2011-10-02



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                     O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

    IV Encontro CNO, Vendas Novas 2011
Para além destas participações com comunicação, elementos da equipa têm participado
em reuniões de apresentação e de acompanhamento do projecto, promovidas pela
equipa do Plano Nacional de Leitura e/ou por outros CNO. A temática da promoção da
leitura/ literacia tem também integrado os programas dos dois últimos Encontros de
CNO organizados pelo nosso centro.

Finalmente, saliente-se o facto de o projecto ser objecto de estudo de uma investigação
que está a ser realizada sobre o Projecto NO a Ler+, no âmbito de um Curso de
Doutoramento da Universidade de Lisboa.

       Avaliação
A avaliação do projecto é feita de forma contínua e sistemática, com o objectivo de
redifinir estratégias e metodologias que melhor nos ajudem a atingir o nosso objectivo
principal: melhorar os níveis de literacia dos nossos candidatos.
A avaliação é feita através de análise documental dos relatórios da equipa e dos
testemunhos dos candidatos, por exemplo nos Portefólios. São também utilizados
questionários, destinados à equipa e aos participantes nas actividades.

       Resultados
Os resultados começam a ser visíveis, pois são muitos os candidatos que, no fim do
processo de RVCC, referem como mais-valia o facto de terem começado a ler e a
escrever com mais frequência.
A professora bibliotecária referiu o facto de ter aumentado a procura de documentos,
sobretudo livros, por parte do público adulto.

As nossas actividades são, normalmente, objecto de avaliação por parte dos
participantes, mediante o preenchimento de uma ficha de avaliação da actividade. Na
grande maioria dos casos, as actividades têm tido parecer muito favorável do público,
que tem salientado aspectos como o interesse e a pertinência das actividades.

Por outro lado, é também possível avaliar as acções a partir do número de participantes.
regra geral as actividades são muito participadas.




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                          O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

O quadro que se segue, elaborado a partir de relatórios da equipa, permite-nos ter uma
perspectiva das actividades realizadas, do número de adultos envolvidos e ainda do
contexto em que a acção se desenvolveu.

         Quadro 3:Alguns Resultados da Avaliação do Projecto (2010 a Junho 2011)



         Actividades                Adultos envolvidos               Contexto            Observações
 Pesquisas sobre poetas                       65               FC: TIC (B2, B3)      Tarefa realizada com
 portugueses
                                                                                     interesse e empenho
 Leitura de artigos de jornais                63               FC: MV (B1, B2,
 e revistas (análise de
                                                               B3)
 gráficos, tabelas, esquemas)
 eitura e interpretação de                    92               RC.     /FC:     LC
 notícias
                                                               /CLC/ STC
 Leitura e análise de contos e                97               RC./ F.C: LC /        Tarefa feita a partir
 livros de autores portugueses
                                                               CLC                   de um guião
 e estrangeiros
 Leitura de textos utilitários                97               RC./ FC: todas as
                                                               áreas

 Visitas à Biblioteca                         63               Processo RVCC         Grande percentagem
 Municipal
                                                                                     de novos leitores
 Visitas à Biblioteca Escolar                 63               Processo RVCC

 Formação utilizadores                        35               Processo     RVCC
 Biblioteca Escolar.
                                                               Secundário
 Formação sobre temas                 30 (por sessão)          Processo RVCC /       Aberto à comunidade
 variados
                                                               Cursos EFA
 Encontros com escritores             30 (por sessão)          Processo RVCC /       Aberto à comunidade
                                                               Cursos EFA
 Chá com Livros (grupo de           2010             2011      Processo RVCC /       Aberto à comunidade
 leitores) – Sessões mensais
                                     25               12       Cursos EFA
                                    (Por             (Por
                                                                                        15 livros lidos
                                   Sessão)          Sessão)
 Jogos Florais                      2010             2011      Processo RVCC
                                      4               17
                                  Trabalhos        Trabalhos


Tendo em conta que o nosso objectivo é proporcionar aos adultos em processo de
RVCC oportunidades de contacto com o livro e com o texto escrito, indo ao encontro
dos seus interesses e objectivos, parece-nos que temos cumprido a nossa missão.




                                                                                            Página 23 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                   O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

No entanto, estamos cientes de que este é um trabalho de continuidade, que não se
coaduna com actividades pontuais e desarticuladas, mas que exige persistência,
coordenação e continuidade.




                                                                        Página 24 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                     O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




                                       CONCLUSÃO

Pela sua pertinência e pelos resultados alcançados, o Projecto “Novas Oportunidades a
Ler+” irá ter continuidade no nosso Centro Novas Oportunidades, apesar da extinção do
Plano Nacional de Leitura; uma vez que é fundamental continuar a promover o gosto
pela leitura e pela escrita junto da população adulta, não só como forma de melhorar os
níveis de literacia desta faixa etária, mas também como forma de, através da família,
promover o gosto pela leitura junto dos mais novos.

Promover o gosto pela leitura e desenvolver competências de leitura, escrita e
numeracia, em públicos adultos, é especialmente difícil. Há hábitos que estão
enraizados, há também uma auto-imagem muito negativa que o adulto tem de si,
enquanto aprendente e enquanto leitor, que não se altera facilmente. Por outro lado, há
também que ter em conta que um processo de reconhecimento de competências dura
alguns meses, pelo que, aquilo que fazemos é uma sensibilização para a importância da
leitura, tentamos também incutir alguns hábitos de leitura e de escrita, mas se não
houver continuidade, será um trabalho inglório.

Na primeira parte deste trabalho ficou clara a importância da literacia no contexto social
e económico dos nossos dias, ficou também claro que é premente aumentar as
qualificações e melhorar os níveis de literacia daqueles que apresentam níveis mais
baixos e que constituem o nosso público-alvo. Passados dois anos de implementação do
projecto, em fase de elaboração de um novo plano, a análise dos resultados, permite-nos
fazer algumas recomendações:

    Há que intensificar as acções de aproximação ao texto escrito, de acordo com as
       competências do leitor, nomeadamente ao texto jornalístico, informativo e
       pragmático; como forma de aumentar o acesso à informação e melhorar a
       participação cívica.

    As acções do CNO terão de ter continuidade, mesmo após a certificação. O
       Plano de Desenvolvimento Pessoal dos candidatos deve incluir recomendações
       da equipa que apelem ao desenvolvimento de competências de literacia. As



                                                                            Página 25 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                    O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

       bibliotecas - escolar e municipal - deverão incluir, nos seus planos, actividades
       dirigidas a adultos, que deverão incluir a formação de leitores.

    As tecnologias de informação e comunicação (TIC), às quais os nossos
       candidatos, regra geral, aderem com entusiasmo, constituem um excelente
       instrumento de acesso ao conhecimento e à informação. Há que intensificar,
       durante a realização do processo de RVCC, a formação nesta área. É também de
       lamentar a suspensão do Programa E-Oportunidades, que possibilitou a muitos
       adultos inscritos nos CNO a aquisição de computadores.

    Actividades de promoção do gosto pela leitura e pela escrita, abertas à
       comunidade, podem ser elos de ligação do CNO ao candidato, quer depois da
       certificação, quer antes mesmo da inscrição. São também formas de projectar a
       imagem do CNO na comunidade onde está inserido.

    A análise do questionário passado à equipa, evidencia haver ainda necessidade
       de um maior envolvimento de toda a equipa na promoção do gosto pela leitura,
       encarada de forma abrangente.

