Material apresentado na orientação técnica para professores de História dos Anos Finais do Ensino Fundamental, conduzida pela PCNP Cláudia, no Núcleo Pedagógico da DE Leste 4, em 9 de outubro de 2013.
2. Começo de conversa – “O perigo de uma história única”
(Chimamanda
Adichie)
–
disponível
em
https://www.youtube.com/watch?v=wQk17RPuhW8
Dez anos da Lei 10.639/2003 – balanço: dialogando sobre
formação, materiais disponíveis etc.
A Lei 11.645/2008 e a história indígena
As Diretrizes Curriculares Nacionais ERER – necessária
apropriação – leitura das determinações sobre conteúdos,
abordagens, comemoração do 21 de março e do 20 de
novembro, e ressignificação do 13 de maio
3. Blog DE Leste 4 – História Africana
http://deleste4-historiaafricana.zip.net
Em novembro:
Exposição Virtual Consciência Negra
• Inscrição: até 31/10/2013
• Envio de projetos/propostas de trabalho na
escola: até 08/11/2013
• E-mail historia.leste4@bol.com.br
4.
5. INDÍGENAS NO BRASIL
• Até a década de 1970 – índios não foram assimilados, mas
perderam suas peculiaridades culturais. Supunha-se seu
desaparecimento enquanto etnia.
• No entanto, apesar do impacto quase sempre destruidor ou
desestruturador de agentes da sociedade envolvente, muitos
grupos indígenas resistiram, elaboraram estratégias de
convivência. Hoje, há grupos indígenas em quase todos os
estados brasileiros, ocupando áreas que correspondem a
quase 11% do território nacional.
• Mesmo assim, grande parcela da sociedade brasileira ainda
acredita que os índios não têm futuro em nosso país.
• Indígenas, ou índios, sempre no plural – diversidade social,
cultural e histórica.
6. Quem são os índios do Brasil?
Qual seu lugar em nosso Currículo e outros materiais didáticos?
Nos anos 80/90, lia-se o seguinte diagnóstico no livro A temática
indígena na escola (Silva & Grupioni, MEC)
“O Brasil, que vai completar quinhentos anos no ano 2000,
desconhece e ignora a imensa sociodiversidade nativa
contemporânea dos povos indígenas. Não se sabe ao certo sequer
quantos povos nem quantas línguas nativas existem. O
(re)conhecimento ainda que parcial dessa diversidade não
ultrapassa os restritos círculos acadêmicos especializados. Hoje,
um estudante ou um professor que quiser saber algo mais sobre os
índios brasileiros contemporâneos, aqueles que sobraram depois
dos tapuias, tupiniquins e tupinambás, terá muitas dificuldades.”
O que mudou desde então? Os índios continuam sendo pouco
conhecidos? Ainda são muitos os estereótipos veiculados a seu
respeito?
7. Ideias equivocadas associadas, há décadas, aos indígenas:
Imagem do índio genérico – vive nu na mata, mora em
ocas e tabas, cultua Tupã e Jaci e fala tupi. Vivia em paz
entre si e em harmonia com a natureza até a chegada dos
portugueses, em 1500, quando começou seu extermínio.
Os sobreviventes estão deixando de ser índios.
O índio genérico não existe.
Embora remanescentes das populações encontradas pelos
portugueses, as sociedades indígenas não fazem parte
apenas do passado – alguns livros didáticos chegam a
mencionar os índios somente no começo da colonização,
deixando a impressão de que não existem mais.
Isto ainda é comum no material didático que
vocês utilizam?
8. Ideias equivocadas associadas, há décadas, aos indígenas:
Os índios têm história?
Será que, ao aprender a falar português e a escrever, ao
utilizar produtos industrializados como panelas de
alumínio, roupas, relógios, gravadores e filmadoras, esses
povos estariam deixando de ser índios?
É preciso considerar que as culturas indígenas não são
paradas no tempo. Como todas as culturas, vão se
transformando em função de novos acontecimentos e
novas situações.
