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PIBIDPrograma de Iniciacção à Docência
PROJETO
BASE ARTÍSTICA E REFLEXIVA
PROFESSORAS:BRUNA MARIA, DÉBORAH CORREIA, GORETTE ANDRADE,
HAIANY LEÔNCIO, STEFANIE NASCIMENTO
MÓDULO II
LITERATURA DE CORDEL
ALUNO:____________________________________________________
2
CABRA DA PESTE
Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencê
Da terra querida, que a bela cabôca
Com riso na bôca zomba no sofrê.
Não nego meu sangue, não nego meu nome,
Olho para fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
Tem muita beleza minha boa terra,
Derne o vale à serra, da serra ao sertão.
Por ela eu me acabo, dou a propria vida,
É terra querida do meu coração.
Meu berço adorado tem bravo vaquêro
E tem jangadêro que domina o má.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
Ceará valente que foi muito franco
Ao guerrêro branco Soares Moreno,
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno.
Sou dos verde mare da cô da esperança,
Qui as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
Ninguém me desmente, pois, é com certeza
Quem qué vê beleza vem ao Cariri,
3
Minha terra amada pissui mais ainda,
A muié mais linda que tem o Brasi.
Terra da jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema de Zé de Alencá
Eu sou brasilêro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.
Patativa do Assaré
O POBRE E O RICO
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome (2x)
Rico come caviar, come picanha, filé
Na vida o rico tem tudo e come tudo o que quer
Onde o rico bota o dedo o pobre não bota o pé
O pobre come bolacha, tripa de porco e sardinha
Farofa de girimum, bucho de boi com farinha
Come cuscuz com manteiga e batata com passarinha
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
O rico leva a família para o salão de beleza
Manda cortar o cabelo e na pele faz limpeza
E a filha volta tão linda que parece uma princesa
O pobre leva a família num salão barato e fraco
Manda raspar a cabeça e o cabelo do sovaco
E o filho fica igualmente a um filhote de macaco
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
O rico quando adoece vai pro melhor hospital
No outro dia seu nome sai na página do jornal
Dizendo que o danado já não tá passando mal
E o pobre quando adoece é feliz quando ele escapa
E quando tá internado, a comida é pão e papa
Se gemer muito de noite o café que vem é tapa
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
O filho do homem rico tem uma vida bacana
Seu papai paga os estudos e no final de semana
Ele sai com sua gata pra passear de Santana
4
O filho do homem pobre vai passear de jumento
Bota a nêga na garupa, sai correndo contra o vento
Quando o jegue dá um pulo, mete a bunda no cimento
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
A mulher do homem rico, se vai pra maternidade
Dá a luz a um menino, falam com sinceridade
Ganha milhões de presente da alta sociedade
A mulher do homem pobre, quando ela vai descansar
O presente que ela ganha é bolacha e guaraná
E um bala de chupeta que é pro guri chupar
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
A mulher do rico sai num sapato bom, de couro
Cabelo bem penteado, brinco que vale um tesouro
Pulseira e colar de prata, relógio e cordão de ouro
A mulher do pobrezinho só anda sem gabarito
O cabelo é assanhado, o casaco é esquisito
E a saia tem mais buraco que tábua de pirulito
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
Filha de rico se forma pra trabalhar em cartório
Gabinete especial, telefone, escritório
Engenheira, medicina, exame, laboratório
A filha do pobrezinho fica velha sem leitura
Quando aparece um emprego é na rua da amargura
Pra jogar tambor de lixo no carro da prefeitura
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
O filho do homem rico só toma banho no chuveiro
Uma caixa de sabonete, dois, três perfumes estrangeiros
Cada banho é um roupa, cada perfume é um cheiro
O filho do pobrezinho só se molha no açude
Não pode ver empregada que ele fé que nem lhe ajude
E o pescoço e as costela tem quase um baú de grude
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
A filha do homem rico, se arranja um namorado
Ele vai pra casa dela num carro novo, zerado
Pois é filha de doutor, de prefeito ou deputado
A filha do pobrezinho quando arranja um mané
5
Ela diz: "Meu pai é rico", e o povo sabe quem é
É o que vende pipoca na porta do cabaré
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome
A filha do rico vai fazer curso no Japão
Na Grécia, na Argentina, até Afeganistão
Porque a filha de rico só viaja de avião
A filha do pobrezinho, no interior grosseiro
Passa quatro, cinco dias olhando o livro primeiro
Engasgada na fumaça do farol do candeeiro
O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come
Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome (6x)
Cajú e Castanha
A PELEJA DA CARTA COM O E-MAIL
Era uma carta e um e-mail
Em discussão calorosa.
Dizia o e-mail à carta:
“Não te faças de gostosa.
Sou rápido como relâmpago.