A análise dos resultados, permite-nos também perspectivar o futuro. Pelo que existem já
alguns planos dos quais destacamos:

    A publicação de um livro de poesia, com trabalhos de adultos dos Centros que
       constituem a Rede de Centros Novas Oportunidades do Alentejo Central;
    A divulgação do projecto “Bookcrossing”, com a criação de um “Ponto
       Bookcrossing”, especialmente dedicado ao público adulto, no CNO
    A candidatura a uma parceria europeia, que permita a partilha e a mobilidade de
       técnicos e de adultos.
    O desenvolvimento de actividades em parceria com outros CNO, sobretudo com
       aqueles com quem já trabalhamos e com os quais nos identificamos, em relação
       a esta temática.
    A valorização e a divulgação de autores locais, com quem os nossos candidatos
       se identifiquem




                                                                          Página 26 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                   O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

De facto, acreditamos que muitos dos cidadãos com quem trabalhamos, hoje, acreditam
que “Ler+ compensa”. É o caso de Maria Roberto, que, a propósito de livros,
confidenciou no seu PRA: “Os livros sempre foram os companheiros silenciosos, mas o
conteúdo da sua leitura fez um ruído permanente na minha vida. Ensinaram-me a ser
livre.”
É também esse o objectivo que perseguimos: contribuir para melhorar as competências
de literacia daqueles que procuram o CNO da Escola Secundária de Vendas,
contribuindo assim para que possam ser cidadãos mais informados e mais activos na sua
participação cívica e, simultâneamente, melhor preparados para os desafios da
sociedade da informação e do conhecimento.




                                                                        Página 27 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                    O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas




                              Referências Bibliográficas




Ávila, Patrícia (2005), A Literacia dos Adultos. Competências-chave na Sociedade do
        Conhecimento, ISCTE, Departamento de Sociologia (tese de doutoramento)
Bell, Daniel (1974), The Coming of Postindustrial Society, Oxford, Blackwell
        Publishers.

Benavente, Ana, Alexandre Rosa, António Firmino da Costa, e Patrícia Ávila (1996), A
       Literacia em Portugal. Resultados de uma Pesquisa Extensiva e Monográfica,
       Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Conselho Nacional de Educação.

Castells, Manuel (1998), O Fim do Milénio. A Era da Informação: Economia,
          Sociedade e Cultura (Vol. III), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.

Comissão Europeia (2000), A Memorandum for Lifelong Learning, Bruxelas, Comissão
        Europeia.

Comissão Europeia (2004b), Key Competences for Lifelong Learning. A European
       Reference Framework. Working Group B “ Key Competences”. Bruxelas
       Obtido em 12 de Agosto de 2011de:
       http://ec.europa.eu/dgs/education_culture/publ/pdf/ll-learning/keycomp_en.pdf

Data Angel Policy Research Incorporated. (2009). A Dimensão Económica da Literacia
       em Portugal: uma análise. Lisboa: Gabinete de Estatística e Planeamento da
       Educação.

Delors, Jacques (1996), Educação, um Tesouro a Descobrir. Relatório para a UNESCO
         da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, Porto, Edições
         ASA.

Enguita, Mariano Fernández (2001), Educar en Tiempos Inciertos, Madrid, Morata.

ESS. (2006). European Social Survey. Obtido em 14 de Agosto de 2011, de European
        Social Survey: http://www.europeansocialsurvey.org/

Giddens, Anthony (1992), As Consequências da Modernidade, Oeiras, Celta Editora.

Gomes, Maria do Carmo (2002), Literacia e Educação de Adultos: Percursos,
       Projectos e Efeitos. Um Estudo de Caso, Instituto de Ciências Sociais da
       Universidade de Lisboa (Tese de Mestrado).

Gomes, Maria do Carmo (2003), "Literexclusão na vida quotidiana", Sociologia,
       Problemas e Práticas, 41, pp. 63-92.


                                                                         Página 28 de 29
Projecto Novas Oportunidades a Ler+
                    O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas


Kessels, Joseph (2001). Learning in organizations: a corporate curriculum for the
         Knowledge economy. Future , 497-506. Obtido em 14 de Agosto 2011, de:
         http://www.kesselssmit.be/files/Artikel_2001_Kessels_Learning_in_organisati
         ons.pdf

OECD e Statistics Canada (2000), Literacy in the Information Age. Final Report of the
       Internacional Adult Literacy Survey, Paris, OECD.

Plano Nacional de Leitura. (s.d.). Novas Oportunidades a Ler+.
        Obtido em 28 de Setembro de 2011, de Plano Nacional de Leitura:
        www.planonacionaldeleitura.gov.pt/novasoportunidades/uploads/brochura_ler_
        compensa.pdf

Veiga, Maria José Alves (2000), Ler ou não ler, eis a questão! – Reflexões sobre a
        leitura em Portugal na viragem do século. Obtido em 15 de Setembro de 2011
        de: www.casadaleitura.org




                                                                         Página 29 de 29

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Projecto Novas Oportunidades a Ler+ - O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas

  • 1. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA ESCOLA SECUNDÁRIA DE VENDAS NOVAS Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas [Trabalho realizado ao abrigo da Portaria Nº 926/2010, de 20 de Setembro] Adélia de Jesus Caetano Ricardo Barbosa Bentes Outubro de 2011
  • 2. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Resumo Estudos recentes têm demonstrado a persistência de níveis de literacia particularmente baixos na população portuguesa, apesar dos esforços que têm vindo a ser feitos para inverter a situação. Novas Oportunidades a Ler+ é um projecto do Plano Nacional de Leitura, desenvolvido em parceria com a Agência Nacional para a Qualificação, que visa apoiar o desenvolvimento do gosto pela leitura junto do público da Iniciativa Novas Oportunidades, com o objectivo de contribuir para a melhoria dos níveis de literacia dos adultos envolvidos na Iniciativa, e, de forma indirecta, dos seus familiares e amigos. O Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Vendas Novas aderiu ao Plano Nacional de Leitura em Setembro de 2009 e tem desenvolvido um conjunto de actividades e iniciativas neste âmbito. Neste trabalho serão apresentados os objectivos, as estratégias e as actividades desenvolvidas pelo Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Vendas Novas no âmbito do projecto Novas Oportunidades a Ler+. Serão também apresentados alguns resultados da avaliação do projecto, relativos aos anos 2010 e 2011, que nos permitem retirar algumas conclusões acerca do impacto do projecto junto dos seus destinatários. Palavras-chave: literacia, promoção da leitura, competências-chave, aprendizagem ao longo da vida, adultos Página 2 de 29
  • 3. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas ÍNDICE Pág. Introdução…………………………………………………………………….. 4 I - Conhecimento e Aprendizagem nas Sociedades Contemporâneas……... 5 II – Desenvolvimento do Projecto Novas Oportunidades a Ler+ no CNO 12 da Escola Secundária de Vendas Novas……………………………………... Conclusões……………………………………………………………………... 25 Referências…………………………………………………………………….. 28 Página 3 de 29
  • 4. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objecto o desenvolvimento do Projecto Novas Oportunidades a Ler+ no Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Vendas Novas, tendo sido realizado ao abrigo da Portaria Nº 926/2010, de 20 de Setembro. Em Setembro de 2009 os Centros Novas Oportunidades foram convidados a apresentarem candidaturas ao projecto, então criado pelo Plano Nacional de Leitura, com a finalidade de aumentar os níveis de literacia da população adulta inscrita nos Centros Novas Oportunidades. Foi sem quaisquer hesitações que a equipa do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas aderiu, uma vez que já desenvolvia várias actividades no âmbito da promoção do gosto pela leitura e pela escrita, junto dos adultos que desenvolviam processos de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências (RVCC), com o objectivo de melhorar os níveis de literacia dos candidatos. Este trabalho reporta-se ao desenvolvimento do projecto durante os anos 2010 e 2011 e constitui-se como uma reflexão, que visa, entre outros objectivos, permitir a redefinição de estratégias e rumos a seguir, contribuir para a reflexão sobre a promoção do gosto pela leitura junto do público adulto, como estratégia para melhorar os níveis de literacia; e ainda dar visibilidade ao (bom) trabalho que toda a equipa do Centro Novas Oportunidades tem desenvolvido, nesta área. No que concerne à estrutura, o trabalho organiza-se em duas partes essenciais. A primeira, com o título Conhecimento e Aprendizagem nas Sociedades Contemporâneas é dedicada à análise teórica e visa, essencialmente, clarificar e relacionar os conceitos de leitura, literacia e competências-chave, no contexto social e económico da sociedade do conhecimento e da informação. A segunda parte é inteiramente dedicada à descrição do projecto. Depois de uma breve contextualização, são apresentados os objectivos, as actividades desenvolvidas, a avaliação e alguns resultados. Segue-se a conclusão onde são feitas algumas recomendações, a partir da análise dos resultados e perspectiva-se o futuro do projecto. Página 4 de 29
  • 5. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas I CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM NAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS Sociedade da informação e do conhecimento A vida contemporânea nas sociedades ocidentais é, segundo alguns investigadores, marcada pela mutação constante, em resultado de rápidas mudanças tecnológicas, económicas, culturais e sociais, que podemos sintetizar referindo a rápida evolução científica e tecnológica, com impacto em muitos domínios da vida do indivíduo; a transição para uma sociedade da informação e do conhecimento; a rápida disseminação da tecnologia pelas áreas da comunicação, do trabalho e da aquisição de conhecimento; o alargamento e a diversificação dos contextos de aprendizagem. Segundo Daniel Bell (1974), na sociedade pós-industrial, não é apenas a economia que se transforma, mas toda a estrutura social. Bell, na interpretação que faz da sociedade pós-industrial, destaca a centralidade do conhecimento, que sempre foi factor importante de desenvolvimento económico, mas que, na sociedade pós-industrial, muda o seu carácter: trata-se do conhecimento teórico, codificado em sistemas abstractos de símbolos, que surge como recurso estratégico e fonte de inovação. Bell, na sua teoria, dá também muito relevo à informação, por ele considerada a principal tecnologia das sociedades pós-industriais. O conhecimento e a informação assumem, assim, um carácter decisivo, afectando o sistema produtivo e os padrões culturais das sociedades e os modos de agir dos sujeitos. O acesso, sem precedentes, ao conhecimento, que pode ser acumulado, partilhado e difundido, graças às tecnologias da informação; torna-o um recurso fundamental. Desigualdades sociais e conhecimento Do ponto de vista económico, criou-se também uma nova ordem, marcada pela globalização dos mercados, com exigências a nível do aumento da competitividade e da flexibilidade, com enormes riscos a nível social. Kessels (2001) defende que a economia se está a transformar na economia do conhecimento, sendo que o factor-chave para o Página 5 de 29
  • 6. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas desenvolvimento é o conhecimento. Neste contexto, a valorização das “competências- chave”, a transferibilidade das competências e a flexibilidade dos trabalhadores são vistas como um meio para o desenvolvimento económico. Importa, no entanto, referir que a informação e o conhecimento encontram-s objectivados, representados simbolicamente pela escrita. Logo, só se tornam recursos centrais nas sociedades em que a capacidade de decifração e produção da informação escrita se generalizem. Se a produção de novos conhecimentos, a reconstrução dos saberes e das competências disponíveis, e o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem dos indivíduos são perspectivados como elementos-chave para enfrentar os desafios do futuro; importa referir que existem profundas desigualdades sociais ao nível da forma como os indivíduos se posicionam face a esses recursos. A alargada difusão das tecnologias da informação não garante, por si só, que todos os indivíduos delas possam vir a beneficiar. Com efeito, nas sociedades e economias actuais, os trabalhadores são desafiados a desenvolverem tarefas cada vez mais complexas, que requerem, da sua parte, competências e capacidades para lidarem com conhecimentos especializados e com informação escrita. O nível de educação formal é geralmente considerado uma das condições básicas que possibilita a transição para a sociedade do conhecimento. No entanto, estudos recentes, dos quais podemos destacar o European Social Suvey (ESS, 2006) têm evidenciado que, na Europa, existe ainda uma grande disparidade no que respeita a níveis de escolarização. A situação tem sido especialmente constrangedora em Portugal, que continua a apresentar dos níveis mais baixos de escolaridade da Europa. Destaca-se também o estudo nacional sobre literacia publicado em 1996 e coordenado por Ana Benavente, cujo objectivo foi analisar de que forma as competências de leitura, escrita e cálculo, e o uso que delas se faz na vida quotidiana; e que permitiu concluir que a maior parte da população se encontrava em níveis baixos e muito baixos de literacia: 79,4% distribuíam-se pelos níveis 0 a 2, com apenas 20,6 nos níveis superiores 3 e 4. Cerca de metade das mulheres situava-se nos níveis 0 e 1, numa posição não muito inferior à dos homens, diferença que, segundo os autores, se deveria provavelmente aos também inferiores níveis de instrução. Página 6 de 29
