SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 10
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Número 14




            Distribuição Funcional
               da Renda no Brasil:
                   situação recente




            12 de novembro de 2008
2


1. Apresentação1
            Os estudos sobre a evolução da renda a partir da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE são importantes no dimensionamento do grau
de desigualdade na distribuição pessoal da renda dos brasileiros, porém insuficientes
para mensurar a participação relativa do rendimento do trabalho no total da renda
nacional. Como a Pnad tende a capturar melhor a renda do trabalho, torna-se mais
complexo saber, por exemplo, se o que acontece com a desigualdade no interior do
rendimento dos trabalhadores também diz respeito às demais formas de renda dos
proprietários (lucros, juros e aluguéis de imóveis) 2 .
            Neste caso, precisa-se também levar em consideração o comportamento das
contas nacionais, pois permite analisar o conjunto das fontes geradoras da renda
nacional, para além do rendimento do trabalho. Por conta disso, este Comunicado da
Presidência nº 14 busca antecipar uma breve sistematização das informações referentes
à evolução mais recente da distribuição funcional da renda no Brasil. Assim, a:

             •   seção 1 analisa a desigualdade pessoal e funcional da renda no Brasil
                 desde 1990 e a
             •   seção 2 apresenta o comportamento dos principais elementos
                 constitutivos da distribuição funcional da renda no período desde 2000.

           As informações primárias que servem de base para o presente comunicado
pertencem ao IBGE, como nos casos do Sistema de Contas Nacionais (SCN) e da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. A sistematização dos dados oficiais e a
elaboração da análise apresentada a seguir são próprias dos estudos que se encontram
em curso no Ipea.

2. Desigualdades pessoal e funcional da renda desde 1990


            Nos últimos 17 anos, a evolução da desigualdade na repartição da renda do
Brasil apresentou diferentes situações. No caso da distribuição funcional da renda
nacional, há quatro distintas fases que indicam uma trajetória tortuosa na participação
relativa da parcela do trabalho na renda nacional. A primeira fase ocorreu entre 1990 e
1996, quando o rendimento do trabalho perdeu participação relativa no total da renda do
país (-15,2%), enquanto a segunda fase houve elevação da parcela do trabalho entre
1996 e 2001 (+5,4%).
            A terceira fase expressa nova queda relativa na participação do rendimento
do trabalho (-3,1%). Aconteceu entre 2001 e 2004. A partir de 2005, iniciou-se a quarta
fase, com a expansão da parcela do trabalho na renda nacional (+4% entre 2005 e 2006).
Nesse ritmo de crescimento, o rendimento do trabalho deve voltar – em
perspectiva – à mesma situação já verificada e m 1990, quando representava 45,4%

1
  Este estudo contou com a colaboração da Assessoria da Presidência do IPEA.
2
  A renda da propriedade deriva-se de ativos tangíveis (terrenos e unidades de produção econômica) e
intangíveis (aplicações financeiras) gerados por empreendimentos não constituídos (autônomos e
atividades informais) e plenamente constituídos, enquanto a renda do trabalho resulta como contrapartida
do emprego da força de trabalho.
3


do total da renda nacional, somente em 2011. Ou seja, 21 anos depois do
recrudescimento no movimento de piora da distribuição funcional da renda no
Brasil.
             No caso da desigualdade na distribuição pessoal da renda, que ocorre no
interior do conjunto do rendimento do trabalho, observa-se que desde 1990, salvo o ano
de 1993, ocorre queda praticamente contínua. Em 2007, por exemplo, o índice Gini que
mede a desigualdade da renda do trabalho (0,528) era 10,1% inferior ao do ano de 1990
(0,600).

                                    Gráfico 01
  Brasil: evolução do rendimento médio mensal real dos ocupados com 10 anos e
       mais de idade por decil selecionado em 1990 e 2007 (em R$ de 2007)

   16000
                                                                      13.510
   14000                                                                       11.799
   12000
   10000
    8000
    6000                                             4.579 4.130
    4000
    2000              110            225   262
                 76
       0
            10% mais pobres      20% mais pobres   10% mais ricos    1% mais ricos

                                    1990               2007

Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração própria).
*estimativa

            De maneira geral, a redução no índice de Gini durante o período de 1990 a
2007 esteve condicionada tanto pela elevação dos rendimentos na base da pirâmide
social brasileira como pela diminuição real nas remunerações dos ocupados nos
principais postos de trabalho do país. No período em referência, o rendimento médio
mensal real dos 10% mais pobres cresceu 44,4% (de R$76, em 1990, para R$110, em
2007), enquanto os 20% mais pobres aumentou 16,5%.
           Já em relação aos 10% dos ocupados mais bem remunerados, o rendimento
médio mensal real registrou perda de 9,8% (R$4.579 em 1990 para 4.130 em 2007).
Para o 1% dos ocupados com maior rendimento, a queda foi maior (12,7%) entre 1990 e
2007.
           Em síntese, percebe-se que a queda no grau de diferenciação dos
rendimentos no interior da renda do trabalho (distribuição pessoal da renda) nos últimos
17 anos não significou, necessariamente, que a desigualdade na distribuição funcional
da renda também tenha diminuindo. Pelo contrário, conforme ocorreu nos períodos de
1990-96 e de 2001-04, a queda na repartição pessoal da renda se deu
simultaneamente ao aumento na desigualdade da distribuição funcional da renda
(perda de participação relativa do rendimento dos trabalhadores).
           No primeiro período (1990-96), por exemplo, a desigualdade na distribuição
pessoal caiu 3,7% e a participação do trabalho na renda nacional diminuiu 15,2%,
4


enquanto no segundo período (2001-04) a desigualdade pessoal foi reduzida em 3,3% e
a parcela do trabalho perdeu mais 3,1% no total da renda nacional.
           Somente nos períodos de 1996-2001 e pós 2004 que se percebe a
convergência no sentido de queda nas desigualdade s pessoal e aumento da
participação funcional do trabalho na renda nacional. Entre os anos de 1996 e
2001, por exemplo, a desigualdade pessoal da renda caiu 2,4% e a parcela relativa
do trabalho na renda nacional subiu 5,4%, enquanto no período pós 2004, a
desigualdade pessoal caiu 1,1% e a participação do trabalho na renda nacional
aumentou 6%, como estimativa.

