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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
_________________________________________________________________________
Onde os Reis se encontram
Av. Itatiaia, 686
Jardim Sumaré
Ribeirão Preto – SP
14025-240(16) 623 1215
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez
TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Introdução à Análise
Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
CLASSIFICAÇÃO DOS LANCES
Lance Descrição Resposta
Ataque Aquele que cria uma situação de perigo ao adversário. Defesa ou Contra-ataque
Defesa Estabelece uma proteção, uma defesa para o lado que a
realiza.
Ataque ou preparação de
ataque
Neutra Por exclusão, não é nem de ataque nem de defesa.
Exemplo: lances de desenvolvimento de peças.
Ataque ou preparação de
ataque
Errônea Aquele que propicia ao adversário uma vantagem
imediata ou a médio prazo.
Aproveitamento do erro
CONDUÇÃO DA PARTIDA
1. Razões dos lances
Tenha sempre ao menos um objetivo para o próprio lance. Lances sem objetivo
são inúteis e podem ocasionar perdas de tempo ou derrota.
O lance do adversário deve ser analisado cuidadosamente, procurando
descobrir-lhe as intenções. Não procedendo desta maneira, há o risco de perda de material
ou derrota.
Procure debilitar a posição inimiga e aproveite-se dela com um ataque direto de
mate
2. Desenvolvimento lógico
Desenvolva suas peças para casas, onde aumentam sua potencialidade
agressiva, sem entorpecer a saída das demais.
3. Lances iniciais
Na fase da abertura, os lances devem visar o desenvolvimento lógico das peças
e a fiscalização das casas centrais. Tire as peças de suas desfavoráveis posições iniciais,
ampliando seu raio de ação, e por conseqüência, a capacidade de luta, ou seja, desenvolva
suas peças. Tenha em vista as casas centrais do tabuleiro: e4, e5, d4, d5.
Antes de executar seu lance, deve o enxadrista procurar responder
afirmativamente às perguntas “O lance atende ao desenvolvimento?” e “O lance tem ação
no centro do tabuleiro?”. Estes são os objetivos dos lances inicias.
4. Nomes das aberturas
De acordo com a posição estabelecida após alguns lances iniciais, são
denominadas as aberturas. O importante não é decorar os nomes, nem os lances, mas ter em
mente seu plano e deduzir logicamente a seqüência.
5. Lances de Peões
Durante a abertura, procure jogar os Peões d e e, para permitir entre outros
objetivos, a saída dos Bispos.
Além destes, nas aberturas jogue apenas c3 quando sua idéia for apoiar um
futuro d4.
Afora esses, os outros Peões constituem, via de regra, perda de tempo, e,
somente devem ser feitos, após o completo desenvolvimento das peças.
Se d4 é fácil para as Brancas, para as Negras, ... d5 não o é. Quase sempre o
Peão d negro vai a d6, após a saída do Bispo do Rei. Porém, sempre que possível, ... d5 é
um bom lance, pois elimina, pela troca, o Peão e branco.
6. Casas para os Cavalos
Para as Brancas, c3 e f3; para as Negras, c6 e f6. Normalmente em h3, o Cavalo
permanece inativo.
7. Casas para os Bispos
a) Bispo do Rei: em sua diagonal, o Bispo encontra sua melhor casa em c4 ou
b5, neste último caso, quando existe um Cavalo em c6. Nas posições restringidas, quando o
avanço d3 antecede a saída do Bispo Rei, ele limita-se a ocupar a casa e2.
b) Bispo da Dama: de acordo com a posição, as melhores casas para o Bispo
branco são g5, cravando o Cavalo de f6, em b2, a3. Já o Bispo negro, geralmente se
posiciona em e6 ou d7, ou quando possível em g4, cravando o Cavalo de f3.
8. Casas para a Dama
Freqüentemente atua em sua coluna e nas diagonais d1-h5 e d1-a4. Quando se
lança diretamente ao ataque, suas casas boas são g4 e h5. Na casa e2 geralmente tira
proveito da coluna e aberta. Pode ser eficaz também em d4 ou em b3.
Nas partidas do Peão do Rei, as Negras tem dificuldade de jogar com sua
Dama. Suas casas de escolha são as casas da primeira e segunda horizontais pretas, como
d8, d7, e7, c7, etc.
Não saia prematuramente com a Dama para não se expor a um ataque de peça
de menor valor, que a obrigaria a mover-se novamente, perdendo tempo.
9. Casas para o Rei
O roque pequeno permite colocar o Rei na casa segura g1, onde se põe a salvo
de ataques inimigos. É sua casa ideal, onde goza de ampla segurança. Caso não se efetue o
roque, facilitará o ataque inimigo. Se o roque não tiver a proteção de suas peças, pode
sofrer um ataque fatal.
10. Casas para as Torres
As casas iniciais das colunas abertas.
11. Reforço de um ataque com as Torres
Após o desenvolvimento dos Cavalos, dos Bispos e mesmo da Dama, o jogador
necessita do reforço das Torres, para prosseguir num ataque, uma vez que essas peças são
as últimas a entrar em combate. Um dos meios é avançar o Peão f e abrir esta coluna. A
ocupação de colunas abertas são caminhos para a 7ª horizontal, onde se realizam os golpes
táticos.
12. Como tirar proveito das Torres?
a) Abrindo colunas para elas;
b) Fazendo-as agir nas colunas já abertas;
c) Instalando-as na 7ª horizontal e
d) Conduzindo-as a importantes colunas de ataque, utilizando como via de
acesso, uma coluna aberta.
13. A importância do avanço d4 (ou d5 para o Negro)
a) Para as Brancas, além de facilitar o desenvolvimento, visa, pela troca,
eliminar o Peão e inimigo, resultando uma posição em que apenas as Brancas dispõem de
um Peão central, deixando o adversário com inferioridade no centro.
b) Para as Negras, é igualmente eficiente por quebrar o centro branco. Sempre
que o Negro consegue jogar impunemente ... d5, nas partidas do Peão do Rei, conseguem,
ao menos, igualdade.
14. Roque
“Rocar o mais cedo possível e de preferência, o roque pequeno”. O roque
coloca o Rei em segurança e permite jogo à torre companheira. Mas o roque não deve ser
enfraquecido, pois seria acessível a ataque.
Se mantiver o roque íntegro, não terá preocupações com a segurança de seu
Rei. Caso contrário, se permitir a destruição do escudo real, sucumbirá por deixar o
monarca desprotegido.
Impeça que seu adversário faça o roque.
15. Desenvolvimento e Centro
O lado que tem maior mobilidade de peças (conseqüência do melhor
desenvolvimento e domínio central) domina o tabuleiro.
16. Desenvolvimento acelerado de peças
A vantagem real em xadrez decorre do número de peças ativas.
As peças valem pelo que fazem.
Desenvolva todas as peças rapidamente, mesmo que à custa de sacrifício de
Peões. O tempo gasto pelo adversário, ao capturar com uma peça já desenvolvida, um
nosso Peão, será por nós aproveitado no desenvolvimento de mais uma peça.
17. Geral
Tenha sempre em mente durante a partida os seguintes ítens:
• os ataques diretos e indiretos
• defesas diretas e indiretas (contra-ataques)
• eficiência dos lances com mais de um objetivo
• debilidade da casa f7
• a força de um Cavalo em e6
• a força de dois Bispos no ataque
• lances enérgicos, de iniciativa
• exploração de peças cravadas
• o clima de tensão central das aberturas
• etc.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
ESCOLA ANTIGA
O ponto débil que a configuração inicial das peças oferece, é a casa f7, o setor
de cada lado, que mais generosamente se oferece aos planos agressivos do adversário. E o
Peão que se instala nessa casa, é fraco, pois conta apenas com o magro apoio de seu Rei.
A primitiva idéia que ocorreu aos primeiros estudiosos do xadrez (séc. XVI em
diante), foi o ataque direto a essa casa, conhecidamente fraca.
Todas as combinações, planos, ciladas dos enxadristas antigos, estavam
orientados em direção a este ponto, onde procuravam acumular o maior número de peças
atacantes.
A) MATE PASTOR
a)
1 e4 e5 2 Dh5
Ameaçando o Peão e5
2 ... Cc6 3 Bc4 d6 4 Df7++ (1-0).
Refutação: 3 ... g6! 4 Df3 (novamente ameaçando mate com Df7++) Cf6, seguido de ...
Bg7 e ...
0-0 e as Negras tem melhor jogo.
b)
1 e4 e5 2 Bc4 Cc6 3 Df3 d6 4 Df7++ (1-0).
Refutação: 3 ... Cf6!, e as Negras estão bem.
O melhor é, após 1 e4 e5 2 Bc4 jogar logo 2 ... Cf6, evitando as ameaças de
mate.
B) MATE LEGAL
1 e4 e5 2 Bc4 d6? 3 Cf3 g6 4 Cc3 Bg4 5 Ce5!
Entregando a Dama.
5 ... Bd1 6 Bf7+ Be7 7 Cd5++ (1-0)
Refutação: consiste em jogar de acordo com os princípios gerais de desenvolvimento e
domínio do centro, ou seja 2 ... Cf6. Na variante principal, ao invés de 5 ... Bd1?, o Negro
pode jogar 5 ... de5, e não existe mais o Mate Legal.
C) ATAQUE GRECO
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 c3 Cf6 5 d4 ed4 6 cd4 Bb4+ 7 Cc3 Ce4 8 0-0 Cc3 9 bc3
Bc3 10 Db3 Ba1 11 Bf7+ Rf8 12 Bg5 Ce7 13 Ce5! d5 14 Df3 Bf5 15 Be6! g6 16 Bh6+
Re8 17 Bf7++ (1-0)
Refutação: 9 ... d5! e desaparece o Ataque Greco.
D) ATAQUE FEGATELLO
1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6
Defesa dos 2 Cavalos
4 Cg5
É esta uma abertura típica da escola antiga de xadrez, em que o ataque direto contra o Rei
era o objetivo único de todas as idéias estratégicas.
As Negras desenvolveram normalmente suas peças e, aparentemente, nenhuma razão
assiste às Brancas para pretenderem tirar proveito da abertura.
Com 4 Cg5, como que aspiram as Brancas a realizar uma expedição punitiva ao adversário,
visando a casa fraca f7, onde já atua o Bispo branco.
O lance 4 Cg5 transgride um princípio de desenvolvimento que proíbe jogar a mesma peça
duas vezes na abertura, e outro princípio de ordem estratégica, que veda, igualmente, os
ataques prematuros, sem o desenvolvimento de peças.
Mas, paradoxalmente, 4 Cg5 não pode ser considerada errônea, ao contrário, exige grande
atenção.
Como as Negras defenderão seu Peão de f7 atacado duplamente? Não existe uma proteção
direta de outra peça (exemplo: 4 ... De7 5 Cf7, e as Negras não podem retomar com a
Dama, por causa da defesa que o Cavalo tem de seu Bispo de c4).
O único lance que procura obstruir a ação do Bispo branco sobre a casa f7 é 4 ... d5!,
permitindo também o desenvolvimento do Bispo da Dama negro.
Após 5 ed4, o lance lógico negro, para que não percam um Peão é 5 ... Cd5. As Brancas
continuam com 6 Cf7!, entregando o Cavalo e especulando a debilidade da posição negra e
na força que irá ter, agora, o Bispo f4 branco, cravando o Cd5 negro.
4 ... d5 5 ed5 Cd5 6 Cf7!
Inicia-se o famoso Ataque Fegatello.
O Cavalo ataca a Dama e a Torre do Rei. A resposta negra é forçada:
6 ... Rf7 7 Df3+
Atacando também o Cavalo d5 inimigo.
7 ... Re6
Novamente forçada e resulta numa posição muito comprometida para o Rei negro.
8 Cc3
Atacando mais uma vez o Cavalo d5.
Um exemplo do que pode acontecer é:
8 ... Ce7 9 d4 c6 10 Bg5 Rd7 11 de5 Re8 12 0-0-0 Be6 13 Cd5 Bd5 14 Td5! cd5 15 Bb5+
(+ -)
Refutação:
a) O Ataque Fegatello tem dado margem a muita controvérsia. Aparece, como sua
refutação, em vez de 8 ... Ce7, erro que deu grande prestígio ao Ataque, o lance 8 ... Ccb4!
e após 9 De4 c6 10 a3 Ca6 11 d4 Cc7 12 Bf4 Rf7 13 Be5, as Brancas possuem um ataque
poderoso, mas as Pretas têm excelentes possibilidades.
Teoricamente o Fegatello pode ser contestado, mas, praticamente é jogável, pelas
possibilidades de ataque que proporciona, beneficiando, via de regra, as Brancas.
b) O melhor é evita-lo, o que se consegue com o lance 5 ... Ca5! em vez de jogar 5 ... Cd5.
Com este lance, as Negras jogam uma espécie de gambito, entregando um Peão para
conseguir rápido desenvolvimento de peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é, após 5
... Ca5, 6 d3 h6 7 Cf3 e4! 8 De2 Cc4 9 dc4 Bc5, etc.
Ao estudar a Defesa dos 2 Cavalos, você pode encontrar outros exemplos de ataque.
O Ataque Fegatello é um produto da influência que os mestres italianos de xadrez
exerceram na época do Renascimento. O nome Fegatello vem do italiano “fégato”, que
quer dizer fígado. O ataque visaria o ponto mais vital do inimigo (f7), como era o fígado, na
época, para o organismo humano.
Este ataque e todas as demais continuações, que têm em mira o ataque direto ao Rei
inimigo, atacando o Peão f7, são muito interessantes, exigindo do jogador das Negras
respostas precisas e arte na defesa.
Os jogadores da chamada escola antiga de xadrez confiavam no êxito dos ataques diretos ao
Rei. O objetivo da partida seria o ataque frontal ao monarca inimigo, estando, assim,
justificados todos os sacrifícios de peças, que tivessem, por finalidade, eliminar o Rei
contrário.
ESCOLA MODERNA
Com a evolução do xadrez, com a experiência e o aperfeiçoamento da técnica
defensiva, ficou provado que os meios diretos não são suficientes para ganhar uma partida e
que deve-se antes debilitar a posição inimiga, por meio de manobras estratégicas de grande
alcance, as quais, minam, solapam todos os setores da luta.
Essas idéias foram alardeadas pela escola moderna de xadrez, cujo pioneiro foi
o grande mestre Steinitz.
Atualmente o ataque frontal é considerado como o complemento lógico de uma
estratégia bem definida, que objetiva enfraquecer, num primeiro tempo, a posição
adversária.
As combinações, os sacrifícios brilhantes de peças, os ataques fulminantes ao
Rei inimigo, devem surgir como uma conseqüência lógica de uma conduta inteligente, que
conseguiu tornar débil o inimigo.
O êxito do ataque final, nessas condições, é assim, absoluto.
Antigamente, atirava-se à luta, de frente, sem pensar no resultado, confiando
apenas na habilidade do espírito ofensivo e na surpresa do ataque prematuro. As partidas
eram orientadas por uma tendência bárbara de luta, primitiva.
Na atualidade, os desejos regicidas não são tão fundamentais. Há um trabalho
prévio de solapamento.
O principiante é, por instinto, um adepto da escola antiga de xadrez.
A explicação é fácil, visto que o ataque ao Rei é, em essência, o motivo mesmo
da partida. Seus objetivos e suas intenções são quase evidentes, daí os principiantes
aprenderem, facilmente, essa parte do jogo.
Quem se inicia em xadrez embarca freqüentemente, em combinações de ataque
direto ao adversário, sem preparativos necessários, isto é, o desenvolvimento de peças e o
real controle do centro. Tais procedimentos, armas de dois gumes, são errôneos e,
invariavelmente, conduzem à derrota, quando são empregados contra jogadores
experientes.
O principiante deve ter em mente esses fatos em suas partidas. Lembrar sempre
que, como foi demonstrado por Steinitz, antes de dirigir uma ação direta ao Rei adversário,
deve ter obtido alguma vantagem que a justifique.
Dita vantagem pode manifestar-se por duas formas fundamentais:
a) Superioridade material, isto é, mobilização de maior quantidade de forças,
ou
b) Superioridade dinâmica, ou seja, melhor colocação das peças.
Outra coisa que o principiante deve levar em consideração: quando iniciar um
ataque direto contra o Rei adversário, é lembrar que não é necessário ganhar a partida por
esse meio. Não há, como diz Max Euwe, “necessidade de queimar as naves para este fim.
Essas táticas são filhas do desespero. Um ataque bem planejado não é um desespero, mas
uma conseqüência lógica na cadeia de idéias estratégicas e, geralmente, produz como saldo
uma vantagem duradoura, que se explora com um tranqüilo e paciente jogo de posição”.
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez
TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1
Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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Página 2
OS CAMPEONATOS DO MUNDO
APARECE UM TÍTULO
A criação do título de Campeão Mundial foi uma obra pessoal, e muito anterior ao surgimento
de um organismo que controlasse as competições. Até surgir Steinitz, ninguém havia tido a idéia de se
empregar tão atraente título, apesar de que a superioridade de Stauton, Anderssen e Morphy sobre todos
os seus contemporâneos era patenteada em determinados anos.
Quando Steinitz surge no palco do xadrez internacional, o norte-americano Morphy já havia
deixado as competições sérias, onde então a figura máxima era o prussiano Anderssen, que havia sido
derrotado por Morphy convincentemente no ano de 1858, em Paris por +2 -7 =2. Assim, quando em
1866, Steinitz venceu em um disputado match a Anderssen por +8 -6 =0, em Londres, se autoentitulou
como Campeão Mundial, diante do sorriso de todos os aficionados, que não levaram a serio aquele
pequeno enxadrista centroeuropeu.
Objetivamente falando, a superioridade de Steinitz, naquela época estava longe da clareza,
pois no ano seguinte, 1867, Kolisch e Winawer o superaram no Torneio de Paris, e em 1870, Anderssen
na revanche, no Torneio de Baden-Baden, derrota-lhe nas duas partidas que jogaram. Mas Steinitz volta
com toda a força e vence o grande Torneio de Viena, 1873, com a satisfação de obrigar a Anderssen a
render seu Rei nas duas partidas disputadas. Depois desta vitória, esteve bastante tempo sem participar de
Torneios, mas em encontros pessoais derrotou, entre outros, Bird, Londres, 1866, +7 -5 =5; Blackburne,
Londres, 1870, +5 -0 =1; Zukertort, Londres, 1872, +7 -1 =4 e outra vez Blackburne, Londres, 1876, +7 -
0 =0.
No ano de 1882 reaparece no grande Torneio de Viena e obtém o primeiro posto, mas
empatado em pontos com o polonês Simón Winawer, o que indubitavelmente, empalideceu um pouco seu
triunfo.
Durante o tempo em que Steinitz permaneceu afastado dos torneios, novas figuras começaram
a brilhar com luz própria e ameaçavam o trono que o mesmo havia criado.
Assim está a situação, quando no ano de 1883, em Londres, organizaram um torneio de dupla
volta com os melhores enxadristas da época e que foi ganho brilhantemente por Zukertort, aquele jogador
que Steinitz havia derrotado contundentemente em um match, onze anos antes. Aqui começaram as
dificuldades de Steinitz, pois se até então, se bem que nada lhe dava o direito de ostentar o Título
Mundial, ninguém havia reclamado para si tal galardão, ocorreu neste momento a Zukertort o desejo de o
tomar para si, e depois de seu triunfo (impecável diga-se de passagem), definiu-se como Campeão
Mundial...
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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Página 3
Steinitz não consentiu isto, e imediatamente desafiou-o a jogar um match decisivo em que se
esclarecesse quem teria o direito de utilizar o título de Campeão Mundial. As conversas foram longas e
divergentes, e até 1886 estes dois esplêndidos enxadristas não se encontraram por meio do tabuleiro para
disputar a supremacia.
Antes de Steinitz “criar” o Título Mundial, alguns matches (e torneio) podem ser
considerados como indicadores de enxadristas que mereceriam ostentar o Título:
Mac Donell – De La Bourdonnais, Londres, 1834, 21V 13E 44D
Saint-Avant – Stauton, Paris, 1943, 6V 4E 11D
Anderssen, vencedor do Torneio de Londres, 1851
Anderssen – Morphy, Paris, 1857, 2V 2E 7D
Anderssen – Steinitz, Londres, 1866, 6V 0E 8D
Steinitz – Blackburne, Londres, 1876, 7V 0E 0D
A SEGUIR:
I Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Zukertort, 1886
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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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FINAIS I
1. A IMPORTÂNCIA DOS FINAIS
A partida de xadrez possui três fases: Abertura, Meio Jogo e Final, cujos limites não podem
ser traçados com exatidão. Podemos porém declarar que a partida se encaminha para o Final, quando o
material existente no tabuleiro esteja diminuído, escasso, ou seja, com peças apenas suficientes para o
mate.
Uma das principais características do Final é a função ativa desempenhada pelo Rei, em
contraste com o papel inerte que assume na abertura. Na primeira fase, em virtude do maior número de
peças inimigas e dos perigos delas decorrentes, este exerce um papel passivo, procurando a proteção de
outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro, de defesa, afastando-se assim do campo de luta.
Já nos Finais, esta peça faz jus ao título que ostenta, ora escoltando Peões candidatos à
promoção, ora colaborando com seu poder no cerco e morte do Rei inimigo.
Outra peça de grande importância é o Peão.
A disposição destes no tabuleiro (estrutura de Peões), define a estratégia a ser seguida nos
Finais. O recurso de sua promoção, aumenta consideravelmente o poderio material de seu lado, o que lhe
confere mérito considerável.
O Final é considerado a fase mais difícil, pois exige do enxadrista talento, imaginação, e
grande conhecimento teórico, atenção contínua e bom cálculo. Uma manobra precipitada ou mal
calculada, pode anular um grande esforço desenvolvido na Abertura ou Meio Jogo.
Seu bom conhecimento permite ganhar em muitas posições aparentemente empatadas, assim
como salvar-se de posições aparentemente perdidas e mesmo desesperadas.
Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo, um ótimo finalista.
2. MATES ELEMENTARES
Estudaremos os casos em que um dos lados possui apenas o Rei sobre o tabuleiro.
Fora das casas marginais, o Rei pode ocupar oito casas, em casa marginal, cinco, e, nas
angulares, somente três casas. Esta última é sem dúvida a mais desfavorável possível.
Ocupando uma casa angular, o Rei levará mate se o adversário dominar as três casas que lhe
restam e a própria casa angular em que se encontra. Dessas quatro casas, duas podem ser dominadas pelo
Rei.
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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Página 5
Diagrama: Rb6 x Ra8
O Rei negro está em sua casa desfavorável, e das três casas que lhe restam, duas estão dominadas pelo
Rei branco. O mate não poderá ser dado com um Bispo ou um Cavalo apenas; essas peças dando xeque,
dominarão apenas mais uma das duas casas que deveriam ser dominadas para existir o mate, tendo o Rei
negro a casa de fuga b8. Logo não há mate.
Diagrama: Rf7, Bf6, Bg6 x Rh8
Com dois Bispos, o mate é possível, um deles dá xeque e o outro impede a fuga do Rei.
Diagrama: Rb3, Cc2, Cd2 x Ra1
Com dois Cavalos é “possível” dar mate.
Diagrama: Rg3, Bf3, Ch3 x Rh1
Com Bispo e Cavalo também é possível dar mate de igual maneira.
No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado contra os melhores lances
adversários, com dois Cavalos é possível chegar a uma posição de mate apenas com a colaboração do
adversário. No diagrama correspondente (Rei e 2 Cavalos x Rei), o último lance branco foi Cc2++. Se o
Rei negro antes de ir à a1, estava em b1, obviamente, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em d2,
tivesse se dirigido à c1, o mate não seria possível. Logo não é um mate “forçado”.
Diagrama: Rb6, Tc8 x Ra8
Diagrama: Rf3, Tb1 x Rf1
Nestes diagrama, as Torres controlam as duas casas que não são dominadas pelo seu Rei.
Diagrama: Rg6, De8 x Rg8
A Dama aqui faz o mesmo papel de uma Torre. Observe que as duas casas que devem ser dominadas
localizam-se sobre a mesma horizontal, via de mobilidade da Dama (ou Torre).
Para se praticar o mate ao Rei situado em casa marginal, devemos dominar as cinco casas que
dispõe, além da que ocupa.
O Rei atacante domina três e as restantes podem ser dominadas por uma Torre ou Dama,
desde que as casas se encontrem sobre a mesma horizontal (ou coluna).
Com o Rei inferior no meio do tabuleiro, nove casas devem ser dominadas: oito de
movimentos deste e mais uma ocupada por ele. O Rei branco pode dominar três, as seis restantes
encontram-se em duas horizontais vizinhas. Por aí se vê que o mate com o Rei colocado no meio do
tabuleiro requer mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama).
O material mínimo para o mate é:
a) Uma Dama: mate em qualquer casa marginal.
b) Uma Torre: mate em qualquer casa marginal.
c) Dois Bispos: mate somente nas casas angulares.
d) Bispo e Cavalo: mate somente nas casas angulares.
e) Dois Cavalos: mate somente nas casas angulares, somente “ajudado”.
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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2.1. Rei e Dama x Rei
O mate com a Dama realiza-se com o Rei negro em qualquer casa marginal do tabuleiro. As
posições de mate são Rc6, Dc7 x Rc8; Rg6, De8 x Rg8 e análogas.
O mate é forçado num máximo de 10 lances. É muito fácil dar mate com a Dama, mas deve-se
tomar cuidado com posições de empate como por exemplo Rb5, Dc7 x Ra8; Rf5, Df7 x Rh6; ou posições
análogas jogando o Negro.
