O documento discute as relações comerciais internacionais e o comércio justo. Ele aborda: 1) A história do comércio justo e como ele visa dar mais controle aos produtores sobre seus futuros e receber um preço justo; 2) Os desafios enfrentados pelas redes de comércio justo, como dificuldades de organização e expansão limitada; 3) A necessidade de explorar novas commodities e mercados, além de expandir a participação dos produtores.
1. “Mudar as relações comerciais internacionais de
modo que os produtores em desvantagem possam
obter maior controle sobre seus próprios futuros,
receber um retorno justo e continuo por seus
trabalhos e ter condições dignas de vida através do
desenvolvimento sustentável”
(FairTrade Foundantion, 1999)
2. Abordagem alternativa na forma de lidar com fornecedores
Introduzir “relações sociais igualitárias”
Aumento do nível de consciência
Modificar as relações capitalistas que impulsionam a exploração social e
ecológica do sistema agroindustrial
Questionar a subordinação da agricultura e da alimentação aos princípios de
mercado do capitalismo
Garantir aos produtores estabilidade de receita, condições de trabalho e
inserção no mercado
3. A evolução do consumo na década de 1990
Negociações para práticas mais justas em países de Terceiro Mundo
Crescente interesse da Mídia em questões de comércio justo
Aumento da responsabilidade coorporativa
Aumento do poder do fornecedor no mercado
Conscientização socioambiental do consumidor
4. Visita inicial ao local seguida de visitas anuais realizadas por
fiscais independentes supervisionados pela FLO e IFAT
Relatórios sobre as condições sociais e ambientais
“Fair Trade Premium”
Custos de certificação repassados aos compradores
Participação dos produtores na elaboração de selos
Atender às condições especificadas (trabalho infantil, preço
justo, equidade de gênero, transparência...)
Selos: : Max Havelaar, TransFair e Fairtrade Mark.
5. Democraticamente organizados em associações de pequenos produtores ou
representados por grupos democráticos independentes
Suporte à capacidade organizacional dos produtores – democracia,
transparência e participação
Reforço da habilidade geral das organizações e atendimento de seus membros
Ganhos de oportunidade
Capacidade de negociação com novos clientes
Crescimento da credibilidade organizacional
6. Proteção de florestas e da vida selvagem
Prevenção da erosão e da poluição de corpo d’água
Reduzir o uso de fertilizantes químicos e de pesticidas sintéticos
Proibição de pesticidas e herbicidas específicos
Garantir os direitos coletivos de associação e negociação
Ambiente livre de discriminação
Prover condições mínimas de trabalho
7. Garantia de preço mínimo acima do preço de mercado mas sujeito às suas
flutuações e de contratos longos
Segurança no caso de um colapso do mercado mundial
Incentivo especifico para a produção de orgânicos
Pré-financiamento para produtores (importador financia 60%)
Relação direta e duradoura entre compradores e as associações de produtores
(eliminação de intermediários ou “coyotes”)
Arranjo institucional – órgãos, competência e processo decisório;
8. Organizações envolvidas no Fair Trade dividas em 4 grupos:
Produtores de países do Sul ou em desenvolvimento
Compradores de países do Norte ou desenvolvidos – importadores, varejistas e
atacadistas
“Umbrella bodies” :IFAT, FLO, NEWS (lojas), Fair Trade Federation (associação
de varejistas, atacadistas e produtores), etc. Organização central que coordena e
representa os pequenos produtores, lojas e distribuidores
Supermercados vendem produtos fair trade mesmo não sendo estritamente
"do movimento“; Alguns grupos têm suas próprias "marcas fair trade“
9. Aumento de projetos decorrentes da atividade produtiva
Treinamento e assistência de mercado às famílias
Aumento do nível educacional dos infantes
Estabilidade econômica familiar
Encontro de postos de trabalho locais
Reavivamento da cultura local
Retorno Ambiental
10. Consumidores cada vez mais interessados em compreender os motivos
comerciais considerando questões ecológicas que o afetam diretamente
Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento econômico, que enfatiza
a importância da qualidade ambiental e a conservação dos recursos naturais.
Ideais e morais são revertidas no próprio poder de decisão do consumidor
Símbolos de Consumo Fair Trade
• Apoio da mídia
• Ultraje moral
• Produtos alternativos
• Indulgencias Ecológicas
11. O problema fundamental é a barreira do reconhecimento dos consumidores
sobre as questões ambientais e as questões humanas
O Fair Trade não é amplamente reconhecido pelas organizações dos
supermercados
Exige um comprometimento do consumidor
12. Pesquisas anteriores: Gap entre posicionamento e consumo ->
pequeno Market Share de produtos éticos
Conceito de Fair Trade usado: preço justo para os fazendeiros
produtores de café nos países em desenvolvimento.
13. Parte 1: Para cada um dos oito tipos de café, estipular um valor do preço base (1,87€).
Parte 2: Valores pessoais e características sócio demográficas (idade, gênero, educação)
4 grupos: – Fair-trade lovers: 36% (0,62€)
– Fair-trade likers: 17% (0,32€)
– Flavor lovers: 4% (0,07€)
– Brand lovers: 3% (0,06 €)
Não há como deduzir o Market Share
Parte 2: Estudos anteriores (confirmação):
educação -> consumo ético
Valor atual do prêmio
pelo café Fair Trade:
27% (0,50€)
15. Há um mercado a ser explorado, porém não tão significativo como
apontavam outras pesquisas
Certificação e selos nas marcas atuais
Redução do prêmio pelo café Fair Trade
16. 1) história da produção – no caso o café
2) características das redes de comércio justo
3) certificação e etiquetamento – reinforcement – para controle de
qualidade
4) se há ou não benefícios para produtores, famílias, organizações e
comunidades
5) os principais entraves nas redes de comércio justo.
