Na coluna “RelGov em Foco”, o tema em destaque é o acesso à informação e o poder de análise do profissional de relações governamentais. O simples acesso garante a utilização eficaz da informação estratégica? Ainda sobre informação, destacamos a dicotomia acesso/vazamento de dados.
Não nos furtamos, é claro, de discutir os principais temas em voga na seara política e, na edição desse mês, você encontra mais um perfil na série “Presidenciáveis”, dessa vez o tucano Geraldo Alckmin. Na sequência, as implicações da prisão do ex-presidente Lula para a campanha petista, e os impasses e nuances da distribuição de poder, ou presidências, nas comissões temáticas da Câmara dos Deputados.
Finalmente, a análise internacional discorre sobre a rivalidade econômica China-EUA e, em seguida, sobre importância de investir na internacionalização de empresas e estabelecer players globais.
No mais, desejamos uma boa leitura e um excelente feriado. Até a próxima publicação!
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Uma prática transversal que, por meio da compreensão do ambiente político, assessora clientes de diferentes
setores na proteção e/ou promoção de seus negócios, gerindo sua influência de maneira sustentável.
O padrão Burson-Marsteller é responsável pelo desenvolvimento de projetos altamente customizados, de acordo
com as necessidades de cada cliente, desenvolvendo estratégias para os diversos setores econômicos,
especialmente aqueles fortemente regulados pelo poder público.
Colaboradores desta edição
Índice
Ano 2 | Nº 04 | Abril
Luciana
Lemgruber
Fernanda
Xavier
Isabela
Girotto
Isabela
Macêdo
Anna
Paula Losi
Allana
Rodrigues
Bruno
Traversin
Nara
Andrade
02
RelGov em Foco | Inteligência informacional: O papel do
profissional de relações governamentais
03
Política | Presidenciáveis: disputas internas podem inviabilizar
Alckmin
04
Política | A prisão de Lula: como a negação do habeas corpus
no STF afeta a estratégia política do PT e torna o cenário
eleitoral ainda mais obscuro
05
Política | Câmara em foco: as comissões temáticas em função
da janela partidária
08 Politica | Acesso à informação X vazamento de dados
09
Relações Internacionais | Guerra comercial entre Estados
Unidos e China: qual o impacto na América Latina?
10
Relações Internacionais | Going global? A importância de
internacionalizar
11 Dados Econômicos
12 Calendário de Eventos
3. O acesso à informação é cada vez mais amplo e dinâmico, tanto pela pluralidade dos meios de
divulgação, como pela facilitação de acesso. Esse fenômeno é ainda mais evidente quando
trabalhamos com as informações de governo. Já há algum tempo os sites da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal disponibilizam todas as informações necessárias para o
acompanhamento das discussões das pautas em tramitação, audiências públicas são transmitidas
ao vivo, não somente pelas TVs e Rádios das casas legislativas, mas também por meio de sites e
redes sociais. O Poder Executivo ainda não é tão eficiente na publicização de suas informações,
mas, ainda assim, os atos normativos que regem o nosso ordenamento jurídico estão disponíveis
em meio eletrônico, sendo também possível monitorar agendas e outras informações pelos
principais canais: sites, facebook e twitter.
Em razão da facilidade de acesso à informação surge a seguinte pergunta: como o profissional
de relações governamentais pode se destacar na utilização de informações que estão disponíveis
a qualquer um que queira acessá-las?
Primeiramente, é importante ressaltar que a disponibilidade não está atrelada à fácil
compreensão, e que, ainda que seja passível de entendimento, muitas vezes o acesso se
restringe ao resultado do processo, impossibilitando a identificação do método em si e como se
chegou ao ponto em questão.
O profissional de relações governamentais tem que ser capaz de acessar as informações, mas,
principalmente, analisar essas informações e identificar as janelas de oportunidades e os riscos
para o setor em que atua e, fazendo isso, propor ações e soluções que possam construir políticas
públicas mais adequadas para a realidade do país.
No entanto, também é fundamental que o profissional de relações governamentais seja capaz de
monitorar e filtrar o que é prioritário, por que o excesso de informação pode paralisa-lo ou fazê-
lo perder tempo com aquilo que não é realmente importante. E, para isso, pode utilizar diversos
meios, como planilhas, sistemas, pushs, e cada pessoa tem que encontrar a que melhor se
adequa à sua realidade, pessoal e profissional.