Diagrama: Ra1, Db1 x Re6
1 ? mate em 9
PLANO
*****
Forçar o Rei negro a colocar-se em qualquer uma das casas marginais, ficando com o Rei branco diante
dele, separado por uma casa, quando então domina três das seis casas que deve dominar. Então infiltrar
a Dama numa das casas desta margem efetuando o mate.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rb2 Rd5 2 Rc3 Re5 3 Dg6 Rf4 4 Rd4 Rf3 5 Dg5
O Rei negro vai sendo encaminhado para a margem do tabuleiro.
5 ... Rf2 6 Dg4 Re1 7 Re3 Rf1 8 Dg6
Por que não jogar 8 Dg3 ?
*****
Porque seria empate por afogamento.
8 ... Re1 9 Dg1++ (1-0)
A SEGUIR:
2.2. Rei e Torre x Rei
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TÁTICA I
1. GANHO DE PEÇAS
Capturando-se as peças inimigas, paulatinamente se reduz o potencial adversário. A
supremacia material origina, na maioria das vezes, superioridade de posição e ambos fatores, obrigarão o
adversário, duplamente inferiorizado a render-se sem apelação.
Se um dos enxadristas possui mais peças que o outro, salvo as exceções, deve ganhar a
partida.
Podemos reduzir a seis, os princípios fundamentais de ganho de peças:
1. Princípio do Rei em Perigo
2. Princípio da peça imóvel
3. Princípio da peça sobrecarregada
4. Princípio do ataque simultâneo
5. Princípio da peça sem defesa
6. Princípio da promoção do Peão
1.1. Princípio do Rei em perigo
O Rei em perigo sob múltiplas ameaças, escapa, muitas vezes ao mate entregando material,
quer seja para abrir caminho para sua fuga, quer seja para distrair peças atacantes, ou destrui-las, embora
sacrificando peças de maior valor.
Diagrama: Ba8, Tg5, Rh5 x Cf8, g7, Rg8, h7, Th8
1 ? Brancas ganham material
PLANO
*****
Atrair o Cavalo negro para a diagonal onde encontra-se seu Rei, para que o Bispo possa agir sobre ela.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bd5+
E as Brancas ganham o Cavalo. Para escapar do xeque, o negro deve entregar uma peça.
1 ... Ce6 2 Be6+ Rf8
O Rei negro consegue a casa de fuga à custa de material.
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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Página 8
Diagrama: Ra6, Tb7, Ce5 x f6, g7, h7, De8, Tg8, Rh8
1 ? Brancas ganham material
PLANO
*****
Atacar o Rei negro “sufocado” atraindo a Dama para f7, onde será capturada pela Torre.
PROCEDIMENTO
*****
1 Cf7+ Df7 2Tf7
As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.
A SEGUIR:
1.2. Princípio da peça imóvel
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO
1. ADOLF ANDERSSEN
Antes de se praticar o jogo de posição deve-se aprender a combinar. Esta regra, confirmou-se
na história do xadrez, e é recomendada aos iniciantes.
Não inicie seu jogo com aberturas do Peão da Dama e Abertura Francesa, mas com partidas
de jogo aberto, gambitos. Certamente que com o jogo fechado, o principiante perderá menos partidas,
mas em troca, com o jogo aberto, aprenderá a jogar xadrez.
Antigamente, haviam também os jogadores de posição. O maior deles foi André Danican
Philidor, talvez até o maior pensador de todos os tempos. Mas o que, com seu exemplo, auxiliou em
maior grau a força da combinação do mundo enxadrístico, amadurecendo-a para a prática do jogo de
posição foi Adolf Anderssen.
Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de julho de 1818. Sua carreira foi muito simples.
Estudou Filosofia e Matemática, e até o dia 13 de Março de 1879, época em que faleceu, ocupou o cargo
de professor no Instituto de sua cidade natal.
Começou a estudar xadrez no início de sua vida estudantil, mas a força de seu jogo
desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães, e até para os internacionais, foi considerado
uma revelação quando, no primeiro torneio de mestres celebrado em Londres, 1851, com o qual começou
a época moderna do xadrez, obteve o primeiro prêmio. A esta vitória seguiram outras, especialmente no
Torneio de Londres, 1862 e no de Baden-Baden, 1870.
Aquele que quer aprender a jogar o bom xadrez, deve observar as partidas de Anderssen não
somente para divertir-se com elas, mas para fortalecer seu jogo de combinação. Não acredite que o jogo
de combinação seja somente fruto do talento que não se pode aprender. Os elementos são sempre os
mesmos que se apresentam em relações mais ou menos complicadas, tais como ataques duplos,
sobrecarga, trocas, etc.
Quanto mais combinações você apreciar, mais fáceis serão de executa-las.
Nas partidas que estudaremos, analisaremos também as aberturas. Entre elas, a primeira que
veremos é o Gambito do Rei. Entende-se por gambito uma abertura na qual se sacrifica um Peão com o
objetivo de conseguir vantagem no desenvolvimento, ou outras vantagens. O gambito conhecido como o
mais antigo na literatura do xadrez é o do Rei: 1 e4 e5 2 f4. A idéia deste gambito é dupla: abertura da
coluna f, através da qual, uma vez efetuado o roque, a Torre do Rei poderá entrar rapidamente em ação e
a possibilidade de formar um forte centro de Peões, depois do avanço ou da troca do Peão e inimigo,
mediante d4. A força deste centro de Peões, analisaremos mais adiante. As Brancas, após 2 ... ef4, não
podem jogar a seguir 3 d4, mas devem antes fazer algo para evitar a ameaça negra ... Dh4+.
Tanto o enxadrista experiente quanto o iniciante melhorarão sensivelmente seu jogo se
esforçarem em tratar cada abertura conforme sua idéia base, seguindo o plano preconcebido. Por
exemplo, se jogar o Gambito do Rei, deve ter em mente que os dois objetivos principais desta abertura
são o domínio da coluna f e a formação de um forte centro de Peões.
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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Se, ao contrário, deixa-se levar por desvios e rodeios, o mesmo tira o sentido de seus
primeiros lances, e então as conseqüências serão fatais.
Como devem então contestar as Negras ao Gambito do Rei? Antigamente era comum aceitar
cada sacrifício que o adversário oferecia, e neste caso defender o Peão com ... g5. Esta defesa tem dois
objetivos: um material e outro posicional. Ao defender o Peão f, obstrui esta coluna, e então as Brancas,
para seguir com a idéia da abertura, devem atacar sobre a coluna f, quase sempre sacrificando uma peça
para eliminar o Peão f negro.
Outra réplica contra o Gambito do Rei, é o contra-ataque no centro: 2 ... d5 3 ed5 segue quase
sempre 3 ... e4 (seria um grave erro 3 fe5 por causa de 3 ... Dh5+). Agora são as Negras que jogam
gambito, chamado este de Falkbeer, cujo criador foi o mestre austríaco Ernesto Carlos Falkbeer (Brünn,
1819 - Viena, 1885).
O que conseguiram as Negras com este sacrifício de Peão? Antes de mais nada, o fracasso
completo do objetivo branco de jogar o gambito. A abertura da coluna f, ou mesmo a intenção de formar
um centro de Peões, são impedidas radicalmente. Agora, não se sabe que objetivo tem o Peão de f4 nesta
posição. Além disso, o Peão e5 causa certo incômodo à posição branca, e estas encontram-se com
dificuldades para o desenvolvimento. Em troca, as Negras, tem certa preponderância no centro. Por esta
razão, nos últimos anos, tem se considerado o Gambito Falkbeer quase como que uma refutação ao
Gambito do Rei.
Outra réplica: as Negras podem ignorar a idéia do gambito branco, continuando seu
desenvolvimento, e neste caso, não é necessário jogar imediatamente 2 ... d6, para defender o Peão, pois
restringiriam a ação do Bispo do Rei. O ataque ao Peão e5 é somente aparente, pois 3 fe5 fracassaria por
3 ... Dh5+. As Negras podem, portanto jogar tranqüilamente 2 ... Bc5 e defender mais tarde o Peão de e5
com d6 sem enclausurar seu Bispo.
Quem compreende o espírito da abertura, pode ter confiança de que mesmo sem o
conhecimento de suas variantes, não produzirá uma partida ruim.
A SEGUIR:
1.1. Partida n.º 1
Breslau, 1862
Gambito Falkbeer
Rosanes x Anderssen
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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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EXERCÍCIOS
Diagrama 1.1
a2, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Ta1, Te1, De2, Cf5, Rg1 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Cc6, Dd7, Tf8, Rg8
Composição
1 ? (1-0)
Encontre o plano vitorioso branco.
PLANO
*****
O ponto g7 está atacado pelo Cavalo branco. Se a Dama branca pudesse colocar-se sobre esta coluna,
haveria ameaça de mate. A Dama negra encontra-se completamente indefesa. Logo, deve-se procurar um
meio de executar estas duas ameaças concomitantemente.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg4 (1-0)
As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.
Diagrama 1.2
b4, c4, f3, g2, h2, Td1, Ce1, De3, Bf1, Tf2, Rg1 x b6, d6, e5, g7, h7, Bb7, Cd4, Tf4, Tf8, Dg5, Rg8
Stahlberg x Alekhine
Olimpíada 1931
1 ... ?
Aqui Alekhine efetuou um fino lance:
1 ... h6
Tente descobrir seu objetivo
*****
Alekhine imaginou que se não houvessem na coluna f o Peão e a Torre, poderia jogar ... Tf1++. O Peão
de g está cravado, o Bispo localizado em b7 converge sobre g2 indiretamente, as Torres agem na coluna
f semi-aberta, o único empecilho da posição é a Dama negra indefesa, problema este que é resolvido por
Alekhine de maneira elegantemente terrível, pois ameaça 2 ... Tc3! 3 Db5 Tf2, e graças à ameaça de
mate com ... Tf1, as Brancas não tem tempo de salvar sua Dama.
O objetivo do lance de Alekhine portanto foi defender sua Dama, e o lance é tão forte que Stahlberg não
tem recursos suficientes para escapar da derrota.
Por exemplo, se 2 Dd2, segue 2 ... Bf3! 3 Cf3 Cf3+ 4 Tf3 Tf3 5 Dg5 Tf1 6 Tf1 Tf1+ 7 Rf1 hg5, e com um
Peão de vantagem, as Negras ganhariam facilmente o final.
A partida seguiu com:
2 Rh1 Tf3 (0-1)
As Brancas abandonaram.
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BIBLIOGRAFIA
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 9-10
• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 105-109 e 197-198
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO
Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 11-12
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 13-14
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez
TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 2
Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO
I CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ
Steinitz x Zukertort, 1886
Em 11 de janeiro de 1886, em um local especialmente escolhido pelo Manhattan Chess Club
de New York, encontram-se frente a frente Steinitz e Zukertort para dirimir de uma vez por todas a
supremacia mundial.
Zukertort inicia o match com as Brancas, e sem vacilar, efetua seu primeiro lance 1. d4. A
luta que toda a aficção mundial havia esperado durante três longos anos havia começado!
Porém, deixemos Steinitz refletindo sua resposta e vejamos quem eram os protagonistas deste
apaixonante encontro que acabava de começar.
Wilhelm Steinitz havia nascido em 17 de maio de 1836, em Praga, no seio de uma família
judia que sonhava em converte-lo em um rabino. Aos 12 anos já mostrava na escola uma boa disposição
para a matemática, e aos 22, foi enviado a Viena para seguir um dos estudos que jamais completou, pois,
desde os primeiros dias começou a freqüentar os círculos de xadrez, onde começou jogando ao estilo que
agradava naquela época, ou seja, a base de brilhantes ataques com sacrifícios. Logo o chamaram de
“Morphy austríaco”, pela veemência e a beleza de suas combinações. Seu estilo de jogo estava muito
longe do que ia ser mais adiante, e nada o pressagiava a enorme transformação que aquele homenzinho ia
imprimir no mundo do tabuleiro.
O caráter independente de Steinitz já se manifestou nesta época, pois se conta que um dia,
jogando com um famoso banqueiro chamado Epstein lhe disse: “Jovem, tenha cuidado! Não sabe você
com quem está falando?” e Steinitz rapidamente respondeu: “O sei perfeitamente, você é Epstein, porém,
na bolsa, aqui Epstein sou eu!”.
Alguns psicólogos, e com eles o Grande Mestre Ruben Fine, qualificam esta resposta de
Steinitz como um delírio de grandeza, mas não há outro remédio que reconhecer que o futuro Campeão
Mundial tinha razão, pois estavam jogando xadrez e não discutindo sobre ações.
Durante sua estada em Viena já havia se convertido em um jogador profissional, pois as
partidas que disputava, eram em geral por meio de uma pequena aposta.
Em 1862, partiu para Londres para jogar um torneio internacional, que foi ganho por
Anderssen, no qual finalizou em 6º lugar, empatando com Barnes e Dubois em pontuação, mas
destacando-se pelas brilhantes combinações.
Londres era naquela época, a Meca do xadrez, e não devemos estranhar pois, que ali fixasse
Steinitz sua residência, impondo-se pouco a pouco a todos os adversários que lhe opuseram. Em 1874
começou a colaborar com a famosa revista inglesa “The Field”, analisando conscientemente as partidas
de sua época e começando a mostrar sua nova concepção de jogo.
Como se entendia xadrez até o advento de Steinitz?
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Muito simples, se o objetivo nosso era dar mate, o lógico era que todos os esforços se
concentrassem sobre o monarca inimigo para abate-lo, mas Steinitz pensava de outra forma: o importante
é ganhar a partida, e para isto, temos que adquirir uma série de vantagens, com as quais o mate será uma
conseqüência por si só. Em outras palavras, Steinitz descobriu o que atualmente conhecem todos os
jogadores do mundo, o jogo de posição. Em que consiste ele? Como todos sabemos hoje, consiste em
dominar as colunas abertas, em aproveitar os Peões e as casas débeis e outros mil detalhes que até então
permaneciam ignorados. Assim, não é de se estranhar que o enxadrista Adolfo Schwarz tenha se dirigido
a Steinitz e lhe dito: “Este pequeno homem nos está ensinando, a todos, como jogar xadrez!”. Ali estavam
os mais famosos da época e não protestaram, pois já haviam adotado, pelo menos em parte, sua doutrina,
que anos antes parecia rebuscada e barroca a todos os críticos.
Depois do Torneio de Londres de 1883, Steinitz se transfere para os Estados Unidos, onde
adquire a nacionalidade norte-americana.
O que o levou ao citado país? Talvez a disputa com o editor de “The Field”, ou talvez o
desejo de jogar com Morphy, que permanecia inativo em New Orleans e com quem conseguiu uma
entrevista, mas com a condição de não falar sobre xadrez. Seguramente, para um lutador da categoria de
Steinitz, não poder enfrentar Morphy foi uma das maiores decepções de sua vida.
Retornamos então a 11 de janeiro de 1886. A 1 d4 de Zukertort, o pequeno Steinitz, o grande
Steinitz, respondeu com 1 ... d5. Os dois colossos da época estavam frente a frente ...
Johannes Hermann Zukertort é agora o que medita. Havia nascido a 7 de setembro de 1842 na
cidade de Lublin (Polônia), de pai alemão e mãe polonesa. Aos 13 anos sua família mudou-se para
Breslau e estudou química em Heidelberg e psicologia em Berlim, doutorando-se em medicina na
Universidade de Breslau em 1865. Exerceu a medicina no exército prussiano durante as guerras contra a
Dinamarca, Áustria e França, sendo condecorado por sua valentia. Tinha uma memória prodigiosa, e era
capaz de recordar todas as partidas que havia jogado em sua vida, falava onze idiomas e era um excelente
atirador de pistola e esgrimista.
Aprendeu a jogar xadrez em Breslau, aos 18 anos, tendo como professor o grande Adolf
Anderssen, quem lhe iniciou no jogo de combinação, e com quem jogou dois matches, perdendo em 1868
por +3 -8 =1 e ganhando em 1871 por +5 -2 =0. Durante os anos 1867/71 foi editor com Anderssen da
revista “Neue Berliner Schachzeitung”. Em 1878, ganhou o grande Torneio de Paris, e este mesmo ano se
fez cidadão inglês. Foi um extraordinário jogador às cegas, realizando múltiplas e brilhantes sessões de
simultâneas, e em 16 de dezembro de 1876 bateu, em Londres, o recorde mundial, ao jogar 16 partidas de
uma vez com o magnífico resultado de +11 -1 =4.
Seu estilo de jogo era brilhante ao extremo, as combinações eram sua especialidade e quanto
à sua imaginação, ninguém lhe superava em seus melhores tempos, que eram, sem dúvida, o momento
que enfrentava Steinitz com o Título Mundial em jogo. Mas tinha vários pontos débeis em sua
personalidade: nervoso e impressionável.
As negociações para este encontro que agora estavam disputando haviam durado anos, e
destaco, ironicamente, que nenhum dos concorrentes aceitava a designação de “aspirante”. O vencedor
seria o primeiro que ganhasse 10 partidas, sem contar os empates.
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Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico
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Steinitz se impôs conduzindo as peças negras na 1ª partida, mas Zukertort ganhou as quatro
seguintes de forma impressionante, com o que ninguém duvidava que seria Campeão Mundial, sem
demasiados problemas. Mas tinha que contar com o formidável poder de recuperação de Steinitz, que na
seguinte série de jogos, disputados em São Luis, reagiu com ímpeto, ganhando 3 das 4 partidas ali
disputadas, e um empate, com o que o match ficou em 4,5 x 4,5. As partidas seguintes foram disputadas
em New Orleans, com um Steinitz cada vez mais moral e um Zukertort já sem confiança em si mesmo.
Steinitz se impôs agora contundentemente, ganhando o encontro por +10 -5 =5, com o qual chegou a
convencer por fim, toda a aficção mundial de que era o jogador n.º 1.
Zukertort, de caráter muito impressionável, jamais se repôs desta derrota, pois, no ano
seguinte, perdeu um encontro com Blackburne, a quem havia vencido facilmente em 1881 (+7 -2 =5) pelo
discrepante placar de +1 -5 =8. Também jogou outros torneios, mas já sem êxito, e o 20 de junho de 1888
foi marcado por seu derrame cerebral, que o levou à tumba enquanto se encontrava jogando uma partida.
Steinitz x Zukertort
New York, São Luís e New Orleans
11Jan - 29Mar1886
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz 1 0 0 0 0 1 1 ½ 1 ½
Zukertort 0 1 1 1 1 0 0 ½ 0 ½
11 12 13 14 15 16 17 18 1
9
20 Tot
Steinitz 1 1 0 ½ ½ 1 ½ 1 1 1 12,5
Zukertort 0 0 1 ½ ½ 0 ½ 0 0 0 7,5
Zukertort começou o match de Brancas.
ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %
Defesa Tarrasch 7, 13, 15 3 15
Escocesa 2 1 5
Eslava 1, 3, 5 3 15
Gambito da Dama 9, 17, 19 3 15
Quatro Cavalos 11 1 5
Ruy Lopez 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 8 40
Vienense 20 1 5
A SEGUIR:
II Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Tchigorin, 1889
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FINAIS I
2.2. Rei e Torre X Rei
Como no caso Rei e Dama x Rei, o mate é praticado com o Rei inferior em qualquer casa
marginal.
Exemplos: Tb1, Rf3 x Rf1; Te8, Rg6 x Rh8; e análogas.
O mate ocorre em média com 17 lances.
Diagrama: Ra1, Td4 x Re5
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Cercar o Rei na margem do tabuleiro e chegar à posição típica de mate. Obs.: cuidado com o “pat”.
PROCEDIMENTO
*****
1 Ta4
Mantendo o Rei inimigo preso do “outro lado do tabuleiro”, o mais longe possível dele.
1 ... Rd5 2 Rb2
Ao contrário da Dama, que não pode ser atacada pelo Rei inimigo, a Torre necessita da defesa do Rei.
2 ... Rc5 3 Rb3 Rd5
Se 3 ... Rb5 então Tc4, facilitando o trabalho branco, pois o Rei estaria preso no retângulo a8-c8-c4-a4.
4 Rc3 Re5
Se 4 ... Rc5 então 5 Ta5+, tirando do Rei inimigo mais uma horizontal.
Se 4 ... Rc6, 4 ... Rd6 ou 4 ... Re6 então 5 Ta5, tirando do Rei inimigo a 5ª horizontal.
5 Rd3 Rd5 6 Ta5+
Quando o Rei negro coloca-se diante (ou lateralmente) do Rei branco, separado por uma casa, deve-se dar
xeque.
6 ... Rc6 7 Rc4
A Torre cerca o Rei inimigo no quadrado a5-a8-d8-d5.
7 ... Rb6 8 Tc5
Diminuindo o espaço do Rei negro.
8 ... Rb7 9 Rd5 Rb6 10 Rd6
Continuando a vigília sob a 5ª horizontal.
10 ... Rb7 11 Tc1
Preparando 12 Tb1+, cercando o Rei inimigo na margem se o adversário responder com 11 ... Rb6.
11 ... Rb6 12 Tb1+
O Rei negro colocou-se ao lado do Rei inimigo, separado por uma casa, então a Torre deu xeque,
cercando agora o Rei na margem. A Torre só sairá desta coluna para dar mate.
12 ... Ra5 13 Rc6
Deve-se esperar que o Rei negro coloque-se na mesma horizontal.
13 ... Ra4
Se 13 ... Ra6 14 Ta1++
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14 Rc5 Ra3 15 Rc4 Ra2 16 Tb8
Continuando a vigiar a coluna b e distanciando-se ao máximo do Rei inimigo.
16 ... Ra3 17 Tb7
“Perdendo um tempo” para que o Rei negro entre na horizontal de seu Rei.
17 ... Ra2
É obvio que se 17 ... Ra4 18 Ta7++
18 Rc3 Ra1 19 Rc2
Cuidado: 19 Tb2, pat.
19 ... Ra2 20 Ta7++ (1-0)
Posições que se deve evitar:
•Tb7, Rc6 x Ra8
1 ... ? (=)
•Te7, Rf8 x Rh8
1 ... ? (=)
•e posições análogas
A SEGUIR:
2.3. Rei e dois Bispos x Rei
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TÁTICA I
1.2. Princípio da peça imóvel
Atuando sobre uma peça inimiga imobilizada (por bloqueio ou pregadura), um número de
peças atacantes maior que o número de peças que a defendem, essa peça imobilizada poderá ser
capturada.
Exemplo:
Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cc6, e5, Rf8, Bg7
1 ? Brancas ganham o Peão inimigo
PLANO
*****
O Peão preto está imobilizado (bloqueado pelo Peão branco). Convergem sobre eles 3 ataques: Cavalo,
Bispo e Torre, enquanto suas defesas são apenas duas: Cavalo e Bispo.
PROCEDIMENTO
*****
1 Ce5 Ce5 2 Be5 Be5 3 Te5
E as Brancas ganham o Peão.
Se o Peão e5 estivesse defendido por outro Peão, as Brancas não iriam captura-lo. Estes
ganhos de peça são possíveis quando as peças trocadas são do mesmo valor.
Nas capturas de peças defendidas há uma regra fácil.
a) Para se ganhar uma peça defendida, deve-se ter, no mínimo, uma peça de ataque a mais do
que as peças de defesa.
b) Para se defender, uma peça atacada, basta ter um número de peças defensivas igual ao
número de peças atacantes.
No exemplo anterior, se existisse mais uma peça preta de defesa, por exemplo, uma Torre em
e7, teríamos 3 peças atacantes x 3 peças defensivas. Insistindo as Brancas nas capturas: 1 Ce5 Ce5 2 Be5
Be5 3 Te5 Te5 e as Pretas ganhariam uma Torre em troca de um Peão. Estas regras dizem respeito apenas
aos casos em que as peças trocadas são do mesmo valor. Um Peão defendido somente por um Peão anula
diversos ataques de peças contrárias.
Exemplo:
Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cb7, d6, Td8, e5, Rf8, Bg8
1 ?
Analise esta posição. As Brancas devem capturar o Peão e5?
PLANO
*****
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Três peças brancas (Cavalo, Bispo e Torre) convergem sobre o Peão preto, que está defendido por outro
Peão. As Brancas não podem captura-lo, pois 1 Ce5 de5 2 Be5, as Brancas ganhariam um Peão, mas
perderiam o Cavalo.
Diagrama: a2, b2, c2, Ba4, Rd1 x a6, b7, c5, Rd8
1 ... ?, ganham material
PLANO
*****
O Bispo a4 está cercado por seus próprios Peões.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... b5 2 Bb3 c4
Ganhando o Bispo.
O Bispo encontra-se defendido por 2 Peões (a2 e c2) e atacado por apenas um Peão inimigo; é
um caso interessante de ganho de peça imobilizada.
Diagrama: c4, d3, Ra3, Ch5 x c5, d4, Rc6, Bg7
1 ... ? (0-1)
PLANO
*****
O Cavalo encontra-se longe da defesa de seu Rei, e de h5 locomove-se somente para as casas negras,
onde corre o Bispo inimigo, que pode imobiliza-lo, dominando suas casas de salto.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Be5 (0-1)
Imobilizando o Cavalo. Agora o Rei negro chega primeiro que o branco e captura o cavalo.
Se 2 Rb3 Rd7 3 Rc2 Re6 4 Rd2 Rf5 5 Re2 Rg4, ganhando o Cavalo e a partida.
Diagrama: Bb1, Rg6 x Rc8, Dd7
1 ? ganham material
PLANO
*****
A Dama e o Rei estão na mesma diagonal por onde corre o Bispo branco. Surge a idéia de pregadura.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bf5
Ganhando a Dama que não pode mover-se por estar pregada.
A SEGUIR:
1.3. Princípio da peça sobrecarregada
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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO
1.1. Partida n.º 1
Breslau, 1862
Gambito Falkbeer
Rosanes x Anderssen
1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Bb5+
Este lance é característico dos jogadores antigos. Não é lance posicional, tem como objetivo apenas
perseguir uma imediata vantagem material ou mate. Hoje em dia, sabe-se que durante a abertura, o
domínio do centro é o ponto essencial.
