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DEPRESSÕES NO CRETÁCICO DE SANTO
AMARO DE OEIRAS – PEGADAS OU NÃO?
E.B.I.Dr. Joaquim de Barros
Paço de Arcos
GRUPO DE PALEONTOLOGIA 2013
Reparámos que algumas
depressões / buracos
apresentavam uma forma
semelhante às das
pegadas de dinossáurios
tridáctilos.
Quando uma pegada
está muito bem
definida, não há
dúvidas !
Ou quando uma das
pegadas faz parte, sem
qualquer dúvida, de uma
pista deixada por um
animal quando se
deslocava.
Aqui, nos calcários com 90 milhões de anos (Cretácico superior)
de Santo Amaro, estes buracos não estão muito nítidos, embora
alguns apresentam o aspecto vulgar que observamos em pegadas
tridátilas de dinossáurios.
1. Fazer parte de uma pista
2. Numa mesma camada ocorrem pegadas com dimensões
relativamente homogéneas
3. Reduzida icnodiversidade de pegadas
4. A rocha tem que ter idade apropriada
5. A formação da rocha realizou-se a pequena profundidade
6. A idade da rocha corresponder a um período de
transgressão
7. Fotogrametria de pegada – curvas de nível a distâncias
semelhantes
8. Três dedos visíveis, com o central com comprimento
superior
9. Relativamente com pouca profundidade
10. Direção de progressão dos animais idêntica, mas com
sentidos opostos
11. Presença de um rebordo elevado na margem da pegada
Critérios para que umas depressão
seja considerada como pegada de dinossáurio bípede
ausente presente
1. Fazer parte de uma pista
Numa pista existe uma repetição de pegadas com dimensões
idênticas, que se dispõem repetidamente a distâncias semelhantes
(p – passo e P – passada) e com um ângulo de passo previsível.
Neste nível da praia de Santo Amaro não conseguimos detectar a
presença de uma pista. No máximo, temos duas pegadas (?)
consecutivas do pé esquerdo do produtor.
2. Numa mesma camada ocorrem pegadas com
dimensões relativamente homogéneas
pegada 1 2 3 4 5 6 7 8
compr.
(cm)
55 52 51 66 60 54 46 58
É um mito que sejam frequentes as pegadas de grandes
animais acompanhando as crias (que deixariam pegadas de
pequenas dimensões).
3. Reduzida icnodiversidade de pegadas
As depressões (pegadas?) são
todas tridátilas (ou
funcionalmente tridátilas),
com «calcanhar» alongado
posteriormente.
Todos os seus produtores
teriam sido dinossáurios com
progressão bípede.
Assim, a icnodiversidade presente nesta jazida(?)
seria reduzida, tal como acontece com a grande
maioria das superfícies com pegadas – dois, três
tipos de pegadas, no máximo.
4. A rocha tem que ter idade apropriada
Os calcários de
Santo Amaro
datam do início do
Cretácico superior
– o chamado
Cenomaniano –
com cerca de 90
milhões de anos.
5. A formação da rocha com as depressões realizou-se a pequena profundidade
Os calcários onde observamos estas
depressões são muito finos (calcário
micrítico), duros, com bastantes minerais de
calcite com vestígios de actividade de
invertebrados endobentónicos - tocas e
escavações.
Ter-se-ão formado numa zona interdidal,
com água de baixa profundidade relativa.
Durante uma regressão, com a descida do nível do mar, novas regiões costeiras
ficam expostas e os rios começam a provocar grande erosão nas novas terras
emergentes.
As pegadas produzidas em ocasiões em que o nível do mar está baixo são
facilmente destruídas.
6. A nível mundial, a formação e preservação da grande maioria
das pegadas corresponde a períodos de transgressão.
Quando o nível da água do mar está elevado, os rios que transportam sedimentos
para o mar correm mais devagar e a sua deposição dá-se de forma calma.
As pegadas encontram as melhores condições para ficarem preservadas, quer nas
suas margens, quer nas regiões da foz.