Tu és lenta e preguiçosa”.
A carta disse: “És relâmpago,
És ligeiro na passada.
Mesmo assim tua tarefa
Sem paixão não vale nada.
És moleque de recado
Numa ação robotizada”.
E disse mais: “Coleguinha,
A sua labuta é fria
No tal correio eletrônico
Não existe poesia.
Bom mesmo é quando o carteiro
6
Com um grito me anuncia”.
O e-mail disse: “Amiga,
Por caridade, essa não!
A demora estraga tudo,
Desagrada o coração.
Mesmo quem se comunica
Ta com pressa e precisão”.
Retruca a carta: “Acredito
Que de mim gosta o poeta.
Inda mais a Internet
De vírus vive repleta.
E por fim quem é „em meio‟
Não faz a coisa completa
E outra coisa, colega.
Tu não és de confiança.
Por causa de falha técnica
Na Internet, „cê dança‟.
Já me pondo no Correio
Eu chego com segurança”.
Nisso o e-mail responde:
“Alto lá! Pegue maneiro.
Você diz ser bem segura,
Isso não é verdadeiro,
Pois hoje nos grandes centros
Existe assalto a carteiro”.
Janduhi Dantas Nóbrega
7
A MULHER QUE VENDEU O MARIDO POR R$ 1,99
Hoje em dia, meus amigos
os direitos são iguais
tudo o que faz o marmanjo
hoje a mulher também faz
se o homem se abestalhar
a mulher bota pra trás.
Acabou-se aquele tempo
em que a mulher com presteza
se fazia para o homem
artigo de cama e mesa
a mulher se fez mais forte
mantendo a delicadeza.
Não é mais "mulher de Atenas"
nem "Amélia" de ninguém
eu mesmo sempre entendi
que a mulher direito tem
de sempre só ser tratada
por "meu amor" e "meu bem".
Hoje o trabalho de casa
meio a meio é dividido
para ajudar a mulher
homem não faz alarido
quando a mulher lava a louça
quem enxuga é o marido!
Também na sociedade
é outra a situação
a mulher hoje já faz
tudo o que faz o machão
há mulher que até dirige
trem, trator e caminhão.
Esse fato todo mundo
já deu pra assimilar
a mulher hoje já pôde
seu espaço conquistar
quem não concorda com isso
é muito raro encontrar.
Entretanto ainda existe
caso de exploração
o salário da mulher
é de chamar atenção
bem menor que o do homem
fazendo a mesma função.
8
Também tem cabra safado
que não muda o pensamento
que não respeita a mulher
que não honra o casamento
que a vida de pleibói
não esquece um só momento.
Era assim que Damião
(o ex-marido de Côca)
queria viver: na cana
sem tirar copo da boca
enquanto sua mulher
em casa feito uma louca...
... cuidando de três meninos
lavando roupa e varrendo
feito uma negra-de-ferro
de fome o corpo tremendo
e o marido cachaceiro
pelos botequins bebendo.
Mas diz o velho ditado
que todo mal tem seu fim
e o fim do mal de Côca
um dia chegou enfim
foi quando Côca de estalo
pegou a pensar assim:
"Nessa vida que eu levo
eu não tô vendo futuro
eu me sinto navegando
em mar revolto e escuro
vou remar no meu barquinho
atrás de porto seguro."
"Na próxima raiva que eu tenha
desse meu marido ruim
qualquer mal que me fizer
tomarei como estopim
e a triste casamento
eu vou decidir dar fim."
Estava Côca pensando
na vida quando chegou
Damião morto de bêbado
(nem boa-noite falou
passava da meia-noite)
e na cama se atirou!
Dona Côca foi dormir
muito trise e revoltada
contudo tinha na mente
a sua ação planejada
pra dar novo rumo à vida
já estava preparada.
De manhã Côca acordou
com a braguilha pra trás
deu cinco murros na mesa
e gritou: "Ô Satanás
eu vou te vender na feira
vou já fazer um cartaz!
Pegou uma cartolina
que ela havia escondido
escreveu nervosamente
com a raiva do bandido:
"Por um e noventa e nove
estou vendendo o marido".
Assim mostrou ter no sangue
sangue de Leila Diniz
Pagu, Maria Bonita
de Anayde Beiriz
(de brasileiras de fibra)
de Margarida e Elis!
Pegou o marido bêbado
de jeito, pela abertura
da direção do mercado
ela saiu à procura
de vender o seu marido
ia com muita secura!
Ficou na feira de Patos
no mais horrendo lugar
(na conhecida U.T.I.)
e começou a gritar:
"Tô vendendo o meu marido
quem de vocês quer comprar?"
Umas bêbadas que estavam
estiradas pelo chão
despertaram com os gritos
e uma do cabelão
perguntou a Dona Côca:
"Qual o preço do gatão?"