Um jogador moderno se esforçará antes de tudo em lutar contra o pressionador Peão negro de e4 e, por
conseqüência, jogar 4 d3. O condutor das brancas na presente partida quer, ao contrário, tal como era
usual nesta época, assegurar a preponderância numérica de seus Peões, ainda que a custa de seu próprio
desenvolvimento, jogando para isto 4 Bb5+ para seguir, após ...c6, com a troca de seu Peão d5 que
poderia chegar a ser débil mais tarde.
4 ... c6 5 dc6 Cc6
Na maioria das vezes, costuma-se jogar aqui ...bc6.
6 Cc3 Cf6 De2
Aqui era melhor para as Brancas jogar o Peão d com o objetivo de recuperar-se no desenvolvimento
atrasado.
Ao invés disto, as Brancas perseguem mais vantagem material, ou seja, ganhar outro Peão, o do Rei.
As Negras, e com razão, não se esforçam em defender este Peão, mas continuam seu desenvolvimento.
Quanto mais Peões desaparecem do tabuleiro e quanto mais colunas se abrem, maior será a vantagem do
desenvolvimento.
7 ... Bc5 8 Ce4 0-0 9 Bc6 bc6 10 d3 Te8 11 Bd2
As Brancas querem colocar seu Rei em segurança por meio do roque grande, mas o Negro conseguiu
colunas abertas também no flanco da Dama.
11 ... Ce4 12 de4 Bf5 13 e5 Db6
Se 13 ... Bc2 14 Dc4 e as Negras deveriam trocar um de seus Bispos bons, mas ainda assim seria
favorável ao segundo jogador, graças ao atraso branco.
14 0-0-0 Bd4
Isto causa uma debilidade no flanco do roque branco.
15 c3 Tab8 16 b3 Ted8!
Uma típica jogada preparatória de Anderssen, princípio de uma brilhante combinação da qual seu
adversário ignora completamente.
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17 Cf3
É claro que se jogam 17 cd4 Dd4 e não teriam mais salvação. Se houvesse percebido o propósito de seu
adversário, teriam jogado 17 Rb2, mas o Negro com ... Be6 ameaçando ... Bb3 teria ganho rapidamente.
17 ... Db3! 18 ab3 Tb3 19 Be1 Be3+! (0-1)
Com mate no próximo lance.
A SEGUIR:
1.2. Partida n.º 2
Breslau, 1862
Gambito Kieseritzky
Rosanes x Anderssen
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EXERCÍCIOS
Diagrama 2.1
a2, b2, c3, f2, g2, h2, Ta1, Te1, Rg1, Cg5, Dh5 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Dc7, Bd7, Te8, Rg8
Composição
1 ... ?
O que ameaçam as Brancas?
PLANO
*****
O ataque simultâneo a h7 e f7.
Mas o Negro pode proteger simultaneamente ambos os Peões, como?
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Bf5
Observe que isto só é possível graças ao posicionamento das peças negras. Se a Dama negra estivesse em
c8 (ao invés de c7), a perda do Peão seria inevitável.
Diagrama 2.2
a3, f2, g2, h3, Ta7, Dc5, Tc7, Rh2 x d5, f4, g7, h6, Td3, Td4, Dg6, Rh7
Tartakower x Cohn
Varsovia, 1927
1 ?
Se neste diagrama jogasse o Negro, o que deveria fazer?
PLANO
*****
Explorar a posição desprotegida do Rei Branco. Se o Negro conseguir dominar a casa g3 (ou obstrui-la),
h2, g1 e h1, teria uma posição de mate.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1++ (1-0)
Mas compete ao Branco o lance, e Tartakower encontra um lance que impede o plano negro e cria uma
forte ameaça contra Cohn. Descubra você.
PLANO
*****
Contra-atacar o ponto débil g7.
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico
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Página 12
PROCEDIMENTO
*****
1 Df8!
Não somente impede o mate ( 1... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1+ 4 Df1, etc), mas ao mesmo tempo cria
uma forte ameaça contra a casa f7, ganhando rapidamente.
1 ... Tg3 2 Tg7+ Dg7 3 Df5+ (1-0)
O Negro abandona, pois se 3 ... Tg6, segue 4 Tg7+ Rg7 5 De5+ (1-0)
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico
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Página 13
BIBLIOGRAFIA
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 13-15 e 63-71
• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 109-110 e 198-200
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO
Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 12-14
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 14-15
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez
TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 3
Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO
II CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ
Steinitz X Tchigorin, 1889
Após sua vitória sobre Zukertort, nenhum jogador no mundo ameaçava seriamente o trono de
Steinitz. O Campeão Mundial passou quase 3 anos sem participar de nenhuma “luta” séria, mas quando
visitou Havana (Cuba), onde existia uma enorme simpatia pelo xadrez, foi organizado o “match” com
Tchigorin com o título em jogo ao melhor resultado em vinte partidas.
Miguel Ivanovich Tchigorin (Gatschina, 12Nov1850 - Lublin, 25Jan1908), fundador da atual
escola soviética (russa), foi um dos jogadores mais geniais e irregulares de todos os tempos. Ao longo de
sua carreira encontramos produções de grande beleza juntamente com erros grosseiros, indignos de um
enxadrista de tão extraordinário talento. Até os 16 anos não havia aprendido a jogar xadrez, mas em 1879
venceu o Torneio de San Petesburgo. Sua 1ª participação internacional foi no Torneio de Berlim, 1881,
onde terminou empatado em 3º lugar com Winawer e superado por Blackburne e Zukertort, mas deixando
para trás jogadores de reconhecida classe. No ano seguinte participou discretamente do Torneio de Viena,
e em 1883 classificou-se em 4º lugar no Torneio de Londres. Estas atuações, assim como seus triunfos em
matches contra Alapin, Schiffers e A. de Riviere, lhe deram uma grande reputação, pois seu jogo
demonstrava uma grande riqueza de idéias. Tchigorin foi um dos poucos enxadristas que não admitiram
os princípios de Steinitz totalmente, afirmando que “as melhores normas de jogo estão longe de
conhecerem-se”. Não é de estranhar que para Tchigorin, a superioridade dos Bispos sobre os Cavalos,
como pregava Steinitz, e outras normas, não tiveram valor algum. Para ele a atividade das peças não era o
mais importante, e o domínio do centro com Peões, uma utopia, com o que se antecipavam os hiper-
modernistas, que como Nimzowitch, Reti e Breyer, principalmente, iriam revolucionar o xadrez nos
primeiros 25 anos do século XX.
Tchigorin gostava do jogo aberto e não admitia nenhum dogma. Assim, contra a Defesa
Francesa, empregava o aparente absurdo lance 2 De2, depois de 1 e4 e6; ou defendia-se do Gambito da
Dama da seguinte forma: 1 d4 d5 2 c4 Cc6, etc. De qualquer forma, seu aprofundamento na teoria das
aberturas foi muito grande, e muitas são hoje linhas surgidas de seu engenho. Sua principal virtude era o
constante afã de luta, seu desejo de complicar posições e seu grande poder de combinação. Seus defeitos:
as enormes distrações, que também o fizeram famoso, e seu escasso domínio do Gambito da Dama com
Negras, assim como seu grande nervosismo e aficção à bebida.
Steinitz aceitou rapidamente o desafio por dois motivos: 1º porque considerava Tchigorin
como o mais forte adversário, o que indubitavelmente lhe honrava desportivamente, e o 2º pelo desejo de
mostrar ao mundo sua superioridade, pois Tchigorin havia ganho 3 das 4 partidas que haviam jogado
(uma em Viena, 1882 e duas em Londres, 1883), e além disso, no match por correspondência entre
Londres e San Petesburgo, 1886-1887, Tchigorin, o capitão da equipe russa, se impôs a Londres, dirigida
por Steinitz, com uma vitória e um empate.
O encontro de Havana, ao melhor resultado em 20 partidas, começou em meio a uma grande
expectativa, e começou 48 horas após a chegada de Tchigorin, depois de uma viagem de 32 dias, dos
quais 26, havia passado no mar. Até a 13ª partida, apesar de interessante, o match permanecia indeciso,
mas Steinitz se impôs nas 3 partidas seguintes com o que decidiu praticamente a luta, pois, somente um
empate nas 4 seguintes era suficiente para conservar o título. Tchigorin lutou como um leão na 17ª
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico
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partida, mas teve de conformar-se em repartir o ponto e deixar o título nas mãos do rival, que venceu por
+10 -6 =1, o que demonstra como foi disputada a luta.
Steinitz teve a satisfação de vencer de Negras em 3 “Gambito Evans Aceito”, onde empregou
sua barroca defesa de 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0 Df6?!, mas foi derrotado 4
vezes e empatou a 17ª que lhe serviu para revalidar o título.
Possivelmente Steinitz não teria sido derrotado 6 vezes se escolhesse outras aberturas, pois
Tchigorin foi o maior jogador de Gambito Evans, mas aquele grande lutador sempre estava disposto a
provar sobre o tabuleiro o que afirmava com a pluma em seus artigos periódicos.
Steinitz x Tchigorin
Havana
20Jan - 24Fev1889
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1
Tchigorin 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0
11 12 13 14 15 16 17 Tot
Steinitz 0 1 0 1 1 1 ½ 10,5
Tchigorin 1 0 1 0 0 0 ½ 6,5
Tchigorin começou o match de Brancas.
ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %
Eslava 8 1 6
Gambito Evans 1, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 8 47
Holandesa 16 1 6
Ruy Lopez 3 1 6
Tchigorin 2, 4, 6, 10, 12, 14 6 35
A SEGUIR:
III Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Gunsberg, 1890-91
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Página 4
FINAIS I
2.3. Rei e dois Bispos x Rei
O mate só é possível quando o Rei inimigo se localiza em casa angular ou vizinha da angular.
Exemplos: Rc7, Bb6, Bd5 x Ra8; Rf7, Bf5, Bg7 x Rh7; etc.
O mate ocorre em média de 18 lances.
Diagrama: Ra1, Bg4, Bh4 x Rf4
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Em 1º lugar é claro, afastar o Bispo g4. Então manobrar com os Bispos cercando o Rei através de
triângulos, até prender o Rei num dos triângulos de 6 casas das 4 casas angulares, colocando o Rei na
casa 3C (ou 2B) para então dar mate com o outro Bispo. Os Bispos lado a lado defendem-se
mutuamente, evitando que o Rei capture um deles. Cuidado com o pat.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bd1 Re3
Ameaçando 2 ... Rd2
2 Bg5+ Rd4
Se 2 ... Rf2, o Rei se autocerca no triângulo da casa angular h1, facilitando o serviço branco!
3 Bc2
Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular a8.
3 ... Rc3 4 Rb1 Rd4 5 Rb2 Re5 6 Rc3 Rd5 7 Bf6
Fechando outra linha do triângulo citado.
7 ... Re6 8 Bd4 Rd5
Permanecendo o máximo tempo possível no centro.
9 Bf5 Rd6 10 Rc4 Re7 11 Be5
Agora o Rei foi trancado no triângulo da casa angular h8. Os Bispos se autodefendem!
11 ... Rf7 12 Rd5 Re7 13 Be6 Re8 14 Bf6
Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular h8. Colocando os Bispos emparelhados.
14 ... Rf8 15 Re5
Dirigindo-se a g6.
15 ... Re8 16 Rf5 Rf8 17 Rg6 Re8 18 Bg5
Forçando o Rei a dirigir-se para h8.
18 ... Rf8 19 Bd7
Evitando que o Rei se dirija a f8 e preparando-se para cerca-lo no triângulo f8-h6-h8.
19 ... Rg8 20 Be7 Rh8 21 Bf8
Manobra instrutiva.
21 ... Rg8 22 Bh6 Rh8 23 Bg7+ Rg8 24 Be6++ (1-0)
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Posições de pat:
•Bb7, Rc7, Bd6 x Ra7 1 ... ? (=)
•Rf7, Bg5, Bg6 x Rh8 1 ... ? (=)
•etc
Obs.: 2 Bispos da mesma cor não podem dar mate. Até 9 Bispos que se movimentem por
casas de cor igual, não podem dar mate. É fácil compreender que resta ao Rei inferior uma casa de fuga
de cor oposta a 2 Bispos.
A SEGUIR:
2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei
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TÁTICA I
1.3. Princípio da peça sobrecarregada
Peça sobrecarregada é aquela que desempenha mais de uma ação. Por exemplo: uma peça que
defende, ao mesmo tempo, duas ou mais peças. Obrigando-se essa peça sobrecarregada a mover-se,
desfaz-se a harmonia defensiva; daí poderá resultar a perda de material.
Diagrama: c3, Be2, g3, Rg7 x Rb8, c4, Be6, g4
1 ? (1-0)
PLANO
*****
O Bispo e6 é uma peça sobrecarregada, pois defende os Peões c4 e g4. Se atacado, deverá deixar uma
das defesas.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rf6 (1-0)
Diagrama: a2, b2, f2, g3, h2, Cc3, Dd3, Te1, Rg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Da5, Cd4, Td8, Rh8
1 ? (1-0)
PLANO
*****
A Torre d8 está sobrecarregada, pois defende o Cavalo d4 e o mate Te8.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dd4 (1-0)
Obvio que se 1 ... Td4 2 Te8++.
Diagrama: c4, d5, e4, g2, h2, Tb1, Tc1, Bf5, Rg1 x a7, c5, c7, g7, h6, Tb7, Cd8, Df7, Rg8
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Explorar o Cavalo d8, sobrecarregado, pois defende a Torre b7 e a entrada do Bispo em e6, cravando a
Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Tb7! (1-0)
Se 1 ... Cb7 2 Be6.
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Página 7
Diagrama: d5, Cb3, Td2, Rf4 x d6, Cc5, Te5, Rf8
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Explorar o Peão d6, sobrecarregado, pois defende o Cavalo c5 e a Torre e5.
PROCEDIMENTO
*****
1 Cc5 (1-0)
Se 1 ... dc5 2 Re5
A SEGUIR:
1.4. Princípio do ataque simultâneo
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Página 8
OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO
1.2. Partida n.º 2
Breslau, 1862
Gambito Kieseritzky
Rosanes x Anderssen
1 e4 e5 2 f4 ef4 3 Cf3
Com este lance formou-se o gambito conhecido sobre o nome de Cavalo do Rei. Existem outras variantes,
por exemplo: 3 Bc4 e 3 Be2, e também 3 Df3 (Gambito Breyer), ainda que não muito utilizado.
3 ... g5
Como se conhece há três séculos, o Peão do gambito somente pode ser defendido imediatamente. De
acordo com o que observamos na primeira partida, esse objetivo de sustentar a vantagem material obtida,
era, nos tempos de Anderssen, a forma predominante de jogar. Agora, as Brancas tem duas variantes
diferentes. Uma delas consiste em continuar seu desenvolvimento mediante 4 Bc4 e 5 0-0.
Esta é uma maneira inocente de jogar, própria de enxadristas de ataques superficiais, mas não
corresponde ao espírito do Gambito do Rei. A idéia deste gambito, como já sabemos, é o ataque à coluna
f, na qual os pontos f6 e f5 foram debilitados pelo lance g5, pois se forem dominados, não podem ser
defendidos pelo Peão, que está em g5, não podendo este atacar a peça branca que possivelmente se
coloque nestes pontos. Se Rosanes quiser jogar posicionalmente no espírito do Gambito do Rei, antes de
tudo deve abrir a coluna f e tirar o Peão de f4. A continuação posicional é 4 h4, minando a defesa do Peão
f4, ou seja, o Peão de g5. Rosanes tem que decidir neste momento a linha a seguir.
Se joga 4 Bc4, Anderssen pode contestar com 4 ... Bg7, e o lance 5 h4 já não pode conseguir seu objetivo,
pois Anderssen tem a possibilidade de jogar h6 e com isso manter intacta sua cadeia de Peões.
4 h4 g4 5 Ce5
Esta abertura recebe o nome de Gambito Kieseritzky. Outra continuação é o Gambito de Allgaier, onde as
Brancas jogam 5 Cg5, vendo-se obrigadas, após 5 ... h6, a sacrificar seu Cavalo com 6 Cf7, mas em troca,
obtém um ataque muito perigoso.
5 ... Cf6
Eis uma boa ocasião para demonstrar o valor de ter compreendido o espírito de uma abertura e não
memorizar as diversas variantes, o que não é tão proveitoso. O “jogador de café”, que busca o lance mais
próximo para atacar, provavelmente jogaria aqui, 6 Bc4.
Mas também o jogador novato, que tenha sido contaminado pela infrutuosa moléstia de estudar o célebre
método de Bilguer, seguindo aquelas indicações, fará o mesmo lance, e por um contra-ataque negro,
chegara a ter desvantagem. Não deve-se estranhar o fato de que na análise do Gambito do Rei, a obra de
Bilguer contenha numerosos defeitos. Uma análise de variantes, no decorrer dos anos, chega a
manifestar-se quase sempre como equivocada. A ciência de conhecer variantes é somente uma ciência
aparente.
Além disso, o Gambito do Rei não é nenhuma abertura moderna, e a maior parte das variantes procedem
do tempo antigo, quando era insignificante o que se pensava sobre o jogo de posição. Se mantém-se a
idéia da abertura, se chega à conclusão de que é preciso fazer desaparecer o Peão f4 para a liberação da
coluna f. Portanto, o lance indicado é 6 d4, o qual um dos melhores jogadores de posição, Philidor e o
grande “posicionalista”, Rubinstein, qualificaram como vantajosa para as Brancas. Após 6 d4 d6 7 Cd3
Ce4 8 Bf4, as Negras tem efetivamente um Peão a mais, mas se encontra em uma situação nada
agradável, graças à debilidade irreparável da coluna aberta. Não devemos estranhar que Rosanes tenha
feito o lance mais débil, mas aparentemente mais lógico.
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Página 9
6 Bc4 d5 7 ed5 Bd6 8 d4 Ch5
Rosanes não consegue abrir tão facilmente a coluna f. Deveriam ter jogado na hora certa 0-0, apesar da
possível contestação ... Dh4. Rosanes, como na partida anterior, não joga posicionalmente, mas pela
vantagem material.
9 Bb5+ c6 10 dc6 bc6 11 Cc6 Cc6 12 Bc6+ Rf8 13 Ba8
Rosanes tem uma Torre a mais, mas em troca, uma posição perigosa no flanco do Rei, e uma posição mal
desenvolvida.
13 ... Cg3 14 Th2
Rosanes, ao invés de colocar a Torre em h2, onde atua o adversário, deveria devolver o sacrifício,
cedendo a qualidade, colocando o Rei em f2 no lance 14.
14 ... Bf5 15 Bd5
Melhor defesa seria 15 Bc6 para não permitir que a Torre negra se dirigisse a e8.
15 ... Rg7! 16 Cc3 Te8+ 17 Rf2 Db6
Anderssen ameaça o ataque decisivo através de ... Be5.
18 Ca4 Da6
Anderssen ameaça mate em 4. Será que você descobre?
PLANO
*****
Mate de Cavalo e Torre
PROCEDIMENTO
*****
19 De2+ 20 De2 Te2+ 21 Rg1 Te1+ 22 Rf2 Tf1++
Esta ameaça de Anderssen não se pode parar através de 19 c4. Descubra o porque.
PLANO
*****
O mesmo, mate de Cavalo e Torre.
PROCEDIMENTO
*****
19 ... Da4! 20 Da4 Te2+ (0-1)
19 Cc3 Be5! 20 a4
Anderssen anuncia mate em 4. Encontre você.
PLANO
*****
Mate com Bispo, Torre e Cavalo.
PROCEDIMENTO
*****
20 ... Df1+! 21 Df1 Bd4+ 22 Be3 Te3! 23 Rg1
A qualquer outro lance segue ... Te2++.
23 ... Te1++ (0-1)
A SEGUIR:
1.3. Diagramas Diversos
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EXERCÍCIOS
Diagrama 3.1
a2, c2, f2, g2, h2, Bc5 Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8, Dd8, Te8, Rg8
Zuckertort x Anderssen
1 ?
Neste diagrama, após 1 Dh7+ Rf7 2 Dh5+ Rg8 e Zuckertort não conseguiria nada mais do que um empate
por repetição de lances. Mas Zuckertort encontrou uma linha ganhadora.
PLANO
*****
Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)
Analise 1 ... Te7
*****
Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.
Diagrama 3.2
c5, d4, e6, g2, h3, Tb1, Tf1, Dg3, Rh1 x a5, b7, f6, h5, Bb4, Dc6, Ce7, Re8, Tf8
Morphy x Thompson
Match 1859
1 ?
Morphy forçou a vitória em poucos lances, de maneira irrefutável
PLANO
*****
Explorar a posição incômoda do Rei negro, cuja mobilidade resume-se a d8.
PROCEDIMENTO
*****
1 Db8+ Dc8 2 Dd6 Dc6 3 Tb4 ab4 4 Ta1 (1-0)
Thompson abandonou, pois não encontrou defesa contra a entrada da Torre branca em a8.
Analise 1 ... Cc8.
*****
2 d5! Dc5
Única que mantém a defesa do Cavalo.
3 Tfc1 Bc3 4 Db7 (1-0)
Observe como Morphy reagrupou suas peças.
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Diagrama 3.3
a4, b3, d4, e3, f3, g4, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd2, Te1, Rg1, Bg2, Cg3 x a5, b7, c7, d5, f7, g7, h6, Ta8,
Bb4, Cd7, Dd8, Te8, Cf6, Rg8, Bh7
Spasski x Petrosian
Torneio de Candidatos 1956
1 ... ?
Encontre a ameaça branca.
****
Spasski ameaça ganhar o Cavalo de Petrosian mediante 2 g5.
Encontre um plano defensivo para as Negras.
PLANO
****
Criar um refúgio para o Cavalo f6 sem esquecer do Peão d5 que está defendido apenas por ele.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Bd6! 2 f4
Se 2 Cge2, Petrosian contestaria com 2 ... Bd3.
2 ... Bg4
Após a troca Bc3, a casa e4 poderá ser ocupada por uma peça de Petrosian.
3 g5 Bc3 4 Bc3 Ce4 5 Be4 Be4
E a partida seguiu com igualdade.
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BIBLIOGRAFIA
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 16-17 e 63-71
• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 110-111 e 200-202
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO
Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 14-16
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 16-17
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez
TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 4
Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO
III CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ
Steinitz X Gunsberg, 1890-91
Isidoro Gunsberg (Budapeste, 02Nov1854-Londres, 02Mai1930), de origem judia, foi o
terceiro aspirante ao Título de Steinitz. Ainda que húngaro de nascimento, pode ser considerado um
enxadrista inglês, já que aos 13 anos mudou-se para a Inglaterra com sua família e ali obteve a cidadania.
Aprendeu a jogar logo e no célebre Café de La Regence, de Paris, foi apresentado como um menino
prodígio. em 1876 jogou dentro do famoso robô “Mephisto” em Londres, com o que pretendia emular as
façanhas do idealizado pelo Barão Wolfgang von Kempelen, que chegou a jogar contra Napoleão.
Quando enfrentou Steinitz, era considerado como um dos mais fiéis seguidores das teorias do
Campeão, e contava com um brilhante curriculum, pois havia ganho os Torneios de Hamburgo, 1885;
Bradford e Londres, 1888. Em matches havia vencido a Bird (Londres, 1866, por +5 -1 =3), Blackburne
(Bradford, 1887, por +5 -2 =6) e empatado com Tchigorin num dramático encontro em Havana, 1890,
com o resultado de +9 -9 =5.
Frente a Steinitz defendeu-se com grande dignidade, pois somente foi derrotado por +4 -6 =9,
em um encontro ao melhor resultado em 20 partidas. O Campeão Mundial voltou a aplicar em quatro
ocasiões sua barroca defesa do Gambito Evans, que havia empregado diante de Tchigorin, e perde em
duas ocasiões, ainda que tenha conseguido a satisfação de vencer em uma e empatar outra.
Gunsberg dirigiu durante cerca de 30 anos a seção de xadrez do “Daily Telegraph” e do
“Morning Post”, de Londres e escreveu diversos livros sobre o tema. Sua carreira enxadrística se
desenvolveu até 1914, ano em que participou do famoso Torneio de San Petesburgo, vencido por Lasker,
mas a idade já não lhe permitia enfrentar com êxito a jovens como Capablanca e Alekhine.
Steinitz x Gunsberg
New York
09Dez1890-22Jan1891
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz ½ 1 ½ 0 0 1 1 ½ ½ 1
Gunsberg ½ 0 ½ 1 1 0 0 ½ ½ 0
11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot
Steinitz ½ 0 1 ½ ½ 0 ½ 1 ½ 10,5
Gunsberg ½ 1 0 ½ ½ 1 ½ 0 ½ 8,5
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Steinitz começou o match de Brancas.
ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %
Eslava 3 1 5
Gambito da Dama 1, 5, 17 3 16
Gambito da Dama Aceito 7 1 5
Gambito Evans 12, 14, 16, 18 4 21
Italiana 4, 8, 10 3 16
Peão da Dama Irregular 6, 19 2 11
Ruy Lopez 2 1 5
Zukertort 9, 11, 13, 15 4 21
A SEGUIR:
IV Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Tchigorin, 1892
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FINAIS I
2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei
Método dos Triângulos
Délétang e Cognet
É o mais difícil e apaixonante dos finais elementares.
Existem diversos métodos, utilizaremos o de mais fácil memorização. o Método dos
Triângulos do amador argentino Daniel Délétang (La Stratégia, 1923; El Ajedrez Argentino, 1925),
aperfeiçoado por E. Cognet (L’Echiquier, janeiro de 1931).
