O documento descreve os principais movimentos de vanguarda artística europeus no início do século XX, incluindo o Futurismo, Cubismo, Expressionismo, e Dadaísmo. Estes movimentos surgiram após a Primeira Guerra Mundial e rejeitavam as convenções artísticas tradicionais, enfatizando temas como a velocidade, a máquina, a subjetividade e o acaso.
2. Vanguardas Européias
• Vanguardas européias
• É o conjunto de tendências que, numa determinada época, se opõem às
tendências vigentes, principalmente no campo das artes. Os textos seguintes
registram alguns dos princípios fundamentais dos movimentos de vanguarda
europeus do início do século XX. Cronologicamente, tais manifestações
artísticas surgiram em torno da 1º Guerra Mundial, compreendendo o
período que a antecedeu e o período que a sucedeu - quando então o
mundo já se preparava para a 2º Grande Guerra.
• Futurismo(1909)
• Cubismo(1913)
• Expressionismo(1910)
• Dadaísmo(1918)*
• Surrealismo(1924)
3. Principais características do
período:
1. Belle Époque;
2. Euforia burguesa pelo advento da Era da Máquina;
3. Culto ao progresso, à velocidade e aos confortos
proporcionados pela tecnologia;
4. Surgimento do cinematógrafo, do automóvel e das
máquinas voadoras.
4. Características gerais das
vanguardas:
• Fundação da modernidade: novas linguagens e temáticas;
• Enfocam a euforia e o pessimismo;
• Crítica às convenções burguesas;
• Irracionalismo;
• Negação do academicismo;
• Negação das formas fixas;
• Defesa da interdependência das linguagens artísticas.
5. Situação Histórica:
1. I Grande Guerra Mundial (1914-1918);
2. Ruína econômica dos países europeus;
3. Declínio dos valores e falência dos ideais;
4. Desilusão, desencanto, perplexidade;
5. Descrédito das antigas “certezas”
científicas e religiosas.
6. Contexto Intelectual:
1. Psicanálise (o inconsciente), de Sigmund Freud;
2. Intuicionismo (fonte do conhecimento), de Henry
Bergson;
3. “A morte de Deus” e a filosofia de Friedrich
Nietzsche ganham espaço;
4. A arte acompanha o colapso do mundo burguês e
reflete a tensão do momento.
7. Futurismo
• O futurismo é um movimento artístico e literário, que surgiu
oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação
do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti,
no jornal francês Le Figaro. Os adeptos do movimento
rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras
baseavam-se fortemente na velocidade e nos
desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. Os
primeiros futuristas europeus também exaltavam a guerra e a
violência.
• O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou
diversos artistas que depois fundaram outros movimentos
modernistas.
8. Futurismo
Parada amorosa, 1917.
Nesta tela, o cubista
Picabia faz nítida
homenagem à máquina,
realçando a tendência
futurista de “valorizar os
mecanismos que movem
o mundo”, em suas
próprias palavras.
10. Futurismo
Futurismo na literatura:
• A destruição da sintaxe e a disposição das “palavras em liberdade”;
• O emprego de verbos no infinitivo, com vistas à substantivação da
linguagem;
• A abolição dos adjetivos e dos advérbios;
• O emprego do substantivo duplo (burguês-burguês, burguês-níquel,
mulher-golfo) em lugar do substantivo acompanhado de adjetivo;
• A abolição da pontuação, que seria substituída por sinais da
matemática (+) , (-) , (=) , (<) , (>) e pelos sinais musicais;
• A destruição do eu , isto é, toda a psicologia;
• Onomatopéias e imagens que incorporam o som das engrenagens
da máquina;
• Percepção por analogia.
11. Ode triunfal
À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim
(...)
(Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa)
Futurismo
13. Manifesto futurista
• 1. Nós pretendemos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e a intrepidez.
• 2. Coragem, audácia, e revolta serão elementos essenciais da nossa poesia.
• ...
• 4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo foi enriquecida por uma nova beleza:
a beleza da velocidade. Um carro de corrida cuja capota é adornada com grandes
canos, como serpentes de respirações explosivas de um carro bravejante que parece
correr na metralha é mais bonito do que a Vitória da Samotrácia.
• 5. Nós queremos cantar hinos ao homem e à roda, que arremessa a lança de seu
espírito sobre a Terra, ao longo de sua órbita
• 6. O poeta deve esgotar a si mesmo com ardor, esplendor, e generosidade, para
expandir o fervor entusiástico dos elementos primordiais.
14. • 7. Exceto na luta, não há beleza. Nenhum trabalho sem um caráter agressivo pode ser
uma obra de arte. Poesia deve ser concebida como um ataque violento em forças
desconhecidas, para reduzir e serem prostradas perante o homem.
• ...