Na era da informação não basta ter a informação, é preciso saber sistematizar, priorizar e agir a
partir do universo de dados disponível, para poder seguir o melhor caminho estratégico em
busca da construção de políticas públicas eficazes e efetivas que impactem positivamente não
apenas o setor defendido, mas também a sociedade como um todo.
Anna Paula Losi
RelGov em Foco
Inteligência informacional: O papel do
profissional de relações governamentais
02
4. Política
03
Presidenciáveis: disputas internas
podem inviabilizar Alckmin
No dia 20 de março, o PSDB oficializou a pré-candidatura do ex-governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, à Presidência da República. Apesar de ter sido o único nome nas prévias do
partido, o tucano ainda enfrenta resistência de parte dos correligionários e deverá ter desafios
para manter seu nome como candidato oficial do partido até 15 de agosto, prazo do TSE para
registro das candidaturas.
Alckmin tem a seu favor o fato de ser um gestor experiente, tendo iniciado sua carreira política
aos 19 anos, como vereador de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, mesma cidade da
qual foi prefeito em 1977. Assumiu a prefeitura ainda cursando o último ano de medicina, na
Faculdade de Taubaté. Já nos anos 80, o então PMDBista foi um dos dissidentes que ajudou na
fundação do PSDB e, desde então, figura entre os principais nomes do partido.
Além disso, essa não é a primeira corrida presidencial do tucano, que disputou o cargo em 2006
contra o então presidente, Luís Inácio Lula da Silva, do PT. Àquela época, o PSDB já enfrentava
divisões internas, quando o partido discutia o apoio à candidatura de Alckmin ou à do senador
José Serra. Serra desistiu da candidatura e Alckmin concorreu, perdendo no segundo turno com
39,17% dos votos válidos, contra 60,83% do adversário.
Em 2018, os dois ainda figuram no cenário eleitoral No entanto, a possibilidade de uma disputa
de segundo turno entre Lula e Alckmin como em 2006 é improvável. O petista está preso e
deve ter sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral e Alckmin não tem tido
resultados expressivos nas pesquisas mais recentes.
Longe das polarizações, o tucano disputa espaço para se consolidar como o nome de centro no
próximo pleito eleitoral. É provável que defenda investimentos em programas sociais,
privatizações e uma reforma tributária que favoreça os mais pobres. No quesito alianças, o
presidente Michel Temer já teria procurado o ex-governador de São Paulo para uma possível
chapa conjunta, onde o ex-Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, possa concorrer como vice
de Alckmin. A chapa poderia causar mais problemas internos a Alckmin, já que o MDB tem
Paulo Skaf como pré-candidato a governador de São Paulo, pleito pelo qual o correligionário de
Alckmin, João Dória, também buscará vencer. A eleição estadual já tem sido conflituosa para
Alckmin, pois seu vice e atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB) também pretende
disputar o cargo com Dória.
Mesmo que Alckmin consiga conciliar as eleições estaduais com seus interesses de concorrer ao
Palácio do Planalto numa chapa que elimine um dos concorrentes de centro, o ex-governador
ainda terá de se posicionar em relação a nomes como Marina Silva (REDE), Joaquim Barbosa
(PSB) e Rodrigo Maia (DEM), o último quase sem expressão nas intenções de voto, mas peça
chave para angariar apoio do partido do presidente da Câmara dos Deputados e de partidos
como PP e Solidariedade, que já manifestaram apoio à candidatura de Maia.
5. Diante de tantos cenários conflituosos, o tucano terá de se esforçar para conciliar o PSDB em
São Paulo e nacionalmente. Além disso, terá de avaliar alianças de centro para diminuir a disputa
com outros nomes, que fogem das principais polarizações nos possíveis cenários apresentados
até o momento. O esforço para consolidar sua candidatura no meio político poderá ser um
empecilho para trabalhar sua imagem de gestor eficiente com os eleitores.