É raríssimo ocorrer este tipo de final, mas todo enxadrista deve conhece-lo.
O mate de Bispo e Cavalo só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular
seja da mesma cor que as dominadas pelo Bispo.
Exemplos:
Diagrama: Ca6, Rb6, Bc6 x Ra8
O Bispo dá mate desde uma casa afastada do Rei adversário. Neste diagrama, o Bispo pode ocupar uma
casa mais afastada ainda, mas para dar mate deve mover-se desde uma diagonal paralela à grande
diagonal.
Diagrama: Rb6, Bb7, Cc6 x Ra8
O Bispo dá mate colocando-se na casa contígua ao Rei inimigo. Na posição deste diagrama, o Cavalo
pode estar colocado também em d7, mas não em a6, pois é dela que vem o Bispo.
Diagrama: Ca6, Rb6, Bb7 x Rb8
O mate é realizado pelo Cavalo, que pode estar colocado não só em a6, mas também em c6 ou em d7.
Para realizar qualquer um destes mates, o Rei ofensivo deve estar a salto de Cavalo da casa
angular.
Diagrama: Bb3, Cd3, Rg7 x Re7
Examinando este diagrama, observamos que o Bispo está colocado na 2ª casa de uma
diagonal, que é por sua vez a segunda casa de uma fila, cuja 4ª casa está ocupada por um Cavalo.
Consideremos agora o tabuleiro em relação às diagonais.
A grande diagonal preta (a1-h8) divide o tabuleiro em 2 partes iguais. O Rei preto encontra-se
na metade esquerda.
Nesta metade, as 3 diagonais brancas formam com as bordas do tabuleiro, 3 triângulos
retângulos que se superpõem num ângulo reto comum, situado em a8.
As hipotenusas desses 3 triângulos estão representadas:
•para o triângulo maior pela diagonal a2-g8;
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•para o triângulo médio pela diagonal a4-e8;
•para o triângulo menor pela diagonal a6-c8.
Examinando o triângulo maior, verificamos que o Rei preto não pode atravessar a hipotenusa.
Com efeito, o Bispo impede o acesso às casas brancas, o Rei branco protege as casas pretas f6 e f8, e o
Cavalo domina as casas pretas b4, c6 e e5. Pode-se afirmar que o triângulo maior está fechado.
O mesmo resultado se obtém em posição análoga: Rb2, Cf5, Bf7 x Rb4.
Após cercar o Rei no triângulo maior, deve-se empurra-lo para o triângulo médio e, deste,
obriga-lo a penetrar no triângulo menor.
Veremos previamente que a aplicação do “método dos triângulos” permite obter o que
denominaremos uma posição final da qual derivará uma das 3 formas de mate que já foram apontadas.
Examinaremos estas posições finais, nas quais as Brancas acabam de fechar o triângulo menor
e, portanto, é a vez de jogarem as Pretas:
Posição Final do Tipo A - Diagrama: Rb6, Bd7, Cd5 x Rb8
1 ... Ra8 2 Cb4
Ou Cc7+
2 ... Rb8 3 Ca6+ Ra8 4 Bc6++
Mate tipo I.
Se o Rei preto estiver em a8 (não em b8), o mate se processa assim:
1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Be6
Lance de espera com o objetivo de permitir que o Cavalo vá a a6, para dar xeque, pois é evidente que se
as Brancas jogarem 3 Ca6? é empate por afogamento.
3 ... Rb8 4 Ca6+ Ra8 5 Bd5++
Mate tipo I
Posição Final do Tipo B - Diagrama: Ba6, Rb6, Cd5 x Rb8
1 ... Ra8 2 Cb4 Rb8 3 Cc6+ Ra8 4 Bb7++
Mate tipo II.
Se o Rei preto estiver em a8, dá-se o mate da seguinte forma:
1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Bb7+ Rb8 4 Cc6++
Mate tipo II.
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Posição Final do Tipo C - Diagrama: Ba6, Rb5, Cd5 x Rb8
1 ... Ra7
Se 1 ... Ra8 2 Rb6 e entramos numa posição final do tipo B.
2 Cb4 Rb8
Se 2 ... Ra8 3 Rb6 4 Cc6+ Ra8 5 Bb7++, mate tipo II.
3 Rb6 Ra8 4 Bb7+ Rb8 5 Cc6++
Mate tipo II.
Existem outros tipos desta posição com o Rei preto em a8 ou em a7, nas quais o mate se
efetua da mesma forma que na posição examinada, e com as mesmas manobras, porém invertendo a
ordem dos lances, segundo convenha. Também o Rei branco pode estar em a5 (e não em b5).
Por analogia, estas posições finais podem apresentar-se com outra disposição. Exemplo: a
posição final A com o Rei branco em c7 e o Rei preto em a7, estando o Bispo em b5 e o Cavalo em d5. O
mesmo acontece com as demais posições finais que, aliás, podem reproduzir-se em outro ângulo do
tabuleiro.
Vejamos o procedimento que deve ser aplicado no método dos triângulos.
O retrocesso do Rei preto, para faze-lo passar de um triângulo a outro, obtém-se unicamente
mediante às manobras de Rei e Bispo ofensivos. No que toca à passagem do triângulo maior para o
menor, observar-se-á que o Bispo deve cuidar da diagonal (hipotenusa) a2-g8 devendo proteger ao
mesmo tempo, a casa a4 para impedir a fuga do Rei preto por este ponto, mas o Bispo pode mover-se pela
diagonal vigiada, pois poderá voltar a b3 antes que o Rei adversário alcance a mencionada casa a4.
Partindo do diagrama inicial, observamos que o Rei branco não pode mover-se porque tem a
seu cargo as 2 casas pretas f6 e f8; então, logicamente, será preciso mover o Bispo pela diagonal-
hipotenusa a fim de escolher a colocação que tire mais casas do Rei adversário; tendo em conta esta
circunstância, o primeiro lance será:
1 Bf7 Rd6
Dirigindo-se para a casa a4.
2 Rf8
Ocupando diretamente o extremo da hipotenusa.
Se 2 Rf6? Rd7 3 Bb3 Re8 4 Rg7 Re7 e volta-se a posição inicial.
2 ... Rd7 3 Bb3 Rd6
Se 3 ... Rc6 4 Re7.
Se 3 ... Rd8 4 Ba4, fechando o triângulo médio.
O Rei negro deve evitar estes lances, que apressam a derrota.
4 Re8 Rc7
Se 4 ... Rc6 5 Re7 Rc7 6 Ba4.
5 Re7 Rc7
A qualquer outro lance, seguiria 6 Ba4.
6 Re6 Rb5
Também aqui, a qualquer outro lance, seguiria 7 Ba4.
7 Rd6 Ra5 8 Rc5 Ra6 9 Ba4
Agora o Bispo ocupa a hipotenusa do triângulo médio, o qual começa a fechar-se com esta manobra.
Observe-se que se o Rei negro - durante esta manobra de retrocesso - abandona as diagonais a3-f8 e a4-
c8, o Bispo se instala imediatamente nesta última. Se o Rei se mantém sobre estas duas diagonais, será
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encurralado contra a beirada do tabuleiro, como se terá observado, até que se veja forçado a abandonar
uma posição que lhe é favorável.
Agora é necessário terminar de fechar o triângulo médio, colocando oportunamente o Cavalo em d5.
9 ... Rb7
Se 9 ... Ra5 10 Bd7 Ra6 e continua como depois do lance 12 desta análise.
10 Rd6 Rb6 11 Bd7 Ra5 12 Rc5 Ra6 13 Cb4+
Ou 13 Cc4. O Cavalo se dirige a seu novo posto em d5, ou seja, 4ª casa da coluna (antes era uma
horizontal), onde se encontra o Bispo.
13 ... Rb7 14 Cd5
O triângulo médio está fechado.
14 ... Ra6
Se 14 ... Ra8 (ou Rb8) 15 Rb6 e o triângulo menor está fechado, tendo-se chegado a uma posição final do
tipo A.
Se 14 ... Ra6 15 Bc8 Rb8 (Se 15 ... Ra8 16 Rb6 e 17 Ba6, chegando-se a uma posição final do tipo B) 16
Ba6 Ra7 (Se 16 ... Ra8 17 Rb6 e se chega a uma posição final do tipo C).
15 Rb4 Rb7 16 Rb5 Ra6
Se 16 ... Rb8 17 Rb6 e chega-se a uma posição final tipo A.
17 Bc8 Ra8
Se 17 ... Rb8 18 Ba6 e estamos numa posição final tipo C.
18 Rb6 Rb8 19 Ba6
E o triângulo menor fecha-se numa posição final tipo B.
Resumindo:
1. O mate só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular seja da mesma cor
que as que o Bispo percorre.
2. Formar-se-ão imaginariamente, 3 triângulos retângulos sobrepostos, cujo ângulo reto
comum está situado no canto do tabuleiro onde se forçará o mate. Estes triângulos serão: um maior, um
médio e um menor, e suas hipotenusas são, respectivamente, três diagonais da cor da casa angular, uma
diagonal de 7 casas de comprimento, outra de 5, e a terceira de 3 casas.
3. O fechamento dos 2 primeiros triângulos (maior e médio) efetua-se:
a) Colocando-se o Bispo e o Cavalo na mesma horizontal ou coluna;
b) Colocando-se o Bispo na 2ª casa da diagonal-hipotenusa de cada um dos triângulos;
c) Colocando-se o Cavalo na 4ª casa da fila (horizontal) ou coluna em que se acha o Bispo,
ficando então, ambas as peças, em casas da mesma cor e separadas por uma só casa;
d) A outra extremidade da hipotenusa estará vigiada pelo Rei.
4. O fechamento do 3º triângulo efetua-se facilmente, sem necessidade de mover o Cavalo e,
em alguns casos, sem que o Bispo tenha de ocupar a diagonal que constitui a hipotenusa menor.
5. O Bispo age nas casas da cor que percorre; o Cavalo será utilizado para vigiar as casas da
cor contrária.
6. Uma vez encerrado o Rei adversário no triângulo maior - e para força-lo a passar dum
triângulo a outro - manobrar-se-á unicamente com o Rei e o Bispo, pois o Cavalo só precisará efetuar 4
movimentos: 2 para passar do triângulo maior ao médio, e outros dois para colaborar no mate.
Antes de ser encerrado nos triângulos, o Rei adversário tratará de refugiar-se na diagonal de
cor oposta à das casas que percorre o Bispo - dirigindo-se a um dos cantos onde o mate não é possível.
Neste caso será fácil obriga-lo a entrar num dos dois grandes triângulos que margeiam a mencionada
diagonal. Exemplo: Ra1, Bh8, Ch1 x Ra8.
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Nas variantes que examinaremos, observe que o Rei preto trata de fugir, quer dirigindo-se à
direita (Rb7-c6-b6-b5-b4, etc, na variante a), quer indo para a esquerda (Rb7-c6-d6-c5, etc, na variante c)
ou - o que é preferível - tratará de manter-se em seu refúgio em a8 (variantes b e d) prolongando, desta
forma, o mate inevitável.
(a)
1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb6 4 Rd5
Para poder conduzir o Bispo e o Cavalo a seus respectivos lugares é boa tática situar o Rei branco numa
das casas centrais do tabuleiro, de preferência numa casa da grande diagonal, que serve de refúgio ao Rei
adversário, e colocar o Bispo a seu lado.
4 ... Rb5 5 Bd4 Rb4 6 Cg3 Rb3 7 Ch5
Ou Ce2
7 ... Rc2 8 Cf4 Rb3
Se 8 ... Rd2 9 Bf2 Rc3 10 Be1+, começando a fechar o triângulo médio.
9 Rc5 Ra4 10 Rb6 Rb4 11 Bf2
E o triângulo maior está fechado.
(b)
1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rd6 4 Rd4 Rc6
Se 4 ... Re6, vide variante c.
O Rei negro tenta permanecer em a8, resistindo o máximo, não entrando no triângulo maior.
5 Cf2
A função do Cavalo é expulsar o Rei adversário do seu refúgio colocando-o em b6 ou c7.
5 ... Rb5 6 Rd5 Rb6
Ameaçava-se 7 Bd4 seguido de Ch3 e Cf4, o que fecharia o triângulo maior.
7 Be5 Rb7
Se 7 ... Rb5 8 Bd5 seguido de Ch3, ou Rc6, etc.
8 Ce4 Ra8
Se 8 ... Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Bd6 (barrando a passagem do Rei preto, de modo a dar tempo ao Cavalo para
colocar-se em seu posto em e6) Re8 11 Cc3 seguido de 12 Cd1, 13 Ce3 e 14 Bg3 - e fechando assim, o
triângulo maior.
9 Rc6 Ra7 10 Cc3
O Cavalo se aproxima do ponto b6, situando-se antes em d5 de onde poderá dirigir-se, eventualmente, a
seu posto em f4.
10 ... Ra8 11 Cd5 Ca7 12 Cb6 Ra6 13 Bb8
Posição clássica: o Rei adversário foi expulso definitivamente da grande diagonal que lhe servia de
refúgio.
13 ... Ra5 14 Cd5
Agora, cumprida sua missão, o Cavalo se dirige ao seu lugar em f4.
14 ... Ra4
Se 14 ... Ra6 15 Cf4 Ra5 16 Ba7 seguido de Bf2 e fica fechado o triângulo maior.
15 Ba7 Rb3
Se 15 ... Ra5 16 Bb6+ Ra4 17 Rc5 Rb3 18 Ba5 e começa o fechamento do triângulo médio.
16 Rb5 Rc2 17 Cf4 Rd2 18 Bf2
E o triângulo maior está fechado.
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(c)
Até o quarto lance das Brancas (4 Rd4), como na variante b. E depois:
4 ... Re6 5 Be5 Rf5 6 Cf2 Re6
Se 6 ... Rg5 7 Bg3 Rf5 8 Rd5 Rf6 (se 8 ... Rg5 9 Re6) 9 Cg4+ Rf5 (se 9 ... Re7 10 Rc6) 10 Ce3+ e fecha-
se o triângulo maior.
7 Bg3 Rd7 8 Rd5 Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Cd1
Seguido de 11 Ce3 e o triângulo maior está fechado.
(d)
1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb7 4 Rc5 Ra8 5 Rc6 Rb8 6 Cg3 Ra8 7 Ce4 Rb8 8 Cc3 Ra8 9 Cd5 Rb8
Se 9 ... Ra7 10 Be5 Ra8 11 Cb6+ Ra7 12 Bd6 Ra6 13 Bb8 e se chega à posição clássica.
10 Bd4 Ra8 11 Cc7+ Rb8 12 Bc5 Rc8 13 Ba7
E se atinge a posição clássica, com colocação invertida das peças.
A SEGUIR:
3. Finais de Reis e Peões
3.1 Rei e Peão x Rei
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TÁTICA I
1.4. Princípio do ataque simultâneo
Como em xadrez joga-se uma peça de cada vez, atacando-se simultaneamente duas ou mais
peças, pode determinar a captura de uma delas.
Esse meio de ganhar peças tem ainda mais força desde que uma das peças atacadas seja o
próprio Rei.
Diagrama: Te8, Rg1 x Ra1, Bb3, Bg3
1 ? Ganham material
PLANO
*****
Os Bispos encontram-se sem apoio e na mesma horizontal. Se existir uma Torre (peça que move-se pela
horizontal) ou Dama que possam colocar-se nesta horizontal, ganha-se um deles.
PROCEDIMENTO
*****
1 Te3
Ganhando material, pois um dos Bispos será salvo, enquanto o outro será capturado pela Torre.
Diagrama: Da8, Rd5 x Be8, Tf8, Rh8
1 ... ? (0-1)
PLANO
*****
Se o Bispo desloca-se da horizontal 8, a Torre passa a atacar a Dama. Caso o lance de Bispo force as
Brancas a um lance que não permita a retirada da Dama branca, esta estará perdida, assim como a
partida.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Bf7+(0-1)
Diagrama: Bc3, Te5, Rh4 x f7, h6, Dd7, Rh8
1 ? (1-0)
PLANO
*****
O Rei negro encontra-se sobre a diagonal onde encontra-se o Bispo branco. Movendo-se a Torre efetua-
se um xeque descoberto, atacando uma peça de maior valor, irá ganha-la pela obrigação de sair do
xeque.
PROCEDIMENTO
*****
1 Td5+ (1-0)
O xeque descoberto freqüentemente é utilizado para o ganho de peças.
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Diagrama: a2, b4, d4, f2, g2, h2, Te1, Ce3, Rg1, Tg3, Bg5, Dh5 x a7, d6, e6, f7, g7, h6, Ta8, Db5,
Bb7, Te8, Cf8, Rg8
C. Torre x E. Lasker
Moscou, 1925
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Chegar à posição de mate com a Torre em g7 e Dama em h6. Para isto deverá desobstruir a coluna g, e
a melhor casa para coloca-lo é f6, pois explora o Peão g cravado, ameaçando Tg7 e uma série de xeques
descobertos, ganhando material.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bf6!
Ameaçando mate com Tg7+ e Dh6
1 ... Dh5 2 Tg7+ Rh8 3 Tf7+
Ataque simultâneo ao Rei e às demais peças.
3 ... Rg8 4 Tg7+ Rh8 5 Tb7+ Rg8 6 Tg7+ Rh8 7 Tg5 Rh7 8 Th5 Rg6 9 Th3 Rf6 10 Th6 (1-0)
Diagrama: b2, c2, Bf6, Tg3, Rb1 x a7, d7, f7, g7, Bb7, Cc7, Cf8, Bg1, Rg8, Dh8
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Idem ao anterior
PROCEDIMENTO
*****
1 Tg7+ Rh8 2 Tf7+ Rg8 3 Tg7+ Rh8 4 Td7+ Rg8 5 Tg7+ Rh8 6 Tc7+ Rg8 7 Tg7+ Rh8 8 Tb7+ Rg8 9
Tg7+ Rh8 10 Ta7+ Rg8 11 Tg7+ Rh8 12 Tg1+ Rh7 13 Th1+ (1-0)
Observe a força do Bispo e Torre nessas posições, atacando simultaneamente várias peças.
A SEGUIR:
1.5. Princípio da peça sem defesa
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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO
1.3. Diagramas Diversos
Diagrama: c3, f2, f6, g2, h2, Ta1, Ba3, Da4, Bd3, Te1, Cf3, Rg1 x a7, c7, d7, f7, h7, Bb6, Bb7, Tb8,
Cc6, Ce7, Re8, Tg8, Dh5
Anderssen x Dufresne
Esta posição foi atingida após o lance 18 de Dufresne.
Ambos atacam diretamente o Rei adversário, mas as melhores perspectivas são brancas, pois elas
dominam o centro.
Em troca, Dufresne, ataca o roque inimigo com a Dama, a Torre no flanco do Rei e com os Bispos, pelo
flanco da Dama.
O moderno jogador de posição que continuamente esforça-se para conhecer os indícios da posição e trata
a combinação como um meio auxiliar para demonstrar depois sua vantagem posicional, nesta situação
levará o ataque ao centro de tal forma, que impedirá o ataque do flanco da Dama negro (Bispos) contra o
Rei branco.
Assim, é fácil adivinhar o lance que ganha em seguida, indicado por Lasker: 19 Be4. Mas Anderssen
optou por jogar:
19 Tad1
Este lance é prova da incomparável combinação de Anderssen, mas não leva em consideração as
exigências posicionais. É mais débil que 19 Be4, tanto que, se Dufresne contesta com ... Tg4, consegue
empate, segundo as análises feitas mais tarde. Mas Dufresne continuou assim:
19 ... Df3
E após este lance, a combinação de Anderssen triunfa.
Tente descobrir como Anderssen encontrou a linha de vitória.
PLANO
*****
Explorar a posição desprotegida do Rei, atacando com as peças pelo centro dominado por Anderssen.
PROCEDIMENTO
*****
20 Te7+ Ce7
Analise 20 ... Rd8.
*****
21 Td7+, se Dufresne toma esta Torre, então, Anderssen ganha a Dama ao contestar 22 Be2+.
Analise contra 21 Td7+, 21 ... Rc8.
*****
22 Td8+
a) 22 ... Td8 23 gf3
b) 22 ... Rd8 23 Be2+
c) 22 ... Cd8 23 Dd7+ Rd7 24 Bf5+ Re8 25 Bd7++
Mas Anderssen dá mate em 4. Como?
*****
21 Dd7+ Rd7 22 Bf5+ Re8
E se 22 ... Rc6 ?
*****
23 Bd7++
23 Bd7 qualquer lance negro 24 Be7++ (1-0)
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Diagrama: a2, b2, c3, d4, f2, g2, Ta1, Cb1, Bc1, Ce5, Tf1, Rg1, Dg4 x a7, b7, c7, c6, f7, g3, g7, Ta8,
Bc5, Dd8, Ce4, Re8, Th8
Mayet x Anderssen
Chegou-se a esta posição após o lance 11 de Mayet. Anderssen havia sacrificado uma peça, mas
conseguiu um ataque decisivo. Em busca de combinações, Anderssen jogou:
11 ... Bd4
Mayet, contestou com o equivocado:
12 De4
E Anderssen venceu. Como?
PLANO
*****
Mayet desviou a ação da Dama da casa f2, onde começa o ataque de Anderssen. Dominando-se a 1ª
horizontal, após desviar a Torre dela, consegue-se uma posição de mate.
PROCEDIMENTO
*****
12 ... Bf2+ (0-1)
Se 13 Tf2 Dd1+ 14 Tf1 Th1+ 15 Rh1 Df1++.
O livro de Gottschall sobre Anderssen, diz: “As Brancas não se defenderam bem; o correto era 12 cd4
Dd4 13 Dd7+ Dd7 14 Cd7, etc.
Mas é estranho, que tanto Anderssen quanto o crítico (Gottschall) deixaram passar a variante 11 ... gf2+
12 Tf2 Th1+ (0-1).
Diagrama: a2, b2, f3, g2, h2, Bb5, Dc2, Td1, Te1, Be3, Rh1 x a7, b7, c7, f7, g7, h7, Bb6, Rc8, Td8,
De5, Cg8, Th8
Anderssen x Hillel
A partida seguiu com:
16 Bg5
A respeito deste lance, o livro de Gottschall sobre Anderssen acrescenta um ponto de exclamação e diz:
“Agora, as Negras estão perdidas!”.
16 ... Dg5 17 Df5+ Df5 18 Td8+ Rd8 19 Te8++ (1-0)
Esta “brilhante” combinação deu a volta ao mundo inteiro e ninguém se perguntou porque este sacrifício
de uma Dama, quando se consegue o mesmo resultado de uma maneira mais rápida. Descubra como.
PLANO
*****
Mate de Bispo e Torre
PROCEDIMENTO
*****
16 Td8+ Rd8 17 Bg5+ (1-0)
Com o decorrer dos anos, e conforme a evolução, Anderssen também chegou a ser jogador de
posição. Ainda veremos outra partida sua, que começa com jogo de posição, mas no final volta a vencer
pela força do talento combinativo de Anderssen, o que dá uma característica particular à partida.
A SEGUIR:
1.4. Partida nº 3
Defesa Philidor
Anderssen x L. Paulsen
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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
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EXERCÍCIOS
Diagrama 4.1
a4, b2, c2, d4, g2, h4, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd5, Rf2, Th2 x a7, f4, f7, g4, h7, Da6, Be5, Te8, Bf5, Cg3,
Rg7
Rosanes x Anderssen
1 ... ? Mate em 4
PLANO
*****
Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)
Analise 1 ... Te7
*****
Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.
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Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico
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Diagrama 4.2
a2, b2, d5, e4, g6, Rc1, Cc3, Df2, Tg1, Th1, Bh3 x a6, c4, c5, d6, e5, Tb7, Dc7, Bd7, Bf6, Tf8, Rg8
Pachman x Pilnik
Mar del Plata, 1959
1 ? (1-0)
PLANO
*****
Exploração da posição frágil do Rei inimigo por meio do Peão avançado e Torres nas colunas abertas.
PROCEDIMENTO
*****
1 g7!
Um lance de sacrifício. Analise as duas alternativas de Pilnik: 1 ... Bg7 e 1 ... Bg5+.
a) 1 ... Bg7
PLANO
*****
Contra 1 ... Bh7, Pachman dá um mate rápido, mediante novo sacrifício.
PROCEDIMENTO
*****
2 Tg7+ Rg7 3 Tg1+ (1-0)
O lance com o qual Pilnik continuou na partida foi:
b) 1 ... Bg5
PLANO
*****
O mesmo anterior, com ameaça da promoção do Peão.
PROCEDIMENTO
*****
2 Tg5 Tf2 3 Be6+ (1-0)
Pilnik abandonou a partida. Por que? Não poderia jogar Be6 ?
*****
Não, pois contra 3 ... Be6 segue 4 Th8+ Rf7 5 g8=D+, etc.