9. Ideias equivocadas associadas, há décadas, aos indígenas:
Sociedades indígenas pré-cabralinas: qual o seu lugar em
nosso Currículo e em nossos materiais didáticos?
Ao insistir numa história eurocêntrica e desconsiderar a
história do continente americano, as narrativas
veiculadas pelos livros erram por omissão, redução e
simplificação, pois não consideram relevante o processo
histórico local, de milhares de anos.
10. Sem a devida contextualização, os alunos podem ser levados
a ver as sociedades indígenas como algo do passado e, além
disso, como povos inferiores.
Ao jogar os índios no passado e ao omitir sua participação ao
longo da história nacional, não se prepara os alunos para
entenderem a presença indígena no presente, divulgada
pelos meios de comunicação, muito frequentemente em
situações de violência e conflito.
É fundamental registrar a presença indígena, por meio de
organizações e associações de diferentes regiões do país, cada
vez mais qualificada no cenário político nacional e internacional
– lideranças indígenas participam de mesas de negociação com
autoridades, reivindicando escolas, atendimento à saúde e
apoio para projetos econômicos, ou lutando contra propostas de
exploração predatória de seus territórios.
11. Índios na história do Brasil
Tiveram participação essencial nos processos de conquista
e colonização em todas as regiões, embora retratados
como personagens secundários ou como vítimas passivas
de um processo violento.
Sem negar a violência do processo, os indígenas surgem
nas últimas décadas como sujeitos e têm tido sua história
reinterpretada por antropólogos e historiadores. Tornados
invisíveis pela historiografia do século XIX, atualmente
eles crescem em número e se fortalecem politicamente.
12. Séculos XVI ao XX: índios muito presentes e atuantes nos
sertões, vilas, cidades e aldeias. Relação com o colonizador:
“resistência adaptativa” – forjar formas de sobreviver e
garantir melhores condições de vida nas situações em que se
encontravam.
Ex: o uso que os líderes indígenas faziam dos cargos e
títulos que receberam nos aldeamentos, e as consultas ao
Conselho Ultramarino e à Justiça imperial, para garantir o
acesso à terra.
Novas interpretações: cultura e identidade não são vistas
como fixas e imutáveis. Identidades são construções fluidas
– a diversidade é reduzida ao índio genérico, mas em muitos
casos essa identidade genérica é assumida pelos diversos
grupos como instrumento de luta pela garantia de alguns
direitos jurídicos, em diversos momentos da nossa história.
13. INDÍGENAS EM SÃO PAULO – NO PASSADO
Primeiros grupos de caçadores-coletores – há pelo menos 12
mil anos
Os autênticos pioneiros do planalto eram Tapuias – os
Maromomi ou Guarulho, e os Guaianá – não Tupis.
Antecederam os Tupi (Tupiniquim) no local onde se fundou
São Paulo de Piratininga.
4 aldeias mais importantes: Piratininga (Tibiriçá),
Jurubatuba (Kaiobi), Ybirapuera e Ururaí (Piquerobi).
14. INDÍGENAS EM SÃO PAULO – NO PRESENTE
Apenas dois povos que viviam em São Paulo
sobreviveram ao massacre, chegando até os dias de
hoje como povos diferenciados: os Guarani (que os
portugueses também chamavam de Carijós) e os
Kaingang.
Migração de nordestinos:
centenas de famílias
integrantes de vários povos indígenas, principalmente
nos municípios da Grande São Paulo.
No Estado de SP: dezenas de milhares de pessoas.
36 comunidades aldeadas, em terras regularizadas
ou não pela FUNAI.
17. Referências na internet:
Índios na Cidade de São Paulo – Comissão Pró-Índio:
http://www.cpisp.org.br/indios/default.aspx
Instituto Socioambiental:
http://www.socioambiental.org/
http://www.socioambiental.org/pt-br/o-isa/programas/povos-indigenasno-brasil
http://pibmirim.socioambiental.org/