                                    Gráfico 02
Brasil: evolução do índice de desigualdade da renda pessoal (Gini para rendimento
dos ocupados de 10 anos e mais de idade) e do índice da parcela do rendimento do
             trabalho na renda nacional entre 1990 e 2007 (1990 = 100)
 102            100,0 (45,4%)                                                                                          100

       100,0                                                                                                           98
 100   (0,60)
                    95,8
                            97,2                                                                                       96
  98
                                       96,3
                                              95,5                                                             91,8* 94
  96
                                                        94,2                                                  (41,7%)
                                                                94,0                                  90,1            92
                                                                       93,5
  94               94,8
                                                                                                    (40,9%)
                                                                              92,0
                                                                                            88,3                       90
                                88,3
  92                                                                                 90,9
                                                         89,2 89,4                           90,4
                                                                                                      90,4
                                                                                                               89,9    88
                                                                                                     (0,54)
                                                                                                              (0,53)
  90                                   84,8                            87,7
                                                                              87,0                                     86
                                                                                     86,6
                                                 85,7
  88                                                                                                                   84
          1990       92     94          96       8      2000      1     2      3       4      5        6        7

                                       Pessoal                 Parcela do trabalho na renda nacional

Fonte: IBGE – SCN e PNAD (Elaboração própria).
*estimativa


             Ainda em relação à divisão nas distintas formas de apropriação da renda
nacional entre proprietários e trabalhadores, por exemplo, convém destacar que, no
âmbito econômico, há forte relação com o comportamento de variáveis relativas ao
ritmo de expansão da própria renda (crescimento, recessão ou estagnação) e o perfil da
produção e, por conseqüência, emprego e remuneração da mão-de-obra, (no mercado
interno ou no mercado externo, estimulado por investimentos ou por ocupação da
capacidade ociosa, entre outras), assim como o papel das políticas públicas (sociais,
tributação, entre outras). Entre 1990 e 2007, a expansão média anual da renda nacional
foi de apenas 2,99%.
            Nos primeiros seis anos da década de 1990, quando predominaram
medidas de combate à inflação, de redução do papel do Estado e de aberturas comercial,
financeira e produtiva, a economia cresceu 3,2% com média anual e houve redução na
participação da parcela do trabalho na renda nacional. Nessa fase, entretanto, o conjunto
da renda da propriedade e mista cresceu em 17,8% a sua participação relativa no total,
passando de 46,5%, em 1990, para 54,8%, em 1996.
5


             Entre 1996 e 2001, a renda nacional cresceu, em média, somente 1,9% ao
ano, fruto, em grande medida, das ações adotadas para enfrentar as crises financeiras da
época, adicionadas à desvalorização do real e à contenção das importações. Apesar
disso, a participação relativa do rendimento do trabalho recuperou parte de sua posição
perdida na fase anterior, enquanto o peso relativo da renda da propriedade e mista no
total caiu 4,6%, passando de 54,8%, em 1996, para 52,3%, em 2001.
            De 2001 a 2004, a expansão média anual da renda nacional foi de 3,2%,
mesmo com a manifestação da crise energética (2001) e da ortodoxia das medidas de
combate à inflação em 2003. Nessa fase, a parcela da renda do trabalho no total caiu
2,1%, enquanto a participação da renda da propriedade e mista aumentou de 52,3% do
total em 2001 para 53,6% em 2004.

                                     Gráfico 03
 Brasil: evolução do índice de variação da renda nacional e a divisão entre a renda
do trabalho e a do conjunto da propriedade e mista entre 1990 e 2007 (1990 = 100 e
                total da renda do trabalho e proprietários** = 100)
 170                                                                                                                                                                      165,1      56
                                                   54,8           54,6                                               53,8           53,6
                                                                               52,9                     53,2                                                     156,6
 160                                                                                          52,3
                                                                                                                                                                                     54
                                    52,3                                                                                                         52,6
                                                                                                                                                        150,5
       53,4                                                                                                                                                      51,7
 150                  50,5                                                                                                               145,9                           51,1*       52

                                                                                                                            138,0
 140                                                                                                         136,5                                                                   50
                                                                                                132,9
                      49,5                                                            131,2
 130                                                                   124,8                                                                                             48,9*       48
                                     47,6                 120,6                                                                                                 48,3
                                                                                              47,7
 120                                                                           47,1                                                              47,4                                46
       46,5                                                                                             46,8
                                           112,7                                                                     46,2           46,4
                                                                  45,4
 110                        101,5                  45,2                                                                                                                              44
              100,0
 100                                                                                                                                                                                 42

  90                                                                                                                                                                                 40
       1990            92             94             96            8           2000            1         2            3              4            5              6        7

                               Renda nacional                              Renda da propriedade e mista                                    Renda do Trabalho

Fonte: IBGE – SCN e PNAD (Elaboração própria).
*estimativa; ** não inclui imposto líquido sobre a produção que responde, em média, por 15% de toda a
renda nacional.