Isabela Macêdo
Política
04
A prisão de Lula: como a negação do habeas
corpus no STF afeta a estratégia política do PT e
torna o cenário eleitoral ainda mais obscuro
A conclusão do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrida no dia 04 de abril,
acirrou ainda mais a disputa e tornou o cenário confuso para as eleições de 2018. Com a
negativa ao habeas corpus solicitado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e
com a sua prisão executada, o líder, favorito em boa parte das pesquisas para Presidência da
República, acaba por “perder” seu posto. No entanto, a sua candidatura ainda não está
descartada. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá tomar a decisão sobre a continuidade da
candidatura de Lula de acordo com a Lei da Ficha Limpa, que torna condenados em segunda
instância inelegíveis. O prazo final para o TSE se pronunciar é 17 de setembro.
Publicamente, o Partidos dos Trabalhadores (PT) afirma que não tem Plano B para as eleições. O
argumento usado pela legenda é de que “lançar um nome que não o dele seria fazer o jogo dos
que trabalharam pelo ‘processo de golpe’”. Porém, dar continuidade ao seu nome como
candidato mesmo com a prisão é uma forma de garantir votos para o nome que vá o substituir,
como uma espécie de estratégia de transferência dos votos. Fora dos holofotes, os nomes do ex-
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, são
cotados para o pleito, porém nenhuma das alternativas ultrapassam 3% das intenções de votos
nas pesquisas já divulgadas.
Segundo pesquisa conduzida pelo professor de ciência política da UFMG, Leonardo Avritizer, as
condenações não diminuíram significativamente as intenções de voto em Lula e a rejeição do
político caiu no último semestre, período no qual o processo já corria no TR-4, o que vai contra o
esperado. Já o professor da USP, José Álvaro Moisés, aponta que o PT vai continuar com a
retórica de que o ex-presidente é “vítima de uma conspiração de elite”, o que deixa a situação
ambígua, não ficando claro para quem será transferido os votos do candidato, dependendo da
adesão do eleitorado a tal discurso.
Segundo os acadêmicos, com relação ao poder legislativo, é preciso lembrar que nas eleições de
2014 o PT participou de uma coligação ampla, o que acabou corroborando para a diminuição da
bancada do partido no Congresso. Portanto, duas questões serão centrais para as eleições no
legislativo: quão ampla será a coligação de 2018 e se haverá um candidato que consiga manter a
votação no patamar do nível de identificação partidária do eleitor com o PT.
6. A última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, que analisa 12 possíveis cenários, mostra
que, caso o PT lance Fernando Haddad ou José Álvaro Moisés, a disputa se concentrará nos
candidatos Jair Bolsonaro, do PSL, com 17% das intenções de votos, e Marina Silva da Rede,
com 15% das intenções. Os demais nomes foram pouco afetados pela prisão do ex-presidente,
candidatos como Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) permanecem com as intenções de
votos próximas às pesquisas anteriores.
O que se conclui é que o pleito de 2018 continua sem muitas definições, e as consequências da
não participação de Lula associada à estratégia política do partido só poderão ser dimensionadas
em um futuro próximo. Segundo o calendário eleitoral das eleições de 2018, os partidos e
coligações podem registrar seus candidatos até o dia 15 de agosto e no dia seguinte já será
permitido o início da campanha, começando a distribuição de material e propaganda gratuita via
Internet. Já a propaganda eleitoral no rádio e na televisão terá início em 31 de agosto. Os rumos
eleitorais do Brasil seguem indefinidos, e dependem diretamente das decisões de três atores
centrais: TSE, PT e o condenado Luiz Inácio Lula da Silva.
Nara Andrade e Bruno Traversin
05
Política
Câmara em foco: as comissões temáticas em
função da janela partidária
O mês de fevereiro marcou o início dos trabalhos legislativos deste ano e, enquanto as comissões
do Senado Federal já se debruçavam sobre as proposições em pauta, a Câmara dos Deputados
se delimitava apenas às discussões em Plenário. Esse atraso foi motivado pelo impasse que
ocorreu na distribuição das comissões entre os partidos, que, devido à janela partidária,
principalmente, preferiram esperar o número final de membros de suas bancadas.