E o Cenomaniano, intervalo de tempo em que estas
eventuais pegadas se terão formado, corresponde a uma
desses longos episódios de transgressão.
7. Fotogrametria de pegadas – curvas de nível a distâncias
semelhantes
Como as pegadas estão
preservadas a três dimensões, se
utilizarmos fotogrametria
podemos analisá-las também na
vertente da profundidade.
A fotogrametria pode auxiliar-nos a
verificar se uma determinada
depressão, é ou não de facto uma
marca de um pé de um
dinossáurio.
Numa pegada (?) de Santo Amaro
as curvas em certos locais
distribuem-se de forma paralela e
noutros não. Concluímos que este
critério não deve estar presente.
As curvas de nível, que unem os
pontos com a mesma profundidade,
numa pegada «verdadeira»
distribuem-se de forma paralela e não
ao acaso.
8. Três dedos bem visíveis, com o central com
comprimento superior – pegadas mesaxónicas.
9. Depressões com pequena
profundidade relativa
A profundidade de uma pegada é, muito mais,
consequência de condições apropriadas do
substrato pisado do que do peso do produtor.
Se o solo estiver demasiado mole, muito
enlameado, as pegadas serão profundas, mas
terão tendência a desaparecerem rapidamente.
10. A direcção de progressão dos animais que deixaram pistas fósseis
num nível é, em muitos casos, a mesma, com os animais deslocando-
se em sentidos opostos.
Isto é interpretado como mostrando que os animais:
1. se aproximavam e retiravam de uma zona húmida
(lago, por exemplo), ou
2. patrulhavam em ambos os sentidos as margens
destas zonas
O diagrama em rosa da
direcção e sentido de
deslocação dos autores de 8
pegadas (?) isoladas mostra
que os animais se dirigiam
quase sempre ou para norte
ou para oeste e sul.
1, 2
6
7
8 N
3 4
11. Presença de um rebordo elevado na margem da
depressão.
Ele é formado pela expulsão da
lama quando o pé pressiona o
substrato.
Mas se o substrato está pouco húmido, pode não existir rebordo
elevado.
1. Fazer parte de uma pista
X
2. Numa mesma camada ocorrem pegadas com dimensões
relativamente homogéneas X
3. Reduzida icnodiversidade de pegadas
X
4. A rocha tem que ter idade apropriada
X
5. A formação da rocha realizou-se a pequena profundidade
X
6. A idade da rocha corresponder a um período de
transgressão X
7. Fotogrametria de pegada – curvas de nível a distâncias
semelhantes X
8. Três dedos visíveis, com o central com comprimento
superior X
9. Relativamente com pouca profundidade
X
10. Direcção de progressão dos animais idêntica, mas com
sentidos opostos ? ?
11. Presença de um rebordo elevado na margem da pegada
X
Critérios para que uma depressão
seja considerada como pegada de dinossáurio bípede
Depressões nos calcários do Cenomaniano do passeio marítimo de Oeiras
ausente presente
Sem distinguirmos entre critérios mais e
menos importantes, uma avaliação global
com base na presença /ausência destes
critérios permite concluir que a amostra
destas depressões pode representar
impressões dos pés de dinossáurios.
Conclusões
1. Esta amostra representa
aparentemente pegadas deixadas por
dinossáurios bípedes, produzindo
impressões funcionalmente tridátilas.
2. Tal como acontece noutras
situações, a má preservação deve ser
devida à erosão a partir do momento
em que as pegadas surgiram à vista.
3. A aplicação destes 11 critérios poderá permitir a descoberta de novas
pegadas.
4. Se esta amostra de depressões representar de facto pegadas de
dinossáurios, elas serão das mais recentes encontradas em Portugal.
E juntam-se às pegadas encontradas na jazida de Carenque, igualmente do
Cenomaniano e também no distrito de Lisboa.

