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De sol a sol
Quando fiz sete anos, minha vó Luzia me apontou e disse:
_ Tá na hora dele entrá pra escola.
Minha vendeu a marmita, me comprou cartilha, caderno, lápis e tudo mais, pano para duas camisas brancas, para a calça
azul; só faltou o calçado. Não fez diferença, quase todos os meninos iam de pé no chão.
A escola era uma sala do celeiro, trinta carteiras, a escrivaninha da professora e um quadro negro que tomava a parede
inteira. Dona Carolina vinha da cidade para dar aulas na charrete da fazenda, trazia jornais e a correspondência do patrão.
O filho do campeiro, moleque levado, logo inventou de chamar dona Carolina de “dona Creolina”. Como o nome dele era
Raimundo, ela botou nele o apelido de Viramundo, daí ele parou com aquela besteira.
Para mim a escola foi um tempo bom, eu apreciava ver as letras saírem redondinhas de meu lápis:
_ Fessora, e quando acabar a cartilha?
_ Quando acabar a cartilha você já saberá ler.
_ Vou poder ler Gibi? Histórias em quadrinhos?
_ Vai.
_ O caso é que não tenho dinheiro para comprar.
Toda classe riu, a professora também:
_ Então, no dia em que ler corretamente, trago uma dessas revistinhas para você.
_ Verdade? Promete mesmo?
_ Prometo.
_ Dona Carolina é pra frente!
Foi um tempo bom o da escola, apesar da palavra “carestia” sempre presente nas prosas dos mais velhos, fosse na casa
do vizinho, fosse na nossa.
Acabei o primeiro ano, fiz o segundo e quando estava para lá do meio do terceiro, setembro, com as chuvas e começo das
plantações, uma noite, depois de muito cochichar com Luzia e a mãe triste, vô Juvenal tocou no meu braço e disse:
_ Neguito, amanhã cedo cê vai com nóis pra roça. A carestia... a carestia vai obrigar ocê a trabalhar com a gente. Tenho
muita pena meu filho, mas acabou a folga da escola.
Sentado no degrau da cozinha, o prato de arroz com feijão sobre os joelhos, senti um nó na garganta, uma revolta me
brotar no coração, queria arrebentar em soluços. Na casa do lado, seu Venerando criou coragem, disse para o filho menor, meu
colega de escola:
_ Ocê também Zezinho, amanhã começa a gemer na enxada.
Do lado de cá até me senti melhor: “eu não estou sozinho na minha desgraça”. Olhei para minha vó, na beira do fogão –
coava um café ralo – a mãe a chorar na porta da sala e o avô ali em pé, como a espera de uma palavra amiga.
_ Não tem problema, vô. Não tem problema... respondi, enquanto que o meu peito parecia crescer, cheio de
responsabilidades.
No dia seguinte, o sol nem tinha aparecido e já estávamos a caminho da roça. Manhã orvalhada, dessas que a gente pisa
no capim e sai com a barra da calça molhada. De sol a sol. Desde que o sol nascia até quando ele desaparecia atrás do horizonte,
a gente trabalhava de sol a sol. ( Lucilia de Almeida Prado)
ATIVIDADES
1 – Com a ajuda do dicionário e escreva o melhor
significado para as palavras de acordo com o texto:
Cartilha – _____________________________
Colono – ______________________________
Celeiro – ___________________________
Escrivaninha – ___________________________
Campeiro – _________________________
Creolina – _______________________________
2 – A história é contada por uma pessoa que participa
dos acontecimentos narrados. Quem é o narrador do
texto? ________________________________
3 – Quanto ao personagem principal podemos afirmar que:
( ) Era muito levado.
( ) Morava na cidade.
( ) Gostava de trabalhar.
( ) Queria ler revista em quadrinhos.
4 – Leia a passagem do texto:
“Neguito, amanhã cedo cê vai com nóis pra roça. A carestia... a
carestia vai obrigar ocê a trabalhar com a gente. Tenho muita pena
meu filho, mas acabou a folga da escola.”
Por que Neguito teve que abandonar a escola? ______________
5 – Numere a 2ª coluna fazendo a correspondência com a 1ª coluna da esquerda, de
acordo com as ações realizadas:
1 – Vó Luzia
2 – Mãe
3 – Dona Carolina
4 – Filho do campeiro
5 – Vô Juvenal
6 – Seu Venerando
7 – Os colonos
8 – Neguito
( ) Tirou o filho da escola.
( ) Foi para a escola aos 7 anos.
( ) Tocou no braço de Neguito, dizendo-lhe que
iria para roça.