"É um e noventa e nove
não está vendo o cartaz?"
Dona Côca respondeu
9
e a bêbada disse: "O rapaz
tem uma cara simpática
acho até que vale mais".
Damião estava "quieto"
e de ressaca passado
com cordas nos pés e braços
numa cadeira amarrado
também tinha um esparadrapo
em sua boca colado.
Começou a chegar gente
se formou a multidão
em volta de Dona Côca
e o marido Damião
quando deu fé, logo, logo
encostou o camburão.
Nisso um cabo da polícia
do camburão foi descendo
e perguntando abusado:
"Que é que tá acontecendo?"
Alguém disse: "Esta mulher
o marido está vendendo".
Do meio do povo disse
um velho em tom de chacota:
"Esse caneiro já tem
uma cara de meiota
não tem mulher que dê nele
de dois reais uma nota".
E, de fato, ô cabra feio
desalinhado e barbudo
fedendo a cana e a cigarro
com um jeito carrancudo
banguelo, um pouco careca
pra completar barrigudo.
Nisso chegou uma velha
que vinha com todo o gás
e disse para si mesma
depois de ler o cartaz
"Hoje eu tiro o prejuízo
com esse lindo rapaz!".
Disse a velha: "Francamente!
Eu estou achando pouco!
Por 1 e 99?!
Tome dois, nem quero o troco!
Deixe-me levar pra casa
esse meu Chico Cuoco!".
Saiu a velha enxerida
de braços com Damião
a polícia prontamente
dispersou a multidão
e Côca tirou por fim
um peso do coração.
Retormou Côca feliz
pra casa entoando hinos
a partir daquele dia
teria novos destinos...
Com os dois reias da venda
comprou de pão pros meninos!
Janduhi Dantas Nóbrega
10
ANTIGAMENTE
ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral
dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a
asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era
tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam,
antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas
jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que
não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada.
Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os
mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também
tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e
mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de
aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças
pardas; não admira que dessem com os burros n‟água.
HAVIA OS QUE tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior
consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a
alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um
sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”,
ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se
alguém espirrava — sinal de defluxo — eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”.
Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao
vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a
tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam,
quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes
os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As
meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.
ANTIGAMENTE, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros
eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão
que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro
com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam
sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que
11
passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não
tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e
meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. Ele vinha dar dois
dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas
punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente,
alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.
ACONTECIA o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o
próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados
tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam
ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O.
London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora.
Carlos Drummond de Andrade
12
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: O que é isso?
A linguagem é a característica que nos difere
dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de
expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor
nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao
nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa
inserção ao convívio social.
A variação de uma língua é o modo pelo qual
ela se diferenciade acordo com o contexto histórico,
geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa
língua se manifestam verbalmente.
13
Pode-se dizer que Variação Linguística é o conjunto das diferenças existentes
no uso de uma mesma língua - falada ou escrita.
As chamadasvariedades linguísticasrepresentam as variações de acordo com as
condições sociais, culturais, regionais e históricas em que a língua é utilizada. Dentre
elas destacam-se:
Variações históricas:
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao
longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortografia, se
levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com
“ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual fundamenta-se pela supressão
do vocábulos.
Analisemos, pois, o fragmento exposto:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam
longos meses debaixo do balaio." (Carlos Drummond de Andrade)
Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado.
Variações regionais:
São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a
diferentes regiões. Como exemplo, a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe
outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta
modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.
Variações sociais ou culturais:
Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os
jargões:
14
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os
surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.
Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar
técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados,
profissionais da área de informática, dentre outros.
Vejamos um poema e o trecho de uma música para entendermos melhor sobre o
assunto:
VÍCIO NA FALA
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
CHOPIS CENTIS
Eu “di” um beijo nela
E chamei pra passear.
A gente fomos no shopping
Pra “mode” a gente lanchar.
Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim.
Quanta gente,
Quanta alegria,
A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia.
Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho.
Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”,
Quando eu estou no trabalho,
Não vejo a hora de descer dos andaime.
Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger
E também o Van Damme.
Mamonas Assassinas
15
CINEMA NO B.A.R.
Lisbela e o Prisioneiro
Sinopse: Lisbela (Débora Falabella) é uma moça
que adora ir ao cinema e vive sonhando com os
galãs de Hollywood dos filmes que assiste. Leléu
(Selton Mello) é um malandro conquistador, que
em meio a uma de suas muitas aventuras chega à
cidade de Lisbela. Após se conhecerem, eles logo
se apaixonam, mas há um problema: Lisbela está
noiva. Em meio às dúvidas e aos problemas
familiares que a nova paixão desperta, há ainda a
presença de um matador (Marco Nanini) que está
atrás de Leléu, devido a ele ter se envolvido com
sua esposa (Virginia Cavendish).