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DEPRESSÕES NO CRETÁCICO DE SANTO AMARO DE OEIRAS – PEGADAS OU NÃO?

  • 1. DEPRESSÕES NO CRETÁCICO DE SANTO AMARO DE OEIRAS – PEGADAS OU NÃO? E.B.I.Dr. Joaquim de Barros Paço de Arcos GRUPO DE PALEONTOLOGIA 2013
  • 2. Reparámos que algumas depressões / buracos apresentavam uma forma semelhante às das pegadas de dinossáurios tridáctilos.
  • 3. Quando uma pegada está muito bem definida, não há dúvidas !
  • 4. Ou quando uma das pegadas faz parte, sem qualquer dúvida, de uma pista deixada por um animal quando se deslocava.
  • 5. Aqui, nos calcários com 90 milhões de anos (Cretácico superior) de Santo Amaro, estes buracos não estão muito nítidos, embora alguns apresentam o aspecto vulgar que observamos em pegadas tridátilas de dinossáurios.
  • 6. 1. Fazer parte de uma pista 2. Numa mesma camada ocorrem pegadas com dimensões relativamente homogéneas 3. Reduzida icnodiversidade de pegadas 4. A rocha tem que ter idade apropriada 5. A formação da rocha realizou-se a pequena profundidade 6. A idade da rocha corresponder a um período de transgressão 7. Fotogrametria de pegada – curvas de nível a distâncias semelhantes 8. Três dedos visíveis, com o central com comprimento superior 9. Relativamente com pouca profundidade 10. Direção de progressão dos animais idêntica, mas com sentidos opostos 11. Presença de um rebordo elevado na margem da pegada Critérios para que umas depressão seja considerada como pegada de dinossáurio bípede ausente presente
  • 7. 1. Fazer parte de uma pista Numa pista existe uma repetição de pegadas com dimensões idênticas, que se dispõem repetidamente a distâncias semelhantes (p – passo e P – passada) e com um ângulo de passo previsível.
  • 8. Neste nível da praia de Santo Amaro não conseguimos detectar a presença de uma pista. No máximo, temos duas pegadas (?) consecutivas do pé esquerdo do produtor.
  • 9. 2. Numa mesma camada ocorrem pegadas com dimensões relativamente homogéneas pegada 1 2 3 4 5 6 7 8 compr. (cm) 55 52 51 66 60 54 46 58 É um mito que sejam frequentes as pegadas de grandes animais acompanhando as crias (que deixariam pegadas de pequenas dimensões).
  • 10. 3. Reduzida icnodiversidade de pegadas As depressões (pegadas?) são todas tridátilas (ou funcionalmente tridátilas), com «calcanhar» alongado posteriormente. Todos os seus produtores teriam sido dinossáurios com progressão bípede.
  • 11. Assim, a icnodiversidade presente nesta jazida(?) seria reduzida, tal como acontece com a grande maioria das superfícies com pegadas – dois, três tipos de pegadas, no máximo.
  • 12. 4. A rocha tem que ter idade apropriada Os calcários de Santo Amaro datam do início do Cretácico superior – o chamado Cenomaniano – com cerca de 90 milhões de anos.
  • 13. 5. A formação da rocha com as depressões realizou-se a pequena profundidade Os calcários onde observamos estas depressões são muito finos (calcário micrítico), duros, com bastantes minerais de calcite com vestígios de actividade de invertebrados endobentónicos - tocas e escavações. Ter-se-ão formado numa zona interdidal, com água de baixa profundidade relativa.
  • 14. Durante uma regressão, com a descida do nível do mar, novas regiões costeiras ficam expostas e os rios começam a provocar grande erosão nas novas terras emergentes. As pegadas produzidas em ocasiões em que o nível do mar está baixo são facilmente destruídas. 6. A nível mundial, a formação e preservação da grande maioria das pegadas corresponde a períodos de transgressão.
