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FAI- FACULDADES ADAMANTINENSES INTEGRADAS
SHIGELLA
O género Shigella foi descoberto como sendo o responsável pela disenteria bacilar pelo
microbiólogo japonês Kiyoshi Shiga em 1898.
A Shigella é um bacilo Gram negativo, imóvel e não encapsulado, pertencente à família
Enterobacteriaceae. Atualmente, são reconhecidas quatro espécies de Shigella, divididas em quatro
grupos com base na similaridade sorológica e nas propriedades antigênicas e bioquímicas: Grupo A
(S. dysenteriae), Grupo B (S. flexneri), Grupo C (S. boydii) e Grupo D (S. sonnei). Entre esses
grupos são conhecidos mais de 40 sorotipos, cada um designado pelo nome da espécie seguido de
um número. A Shigella flexneri 2 é o sorotipo mais encontrado nos pacientes de paises
subdesenvolvidos; já a Shigella dysenteriae 1 é conhecida como o Bacilo de Shiga e produz a forma
mais grave de diarréia, que pode evoluir para sepse e coagulação intravascular disseminada.
Dos poucos trabalhos que se têm realizado, são aceites as seguintes condições para o seu
crescimento e a sua sobrevivência:
Temperatura:
As shigelas conseguem crescer em ambientes com temperaturas entre 10 e 45°C e têm uma
temperatura óptima de crescimento de 37°C.
As shigelas não se multiplicam à temperatura de refrigeração mas sobrevivem durante a refrigeração
e a congelação. As shigelas são destruídas por pasteurização.
PH:
As shigelas conseguem crescer em ambientes com valores de pH entre 5 e 8 mas sobrevivem por
períodos de tempo curtos em alimentos com pH inferior a 4,5.
Actividade de água (aw):
Vários estudos têm demonstrado que as shigelas sobrevivem por longos períodos em alimentos com
baixa actividade da água, como a farinha.
Relação com o oxigênio
As shigelas são anaeróbias facultativas.
A infecção por Shigella é uma doença universal que ocorre principalmente no verão, especialmente
em crianças de seis meses a cinco anos de idade. A transmissão ocorre por via fecal-oral - a ingestão
de volumes tão pequenos com apenas 200 bactérias viáveis pode produzir a doença. Grandes
aglomerações de pessoas, baixos padrões de higiene pessoal e infra-estrutura inadequada de água e
esgoto contribuem para aumentar o risco de infecção e surtos epidêmicos.
A shigelose é uma infecção bacteriana aguda do trato gastrintestinal, usualmente limitada a alguns
dias, caracterizada por diarréia com muco, pus e sangue, associada a dor abdominal, tenesmo e
febre.
O ambiente natural da Shigella é o cólon humano. Durante a doença e por um período de até seis
semanas após a recuperação, os microrganismos podem ser excretados pelas fezes. O tratamento
correto diminui o tempo de eliminação das bactérias. Alguns indivíduos, dependendo do inoculo e
do seu sistema imune, podem se tornar portadores e eliminadores prolongados da bactéria.
As Shigella são relativamente resistentes ao ácido e, por isso, atravessam a barreira gástrica e
cruzam o intestino delgado com maior facilidade que outras bactérias. Após um período de
incubação de aproximadamente 24 a 72 horas, elas atingem o intestino grosso e penetram nas
células epiteliais multiplicando-se em seu interior, provocando uma resposta inflamatória na
mucosa. As células epiteliais são então lisadas, resultando em ulcerações superficiais com liberação
das Shigella nas fezes. A mucosa torna-se friável e apresenta uma camada de polimorfonucleares na
sua superfície. A princípio, a inflamação restringe-se ao cólon sigmóide e reto, mas pode acometer o
cólon proximal com o evoluir da doença. A diarréia decorre da dificuldade em absorver a água e os
eletrólitos que passam pelo cólon inflamado.
Epidemiologia
Apesar da maioria dos casos de shigelose ser disseminada através da transmissão pessoa a pessoa, já
foram relatados muitos surtos de infecção ocasionados pela ingestão de alimentos ou água
contaminados. Esta contaminação, no entanto, é sempre em virtude da presença de fezes humanas
provenientes, geralmente, das mãos de um indivíduo assintomático ou com a doença em forma
branda, não diagnosticada.