( ) Na beira do fogão, coava um café ralo.
( ) Comprou cartilha, caderno, lápis e tudo mais
( ) Vinha da cidade para dar aulas.
( ) Chamava dona Carolina de dona “creolina”.
( ) Iam para a roça bem cedinho.
6 – Segundo o texto:
( ) A escola é importante só para
aprender a ler e escrever.
( ) A escola não tem importância
alguma.
( ) A escola é importante, mas a
necessidade de trabalhar é mais forte.
( ) A escola ensina o trabalho da roça.
BICICLETANDO
Numa tarde ensolarada, João e sua mãe saíram a passeio pelas alamedas da
vizinhança em direção à praça. João se divertia pedalando a nova bicicleta que ganhara
de Natal, enquanto sua mãe admirava-o com orgulho.
Lá chegando, a mãe acomodou-se em seu banco predileto enquanto João circulava
animadamente ao redor da praça. Por alguns instantes a mãe não o enxergava, oculto
pelas grandes árvores, mas ficava sossegada, pois conhecia a habilidade de João.
Cada vez que passava pelo banco da mãe, João acenava e ela olhava-o envaidecida.
Depois de passar várias vezes pela mãe, o menino resolveu demonstrar aquilo que
tinha aprendido.
- Olhe, mamãe, estou dirigindo a bicicleta sem uma das mãos!
- Muito bem!
Alguns minutos depois, o filho volta dizendo:
- Mamãe, sem as duas mãos!
E a mãe apreensiva, lhe diz:
- Cuidado, querido, não a deixe embalar na descida.
Mais alguns minutos e ela se vira à direita para vê-lo, vindo em sua direção. Agora,
equilibrando-se sobre a bicicleta:
- Veja, mãe, sem um pé!
E na volta seguinte:
- Mãããeee, sem os dentes!!
Pobre Joãozinho...
1- Marque X na resposta certa:
a) O texto fala sobre:
( ) As aventuras de João com sua bicicleta.
( ) O tombo de João.
( ) A mãe de João.
( ) A vida de João
c) A mãe de João estava apreensiva por que
( ) O menino não queria ir embora.
( ) O menino poderia cair da bicicleta.
( ) O menino tinha desaparecido.
( ) O menino não sabia andar de bicicleta
d) O texto termina dizendo “Pobre Joãozinho” por que
( ) O menino quebrou a perna.
( ) O menino chorou para mãe.
( ) O menino caiu da bicicleta e quebrou os dentes.
e) O nome João é um
substantivo:
( ) próprio
( ) comum
f) A palavra bicicleta é um:
( ) adjetivo
( ) substantivo comum
b) A história acontece:
( ) Numa rua movimentada.
( ) Num parque da cidade.
( ) Numa praça.
( ) Numa vila.
UM MENINO DE SORTE
Pensando bem, o presente melhor que um amigo pode dar a outro é a própria
liberdade!
E, pensando melhor ainda, acho que fui um menino de sorte. Tinha - e tenho –
uma ótima mãe, meu pai foi bom enquanto viveu, e meu avô era, e é legal a beça.
Nunca mentiu pra mim; ele me consolava mas não mentia; ele sempre foi meu
amigo de verdade.
Eu não me importava mais de ficar sozinho. Todas as manhãs eu fazia como o vô
ensinara. Olhava no espelho e dizia para mim mesmo:
- Está um lindo dia, Luís, e eu gosto muito gosto muito de você. Você é legal!
Um dia – agora eu sabia – eu também iria sair por aí, bater minhas asas para
descobrir o mundo. Ele é tão grande, e aquele astronauta disse que ele é azul.
Um mundo azul deve ter muita coisa pra se ver, coisa bonita e coisa feia, coisa
alegre e coisa triste – mas eu aprendera que vive tudo misturado na magia e na
beleza da vida.
Algum dia eu bateria minhas asas... Mas quando chegasse a hora, eu iria saber,
com certeza, como o Vira-Mundo e o outro souberam. E isso não implicaria deixar
de amar minha mãe, meu avô e até mesmo meus viras. Isso significaria apenas...
que eu cresci. Giselda Laporta Nicolelis.
1 – Marque x na resposta correta:
a) O narrador da história é:
( ) Um menino chamado Luís.
( ) O avô chamado Luís.
( ) A mãe do menino Luís.
b) A família do menino era composta por ele, o
avô e a mãe. O que aconteceu com o pai?
( ) Foi embora.
( ) Ele morreu.
( ) Ele viajou.
c) Por que o menino admirava muito o avô?
( ) Porque o avô era briguento.
( ) Porque o avô era amigo e nunca mentiu.