  • 7. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Para Castells (1998) a ausência de competências para lidar com a sociedade da informação está intrinsecamente ligada com as problemáticas da exclusão social e da “nova pobreza”, do que se depreende a importância de preparar os indivíduos para o uso efectivo das competências básicas de leitura, escrita e cálculo para o processamento de informação escrita na vida quotidiana. Maria do Carmo Gomes (2003) comenta o desfasamento entre a certificação de qualificações escolares e a sua utilização nas várias situações da vida quotidiana demonstrando que a simples quantificação dos que possuem, ou não, títulos de frequência ou conclusão de anos de escolaridade não é suficiente para dar conta do modo como essas competências escolares adquiridas são usadas para o manuseamento da informação escrita. Esta autora investigou um grupo de adultos do ensino básico recorrente numa freguesia de Lisboa, para perceber não só as suas práticas de literacia e os contextos onde estas ocorriam, como as representações que os próprios tinham quanto à valorização de competências, à avaliação que faziam de si próprios e ainda as suas percepções de exclusão derivada da falta de domínio dessas competências (Gomes, 2002). Aliás, a esta autora se deve o conceito de Literexclusão, que traduz a exclusão social, causada pelos baixos níveis de literacia. Desafios da aprendizagem ao longo da vida À medida que a informação e o conhecimento se tornam pedras angulares nas sociedades actuais, novos desafios se colocam aos indivíduos. De facto, o ritmo e a intensidade das mudanças é de tal ordem, que obrigam os indivíduos a enveredarem por processos de aprendizagem ao longo da vida, de forma a conseguirem acompanhar as mudanças que se vão operando. Mariano Enguita (2001), a partir da análise das transformações ocorridas ao nível do ritmo da mudança social, concluiu que nas sociedades modernas, de mudança intrageracional, a maioria da população adulta tem de readaptar-se a novas condições de vida, de trabalho e de sociabilidade. Por contraste ao que acontecia anteriormente, onde à formação inicial se seguia um período de vida activa, onde eram aplicadas as competências adquiridas; actualmente, a formação inicial perde peso para a educação/formação ao longo da vida. Ora, no caso português, em particular, o principal problema reside no facto de as competências, nomeadamente as de literacia, estarem situadas em níveis muito baixos, Página 7 de 29
  • 8. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas sendo elas fundamentais para permitirem que os indivíduos continuem a aprender. Assim, o que se verifica é que os que mais formação têm são os que mais usufruem das oportunidades de aprendizagem, aumentando, desta forma, o fosso relativamente aos que têm menos formação. Cientes das previsíveis graves consequências desta realidade, organismos como a UNESCO (Delors, 1996) e a Comissão Europeia (2000) têm produzido documentos de referência na área da educação/formação de adultos, que evidenciam a centralidade da aprendizagem nas sociedades actuais. Também em Portugal, nos últimos anos, tem sido feito um enorme esforço no sentido de aumentar as qualificações escolares e profissionais dos indivíduos, nomeadamente através da Iniciativa Novas Oportunidades, com o objectivo principal de aumentar os níveis de literacia da população adulta. Literacia e Competências-chave No contexto social já caracterizado, onde a aprendizagem tem lugar em sociedades estruturadas pelo conhecimento e pela informação; a literacia constitui uma competência-chave fundamental, quer para o acesso à informação e ao conhecimento, quer para aprender ao longo da vida, quer ainda na promoção da reflexividade (Giddens, 1992). Valerá então a pena debruçarmo-nos sobre os conceitos de literacia e de competências-chave. No trabalho pioneiro nesta área, que foi A Literacia em Portugal - Resultados de uma Pesquisa Extensiva e Monográfica, publicado em 1996, Ana Benavente propõe um conceito de literacia, que é definida como “as capacidades de processamento de informação escrita na vida quotidiana”. A autora contrapõe ainda este conceito ao de alfabetização, separando-o de escolaridade “ se o conceito de alfabetização traduz o acto de ensinar e de aprender (a leitura, a escrita e o cálculo) um novo conceito – a literacia – traduz a capacidade de usar as competências (ensinadas e aprendidas) de leitura, de escrita e de cálculo” (Benavente, 1996, p.4). Reveste-se também de especial importância, nesta matéria, o estudo Literacy in the Information Age – Final Report of the International Adult Literacy Survey (2000), um estudo comparado de literacia que envolveu 20 países e que permite uma comparação do nível e da distribuição das competências em literacia na população adulta, identificando também alguns dos factores que influenciam o desenvolvimento das suas Página 8 de 29
  • 9. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas competências. Para este trabalho, é também pertinente o conceito de literacia apresentado no estudo: “The ability to understand and employ printed information in daily activities at home, at work and in the comunity – to achieve one‟s goals, and to develop one‟s knowledge and potential”. O estudo em análise evidenciou a existência de diferenças muito significativas entre os 20 países quanto aos níveis de literacia das respectivas populações. Portugal é apresentado como um exemplo de como o nível de escolaridade global da população afecta o desempenho geral em literacia do país, reflectindo, sobretudo, um desempenho mais baixo entre as pessoas que não beneficiaram da frequência do ensino secundário, a grande maioria da população. Por outro lado, o estudo evidenciou também que os níveis de literacia dos pais condicionam, em grande medida, os níveis de escolaridade atingidos pelos filhos. Tendo em conta que os indivíduos com competências limitadas têm poucas possibilidades de terem contacto com actividades / tarefas promotoras de literacia, não é provável que as consigam desenvolver sem ser através de educação e/ou formação. Logo, é extremamente importante que aos adultos portugueses continuem a ser dadas oportunidades de educação/formação variadas, flexíveis e ajustadas às suas necessidades e interesses. Nos últimos anos, tem-se generalizado a utilização dos conceitos de competências e de competências-chave, que têm adquirido uma importância crescente, à medida que têm aumentado os desafios que se colocam aos indivíduos e às organizações nas sociedades actuais. Com efeito, adoptam-se, neste trabalho as definições da Comissão Europeia (2004b), que entende a competência como uma “combinatória de capacidades conhecimentos, aptidões e atitudes apropriadas a situações específicas, requerendo também „a disposição para‟ e „o saber como‟ aprender”. Já a definição de competência-chave é a de “um conjunto articulado, transferível e multifuncional, de conhecimentos, capacidades e atitudes indispensáveis à realização e desenvolvimento individuais, à inclusão social e ao emprego” (Comissão Europeia, 2004b). Podemos, pois, afirmar que os conceitos de literacia e de Competências-Chave estão intrinsecamente ligados e, neste trabalho, têm especial relevo as competências de Página 9 de 29