No Brasil as shigelas são os principais agentes de enterocolite, sendo S.flexneri e S. sonnei isolados
mais freqüentemente.
A shigelose está sempre associada à higiene pessoal e condições sanitárias deficientes. As
instituições para doentes mentais, comunidades urbanas de baixas condições sócio-econômicas e
creches infantis são considerados locais de alto risco.
A shigelose pode evoluir como uma infecção assintomática, como uma diarréia leve ou como uma
disenteria grave acompanhada de febre, toxemia e convulsões febris. A S. sonnei associa-se a
quadros clínicos mais leves, enquanto que a S. flexneri e a S. dysenteriae estão relacionadas com
quadros mais graves.
Mecanismo de patogenicidade
As células de Shigela spp, além de aderir às células epiteliais da mucosa do intestino grosso, mais
especificamente, do íleo terminal; e cólon, atuam invadindo e multiplicando-se no interior dessas
células, destruindo-as durante o processo. Shigella dysenteriae produz uma toxina: a toxina de
Shiga, que apresenta várias atividades tóxicas, embora esta toxina possa contribuir, de alguma
forma, para danificar a mucosa intestinal, seu principal papel parece estar relacionado a síndrome de
uremia hemolítica (HUS) decorrente da complicação da shigelose. Nesta síndrome ocorre a falência
renal que algumas vezes se desenvolve em crianças, poucos dias após um ataque de desinteria,
podendo ser fatal.
Classicamente a doença se inicia após 24 a 72 horas de contaminação, com um pródromo
inespecífico composto de febre, anorexia, calafrios, mialgias, náuseas e ate vômitos.
Concomitantemente - ou após alguns dias -, instala-se um quadro de diarréia inespecífica composta
por fezes pastosas, cólicas abdominais e diarréia aquosa. Esse quadro habitualmente precede a
instalação da disenteria, que se caracteriza por eliminação freqüente de sangue e muco nas fezes
conseqüente à lesão da mucosa colônica. As evacuações podem atingir uma freqüência de 20-40
episódios por dia, com dor retal intensa e tenesmo incontrolável, muitas vezes levando ao prolapso
retal durante o esforço. Nessa fase também há dor à palpação abdominal, principalmente na projeção
do cólon sigmóide (fossa ilíaca esquerda). Após uma ou duas semanas de tratamento, a doença tende
a ceder espontaneamente na maioria dos pacientes.
A shigelose crônica, decorrente de tratamento inadequado, é rara mas pode ocorrer. Nela, o paciente
apresenta surtos de diarréia, dispepsia, fraqueza e quadros de disenteria ocasionais. Os pacientes que
possuem o antígeno de histocompatibilidade HLA B27 podem desenvolver Síndrome de Reiter
(artrite, uretrite e conjuntivite) após exposição à Shigella.
Alimentos Relacionados:
A contaminação de alimentos pelo género Shigella está relacionada com a falta de higiene durante a
sua manipulação, sendo as saladas (batata, atum, camarão, e aves), os vegetais crus, o leite e
derivados e as aves os alimentos referidos com maior frequência. A contaminação destes alimentos
ocorre principalmente através da via fecal-oral.
Como a Shigella é transmitida?
Para causar infecção, os germes precisam ser ingeridos. Geralmente eles são transmitidos quando as
pessoas não lavam as mãos com água e sabão após ir ao banheiro ou trocar fraldas. Quem tem os
germes nas mãos pode se infectar ao comer, fumar ou levar a mão à boca. Pode também passar os
germes para qualquer pessoa ou objeto que tocar, até mesmo para alimentos que, se não forem bem
cozidos, poderão transmitir a doença. Em raros casos, os germes Shigella também podem ser
transmitidos em lagos e em piscinas com quantidade insuficiente de cloro. Quando alguém com
diarréia banha-se ou nada na piscina ou no lago, os germes podem sobreviver na água e infectar
outras pessoas que engolirem esta água ou apenas molharem os lábios com a água.
Principais fontes de contaminação
Na maioria dos surtos de shigelose conhecidos, a principal fonte do microrganismo foi o
manipulador. As águas contaminadas com fezes humanas e as moscas, em zonas em que os esgotos
não são convenientemente protegidos, têm também sido referidas.