17. Murray, D.; Raynolds, L. T.; Taylor, Peter Leigh, One Cup at a Time: Poverty Alleviation and Fair Trade Coffee in Latin America, Colorado, March, 2003. p. 4.
18. Quanto maior a organização tanto mais as dificuldades: transparência nos
custos, processo decisório e desconfiança. (Ex.: CEPCO, UCIRI, Majomut, La
Selva, Tzotzilotic, La Voz, APECAFE, Las Colinas, El Sincuyo)
Crescimento lento das redes de “mercado justo” em comparação aos discursos
de “mercado justo”
Europa com maior avanço no consumo consciente e América do Norte
(Estados Unidos e Canadá) em expansão tímida
Baixo conhecimento dos produtores sobre “comércio justo”
Entraves na compreensão de funcionamento das cooperativas – desconfiança,
comprometimento e participação democrática
19. Pouco apoio a novos grupos
Centralização da informação – assimetria de dados entre produtores e líderes;
Conhecimento e comprometimento a longo prazo são fundamentais para a
sobrevivência das organizações de pequenos produtores
20. Muitos pequenos produtores capazes de atender aos padrões não recebem
permissão para participar
Alguns grandes produtores que já obedecem aos padrões sociais e ambientais
não podem participar, devido à ênfase dada a pequenos produtores
Mudanças na abrangência e critérios do Fair Trade estão intimamente ligadas a
o tamanho do mercado, cuja expansão é o maior obstáculo
Há desconfiança acerca de novos membros, pois estes podem estar apenas se
aproveitando dos altos valores na venda de café devido à crise -
há estratégias e políticas para aceitação de novos membros
21. Diminuição dos preços pagos para produtores para expansão do mercado
Cooperativas reclamam do processo de inspeção – sem feedback
Retirada de certificados (La Selva e Tzatzilotic) – mais atenção nas produções
Integração com outros selos-
pode enfraquecer Fair Trade, pois ele possui padrões sociais mais rigorosos
22. Estado não financia diretamente Fair Trade – melhoras na infraestrutura e etc...
Objetivos
das Instituições Estatais não são totalmente compatíveis com objetivos
do Fair Trade -
Excesso de crédito gera dívidas, falta de comprometimento com padrões estabel
ecidos no Fair Trade
Necessidade de diversificação de produtos
23. Explorar produção de novas commodities, não somente café, e em outras
regiões do mundo.
-Identificar as semelhanças e diferenças entre as condições de produção e
venda nas atuais e futuras áreas beneficiadas pelo Fair Trade.
Assim como apontar diferenças entre os mercados Europeu e Norte Americano.
Necessidade de expandir a participação dos produtores nas redes Fair Trade
-Desenvolver workshops envolvendo organizações de produtores do Sul,
FLO, Transfair USA e Canada para fortalecer o diálogo entre o Norte e Sul.
-Treinamentos nas cooperativas, também ajudam a ingressar a mulher nas
atividades da cooperativa
-Incentivar trocas de informações entre produtores do Sul e consumidores,
compradores e outros envolvidos no Fair Trade do Norte.
24. Contatos externos ao sistema de Fair Trade o enfraquecem?
-Ao se tornarem maiores e mais independentes, os grupos de produtores podem até
sair das Umbrellas Bodies e entrar diretamente no mercado normal, uma vez que eles já
tem uma relação e já conhecem os compradores. Isso é criticado pelos compradores do
fair trade mas é positivo pois evidencia o sucesso do programa de fair trade (
fortalecimento dos produtores e sua inserção no mercado) e pois promove uma rotação
entre os produtores participantes do fair trade.
-Contatos diretos com supermercados e casas de café tipo Starbucks –
podem confundir e diluir os padrões impostos pelo Fair Trade
- Novas parcerias com empresas grandes e produtores de café baseadas em
critérios similares ao do Fair Trade, mas fora do sistema do mesmo, podem abrir novos
mercados, mas também destruir a integridade do Fair Trade.
25. O fair trade é melhor que o mercado livre e que o protecionismo?
-Avaliação caso a caso, transações justas=partes equivalentes
Não retarda a passagem dos países de produtor agrícola para transformação
industrial?
Seria possível fair trade em larga escala?
Atravessadores ou “coyotes” – paradoxo da liquidez?
Estado como diminuidor da desconfiança ou promovedor do “livre mercado”
com recolhimento de impostos?
26. Murray, D.; Raynolds, L. T.; Taylor, Peter Leigh, One Cup at a Time: Poverty Alleviation and Fair
Trade Coffee in Latin America (2003), Colorado, March, pp. 01-37.
Ferrie, Jared; Hira, Anil, “Fair Trade: The Key Challenges for Reaching the Mainstream”, Journal of
Business Ethics (2006) 63: 107-118.
Strong, Carolyn, “The Problems of Translating Fair Trade Principles into Consumer Purchase
Behaviour”, Marketing Intelligence & Planning (1997) 15: 32-37.