  • 10. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas literacia, concordando com Patrícia Ávila (2005, p. 499) “literacia não é apenas uma competência-chave (o que poucos contestam), é, além disso, uma competência – chave decisiva para que outras possam ser desenvolvidas.”. De facto, no quadro das sociedades contemporâneas, que, ainda segundo a autora, distinguem-se das anteriores, pela generalização e democratização, sem paralelo, do acesso à leitura e à escrita, e, ao mesmo tempo que a informação escrita prolifera à nossa volta, generaliza-se também o número daqueles que são capazes de a decifrar e a utilizam enquanto recurso e enquanto instrumento, nas várias esferas da sua vida. Leitura e literacia São Luís Castro, citada por Maria José Alves Veiga (2000), afirma que o acto de ler “implica converter um sinal gráfico numa representação linguística fonológica, em que o ponto de partida é puramente arbitrário”(p. 2). Trata-se, pois, de uma actividade que exige uma técnica de descodificação complexa e que carece de aprendizagem. Saber ler, implica, pois, saber compreender, saber negociar sentidos, dentro de uma vasta rede semântica. Logo, exige uma aprendizagem formal, cuidada e motivante. Maria José Alves Veiga (2000) aponta também alguns benefícios de que o leitor poderá vir a usufruir: “Em termos cognitivos, a leitura incrementa as capacidades de percepção, de concentração, de aquisição, de inferência e de interpretação de significados. No seu conjunto, estes factores promovem o crescimento da autonomia, do autoconhecimento, da autoconfiança e do espírito crítico do sujeito, na medida em que este acede a instrumentos facilitadores de um melhor poder de argumentação, esperando-se que esta seja concomitantemente, mais construtiva e positiva (…) A leitura poderá ser igualmente responsável pelo desenvolvimento sociocultural do sujeito, devido a um alargamento dos horizontes culturais e do contacto com novas referências, outros valores, sentimentos e tradições. Assim, as percepções que o leitor tem de si próprio e do mundo serão alargadas e contextualizadas de forma mais sistematizada. (…) a estas vertentes acresce ainda o facto de a leitura concorrer, de igual modo, para o apuramento dos sentidos do indivíduo, nomeadamente, promovendo a formação de uma sensibilidade estética” (pp. 3,4) Página 10 de 29
  • 11. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas A leitura traz, pois, muitos benefícios para o leitor, pelo que será importante que, no decorrer da realização do processo RVCC o candidato tenha a possibilidade de contactar com um elevado número de textos, de caractrísticas variadas e em suportes distintos. Esta primeira parte, dedicada à clarificação de alguns conceitos pertinentes para o projecto, constitui, também, a sustentação teórica que nos orienta e nos guia, diariamente, no desenvolvimento das nossas actividades de promoção do gosto pela leitura e pela escrita, no CNO da Escola Secundária de Vendas Novas. Página 11 de 29
  • 12. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas II Desenvolvimento do Projecto Novas Oportunidades a Ler+ no CNO da Escola Secundária de Vendas Novas O Projecto Novas Oportunidades a Ler+ é um projecto do Plano Nacional de Leitura (PNL) em parceria com a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) destinado a apoiar o desenvolvimento do gosto pela leitura junto do público da Iniciativa Novas Oportunidades. Pretende-se que este projecto possa ser um contributo efectivo para a melhoria dos níveis de literacia da população portuguesa, tornando a leitura transversal ao processo de reconhecimento e validação e certificação de competências, que os adultos realizam no âmbito do Programa Novas Oportunidades, e que lhes permite adquirir, desenvolver e ampliar saberes e competências. Por outro lado, prevê-se também que os adultos envolvidos possam vir a ter um papel importante na promoção da leitura, junto dos seus círculos de familiares e de amigos, contribuindo para desenvolver os níveis de literacia da população em geral. Caracterização do problema Criada em 1975, a Escola Secundária de Vendas Novas (ESVN) tem tido um papel central na vida dos cerca de 12.000 residentes que constituem a população de Vendas Novas (INE, 2007), um pequeno concelho do distrito de Évora, com características especiais, uma vez que constitui, devido à sua localização geográfica,“A Porta do Alentejo”. Vendas Novas foi crescendo graças às várias indústrias que aqui se instalaram, a partir dos anos 60. Ainda hoje, o concelho aposta na indústria, tendo um Parque Industrial com dezenas de empresas que exigem mão-de-obra cada vez mais qualificada. No entanto, os dados relativos aos níveis de escolaridade dos habitantes do concelho, continuam a ser preocupantes, como revela o quadro que se segue: Página 12 de 29
  • 13. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Quadro 1: Nível de Instrução e Taxa de Analfabetismo da População de Vendas Novas Apesar de pouco actualizados, estes são os dados mais recentes, disponíveis, uma vez que os dados relativos aos CENSOS 2011 não estão ainda disponíveis. No entanto, o quadro permite-nos verificar que 23% da população não possui qualquer nível de ensino, 28,7% possui o 1º ciclo completo, só 6,7% da população tem o ensino secundário completo, apenas 7,5 da população chegou ao ensino superior e a taxa de analfabetismo é ainda de 13%. São, sem dúvida, dados preocupantes. No entanto, estes níveis são ainda mais preocupantes se tivermos em conta apenas a população adulta do concelho, onde os níveis de escolaridade são ainda mais baixos. Em 2006, com a criação do Centro Novas Oportunidades (CNO), deu-se a abertura da escola a toda a comunidade, pois apesar de sempre ter tido ensino de adultos, o número de alunos era residual, a adesão à Iniciativa Novas Oportunidades proporcionou a centenas de adultos uma oportunidade de retomarem percursos formativos. Por outro lado, teve também o mérito de ter atraído à escola indivíduos que há muito tinham desistido de aumentar as suas qualificações escolares. Passados cinco anos sobre a sua criação, o CNO da Escola Secundária de Vendas Novas tem acolhido, encaminhado e certificado centenas de indivíduos, como mostra o quadro que se segue: Página 13 de 29
  • 14. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Quadro2:Resultados CNO de Maio 2006 a Setembro 2011 (Inscritos, Encaminhados e Certificados) Estado Nº Adultos Inscritos 1661 Em Processo 100 Encaminhados para outras ofertas 332 Certificados RVCC (total + parcial) 546 Fonte: SIGO 09/2011 Pela análise do quadro, verifica-se que o CNO tem tido, desde 2006, um papel importantíssimo no que diz respeito à captação de público adulto, continuando a desenvolver esforços para captar público, lutando contra a resistência da população que ainda não procurou aumentar as suas qualificações. Na maioria dos casos, a passagem pelo Centro Novas Oportunidades deixa marcas indeléveis nos candidatos, que se redescobrem e reconstroem como indivíduos e como aprendentes, redefinindo projectos de vida e de educação aos quais é necessário dar resposta, como ilustra este testemunho de Teresa (36 anos) quando concluiu a sua certificação de B3, em 2008 “Depois de concluir o RVCC descobri que todos nascemos para uma vida verdadeiramente humana. Com isto quero dizer que não temos apenas direito ao trabalho, à saúde, a uma casa, mas também direito à liberdade para escolher e aprender”. Teresa obteve, em 2011, o nível secundário e uma carteira profissional, através da realização de um curso EFA de dupla certificação. Defensora de uma perspectiva globalizante e alargada sobre a aprendizagem, e tendo em mente os princípios da aprendizagem ao longo da vida, eneunciados no Memorando sobre a educação e a formação ao longo da vida (2000), a equipa do Centro Novas Oportunidades considerou importante oferecer, em articulação com a escola, contextos de aprendizagem formal, não formal e informal que possibilitassem o envolvimento dos adultos em experiências de aprendizagem muito diversificadas, visando manter o estímulo intelectual, a curiosidade e o gosto pela aprendizagem. O exemplo de Teresa, aqui apresentado, é apenas um entre os muitos casos de sucesso que poderíamos enumerar. Página 14 de 29