             De 2005 a 2007, a renda nacional aumentou 4,2% como média anual,
estimulada pelo crescimento do mercado interno e das exportações. Nesse período, o
peso do rendimento do trabalho em relação à renda nacional voltou a se recuperar, sem
atingir, contudo, a mesma situação já constatada em 1990 (53,4%). Em compensação, a
parcela da renda da propriedade e mista no total caiu de 53,6%, em 2004 para 51,1% em
2007, como estimativa.
           Resumidamente, ressalta-se que para haver melhora geral na distribuição
da renda nacional torna-se necessário que o aumento do peso relativo da parcela
do trabalho na renda nacional (repartição funcional) ocorra simultaneamente à
redução da desigualdade na repartição pessoal da renda do trabalho. Nos últimos
17 anos, somente em seis houve redução plena da desigualdade de renda no Brasil
6


(pessoal e funcional), uma vez que na maior parte do tempo (2/3 dos últimos 17
anos) ocorreu elevação parcial ou total no gra u de desigualdade na renda nacional.




3. Comportamento da distribuição funcional da renda nacional


            Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) do país de 2,370 trilhões de reais
equivaleu a 12.688 reais em média per capita. Pela ótica da renda gerada pelo conjunto
das atividades produtivas chega-se à conclusão de que o conjunto dos trabalhadores
absorveu 40,9% do total (R$ 5.190), enquanto os proprietários apropriaram-se de 43,8%
(R$ 5.557). A parte restante (15,3%) refere-se aos impostos líquidos de subsídios sobre
a produção e importação (R$1.941)
            Se considerada a evolução da distribuição funcional da renda nos primeiros
seis anos da década de 2000, registram-se duas importantes alterações que sintetizam o
saldo positivo acumulado em 1% na elevação relativa do rendimento do trabalho na
renda nacional. Entre 2000 e 2004, por exemplo, o peso relativo do trabalho na renda
nacional caiu 3%, passando de 40,5% para 39,3% da renda total, enquanto de 2005 a
2006, houve aumento de 4,1% na parcela da renda dos trabalhadores.

                                     Gráfico 04
Brasil: variação da participação do rendimento do trabalho na renda nacional por
                         setores entre 2000 e 2006 (em %)
  55
  50
  45                                                                                      ISFLSF*                Peso da
  40                                                                                                            parcela do
  35      Empresas           Empresas               Adminstraçã      Unidades                  28,6            trabalho na
  30        não             financeiras              o pública       familiares
  25                                                                                                         renda nacional
  20
                                                                             7,7                      12,5
  15
  10
    5    0,4 3,1 3,6              4,3                     3,6 2,7                                                     4,1
                                                                                                                            1,0
    0
   -5                                              -0,9
 -10                                                                                                           -3,0
                                                                                   -6,7
 -15
 -20                                                                                       -12,5
                                                                     -13,3
 -25                                    -20,0
 -30                      -23,3

                                         2000/04              2004/2006              2000/06

Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)
* Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias

           A principal razão para o baixo desempenho da parcela do trabalho na renda
nacional está relacionada à queda na remuneração dos trabalhadores ocupados nas
empresas financeiras e nas famílias, com redução de 20% e 6,7%, respectivame nte entre
os anos de 2000 e 2006. As empresas não financeiras registraram maior elevação na
remuneração dos trabalhadores (3,6%) que na administração pública (2,7%) durante o
mesmo período de tempo, embora seja no segmento de instituições sem fins de lucro
7


que tenha registrado expansão superior (12,5%). O segmento das empresas não
financeiras foi o único que entre 2000 e 2006 apresentou tanto elevação da participação
das remunerações dos trabalhadores como o aumento relativo da renda dos proprietários
e mista na renda nacional. Na administração pública houve também a elevação da renda
do trabalho, porém com redução no peso da renda dos proprietários.
            Nas famílias ocorreu a redução tanto na participação das remunerações dos
trabalhadores como na renda da propriedade e mista no total do país. Somente o
segmento das empresas financeiras reduziu a renda do trabalho com elevação da renda
dos proprietários.
                                    Gráfico 05
 Brasil: evolução da composição do rendimento do trabalho na renda nacional por
                        setores entre 2000 e 2006 (em %)
 70
 60                55,3                                                 56,7
 50
 40
                           27,9                                                     28,4
 30
 20
           7,4                       7,4                      5,9                               6,8
 10                                          2,0                                                             2,2
  0
                           2000                                                     2006
      Empresa financeira     Empresa não financeira       Administração pública               Famílias             ISFLSF

Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)
* Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias

             Na composição da renda do trabalho por setores de atividade, observa-se o
avanço relativo das empresas não financeiras, da administração pública e das
instituições sem fim lucrativo entre os anos de 2000 e 2006. Em contrapartida, reduziu a
participação das empresas financeiras e das famílias no total da renda do trabalho.