FICHA TÉCNICA
Lançamento:22 de agosto de 2003 (1h 50min)
Direção:Guel Arraes
Elenco: Débora Falabella, Selton Mello, Marco Nanini, Heloísa Périssé, Bruno Garcia,
Virginia Cavendish e outros.
Gênero:Comédia , Romance
Nacionalidade:Brasil
16
LITERATURA DE CORDEL
Literatura de Cordel é o nome dado às
histórias do romanceiro popular do sertão Nordeste
do Brasil (em especial Pernambuco, Paraíba e
Ceará). A origem do nome “Cordel” está em
folhetos de impressão precária e expostos à venda
pendurados em varais de barbante. O nome vem de
Portugal, onde esse tipo de folheto de literatura
popular também era produzido. Também eram
encontrados em países como Espanha, França, Itália
e Alemanha.
Esse tipo de folheto surgiu na Idade Média, por volta dos séculos 11 e 12. Com
a invenção da imprensa (1450), essa literatura que até então era oral e recitada por
jograis e menestreis ambulantes, passou a ser vendida em folhetos de papel ordinário e
preço barato. Surgia, assim, a literatura de folhetos.
Literatura de Cordel no Brasil
A literatura de cordel chegou ao Brasil com nossos colonizadores, instalando-
se na Bahia e nos demais estados do Nordeste, onde
encontrou um terreno fértil. Por volta de 1750,
apareceram os primeiros poetas populares que
narravam sagas em versos, visto que a maioria desse
povo, sequer sabia ler e as histórias eram decoradas e
recitadas nas feiras ou nas praças. Às vezes,
acompanhadas por música de violas. Portanto, surgiu
também no Brasil, como literatura oral, característica
fundamental da cultura popular.
Enfim, foram esses cantadores do improviso,
itinerantes, os precursores da literatura de cordel escrita. E verdadeiros repórteres, pois
eram eles quem divulgavam as notícias nos lugares mais longínquos, especialmente, os
acontecimentos históricos do Brasil, narrados em verso. O fenômeno só despertou o
interesse dos estudiosos letrados em fins do século 19, começo do século 20. O poeta
17
paraibano Leandro Gomes de Barros é considerado por esses pesquisadores, o primeiro
a imprimir e vender seus versos, por volta de 1890.
Temas da Literatura de Cordel
Na riquíssima literatura de cordel nordestina há uma grande variedade de
temas, tradicionais ou contemporâneos, que refletem a vivência popular, desde os
problemas atuais até a conservação de narrativas inspiradas no imaginário europeu.
Assim, não é difícil compreender histórias de cavaleiros medievais, nem um folheto
como o "Romance do Pavão Misterioso", onde encontramos nítidas influências das
celébres "Mil e Uma Noites".
Mas, não há limite na escolha dos temas para a criação de um folheto, que
tanto pode narrar os feitos de cangaceiros, as espertezas de heróis como João Grilo e
Pedro Malasartes ou uma história de amor, ou ainda acontecimentos importantes de
interesse público, como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. Também são comuns os
temas sobrenaturais, como a chegada de Lampião no Inferno ou a realização de
profecias de Antônio Conselheiro. Com o advento dos meios de comunicação de massa,
os astros da TV também passaram a aparecer como personagens de cordel.
Métrica e rima
Os folhetos de cordel brasileiros, com textos poeticamente estruturados, têm a
sextilha (conjunto de seis versos) como estrofe
básica, mas há também as septilhas, oitavas e as
décimas (respectivamente sete, oito e dez versos, este
último também chamado "martelo").
A métrica dos versos é em geral a
redondilha maior, ou seja, os versos de sete sílabas,
mas sem o rigor que vigora na poesia erudita.
Finalmente, têm rimas e vocabulário simples, mas
nem por isso perdem - antes ganham - em valor
estético. Os folhetos são ilustrados principalmente
com xilogravuras, ou seja, gravuras rústicas feitas a
partir de entalhes em chapas de madeira.
18
AGORA É SUA VEZ!
Já vimos que nossa cultura
É repleta de riqueza
E a literatura de cordel
É nosso orgulho com certeza
Tem linguagem popular
Que é nossa por natureza.
Agora que você já entrou
Nesse mundo do cordel
Já riu e se divertiu
Pegue caneta e papel
Ta na hora de criar
O seu folheto de cordel.
Pense num fato engraçado
Numa história bem legal
Qualquer tema vira assunto
E pode ser sensacional
Faça um cordel bem bacana
Para mostrar pro pessoal.
Se juntem agora em duplas
Pra situação melhorar
E vão logo já pensando
No que vão apresentar
Turmas de primeiro ano:
Esse negócio vai é bombar!