  • 15. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Paralelamente, constatámos que, à semelhança do que acontecia à escala nacional, o nosso público tinha poucos hábitos de leitura e de escrita, apresentando baixas qualificações escolares e baixos níveis de literacia. Um estudo realizaodo pela equipa do CNO, relativo aos adultos certificados em 2009, permitiu-nos concluir que a larga maioria tinha, como habilitação de partida, o 1º ciclo. Por outro lado, os seus percursos pessoais e profissionais, na generalidade, não oferecem muitas oportunidades de contacto com o texto escrito, como confessa Maria, 33 anos, certificada com o nível B3 “Porque já há muito tempo que a gente não pega nos livros, não escreve… Eu tenho muitos livros em casa, mas... é raro ler, porque o tempo é pouco; escrever, dantes ainda escrevia uns postais de Natal e isso tudo, agora é tudo por telemóvel…” Objectivos É neste contexto que surge, em 2009, a candidatura ao projecto “Novas Oportunidades a Ler+”, promovido pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) e pela Agência Nacional para a Qualificação (ANQ). O objectivo geral do projecto é a promoção da aproximação dos adultos ao livro e ao texto escrito em geral, uma vez que optámos por um conceito abrangente e globalizante de leitura; com vista à melhoria dos níveis de literacia dos candidatos inscritos no CNO. Podemos, no entanto, elencar alguns objectivos mais específicos, dos quais destacamos:  A promoção da reflexão sobre a importância da leitura, em vários contextos e com múltiplas finalidades;  A criação de hábitos de leitura e de escrita nos candidatos;  O aumento da visibilidade à leitura no decorrer dos processos de RVCC;  O incentivar à leitura, de acordo com o gosto e as competências de leitura dos candidatos Metodologia Perante o desafio de elaborar um projecto de promoção do gosto pela leitura, junto do público adulto, a equipa reuniu e analisou as seguintes questões:  Como motivar para a leitura adultos pouco escolarizados, com poucos ou nenhuns hábitos de leitura e com uma má imagem de si próprios enquanto leitores? Página 15 de 29
  • 16. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas  Como integrar as actividades no Processo de RVCC, de forma a envolver o maior número possível de candidatos e sem “acrescentar complexidade” ao processo?  Como envolver toda a equipa e todas as Áreas de Competência? Para a elaboração do projecto foi de grande ajuda a brochura Novas Oportunidades a Ler+, elaborada pelo PNL e distribuída aos CNO que decidiram aderir. O nosso projecto foi elaborado a partir das linhas orientadoras propostas:  Criar um ambiente de leitura no CNO;  Promover dinâmicas de leitura integradas em diversas áreas dos referenciais de Competências-Chave;  Apoiar percursos pessoais de leitura;  Organizar um acesso regular a bibliotecas e ao uso dos seus recursos. Enumeram-se, de seguida, algumas actividades que integram o nosso projecto e que se encontram agrupadas, de acordo com o contexto em que têm lugar: Actividades desenvolvidas no âmbito do Processo RVCC O maior desafio para a equipa foi conseguir integrar actividades de promoção do gosto pela leitura de forma articulada com e entre as várias áreas de competência. No entanto, percebeu-se que era possível fazê-lo e assim, de acordo com as recomendaçãoes do PNL, a promoção do gosto pela leitura é, no nosso CNO transversal a todas as áreas. Aliás, antes de integrarmos o projecto, já se fazia a promoção do gosto pela leitura, no entanto, a adesão trouxe-nos a mais-valia de envolver toda a equipa e de passarmos a agir de forma mais reflexiva e orientada. Eis alguns exemplos das muitas actividades desenvolvidas e das quais fica um registo no Portefólio:  Leitura e discussão de artigos de jornais, revistas, e outros documentos, consultados em papel ou em formato digital.  Pesquisas sobre autores e temas variados, sobretudo realiazados no âmbito da área de TIC.  Reflexões sobre a importância da leitura na vida do candidato. Página 16 de 29
  • 17. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas  Relatos de experiências de leitura.  Resposta a um questionário sobre hábitos de leitura, que visa consciencializar o adulto de que a leitura faz parte do seu quotidiano e de que tem algumas competências de leitura, o que é um factor importante para que o adulto queira ler mais.  Visitas às bibliotecas municipal e escolar. Actividades desenvolvidas em articulação com a Biblioteca Escolar A escola Secundária de Vendas Novas dispõe de uma moderna e bem equipada biblioteca, onde os candidatos podem ter acesso a livros, revistas, jornais, material audiovisual e equipamento informático. Logo, a biblioteca tem sido um espaço privilegiado no que respeita à organização e dinamização conjunta de actividades de leitura:  Incentivam-se os candidatos a frequentarem a biblioteca, quer inseridos em grupos, quer autonomamente, com os mais variados objectivos: pesquisas, consultas, leitura de jornais, revistas e livros, requisição de obras e utilização do equipamento informático.  Organizam-se visitas à biblioteca escolar, com sessões de formação de leitores, onde os candidatos ficam a conhecer o espaço e as suas valências, aprendem a localizar documentos, a procurar, seleccionar e tratar informação.  Organizam-se oficinas e acções de formação / sensibilização sobre temas variados: O Novo Acordo Ortográfico, Referências Bibliográficas, Realização de Trabalhos de Pesquisa, Temáticas Ambientais.  Visualizam-se filmes, seguidos de debate.  Participa-se na Semana da Leitura, procurando organizar actividades destinadas ao público adulto, promovendo actividades intergeracionais: partilha de experiências de leitura, divulgação de livros / textos.  Dinamiza-se um grupo de leitores “Chá com Livros Sénior”. Pelo interesse que tem suscitado, pelo impacto que tem tido e pela regularidade com que se realiza, o grupo de leitores merece aqui um lugar de destaque. Com efeito, os grupos de leitores têm como finalidade a descoberta de diferentes formas de aproximação aos livros e à leitura. No nosso caso, um grupo de pessoas reúne-se mensalmente Página 17 de 29
  • 18. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas na biblioteca escolar para, de forma informal, falar das suas experiências de leitura do livro do mês. Para tornarmos o ambiente mais acolhedor e descontraído, acompanhamos a conversa com chá e biscoitos. Pretende-se, através dos livros previamente seleccionados, introduzir temas para discussão ligados à vida e à história de todos, visando, desta forma, aumentar o prazer de ler, estimular o debate, a reflexão e a partilha de experiências, proporcionando um espaço de aprendizagem informal, aberto à comunidade. As reuniões mensais complementam-se com a organização de outros eventos relacionados com a leitura: exposições temáticas, passeios relacionados com autores/livros, sessões de leitura em grupo, visitais a feiras do livro e encontros com escritores. Em 2010, as dinamizadoras (coordenadora do CNO e professora bibliotecária) elaboraram um folheto de divulgação da actividade, explicando o que é um grupo de leitores, de que se fala, como se participa, que actividades se desenvolvem e propondo dez títulos, que foram submetidos à aprovação do grupo, na altura ainda bastande irregular. Privilegiaram-se autores portugueses, tentando abarcar vários géneros e indo ao encontro dos interesses e das competências de leitura dos elementos. Em Setembro de 2010, os resultados eram já visíveis: o grupo tornou-se coeso, embora sempre aberto a novos membros, a lista de livros para 2011 foi já elaborada pelo grupo, que integra leitores mais e menos experientes, com experiências de vida muito distintas, o que o enriquece; tendo-se tornado também uma forma de ligação ao CNO de adultos que concluiram o seu processo de RVCC. Actualmente, o grupo de leitores, que reune mensalmente, conta com a presença assídua de 8 a 12 elementos e está já a preparar as propostas de leituras para o próximo ano, pois todos manifestaram vontade de continuar a pertencer ao grupo. Há a destacar, nesta actividade, a regularidade com que se realiza, e que tem sido factor determinante para a criação ou melhoria dos hábitos de leitura dos seus membros, que têm conseguido ler um livro por mês, apesar de não ser Página 18 de 29