                 Gráfico 06                                 25
     Brasil: participação da renda dos                               23,2
                                                                 22,4
trabalhadores na renda nacional por setores
         entre 2000 e 2006 (em %)                           20




                                                            15
                                                                                                     11,6
                                                                                              11,3

                                                            10




                                                             5
                                                                                3,0                          3,0
                                                                                       2,4                          2,8           0,9
                                                                                                                            0,8
                                                             0
                                                                 Empresas não    Empresas     Adminstração    Famílias      ISFLSF*
                                                                  financeiras   financeiras     pública

                                                                                    2000                       2006

                                                           Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)
                                                           *Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias
8


                                                 25
                                                             23,0
                                                      21,2                                              20,5
                                                 20
                 Gráfico 07
     Brasil: participação da renda dos                                                                         15,7
 proprietários e mista na renda nacional por     15

     setores entre 2000 e 2006 (em %)
                                                 10



                                                  5                               3,6
                                                                            2,0           1,7
                                                                                                1,5
                                                  0
                                                      Empresas não      Empresas         Adminstração   Famílias
                                                       financeiras      financeiras        pública

                                                                    2000                         2006

                                                Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)


            Quando se considera somente a parcela do trabalho na renda nacional, pode-
se constatar o papel relativo do salário ou das contribuições sociais. Entre 2000 e 2006,
por exemplo, o peso relativo dos salários aumentou levemente em relação às
contribuições sociais.

                                      Gráfico 08
      Brasil: evolução da composição da renda do trabalho em 2000 e 2006 (em %)
 90
                  79,3                                               79,5
 80

 70

 60

 50

 40

 30
                                20,7                                                     20,5
 20

 10

 0

                         2000                                                     2006
                                Salário        Contribuição social

Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)


             Entre 2000 e 2006, as contribuições sociais apresentaram efeito nulo,
embora com situações distintas por períodos de tempo. Noutras palavras apresentaram
efeito anticíclico que indica na fase de baixa das remunerações dos trabalhadores, como
entre 2000 e 2004 (-4,1%) o crescimento relativo das contribuições (+1,2%) na renda do
trabalho. Já na fase de alta da remuneração, como entre 2004 e 2006 (+5,5%), decresceu
o peso relativo das contribuições (-1,2%) no total da renda do trabalho.
9


                                       Gráfico 09
      Brasil: evolução da composição da parcela do trabalho na renda nacional entre
                                   2000 e 2006 (em %)
 6                                                        5,5
  5
                      4,1
 4
 3
 2                                                                  1,2               1,2
                               1,0
  1                                                                                                    0,0
 0
 -1         Renda do trabalho                            Salário                      Contribuição social
 -2                                                                                          -1,2
 -3

 -4         -2,9
 -5                                              -4,1
                                     2000-2004           2004-06            2000-06

Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)


            De 2000 a 2004, a taxa de ocupação no Brasil cresceu 1,1% (de 55,7% para
56,3% na população de 10 anos e mais de idade), enquanto o rendimento médio dos
trabalhadores foi diminuído em 11,6% (de R$940 para R$831). Entre 2004 e 2006, a
taxa de ocupação aumentou 1,2% (de 56,3% para 57%) e o rendimento médio dos
ocupados cresceu 12,2% (de R$831 para R$932).
           Em relação ao conjunto dos componentes da renda nacional, percebe-se que,
entre 2000 e 2006, os detentores de renda mista (que não se enquadram no trabalho
subordinado, pois possuem meios próprios de geração de rendimentos como família
com aluguel, autônomo, entre outros) foram o segmento que acumulou perda de 21,1%.
Simultaneamente à diminuição relativa do rendimento misto na renda nacional entre
2000 e 2006, houve a expansão da renda dos proprietários (2,4%) e do trabalho 1%.

                                       Gráfico 10
      Brasil: evolução dos componentes da renda nacional entre 2000 e 2006 (em %)
  35

 30
  25                                                      Renda da
                    Renda do
 20                                                     propriedade                           Renda Mista
                    trabalho
  15

  10                                              5,3
                      4,1                                             2,4
      5                        1,0
      0
  -5
             -2,9                                          -2,8
 -10                                                                                            -5,3
 -15
 -20
                                                                                      -16,7
 -25                                                                                                   -21,1

                                     2000-2004            2004-06           2000-06

Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria)


           De 2000 a 2004, os trabalhadores e detentores de renda mista perderam,
enquanto os proprietários aumentaram a participação relativa na renda nacional. Depois
de 2004, somente os trabalhadores conseguiram elevar a participação relativa na renda
10


nacional, uma vez que proprietários e detentores de renda mista reduziram seus pesos
relativos.

                                    Gráfico 11
  Brasil: gastos acumulados com juros, saúde, educação e investimentos da União
                     entre 2000 e 2007 (em bilhões de reais*)
 1400
             1.267,6

 1200


 1000


 800


 600


 400                                  310,9

                                                             149,9
 200
                                                                           93,8
   0

              Juros                  Saude                  Educação   Investimentos

Fonte: SIAF/STN, Bacen e IPEA -Disoc (elaboração própria)
* deflator implícito do PIB


           Diante do destacado desempenho dos principais componentes da renda
nacional, cabe breve referência sobre a qualidade do gasto público realizado. Se
considerada a despesa acumulada pela União entre 2000 e 2007, nota-se, por exemplo,
que o pagamento de juros com o endividame nto público respondeu por próximo de 7%
ao ano como média do total do PIB.
            Ademais de poder ser considerado como um gasto improdutivo, pois não
gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores,
termina fundamentalmente favorecendo a maior apropriação da renda nacional pelos
detentores de renda da propriedade (títulos financeiros). Para o mesmo período de
tempo, a somatória dos gastos da União com saúde, educação e investimento
correspondeu a somente 43,8% do total das despesas com juros, equivalente a quase
54% da renda nacional de 2006 (2,370 trilhões de reais).

