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Da docilidade à marginalidade: 
Políticas de identidade no 
acolhimento institucional. 
Catarina Decome Poker 
Mestre em Psicologia Social pela PUC/SP
Introdução 
Será apresentado parte dos resultados da 
pesquisa feita na dissertação de mestrado: O 
que eu fiz com o que as instituições fizeram de 
mim? A história de Molly e sua luta por 
emancipação frete às políticas de acolhimento 
institucional.
Aspectos gerais 
• Como objetivo buscou-se entender como a 
identidade de pessoas acolhidas vai se 
constituindo/reconstituindo entre a práxis, a 
orientação técnica e o que é previsto 
enquanto direito? 
• E também, quais são as possibilidades 
emblemáticas de superar algumas prescrições 
que foram encontradas tanto na literatura 
quanto nas narrativas de Molly
Aspectos gerais 
Para isso... 
Foi feito um aprofundamento das políticas de 
identidade instituídas no processo de 
acolhimento.
Aspectos gerais 
• Do ponto de vista psicossocial, a instituição de 
acolhimento é a mediadora entre a criança e a 
sociedade. 
• Essa mediação é permeada pelas políticas 
públicas com um referencial histórico 
atrelado a construção social da infância 
acolhida e dão corpo as ações e ideologias.
Categoria de análise 
• Estudo de identidade proposto por Ciampa 
(1987/2011); 
• Uma visão dinâmica de individuo como 
produto e produtor da sociedade; 
• Sintagma: Identidade é metamorfose em 
busca de emancipação;
Categoria de análise 
• Políticas de Identidade: 
_ Linha traçada por alguém que fala, a ser 
adotada (Ciampa, 2002) 
_ Essa linha pode ser traçada pelo 
exogrupo ou intragrupo; 
_ Constante tensão pela busca de 
emancipação de um grupo, ou alinha-lo 
aos imperativos sistêmicos.
Categoria de análise 
• Identidade Política: 
_ Capacidade de se representar por meio 
de um processo reflexivo; 
_ É manifesta por meio de um projeto 
político (que pode ser coletivo) 
_ Um agir de modo não previsto pelas 
convenções.
A história de Molly 
Uma jovem de 21 anos, morou dos 10 aos 17 
anos em uma instituição de acolhimento, que 
atende crianças do 0 aos 18 anos, separados 
por gênero em quartos coletivos.
A história de Molly 
Justificativa da escolha pelas narrativas de 
Molly: 
Por trazer contribuições substanciais para o 
desvelamento das políticas de identidade ao 
longo do processo de acolhimento 
institucional.
A história de Molly 
Docilidade – A primeira política de identidade: 
• A linha a ser seguida é a da gratidão e docilidade, 
pois gozam de um privilégio ao estarem na instituição; 
• A instituição é uma ótima “mãe”, melhor até do que 
as educadoras; 
• Para crianças institucionalizadas, advindas de famílias 
pauperizadas, apenas garantir os aspectos materiais 
é suficiente;
A história de Molly 
Docilidade – A primeira política de identidade: 
• deformidade da concepção de criança como 
sujeito de direitos, ao significar a experiência de 
estar acolhido como um privilégio; 
• banalização do sentimento de perda; 
• Molly nega a primeira política de identidade, pois 
teve pessoas no seu passado que deram mostras 
de afeto.
A história de Molly 
Marginalidade – A segunda política de identidade: 
• O adolescente não tem mais jeito, será um 
marginal. 
• Desmoralização do eu, para que com isso cedesse 
a obediência às normas; 
• Começa a ser responsabilizada – A instituição 
proveu tudo, foi você que não soube aproveitar;
A história de Molly 
Busca pela superação das políticas de identidade 
• A “ adolescente- rebelde” faz um projeto de vida: 
Não ser aquilo que os outros diziam que ela iria ser. 
• Por meio dos seus padrinhos e professoras da 
escola é reconhecida como adolescente sujeito de 
direitos; 
• Começa a denunciar os abusos da instituição, 
como o desvio de verba, castigos abusivos, e 
tentativa de um diretor de molestar as meninas;
Considerações Finais: 
Quanto ao método: 
• Pensar no acolhimento institucional por meio 
das narrativas de história de vida pode auxiliar 
a refletir sobre as práxis pelo viés da 
sobredeterminação do sujeito, devolvendo a 
sua expressão.
Considerações Finais: 
Quanto as políticas de identidade: 
• Não possibilitam a autonomia para a chegada 
da maioridade e a retomada da dignidade da 
criança pela busca da sua expressão e auto-reconhecimento; 
• Apenas justificam e funcionamento da 
instituição.
Considerações Finais: 
Quanto aos fragmentos emancipatórios: 
• O reconhecimento de pessoas da 
comunidade e as professoras da escola da 
condição de criança como sujeito de direitos 
possibilitou a busca pela autonomia. 
• E também, os primeiros esboços da 
identidade política de Molly.
Considerações Finais: 
• É fundamental a abertura das instituições para 
que a criança tenha a comunidade como 
possibilidade de ter outras pessoas significando a 
sua experiência; 
• A desconstrução destas políticas para garantir de 
fato o reconhecimento pelos seus direitos; 
• E pessoas que possam reconhecer a criança 
acolhida como representante de si mesma para 
expressar as suas ausências, emergências e 
necessidades.