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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico
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BIBLIOGRAFIA
• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE
Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 17-18 e 72-80
• MANUAL DE XADREZ
Idel Becker, Editora Nobel, São Paulo - Brasil
Págs. 56-65
• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 202-203
• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO
Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 16-18
• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I
Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 17-18
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Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez
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Apostila 5
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Treino Técnico Xadrez Competição

  • 1. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _________________________________________________________________________ Onde os Reis se encontram Av. Itatiaia, 686 Jardim Sumaré Ribeirão Preto – SP 14025-240(16) 623 1215 academiadexadrez@bol.com.br www.geocities.com/academiadexadrez
  • 2. TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Introdução à Análise Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza CLASSIFICAÇÃO DOS LANCES Lance Descrição Resposta Ataque Aquele que cria uma situação de perigo ao adversário. Defesa ou Contra-ataque Defesa Estabelece uma proteção, uma defesa para o lado que a realiza. Ataque ou preparação de ataque Neutra Por exclusão, não é nem de ataque nem de defesa. Exemplo: lances de desenvolvimento de peças. Ataque ou preparação de ataque Errônea Aquele que propicia ao adversário uma vantagem imediata ou a médio prazo. Aproveitamento do erro CONDUÇÃO DA PARTIDA 1. Razões dos lances Tenha sempre ao menos um objetivo para o próprio lance. Lances sem objetivo são inúteis e podem ocasionar perdas de tempo ou derrota. O lance do adversário deve ser analisado cuidadosamente, procurando descobrir-lhe as intenções. Não procedendo desta maneira, há o risco de perda de material ou derrota. Procure debilitar a posição inimiga e aproveite-se dela com um ataque direto de mate
  • 3. 2. Desenvolvimento lógico Desenvolva suas peças para casas, onde aumentam sua potencialidade agressiva, sem entorpecer a saída das demais. 3. Lances iniciais Na fase da abertura, os lances devem visar o desenvolvimento lógico das peças e a fiscalização das casas centrais. Tire as peças de suas desfavoráveis posições iniciais, ampliando seu raio de ação, e por conseqüência, a capacidade de luta, ou seja, desenvolva suas peças. Tenha em vista as casas centrais do tabuleiro: e4, e5, d4, d5. Antes de executar seu lance, deve o enxadrista procurar responder afirmativamente às perguntas “O lance atende ao desenvolvimento?” e “O lance tem ação no centro do tabuleiro?”. Estes são os objetivos dos lances inicias. 4. Nomes das aberturas De acordo com a posição estabelecida após alguns lances iniciais, são denominadas as aberturas. O importante não é decorar os nomes, nem os lances, mas ter em mente seu plano e deduzir logicamente a seqüência. 5. Lances de Peões Durante a abertura, procure jogar os Peões d e e, para permitir entre outros objetivos, a saída dos Bispos. Além destes, nas aberturas jogue apenas c3 quando sua idéia for apoiar um futuro d4. Afora esses, os outros Peões constituem, via de regra, perda de tempo, e, somente devem ser feitos, após o completo desenvolvimento das peças. Se d4 é fácil para as Brancas, para as Negras, ... d5 não o é. Quase sempre o Peão d negro vai a d6, após a saída do Bispo do Rei. Porém, sempre que possível, ... d5 é um bom lance, pois elimina, pela troca, o Peão e branco. 6. Casas para os Cavalos Para as Brancas, c3 e f3; para as Negras, c6 e f6. Normalmente em h3, o Cavalo permanece inativo. 7. Casas para os Bispos a) Bispo do Rei: em sua diagonal, o Bispo encontra sua melhor casa em c4 ou b5, neste último caso, quando existe um Cavalo em c6. Nas posições restringidas, quando o avanço d3 antecede a saída do Bispo Rei, ele limita-se a ocupar a casa e2.
  • 4. b) Bispo da Dama: de acordo com a posição, as melhores casas para o Bispo branco são g5, cravando o Cavalo de f6, em b2, a3. Já o Bispo negro, geralmente se posiciona em e6 ou d7, ou quando possível em g4, cravando o Cavalo de f3. 8. Casas para a Dama Freqüentemente atua em sua coluna e nas diagonais d1-h5 e d1-a4. Quando se lança diretamente ao ataque, suas casas boas são g4 e h5. Na casa e2 geralmente tira proveito da coluna e aberta. Pode ser eficaz também em d4 ou em b3. Nas partidas do Peão do Rei, as Negras tem dificuldade de jogar com sua Dama. Suas casas de escolha são as casas da primeira e segunda horizontais pretas, como d8, d7, e7, c7, etc. Não saia prematuramente com a Dama para não se expor a um ataque de peça de menor valor, que a obrigaria a mover-se novamente, perdendo tempo. 9. Casas para o Rei O roque pequeno permite colocar o Rei na casa segura g1, onde se põe a salvo de ataques inimigos. É sua casa ideal, onde goza de ampla segurança. Caso não se efetue o roque, facilitará o ataque inimigo. Se o roque não tiver a proteção de suas peças, pode sofrer um ataque fatal. 10. Casas para as Torres As casas iniciais das colunas abertas. 11. Reforço de um ataque com as Torres Após o desenvolvimento dos Cavalos, dos Bispos e mesmo da Dama, o jogador necessita do reforço das Torres, para prosseguir num ataque, uma vez que essas peças são as últimas a entrar em combate. Um dos meios é avançar o Peão f e abrir esta coluna. A ocupação de colunas abertas são caminhos para a 7ª horizontal, onde se realizam os golpes táticos. 12. Como tirar proveito das Torres? a) Abrindo colunas para elas; b) Fazendo-as agir nas colunas já abertas; c) Instalando-as na 7ª horizontal e d) Conduzindo-as a importantes colunas de ataque, utilizando como via de acesso, uma coluna aberta.
  • 5. 13. A importância do avanço d4 (ou d5 para o Negro) a) Para as Brancas, além de facilitar o desenvolvimento, visa, pela troca, eliminar o Peão e inimigo, resultando uma posição em que apenas as Brancas dispõem de um Peão central, deixando o adversário com inferioridade no centro. b) Para as Negras, é igualmente eficiente por quebrar o centro branco. Sempre que o Negro consegue jogar impunemente ... d5, nas partidas do Peão do Rei, conseguem, ao menos, igualdade. 14. Roque “Rocar o mais cedo possível e de preferência, o roque pequeno”. O roque coloca o Rei em segurança e permite jogo à torre companheira. Mas o roque não deve ser enfraquecido, pois seria acessível a ataque. Se mantiver o roque íntegro, não terá preocupações com a segurança de seu Rei. Caso contrário, se permitir a destruição do escudo real, sucumbirá por deixar o monarca desprotegido. Impeça que seu adversário faça o roque. 15. Desenvolvimento e Centro O lado que tem maior mobilidade de peças (conseqüência do melhor desenvolvimento e domínio central) domina o tabuleiro. 16. Desenvolvimento acelerado de peças A vantagem real em xadrez decorre do número de peças ativas. As peças valem pelo que fazem. Desenvolva todas as peças rapidamente, mesmo que à custa de sacrifício de Peões. O tempo gasto pelo adversário, ao capturar com uma peça já desenvolvida, um nosso Peão, será por nós aproveitado no desenvolvimento de mais uma peça. 17. Geral Tenha sempre em mente durante a partida os seguintes ítens: • os ataques diretos e indiretos • defesas diretas e indiretas (contra-ataques) • eficiência dos lances com mais de um objetivo • debilidade da casa f7 • a força de um Cavalo em e6 • a força de dois Bispos no ataque
  • 6. • lances enérgicos, de iniciativa • exploração de peças cravadas • o clima de tensão central das aberturas • etc. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ESCOLA ANTIGA O ponto débil que a configuração inicial das peças oferece, é a casa f7, o setor de cada lado, que mais generosamente se oferece aos planos agressivos do adversário. E o Peão que se instala nessa casa, é fraco, pois conta apenas com o magro apoio de seu Rei. A primitiva idéia que ocorreu aos primeiros estudiosos do xadrez (séc. XVI em diante), foi o ataque direto a essa casa, conhecidamente fraca. Todas as combinações, planos, ciladas dos enxadristas antigos, estavam orientados em direção a este ponto, onde procuravam acumular o maior número de peças atacantes. A) MATE PASTOR a) 1 e4 e5 2 Dh5 Ameaçando o Peão e5 2 ... Cc6 3 Bc4 d6 4 Df7++ (1-0). Refutação: 3 ... g6! 4 Df3 (novamente ameaçando mate com Df7++) Cf6, seguido de ... Bg7 e ... 0-0 e as Negras tem melhor jogo. b) 1 e4 e5 2 Bc4 Cc6 3 Df3 d6 4 Df7++ (1-0). Refutação: 3 ... Cf6!, e as Negras estão bem. O melhor é, após 1 e4 e5 2 Bc4 jogar logo 2 ... Cf6, evitando as ameaças de mate. B) MATE LEGAL 1 e4 e5 2 Bc4 d6? 3 Cf3 g6 4 Cc3 Bg4 5 Ce5! Entregando a Dama. 5 ... Bd1 6 Bf7+ Be7 7 Cd5++ (1-0)
  • 7. Refutação: consiste em jogar de acordo com os princípios gerais de desenvolvimento e domínio do centro, ou seja 2 ... Cf6. Na variante principal, ao invés de 5 ... Bd1?, o Negro pode jogar 5 ... de5, e não existe mais o Mate Legal. C) ATAQUE GRECO 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 c3 Cf6 5 d4 ed4 6 cd4 Bb4+ 7 Cc3 Ce4 8 0-0 Cc3 9 bc3 Bc3 10 Db3 Ba1 11 Bf7+ Rf8 12 Bg5 Ce7 13 Ce5! d5 14 Df3 Bf5 15 Be6! g6 16 Bh6+ Re8 17 Bf7++ (1-0) Refutação: 9 ... d5! e desaparece o Ataque Greco. D) ATAQUE FEGATELLO 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6 Defesa dos 2 Cavalos 4 Cg5 É esta uma abertura típica da escola antiga de xadrez, em que o ataque direto contra o Rei era o objetivo único de todas as idéias estratégicas. As Negras desenvolveram normalmente suas peças e, aparentemente, nenhuma razão assiste às Brancas para pretenderem tirar proveito da abertura. Com 4 Cg5, como que aspiram as Brancas a realizar uma expedição punitiva ao adversário, visando a casa fraca f7, onde já atua o Bispo branco. O lance 4 Cg5 transgride um princípio de desenvolvimento que proíbe jogar a mesma peça duas vezes na abertura, e outro princípio de ordem estratégica, que veda, igualmente, os ataques prematuros, sem o desenvolvimento de peças. Mas, paradoxalmente, 4 Cg5 não pode ser considerada errônea, ao contrário, exige grande atenção. Como as Negras defenderão seu Peão de f7 atacado duplamente? Não existe uma proteção direta de outra peça (exemplo: 4 ... De7 5 Cf7, e as Negras não podem retomar com a Dama, por causa da defesa que o Cavalo tem de seu Bispo de c4). O único lance que procura obstruir a ação do Bispo branco sobre a casa f7 é 4 ... d5!, permitindo também o desenvolvimento do Bispo da Dama negro. Após 5 ed4, o lance lógico negro, para que não percam um Peão é 5 ... Cd5. As Brancas continuam com 6 Cf7!, entregando o Cavalo e especulando a debilidade da posição negra e na força que irá ter, agora, o Bispo f4 branco, cravando o Cd5 negro. 4 ... d5 5 ed5 Cd5 6 Cf7! Inicia-se o famoso Ataque Fegatello. O Cavalo ataca a Dama e a Torre do Rei. A resposta negra é forçada: 6 ... Rf7 7 Df3+ Atacando também o Cavalo d5 inimigo. 7 ... Re6 Novamente forçada e resulta numa posição muito comprometida para o Rei negro. 8 Cc3 Atacando mais uma vez o Cavalo d5. Um exemplo do que pode acontecer é: 8 ... Ce7 9 d4 c6 10 Bg5 Rd7 11 de5 Re8 12 0-0-0 Be6 13 Cd5 Bd5 14 Td5! cd5 15 Bb5+ (+ -)
  • 8. Refutação: a) O Ataque Fegatello tem dado margem a muita controvérsia. Aparece, como sua refutação, em vez de 8 ... Ce7, erro que deu grande prestígio ao Ataque, o lance 8 ... Ccb4! e após 9 De4 c6 10 a3 Ca6 11 d4 Cc7 12 Bf4 Rf7 13 Be5, as Brancas possuem um ataque poderoso, mas as Pretas têm excelentes possibilidades. Teoricamente o Fegatello pode ser contestado, mas, praticamente é jogável, pelas possibilidades de ataque que proporciona, beneficiando, via de regra, as Brancas. b) O melhor é evita-lo, o que se consegue com o lance 5 ... Ca5! em vez de jogar 5 ... Cd5. Com este lance, as Negras jogam uma espécie de gambito, entregando um Peão para conseguir rápido desenvolvimento de peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é, após 5 ... Ca5, 6 d3 h6 7 Cf3 e4! 8 De2 Cc4 9 dc4 Bc5, etc. Ao estudar a Defesa dos 2 Cavalos, você pode encontrar outros exemplos de ataque. O Ataque Fegatello é um produto da influência que os mestres italianos de xadrez exerceram na época do Renascimento. O nome Fegatello vem do italiano “fégato”, que quer dizer fígado. O ataque visaria o ponto mais vital do inimigo (f7), como era o fígado, na época, para o organismo humano. Este ataque e todas as demais continuações, que têm em mira o ataque direto ao Rei inimigo, atacando o Peão f7, são muito interessantes, exigindo do jogador das Negras respostas precisas e arte na defesa. Os jogadores da chamada escola antiga de xadrez confiavam no êxito dos ataques diretos ao Rei. O objetivo da partida seria o ataque frontal ao monarca inimigo, estando, assim, justificados todos os sacrifícios de peças, que tivessem, por finalidade, eliminar o Rei contrário. ESCOLA MODERNA Com a evolução do xadrez, com a experiência e o aperfeiçoamento da técnica defensiva, ficou provado que os meios diretos não são suficientes para ganhar uma partida e que deve-se antes debilitar a posição inimiga, por meio de manobras estratégicas de grande alcance, as quais, minam, solapam todos os setores da luta. Essas idéias foram alardeadas pela escola moderna de xadrez, cujo pioneiro foi o grande mestre Steinitz. Atualmente o ataque frontal é considerado como o complemento lógico de uma estratégia bem definida, que objetiva enfraquecer, num primeiro tempo, a posição adversária. As combinações, os sacrifícios brilhantes de peças, os ataques fulminantes ao Rei inimigo, devem surgir como uma conseqüência lógica de uma conduta inteligente, que conseguiu tornar débil o inimigo. O êxito do ataque final, nessas condições, é assim, absoluto.
  • 9. Antigamente, atirava-se à luta, de frente, sem pensar no resultado, confiando apenas na habilidade do espírito ofensivo e na surpresa do ataque prematuro. As partidas eram orientadas por uma tendência bárbara de luta, primitiva. Na atualidade, os desejos regicidas não são tão fundamentais. Há um trabalho prévio de solapamento. O principiante é, por instinto, um adepto da escola antiga de xadrez. A explicação é fácil, visto que o ataque ao Rei é, em essência, o motivo mesmo da partida. Seus objetivos e suas intenções são quase evidentes, daí os principiantes aprenderem, facilmente, essa parte do jogo. Quem se inicia em xadrez embarca freqüentemente, em combinações de ataque direto ao adversário, sem preparativos necessários, isto é, o desenvolvimento de peças e o real controle do centro. Tais procedimentos, armas de dois gumes, são errôneos e, invariavelmente, conduzem à derrota, quando são empregados contra jogadores experientes. O principiante deve ter em mente esses fatos em suas partidas. Lembrar sempre que, como foi demonstrado por Steinitz, antes de dirigir uma ação direta ao Rei adversário, deve ter obtido alguma vantagem que a justifique. Dita vantagem pode manifestar-se por duas formas fundamentais: a) Superioridade material, isto é, mobilização de maior quantidade de forças, ou b) Superioridade dinâmica, ou seja, melhor colocação das peças. Outra coisa que o principiante deve levar em consideração: quando iniciar um ataque direto contra o Rei adversário, é lembrar que não é necessário ganhar a partida por esse meio. Não há, como diz Max Euwe, “necessidade de queimar as naves para este fim. Essas táticas são filhas do desespero. Um ataque bem planejado não é um desespero, mas uma conseqüência lógica na cadeia de idéias estratégicas e, geralmente, produz como saldo uma vantagem duradoura, que se explora com um tranqüilo e paciente jogo de posição”.
  • 10. Onde os Reis se encontram academiadexadrez@bol.com.br www.geocities.com/academiadexadrez TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
  • 11. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Página 2 OS CAMPEONATOS DO MUNDO APARECE UM TÍTULO A criação do título de Campeão Mundial foi uma obra pessoal, e muito anterior ao surgimento de um organismo que controlasse as competições. Até surgir Steinitz, ninguém havia tido a idéia de se empregar tão atraente título, apesar de que a superioridade de Stauton, Anderssen e Morphy sobre todos os seus contemporâneos era patenteada em determinados anos. Quando Steinitz surge no palco do xadrez internacional, o norte-americano Morphy já havia deixado as competições sérias, onde então a figura máxima era o prussiano Anderssen, que havia sido derrotado por Morphy convincentemente no ano de 1858, em Paris por +2 -7 =2. Assim, quando em 1866, Steinitz venceu em um disputado match a Anderssen por +8 -6 =0, em Londres, se autoentitulou como Campeão Mundial, diante do sorriso de todos os aficionados, que não levaram a serio aquele pequeno enxadrista centroeuropeu. Objetivamente falando, a superioridade de Steinitz, naquela época estava longe da clareza, pois no ano seguinte, 1867, Kolisch e Winawer o superaram no Torneio de Paris, e em 1870, Anderssen na revanche, no Torneio de Baden-Baden, derrota-lhe nas duas partidas que jogaram. Mas Steinitz volta com toda a força e vence o grande Torneio de Viena, 1873, com a satisfação de obrigar a Anderssen a render seu Rei nas duas partidas disputadas. Depois desta vitória, esteve bastante tempo sem participar de Torneios, mas em encontros pessoais derrotou, entre outros, Bird, Londres, 1866, +7 -5 =5; Blackburne, Londres, 1870, +5 -0 =1; Zukertort, Londres, 1872, +7 -1 =4 e outra vez Blackburne, Londres, 1876, +7 - 0 =0. No ano de 1882 reaparece no grande Torneio de Viena e obtém o primeiro posto, mas empatado em pontos com o polonês Simón Winawer, o que indubitavelmente, empalideceu um pouco seu triunfo. Durante o tempo em que Steinitz permaneceu afastado dos torneios, novas figuras começaram a brilhar com luz própria e ameaçavam o trono que o mesmo havia criado. Assim está a situação, quando no ano de 1883, em Londres, organizaram um torneio de dupla volta com os melhores enxadristas da época e que foi ganho brilhantemente por Zukertort, aquele jogador que Steinitz havia derrotado contundentemente em um match, onze anos antes. Aqui começaram as dificuldades de Steinitz, pois se até então, se bem que nada lhe dava o direito de ostentar o Título Mundial, ninguém havia reclamado para si tal galardão, ocorreu neste momento a Zukertort o desejo de o tomar para si, e depois de seu triunfo (impecável diga-se de passagem), definiu-se como Campeão Mundial...
  • 12. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 3 Steinitz não consentiu isto, e imediatamente desafiou-o a jogar um match decisivo em que se esclarecesse quem teria o direito de utilizar o título de Campeão Mundial. As conversas foram longas e divergentes, e até 1886 estes dois esplêndidos enxadristas não se encontraram por meio do tabuleiro para disputar a supremacia. Antes de Steinitz “criar” o Título Mundial, alguns matches (e torneio) podem ser considerados como indicadores de enxadristas que mereceriam ostentar o Título: Mac Donell – De La Bourdonnais, Londres, 1834, 21V 13E 44D Saint-Avant – Stauton, Paris, 1943, 6V 4E 11D Anderssen, vencedor do Torneio de Londres, 1851 Anderssen – Morphy, Paris, 1857, 2V 2E 7D Anderssen – Steinitz, Londres, 1866, 6V 0E 8D Steinitz – Blackburne, Londres, 1876, 7V 0E 0D A SEGUIR: I Campeonato Mundial de Xadrez Steinitz x Zukertort, 1886
  • 13. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 4 FINAIS I 1. A IMPORTÂNCIA DOS FINAIS A partida de xadrez possui três fases: Abertura, Meio Jogo e Final, cujos limites não podem ser traçados com exatidão. Podemos porém declarar que a partida se encaminha para o Final, quando o material existente no tabuleiro esteja diminuído, escasso, ou seja, com peças apenas suficientes para o mate. Uma das principais características do Final é a função ativa desempenhada pelo Rei, em contraste com o papel inerte que assume na abertura. Na primeira fase, em virtude do maior número de peças inimigas e dos perigos delas decorrentes, este exerce um papel passivo, procurando a proteção de outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro, de defesa, afastando-se assim do campo de luta. Já nos Finais, esta peça faz jus ao título que ostenta, ora escoltando Peões candidatos à promoção, ora colaborando com seu poder no cerco e morte do Rei inimigo. Outra peça de grande importância é o Peão. A disposição destes no tabuleiro (estrutura de Peões), define a estratégia a ser seguida nos Finais. O recurso de sua promoção, aumenta consideravelmente o poderio material de seu lado, o que lhe confere mérito considerável. O Final é considerado a fase mais difícil, pois exige do enxadrista talento, imaginação, e grande conhecimento teórico, atenção contínua e bom cálculo. Uma manobra precipitada ou mal calculada, pode anular um grande esforço desenvolvido na Abertura ou Meio Jogo. Seu bom conhecimento permite ganhar em muitas posições aparentemente empatadas, assim como salvar-se de posições aparentemente perdidas e mesmo desesperadas. Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo, um ótimo finalista. 2. MATES ELEMENTARES Estudaremos os casos em que um dos lados possui apenas o Rei sobre o tabuleiro. Fora das casas marginais, o Rei pode ocupar oito casas, em casa marginal, cinco, e, nas angulares, somente três casas. Esta última é sem dúvida a mais desfavorável possível. Ocupando uma casa angular, o Rei levará mate se o adversário dominar as três casas que lhe restam e a própria casa angular em que se encontra. Dessas quatro casas, duas podem ser dominadas pelo Rei.
  • 14. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 5 Diagrama: Rb6 x Ra8 O Rei negro está em sua casa desfavorável, e das três casas que lhe restam, duas estão dominadas pelo Rei branco. O mate não poderá ser dado com um Bispo ou um Cavalo apenas; essas peças dando xeque, dominarão apenas mais uma das duas casas que deveriam ser dominadas para existir o mate, tendo o Rei negro a casa de fuga b8. Logo não há mate. Diagrama: Rf7, Bf6, Bg6 x Rh8 Com dois Bispos, o mate é possível, um deles dá xeque e o outro impede a fuga do Rei. Diagrama: Rb3, Cc2, Cd2 x Ra1 Com dois Cavalos é “possível” dar mate. Diagrama: Rg3, Bf3, Ch3 x Rh1 Com Bispo e Cavalo também é possível dar mate de igual maneira. No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado contra os melhores lances adversários, com dois Cavalos é possível chegar a uma posição de mate apenas com a colaboração do adversário. No diagrama correspondente (Rei e 2 Cavalos x Rei), o último lance branco foi Cc2++. Se o Rei negro antes de ir à a1, estava em b1, obviamente, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em d2, tivesse se dirigido à c1, o mate não seria possível. Logo não é um mate “forçado”. Diagrama: Rb6, Tc8 x Ra8 Diagrama: Rf3, Tb1 x Rf1 Nestes diagrama, as Torres controlam as duas casas que não são dominadas pelo seu Rei. Diagrama: Rg6, De8 x Rg8 A Dama aqui faz o mesmo papel de uma Torre. Observe que as duas casas que devem ser dominadas localizam-se sobre a mesma horizontal, via de mobilidade da Dama (ou Torre). Para se praticar o mate ao Rei situado em casa marginal, devemos dominar as cinco casas que dispõe, além da que ocupa. O Rei atacante domina três e as restantes podem ser dominadas por uma Torre ou Dama, desde que as casas se encontrem sobre a mesma horizontal (ou coluna). Com o Rei inferior no meio do tabuleiro, nove casas devem ser dominadas: oito de movimentos deste e mais uma ocupada por ele. O Rei branco pode dominar três, as seis restantes encontram-se em duas horizontais vizinhas. Por aí se vê que o mate com o Rei colocado no meio do tabuleiro requer mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama). O material mínimo para o mate é: a) Uma Dama: mate em qualquer casa marginal. b) Uma Torre: mate em qualquer casa marginal. c) Dois Bispos: mate somente nas casas angulares. d) Bispo e Cavalo: mate somente nas casas angulares. e) Dois Cavalos: mate somente nas casas angulares, somente “ajudado”.
  • 15. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 6 2.1. Rei e Dama x Rei O mate com a Dama realiza-se com o Rei negro em qualquer casa marginal do tabuleiro. As posições de mate são Rc6, Dc7 x Rc8; Rg6, De8 x Rg8 e análogas. O mate é forçado num máximo de 10 lances. É muito fácil dar mate com a Dama, mas deve-se tomar cuidado com posições de empate como por exemplo Rb5, Dc7 x Ra8; Rf5, Df7 x Rh6; ou posições análogas jogando o Negro. Diagrama: Ra1, Db1 x Re6 1 ? mate em 9 PLANO ***** Forçar o Rei negro a colocar-se em qualquer uma das casas marginais, ficando com o Rei branco diante dele, separado por uma casa, quando então domina três das seis casas que deve dominar. Então infiltrar a Dama numa das casas desta margem efetuando o mate. PROCEDIMENTO ***** 1 Rb2 Rd5 2 Rc3 Re5 3 Dg6 Rf4 4 Rd4 Rf3 5 Dg5 O Rei negro vai sendo encaminhado para a margem do tabuleiro. 5 ... Rf2 6 Dg4 Re1 7 Re3 Rf1 8 Dg6 Por que não jogar 8 Dg3 ? ***** Porque seria empate por afogamento. 8 ... Re1 9 Dg1++ (1-0) A SEGUIR: 2.2. Rei e Torre x Rei
  • 16. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 7 TÁTICA I 1. GANHO DE PEÇAS Capturando-se as peças inimigas, paulatinamente se reduz o potencial adversário. A supremacia material origina, na maioria das vezes, superioridade de posição e ambos fatores, obrigarão o adversário, duplamente inferiorizado a render-se sem apelação. Se um dos enxadristas possui mais peças que o outro, salvo as exceções, deve ganhar a partida. Podemos reduzir a seis, os princípios fundamentais de ganho de peças: 1. Princípio do Rei em Perigo 2. Princípio da peça imóvel 3. Princípio da peça sobrecarregada 4. Princípio do ataque simultâneo 5. Princípio da peça sem defesa 6. Princípio da promoção do Peão 1.1. Princípio do Rei em perigo O Rei em perigo sob múltiplas ameaças, escapa, muitas vezes ao mate entregando material, quer seja para abrir caminho para sua fuga, quer seja para distrair peças atacantes, ou destrui-las, embora sacrificando peças de maior valor. Diagrama: Ba8, Tg5, Rh5 x Cf8, g7, Rg8, h7, Th8 1 ? Brancas ganham material PLANO ***** Atrair o Cavalo negro para a diagonal onde encontra-se seu Rei, para que o Bispo possa agir sobre ela. PROCEDIMENTO ***** 1 Bd5+ E as Brancas ganham o Cavalo. Para escapar do xeque, o negro deve entregar uma peça. 1 ... Ce6 2 Be6+ Rf8 O Rei negro consegue a casa de fuga à custa de material.