Weitere ähnliche Inhalte

Andere mochten auch

Distribuição de renda e crescimento econômico
Distribuição de renda e crescimento econômicoDistribuição de renda e crescimento econômico
Distribuição de renda e crescimento econômicoRosane Domingues
 
Questao social e Politicas Sociais
Questao social e Politicas Sociais Questao social e Politicas Sociais
Questao social e Politicas Sociais GlauciaAS
 
Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.
 Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.  Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.
Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social. Rose Rocha
 
A assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza Sposati
A assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza SposatiA assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza Sposati
A assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza SposatiJéssica Tomaz
 
o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...
o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...
o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...Mauro Moraes
 
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...Danilo de Azevedo
 
Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...
Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...
Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...Edinho Silva
 
Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)
Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)
Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)Thiago Prisco
 
Transgenicos
TransgenicosTransgenicos
Transgenicoseleali
 
Ook leren provoceren?
Ook leren provoceren?Ook leren provoceren?
Ook leren provoceren?Eric Hendriks
 
year book cover
year book coveryear book cover
year book coverlmsmith1
 

Andere mochten auch (20)

1314 3468-1-sp
1314 3468-1-sp1314 3468-1-sp
1314 3468-1-sp
 
Mobilidade de renda no brasil
Mobilidade de renda no brasilMobilidade de renda no brasil
Mobilidade de renda no brasil
 
Distribuição de renda e crescimento econômico
Distribuição de renda e crescimento econômicoDistribuição de renda e crescimento econômico
Distribuição de renda e crescimento econômico
 
Questao social e Politicas Sociais
Questao social e Politicas Sociais Questao social e Politicas Sociais
Questao social e Politicas Sociais
 
Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.
 Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.  Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.
Enfoque das políticas sociais e do desenvolvimento do serviço social.
 
A assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza Sposati
A assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza SposatiA assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza Sposati
A assistência social no Brasil 1983-1990 - Aldaíza Sposati
 
o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...
o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...
o bpc eos benefícios de transferência de renda no municipio de campinas desaf...
 
TCC_RICARDOPALHEIROS_11122013_FULL
TCC_RICARDOPALHEIROS_11122013_FULLTCC_RICARDOPALHEIROS_11122013_FULL
TCC_RICARDOPALHEIROS_11122013_FULL
 
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA - Superando a pobreza e reduzindo a privação de capaci...
 
Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania
Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadaniaPrograma Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania
Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania
 
Bpc
BpcBpc
Bpc
 
Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...
Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...
Bolsa Família: Avanços, limites e possibilidades do programa que está transfo...
 
Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)
Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)
Yazbek, maria carmelita. estado e políticas sociais (1)
 
A construção da politica social no brasil
A construção da politica social no brasilA construção da politica social no brasil
A construção da politica social no brasil
 
Transgenicos
TransgenicosTransgenicos
Transgenicos
 
Ook leren provoceren?
Ook leren provoceren?Ook leren provoceren?
Ook leren provoceren?
 
year book cover
year book coveryear book cover
year book cover
 
PresentacióN2
PresentacióN2PresentacióN2
PresentacióN2
 
Difus.Autoevalua
Difus.AutoevaluaDifus.Autoevalua
Difus.Autoevalua
 
Cais
CaisCais
Cais
 

Mehr von Jamildo Melo

Auxilio moradia para magistrados
Auxilio moradia para magistradosAuxilio moradia para magistrados
Auxilio moradia para magistradosJamildo Melo
 
Denuncia contrato jaboatao_mppe
Denuncia contrato jaboatao_mppeDenuncia contrato jaboatao_mppe
Denuncia contrato jaboatao_mppeJamildo Melo
 
Empe 2 claudia leite
Empe 2  claudia leiteEmpe 2  claudia leite
Empe 2 claudia leiteJamildo Melo
 
Emp 1º claudia leite
Emp 1º claudia leiteEmp 1º claudia leite
Emp 1º claudia leiteJamildo Melo
 
Defesa clube engenharia_galo_madrugada
Defesa clube engenharia_galo_madrugadaDefesa clube engenharia_galo_madrugada
Defesa clube engenharia_galo_madrugadaJamildo Melo
 
Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013
Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013
Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013Jamildo Melo
 
Expectativas econômicas 2014
Expectativas econômicas 2014Expectativas econômicas 2014
Expectativas econômicas 2014Jamildo Melo
 
Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013
Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013
Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013Jamildo Melo
 
Pedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma Rousseff
Pedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma RousseffPedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma Rousseff
Pedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma RousseffJamildo Melo
 
Lei de Nepotismo - Belo Jardim
Lei de Nepotismo - Belo JardimLei de Nepotismo - Belo Jardim
Lei de Nepotismo - Belo JardimJamildo Melo
 
Açao popular nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...
Açao popular   nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...Açao popular   nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...
Açao popular nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...Jamildo Melo
 
Acordo interno do PT
Acordo interno do PTAcordo interno do PT
Acordo interno do PTJamildo Melo
 
Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogas
Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogasPlano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogas
Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogasJamildo Melo
 
Eleitoral pe out 01 dinâmica da eleição para o governo do estado
Eleitoral pe out 01   dinâmica da eleição para o governo do estadoEleitoral pe out 01   dinâmica da eleição para o governo do estado
Eleitoral pe out 01 dinâmica da eleição para o governo do estadoJamildo Melo
 
Ofício ss cgcva nº 12 2013
Ofício ss cgcva nº 12 2013Ofício ss cgcva nº 12 2013
Ofício ss cgcva nº 12 2013Jamildo Melo
 