“ [...] é dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar a criança e ao adolescente, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda 
forma de negligência discriminação, exploração, 
violência crueldade e opressão. 
(Constituição de 1988, art.227.)
Contato: 
Catarina Decome Poker 
e-mail: 
catarinadecome@gmail.com

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  • 1. Da docilidade à marginalidade: Políticas de identidade no acolhimento institucional. Catarina Decome Poker Mestre em Psicologia Social pela PUC/SP
  • 2. Introdução Será apresentado parte dos resultados da pesquisa feita na dissertação de mestrado: O que eu fiz com o que as instituições fizeram de mim? A história de Molly e sua luta por emancipação frete às políticas de acolhimento institucional.
  • 3. Aspectos gerais • Como objetivo buscou-se entender como a identidade de pessoas acolhidas vai se constituindo/reconstituindo entre a práxis, a orientação técnica e o que é previsto enquanto direito? • E também, quais são as possibilidades emblemáticas de superar algumas prescrições que foram encontradas tanto na literatura quanto nas narrativas de Molly
  • 4. Aspectos gerais Para isso... Foi feito um aprofundamento das políticas de identidade instituídas no processo de acolhimento.
  • 5. Aspectos gerais • Do ponto de vista psicossocial, a instituição de acolhimento é a mediadora entre a criança e a sociedade. • Essa mediação é permeada pelas políticas públicas com um referencial histórico atrelado a construção social da infância acolhida e dão corpo as ações e ideologias.
  • 6. Categoria de análise • Estudo de identidade proposto por Ciampa (1987/2011); • Uma visão dinâmica de individuo como produto e produtor da sociedade; • Sintagma: Identidade é metamorfose em busca de emancipação;
  • 7. Categoria de análise • Políticas de Identidade: _ Linha traçada por alguém que fala, a ser adotada (Ciampa, 2002) _ Essa linha pode ser traçada pelo exogrupo ou intragrupo; _ Constante tensão pela busca de emancipação de um grupo, ou alinha-lo aos imperativos sistêmicos.
  • 8. Categoria de análise • Identidade Política: _ Capacidade de se representar por meio de um processo reflexivo; _ É manifesta por meio de um projeto político (que pode ser coletivo) _ Um agir de modo não previsto pelas convenções.
  • 9. A história de Molly Uma jovem de 21 anos, morou dos 10 aos 17 anos em uma instituição de acolhimento, que atende crianças do 0 aos 18 anos, separados por gênero em quartos coletivos.
  • 10. A história de Molly Justificativa da escolha pelas narrativas de Molly: Por trazer contribuições substanciais para o desvelamento das políticas de identidade ao longo do processo de acolhimento institucional.
  • 11. A história de Molly Docilidade – A primeira política de identidade: • A linha a ser seguida é a da gratidão e docilidade, pois gozam de um privilégio ao estarem na instituição; • A instituição é uma ótima “mãe”, melhor até do que as educadoras; • Para crianças institucionalizadas, advindas de famílias pauperizadas, apenas garantir os aspectos materiais é suficiente;
  • 12. A história de Molly Docilidade – A primeira política de identidade: • deformidade da concepção de criança como sujeito de direitos, ao significar a experiência de estar acolhido como um privilégio; • banalização do sentimento de perda; • Molly nega a primeira política de identidade, pois teve pessoas no seu passado que deram mostras de afeto.
  • 13. A história de Molly Marginalidade – A segunda política de identidade: • O adolescente não tem mais jeito, será um marginal. • Desmoralização do eu, para que com isso cedesse a obediência às normas; • Começa a ser responsabilizada – A instituição proveu tudo, foi você que não soube aproveitar;
  • 14. A história de Molly Busca pela superação das políticas de identidade • A “ adolescente- rebelde” faz um projeto de vida: Não ser aquilo que os outros diziam que ela iria ser. • Por meio dos seus padrinhos e professoras da escola é reconhecida como adolescente sujeito de direitos; • Começa a denunciar os abusos da instituição, como o desvio de verba, castigos abusivos, e tentativa de um diretor de molestar as meninas;
  • 15. Considerações Finais: Quanto ao método: • Pensar no acolhimento institucional por meio das narrativas de história de vida pode auxiliar a refletir sobre as práxis pelo viés da sobredeterminação do sujeito, devolvendo a sua expressão.
  • 16. Considerações Finais: Quanto as políticas de identidade: • Não possibilitam a autonomia para a chegada da maioridade e a retomada da dignidade da criança pela busca da sua expressão e auto-reconhecimento; • Apenas justificam e funcionamento da instituição.
  • 17. Considerações Finais: Quanto aos fragmentos emancipatórios: • O reconhecimento de pessoas da comunidade e as professoras da escola da condição de criança como sujeito de direitos possibilitou a busca pela autonomia. • E também, os primeiros esboços da identidade política de Molly.
  • 18. Considerações Finais: • É fundamental a abertura das instituições para que a criança tenha a comunidade como possibilidade de ter outras pessoas significando a sua experiência; • A desconstrução destas políticas para garantir de fato o reconhecimento pelos seus direitos; • E pessoas que possam reconhecer a criança acolhida como representante de si mesma para expressar as suas ausências, emergências e necessidades.
  • 19. “ [...] é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência discriminação, exploração, violência crueldade e opressão. (Constituição de 1988, art.227.)
  • 20.
  • 21. Contato: Catarina Decome Poker e-mail: catarinadecome@gmail.com