  • 17. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 8 Diagrama: Ra6, Tb7, Ce5 x f6, g7, h7, De8, Tg8, Rh8 1 ? Brancas ganham material PLANO ***** Atacar o Rei negro “sufocado” atraindo a Dama para f7, onde será capturada pela Torre. PROCEDIMENTO ***** 1 Cf7+ Df7 2Tf7 As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo. A SEGUIR: 1.2. Princípio da peça imóvel
  • 18. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 9 OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO 1. ADOLF ANDERSSEN Antes de se praticar o jogo de posição deve-se aprender a combinar. Esta regra, confirmou-se na história do xadrez, e é recomendada aos iniciantes. Não inicie seu jogo com aberturas do Peão da Dama e Abertura Francesa, mas com partidas de jogo aberto, gambitos. Certamente que com o jogo fechado, o principiante perderá menos partidas, mas em troca, com o jogo aberto, aprenderá a jogar xadrez. Antigamente, haviam também os jogadores de posição. O maior deles foi André Danican Philidor, talvez até o maior pensador de todos os tempos. Mas o que, com seu exemplo, auxiliou em maior grau a força da combinação do mundo enxadrístico, amadurecendo-a para a prática do jogo de posição foi Adolf Anderssen. Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de julho de 1818. Sua carreira foi muito simples. Estudou Filosofia e Matemática, e até o dia 13 de Março de 1879, época em que faleceu, ocupou o cargo de professor no Instituto de sua cidade natal. Começou a estudar xadrez no início de sua vida estudantil, mas a força de seu jogo desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães, e até para os internacionais, foi considerado uma revelação quando, no primeiro torneio de mestres celebrado em Londres, 1851, com o qual começou a época moderna do xadrez, obteve o primeiro prêmio. A esta vitória seguiram outras, especialmente no Torneio de Londres, 1862 e no de Baden-Baden, 1870. Aquele que quer aprender a jogar o bom xadrez, deve observar as partidas de Anderssen não somente para divertir-se com elas, mas para fortalecer seu jogo de combinação. Não acredite que o jogo de combinação seja somente fruto do talento que não se pode aprender. Os elementos são sempre os mesmos que se apresentam em relações mais ou menos complicadas, tais como ataques duplos, sobrecarga, trocas, etc. Quanto mais combinações você apreciar, mais fáceis serão de executa-las. Nas partidas que estudaremos, analisaremos também as aberturas. Entre elas, a primeira que veremos é o Gambito do Rei. Entende-se por gambito uma abertura na qual se sacrifica um Peão com o objetivo de conseguir vantagem no desenvolvimento, ou outras vantagens. O gambito conhecido como o mais antigo na literatura do xadrez é o do Rei: 1 e4 e5 2 f4. A idéia deste gambito é dupla: abertura da coluna f, através da qual, uma vez efetuado o roque, a Torre do Rei poderá entrar rapidamente em ação e a possibilidade de formar um forte centro de Peões, depois do avanço ou da troca do Peão e inimigo, mediante d4. A força deste centro de Peões, analisaremos mais adiante. As Brancas, após 2 ... ef4, não podem jogar a seguir 3 d4, mas devem antes fazer algo para evitar a ameaça negra ... Dh4+. Tanto o enxadrista experiente quanto o iniciante melhorarão sensivelmente seu jogo se esforçarem em tratar cada abertura conforme sua idéia base, seguindo o plano preconcebido. Por exemplo, se jogar o Gambito do Rei, deve ter em mente que os dois objetivos principais desta abertura são o domínio da coluna f e a formação de um forte centro de Peões.
  • 19. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 10 Se, ao contrário, deixa-se levar por desvios e rodeios, o mesmo tira o sentido de seus primeiros lances, e então as conseqüências serão fatais. Como devem então contestar as Negras ao Gambito do Rei? Antigamente era comum aceitar cada sacrifício que o adversário oferecia, e neste caso defender o Peão com ... g5. Esta defesa tem dois objetivos: um material e outro posicional. Ao defender o Peão f, obstrui esta coluna, e então as Brancas, para seguir com a idéia da abertura, devem atacar sobre a coluna f, quase sempre sacrificando uma peça para eliminar o Peão f negro. Outra réplica contra o Gambito do Rei, é o contra-ataque no centro: 2 ... d5 3 ed5 segue quase sempre 3 ... e4 (seria um grave erro 3 fe5 por causa de 3 ... Dh5+). Agora são as Negras que jogam gambito, chamado este de Falkbeer, cujo criador foi o mestre austríaco Ernesto Carlos Falkbeer (Brünn, 1819 - Viena, 1885). O que conseguiram as Negras com este sacrifício de Peão? Antes de mais nada, o fracasso completo do objetivo branco de jogar o gambito. A abertura da coluna f, ou mesmo a intenção de formar um centro de Peões, são impedidas radicalmente. Agora, não se sabe que objetivo tem o Peão de f4 nesta posição. Além disso, o Peão e5 causa certo incômodo à posição branca, e estas encontram-se com dificuldades para o desenvolvimento. Em troca, as Negras, tem certa preponderância no centro. Por esta razão, nos últimos anos, tem se considerado o Gambito Falkbeer quase como que uma refutação ao Gambito do Rei. Outra réplica: as Negras podem ignorar a idéia do gambito branco, continuando seu desenvolvimento, e neste caso, não é necessário jogar imediatamente 2 ... d6, para defender o Peão, pois restringiriam a ação do Bispo do Rei. O ataque ao Peão e5 é somente aparente, pois 3 fe5 fracassaria por 3 ... Dh5+. As Negras podem, portanto jogar tranqüilamente 2 ... Bc5 e defender mais tarde o Peão de e5 com d6 sem enclausurar seu Bispo. Quem compreende o espírito da abertura, pode ter confiança de que mesmo sem o conhecimento de suas variantes, não produzirá uma partida ruim. A SEGUIR: 1.1. Partida n.º 1 Breslau, 1862 Gambito Falkbeer Rosanes x Anderssen
  • 20. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 11 EXERCÍCIOS Diagrama 1.1 a2, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Ta1, Te1, De2, Cf5, Rg1 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Cc6, Dd7, Tf8, Rg8 Composição 1 ? (1-0) Encontre o plano vitorioso branco. PLANO ***** O ponto g7 está atacado pelo Cavalo branco. Se a Dama branca pudesse colocar-se sobre esta coluna, haveria ameaça de mate. A Dama negra encontra-se completamente indefesa. Logo, deve-se procurar um meio de executar estas duas ameaças concomitantemente. PROCEDIMENTO ***** 1 Dg4 (1-0) As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo. Diagrama 1.2 b4, c4, f3, g2, h2, Td1, Ce1, De3, Bf1, Tf2, Rg1 x b6, d6, e5, g7, h7, Bb7, Cd4, Tf4, Tf8, Dg5, Rg8 Stahlberg x Alekhine Olimpíada 1931 1 ... ? Aqui Alekhine efetuou um fino lance: 1 ... h6 Tente descobrir seu objetivo ***** Alekhine imaginou que se não houvessem na coluna f o Peão e a Torre, poderia jogar ... Tf1++. O Peão de g está cravado, o Bispo localizado em b7 converge sobre g2 indiretamente, as Torres agem na coluna f semi-aberta, o único empecilho da posição é a Dama negra indefesa, problema este que é resolvido por Alekhine de maneira elegantemente terrível, pois ameaça 2 ... Tc3! 3 Db5 Tf2, e graças à ameaça de mate com ... Tf1, as Brancas não tem tempo de salvar sua Dama. O objetivo do lance de Alekhine portanto foi defender sua Dama, e o lance é tão forte que Stahlberg não tem recursos suficientes para escapar da derrota. Por exemplo, se 2 Dd2, segue 2 ... Bf3! 3 Cf3 Cf3+ 4 Tf3 Tf3 5 Dg5 Tf1 6 Tf1 Tf1+ 7 Rf1 hg5, e com um Peão de vantagem, as Negras ganhariam facilmente o final. A partida seguiu com: 2 Rh1 Tf3 (0-1) As Brancas abandonaram.
  • 21. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 12 BIBLIOGRAFIA • LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha Págs. 9-10 • XADREZ BÁSICO Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil Págs. 105-109 e 197-198 • LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO Ricardo Reti, Club de Ajedrez Págs. 11-12 • TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca, Barcelona - Espanha Págs. 13-14
  • 22. Onde os Reis se encontram academiadexadrez@bol.com.br www.geocities.com/academiadexadrez TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
  • 23. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 2 OS CAMPEONATOS DO MUNDO I CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ Steinitz x Zukertort, 1886 Em 11 de janeiro de 1886, em um local especialmente escolhido pelo Manhattan Chess Club de New York, encontram-se frente a frente Steinitz e Zukertort para dirimir de uma vez por todas a supremacia mundial. Zukertort inicia o match com as Brancas, e sem vacilar, efetua seu primeiro lance 1. d4. A luta que toda a aficção mundial havia esperado durante três longos anos havia começado! Porém, deixemos Steinitz refletindo sua resposta e vejamos quem eram os protagonistas deste apaixonante encontro que acabava de começar. Wilhelm Steinitz havia nascido em 17 de maio de 1836, em Praga, no seio de uma família judia que sonhava em converte-lo em um rabino. Aos 12 anos já mostrava na escola uma boa disposição para a matemática, e aos 22, foi enviado a Viena para seguir um dos estudos que jamais completou, pois, desde os primeiros dias começou a freqüentar os círculos de xadrez, onde começou jogando ao estilo que agradava naquela época, ou seja, a base de brilhantes ataques com sacrifícios. Logo o chamaram de “Morphy austríaco”, pela veemência e a beleza de suas combinações. Seu estilo de jogo estava muito longe do que ia ser mais adiante, e nada o pressagiava a enorme transformação que aquele homenzinho ia imprimir no mundo do tabuleiro. O caráter independente de Steinitz já se manifestou nesta época, pois se conta que um dia, jogando com um famoso banqueiro chamado Epstein lhe disse: “Jovem, tenha cuidado! Não sabe você com quem está falando?” e Steinitz rapidamente respondeu: “O sei perfeitamente, você é Epstein, porém, na bolsa, aqui Epstein sou eu!”. Alguns psicólogos, e com eles o Grande Mestre Ruben Fine, qualificam esta resposta de Steinitz como um delírio de grandeza, mas não há outro remédio que reconhecer que o futuro Campeão Mundial tinha razão, pois estavam jogando xadrez e não discutindo sobre ações. Durante sua estada em Viena já havia se convertido em um jogador profissional, pois as partidas que disputava, eram em geral por meio de uma pequena aposta. Em 1862, partiu para Londres para jogar um torneio internacional, que foi ganho por Anderssen, no qual finalizou em 6º lugar, empatando com Barnes e Dubois em pontuação, mas destacando-se pelas brilhantes combinações. Londres era naquela época, a Meca do xadrez, e não devemos estranhar pois, que ali fixasse Steinitz sua residência, impondo-se pouco a pouco a todos os adversários que lhe opuseram. Em 1874 começou a colaborar com a famosa revista inglesa “The Field”, analisando conscientemente as partidas de sua época e começando a mostrar sua nova concepção de jogo. Como se entendia xadrez até o advento de Steinitz?
  • 24. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 3 Muito simples, se o objetivo nosso era dar mate, o lógico era que todos os esforços se concentrassem sobre o monarca inimigo para abate-lo, mas Steinitz pensava de outra forma: o importante é ganhar a partida, e para isto, temos que adquirir uma série de vantagens, com as quais o mate será uma conseqüência por si só. Em outras palavras, Steinitz descobriu o que atualmente conhecem todos os jogadores do mundo, o jogo de posição. Em que consiste ele? Como todos sabemos hoje, consiste em dominar as colunas abertas, em aproveitar os Peões e as casas débeis e outros mil detalhes que até então permaneciam ignorados. Assim, não é de se estranhar que o enxadrista Adolfo Schwarz tenha se dirigido a Steinitz e lhe dito: “Este pequeno homem nos está ensinando, a todos, como jogar xadrez!”. Ali estavam os mais famosos da época e não protestaram, pois já haviam adotado, pelo menos em parte, sua doutrina, que anos antes parecia rebuscada e barroca a todos os críticos. Depois do Torneio de Londres de 1883, Steinitz se transfere para os Estados Unidos, onde adquire a nacionalidade norte-americana. O que o levou ao citado país? Talvez a disputa com o editor de “The Field”, ou talvez o desejo de jogar com Morphy, que permanecia inativo em New Orleans e com quem conseguiu uma entrevista, mas com a condição de não falar sobre xadrez. Seguramente, para um lutador da categoria de Steinitz, não poder enfrentar Morphy foi uma das maiores decepções de sua vida. Retornamos então a 11 de janeiro de 1886. A 1 d4 de Zukertort, o pequeno Steinitz, o grande Steinitz, respondeu com 1 ... d5. Os dois colossos da época estavam frente a frente ... Johannes Hermann Zukertort é agora o que medita. Havia nascido a 7 de setembro de 1842 na cidade de Lublin (Polônia), de pai alemão e mãe polonesa. Aos 13 anos sua família mudou-se para Breslau e estudou química em Heidelberg e psicologia em Berlim, doutorando-se em medicina na Universidade de Breslau em 1865. Exerceu a medicina no exército prussiano durante as guerras contra a Dinamarca, Áustria e França, sendo condecorado por sua valentia. Tinha uma memória prodigiosa, e era capaz de recordar todas as partidas que havia jogado em sua vida, falava onze idiomas e era um excelente atirador de pistola e esgrimista. Aprendeu a jogar xadrez em Breslau, aos 18 anos, tendo como professor o grande Adolf Anderssen, quem lhe iniciou no jogo de combinação, e com quem jogou dois matches, perdendo em 1868 por +3 -8 =1 e ganhando em 1871 por +5 -2 =0. Durante os anos 1867/71 foi editor com Anderssen da revista “Neue Berliner Schachzeitung”. Em 1878, ganhou o grande Torneio de Paris, e este mesmo ano se fez cidadão inglês. Foi um extraordinário jogador às cegas, realizando múltiplas e brilhantes sessões de simultâneas, e em 16 de dezembro de 1876 bateu, em Londres, o recorde mundial, ao jogar 16 partidas de uma vez com o magnífico resultado de +11 -1 =4. Seu estilo de jogo era brilhante ao extremo, as combinações eram sua especialidade e quanto à sua imaginação, ninguém lhe superava em seus melhores tempos, que eram, sem dúvida, o momento que enfrentava Steinitz com o Título Mundial em jogo. Mas tinha vários pontos débeis em sua personalidade: nervoso e impressionável. As negociações para este encontro que agora estavam disputando haviam durado anos, e destaco, ironicamente, que nenhum dos concorrentes aceitava a designação de “aspirante”. O vencedor seria o primeiro que ganhasse 10 partidas, sem contar os empates.
  • 25. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 4 Steinitz se impôs conduzindo as peças negras na 1ª partida, mas Zukertort ganhou as quatro seguintes de forma impressionante, com o que ninguém duvidava que seria Campeão Mundial, sem demasiados problemas. Mas tinha que contar com o formidável poder de recuperação de Steinitz, que na seguinte série de jogos, disputados em São Luis, reagiu com ímpeto, ganhando 3 das 4 partidas ali disputadas, e um empate, com o que o match ficou em 4,5 x 4,5. As partidas seguintes foram disputadas em New Orleans, com um Steinitz cada vez mais moral e um Zukertort já sem confiança em si mesmo. Steinitz se impôs agora contundentemente, ganhando o encontro por +10 -5 =5, com o qual chegou a convencer por fim, toda a aficção mundial de que era o jogador n.º 1. Zukertort, de caráter muito impressionável, jamais se repôs desta derrota, pois, no ano seguinte, perdeu um encontro com Blackburne, a quem havia vencido facilmente em 1881 (+7 -2 =5) pelo discrepante placar de +1 -5 =8. Também jogou outros torneios, mas já sem êxito, e o 20 de junho de 1888 foi marcado por seu derrame cerebral, que o levou à tumba enquanto se encontrava jogando uma partida. Steinitz x Zukertort New York, São Luís e New Orleans 11Jan - 29Mar1886 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Steinitz 1 0 0 0 0 1 1 ½ 1 ½ Zukertort 0 1 1 1 1 0 0 ½ 0 ½ 11 12 13 14 15 16 17 18 1 9 20 Tot Steinitz 1 1 0 ½ ½ 1 ½ 1 1 1 12,5 Zukertort 0 0 1 ½ ½ 0 ½ 0 0 0 7,5 Zukertort começou o match de Brancas. ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL % Defesa Tarrasch 7, 13, 15 3 15 Escocesa 2 1 5 Eslava 1, 3, 5 3 15 Gambito da Dama 9, 17, 19 3 15 Quatro Cavalos 11 1 5 Ruy Lopez 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 8 40 Vienense 20 1 5 A SEGUIR: II Campeonato Mundial de Xadrez Steinitz x Tchigorin, 1889
  • 26. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 5 FINAIS I 2.2. Rei e Torre X Rei Como no caso Rei e Dama x Rei, o mate é praticado com o Rei inferior em qualquer casa marginal. Exemplos: Tb1, Rf3 x Rf1; Te8, Rg6 x Rh8; e análogas. O mate ocorre em média com 17 lances. Diagrama: Ra1, Td4 x Re5 1 ? (1-0) PLANO ***** Cercar o Rei na margem do tabuleiro e chegar à posição típica de mate. Obs.: cuidado com o “pat”. PROCEDIMENTO ***** 1 Ta4 Mantendo o Rei inimigo preso do “outro lado do tabuleiro”, o mais longe possível dele. 1 ... Rd5 2 Rb2 Ao contrário da Dama, que não pode ser atacada pelo Rei inimigo, a Torre necessita da defesa do Rei. 2 ... Rc5 3 Rb3 Rd5 Se 3 ... Rb5 então Tc4, facilitando o trabalho branco, pois o Rei estaria preso no retângulo a8-c8-c4-a4. 4 Rc3 Re5 Se 4 ... Rc5 então 5 Ta5+, tirando do Rei inimigo mais uma horizontal. Se 4 ... Rc6, 4 ... Rd6 ou 4 ... Re6 então 5 Ta5, tirando do Rei inimigo a 5ª horizontal. 5 Rd3 Rd5 6 Ta5+ Quando o Rei negro coloca-se diante (ou lateralmente) do Rei branco, separado por uma casa, deve-se dar xeque. 6 ... Rc6 7 Rc4 A Torre cerca o Rei inimigo no quadrado a5-a8-d8-d5. 7 ... Rb6 8 Tc5 Diminuindo o espaço do Rei negro. 8 ... Rb7 9 Rd5 Rb6 10 Rd6 Continuando a vigília sob a 5ª horizontal. 10 ... Rb7 11 Tc1 Preparando 12 Tb1+, cercando o Rei inimigo na margem se o adversário responder com 11 ... Rb6. 11 ... Rb6 12 Tb1+ O Rei negro colocou-se ao lado do Rei inimigo, separado por uma casa, então a Torre deu xeque, cercando agora o Rei na margem. A Torre só sairá desta coluna para dar mate. 12 ... Ra5 13 Rc6 Deve-se esperar que o Rei negro coloque-se na mesma horizontal. 13 ... Ra4 Se 13 ... Ra6 14 Ta1++
  • 27. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 6 14 Rc5 Ra3 15 Rc4 Ra2 16 Tb8 Continuando a vigiar a coluna b e distanciando-se ao máximo do Rei inimigo. 16 ... Ra3 17 Tb7 “Perdendo um tempo” para que o Rei negro entre na horizontal de seu Rei. 17 ... Ra2 É obvio que se 17 ... Ra4 18 Ta7++ 18 Rc3 Ra1 19 Rc2 Cuidado: 19 Tb2, pat. 19 ... Ra2 20 Ta7++ (1-0) Posições que se deve evitar: •Tb7, Rc6 x Ra8 1 ... ? (=) •Te7, Rf8 x Rh8 1 ... ? (=) •e posições análogas A SEGUIR: 2.3. Rei e dois Bispos x Rei
  • 28. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 7 TÁTICA I 1.2. Princípio da peça imóvel Atuando sobre uma peça inimiga imobilizada (por bloqueio ou pregadura), um número de peças atacantes maior que o número de peças que a defendem, essa peça imobilizada poderá ser capturada. Exemplo: Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cc6, e5, Rf8, Bg7 1 ? Brancas ganham o Peão inimigo PLANO ***** O Peão preto está imobilizado (bloqueado pelo Peão branco). Convergem sobre eles 3 ataques: Cavalo, Bispo e Torre, enquanto suas defesas são apenas duas: Cavalo e Bispo. PROCEDIMENTO ***** 1 Ce5 Ce5 2 Be5 Be5 3 Te5 E as Brancas ganham o Peão. Se o Peão e5 estivesse defendido por outro Peão, as Brancas não iriam captura-lo. Estes ganhos de peça são possíveis quando as peças trocadas são do mesmo valor. Nas capturas de peças defendidas há uma regra fácil. a) Para se ganhar uma peça defendida, deve-se ter, no mínimo, uma peça de ataque a mais do que as peças de defesa. b) Para se defender, uma peça atacada, basta ter um número de peças defensivas igual ao número de peças atacantes. No exemplo anterior, se existisse mais uma peça preta de defesa, por exemplo, uma Torre em e7, teríamos 3 peças atacantes x 3 peças defensivas. Insistindo as Brancas nas capturas: 1 Ce5 Ce5 2 Be5 Be5 3 Te5 Te5 e as Pretas ganhariam uma Torre em troca de um Peão. Estas regras dizem respeito apenas aos casos em que as peças trocadas são do mesmo valor. Um Peão defendido somente por um Peão anula diversos ataques de peças contrárias. Exemplo: Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cb7, d6, Td8, e5, Rf8, Bg8 1 ? Analise esta posição. As Brancas devem capturar o Peão e5? PLANO *****
  • 29. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 8 Três peças brancas (Cavalo, Bispo e Torre) convergem sobre o Peão preto, que está defendido por outro Peão. As Brancas não podem captura-lo, pois 1 Ce5 de5 2 Be5, as Brancas ganhariam um Peão, mas perderiam o Cavalo. Diagrama: a2, b2, c2, Ba4, Rd1 x a6, b7, c5, Rd8 1 ... ?, ganham material PLANO ***** O Bispo a4 está cercado por seus próprios Peões. PROCEDIMENTO ***** 1 ... b5 2 Bb3 c4 Ganhando o Bispo. O Bispo encontra-se defendido por 2 Peões (a2 e c2) e atacado por apenas um Peão inimigo; é um caso interessante de ganho de peça imobilizada. Diagrama: c4, d3, Ra3, Ch5 x c5, d4, Rc6, Bg7 1 ... ? (0-1) PLANO ***** O Cavalo encontra-se longe da defesa de seu Rei, e de h5 locomove-se somente para as casas negras, onde corre o Bispo inimigo, que pode imobiliza-lo, dominando suas casas de salto. PROCEDIMENTO ***** 1 ... Be5 (0-1) Imobilizando o Cavalo. Agora o Rei negro chega primeiro que o branco e captura o cavalo. Se 2 Rb3 Rd7 3 Rc2 Re6 4 Rd2 Rf5 5 Re2 Rg4, ganhando o Cavalo e a partida. Diagrama: Bb1, Rg6 x Rc8, Dd7 1 ? ganham material PLANO ***** A Dama e o Rei estão na mesma diagonal por onde corre o Bispo branco. Surge a idéia de pregadura. PROCEDIMENTO ***** 1 Bf5 Ganhando a Dama que não pode mover-se por estar pregada. A SEGUIR: 1.3. Princípio da peça sobrecarregada
  • 30. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 9 OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO 1.1. Partida n.º 1 Breslau, 1862 Gambito Falkbeer Rosanes x Anderssen 1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Bb5+ Este lance é característico dos jogadores antigos. Não é lance posicional, tem como objetivo apenas perseguir uma imediata vantagem material ou mate. Hoje em dia, sabe-se que durante a abertura, o domínio do centro é o ponto essencial. Um jogador moderno se esforçará antes de tudo em lutar contra o pressionador Peão negro de e4 e, por conseqüência, jogar 4 d3. O condutor das brancas na presente partida quer, ao contrário, tal como era usual nesta época, assegurar a preponderância numérica de seus Peões, ainda que a custa de seu próprio desenvolvimento, jogando para isto 4 Bb5+ para seguir, após ...c6, com a troca de seu Peão d5 que poderia chegar a ser débil mais tarde. 4 ... c6 5 dc6 Cc6 Na maioria das vezes, costuma-se jogar aqui ...bc6. 6 Cc3 Cf6 De2 Aqui era melhor para as Brancas jogar o Peão d com o objetivo de recuperar-se no desenvolvimento atrasado. Ao invés disto, as Brancas perseguem mais vantagem material, ou seja, ganhar outro Peão, o do Rei. As Negras, e com razão, não se esforçam em defender este Peão, mas continuam seu desenvolvimento. Quanto mais Peões desaparecem do tabuleiro e quanto mais colunas se abrem, maior será a vantagem do desenvolvimento. 7 ... Bc5 8 Ce4 0-0 9 Bc6 bc6 10 d3 Te8 11 Bd2 As Brancas querem colocar seu Rei em segurança por meio do roque grande, mas o Negro conseguiu colunas abertas também no flanco da Dama. 11 ... Ce4 12 de4 Bf5 13 e5 Db6 Se 13 ... Bc2 14 Dc4 e as Negras deveriam trocar um de seus Bispos bons, mas ainda assim seria favorável ao segundo jogador, graças ao atraso branco. 14 0-0-0 Bd4 Isto causa uma debilidade no flanco do roque branco. 15 c3 Tab8 16 b3 Ted8! Uma típica jogada preparatória de Anderssen, princípio de uma brilhante combinação da qual seu adversário ignora completamente.