Tratamento
O principal objetivo do tratamento da shigelose é manter o equilíbrio hidroeletrolítico do paciente. A
hidratação oral é o método de escolha e deve ser instituído o quanto antes. A via parenteral só deve
ser utilizada em caso de vômitos intensos e desidratação grave, quando a hidratação oral não foi
efetiva.
Outro ponto importante na terapêutica é o aporte calórico. A dieta não deve ser suspensa - muito
menos o leite materno. Em casos de vômitos intensos, a dieta pode ser momentaneamente
interrompida e reintroduzida tão logo o paciente tolere. Inibidores da motilidade intestinal (p.ex.:
loperamida, difenoxilato e elixir paregórico) estão contra-indicados: a inibição da motilidade
intestinal aumenta o tempo disponível para proliferação do agente infeccioso.
Dados clínicos mostram que o tratamento antimicrobiano da Shiguelose diminui a duração da febre
e da diarréia em 50%, sendo que a excreção de bacilos diminui numa percentagem ainda maior, fato
de vital importância epidemiológica. Por outro lado, vários trabalhos vêm relatando a crescente
resistência da Shigella aos antimicrobianos mais utilizados, o que implica a necessidade imperiosa
de coprocultura e antibiograma para guiar a terapia. Quando não se conhece o padrão de
sensibilidade, a medicação de escolha e o Sulfametoxazol- Trimetoprim.
Norfloxacina ou ciprofloxacina podem ser utilizadas em adultos portadores de shigelose e
provenientes de áreas com elevada resistência a trimetoprima, ou naqueles que se considera
conveniente o tratamento empírico contra o Campylobacter. Em crianças, as quinolonas estão
contra-indicadas pelo comprometimento das cartilagens de crescimento. Ceftriaxona e outras
cefalosporinas de terceira geração administradas por via parenteral podem ser opção em casos de
vômitos intensos.
Indivíduos excretores de Shigella devem ser afastados do manuseio de alimentos até a obtenção de
culturas negativas a partir de três amostras sucessivas de fezes colhidas após o termino da
antibioticoterapia. A medida de controle mais importante consiste na higiene pessoal (lavagem de
mãos com sabão) daqueles que manuseiam alimentos ou trocam fraldas.
Medidas de controle
As medidas de controle e prevenção de shigelose de origem alimentar estão relacionadas com a boa
higiene pessoal e educação dos manipuladores de alimento. A contaminação de alimentos ou água
com Shigella spp indica contaminação recente com fezes humanas, devido a fragilidade desses
microorganismos. A higiene pessoal, em particular a lavagem de mãos efectuada de forma
adequada, é a principal estratégia de prevenção de shigelose. É de salientar a importância da
educação das crianças para que adquiram práticas e hábitos de higiene correctos.
Dicas para evitar a shigelose?
As duas coisas mais importantes a lembrar são que a Shigella só pode causar doença se você ingeri-
la e que sabão mata o germe. Siga as dicas a seguir; se você fizer delas um hábito, poderá evitar a
shigelose– bem como outras doenças.
• Lave sempre muito bem as mãos com água e sabão antes de comer ou tocar nos alimentos e depois
de ir ao banheiro ou trocar fraldas.
• Se estiver cuidando de alguém com diarréia, esfregue as mãos com bastante água e sabão depois de
limpar o banheiro, ajudar a pessoa a usar o banheiro ou após trocar fraldas, roupas ou lençóis sujos.
• Não compartilhe alimentos, bebidas, talheres nem canudinhos.
• Caso seu filho freqüente uma creche (day care) e esteja com diarréia, avise os funcionários da
creche para que possam tomar todos os cuidados necessários para que os germes não sejam
transmitidos a outras crianças.
• Não deixe ninguém com diarréia usar uma piscina ou nadar num lago enquanto estiver doente. Seja
extremamente cuidadoso com crianças pequenas, mesmo que elas usem fraldas.
Shigella dysenteriae Shigella boydii
Shigella sonnei Shigella flexneri
Referências Bibliográficas:
(1) Microbiologia dos Alimentos – Bernadete D. Gombossy de Melo Franco; Mariza Landgraf.