( ) Porque o avô sempre mentia.

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Prova de arte 4b 7 ano (reparado)
 

De sol a sol, a escola e o trabalho

  • 1. De sol a sol Quando fiz sete anos, minha vó Luzia me apontou e disse: _ Tá na hora dele entrá pra escola. Minha vendeu a marmita, me comprou cartilha, caderno, lápis e tudo mais, pano para duas camisas brancas, para a calça azul; só faltou o calçado. Não fez diferença, quase todos os meninos iam de pé no chão. A escola era uma sala do celeiro, trinta carteiras, a escrivaninha da professora e um quadro negro que tomava a parede inteira. Dona Carolina vinha da cidade para dar aulas na charrete da fazenda, trazia jornais e a correspondência do patrão. O filho do campeiro, moleque levado, logo inventou de chamar dona Carolina de “dona Creolina”. Como o nome dele era Raimundo, ela botou nele o apelido de Viramundo, daí ele parou com aquela besteira. Para mim a escola foi um tempo bom, eu apreciava ver as letras saírem redondinhas de meu lápis: _ Fessora, e quando acabar a cartilha? _ Quando acabar a cartilha você já saberá ler. _ Vou poder ler Gibi? Histórias em quadrinhos? _ Vai. _ O caso é que não tenho dinheiro para comprar. Toda classe riu, a professora também: _ Então, no dia em que ler corretamente, trago uma dessas revistinhas para você. _ Verdade? Promete mesmo? _ Prometo. _ Dona Carolina é pra frente! Foi um tempo bom o da escola, apesar da palavra “carestia” sempre presente nas prosas dos mais velhos, fosse na casa do vizinho, fosse na nossa. Acabei o primeiro ano, fiz o segundo e quando estava para lá do meio do terceiro, setembro, com as chuvas e começo das plantações, uma noite, depois de muito cochichar com Luzia e a mãe triste, vô Juvenal tocou no meu braço e disse: _ Neguito, amanhã cedo cê vai com nóis pra roça. A carestia... a carestia vai obrigar ocê a trabalhar com a gente. Tenho muita pena meu filho, mas acabou a folga da escola. Sentado no degrau da cozinha, o prato de arroz com feijão sobre os joelhos, senti um nó na garganta, uma revolta me brotar no coração, queria arrebentar em soluços. Na casa do lado, seu Venerando criou coragem, disse para o filho menor, meu colega de escola: _ Ocê também Zezinho, amanhã começa a gemer na enxada. Do lado de cá até me senti melhor: “eu não estou sozinho na minha desgraça”. Olhei para minha vó, na beira do fogão – coava um café ralo – a mãe a chorar na porta da sala e o avô ali em pé, como a espera de uma palavra amiga. _ Não tem problema, vô. Não tem problema... respondi, enquanto que o meu peito parecia crescer, cheio de responsabilidades. No dia seguinte, o sol nem tinha aparecido e já estávamos a caminho da roça. Manhã orvalhada, dessas que a gente pisa no capim e sai com a barra da calça molhada. De sol a sol. Desde que o sol nascia até quando ele desaparecia atrás do horizonte, a gente trabalhava de sol a sol. ( Lucilia de Almeida Prado) ATIVIDADES 1 – Com a ajuda do dicionário e escreva o melhor significado para as palavras de acordo com o texto: Cartilha – _____________________________ Colono – ______________________________ Celeiro – ___________________________ Escrivaninha – ___________________________ Campeiro – _________________________ Creolina – _______________________________ 2 – A história é contada por uma pessoa que participa dos acontecimentos narrados. Quem é o narrador do texto? ________________________________ 3 – Quanto ao personagem principal podemos afirmar que: ( ) Era muito levado. ( ) Morava na cidade. ( ) Gostava de trabalhar. ( ) Queria ler revista em quadrinhos. 4 – Leia a passagem do texto: “Neguito, amanhã cedo cê vai com nóis pra roça. A carestia... a carestia vai obrigar ocê a trabalhar com a gente. Tenho muita pena meu filho, mas acabou a folga da escola.” Por que Neguito teve que abandonar a escola? ______________ 5 – Numere a 2ª coluna fazendo a correspondência com a 1ª coluna da esquerda, de acordo com as ações realizadas: 1 – Vó Luzia 2 – Mãe 3 – Dona Carolina 4 – Filho do campeiro 5 – Vô Juvenal 6 – Seu Venerando 7 – Os colonos 8 – Neguito ( ) Tirou o filho da escola. ( ) Foi para a escola aos 7 anos. ( ) Tocou no braço de Neguito, dizendo-lhe que iria para roça. ( ) Na beira do fogão, coava um café ralo. ( ) Comprou cartilha, caderno, lápis e tudo mais ( ) Vinha da cidade para dar aulas. ( ) Chamava dona Carolina de dona “creolina”. ( ) Iam para a roça bem cedinho. 6 – Segundo o texto: ( ) A escola é importante só para aprender a ler e escrever. ( ) A escola não tem importância alguma. ( ) A escola é importante, mas a necessidade de trabalhar é mais forte. ( ) A escola ensina o trabalho da roça.