  • 31. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 10 17 Cf3 É claro que se jogam 17 cd4 Dd4 e não teriam mais salvação. Se houvesse percebido o propósito de seu adversário, teriam jogado 17 Rb2, mas o Negro com ... Be6 ameaçando ... Bb3 teria ganho rapidamente. 17 ... Db3! 18 ab3 Tb3 19 Be1 Be3+! (0-1) Com mate no próximo lance. A SEGUIR: 1.2. Partida n.º 2 Breslau, 1862 Gambito Kieseritzky Rosanes x Anderssen
  • 32. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 11 EXERCÍCIOS Diagrama 2.1 a2, b2, c3, f2, g2, h2, Ta1, Te1, Rg1, Cg5, Dh5 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Dc7, Bd7, Te8, Rg8 Composição 1 ... ? O que ameaçam as Brancas? PLANO ***** O ataque simultâneo a h7 e f7. Mas o Negro pode proteger simultaneamente ambos os Peões, como? PROCEDIMENTO ***** 1 ... Bf5 Observe que isto só é possível graças ao posicionamento das peças negras. Se a Dama negra estivesse em c8 (ao invés de c7), a perda do Peão seria inevitável. Diagrama 2.2 a3, f2, g2, h3, Ta7, Dc5, Tc7, Rh2 x d5, f4, g7, h6, Td3, Td4, Dg6, Rh7 Tartakower x Cohn Varsovia, 1927 1 ? Se neste diagrama jogasse o Negro, o que deveria fazer? PLANO ***** Explorar a posição desprotegida do Rei Branco. Se o Negro conseguir dominar a casa g3 (ou obstrui-la), h2, g1 e h1, teria uma posição de mate. PROCEDIMENTO ***** 1 ... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1++ (1-0) Mas compete ao Branco o lance, e Tartakower encontra um lance que impede o plano negro e cria uma forte ameaça contra Cohn. Descubra você. PLANO ***** Contra-atacar o ponto débil g7.
  • 33. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 12 PROCEDIMENTO ***** 1 Df8! Não somente impede o mate ( 1... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1+ 4 Df1, etc), mas ao mesmo tempo cria uma forte ameaça contra a casa f7, ganhando rapidamente. 1 ... Tg3 2 Tg7+ Dg7 3 Df5+ (1-0) O Negro abandona, pois se 3 ... Tg6, segue 4 Tg7+ Rg7 5 De5+ (1-0)
  • 34. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 13 BIBLIOGRAFIA • LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha Págs. 13-15 e 63-71 • XADREZ BÁSICO Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil Págs. 109-110 e 198-200 • LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO Ricardo Reti, Club de Ajedrez Págs. 12-14 • TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca, Barcelona - Espanha Págs. 14-15
  • 35. Onde os Reis se encontram academiadexadrez@bol.com.br www.geocities.com/academiadexadrez TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
  • 36. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 2 OS CAMPEONATOS DO MUNDO II CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ Steinitz X Tchigorin, 1889 Após sua vitória sobre Zukertort, nenhum jogador no mundo ameaçava seriamente o trono de Steinitz. O Campeão Mundial passou quase 3 anos sem participar de nenhuma “luta” séria, mas quando visitou Havana (Cuba), onde existia uma enorme simpatia pelo xadrez, foi organizado o “match” com Tchigorin com o título em jogo ao melhor resultado em vinte partidas. Miguel Ivanovich Tchigorin (Gatschina, 12Nov1850 - Lublin, 25Jan1908), fundador da atual escola soviética (russa), foi um dos jogadores mais geniais e irregulares de todos os tempos. Ao longo de sua carreira encontramos produções de grande beleza juntamente com erros grosseiros, indignos de um enxadrista de tão extraordinário talento. Até os 16 anos não havia aprendido a jogar xadrez, mas em 1879 venceu o Torneio de San Petesburgo. Sua 1ª participação internacional foi no Torneio de Berlim, 1881, onde terminou empatado em 3º lugar com Winawer e superado por Blackburne e Zukertort, mas deixando para trás jogadores de reconhecida classe. No ano seguinte participou discretamente do Torneio de Viena, e em 1883 classificou-se em 4º lugar no Torneio de Londres. Estas atuações, assim como seus triunfos em matches contra Alapin, Schiffers e A. de Riviere, lhe deram uma grande reputação, pois seu jogo demonstrava uma grande riqueza de idéias. Tchigorin foi um dos poucos enxadristas que não admitiram os princípios de Steinitz totalmente, afirmando que “as melhores normas de jogo estão longe de conhecerem-se”. Não é de estranhar que para Tchigorin, a superioridade dos Bispos sobre os Cavalos, como pregava Steinitz, e outras normas, não tiveram valor algum. Para ele a atividade das peças não era o mais importante, e o domínio do centro com Peões, uma utopia, com o que se antecipavam os hiper- modernistas, que como Nimzowitch, Reti e Breyer, principalmente, iriam revolucionar o xadrez nos primeiros 25 anos do século XX. Tchigorin gostava do jogo aberto e não admitia nenhum dogma. Assim, contra a Defesa Francesa, empregava o aparente absurdo lance 2 De2, depois de 1 e4 e6; ou defendia-se do Gambito da Dama da seguinte forma: 1 d4 d5 2 c4 Cc6, etc. De qualquer forma, seu aprofundamento na teoria das aberturas foi muito grande, e muitas são hoje linhas surgidas de seu engenho. Sua principal virtude era o constante afã de luta, seu desejo de complicar posições e seu grande poder de combinação. Seus defeitos: as enormes distrações, que também o fizeram famoso, e seu escasso domínio do Gambito da Dama com Negras, assim como seu grande nervosismo e aficção à bebida. Steinitz aceitou rapidamente o desafio por dois motivos: 1º porque considerava Tchigorin como o mais forte adversário, o que indubitavelmente lhe honrava desportivamente, e o 2º pelo desejo de mostrar ao mundo sua superioridade, pois Tchigorin havia ganho 3 das 4 partidas que haviam jogado (uma em Viena, 1882 e duas em Londres, 1883), e além disso, no match por correspondência entre Londres e San Petesburgo, 1886-1887, Tchigorin, o capitão da equipe russa, se impôs a Londres, dirigida por Steinitz, com uma vitória e um empate. O encontro de Havana, ao melhor resultado em 20 partidas, começou em meio a uma grande expectativa, e começou 48 horas após a chegada de Tchigorin, depois de uma viagem de 32 dias, dos quais 26, havia passado no mar. Até a 13ª partida, apesar de interessante, o match permanecia indeciso, mas Steinitz se impôs nas 3 partidas seguintes com o que decidiu praticamente a luta, pois, somente um empate nas 4 seguintes era suficiente para conservar o título. Tchigorin lutou como um leão na 17ª
  • 37. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 3 partida, mas teve de conformar-se em repartir o ponto e deixar o título nas mãos do rival, que venceu por +10 -6 =1, o que demonstra como foi disputada a luta. Steinitz teve a satisfação de vencer de Negras em 3 “Gambito Evans Aceito”, onde empregou sua barroca defesa de 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0 Df6?!, mas foi derrotado 4 vezes e empatou a 17ª que lhe serviu para revalidar o título. Possivelmente Steinitz não teria sido derrotado 6 vezes se escolhesse outras aberturas, pois Tchigorin foi o maior jogador de Gambito Evans, mas aquele grande lutador sempre estava disposto a provar sobre o tabuleiro o que afirmava com a pluma em seus artigos periódicos. Steinitz x Tchigorin Havana 20Jan - 24Fev1889 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Steinitz 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1 Tchigorin 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 11 12 13 14 15 16 17 Tot Steinitz 0 1 0 1 1 1 ½ 10,5 Tchigorin 1 0 1 0 0 0 ½ 6,5 Tchigorin começou o match de Brancas. ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL % Eslava 8 1 6 Gambito Evans 1, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 8 47 Holandesa 16 1 6 Ruy Lopez 3 1 6 Tchigorin 2, 4, 6, 10, 12, 14 6 35 A SEGUIR: III Campeonato Mundial de Xadrez Steinitz x Gunsberg, 1890-91
  • 38. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 4 FINAIS I 2.3. Rei e dois Bispos x Rei O mate só é possível quando o Rei inimigo se localiza em casa angular ou vizinha da angular. Exemplos: Rc7, Bb6, Bd5 x Ra8; Rf7, Bf5, Bg7 x Rh7; etc. O mate ocorre em média de 18 lances. Diagrama: Ra1, Bg4, Bh4 x Rf4 1 ? (1-0) PLANO ***** Em 1º lugar é claro, afastar o Bispo g4. Então manobrar com os Bispos cercando o Rei através de triângulos, até prender o Rei num dos triângulos de 6 casas das 4 casas angulares, colocando o Rei na casa 3C (ou 2B) para então dar mate com o outro Bispo. Os Bispos lado a lado defendem-se mutuamente, evitando que o Rei capture um deles. Cuidado com o pat. PROCEDIMENTO ***** 1 Bd1 Re3 Ameaçando 2 ... Rd2 2 Bg5+ Rd4 Se 2 ... Rf2, o Rei se autocerca no triângulo da casa angular h1, facilitando o serviço branco! 3 Bc2 Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular a8. 3 ... Rc3 4 Rb1 Rd4 5 Rb2 Re5 6 Rc3 Rd5 7 Bf6 Fechando outra linha do triângulo citado. 7 ... Re6 8 Bd4 Rd5 Permanecendo o máximo tempo possível no centro. 9 Bf5 Rd6 10 Rc4 Re7 11 Be5 Agora o Rei foi trancado no triângulo da casa angular h8. Os Bispos se autodefendem! 11 ... Rf7 12 Rd5 Re7 13 Be6 Re8 14 Bf6 Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular h8. Colocando os Bispos emparelhados. 14 ... Rf8 15 Re5 Dirigindo-se a g6. 15 ... Re8 16 Rf5 Rf8 17 Rg6 Re8 18 Bg5 Forçando o Rei a dirigir-se para h8. 18 ... Rf8 19 Bd7 Evitando que o Rei se dirija a f8 e preparando-se para cerca-lo no triângulo f8-h6-h8. 19 ... Rg8 20 Be7 Rh8 21 Bf8 Manobra instrutiva. 21 ... Rg8 22 Bh6 Rh8 23 Bg7+ Rg8 24 Be6++ (1-0)
  • 39. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 5 Posições de pat: •Bb7, Rc7, Bd6 x Ra7 1 ... ? (=) •Rf7, Bg5, Bg6 x Rh8 1 ... ? (=) •etc Obs.: 2 Bispos da mesma cor não podem dar mate. Até 9 Bispos que se movimentem por casas de cor igual, não podem dar mate. É fácil compreender que resta ao Rei inferior uma casa de fuga de cor oposta a 2 Bispos. A SEGUIR: 2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei
  • 40. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 6 TÁTICA I 1.3. Princípio da peça sobrecarregada Peça sobrecarregada é aquela que desempenha mais de uma ação. Por exemplo: uma peça que defende, ao mesmo tempo, duas ou mais peças. Obrigando-se essa peça sobrecarregada a mover-se, desfaz-se a harmonia defensiva; daí poderá resultar a perda de material. Diagrama: c3, Be2, g3, Rg7 x Rb8, c4, Be6, g4 1 ? (1-0) PLANO ***** O Bispo e6 é uma peça sobrecarregada, pois defende os Peões c4 e g4. Se atacado, deverá deixar uma das defesas. PROCEDIMENTO ***** 1 Rf6 (1-0) Diagrama: a2, b2, f2, g3, h2, Cc3, Dd3, Te1, Rg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Da5, Cd4, Td8, Rh8 1 ? (1-0) PLANO ***** A Torre d8 está sobrecarregada, pois defende o Cavalo d4 e o mate Te8. PROCEDIMENTO ***** 1 Dd4 (1-0) Obvio que se 1 ... Td4 2 Te8++. Diagrama: c4, d5, e4, g2, h2, Tb1, Tc1, Bf5, Rg1 x a7, c5, c7, g7, h6, Tb7, Cd8, Df7, Rg8 1 ? (1-0) PLANO ***** Explorar o Cavalo d8, sobrecarregado, pois defende a Torre b7 e a entrada do Bispo em e6, cravando a Dama. PROCEDIMENTO ***** 1 Tb7! (1-0) Se 1 ... Cb7 2 Be6.
  • 41. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 7 Diagrama: d5, Cb3, Td2, Rf4 x d6, Cc5, Te5, Rf8 1 ? (1-0) PLANO ***** Explorar o Peão d6, sobrecarregado, pois defende o Cavalo c5 e a Torre e5. PROCEDIMENTO ***** 1 Cc5 (1-0) Se 1 ... dc5 2 Re5 A SEGUIR: 1.4. Princípio do ataque simultâneo
  • 42. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 8 OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO 1.2. Partida n.º 2 Breslau, 1862 Gambito Kieseritzky Rosanes x Anderssen 1 e4 e5 2 f4 ef4 3 Cf3 Com este lance formou-se o gambito conhecido sobre o nome de Cavalo do Rei. Existem outras variantes, por exemplo: 3 Bc4 e 3 Be2, e também 3 Df3 (Gambito Breyer), ainda que não muito utilizado. 3 ... g5 Como se conhece há três séculos, o Peão do gambito somente pode ser defendido imediatamente. De acordo com o que observamos na primeira partida, esse objetivo de sustentar a vantagem material obtida, era, nos tempos de Anderssen, a forma predominante de jogar. Agora, as Brancas tem duas variantes diferentes. Uma delas consiste em continuar seu desenvolvimento mediante 4 Bc4 e 5 0-0. Esta é uma maneira inocente de jogar, própria de enxadristas de ataques superficiais, mas não corresponde ao espírito do Gambito do Rei. A idéia deste gambito, como já sabemos, é o ataque à coluna f, na qual os pontos f6 e f5 foram debilitados pelo lance g5, pois se forem dominados, não podem ser defendidos pelo Peão, que está em g5, não podendo este atacar a peça branca que possivelmente se coloque nestes pontos. Se Rosanes quiser jogar posicionalmente no espírito do Gambito do Rei, antes de tudo deve abrir a coluna f e tirar o Peão de f4. A continuação posicional é 4 h4, minando a defesa do Peão f4, ou seja, o Peão de g5. Rosanes tem que decidir neste momento a linha a seguir. Se joga 4 Bc4, Anderssen pode contestar com 4 ... Bg7, e o lance 5 h4 já não pode conseguir seu objetivo, pois Anderssen tem a possibilidade de jogar h6 e com isso manter intacta sua cadeia de Peões. 4 h4 g4 5 Ce5 Esta abertura recebe o nome de Gambito Kieseritzky. Outra continuação é o Gambito de Allgaier, onde as Brancas jogam 5 Cg5, vendo-se obrigadas, após 5 ... h6, a sacrificar seu Cavalo com 6 Cf7, mas em troca, obtém um ataque muito perigoso. 5 ... Cf6 Eis uma boa ocasião para demonstrar o valor de ter compreendido o espírito de uma abertura e não memorizar as diversas variantes, o que não é tão proveitoso. O “jogador de café”, que busca o lance mais próximo para atacar, provavelmente jogaria aqui, 6 Bc4. Mas também o jogador novato, que tenha sido contaminado pela infrutuosa moléstia de estudar o célebre método de Bilguer, seguindo aquelas indicações, fará o mesmo lance, e por um contra-ataque negro, chegara a ter desvantagem. Não deve-se estranhar o fato de que na análise do Gambito do Rei, a obra de Bilguer contenha numerosos defeitos. Uma análise de variantes, no decorrer dos anos, chega a manifestar-se quase sempre como equivocada. A ciência de conhecer variantes é somente uma ciência aparente. Além disso, o Gambito do Rei não é nenhuma abertura moderna, e a maior parte das variantes procedem do tempo antigo, quando era insignificante o que se pensava sobre o jogo de posição. Se mantém-se a idéia da abertura, se chega à conclusão de que é preciso fazer desaparecer o Peão f4 para a liberação da coluna f. Portanto, o lance indicado é 6 d4, o qual um dos melhores jogadores de posição, Philidor e o grande “posicionalista”, Rubinstein, qualificaram como vantajosa para as Brancas. Após 6 d4 d6 7 Cd3 Ce4 8 Bf4, as Negras tem efetivamente um Peão a mais, mas se encontra em uma situação nada agradável, graças à debilidade irreparável da coluna aberta. Não devemos estranhar que Rosanes tenha feito o lance mais débil, mas aparentemente mais lógico.
  • 43. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 9 6 Bc4 d5 7 ed5 Bd6 8 d4 Ch5 Rosanes não consegue abrir tão facilmente a coluna f. Deveriam ter jogado na hora certa 0-0, apesar da possível contestação ... Dh4. Rosanes, como na partida anterior, não joga posicionalmente, mas pela vantagem material. 9 Bb5+ c6 10 dc6 bc6 11 Cc6 Cc6 12 Bc6+ Rf8 13 Ba8 Rosanes tem uma Torre a mais, mas em troca, uma posição perigosa no flanco do Rei, e uma posição mal desenvolvida. 13 ... Cg3 14 Th2 Rosanes, ao invés de colocar a Torre em h2, onde atua o adversário, deveria devolver o sacrifício, cedendo a qualidade, colocando o Rei em f2 no lance 14. 14 ... Bf5 15 Bd5 Melhor defesa seria 15 Bc6 para não permitir que a Torre negra se dirigisse a e8. 15 ... Rg7! 16 Cc3 Te8+ 17 Rf2 Db6 Anderssen ameaça o ataque decisivo através de ... Be5. 18 Ca4 Da6 Anderssen ameaça mate em 4. Será que você descobre? PLANO ***** Mate de Cavalo e Torre PROCEDIMENTO ***** 19 De2+ 20 De2 Te2+ 21 Rg1 Te1+ 22 Rf2 Tf1++ Esta ameaça de Anderssen não se pode parar através de 19 c4. Descubra o porque. PLANO ***** O mesmo, mate de Cavalo e Torre. PROCEDIMENTO ***** 19 ... Da4! 20 Da4 Te2+ (0-1) 19 Cc3 Be5! 20 a4 Anderssen anuncia mate em 4. Encontre você. PLANO ***** Mate com Bispo, Torre e Cavalo. PROCEDIMENTO ***** 20 ... Df1+! 21 Df1 Bd4+ 22 Be3 Te3! 23 Rg1 A qualquer outro lance segue ... Te2++. 23 ... Te1++ (0-1) A SEGUIR: 1.3. Diagramas Diversos
  • 44. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 10 EXERCÍCIOS Diagrama 3.1 a2, c2, f2, g2, h2, Bc5 Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8, Dd8, Te8, Rg8 Zuckertort x Anderssen 1 ? Neste diagrama, após 1 Dh7+ Rf7 2 Dh5+ Rg8 e Zuckertort não conseguiria nada mais do que um empate por repetição de lances. Mas Zuckertort encontrou uma linha ganhadora. PLANO ***** Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama. PROCEDIMENTO ***** 1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1) Analise 1 ... Te7 ***** Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc. Diagrama 3.2 c5, d4, e6, g2, h3, Tb1, Tf1, Dg3, Rh1 x a5, b7, f6, h5, Bb4, Dc6, Ce7, Re8, Tf8 Morphy x Thompson Match 1859 1 ? Morphy forçou a vitória em poucos lances, de maneira irrefutável PLANO ***** Explorar a posição incômoda do Rei negro, cuja mobilidade resume-se a d8. PROCEDIMENTO ***** 1 Db8+ Dc8 2 Dd6 Dc6 3 Tb4 ab4 4 Ta1 (1-0) Thompson abandonou, pois não encontrou defesa contra a entrada da Torre branca em a8. Analise 1 ... Cc8. ***** 2 d5! Dc5 Única que mantém a defesa do Cavalo. 3 Tfc1 Bc3 4 Db7 (1-0) Observe como Morphy reagrupou suas peças.
  • 45. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 11 Diagrama 3.3 a4, b3, d4, e3, f3, g4, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd2, Te1, Rg1, Bg2, Cg3 x a5, b7, c7, d5, f7, g7, h6, Ta8, Bb4, Cd7, Dd8, Te8, Cf6, Rg8, Bh7 Spasski x Petrosian Torneio de Candidatos 1956 1 ... ? Encontre a ameaça branca. **** Spasski ameaça ganhar o Cavalo de Petrosian mediante 2 g5. Encontre um plano defensivo para as Negras. PLANO **** Criar um refúgio para o Cavalo f6 sem esquecer do Peão d5 que está defendido apenas por ele. PROCEDIMENTO ***** 1 ... Bd6! 2 f4 Se 2 Cge2, Petrosian contestaria com 2 ... Bd3. 2 ... Bg4 Após a troca Bc3, a casa e4 poderá ser ocupada por uma peça de Petrosian. 3 g5 Bc3 4 Bc3 Ce4 5 Be4 Be4 E a partida seguiu com igualdade.