E para finalizar
Fique agora bem contente
Dê um nome ao seu cordel
E uma xilogravura invente
Boa sorte para vocês
Mãos à obra e sigam em frente!
Gorette Andrade
19
Conhecendo a arte da Xilogravura
Xilogravura significa gravura
em madeira. É uma antiga técnica, de
origem chinesa, em que o artesão utiliza
um pedaço de madeira para entalhar um
desenho, deixando em relevo a parte que
pretende fazer a reprodução. Em
seguida, utiliza tinta para pintar a parte
em relevo do desenho. Na fase final, é
utilizado um tipo de prensa para exercer
pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um detalhe importante é que o
desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao artesão.
A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais
populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros. A xilogravura é frequentemente
utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel.
20
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  • 1. PIBIDPrograma de Iniciacção à Docência PROJETO BASE ARTÍSTICA E REFLEXIVA PROFESSORAS:BRUNA MARIA, DÉBORAH CORREIA, GORETTE ANDRADE, HAIANY LEÔNCIO, STEFANIE NASCIMENTO MÓDULO II LITERATURA DE CORDEL ALUNO:____________________________________________________
  • 2. 2 CABRA DA PESTE Eu sou de uma terra que o povo padece Mas não esmorece e procura vencê Da terra querida, que a bela cabôca Com riso na bôca zomba no sofrê. Não nego meu sangue, não nego meu nome, Olho para fome e pergunto: o que há? Eu sou brasilêro fio do Nordeste, Sou Cabra da Peste, sou do Ceará. Tem muita beleza minha boa terra, Derne o vale à serra, da serra ao sertão. Por ela eu me acabo, dou a propria vida, É terra querida do meu coração. Meu berço adorado tem bravo vaquêro E tem jangadêro que domina o má. Eu sou brasilêro fio do Nordeste, Sou Cabra da Peste, sou do Ceará. Ceará valente que foi muito franco Ao guerrêro branco Soares Moreno, Terra estremecida, terra predileta Do grande poeta Juvená Galeno. Sou dos verde mare da cô da esperança, Qui as água balança pra lá e pra cá. Eu sou brasilêro fio do Nordeste, Sou Cabra da Peste, sou do Ceará. Ninguém me desmente, pois, é com certeza Quem qué vê beleza vem ao Cariri,
  • 3. 3 Minha terra amada pissui mais ainda, A muié mais linda que tem o Brasi. Terra da jandaia, berço de Iracema, Dona do poema de Zé de Alencá Eu sou brasilêro fio do Nordeste, Sou Cabra da Peste, sou do Ceará. Patativa do Assaré O POBRE E O RICO O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome (2x) Rico come caviar, come picanha, filé Na vida o rico tem tudo e come tudo o que quer Onde o rico bota o dedo o pobre não bota o pé O pobre come bolacha, tripa de porco e sardinha Farofa de girimum, bucho de boi com farinha Come cuscuz com manteiga e batata com passarinha O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome O rico leva a família para o salão de beleza Manda cortar o cabelo e na pele faz limpeza E a filha volta tão linda que parece uma princesa O pobre leva a família num salão barato e fraco Manda raspar a cabeça e o cabelo do sovaco E o filho fica igualmente a um filhote de macaco O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome O rico quando adoece vai pro melhor hospital No outro dia seu nome sai na página do jornal Dizendo que o danado já não tá passando mal E o pobre quando adoece é feliz quando ele escapa E quando tá internado, a comida é pão e papa Se gemer muito de noite o café que vem é tapa O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome O filho do homem rico tem uma vida bacana Seu papai paga os estudos e no final de semana Ele sai com sua gata pra passear de Santana