A janela partidária proporcionou a troca de legenda de cerca de 90 deputados federais, sem que
estes perdessem o mandato. Dados apresentados pela Câmara dos Deputados apontam que o
Democratas (DEM) e o Partido Progressista (PP) foram os mais beneficiados, recebendo,
respectivamente 12 e 8 novos parlamentares em suas bancadas; outros partidos como o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), no entanto,
viram suas bancadas se reduzirem. Esses números ainda não são os finais, pois pode ainda
existirem mudanças que não foram informadas à Câmara. Além do tamanho das bancadas, a
mudança no número de congressistas traz, também, reflexos na quantidade de comissões às
quais os blocos/partidos têm direito de presidir.
Apenas uma comissão segue sem comando, a de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural (CAPADR). O Deputado Dilceu Sperafico (PP/PR) havia sido eleito
presidente, contudo, recentemente licenciou-se para assumir a chefia da Casa Civil de seu
estado, o Paraná. A expectativa é a de que o Deputado Evair Vieira de Melo (PP/ES), também
integrante do PP e atual vice-presidente da comissão, seja eleito o presidente, cujo pleito está
previsto para o dia 9 de maio. Enquanto isso, ele já preside a comissão, em seu presente cargo.
7. 06
Política
Agora, já com as comissões em funcionamento, os parlamentares tentam dar maior celeridade às
votações das proposições, visto que os trabalhos legislativos devem diminuir o ritmo em breve
devido à Copa do Mundo, em junho, e também às eleições, realizadas em outubro.
Alguns temas estão com maior visibilidade no Congresso Nacional, como doenças raras, que
recentemente foi discutida em audiência pública; o projeto que altera a Lei das Licitações; e,
principalmente, proteção de dados, que voltou à discussão após o ocorrido com a rede social
Facebook, nos Estados Unidos.
No Plenário, os ânimos estão voltados à deliberação de projetos como o de regulamentação do
Lobby e o que trata do Cadastro Positivo; a reforma da previdência, pauta fortemente defendida
por Michel Temer, foi deixada de lado. Ainda, o embate entre a pré-candidatura de Rodrigo Maia
à Presidência da República, e a possível corrida eleitoral de Temer ajuda a deixar o ambiente
cada vez mais tenso, com ambos à procura de apoio eleitoral e político.
Fernanda Xavier
Presidentes das comissões permanentes da Câmara
Comissão de Defesa dos Direitos da
Pessoa Idosa (CIDOSO)
Presidente: Dep. Júlia Marinho (PSC/PA)
Comissão de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática (CCTCI)
Presidente: Dep. Goulart (PSD/SP)
Comissão de Constituição e Justiça
e de Cidadania (CCJC)
Presidente: Dep. Daniel Vilela (MDB/GO)
Comissão de Cultura (CCULT)
Presidente: Dep. Raquel Muniz
(PSD/MG)
Comissão de Defesa do
Consumidor (CDC)
Presidente: Dep. José Stédile
(PSB/RS)
Comissão de Defesa dos Direitos
da Mulher (CMULHER)
Presidente: Dep. Ana Perugini (PT/SP)
Comissão de Agricultura,
Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural (CAPADR)
VAGO
Comissão de Defesa dos Direitos
das Pessoas com Deficiência (CPD)
Presidente: Dep. Mara Gabrilli
(PSDB/SP)
Comissão de Trabalho, de
Administração e de Serviço Público
(CTASP)
Presidente: Dep. Ronaldo Nogueira
(PTB/RS)
Comissão de Seguridade Social e
Família (CSSF)
Presidente: Dep. Juscelino Filho (DEM/MA)
8. Política
07
Comissão de Desenvolvimento
Urbano (CDU)
Presidente: Dep. Margarida Salomão
(PT/MG)
Comissão de Direitos Humanos e
Minorias (CDH)
Presidente: Dep. Luiz Couto (PT/PB)
Comissão de Educação (CE)
Presidente: Dep. Danilo Cabral
(PSB/PE)
Comissão de Desenvolvimento
Econômico, Indústria, Comércio e
Serviços (CDEICS)
Presidente: Dep. Daniel Almeida
(PCdoB/BA)
Comissão de Integração Nacional,
Desenvolvimento Regional e da
Amazônia (CINDRA)
Presidente: Dep. Marinha Raupp
(MDB/RO)
Comissão de Minas e Energia (CME)
Presidente: Dep. Marcelo Squassoni
(PRB/SP)
Comissão de Viação e Transportes
(CVT)
Presidente: Dep. Domingos Sávio
(PSDB/MG)
Comissão de Turismo (CTUR)
Presidente: Dep. Rafael Motta (PSB/RN)
Comissão de Finanças e Tributação
(CFT)
Presidente: Dep. Renato Molling (PP/RS)
Comissão de Fiscalização Financeira
e Controle (CFFC)
Presidente: Dep. Roberto de Lucena
(PODE/SP)
Comissão de Segurança Pública e
Combate ao Crime Organizado
(CSPCCO)
Presidente: Dep. Laerte Bessa (PR/DF)
Comissão de Relações Exteriores e de
Defesa Nacional (CREDN)
Presidente: Dep. Nilson Pinto (PSDB/PA)
Comissão de Legislação Participativa
(CLP)
Presidente: Dep. Pompeo de Mattos
(PDT/RS)
Comissão de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável
(CMADS)
Presidente: Dep. Leonardo Monteiro
(PT/MG)
Comissão do Esporte (CESPO)
Presidente: Dep. Alexandre Valle (PR/RJ)
9. 08
Política
Acesso à informação X vazamento de dados
Com o avanço tecnológico, também avançam a cultura, os recursos e até mesmo, os crimes.