  • 19. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas condição determinante para participar no grupo, todos querem ler, para poderem participar na discussão. De acordo com um testemunho de um elemento da equipa do Plano Nacional de Leitura, Drª Paula Luís, o nosso Chá Com Livros (Sénior), divulgado na Página do PNL, foi inspirador para muitos outros CNO, que criaram também grupos de leitores. Actividades desenvolvidas em articulação com a Biblioteca Municipal À semelhança do que acontece com a biblioteca escolar, também a Biblioteca Municipal de Vendas Novas é nosso parceiro no projecto “Novas oportunidades a Ler+”. Trata-se de um equipamento cultural de elevado interesse, que, regra geral, não é devidadmente aproveitado pelos cidadãos. De entre as actividades planificadas e desenvolvidas em colaboração com a biblioteca Municipal, destacamos a visita guiada feita por todos os cidadãos que iniciam processos de RVCC, durante a qual, os que ainda não têm cartão de leitor, procedem à sua inscrição. Esta visita é devidamente preparada pela equipa, que elabora um guião destinado a orientar o adulto na elaboração de uma reflexão que será mais tarde colocada no PRA. Há depois um conjunto de actividades que incluem a apresentação de livros, o encontro com escritores, as sessões de leitura e a comemoração de efemérides, que são também desenvolvidas em colaboração com esta biblioteca. No entanto, estamos cientes de que há ainda um longo caminho a percorrer, pois uma grande percentagem dos candidatos continua a ter a ideia, errada, de que a biblioteca é quase exclusivamente para o público infantil. Outras actividades O CNO desenvolve ainda um conjunto de actividades que são transversais e que, por isso, não se enquadram nas secções anteriores, das quais salientamos:  Criação do canto da leitura no CNO Uma zona da sala de trabalho da equipa foi decorada com imagens e textos relacionados com os livros e com a leitura. É também nesse espaço que existe uma “Mesa de Livros”, destinada à partilha de livros entre os elementos da Página 19 de 29
  • 20. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas equipa e os adultos. É nesse espaço que os candidatos recebem apoio individualizado quando se dirigem ao CNO.  Dinamização do blogue Companhia dos Livros Disponível em companhiadlivros.blogspot.com, o blogue foi criado com o objectivo de apoiar o desenvolvimento das actividades do CNO, na área da promoção do gosto pela leitura. Tem sido dinamizado, essencialmente, pela equipa. Pensamos, no entanto, que seria importante, de futuro, conseguir motivar os adultos para uma participação mais activa no blogue, o que até à data ainda não aconteceu, provavelmente porque o público-alvo tem poucas competências informáticas.  Participação nos Jogos Florais Inter-escolas. Trata-se de um concurso de escrita, com alguma tradição no concelho, uma vez que vai para a sua VIII edição. Envolve todas as escolas de Vendas Novas e tinha cinco escalões, que reflectiam os vários níveis de ensino das escolas. Por sugestão da equipa do CNO, o concurso, em 2010, passou a ter mais um escalão, destinado ao público adulto da escola. A criação deste escalão surgiu da constatação de que alguns candidatos já tinham ou desenvolveram durante o processo, hábitos de escrita, que seria importante valorizar e estimular. Por outro lado, a inclusão do 6º escalão reflecte também o que é, hoje, a Escola Secundária de Vendas Novas, onde a população adulta quase iguala, em número a população jovem. Merece especial destaque o aumento do número de trabalhos a concurso em 2011 (17), relativamente a 2010 (4); em grande parte, fruto do empenho da equipa em estimular a participação. Os concorrentes participaram, com muito agrado, na cerimónia de entrega de prémios e no Sarau “Aconteceu…” organizado pela Biblioteca Escolar.  Oficinas de Escrita Fruto de algumas oficinas de escrita que têm sido realizadas e do incentivo que tem sido dado aos adultos, o CNO tem já uma boa colecção de textos, que estão a ser revistos e organizados visando uma possível publicação. Página 20 de 29
  • 21. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas  Espaço da Escrita Foi criado, no Boletim do CNO, uma secção designada “Espaço da Escrita”, destinada à divulgação de textos dos candidatos.  Elaboração de listas de livros Tendo em conta as competências de leitura e as características dos leitores, o CNO elabora listas de livros, que distribui aos candidatos, com o objectivo de apoiar percursos individuais de leitura. Divulgação e Disseminação de boas práticas A divulgação do projecto e a disseminação de boas práticas e de resultados tem sido uma preocupação da coordenadora do projecto, em especial, mas que se alarga à equipa, que, progressivamente, vai tendo um maior envolvimento no projecto. No que concerne à divulgação das actividades, nomeadamente daquelas que são abertas à comunidade, a divulgação é feita através de:  Cartazes e desdobráveis  Boletim trimestral do CNO  Rádio local  Portal do PNL  Página da Direcção Regional de Educação do Alentejo. Relativamente à forma como se tem procedido à disseminação de boas práticas e de resultados do projecto, há a salientar que o CNO tem sido considerado, por entidades e por outros CNO, um exemplo de boas práticas no que concerne ao desenvolvimento do Projecto NO a Ler+, pelo que tem sido convidado, com regularidade, a apresentar comunicações ou a participar em encontros, seminários e conferências, das quais destacamos:  Conferência Internacional “Centros Novas Oportunidades:Passaporte Para O Futuro”, Leiria, 2011  Encontro Técnicos Novas Oportunidades a Ler+, Alcáçovas, 2011  Encontro Novas Oportunidades a Ler+, Évora, 2011-10-02  Encontro Novas Oportunidades a Ler+, Cacilhas 2011-10-02 Página 21 de 29
  • 22. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas  IV Encontro CNO, Vendas Novas 2011 Para além destas participações com comunicação, elementos da equipa têm participado em reuniões de apresentação e de acompanhamento do projecto, promovidas pela equipa do Plano Nacional de Leitura e/ou por outros CNO. A temática da promoção da leitura/ literacia tem também integrado os programas dos dois últimos Encontros de CNO organizados pelo nosso centro. Finalmente, saliente-se o facto de o projecto ser objecto de estudo de uma investigação que está a ser realizada sobre o Projecto NO a Ler+, no âmbito de um Curso de Doutoramento da Universidade de Lisboa. Avaliação A avaliação do projecto é feita de forma contínua e sistemática, com o objectivo de redifinir estratégias e metodologias que melhor nos ajudem a atingir o nosso objectivo principal: melhorar os níveis de literacia dos nossos candidatos. A avaliação é feita através de análise documental dos relatórios da equipa e dos testemunhos dos candidatos, por exemplo nos Portefólios. São também utilizados questionários, destinados à equipa e aos participantes nas actividades. Resultados Os resultados começam a ser visíveis, pois são muitos os candidatos que, no fim do processo de RVCC, referem como mais-valia o facto de terem começado a ler e a escrever com mais frequência. A professora bibliotecária referiu o facto de ter aumentado a procura de documentos, sobretudo livros, por parte do público adulto. As nossas actividades são, normalmente, objecto de avaliação por parte dos participantes, mediante o preenchimento de uma ficha de avaliação da actividade. Na grande maioria dos casos, as actividades têm tido parecer muito favorável do público, que tem salientado aspectos como o interesse e a pertinência das actividades. Por outro lado, é também possível avaliar as acções a partir do número de participantes. regra geral as actividades são muito participadas. Página 22 de 29
  • 23. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas O quadro que se segue, elaborado a partir de relatórios da equipa, permite-nos ter uma perspectiva das actividades realizadas, do número de adultos envolvidos e ainda do contexto em que a acção se desenvolveu. Quadro 3:Alguns Resultados da Avaliação do Projecto (2010 a Junho 2011) Actividades Adultos envolvidos Contexto Observações Pesquisas sobre poetas 65 FC: TIC (B2, B3) Tarefa realizada com portugueses interesse e empenho Leitura de artigos de jornais 63 FC: MV (B1, B2, e revistas (análise de B3) gráficos, tabelas, esquemas) eitura e interpretação de 92 RC. /FC: LC notícias /CLC/ STC Leitura e análise de contos e 97 RC./ F.C: LC / Tarefa feita a partir livros de autores portugueses CLC de um guião e estrangeiros Leitura de textos utilitários 97 RC./ FC: todas as áreas Visitas à Biblioteca 63 Processo RVCC Grande percentagem Municipal de novos leitores Visitas à Biblioteca Escolar 63 Processo RVCC Formação utilizadores 35 Processo RVCC Biblioteca Escolar. Secundário Formação sobre temas 30 (por sessão) Processo RVCC / Aberto à comunidade variados Cursos EFA Encontros com escritores 30 (por sessão) Processo RVCC / Aberto à comunidade Cursos EFA Chá com Livros (grupo de 2010 2011 Processo RVCC / Aberto à comunidade leitores) – Sessões mensais 25 12 Cursos EFA (Por (Por 15 livros lidos Sessão) Sessão) Jogos Florais 2010 2011 Processo RVCC 4 17 Trabalhos Trabalhos Tendo em conta que o nosso objectivo é proporcionar aos adultos em processo de RVCC oportunidades de contacto com o livro e com o texto escrito, indo ao encontro dos seus interesses e objectivos, parece-nos que temos cumprido a nossa missão. Página 23 de 29