  • 4. 4 O filho do homem pobre vai passear de jumento Bota a nêga na garupa, sai correndo contra o vento Quando o jegue dá um pulo, mete a bunda no cimento O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome A mulher do homem rico, se vai pra maternidade Dá a luz a um menino, falam com sinceridade Ganha milhões de presente da alta sociedade A mulher do homem pobre, quando ela vai descansar O presente que ela ganha é bolacha e guaraná E um bala de chupeta que é pro guri chupar O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome A mulher do rico sai num sapato bom, de couro Cabelo bem penteado, brinco que vale um tesouro Pulseira e colar de prata, relógio e cordão de ouro A mulher do pobrezinho só anda sem gabarito O cabelo é assanhado, o casaco é esquisito E a saia tem mais buraco que tábua de pirulito O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome Filha de rico se forma pra trabalhar em cartório Gabinete especial, telefone, escritório Engenheira, medicina, exame, laboratório A filha do pobrezinho fica velha sem leitura Quando aparece um emprego é na rua da amargura Pra jogar tambor de lixo no carro da prefeitura O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome O filho do homem rico só toma banho no chuveiro Uma caixa de sabonete, dois, três perfumes estrangeiros Cada banho é um roupa, cada perfume é um cheiro O filho do pobrezinho só se molha no açude Não pode ver empregada que ele fé que nem lhe ajude E o pescoço e as costela tem quase um baú de grude O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome A filha do homem rico, se arranja um namorado Ele vai pra casa dela num carro novo, zerado Pois é filha de doutor, de prefeito ou deputado A filha do pobrezinho quando arranja um mané
  • 5. 5 Ela diz: "Meu pai é rico", e o povo sabe quem é É o que vende pipoca na porta do cabaré O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome A filha do rico vai fazer curso no Japão Na Grécia, na Argentina, até Afeganistão Porque a filha de rico só viaja de avião A filha do pobrezinho, no interior grosseiro Passa quatro, cinco dias olhando o livro primeiro Engasgada na fumaça do farol do candeeiro O rico é quem come tudo, tudo que quer ele come Mas o pobre que trabalha, ganha pouco e passa fome (6x) Cajú e Castanha A PELEJA DA CARTA COM O E-MAIL Era uma carta e um e-mail Em discussão calorosa. Dizia o e-mail à carta: “Não te faças de gostosa. Sou rápido como relâmpago. Tu és lenta e preguiçosa”. A carta disse: “És relâmpago, És ligeiro na passada. Mesmo assim tua tarefa Sem paixão não vale nada. És moleque de recado Numa ação robotizada”. E disse mais: “Coleguinha, A sua labuta é fria No tal correio eletrônico Não existe poesia. Bom mesmo é quando o carteiro
  • 6. 6 Com um grito me anuncia”. O e-mail disse: “Amiga, Por caridade, essa não! A demora estraga tudo, Desagrada o coração. Mesmo quem se comunica Ta com pressa e precisão”. Retruca a carta: “Acredito Que de mim gosta o poeta. Inda mais a Internet De vírus vive repleta. E por fim quem é „em meio‟ Não faz a coisa completa E outra coisa, colega. Tu não és de confiança. Por causa de falha técnica Na Internet, „cê dança‟. Já me pondo no Correio Eu chego com segurança”. Nisso o e-mail responde: “Alto lá! Pegue maneiro. Você diz ser bem segura, Isso não é verdadeiro, Pois hoje nos grandes centros Existe assalto a carteiro”. Janduhi Dantas Nóbrega
  • 7. 7 A MULHER QUE VENDEU O MARIDO POR R$ 1,99 Hoje em dia, meus amigos os direitos são iguais tudo o que faz o marmanjo hoje a mulher também faz se o homem se abestalhar a mulher bota pra trás. Acabou-se aquele tempo em que a mulher com presteza se fazia para o homem artigo de cama e mesa a mulher se fez mais forte mantendo a delicadeza. Não é mais "mulher de Atenas" nem "Amélia" de ninguém eu mesmo sempre entendi que a mulher direito tem de sempre só ser tratada por "meu amor" e "meu bem". Hoje o trabalho de casa meio a meio é dividido para ajudar a mulher homem não faz alarido quando a mulher lava a louça quem enxuga é o marido! Também na sociedade é outra a situação a mulher hoje já faz tudo o que faz o machão há mulher que até dirige trem, trator e caminhão. Esse fato todo mundo já deu pra assimilar a mulher hoje já pôde seu espaço conquistar quem não concorda com isso é muito raro encontrar. Entretanto ainda existe caso de exploração o salário da mulher é de chamar atenção bem menor que o do homem fazendo a mesma função.