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmares
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmaresMapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmares
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmaresJamildo Melo
 

Mehr von Jamildo Melo (20)

Auxilio moradia para magistrados
Auxilio moradia para magistradosAuxilio moradia para magistrados
Auxilio moradia para magistrados
 
Denuncia contrato jaboatao_mppe
Denuncia contrato jaboatao_mppeDenuncia contrato jaboatao_mppe
Denuncia contrato jaboatao_mppe
 
Empe 2 claudia leite
Empe 2  claudia leiteEmpe 2  claudia leite
Empe 2 claudia leite
 
Emp 1º claudia leite
Emp 1º claudia leiteEmp 1º claudia leite
Emp 1º claudia leite
 
Defesa clube engenharia_galo_madrugada
Defesa clube engenharia_galo_madrugadaDefesa clube engenharia_galo_madrugada
Defesa clube engenharia_galo_madrugada
 
Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013
Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013
Incentivos do Governo de Pernambuco - dezembro de 2013
 
Expectativas econômicas 2014
Expectativas econômicas 2014Expectativas econômicas 2014
Expectativas econômicas 2014
 
Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013
Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013
Pesquisa CNI Ibope - dezembro de 2013
 
Pedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma Rousseff
Pedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma RousseffPedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma Rousseff
Pedido de Eduardo da Fonte para presidente Dilma Rousseff
 
Lei de Nepotismo - Belo Jardim
Lei de Nepotismo - Belo JardimLei de Nepotismo - Belo Jardim
Lei de Nepotismo - Belo Jardim
 
Açao popular nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...
Açao popular   nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...Açao popular   nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...
Açao popular nomeacao de secretario e fechamento de unidade de saude - 0020...
 
Ple 065.2013
Ple 065.2013Ple 065.2013
Ple 065.2013
 
Acordo interno do PT
Acordo interno do PTAcordo interno do PT
Acordo interno do PT
 
Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogas
Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogasPlano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogas
Plano Municipal de Atenção Integrada ao Crack e outras drogas
 
Processo cnj
Processo cnjProcesso cnj
Processo cnj
 
Decisão do TJPE
Decisão do TJPEDecisão do TJPE
Decisão do TJPE
 
Eleitoral pe out 01 dinâmica da eleição para o governo do estado
Eleitoral pe out 01   dinâmica da eleição para o governo do estadoEleitoral pe out 01   dinâmica da eleição para o governo do estado
Eleitoral pe out 01 dinâmica da eleição para o governo do estado
 
Ofício ss cgcva nº 12 2013
Ofício ss cgcva nº 12 2013Ofício ss cgcva nº 12 2013
Ofício ss cgcva nº 12 2013
 
Celpe
CelpeCelpe
Celpe
 
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmares
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmaresMapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmares
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmares
 

Kürzlich hochgeladen

Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdfProgramação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdfSamaraLunas
 
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docxATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx2m Assessoria
 
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx2m Assessoria
 
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx2m Assessoria
 
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsBoas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsDanilo Pinotti
 
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploPadrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploDanilo Pinotti
 
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx2m Assessoria
 
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdfLuís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdfLuisKitota
 

Kürzlich hochgeladen (8)

Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdfProgramação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
 
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docxATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
 
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
 
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
 
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsBoas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
 
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploPadrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
 
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
 
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdfLuís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
 