Editora ATHENEU
(2) http://www.espacorealmedico.com.br
(3) http://www.mass.gov/dph/cdc/factsheets/portuguese/shigella_pt.pdf
(4) www.agenciaalimentar.pt

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  • 1. FAI- FACULDADES ADAMANTINENSES INTEGRADAS SHIGELLA O género Shigella foi descoberto como sendo o responsável pela disenteria bacilar pelo microbiólogo japonês Kiyoshi Shiga em 1898. A Shigella é um bacilo Gram negativo, imóvel e não encapsulado, pertencente à família Enterobacteriaceae. Atualmente, são reconhecidas quatro espécies de Shigella, divididas em quatro grupos com base na similaridade sorológica e nas propriedades antigênicas e bioquímicas: Grupo A (S. dysenteriae), Grupo B (S. flexneri), Grupo C (S. boydii) e Grupo D (S. sonnei). Entre esses grupos são conhecidos mais de 40 sorotipos, cada um designado pelo nome da espécie seguido de um número. A Shigella flexneri 2 é o sorotipo mais encontrado nos pacientes de paises subdesenvolvidos; já a Shigella dysenteriae 1 é conhecida como o Bacilo de Shiga e produz a forma mais grave de diarréia, que pode evoluir para sepse e coagulação intravascular disseminada. Dos poucos trabalhos que se têm realizado, são aceites as seguintes condições para o seu crescimento e a sua sobrevivência: Temperatura: As shigelas conseguem crescer em ambientes com temperaturas entre 10 e 45°C e têm uma temperatura óptima de crescimento de 37°C. As shigelas não se multiplicam à temperatura de refrigeração mas sobrevivem durante a refrigeração e a congelação. As shigelas são destruídas por pasteurização. PH: As shigelas conseguem crescer em ambientes com valores de pH entre 5 e 8 mas sobrevivem por períodos de tempo curtos em alimentos com pH inferior a 4,5. Actividade de água (aw): Vários estudos têm demonstrado que as shigelas sobrevivem por longos períodos em alimentos com baixa actividade da água, como a farinha. Relação com o oxigênio As shigelas são anaeróbias facultativas. A infecção por Shigella é uma doença universal que ocorre principalmente no verão, especialmente em crianças de seis meses a cinco anos de idade. A transmissão ocorre por via fecal-oral - a ingestão de volumes tão pequenos com apenas 200 bactérias viáveis pode produzir a doença. Grandes aglomerações de pessoas, baixos padrões de higiene pessoal e infra-estrutura inadequada de água e esgoto contribuem para aumentar o risco de infecção e surtos epidêmicos. A shigelose é uma infecção bacteriana aguda do trato gastrintestinal, usualmente limitada a alguns dias, caracterizada por diarréia com muco, pus e sangue, associada a dor abdominal, tenesmo e febre. O ambiente natural da Shigella é o cólon humano. Durante a doença e por um período de até seis semanas após a recuperação, os microrganismos podem ser excretados pelas fezes. O tratamento correto diminui o tempo de eliminação das bactérias. Alguns indivíduos, dependendo do inoculo e do seu sistema imune, podem se tornar portadores e eliminadores prolongados da bactéria. As Shigella são relativamente resistentes ao ácido e, por isso, atravessam a barreira gástrica e cruzam o intestino delgado com maior facilidade que outras bactérias. Após um período de incubação de aproximadamente 24 a 72 horas, elas atingem o intestino grosso e penetram nas células epiteliais multiplicando-se em seu interior, provocando uma resposta inflamatória na
  • 2. mucosa. As células epiteliais são então lisadas, resultando em ulcerações superficiais com liberação das Shigella nas fezes. A mucosa torna-se friável e apresenta uma camada de polimorfonucleares na sua superfície. A princípio, a inflamação restringe-se ao cólon sigmóide e reto, mas pode acometer o cólon proximal com o evoluir da doença. A diarréia decorre da dificuldade em absorver a água e os eletrólitos que passam pelo cólon inflamado. Epidemiologia Apesar da maioria dos casos de shigelose ser disseminada através da transmissão pessoa a pessoa, já foram relatados muitos surtos de infecção ocasionados pela ingestão de alimentos ou água contaminados. Esta contaminação, no entanto, é sempre em virtude da presença de fezes humanas provenientes, geralmente, das mãos de um indivíduo assintomático ou com a doença em forma branda, não diagnosticada. No Brasil as shigelas são os principais agentes de enterocolite, sendo S.flexneri e S. sonnei isolados mais freqüentemente. A shigelose está sempre associada à higiene pessoal e condições sanitárias deficientes. As instituições para doentes mentais, comunidades urbanas de baixas condições sócio-econômicas e creches infantis são considerados locais de alto risco. A shigelose pode evoluir como uma infecção assintomática, como uma diarréia leve ou como uma disenteria grave acompanhada de febre, toxemia e convulsões febris. A S. sonnei associa-se a quadros clínicos mais leves, enquanto que a S. flexneri e a S. dysenteriae estão relacionadas com quadros mais graves. Mecanismo de patogenicidade As células de Shigela spp, além de aderir às células epiteliais da mucosa do intestino grosso, mais especificamente, do íleo terminal; e cólon, atuam invadindo e multiplicando-se no interior dessas células, destruindo-as durante o processo. Shigella dysenteriae produz uma toxina: a toxina de Shiga, que apresenta várias atividades tóxicas, embora esta toxina possa contribuir, de alguma forma, para danificar a mucosa intestinal, seu principal papel parece estar relacionado a síndrome de uremia hemolítica (HUS) decorrente da complicação da shigelose. Nesta síndrome ocorre a falência renal que algumas vezes se desenvolve em crianças, poucos dias após um ataque de desinteria, podendo ser fatal. Classicamente a doença se inicia após 24 a 72 horas de contaminação, com um pródromo inespecífico composto de febre, anorexia, calafrios, mialgias, náuseas e ate vômitos. Concomitantemente - ou após alguns dias -, instala-se um quadro de diarréia inespecífica composta por fezes pastosas, cólicas abdominais e diarréia aquosa. Esse quadro habitualmente precede a instalação da disenteria, que se caracteriza por eliminação freqüente de sangue e muco nas fezes conseqüente à lesão da mucosa colônica. As evacuações podem atingir uma freqüência de 20-40 episódios por dia, com dor retal intensa e tenesmo incontrolável, muitas vezes levando ao prolapso retal durante o esforço. Nessa fase também há dor à palpação abdominal, principalmente na projeção do cólon sigmóide (fossa ilíaca esquerda). Após uma ou duas semanas de tratamento, a doença tende a ceder espontaneamente na maioria dos pacientes. A shigelose crônica, decorrente de tratamento inadequado, é rara mas pode ocorrer. Nela, o paciente apresenta surtos de diarréia, dispepsia, fraqueza e quadros de disenteria ocasionais. Os pacientes que possuem o antígeno de histocompatibilidade HLA B27 podem desenvolver Síndrome de Reiter (artrite, uretrite e conjuntivite) após exposição à Shigella.
  • 3. Alimentos Relacionados: A contaminação de alimentos pelo género Shigella está relacionada com a falta de higiene durante a sua manipulação, sendo as saladas (batata, atum, camarão, e aves), os vegetais crus, o leite e derivados e as aves os alimentos referidos com maior frequência. A contaminação destes alimentos ocorre principalmente através da via fecal-oral. Como a Shigella é transmitida? Para causar infecção, os germes precisam ser ingeridos. Geralmente eles são transmitidos quando as pessoas não lavam as mãos com água e sabão após ir ao banheiro ou trocar fraldas. Quem tem os germes nas mãos pode se infectar ao comer, fumar ou levar a mão à boca. Pode também passar os germes para qualquer pessoa ou objeto que tocar, até mesmo para alimentos que, se não forem bem cozidos, poderão transmitir a doença. Em raros casos, os germes Shigella também podem ser transmitidos em lagos e em piscinas com quantidade insuficiente de cloro. Quando alguém com diarréia banha-se ou nada na piscina ou no lago, os germes podem sobreviver na água e infectar outras pessoas que engolirem esta água ou apenas molharem os lábios com a água. Principais fontes de contaminação Na maioria dos surtos de shigelose conhecidos, a principal fonte do microrganismo foi o manipulador. As águas contaminadas com fezes humanas e as moscas, em zonas em que os esgotos não são convenientemente protegidos, têm também sido referidas. Tratamento O principal objetivo do tratamento da shigelose é manter o equilíbrio hidroeletrolítico do paciente. A hidratação oral é o método de escolha e deve ser instituído o quanto antes. A via parenteral só deve ser utilizada em caso de vômitos intensos e desidratação grave, quando a hidratação oral não foi efetiva. Outro ponto importante na terapêutica é o aporte calórico. A dieta não deve ser suspensa - muito menos o leite materno. Em casos de vômitos intensos, a dieta pode ser momentaneamente interrompida e reintroduzida tão logo o paciente tolere. Inibidores da motilidade intestinal (p.ex.: loperamida, difenoxilato e elixir paregórico) estão contra-indicados: a inibição da motilidade intestinal aumenta o tempo disponível para proliferação do agente infeccioso. Dados clínicos mostram que o tratamento antimicrobiano da Shiguelose diminui a duração da febre e da diarréia em 50%, sendo que a excreção de bacilos diminui numa percentagem ainda maior, fato de vital importância epidemiológica. Por outro lado, vários trabalhos vêm relatando a crescente resistência da Shigella aos antimicrobianos mais utilizados, o que implica a necessidade imperiosa de coprocultura e antibiograma para guiar a terapia. Quando não se conhece o padrão de sensibilidade, a medicação de escolha e o Sulfametoxazol- Trimetoprim. Norfloxacina ou ciprofloxacina podem ser utilizadas em adultos portadores de shigelose e provenientes de áreas com elevada resistência a trimetoprima, ou naqueles que se considera conveniente o tratamento empírico contra o Campylobacter. Em crianças, as quinolonas estão contra-indicadas pelo comprometimento das cartilagens de crescimento. Ceftriaxona e outras cefalosporinas de terceira geração administradas por via parenteral podem ser opção em casos de vômitos intensos. Indivíduos excretores de Shigella devem ser afastados do manuseio de alimentos até a obtenção de
  • 4. culturas negativas a partir de três amostras sucessivas de fezes colhidas após o termino da antibioticoterapia. A medida de controle mais importante consiste na higiene pessoal (lavagem de mãos com sabão) daqueles que manuseiam alimentos ou trocam fraldas. Medidas de controle As medidas de controle e prevenção de shigelose de origem alimentar estão relacionadas com a boa higiene pessoal e educação dos manipuladores de alimento. A contaminação de alimentos ou água com Shigella spp indica contaminação recente com fezes humanas, devido a fragilidade desses microorganismos. A higiene pessoal, em particular a lavagem de mãos efectuada de forma adequada, é a principal estratégia de prevenção de shigelose. É de salientar a importância da educação das crianças para que adquiram práticas e hábitos de higiene correctos. Dicas para evitar a shigelose? As duas coisas mais importantes a lembrar são que a Shigella só pode causar doença se você ingeri- la e que sabão mata o germe. Siga as dicas a seguir; se você fizer delas um hábito, poderá evitar a shigelose– bem como outras doenças. • Lave sempre muito bem as mãos com água e sabão antes de comer ou tocar nos alimentos e depois de ir ao banheiro ou trocar fraldas. • Se estiver cuidando de alguém com diarréia, esfregue as mãos com bastante água e sabão depois de limpar o banheiro, ajudar a pessoa a usar o banheiro ou após trocar fraldas, roupas ou lençóis sujos. • Não compartilhe alimentos, bebidas, talheres nem canudinhos. • Caso seu filho freqüente uma creche (day care) e esteja com diarréia, avise os funcionários da creche para que possam tomar todos os cuidados necessários para que os germes não sejam transmitidos a outras crianças. • Não deixe ninguém com diarréia usar uma piscina ou nadar num lago enquanto estiver doente. Seja extremamente cuidadoso com crianças pequenas, mesmo que elas usem fraldas.
  • 5. Shigella dysenteriae Shigella boydii Shigella sonnei Shigella flexneri
  • 6. Referências Bibliográficas: (1) Microbiologia dos Alimentos – Bernadete D. Gombossy de Melo Franco; Mariza Landgraf. Editora ATHENEU (2) http://www.espacorealmedico.com.br (3) http://www.mass.gov/dph/cdc/factsheets/portuguese/shigella_pt.pdf (4) www.agenciaalimentar.pt