  • 15. Quando o nível da água do mar está elevado, os rios que transportam sedimentos para o mar correm mais devagar e a sua deposição dá-se de forma calma. As pegadas encontram as melhores condições para ficarem preservadas, quer nas suas margens, quer nas regiões da foz. E o Cenomaniano, intervalo de tempo em que estas eventuais pegadas se terão formado, corresponde a uma desses longos episódios de transgressão.
  • 16. 7. Fotogrametria de pegadas – curvas de nível a distâncias semelhantes Como as pegadas estão preservadas a três dimensões, se utilizarmos fotogrametria podemos analisá-las também na vertente da profundidade.
  • 17. A fotogrametria pode auxiliar-nos a verificar se uma determinada depressão, é ou não de facto uma marca de um pé de um dinossáurio. Numa pegada (?) de Santo Amaro as curvas em certos locais distribuem-se de forma paralela e noutros não. Concluímos que este critério não deve estar presente. As curvas de nível, que unem os pontos com a mesma profundidade, numa pegada «verdadeira» distribuem-se de forma paralela e não ao acaso.
  • 18. 8. Três dedos bem visíveis, com o central com comprimento superior – pegadas mesaxónicas.
  • 19. 9. Depressões com pequena profundidade relativa A profundidade de uma pegada é, muito mais, consequência de condições apropriadas do substrato pisado do que do peso do produtor. Se o solo estiver demasiado mole, muito enlameado, as pegadas serão profundas, mas terão tendência a desaparecerem rapidamente.
  • 20. 10. A direcção de progressão dos animais que deixaram pistas fósseis num nível é, em muitos casos, a mesma, com os animais deslocando- se em sentidos opostos. Isto é interpretado como mostrando que os animais: 1. se aproximavam e retiravam de uma zona húmida (lago, por exemplo), ou 2. patrulhavam em ambos os sentidos as margens destas zonas
  • 21. O diagrama em rosa da direcção e sentido de deslocação dos autores de 8 pegadas (?) isoladas mostra que os animais se dirigiam quase sempre ou para norte ou para oeste e sul. 1, 2 6 7 8 N 3 4
  • 22. 11. Presença de um rebordo elevado na margem da depressão. Ele é formado pela expulsão da lama quando o pé pressiona o substrato. Mas se o substrato está pouco húmido, pode não existir rebordo elevado.
  • 23. 1. Fazer parte de uma pista X 2. Numa mesma camada ocorrem pegadas com dimensões relativamente homogéneas X 3. Reduzida icnodiversidade de pegadas X 4. A rocha tem que ter idade apropriada X 5. A formação da rocha realizou-se a pequena profundidade X 6. A idade da rocha corresponder a um período de transgressão X 7. Fotogrametria de pegada – curvas de nível a distâncias semelhantes X 8. Três dedos visíveis, com o central com comprimento superior X 9. Relativamente com pouca profundidade X 10. Direcção de progressão dos animais idêntica, mas com sentidos opostos ? ? 11. Presença de um rebordo elevado na margem da pegada X Critérios para que uma depressão seja considerada como pegada de dinossáurio bípede Depressões nos calcários do Cenomaniano do passeio marítimo de Oeiras ausente presente
  • 24. Sem distinguirmos entre critérios mais e menos importantes, uma avaliação global com base na presença /ausência destes critérios permite concluir que a amostra destas depressões pode representar impressões dos pés de dinossáurios.
  • 25. Conclusões 1. Esta amostra representa aparentemente pegadas deixadas por dinossáurios bípedes, produzindo impressões funcionalmente tridátilas. 2. Tal como acontece noutras situações, a má preservação deve ser devida à erosão a partir do momento em que as pegadas surgiram à vista.
  • 26. 3. A aplicação destes 11 critérios poderá permitir a descoberta de novas pegadas. 4. Se esta amostra de depressões representar de facto pegadas de dinossáurios, elas serão das mais recentes encontradas em Portugal. E juntam-se às pegadas encontradas na jazida de Carenque, igualmente do Cenomaniano e também no distrito de Lisboa.