Imerso em um cenário de mudanças, os dados pessoais são, na atualidade, uma grande fonte
geradora de riqueza, podendo ser o diferencial no sucesso de empresas. Grandes conglomerados
investem recursos humanos e fiscais na obtenção cada vez maior de informações sobre cada
pessoa da população, tanto para conhecer melhor seus clientes, como também para ajuda-los na
tomada de decisão.
O acesso à informação é parte constituinte da nossa nova cultura e em vão seria qualquer
esforço no sentido contrário. Ao mesmo tempo, também não se pode deixar livre para que
qualquer um obtenha informações e as utilize como bem entender. O grande ponto é, então, as
normas e limites que tal acesso deva ter.
Recentemente, o escândalo envolvendo uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, o
Facebook, deu ainda mais força ao debate. No Brasil não foi diferente, o evento ocorrido com a
empresa americana gerou uma série de discussões, principalmente no legislativo, trazendo
novamente para a pauta de discussão os projetos que regulamentam o acesso aos dados
pessoais.
Em paralelo, tramita na Câmara dos Deputados a proposta legislativa que altera a regra do
vigente cadastro negativo para o cadastro positivo, em que todos os brasileiros seriam
automaticamente incluídos em uma base de dados. A norma consiste na geração de pontuação
individual à população pelos birôs de crédito, a partir da inclusão das informações de crédito.
Com a grande divulgação do vazamento de dados obtidos pela rede social, órgãos de defesa do
consumidor criaram grande pressão em cima do relator do projeto que cria o Cadastro Positivo,
deputado Walter Ihoshi (PSD-SP), para a inclusão de respostas mais duras frente à possibilidade
de utilização inadequada das informações.
A principal intenção do cadastro positivo é, portanto, a facilitação do crédito, principalmente pela
população com renda mais baixa. Por que então os debates se mesclam gerando tanto
desconforto? O caso do Facebook inseriu um aspecto mais tátil à possibilidade de vazamento de
informações, sendo um ponto muito importante a ser avaliado.
Se a possibilidade de melhor avaliação de crédito dos brasileiros é, sem dúvidas, muito
importante, por outro lado, a necessidade de se punir quem, por conta da facilitação de acesso,
vazar as informações, é imprescindível. Ou seja, é necessário encontrar um ponto de equilíbrio.
O Projeto do Cadastro Positivo está há um mês na pauta do Plenário e, enquanto o governo quer
votar a todo custo, a oposição, ajudada pela pressão cartorial, tem travado a votação como
pode, deixando a pauta engessada por todo o período. Sob argumento de que a nova base de
dados invade a privacidade dos brasileiros, os cartórios permanecem com acesso exclusivo às
informações da população.
Com o assunto na mira dos jornais, o acesso à informação é uma das pautas mais movimentadas
atualmente. A necessidade de modernização se encontra com a urgência de punição a quem mal
utilizar a informação. O ponto de equilíbrio não é fácil e torna-se ainda mais difícil quando
potencializado frente aos interesses políticos e empresariais envolvidos.