• 9. Nós glorificaremos a guerra — a única higiene militar, patriotismo, o gesto destrutivo
daqueles que trazem a liberdade, idéias pelas quais vale a pena morrer, e o escarnecer
da mulher.
• 10. Nós destruiremos os museus, bibliotecas, academias de todo tipo, lutaremos contra
o moralismo, feminismo, toda cobardice oportunista ou utilitária.
• ...
15. Vitória de Samotrácia
Estátua que representa a deusa Vitória,
pousando na proa de
um navio ( século II a.C.). Encontrada
na ilha de Samotrácia,
em 1863, foi feita para comemorar uma
vitória naval.
16. Expressionismo
• A arte não é imitação. É criação subjetiva, livre, é expressão
dos sentimentos;
• A realidade que circunda o artista é horrível e, por isso, ele a
deforma ou a elimina, criando a arte abstrata;
• A razão é objeto de descrédito; A arte é criada sem obstáculos
• convencionais, o que representa um repúdio à repressão
social;
• A vivência da dor deriva do sentido trágico da vida e causa uma
deformação torturada;
• A arte se desvincula do conceito de belo e feio e torna-se uma
forma de contestação.
19. A boba (1917), tela de
Anita Malfatti em que
sobressaem os
elementos dramático,
emocional e, enquanto
temática, marginal.
ExpressionismoExpressionismo
22. Expressionismo na literatura:
• Linguagem fragmentada, elíptica, constituída por
frases nominais (basicamente aglomeração de
substantivos e adjetivos), às vezes até sem sujeito;
• Despreocupação com a organização do texto em
estrofes, com o emprego de rimas ou de
musicalidade;
• Combate à fome, a inércia e aos valores do mundo
burguês.
ExpressionismoExpressionismo
23. Poema expressionista
O MEU TEMPO
Wilheim Klem
Cantos e metrópoles, levianas febris,
Terras descoradas, pólos sem glória,
Miséria, heróis e mulheres da escória,
Sobrolhos espectrais, tumulto em carris.
Soam ventoinhas em nuvens perdidas.
Os livros são bruxas. Povos desconexos.
A alma reduz-se a mínimos complexos.
A arte está morta. As horas reduzidas.
24. CUBISMO
• O ponto de partida do Cubismo foi a pintura de
Pablo Picasso. O quadro Les Demoiselles
d’Avignon, de 1907 propunha uma nova forma de
apreensão do real. Por meio de formas
geometrizadas, deformadas, Picasso procura
captar o objeto em simultaneidade, isto é, de vários
ângulos ao mesmo tempo.
28. Cubismo
Carnaval em Madureira,
Tarsila do Amaral. De
Albert Gleizes, Tarsila
recebeu a chave do
Cubismo, que cultivou
com amor e sob uma
ótica construtivista.
29. Cubismo
Mulher com flor (1932), de
Pablo Picasso, que assim se
manifestou em certa ocasião:
“Toda a gente quer
compreender a arte. Por que
não tentam compreender as
canções de um pássaro? [...]
Pessoas que querem explicar
telas normalmente ladram para
a árvore errada”.
30. Cubismo na literatura:
• Humor;
• Antiintelectualismo;
• Valorização dos cinco sentidos;
• Superposição de planos – frases breves e
rápidas – cinematográficas;
• Ilogismo – mais analógico que lógico.
Cubismo
31. Cubismo
• Na literatura podem ser apontados os seguintes elementos do estilo
cubista:
• a obra de arte não deve ser uma representação objetiva da natureza, mas
uma transformação dela, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva.
• a procura da verdade deve centralizar-se na realidade pensada, criada, e
não na realidade aparente.
• a ordem cronológica deve ser eliminada. As sensações e recordações vão e
vêm do presente ao passado, embaralhando o tempo.
• a valorização do humor, a fim de afugentar a monotonia da vida nas
modernas sociedades industrializadas.
• a supressão da lógica; preferência pelo pensamento-associação, que transita
entre o consciente e o subconsciente.
32. Cubismo
Era um homem bem vestido
Foi beber no botequim
Bebeu muito, bebeu tanto
Que
Poeminha cinético
saiu
de
lá
a
s
s
im.
(Millôr Fernandes)
33. O Capoeira
- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanha?
Pernas e cabeças na calçada
(Oswald de Andrade)
Cubismo
34. Cubismo
• A técnica dos cubistas é a da representação da
realidade por meio de estruturas geométricas,
desmontando os objetos para que, remontados
pelo espectador, deixassem transparecer uma
estrutura superior, essencial. Os cubistas afirmam
que as coisas nunca aparecem como elas são,
mas deformadas em todos os sentidos
36. DADAÍSMO
• Surgido em Zurique, na Suíça, com o primeiro manifesto do romeno Tristan Tzara, lido
em 1916, o Dadaísmo foi a mais radical das correntes de vanguarda.