  • 8. 8 Também tem cabra safado que não muda o pensamento que não respeita a mulher que não honra o casamento que a vida de pleibói não esquece um só momento. Era assim que Damião (o ex-marido de Côca) queria viver: na cana sem tirar copo da boca enquanto sua mulher em casa feito uma louca... ... cuidando de três meninos lavando roupa e varrendo feito uma negra-de-ferro de fome o corpo tremendo e o marido cachaceiro pelos botequins bebendo. Mas diz o velho ditado que todo mal tem seu fim e o fim do mal de Côca um dia chegou enfim foi quando Côca de estalo pegou a pensar assim: "Nessa vida que eu levo eu não tô vendo futuro eu me sinto navegando em mar revolto e escuro vou remar no meu barquinho atrás de porto seguro." "Na próxima raiva que eu tenha desse meu marido ruim qualquer mal que me fizer tomarei como estopim e a triste casamento eu vou decidir dar fim." Estava Côca pensando na vida quando chegou Damião morto de bêbado (nem boa-noite falou passava da meia-noite) e na cama se atirou! Dona Côca foi dormir muito trise e revoltada contudo tinha na mente a sua ação planejada pra dar novo rumo à vida já estava preparada. De manhã Côca acordou com a braguilha pra trás deu cinco murros na mesa e gritou: "Ô Satanás eu vou te vender na feira vou já fazer um cartaz! Pegou uma cartolina que ela havia escondido escreveu nervosamente com a raiva do bandido: "Por um e noventa e nove estou vendendo o marido". Assim mostrou ter no sangue sangue de Leila Diniz Pagu, Maria Bonita de Anayde Beiriz (de brasileiras de fibra) de Margarida e Elis! Pegou o marido bêbado de jeito, pela abertura da direção do mercado ela saiu à procura de vender o seu marido ia com muita secura! Ficou na feira de Patos no mais horrendo lugar (na conhecida U.T.I.) e começou a gritar: "Tô vendendo o meu marido quem de vocês quer comprar?" Umas bêbadas que estavam estiradas pelo chão despertaram com os gritos e uma do cabelão perguntou a Dona Côca: "Qual o preço do gatão?" "É um e noventa e nove não está vendo o cartaz?" Dona Côca respondeu
  • 9. 9 e a bêbada disse: "O rapaz tem uma cara simpática acho até que vale mais". Damião estava "quieto" e de ressaca passado com cordas nos pés e braços numa cadeira amarrado também tinha um esparadrapo em sua boca colado. Começou a chegar gente se formou a multidão em volta de Dona Côca e o marido Damião quando deu fé, logo, logo encostou o camburão. Nisso um cabo da polícia do camburão foi descendo e perguntando abusado: "Que é que tá acontecendo?" Alguém disse: "Esta mulher o marido está vendendo". Do meio do povo disse um velho em tom de chacota: "Esse caneiro já tem uma cara de meiota não tem mulher que dê nele de dois reais uma nota". E, de fato, ô cabra feio desalinhado e barbudo fedendo a cana e a cigarro com um jeito carrancudo banguelo, um pouco careca pra completar barrigudo. Nisso chegou uma velha que vinha com todo o gás e disse para si mesma depois de ler o cartaz "Hoje eu tiro o prejuízo com esse lindo rapaz!". Disse a velha: "Francamente! Eu estou achando pouco! Por 1 e 99?! Tome dois, nem quero o troco! Deixe-me levar pra casa esse meu Chico Cuoco!". Saiu a velha enxerida de braços com Damião a polícia prontamente dispersou a multidão e Côca tirou por fim um peso do coração. Retormou Côca feliz pra casa entoando hinos a partir daquele dia teria novos destinos... Com os dois reias da venda comprou de pão pros meninos! Janduhi Dantas Nóbrega
  • 10. 10 ANTIGAMENTE ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n‟água. HAVIA OS QUE tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se alguém espirrava — sinal de defluxo — eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”. Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias. ANTIGAMENTE, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que
  • 11. 11 passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes. ACONTECIA o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora. Carlos Drummond de Andrade
  • 12. 12 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: O que é isso? A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. A variação de uma língua é o modo pelo qual ela se diferenciade acordo com o contexto histórico, geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente.
  • 13. 13 Pode-se dizer que Variação Linguística é o conjunto das diferenças existentes no uso de uma mesma língua - falada ou escrita. As chamadasvariedades linguísticasrepresentam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que a língua é utilizada. Dentre elas destacam-se: Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o fragmento exposto: “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio." (Carlos Drummond de Andrade) Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado. Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões:
  • 14. 14 As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissionais da área de informática, dentre outros. Vejamos um poema e o trecho de uma música para entendermos melhor sobre o assunto: VÍCIO NA FALA Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade CHOPIS CENTIS Eu “di” um beijo nela E chamei pra passear. A gente fomos no shopping Pra “mode” a gente lanchar. Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim. Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim. Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia. Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho. Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”, Quando eu estou no trabalho, Não vejo a hora de descer dos andaime. Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger E também o Van Damme. Mamonas Assassinas