  • 2. BICICLETANDO Numa tarde ensolarada, João e sua mãe saíram a passeio pelas alamedas da vizinhança em direção à praça. João se divertia pedalando a nova bicicleta que ganhara de Natal, enquanto sua mãe admirava-o com orgulho. Lá chegando, a mãe acomodou-se em seu banco predileto enquanto João circulava animadamente ao redor da praça. Por alguns instantes a mãe não o enxergava, oculto pelas grandes árvores, mas ficava sossegada, pois conhecia a habilidade de João. Cada vez que passava pelo banco da mãe, João acenava e ela olhava-o envaidecida. Depois de passar várias vezes pela mãe, o menino resolveu demonstrar aquilo que tinha aprendido. - Olhe, mamãe, estou dirigindo a bicicleta sem uma das mãos! - Muito bem! Alguns minutos depois, o filho volta dizendo: - Mamãe, sem as duas mãos! E a mãe apreensiva, lhe diz: - Cuidado, querido, não a deixe embalar na descida. Mais alguns minutos e ela se vira à direita para vê-lo, vindo em sua direção. Agora, equilibrando-se sobre a bicicleta: - Veja, mãe, sem um pé! E na volta seguinte: - Mãããeee, sem os dentes!! Pobre Joãozinho... 1- Marque X na resposta certa: a) O texto fala sobre: ( ) As aventuras de João com sua bicicleta. ( ) O tombo de João. ( ) A mãe de João. ( ) A vida de João c) A mãe de João estava apreensiva por que ( ) O menino não queria ir embora. ( ) O menino poderia cair da bicicleta. ( ) O menino tinha desaparecido. ( ) O menino não sabia andar de bicicleta d) O texto termina dizendo “Pobre Joãozinho” por que ( ) O menino quebrou a perna. ( ) O menino chorou para mãe. ( ) O menino caiu da bicicleta e quebrou os dentes. e) O nome João é um substantivo: ( ) próprio ( ) comum f) A palavra bicicleta é um: ( ) adjetivo ( ) substantivo comum b) A história acontece: ( ) Numa rua movimentada. ( ) Num parque da cidade. ( ) Numa praça. ( ) Numa vila. UM MENINO DE SORTE Pensando bem, o presente melhor que um amigo pode dar a outro é a própria liberdade! E, pensando melhor ainda, acho que fui um menino de sorte. Tinha - e tenho – uma ótima mãe, meu pai foi bom enquanto viveu, e meu avô era, e é legal a beça. Nunca mentiu pra mim; ele me consolava mas não mentia; ele sempre foi meu amigo de verdade. Eu não me importava mais de ficar sozinho. Todas as manhãs eu fazia como o vô ensinara. Olhava no espelho e dizia para mim mesmo: - Está um lindo dia, Luís, e eu gosto muito gosto muito de você. Você é legal! Um dia – agora eu sabia – eu também iria sair por aí, bater minhas asas para descobrir o mundo. Ele é tão grande, e aquele astronauta disse que ele é azul. Um mundo azul deve ter muita coisa pra se ver, coisa bonita e coisa feia, coisa alegre e coisa triste – mas eu aprendera que vive tudo misturado na magia e na beleza da vida. Algum dia eu bateria minhas asas... Mas quando chegasse a hora, eu iria saber, com certeza, como o Vira-Mundo e o outro souberam. E isso não implicaria deixar de amar minha mãe, meu avô e até mesmo meus viras. Isso significaria apenas... que eu cresci. Giselda Laporta Nicolelis. 1 – Marque x na resposta correta: a) O narrador da história é: ( ) Um menino chamado Luís. ( ) O avô chamado Luís. ( ) A mãe do menino Luís. b) A família do menino era composta por ele, o avô e a mãe. O que aconteceu com o pai? ( ) Foi embora. ( ) Ele morreu. ( ) Ele viajou. c) Por que o menino admirava muito o avô? ( ) Porque o avô era briguento. ( ) Porque o avô era amigo e nunca mentiu. ( ) Porque o avô sempre mentia.