• Para os dadaístas, a guerra evidenciava a crise de uma civilização cujos valores
morais e espirituais já não tinham mais razão de serem preservados. Por isso,
afirmavam o desejo de independência, de desconfiança para com a sociedade em
geral: “Não reconhecemos nenhuma teoria. Basta de academias cubistas e futuristas:
laboratórios de idéias formais”.
• Numa prova dessa liberdade total, o próprio Tristan Tzara explica como surgiu o
nome do movimento:
• “Encontrei o nome por casualidade, inserindo uma espátula num tomo fechado do
Petit Larousse e lendo imediatamente, ao abri-lo, a primeira linha que me chamou a
atenção: Dada.
• Meu propósito foi criar apenas uma palavra expressiva que através de sua magia
fechasse todas as portas à compreensão e não fosse apenas mais um –ISMO”.
37. Dadaísmo
• Faziam parte das propostas dadaístas:
• a denúncia das fraquezas por que a Europa passava.
• a recusa dos valores racionalistas da burguesia.
• a desmistificação da arte: “a arte não é coisa séria”.
• a negação da lógica, da linguagem, da arte e da ciência.
• a abolição da memória, da arqueologia, dos profetas e do
futuro
38. Dadaísmo
– Certos de que a arte não precisa ser
compreensível, os dadaístas inventaram a
técnica dos ready made, que consiste em retirar
um objeto do uso corrente de seu ambiente
normal, para criar máquinas impossíveis de
utilização. Marcel Duchamp, um dos mais
geniais criadores do ready made, expôs, entre
outras coisas, uma roda de bicicleta cravada
num banco e um urinol. Pintou também, certa
vez, uma Mona Lisa decorada com bigodes.
42. Dadaísmo na Literatura:
• Agressividade, improvisação, desordem;
• Rejeição a qualquer tipo de racionalização e
equilíbrio;
• Livre associação de palavras – o acaso substitui a
inspiração, a brincadeira substitui a seriedade;
• Invenção de palavras com base na exploração da
sonoridade.
Dadaísmo
43. Dadaísmo
No último manifesto do movimento (ao todo foram sete), Tzara dá uma
receita para fazer um poema dadaísta:
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e
meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda
que incompreendido do público.
(Tristan Tzara)
46. CARACTERÍSTICAS DO
DADAÍSMO:
• Arte-destruição
• Recusa do universo racionalista burguês
• Ruptura com as formas existentes de arte
• Denúncia das fraquezas do quadro europeu
• A paródia como recurso para ruptura
• “A arte não é séria, eu lhes asseguro”
• “Nós escarramos na humanidade”.
47. Dadaísmo
• Substituição das palavras por ruídos e
gritos inarticulados;
• “Ser dadá é ser antidadá”;
• “A arte não é séria”;
• “Nós escarramos na humanidade”.
48. Texto dadaísta
• Parafins gatins alphaluz sexohnei la guerrapaz
• Ourake palávora driz okê Cris expacial
• Projeitinho imanso ciumortevida vidavid
• Lambetelho frúturo orgasmaravalha-me Logun
• Homenina nel parais de felicidadania:
• Outras palavras (Caetano Veloso)
49. Surrealismo
Neste Rosto de Mae West
podendo ser utilizado como
apartamento surrealista,
Salvador Dalí apropria-se da
técnica de colagem dos
dadaístas, apresentando
objetos deslocados de suas
funções: os cabelos de atriz
transformados em cortinas; os
olhos, em quadros; o nariz, em
aparador; os lábios, em
poltrona.
50. CARACTERÍSTICAS DO
SURREALISMO:
• Busca de um mundo alucinado, de estranhas
associações e sensações
• Conflito entre a vida vivida e a vida sonhada
• Ilogismo, valorização do inconsciente
• Emprego da imagem liberada: tudo é possível
• Humor negro
• Desejo de redenção do ser humano
53. Surrealismo na literatura:
•Imagens oníricas - extraídas do sonho, do imaginário;
•Metáforas surreais – realidade e sonho se conjugam;
Surrealismo
54. Surrealismo
Estudo nº 6
Tua cabeça é uma dália gigante que se desfolha nos meus braços.
Nas tuas unhas se escondem algas vermelhas,
E da árvore de tuas pestanas
Nascem luzes atraídas pelas abelhas.
(...)
(Murilo Mendes)
55. Surrealismo
Poema da amiga
“Gosto de estar a teu lado,
Sem brilho.
Tua presença é uma carne de peixe,
De resistência mansa e um branco
Escoando azuis profundos.
Eu tenho liberdade em ti.
Anoiteço feito um bairro,
Sem brilho algum.
Estamos no interior duma asa
Que fechou.”
(Mário de Andrade)