Luciana Lemgruber
10. Relações Internacionais
09
Guerra comercial entre Estados Unidos e
China: qual o impacto na América Latina?
Desde a campanha eleitoral, Donald Trump vem divulgando ideias polêmicas e divisoras de
opiniões. Neste sentido, o atual presidente dos Estados Unidos, que durante o período eleitoral
ameaçou aumentar em até 30% a tarifa sobre todos os produtos chineses, instaurou a prática da
política America First com o objetivo de fortalecer a indústria americana em detrimento de
produtos importados.
A partir deste contexto, no último mês, Trump, no intuito de combater os produtos originários da
China, no primeiro momento, impôs sobretaxas ao aço e alumínio importado de vários países,
afetando diferentes mercados, entre eles o Brasil, que, de acordo com o Instituto Aço Brasil e
World Steel Association, tem os Estados Unidos, como o principal importador do aço brasileiro,
totalizando exportações de R$ 8,5 bilhões de reais.
Neste cenário, Donald Trump, visto o impacto, a priori, não almejado a outras nações, ainda em
março, liberou, temporariamente, alguns países de pagarem a sobretaxa. Na América Latina,
Brasil, Argentina e México (como membro do Tratado de Livre Comércio da América do Norte),
por exemplo, foram retirados da lista de obrigatoriedade do pagamento da tarifa.
Posteriormente, com o objetivo de, de fato, impactar negativamente a economia chinesa, o
Presidente norte americano anunciou tarifas de US$ 50 bilhões sobre 1,3 mil produtos chineses,
alegando violação de propriedade intelectual. Como retaliação as medidas americanas, em
seguida, o governo chinês divulgou uma lista de 128 produtos dos EUA, como soja, milho, suco
de laranja, carne e produtos químicos, os quais pretende sobretaxar.
Diante deste contexto, economias como a do Brasil, Argentina e Paraguai poderão ser
beneficiadas, ao passo que são países com alta competitividade em produtos agrícolas. Tratando-
se de soja, por exemplo, a China é a maior importadora do Brasil e, posteriormente, dos Estados
Unidos. Neste sentido, caso aplicada a tarifa chinesa, a soja brasileira seria uma substituta natural
da norte americana.
Além da soja, o Brasil também se beneficiaria com a aplicação da sobretaxa de outros produtos
como, o etanol e suco de laranja norte-americanos. No entanto, cabe ressaltar que, apesar da
lista de produtos divulgadas, a imposição de tarifas chinesas ainda está sendo negociada e não há
uma decisão sobre suas aplicações, bem como prazos.
Os benefícios para a América Latina, de forma geral, que a priori, parecem interessantes visto a
abertura de oportunidades comerciais, são, também, questionados ao passo que, em um cenário
de globalização, visto a relevância global das duas economias (Estados Unidos e China), os efeitos
de uma guerra comercial podem transbordar para países de diversas importâncias comerciais.
Assim, efeitos como aumento dos custos de exportações e diminuição do comércio internacional
podem ser percebidos.
Destaca-se, ainda, que as retaliações, de ambas as partes, poderão causar prejuízos
socioeconômicos, a longo prazo; vão contra a tendência global de abertura de mercados e
afetarão a segurança jurídica das nações envolvidas.
Isabela Girotto
11. Relações Internacionais
10
Going global? A importância de
internacionalizar
A política econômica internacional ganhou novos traços, especialmente após as crises de 2008 e
2011 e, mais recentemente, o pano de fundo dessa transformação incluiu uma onda global de
neopopulismo marcada pelo Brexit, saída do Reino Unido do bloco regional europeu, e condução
de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Além disso, os processos de globalização
econômica, marcadamente a liberalização, a diáspora corporativa e a integração regional, deram
espaço à uma nova dinâmica de relação econômica e comercial, menos integrada e mais
protecionista. Nesse cenário, para além da atração de investimentos estrangeiros, o investimento
no exterior e internacionalização se tornou ainda mais relevante.
A internacionalização é uma das alternativas para o incremento da competividade e ganho de
mercado em cenário de instabilidade econômica. Para além do quadro internacional, pautado pela
política econômica mais protecionista do governo Trump e avanço dos negócios chineses, o
panorama econômico brasileiro, apesar da melhora pós condução de Temer à presidência, ainda
não é ideal.