  • 15. 15 CINEMA NO B.A.R. Lisbela e o Prisioneiro Sinopse: Lisbela (Débora Falabella) é uma moça que adora ir ao cinema e vive sonhando com os galãs de Hollywood dos filmes que assiste. Leléu (Selton Mello) é um malandro conquistador, que em meio a uma de suas muitas aventuras chega à cidade de Lisbela. Após se conhecerem, eles logo se apaixonam, mas há um problema: Lisbela está noiva. Em meio às dúvidas e aos problemas familiares que a nova paixão desperta, há ainda a presença de um matador (Marco Nanini) que está atrás de Leléu, devido a ele ter se envolvido com sua esposa (Virginia Cavendish). FICHA TÉCNICA Lançamento:22 de agosto de 2003 (1h 50min) Direção:Guel Arraes Elenco: Débora Falabella, Selton Mello, Marco Nanini, Heloísa Périssé, Bruno Garcia, Virginia Cavendish e outros. Gênero:Comédia , Romance Nacionalidade:Brasil
  • 16. 16 LITERATURA DE CORDEL Literatura de Cordel é o nome dado às histórias do romanceiro popular do sertão Nordeste do Brasil (em especial Pernambuco, Paraíba e Ceará). A origem do nome “Cordel” está em folhetos de impressão precária e expostos à venda pendurados em varais de barbante. O nome vem de Portugal, onde esse tipo de folheto de literatura popular também era produzido. Também eram encontrados em países como Espanha, França, Itália e Alemanha. Esse tipo de folheto surgiu na Idade Média, por volta dos séculos 11 e 12. Com a invenção da imprensa (1450), essa literatura que até então era oral e recitada por jograis e menestreis ambulantes, passou a ser vendida em folhetos de papel ordinário e preço barato. Surgia, assim, a literatura de folhetos. Literatura de Cordel no Brasil A literatura de cordel chegou ao Brasil com nossos colonizadores, instalando- se na Bahia e nos demais estados do Nordeste, onde encontrou um terreno fértil. Por volta de 1750, apareceram os primeiros poetas populares que narravam sagas em versos, visto que a maioria desse povo, sequer sabia ler e as histórias eram decoradas e recitadas nas feiras ou nas praças. Às vezes, acompanhadas por música de violas. Portanto, surgiu também no Brasil, como literatura oral, característica fundamental da cultura popular. Enfim, foram esses cantadores do improviso, itinerantes, os precursores da literatura de cordel escrita. E verdadeiros repórteres, pois eram eles quem divulgavam as notícias nos lugares mais longínquos, especialmente, os acontecimentos históricos do Brasil, narrados em verso. O fenômeno só despertou o interesse dos estudiosos letrados em fins do século 19, começo do século 20. O poeta
  • 17. 17 paraibano Leandro Gomes de Barros é considerado por esses pesquisadores, o primeiro a imprimir e vender seus versos, por volta de 1890. Temas da Literatura de Cordel Na riquíssima literatura de cordel nordestina há uma grande variedade de temas, tradicionais ou contemporâneos, que refletem a vivência popular, desde os problemas atuais até a conservação de narrativas inspiradas no imaginário europeu. Assim, não é difícil compreender histórias de cavaleiros medievais, nem um folheto como o "Romance do Pavão Misterioso", onde encontramos nítidas influências das celébres "Mil e Uma Noites". Mas, não há limite na escolha dos temas para a criação de um folheto, que tanto pode narrar os feitos de cangaceiros, as espertezas de heróis como João Grilo e Pedro Malasartes ou uma história de amor, ou ainda acontecimentos importantes de interesse público, como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. Também são comuns os temas sobrenaturais, como a chegada de Lampião no Inferno ou a realização de profecias de Antônio Conselheiro. Com o advento dos meios de comunicação de massa, os astros da TV também passaram a aparecer como personagens de cordel. Métrica e rima Os folhetos de cordel brasileiros, com textos poeticamente estruturados, têm a sextilha (conjunto de seis versos) como estrofe básica, mas há também as septilhas, oitavas e as décimas (respectivamente sete, oito e dez versos, este último também chamado "martelo"). A métrica dos versos é em geral a redondilha maior, ou seja, os versos de sete sílabas, mas sem o rigor que vigora na poesia erudita. Finalmente, têm rimas e vocabulário simples, mas nem por isso perdem - antes ganham - em valor estético. Os folhetos são ilustrados principalmente com xilogravuras, ou seja, gravuras rústicas feitas a partir de entalhes em chapas de madeira.
  • 18. 18 AGORA É SUA VEZ! Já vimos que nossa cultura É repleta de riqueza E a literatura de cordel É nosso orgulho com certeza Tem linguagem popular Que é nossa por natureza. Agora que você já entrou Nesse mundo do cordel Já riu e se divertiu Pegue caneta e papel Ta na hora de criar O seu folheto de cordel. Pense num fato engraçado Numa história bem legal Qualquer tema vira assunto E pode ser sensacional Faça um cordel bem bacana Para mostrar pro pessoal. Se juntem agora em duplas Pra situação melhorar E vão logo já pensando No que vão apresentar Turmas de primeiro ano: Esse negócio vai é bombar! E para finalizar Fique agora bem contente Dê um nome ao seu cordel E uma xilogravura invente Boa sorte para vocês Mãos à obra e sigam em frente! Gorette Andrade
  • 19. 19 Conhecendo a arte da Xilogravura Xilogravura significa gravura em madeira. É uma antiga técnica, de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do desenho. Na fase final, é utilizado um tipo de prensa para exercer pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um detalhe importante é que o desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao artesão. A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros. A xilogravura é frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel.