Este documento resume a primeira fase do Modernismo no Brasil entre 1922-1930, quando os modernistas buscavam difundir novas ideias de forma agressiva e irônica em relação à literatura tradicional. Detalha a Semana de Arte Moderna de 1922 que iniciou o movimento modernista no país. Apresenta também os principais autores modernistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira e trechos representativos de suas obras.
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Primeira Fase do Modernismo
1.
2. Primeira fase do Modernismo
(1922 – 1930)
Período de agitação, com a primeira geração
modernista preocupada em difundir novas
ideias, não recuando diante das polêmicas e
exibindo em muitas obras um tom agressivo e
irônico com relação à literatura tradicionalista.
3. A primeira semana do novo
Brasil
A Semana de Arte Moderna durou três dias
e reuniu poetas, escultores, pintores,
músicos e intelectuais ligados à "Nova Arte".
Iniciou-se calma, com a palestra "A estética
na arte moderna", exposta por Graça
Aranha, um dos padrinhos do evento.
4. A confusão durou dois dias depois, na
palestra de Menotti Del Picchia ("Queremos
luz, ar, ventiladores, aeroplanos,
reivindicações obreiras, idealismos, motores,
chaminés de fábricas, sangue, velocidade e
sonho na nossa arte", disse ele). A
conferência abriu claramente a caça ao
"passadismo", a plateia se conteve e não
vaiou. Minutos depois houve uma vaia
estrondosa.
5. Os modernistas não foram vítimas
inocentes, as vaias faziam parte do
espetáculo, alguns estudiosos acham
que os modernistas contrataram gente
para uivar contra eles. A vaia era o mais
caro sinal de reconhecimento.
6. O Manifesto
Antropofágico
Um fato importante pela polêmica que
provocou foi a exposição de pintura
moderna feita por Anita Malfatti nos
meses de dezembro de 1917 e janeiro
de 1918, em São Paulo. A pintura teve
importância fundamental não apenas no
advento da Semana de Arte Moderna
como também na eclosão de todo o
movimento modernista que veio a
seguir.
7. Voltando de uma viagem à Europa e aos
Estados Unidos, onde entrara em contato
com a arte moderna, Anita Malfatti,
incentivada por alguns amigos, resolveu
expor suas últimas obras. No acanhado meio
artístico paulistano, a exposição provocou
comentários variados, tanto a favor como
contra. Entretanto o que realmente
desencadeou a polêmica em torno não só da
pintora mas principalmente da questão da
validade da nova arte, foi um artigo escrito
por Monteiro Lobato, que ficou conhecido por
"Paranoia ou mistificação?"
8. Essa crítica precipitada de Monteiro
Lobato provocou ressentimentos em
Anita Malfatti e, ao mesmo tempo,
despertou uma atitude de simpatia de
um grupo de artistas jovens com relação
a ela, resultando manifestações de
repúdio às concepções tradicionalistas
de arte.
9. Abaporu, o antropófago, obra de
Tarsila do Amaral - amiga de Anita
Malfatti e apoiava o movimento
modernista.
10. O Homem amarelo, de Anita
Malfatti, obra considerada feia
e de mal gosto pelos
tradicionalistas.
11. Principais autores e
obras:
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Manuel Bandeira
Antônio de Alcântara Machado
12. Mário de Andrade
Foi um pesquisador que se interessou pelas
mais variadas manifestações artísticas.
Professor de piano, estudou e escreveu
sobre folclore, música, pintura e literatura,
sendo um dos mais dinâmicos batalhadores
pela renovação da arte brasileira. De toda
sua obra destacam-se:
13. Poesia: - Há uma gota de sangue em cada
poema, Paulicéia desvairada, Losango
cáqui, Clã do jabuti, Remate de males;
Prosa: - Primeiro andar; Amar, verbo
intransitivo; Macunaíma; Belazarte; Contos
Novos; A escrava que não é Isaura;
Aspectos da literatura brasileira; O
empalhador de passarinho.
14. Oswald de Andrade
A poesia de Oswald de Andrade é um exemplo
de renovação na linguagem literária. Fugindo
aos modelos literários da época, ele construiu
uma poesia original, com muito humor e ironia,
numa linguagem coloquial que surpreende pela
maestria com que o autor soube utilizar as
potencialidades da língua portuguesa. A poesia
de Oswald de Andrade repudia o purismo, a
linguagem quotidiana está incorporada às suas
poesias, não gostava de obedecer e copiar os
padrões tradicionalistas.
15. Poesia: Pau-Brasil; Primeiro caderno do
aluno de poesia de Oswald de Andrade;
Poesias reunidas.
Prosa: Memórias sentimentais de João
Miramar; Serafim do exílio; Estrela de
absinto; Marco Zero I - A revolução
melancólica; Marco zero II – Chão.
Teatro: O homem e o cavalo; A morta; O rei
da vela.
17. Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.
- O verso livre, o tom de prosa, a simplicidade
da linguagem e a síntese, são os principais
elementos de modernidade deste poema
metalinguístico, poesia sobre a poesia .
18. Mas o bom negro e bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
19. Relicário
No baile da Corte
Foi o Conde d'Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí
- Este trecho do poema é representativo da
proposta Pau-Brasil de poesia de exportação.
Reconta momentos significativos da história do
Brasil de maneira irônica.
20. Manuel Bandeira
Sua linguagem coloquial e irônica atinge maior
grau em Libertinagem. A ânsia de libertação e
ausência dolorosa de figuras familiares estão
presentes em "Vou-me embora pra Pasárgada",
"Poema de Finados", "Evocação de Recife",
"Profundamente". Nas outra obras, apareceram
o desenvolvimento das linhas temáticas como
saudade da infância, a presença da morte, a
fugacidade da vida e do amor.
21. Poesia: A cinza das horas; Carnaval; Ritmo
dissoluto; Libertinagem; Estrela da manhã;
Lira dos cinquent'anos; Mafuá do malungo
etc.
Prosa: Crônicas da província do Brasil;
Itinerário de Pasárgada; Andorinha,
andorinha; Os reis vagabundos e mais 50
crônicas.
22. Poema: Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três -
- Trinta e três...trinta e três...trinta e três...
- Respire...
...............................................................
O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e
o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o
pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango
argentino.
23. Este é um poema que tematiza a
tuberculose, que assombrou toda a vida
de Manuel Bandeira, criando a
expectativa da morte. Os versos em
prosa intercalam causa e consequência:
Febre, hemoptise, dispneia e suores
noturnos, os sintomas concretos da
doença.
24. Antônio de Alcântara
Machado
Não participou da Semana de 22, mas foi
um dos mais ativos escritores do
movimento modernista tendo colaborado
nas revistas Terra Roxa, Outras Terras,
Revista de Antropofagia e Revista Nova.
Antônio de Alcântara Machado, ao se
interessar por essa vida quotidiana tão
ausente de nossa literatura, realizava uma
das aspirações do Modernismo, que era o
desejo de representar a nova realidade
social e urbana do começo do século XX.
25. Trecho do Conto:
O Monstro de Rodas
“ O caixãozinho cor-de-rosa com listras
prateadas (Dona Nunzia gritava) surgiu
diante dos olhos assanhados da
vizinhança reunida na calçada (a
molecada pulava) nas mãos da Aída, da
Josefina, da Margarida e da Linda”.