  • 24. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas No entanto, estamos cientes de que este é um trabalho de continuidade, que não se coaduna com actividades pontuais e desarticuladas, mas que exige persistência, coordenação e continuidade. Página 24 de 29
  • 25. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas CONCLUSÃO Pela sua pertinência e pelos resultados alcançados, o Projecto “Novas Oportunidades a Ler+” irá ter continuidade no nosso Centro Novas Oportunidades, apesar da extinção do Plano Nacional de Leitura; uma vez que é fundamental continuar a promover o gosto pela leitura e pela escrita junto da população adulta, não só como forma de melhorar os níveis de literacia desta faixa etária, mas também como forma de, através da família, promover o gosto pela leitura junto dos mais novos. Promover o gosto pela leitura e desenvolver competências de leitura, escrita e numeracia, em públicos adultos, é especialmente difícil. Há hábitos que estão enraizados, há também uma auto-imagem muito negativa que o adulto tem de si, enquanto aprendente e enquanto leitor, que não se altera facilmente. Por outro lado, há também que ter em conta que um processo de reconhecimento de competências dura alguns meses, pelo que, aquilo que fazemos é uma sensibilização para a importância da leitura, tentamos também incutir alguns hábitos de leitura e de escrita, mas se não houver continuidade, será um trabalho inglório. Na primeira parte deste trabalho ficou clara a importância da literacia no contexto social e económico dos nossos dias, ficou também claro que é premente aumentar as qualificações e melhorar os níveis de literacia daqueles que apresentam níveis mais baixos e que constituem o nosso público-alvo. Passados dois anos de implementação do projecto, em fase de elaboração de um novo plano, a análise dos resultados, permite-nos fazer algumas recomendações:  Há que intensificar as acções de aproximação ao texto escrito, de acordo com as competências do leitor, nomeadamente ao texto jornalístico, informativo e pragmático; como forma de aumentar o acesso à informação e melhorar a participação cívica.  As acções do CNO terão de ter continuidade, mesmo após a certificação. O Plano de Desenvolvimento Pessoal dos candidatos deve incluir recomendações da equipa que apelem ao desenvolvimento de competências de literacia. As Página 25 de 29
  • 26. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas bibliotecas - escolar e municipal - deverão incluir, nos seus planos, actividades dirigidas a adultos, que deverão incluir a formação de leitores.  As tecnologias de informação e comunicação (TIC), às quais os nossos candidatos, regra geral, aderem com entusiasmo, constituem um excelente instrumento de acesso ao conhecimento e à informação. Há que intensificar, durante a realização do processo de RVCC, a formação nesta área. É também de lamentar a suspensão do Programa E-Oportunidades, que possibilitou a muitos adultos inscritos nos CNO a aquisição de computadores.  Actividades de promoção do gosto pela leitura e pela escrita, abertas à comunidade, podem ser elos de ligação do CNO ao candidato, quer depois da certificação, quer antes mesmo da inscrição. São também formas de projectar a imagem do CNO na comunidade onde está inserido.  A análise do questionário passado à equipa, evidencia haver ainda necessidade de um maior envolvimento de toda a equipa na promoção do gosto pela leitura, encarada de forma abrangente. A análise dos resultados, permite-nos também perspectivar o futuro. Pelo que existem já alguns planos dos quais destacamos:  A publicação de um livro de poesia, com trabalhos de adultos dos Centros que constituem a Rede de Centros Novas Oportunidades do Alentejo Central;  A divulgação do projecto “Bookcrossing”, com a criação de um “Ponto Bookcrossing”, especialmente dedicado ao público adulto, no CNO  A candidatura a uma parceria europeia, que permita a partilha e a mobilidade de técnicos e de adultos.  O desenvolvimento de actividades em parceria com outros CNO, sobretudo com aqueles com quem já trabalhamos e com os quais nos identificamos, em relação a esta temática.  A valorização e a divulgação de autores locais, com quem os nossos candidatos se identifiquem Página 26 de 29
  • 27. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas De facto, acreditamos que muitos dos cidadãos com quem trabalhamos, hoje, acreditam que “Ler+ compensa”. É o caso de Maria Roberto, que, a propósito de livros, confidenciou no seu PRA: “Os livros sempre foram os companheiros silenciosos, mas o conteúdo da sua leitura fez um ruído permanente na minha vida. Ensinaram-me a ser livre.” É também esse o objectivo que perseguimos: contribuir para melhorar as competências de literacia daqueles que procuram o CNO da Escola Secundária de Vendas, contribuindo assim para que possam ser cidadãos mais informados e mais activos na sua participação cívica e, simultâneamente, melhor preparados para os desafios da sociedade da informação e do conhecimento. Página 27 de 29
  • 28. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Referências Bibliográficas Ávila, Patrícia (2005), A Literacia dos Adultos. Competências-chave na Sociedade do Conhecimento, ISCTE, Departamento de Sociologia (tese de doutoramento) Bell, Daniel (1974), The Coming of Postindustrial Society, Oxford, Blackwell Publishers. Benavente, Ana, Alexandre Rosa, António Firmino da Costa, e Patrícia Ávila (1996), A Literacia em Portugal. Resultados de uma Pesquisa Extensiva e Monográfica, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Conselho Nacional de Educação. Castells, Manuel (1998), O Fim do Milénio. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura (Vol. III), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. Comissão Europeia (2000), A Memorandum for Lifelong Learning, Bruxelas, Comissão Europeia. Comissão Europeia (2004b), Key Competences for Lifelong Learning. A European Reference Framework. Working Group B “ Key Competences”. Bruxelas Obtido em 12 de Agosto de 2011de: http://ec.europa.eu/dgs/education_culture/publ/pdf/ll-learning/keycomp_en.pdf Data Angel Policy Research Incorporated. (2009). A Dimensão Económica da Literacia em Portugal: uma análise. Lisboa: Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação. Delors, Jacques (1996), Educação, um Tesouro a Descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, Porto, Edições ASA. Enguita, Mariano Fernández (2001), Educar en Tiempos Inciertos, Madrid, Morata. ESS. (2006). European Social Survey. Obtido em 14 de Agosto de 2011, de European Social Survey: http://www.europeansocialsurvey.org/ Giddens, Anthony (1992), As Consequências da Modernidade, Oeiras, Celta Editora. Gomes, Maria do Carmo (2002), Literacia e Educação de Adultos: Percursos, Projectos e Efeitos. Um Estudo de Caso, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (Tese de Mestrado). Gomes, Maria do Carmo (2003), "Literexclusão na vida quotidiana", Sociologia, Problemas e Práticas, 41, pp. 63-92. Página 28 de 29
  • 29. Projecto Novas Oportunidades a Ler+ O Caso do CNO da Escola Secundária de Vendas Novas Kessels, Joseph (2001). Learning in organizations: a corporate curriculum for the Knowledge economy. Future , 497-506. Obtido em 14 de Agosto 2011, de: http://www.kesselssmit.be/files/Artikel_2001_Kessels_Learning_in_organisati ons.pdf OECD e Statistics Canada (2000), Literacy in the Information Age. Final Report of the Internacional Adult Literacy Survey, Paris, OECD. Plano Nacional de Leitura. (s.d.). Novas Oportunidades a Ler+. Obtido em 28 de Setembro de 2011, de Plano Nacional de Leitura: www.planonacionaldeleitura.gov.pt/novasoportunidades/uploads/brochura_ler_ compensa.pdf Veiga, Maria José Alves (2000), Ler ou não ler, eis a questão! – Reflexões sobre a leitura em Portugal na viragem do século. Obtido em 15 de Setembro de 2011 de: www.casadaleitura.org Página 29 de 29