  • 46. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Página 12 BIBLIOGRAFIA • LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha Págs. 16-17 e 63-71 • XADREZ BÁSICO Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil Págs. 110-111 e 200-202 • LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO Ricardo Reti, Club de Ajedrez Págs. 14-16 • TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca, Barcelona - Espanha Págs. 16-17
  • 47. Onde os Reis se encontram academiadexadrez@bol.com.br www.geocities.com/academiadexadrez TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza
  • 48. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ OS CAMPEONATOS DO MUNDO III CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ Steinitz X Gunsberg, 1890-91 Isidoro Gunsberg (Budapeste, 02Nov1854-Londres, 02Mai1930), de origem judia, foi o terceiro aspirante ao Título de Steinitz. Ainda que húngaro de nascimento, pode ser considerado um enxadrista inglês, já que aos 13 anos mudou-se para a Inglaterra com sua família e ali obteve a cidadania. Aprendeu a jogar logo e no célebre Café de La Regence, de Paris, foi apresentado como um menino prodígio. em 1876 jogou dentro do famoso robô “Mephisto” em Londres, com o que pretendia emular as façanhas do idealizado pelo Barão Wolfgang von Kempelen, que chegou a jogar contra Napoleão. Quando enfrentou Steinitz, era considerado como um dos mais fiéis seguidores das teorias do Campeão, e contava com um brilhante curriculum, pois havia ganho os Torneios de Hamburgo, 1885; Bradford e Londres, 1888. Em matches havia vencido a Bird (Londres, 1866, por +5 -1 =3), Blackburne (Bradford, 1887, por +5 -2 =6) e empatado com Tchigorin num dramático encontro em Havana, 1890, com o resultado de +9 -9 =5. Frente a Steinitz defendeu-se com grande dignidade, pois somente foi derrotado por +4 -6 =9, em um encontro ao melhor resultado em 20 partidas. O Campeão Mundial voltou a aplicar em quatro ocasiões sua barroca defesa do Gambito Evans, que havia empregado diante de Tchigorin, e perde em duas ocasiões, ainda que tenha conseguido a satisfação de vencer em uma e empatar outra. Gunsberg dirigiu durante cerca de 30 anos a seção de xadrez do “Daily Telegraph” e do “Morning Post”, de Londres e escreveu diversos livros sobre o tema. Sua carreira enxadrística se desenvolveu até 1914, ano em que participou do famoso Torneio de San Petesburgo, vencido por Lasker, mas a idade já não lhe permitia enfrentar com êxito a jovens como Capablanca e Alekhine. Steinitz x Gunsberg New York 09Dez1890-22Jan1891 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Steinitz ½ 1 ½ 0 0 1 1 ½ ½ 1 Gunsberg ½ 0 ½ 1 1 0 0 ½ ½ 0 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot Steinitz ½ 0 1 ½ ½ 0 ½ 1 ½ 10,5 Gunsberg ½ 1 0 ½ ½ 1 ½ 0 ½ 8,5 Página 2
  • 49. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Steinitz começou o match de Brancas. ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL % Eslava 3 1 5 Gambito da Dama 1, 5, 17 3 16 Gambito da Dama Aceito 7 1 5 Gambito Evans 12, 14, 16, 18 4 21 Italiana 4, 8, 10 3 16 Peão da Dama Irregular 6, 19 2 11 Ruy Lopez 2 1 5 Zukertort 9, 11, 13, 15 4 21 A SEGUIR: IV Campeonato Mundial de Xadrez Steinitz x Tchigorin, 1892 Página 3
  • 50. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ FINAIS I 2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei Método dos Triângulos Délétang e Cognet É o mais difícil e apaixonante dos finais elementares. Existem diversos métodos, utilizaremos o de mais fácil memorização. o Método dos Triângulos do amador argentino Daniel Délétang (La Stratégia, 1923; El Ajedrez Argentino, 1925), aperfeiçoado por E. Cognet (L’Echiquier, janeiro de 1931). É raríssimo ocorrer este tipo de final, mas todo enxadrista deve conhece-lo. O mate de Bispo e Cavalo só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular seja da mesma cor que as dominadas pelo Bispo. Exemplos: Diagrama: Ca6, Rb6, Bc6 x Ra8 O Bispo dá mate desde uma casa afastada do Rei adversário. Neste diagrama, o Bispo pode ocupar uma casa mais afastada ainda, mas para dar mate deve mover-se desde uma diagonal paralela à grande diagonal. Diagrama: Rb6, Bb7, Cc6 x Ra8 O Bispo dá mate colocando-se na casa contígua ao Rei inimigo. Na posição deste diagrama, o Cavalo pode estar colocado também em d7, mas não em a6, pois é dela que vem o Bispo. Diagrama: Ca6, Rb6, Bb7 x Rb8 O mate é realizado pelo Cavalo, que pode estar colocado não só em a6, mas também em c6 ou em d7. Para realizar qualquer um destes mates, o Rei ofensivo deve estar a salto de Cavalo da casa angular. Diagrama: Bb3, Cd3, Rg7 x Re7 Examinando este diagrama, observamos que o Bispo está colocado na 2ª casa de uma diagonal, que é por sua vez a segunda casa de uma fila, cuja 4ª casa está ocupada por um Cavalo. Consideremos agora o tabuleiro em relação às diagonais. A grande diagonal preta (a1-h8) divide o tabuleiro em 2 partes iguais. O Rei preto encontra-se na metade esquerda. Nesta metade, as 3 diagonais brancas formam com as bordas do tabuleiro, 3 triângulos retângulos que se superpõem num ângulo reto comum, situado em a8. As hipotenusas desses 3 triângulos estão representadas: •para o triângulo maior pela diagonal a2-g8; Página 4
  • 51. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ •para o triângulo médio pela diagonal a4-e8; •para o triângulo menor pela diagonal a6-c8. Examinando o triângulo maior, verificamos que o Rei preto não pode atravessar a hipotenusa. Com efeito, o Bispo impede o acesso às casas brancas, o Rei branco protege as casas pretas f6 e f8, e o Cavalo domina as casas pretas b4, c6 e e5. Pode-se afirmar que o triângulo maior está fechado. O mesmo resultado se obtém em posição análoga: Rb2, Cf5, Bf7 x Rb4. Após cercar o Rei no triângulo maior, deve-se empurra-lo para o triângulo médio e, deste, obriga-lo a penetrar no triângulo menor. Veremos previamente que a aplicação do “método dos triângulos” permite obter o que denominaremos uma posição final da qual derivará uma das 3 formas de mate que já foram apontadas. Examinaremos estas posições finais, nas quais as Brancas acabam de fechar o triângulo menor e, portanto, é a vez de jogarem as Pretas: Posição Final do Tipo A - Diagrama: Rb6, Bd7, Cd5 x Rb8 1 ... Ra8 2 Cb4 Ou Cc7+ 2 ... Rb8 3 Ca6+ Ra8 4 Bc6++ Mate tipo I. Se o Rei preto estiver em a8 (não em b8), o mate se processa assim: 1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Be6 Lance de espera com o objetivo de permitir que o Cavalo vá a a6, para dar xeque, pois é evidente que se as Brancas jogarem 3 Ca6? é empate por afogamento. 3 ... Rb8 4 Ca6+ Ra8 5 Bd5++ Mate tipo I Posição Final do Tipo B - Diagrama: Ba6, Rb6, Cd5 x Rb8 1 ... Ra8 2 Cb4 Rb8 3 Cc6+ Ra8 4 Bb7++ Mate tipo II. Se o Rei preto estiver em a8, dá-se o mate da seguinte forma: 1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Bb7+ Rb8 4 Cc6++ Mate tipo II. Página 5
  • 52. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Posição Final do Tipo C - Diagrama: Ba6, Rb5, Cd5 x Rb8 1 ... Ra7 Se 1 ... Ra8 2 Rb6 e entramos numa posição final do tipo B. 2 Cb4 Rb8 Se 2 ... Ra8 3 Rb6 4 Cc6+ Ra8 5 Bb7++, mate tipo II. 3 Rb6 Ra8 4 Bb7+ Rb8 5 Cc6++ Mate tipo II. Existem outros tipos desta posição com o Rei preto em a8 ou em a7, nas quais o mate se efetua da mesma forma que na posição examinada, e com as mesmas manobras, porém invertendo a ordem dos lances, segundo convenha. Também o Rei branco pode estar em a5 (e não em b5). Por analogia, estas posições finais podem apresentar-se com outra disposição. Exemplo: a posição final A com o Rei branco em c7 e o Rei preto em a7, estando o Bispo em b5 e o Cavalo em d5. O mesmo acontece com as demais posições finais que, aliás, podem reproduzir-se em outro ângulo do tabuleiro. Vejamos o procedimento que deve ser aplicado no método dos triângulos. O retrocesso do Rei preto, para faze-lo passar de um triângulo a outro, obtém-se unicamente mediante às manobras de Rei e Bispo ofensivos. No que toca à passagem do triângulo maior para o menor, observar-se-á que o Bispo deve cuidar da diagonal (hipotenusa) a2-g8 devendo proteger ao mesmo tempo, a casa a4 para impedir a fuga do Rei preto por este ponto, mas o Bispo pode mover-se pela diagonal vigiada, pois poderá voltar a b3 antes que o Rei adversário alcance a mencionada casa a4. Partindo do diagrama inicial, observamos que o Rei branco não pode mover-se porque tem a seu cargo as 2 casas pretas f6 e f8; então, logicamente, será preciso mover o Bispo pela diagonal- hipotenusa a fim de escolher a colocação que tire mais casas do Rei adversário; tendo em conta esta circunstância, o primeiro lance será: 1 Bf7 Rd6 Dirigindo-se para a casa a4. 2 Rf8 Ocupando diretamente o extremo da hipotenusa. Se 2 Rf6? Rd7 3 Bb3 Re8 4 Rg7 Re7 e volta-se a posição inicial. 2 ... Rd7 3 Bb3 Rd6 Se 3 ... Rc6 4 Re7. Se 3 ... Rd8 4 Ba4, fechando o triângulo médio. O Rei negro deve evitar estes lances, que apressam a derrota. 4 Re8 Rc7 Se 4 ... Rc6 5 Re7 Rc7 6 Ba4. 5 Re7 Rc7 A qualquer outro lance, seguiria 6 Ba4. 6 Re6 Rb5 Também aqui, a qualquer outro lance, seguiria 7 Ba4. 7 Rd6 Ra5 8 Rc5 Ra6 9 Ba4 Agora o Bispo ocupa a hipotenusa do triângulo médio, o qual começa a fechar-se com esta manobra. Observe-se que se o Rei negro - durante esta manobra de retrocesso - abandona as diagonais a3-f8 e a4- c8, o Bispo se instala imediatamente nesta última. Se o Rei se mantém sobre estas duas diagonais, será Página 6
  • 53. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ encurralado contra a beirada do tabuleiro, como se terá observado, até que se veja forçado a abandonar uma posição que lhe é favorável. Agora é necessário terminar de fechar o triângulo médio, colocando oportunamente o Cavalo em d5. 9 ... Rb7 Se 9 ... Ra5 10 Bd7 Ra6 e continua como depois do lance 12 desta análise. 10 Rd6 Rb6 11 Bd7 Ra5 12 Rc5 Ra6 13 Cb4+ Ou 13 Cc4. O Cavalo se dirige a seu novo posto em d5, ou seja, 4ª casa da coluna (antes era uma horizontal), onde se encontra o Bispo. 13 ... Rb7 14 Cd5 O triângulo médio está fechado. 14 ... Ra6 Se 14 ... Ra8 (ou Rb8) 15 Rb6 e o triângulo menor está fechado, tendo-se chegado a uma posição final do tipo A. Se 14 ... Ra6 15 Bc8 Rb8 (Se 15 ... Ra8 16 Rb6 e 17 Ba6, chegando-se a uma posição final do tipo B) 16 Ba6 Ra7 (Se 16 ... Ra8 17 Rb6 e se chega a uma posição final do tipo C). 15 Rb4 Rb7 16 Rb5 Ra6 Se 16 ... Rb8 17 Rb6 e chega-se a uma posição final tipo A. 17 Bc8 Ra8 Se 17 ... Rb8 18 Ba6 e estamos numa posição final tipo C. 18 Rb6 Rb8 19 Ba6 E o triângulo menor fecha-se numa posição final tipo B. Resumindo: 1. O mate só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular seja da mesma cor que as que o Bispo percorre. 2. Formar-se-ão imaginariamente, 3 triângulos retângulos sobrepostos, cujo ângulo reto comum está situado no canto do tabuleiro onde se forçará o mate. Estes triângulos serão: um maior, um médio e um menor, e suas hipotenusas são, respectivamente, três diagonais da cor da casa angular, uma diagonal de 7 casas de comprimento, outra de 5, e a terceira de 3 casas. 3. O fechamento dos 2 primeiros triângulos (maior e médio) efetua-se: a) Colocando-se o Bispo e o Cavalo na mesma horizontal ou coluna; b) Colocando-se o Bispo na 2ª casa da diagonal-hipotenusa de cada um dos triângulos; c) Colocando-se o Cavalo na 4ª casa da fila (horizontal) ou coluna em que se acha o Bispo, ficando então, ambas as peças, em casas da mesma cor e separadas por uma só casa; d) A outra extremidade da hipotenusa estará vigiada pelo Rei. 4. O fechamento do 3º triângulo efetua-se facilmente, sem necessidade de mover o Cavalo e, em alguns casos, sem que o Bispo tenha de ocupar a diagonal que constitui a hipotenusa menor. 5. O Bispo age nas casas da cor que percorre; o Cavalo será utilizado para vigiar as casas da cor contrária. 6. Uma vez encerrado o Rei adversário no triângulo maior - e para força-lo a passar dum triângulo a outro - manobrar-se-á unicamente com o Rei e o Bispo, pois o Cavalo só precisará efetuar 4 movimentos: 2 para passar do triângulo maior ao médio, e outros dois para colaborar no mate. Antes de ser encerrado nos triângulos, o Rei adversário tratará de refugiar-se na diagonal de cor oposta à das casas que percorre o Bispo - dirigindo-se a um dos cantos onde o mate não é possível. Neste caso será fácil obriga-lo a entrar num dos dois grandes triângulos que margeiam a mencionada diagonal. Exemplo: Ra1, Bh8, Ch1 x Ra8. Página 7
  • 54. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Nas variantes que examinaremos, observe que o Rei preto trata de fugir, quer dirigindo-se à direita (Rb7-c6-b6-b5-b4, etc, na variante a), quer indo para a esquerda (Rb7-c6-d6-c5, etc, na variante c) ou - o que é preferível - tratará de manter-se em seu refúgio em a8 (variantes b e d) prolongando, desta forma, o mate inevitável. (a) 1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb6 4 Rd5 Para poder conduzir o Bispo e o Cavalo a seus respectivos lugares é boa tática situar o Rei branco numa das casas centrais do tabuleiro, de preferência numa casa da grande diagonal, que serve de refúgio ao Rei adversário, e colocar o Bispo a seu lado. 4 ... Rb5 5 Bd4 Rb4 6 Cg3 Rb3 7 Ch5 Ou Ce2 7 ... Rc2 8 Cf4 Rb3 Se 8 ... Rd2 9 Bf2 Rc3 10 Be1+, começando a fechar o triângulo médio. 9 Rc5 Ra4 10 Rb6 Rb4 11 Bf2 E o triângulo maior está fechado. (b) 1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rd6 4 Rd4 Rc6 Se 4 ... Re6, vide variante c. O Rei negro tenta permanecer em a8, resistindo o máximo, não entrando no triângulo maior. 5 Cf2 A função do Cavalo é expulsar o Rei adversário do seu refúgio colocando-o em b6 ou c7. 5 ... Rb5 6 Rd5 Rb6 Ameaçava-se 7 Bd4 seguido de Ch3 e Cf4, o que fecharia o triângulo maior. 7 Be5 Rb7 Se 7 ... Rb5 8 Bd5 seguido de Ch3, ou Rc6, etc. 8 Ce4 Ra8 Se 8 ... Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Bd6 (barrando a passagem do Rei preto, de modo a dar tempo ao Cavalo para colocar-se em seu posto em e6) Re8 11 Cc3 seguido de 12 Cd1, 13 Ce3 e 14 Bg3 - e fechando assim, o triângulo maior. 9 Rc6 Ra7 10 Cc3 O Cavalo se aproxima do ponto b6, situando-se antes em d5 de onde poderá dirigir-se, eventualmente, a seu posto em f4. 10 ... Ra8 11 Cd5 Ca7 12 Cb6 Ra6 13 Bb8 Posição clássica: o Rei adversário foi expulso definitivamente da grande diagonal que lhe servia de refúgio. 13 ... Ra5 14 Cd5 Agora, cumprida sua missão, o Cavalo se dirige ao seu lugar em f4. 14 ... Ra4 Se 14 ... Ra6 15 Cf4 Ra5 16 Ba7 seguido de Bf2 e fica fechado o triângulo maior. 15 Ba7 Rb3 Se 15 ... Ra5 16 Bb6+ Ra4 17 Rc5 Rb3 18 Ba5 e começa o fechamento do triângulo médio. 16 Rb5 Rc2 17 Cf4 Rd2 18 Bf2 E o triângulo maior está fechado. Página 8
  • 55. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ (c) Até o quarto lance das Brancas (4 Rd4), como na variante b. E depois: 4 ... Re6 5 Be5 Rf5 6 Cf2 Re6 Se 6 ... Rg5 7 Bg3 Rf5 8 Rd5 Rf6 (se 8 ... Rg5 9 Re6) 9 Cg4+ Rf5 (se 9 ... Re7 10 Rc6) 10 Ce3+ e fecha- se o triângulo maior. 7 Bg3 Rd7 8 Rd5 Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Cd1 Seguido de 11 Ce3 e o triângulo maior está fechado. (d) 1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb7 4 Rc5 Ra8 5 Rc6 Rb8 6 Cg3 Ra8 7 Ce4 Rb8 8 Cc3 Ra8 9 Cd5 Rb8 Se 9 ... Ra7 10 Be5 Ra8 11 Cb6+ Ra7 12 Bd6 Ra6 13 Bb8 e se chega à posição clássica. 10 Bd4 Ra8 11 Cc7+ Rb8 12 Bc5 Rc8 13 Ba7 E se atinge a posição clássica, com colocação invertida das peças. A SEGUIR: 3. Finais de Reis e Peões 3.1 Rei e Peão x Rei Página 9
  • 56. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ TÁTICA I 1.4. Princípio do ataque simultâneo Como em xadrez joga-se uma peça de cada vez, atacando-se simultaneamente duas ou mais peças, pode determinar a captura de uma delas. Esse meio de ganhar peças tem ainda mais força desde que uma das peças atacadas seja o próprio Rei. Diagrama: Te8, Rg1 x Ra1, Bb3, Bg3 1 ? Ganham material PLANO ***** Os Bispos encontram-se sem apoio e na mesma horizontal. Se existir uma Torre (peça que move-se pela horizontal) ou Dama que possam colocar-se nesta horizontal, ganha-se um deles. PROCEDIMENTO ***** 1 Te3 Ganhando material, pois um dos Bispos será salvo, enquanto o outro será capturado pela Torre. Diagrama: Da8, Rd5 x Be8, Tf8, Rh8 1 ... ? (0-1) PLANO ***** Se o Bispo desloca-se da horizontal 8, a Torre passa a atacar a Dama. Caso o lance de Bispo force as Brancas a um lance que não permita a retirada da Dama branca, esta estará perdida, assim como a partida. PROCEDIMENTO ***** 1 ... Bf7+(0-1) Diagrama: Bc3, Te5, Rh4 x f7, h6, Dd7, Rh8 1 ? (1-0) PLANO ***** O Rei negro encontra-se sobre a diagonal onde encontra-se o Bispo branco. Movendo-se a Torre efetua- se um xeque descoberto, atacando uma peça de maior valor, irá ganha-la pela obrigação de sair do xeque. PROCEDIMENTO ***** 1 Td5+ (1-0) O xeque descoberto freqüentemente é utilizado para o ganho de peças. Página 10
  • 57. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Diagrama: a2, b4, d4, f2, g2, h2, Te1, Ce3, Rg1, Tg3, Bg5, Dh5 x a7, d6, e6, f7, g7, h6, Ta8, Db5, Bb7, Te8, Cf8, Rg8 C. Torre x E. Lasker Moscou, 1925 1 ? (1-0) PLANO ***** Chegar à posição de mate com a Torre em g7 e Dama em h6. Para isto deverá desobstruir a coluna g, e a melhor casa para coloca-lo é f6, pois explora o Peão g cravado, ameaçando Tg7 e uma série de xeques descobertos, ganhando material. PROCEDIMENTO ***** 1 Bf6! Ameaçando mate com Tg7+ e Dh6 1 ... Dh5 2 Tg7+ Rh8 3 Tf7+ Ataque simultâneo ao Rei e às demais peças. 3 ... Rg8 4 Tg7+ Rh8 5 Tb7+ Rg8 6 Tg7+ Rh8 7 Tg5 Rh7 8 Th5 Rg6 9 Th3 Rf6 10 Th6 (1-0) Diagrama: b2, c2, Bf6, Tg3, Rb1 x a7, d7, f7, g7, Bb7, Cc7, Cf8, Bg1, Rg8, Dh8 1 ? (1-0) PLANO ***** Idem ao anterior PROCEDIMENTO ***** 1 Tg7+ Rh8 2 Tf7+ Rg8 3 Tg7+ Rh8 4 Td7+ Rg8 5 Tg7+ Rh8 6 Tc7+ Rg8 7 Tg7+ Rh8 8 Tb7+ Rg8 9 Tg7+ Rh8 10 Ta7+ Rg8 11 Tg7+ Rh8 12 Tg1+ Rh7 13 Th1+ (1-0) Observe a força do Bispo e Torre nessas posições, atacando simultaneamente várias peças. A SEGUIR: 1.5. Princípio da peça sem defesa Página 11
  • 58. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO 1.3. Diagramas Diversos Diagrama: c3, f2, f6, g2, h2, Ta1, Ba3, Da4, Bd3, Te1, Cf3, Rg1 x a7, c7, d7, f7, h7, Bb6, Bb7, Tb8, Cc6, Ce7, Re8, Tg8, Dh5 Anderssen x Dufresne Esta posição foi atingida após o lance 18 de Dufresne. Ambos atacam diretamente o Rei adversário, mas as melhores perspectivas são brancas, pois elas dominam o centro. Em troca, Dufresne, ataca o roque inimigo com a Dama, a Torre no flanco do Rei e com os Bispos, pelo flanco da Dama. O moderno jogador de posição que continuamente esforça-se para conhecer os indícios da posição e trata a combinação como um meio auxiliar para demonstrar depois sua vantagem posicional, nesta situação levará o ataque ao centro de tal forma, que impedirá o ataque do flanco da Dama negro (Bispos) contra o Rei branco. Assim, é fácil adivinhar o lance que ganha em seguida, indicado por Lasker: 19 Be4. Mas Anderssen optou por jogar: 19 Tad1 Este lance é prova da incomparável combinação de Anderssen, mas não leva em consideração as exigências posicionais. É mais débil que 19 Be4, tanto que, se Dufresne contesta com ... Tg4, consegue empate, segundo as análises feitas mais tarde. Mas Dufresne continuou assim: 19 ... Df3 E após este lance, a combinação de Anderssen triunfa. Tente descobrir como Anderssen encontrou a linha de vitória. PLANO ***** Explorar a posição desprotegida do Rei, atacando com as peças pelo centro dominado por Anderssen. PROCEDIMENTO ***** 20 Te7+ Ce7 Analise 20 ... Rd8. ***** 21 Td7+, se Dufresne toma esta Torre, então, Anderssen ganha a Dama ao contestar 22 Be2+. Analise contra 21 Td7+, 21 ... Rc8. ***** 22 Td8+ a) 22 ... Td8 23 gf3 b) 22 ... Rd8 23 Be2+ c) 22 ... Cd8 23 Dd7+ Rd7 24 Bf5+ Re8 25 Bd7++ Mas Anderssen dá mate em 4. Como? ***** 21 Dd7+ Rd7 22 Bf5+ Re8 E se 22 ... Rc6 ? ***** 23 Bd7++ 23 Bd7 qualquer lance negro 24 Be7++ (1-0) Página 12
  • 59. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Diagrama: a2, b2, c3, d4, f2, g2, Ta1, Cb1, Bc1, Ce5, Tf1, Rg1, Dg4 x a7, b7, c7, c6, f7, g3, g7, Ta8, Bc5, Dd8, Ce4, Re8, Th8 Mayet x Anderssen Chegou-se a esta posição após o lance 11 de Mayet. Anderssen havia sacrificado uma peça, mas conseguiu um ataque decisivo. Em busca de combinações, Anderssen jogou: 11 ... Bd4 Mayet, contestou com o equivocado: 12 De4 E Anderssen venceu. Como? PLANO ***** Mayet desviou a ação da Dama da casa f2, onde começa o ataque de Anderssen. Dominando-se a 1ª horizontal, após desviar a Torre dela, consegue-se uma posição de mate. PROCEDIMENTO ***** 12 ... Bf2+ (0-1) Se 13 Tf2 Dd1+ 14 Tf1 Th1+ 15 Rh1 Df1++. O livro de Gottschall sobre Anderssen, diz: “As Brancas não se defenderam bem; o correto era 12 cd4 Dd4 13 Dd7+ Dd7 14 Cd7, etc. Mas é estranho, que tanto Anderssen quanto o crítico (Gottschall) deixaram passar a variante 11 ... gf2+ 12 Tf2 Th1+ (0-1). Diagrama: a2, b2, f3, g2, h2, Bb5, Dc2, Td1, Te1, Be3, Rh1 x a7, b7, c7, f7, g7, h7, Bb6, Rc8, Td8, De5, Cg8, Th8 Anderssen x Hillel A partida seguiu com: 16 Bg5 A respeito deste lance, o livro de Gottschall sobre Anderssen acrescenta um ponto de exclamação e diz: “Agora, as Negras estão perdidas!”. 16 ... Dg5 17 Df5+ Df5 18 Td8+ Rd8 19 Te8++ (1-0) Esta “brilhante” combinação deu a volta ao mundo inteiro e ninguém se perguntou porque este sacrifício de uma Dama, quando se consegue o mesmo resultado de uma maneira mais rápida. Descubra como. PLANO ***** Mate de Bispo e Torre PROCEDIMENTO ***** 16 Td8+ Rd8 17 Bg5+ (1-0) Com o decorrer dos anos, e conforme a evolução, Anderssen também chegou a ser jogador de posição. Ainda veremos outra partida sua, que começa com jogo de posição, mas no final volta a vencer pela força do talento combinativo de Anderssen, o que dá uma característica particular à partida. A SEGUIR: 1.4. Partida nº 3 Defesa Philidor Anderssen x L. Paulsen Página 13
  • 60. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ EXERCÍCIOS Diagrama 4.1 a4, b2, c2, d4, g2, h4, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd5, Rf2, Th2 x a7, f4, f7, g4, h7, Da6, Be5, Te8, Bf5, Cg3, Rg7 Rosanes x Anderssen 1 ... ? Mate em 4 PLANO ***** Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama. PROCEDIMENTO ***** 1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1) Analise 1 ... Te7 ***** Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc. Página 14
  • 61. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ Diagrama 4.2 a2, b2, d5, e4, g6, Rc1, Cc3, Df2, Tg1, Th1, Bh3 x a6, c4, c5, d6, e5, Tb7, Dc7, Bd7, Bf6, Tf8, Rg8 Pachman x Pilnik Mar del Plata, 1959 1 ? (1-0) PLANO ***** Exploração da posição frágil do Rei inimigo por meio do Peão avançado e Torres nas colunas abertas. PROCEDIMENTO ***** 1 g7! Um lance de sacrifício. Analise as duas alternativas de Pilnik: 1 ... Bg7 e 1 ... Bg5+. a) 1 ... Bg7 PLANO ***** Contra 1 ... Bh7, Pachman dá um mate rápido, mediante novo sacrifício. PROCEDIMENTO ***** 2 Tg7+ Rg7 3 Tg1+ (1-0) O lance com o qual Pilnik continuou na partida foi: b) 1 ... Bg5 PLANO ***** O mesmo anterior, com ameaça da promoção do Peão. PROCEDIMENTO ***** 2 Tg5 Tf2 3 Be6+ (1-0) Pilnik abandonou a partida. Por que? Não poderia jogar Be6 ? ***** Não, pois contra 3 ... Be6 segue 4 Th8+ Rf7 5 g8=D+, etc. Página 15
  • 62. XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico _____________________________________________________________________________________________________ BIBLIOGRAFIA • LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha Págs. 17-18 e 72-80 • MANUAL DE XADREZ Idel Becker, Editora Nobel, São Paulo - Brasil Págs. 56-65 • XADREZ BÁSICO Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil Págs. 202-203 • LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO Ricardo Reti, Club de Ajedrez Págs. 16-18 • TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca, Barcelona - Espanha Págs. 17-18 Página 16
  • 63. Onde os Reis se encontram academiadexadrez@bol.com.br www.geocities.com/academiadexadrez TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO Apostila 5 Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza _____________________________________________________________________________________________________ Página 1