Dessa forma, e a exemplo do desenvolvimento de concorrência intercapitalista promovido pela
China, a atuação de empresas brasileiras em segmentos e regiões geográficas diversos é uma
alternativa eficaz para abertura de novos mercados, ganho de vantagem competitiva e
consequente incremento do comércio internacional brasileiro. Os ganhos de competitividade, por
sua vez, são oriundos de uma série de benesses elencados pela Agência Brasileira de Promoção
de Exportação e Investimentos (ApexBrasil): aumento do valor de marca (going global); aquisição
de novos conhecimentos e expertises; desenvolvimento de novos produtos e serviços;
diversificação de fontes de receitas; maior controle sobre canais de distribuição e venda no
mercado externo.
Apesar do entendimento tácito de que a internacionalização de empresas é benéfica em diversos
aspectos, e a despeito dos entraves e limitações intra-organizacionais, em âmbito nacional, no
que tange ao ambiente de incentivo público, há obstáculos significativos. O custo Brasil adiciona
às dificuldades inerentes do processo a elevada carga tributária, instabilidade cambial,
infraestrutura precária, problemas relacionados à logística, ausência de linhas de financiamento e
fragilidade institucional.
A fim de juntar-se aos países cujas empresas tornaram-se global players e acrescentar novos elos
à sua cadeia de valor em operações no exterior, portanto, o Brasil precisa enfrentar e solucionar
problemas que já estão associados aos mais diversos temas no que tange à economia nacional.
Faz-se necessário adequar-se, em âmbito doméstico, às práticas já adotadas por outros países
para ajustar-se também às necessidades e peculiaridades impostas pela economia internacional.
Allana Rodrigues
13. Calendário de Eventos
13
DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB
29 30 1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
Reunião do
Conselho Diretor
da ANATEL
Local: Sede da
ANATEL
Reunião Ordinária
Pública da
Diretoria da
ANVISA
Local: Sede da
ANVISA
Reunião da
CONITEC
Reunião Ordinária
Pública da
Diretoria da
ANVISA
Local: Sede da
ANVISA
2º Seminário de
Propriedade
Intelectual
Local: Maksoud
Plaza Hotel, São
Paulo/SP
Reunião do
Conselho Diretor
da ANATEL
Local: Sede da
ANATEL
305ª Reunião
Ordinária do
Conselho Nacional
de Saúde - CNS
Local: Brasília, DF
305ª Reunião
Ordinária do
Conselho Nacional
de Saúde - CNS
Local: Brasília, DF
Reunião da
CONITEC
Seoul Food and Hotel 2018
Local: Seul, Coréia do Sul
SIAL Canada 2018
Local: Montreal, Canadá
QCon São Paulo
Local: São Paulo/SP
Agro Brasília
Local: Brasília/DF
Oncologia Baseada
em Evidências
Local: Faculdade de
Saúde, UnB
Capital Empreendedora
Local: Brasília/DF
14. Calendário de Eventos
14
DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31 1 2
Reunião Ordinária
Interna da
Diretoria da
ANVISA
Local: Sede da
ANVISA
Reunião da Câmara
Setorial da Cadeia
Produtiva do Cacau
Local: Brasília/DF
134ª Reunião
Ordinária da Mensa
Diretora do CNS
Local: Brasília, DF
134ª Reunião
Ordinária da Mensa
Diretora do CNS
Local: Brasília, DF
Seminário
Conjunto
“Proteção de
Dados Pessoais”
Local: Câmara dos
Deputados,
Brasília/DF
VII Encontro Regional de Computação e Sistemas de Informação – ENCOSIS
Local: São Paulo/SP
Encontros
Tele.Síntese
Local: São Paulo/SP
Tecnomultimídia Infocomm
Local: São Paulo/SP
Bahia Farm Show
Local: Luís Eduardo Magalhães-BA, Brasil
3º Simpósio Ideia
Fértil - Doenças
Raras ABC
Local: São Paulo/SP
Campus Party BSB 2018
Local: Brasília/DF
Painel TELEBRASIL
Local: São Paulo/SP
Saúde Business Fórum
Local: Bahia
Hospitalar
Local: Expo center Norte São Paulo