Pesquisa Ipea

  • 1. Número 14 Distribuição Funcional da Renda no Brasil: situação recente 12 de novembro de 2008
  • 2. 2 1. Apresentação1 Os estudos sobre a evolução da renda a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE são importantes no dimensionamento do grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda dos brasileiros, porém insuficientes para mensurar a participação relativa do rendimento do trabalho no total da renda nacional. Como a Pnad tende a capturar melhor a renda do trabalho, torna-se mais complexo saber, por exemplo, se o que acontece com a desigualdade no interior do rendimento dos trabalhadores também diz respeito às demais formas de renda dos proprietários (lucros, juros e aluguéis de imóveis) 2 . Neste caso, precisa-se também levar em consideração o comportamento das contas nacionais, pois permite analisar o conjunto das fontes geradoras da renda nacional, para além do rendimento do trabalho. Por conta disso, este Comunicado da Presidência nº 14 busca antecipar uma breve sistematização das informações referentes à evolução mais recente da distribuição funcional da renda no Brasil. Assim, a: • seção 1 analisa a desigualdade pessoal e funcional da renda no Brasil desde 1990 e a • seção 2 apresenta o comportamento dos principais elementos constitutivos da distribuição funcional da renda no período desde 2000. As informações primárias que servem de base para o presente comunicado pertencem ao IBGE, como nos casos do Sistema de Contas Nacionais (SCN) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. A sistematização dos dados oficiais e a elaboração da análise apresentada a seguir são próprias dos estudos que se encontram em curso no Ipea. 2. Desigualdades pessoal e funcional da renda desde 1990 Nos últimos 17 anos, a evolução da desigualdade na repartição da renda do Brasil apresentou diferentes situações. No caso da distribuição funcional da renda nacional, há quatro distintas fases que indicam uma trajetória tortuosa na participação relativa da parcela do trabalho na renda nacional. A primeira fase ocorreu entre 1990 e 1996, quando o rendimento do trabalho perdeu participação relativa no total da renda do país (-15,2%), enquanto a segunda fase houve elevação da parcela do trabalho entre 1996 e 2001 (+5,4%). A terceira fase expressa nova queda relativa na participação do rendimento do trabalho (-3,1%). Aconteceu entre 2001 e 2004. A partir de 2005, iniciou-se a quarta fase, com a expansão da parcela do trabalho na renda nacional (+4% entre 2005 e 2006). Nesse ritmo de crescimento, o rendimento do trabalho deve voltar – em perspectiva – à mesma situação já verificada e m 1990, quando representava 45,4% 1 Este estudo contou com a colaboração da Assessoria da Presidência do IPEA. 2 A renda da propriedade deriva-se de ativos tangíveis (terrenos e unidades de produção econômica) e intangíveis (aplicações financeiras) gerados por empreendimentos não constituídos (autônomos e atividades informais) e plenamente constituídos, enquanto a renda do trabalho resulta como contrapartida do emprego da força de trabalho.
  • 3. 3 do total da renda nacional, somente em 2011. Ou seja, 21 anos depois do recrudescimento no movimento de piora da distribuição funcional da renda no Brasil. No caso da desigualdade na distribuição pessoal da renda, que ocorre no interior do conjunto do rendimento do trabalho, observa-se que desde 1990, salvo o ano de 1993, ocorre queda praticamente contínua. Em 2007, por exemplo, o índice Gini que mede a desigualdade da renda do trabalho (0,528) era 10,1% inferior ao do ano de 1990 (0,600). Gráfico 01 Brasil: evolução do rendimento médio mensal real dos ocupados com 10 anos e mais de idade por decil selecionado em 1990 e 2007 (em R$ de 2007) 16000 13.510 14000 11.799 12000 10000 8000 6000 4.579 4.130 4000 2000 110 225 262 76 0 10% mais pobres 20% mais pobres 10% mais ricos 1% mais ricos 1990 2007 Fonte: IBGE - PNAD (Elaboração própria). *estimativa De maneira geral, a redução no índice de Gini durante o período de 1990 a 2007 esteve condicionada tanto pela elevação dos rendimentos na base da pirâmide social brasileira como pela diminuição real nas remunerações dos ocupados nos principais postos de trabalho do país. No período em referência, o rendimento médio mensal real dos 10% mais pobres cresceu 44,4% (de R$76, em 1990, para R$110, em 2007), enquanto os 20% mais pobres aumentou 16,5%. Já em relação aos 10% dos ocupados mais bem remunerados, o rendimento médio mensal real registrou perda de 9,8% (R$4.579 em 1990 para 4.130 em 2007). Para o 1% dos ocupados com maior rendimento, a queda foi maior (12,7%) entre 1990 e 2007. Em síntese, percebe-se que a queda no grau de diferenciação dos rendimentos no interior da renda do trabalho (distribuição pessoal da renda) nos últimos 17 anos não significou, necessariamente, que a desigualdade na distribuição funcional da renda também tenha diminuindo. Pelo contrário, conforme ocorreu nos períodos de 1990-96 e de 2001-04, a queda na repartição pessoal da renda se deu simultaneamente ao aumento na desigualdade da distribuição funcional da renda (perda de participação relativa do rendimento dos trabalhadores). No primeiro período (1990-96), por exemplo, a desigualdade na distribuição pessoal caiu 3,7% e a participação do trabalho na renda nacional diminuiu 15,2%,
  • 4. 4 enquanto no segundo período (2001-04) a desigualdade pessoal foi reduzida em 3,3% e a parcela do trabalho perdeu mais 3,1% no total da renda nacional. Somente nos períodos de 1996-2001 e pós 2004 que se percebe a convergência no sentido de queda nas desigualdade s pessoal e aumento da participação funcional do trabalho na renda nacional. Entre os anos de 1996 e 2001, por exemplo, a desigualdade pessoal da renda caiu 2,4% e a parcela relativa do trabalho na renda nacional subiu 5,4%, enquanto no período pós 2004, a desigualdade pessoal caiu 1,1% e a participação do trabalho na renda nacional aumentou 6%, como estimativa. Gráfico 02 Brasil: evolução do índice de desigualdade da renda pessoal (Gini para rendimento dos ocupados de 10 anos e mais de idade) e do índice da parcela do rendimento do trabalho na renda nacional entre 1990 e 2007 (1990 = 100) 102 100,0 (45,4%) 100 100,0 98 100 (0,60) 95,8 97,2 96 98 96,3 95,5 91,8* 94 96 94,2 (41,7%) 94,0 90,1 92 93,5 94 94,8 (40,9%) 92,0 88,3 90 88,3 92 90,9 89,2 89,4 90,4 90,4 89,9 88 (0,54) (0,53) 90 84,8 87,7 87,0 86 86,6 85,7 88 84 1990 92 94 96 8 2000 1 2 3 4 5 6 7 Pessoal Parcela do trabalho na renda nacional Fonte: IBGE – SCN e PNAD (Elaboração própria). *estimativa Ainda em relação à divisão nas distintas formas de apropriação da renda nacional entre proprietários e trabalhadores, por exemplo, convém destacar que, no âmbito econômico, há forte relação com o comportamento de variáveis relativas ao ritmo de expansão da própria renda (crescimento, recessão ou estagnação) e o perfil da produção e, por conseqüência, emprego e remuneração da mão-de-obra, (no mercado interno ou no mercado externo, estimulado por investimentos ou por ocupação da capacidade ociosa, entre outras), assim como o papel das políticas públicas (sociais, tributação, entre outras). Entre 1990 e 2007, a expansão média anual da renda nacional foi de apenas 2,99%. Nos primeiros seis anos da década de 1990, quando predominaram medidas de combate à inflação, de redução do papel do Estado e de aberturas comercial, financeira e produtiva, a economia cresceu 3,2% com média anual e houve redução na participação da parcela do trabalho na renda nacional. Nessa fase, entretanto, o conjunto da renda da propriedade e mista cresceu em 17,8% a sua participação relativa no total, passando de 46,5%, em 1990, para 54,8%, em 1996.
  • 5. 5 Entre 1996 e 2001, a renda nacional cresceu, em média, somente 1,9% ao ano, fruto, em grande medida, das ações adotadas para enfrentar as crises financeiras da época, adicionadas à desvalorização do real e à contenção das importações. Apesar disso, a participação relativa do rendimento do trabalho recuperou parte de sua posição perdida na fase anterior, enquanto o peso relativo da renda da propriedade e mista no total caiu 4,6%, passando de 54,8%, em 1996, para 52,3%, em 2001. De 2001 a 2004, a expansão média anual da renda nacional foi de 3,2%, mesmo com a manifestação da crise energética (2001) e da ortodoxia das medidas de combate à inflação em 2003. Nessa fase, a parcela da renda do trabalho no total caiu 2,1%, enquanto a participação da renda da propriedade e mista aumentou de 52,3% do total em 2001 para 53,6% em 2004. Gráfico 03 Brasil: evolução do índice de variação da renda nacional e a divisão entre a renda do trabalho e a do conjunto da propriedade e mista entre 1990 e 2007 (1990 = 100 e total da renda do trabalho e proprietários** = 100) 170 165,1 56 54,8 54,6 53,8 53,6 52,9 53,2 156,6 160 52,3 54 52,3 52,6 150,5 53,4 51,7 150 50,5 145,9 51,1* 52 138,0 140 136,5 50 132,9 49,5 131,2 130 124,8 48,9* 48 47,6 120,6 48,3 47,7 120 47,1 47,4 46 46,5 46,8 112,7 46,2 46,4 45,4 110 101,5 45,2 44 100,0 100 42 90 40 1990 92 94 96 8 2000 1 2 3 4 5 6 7 Renda nacional Renda da propriedade e mista Renda do Trabalho Fonte: IBGE – SCN e PNAD (Elaboração própria). *estimativa; ** não inclui imposto líquido sobre a produção que responde, em média, por 15% de toda a renda nacional. De 2005 a 2007, a renda nacional aumentou 4,2% como média anual, estimulada pelo crescimento do mercado interno e das exportações. Nesse período, o peso do rendimento do trabalho em relação à renda nacional voltou a se recuperar, sem atingir, contudo, a mesma situação já constatada em 1990 (53,4%). Em compensação, a parcela da renda da propriedade e mista no total caiu de 53,6%, em 2004 para 51,1% em 2007, como estimativa. Resumidamente, ressalta-se que para haver melhora geral na distribuição da renda nacional torna-se necessário que o aumento do peso relativo da parcela do trabalho na renda nacional (repartição funcional) ocorra simultaneamente à redução da desigualdade na repartição pessoal da renda do trabalho. Nos últimos 17 anos, somente em seis houve redução plena da desigualdade de renda no Brasil
  • 6. 6 (pessoal e funcional), uma vez que na maior parte do tempo (2/3 dos últimos 17 anos) ocorreu elevação parcial ou total no gra u de desigualdade na renda nacional. 3. Comportamento da distribuição funcional da renda nacional Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) do país de 2,370 trilhões de reais equivaleu a 12.688 reais em média per capita. Pela ótica da renda gerada pelo conjunto das atividades produtivas chega-se à conclusão de que o conjunto dos trabalhadores absorveu 40,9% do total (R$ 5.190), enquanto os proprietários apropriaram-se de 43,8% (R$ 5.557). A parte restante (15,3%) refere-se aos impostos líquidos de subsídios sobre a produção e importação (R$1.941) Se considerada a evolução da distribuição funcional da renda nos primeiros seis anos da década de 2000, registram-se duas importantes alterações que sintetizam o saldo positivo acumulado em 1% na elevação relativa do rendimento do trabalho na renda nacional. Entre 2000 e 2004, por exemplo, o peso relativo do trabalho na renda nacional caiu 3%, passando de 40,5% para 39,3% da renda total, enquanto de 2005 a 2006, houve aumento de 4,1% na parcela da renda dos trabalhadores. Gráfico 04 Brasil: variação da participação do rendimento do trabalho na renda nacional por setores entre 2000 e 2006 (em %) 55 50 45 ISFLSF* Peso da 40 parcela do 35 Empresas Empresas Adminstraçã Unidades 28,6 trabalho na 30 não financeiras o pública familiares 25 renda nacional 20 7,7 12,5 15 10 5 0,4 3,1 3,6 4,3 3,6 2,7 4,1 1,0 0 -5 -0,9 -10 -3,0 -6,7 -15 -20 -12,5 -13,3 -25 -20,0 -30 -23,3 2000/04 2004/2006 2000/06 Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) * Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias A principal razão para o baixo desempenho da parcela do trabalho na renda nacional está relacionada à queda na remuneração dos trabalhadores ocupados nas empresas financeiras e nas famílias, com redução de 20% e 6,7%, respectivame nte entre os anos de 2000 e 2006. As empresas não financeiras registraram maior elevação na remuneração dos trabalhadores (3,6%) que na administração pública (2,7%) durante o mesmo período de tempo, embora seja no segmento de instituições sem fins de lucro
  • 7. 7 que tenha registrado expansão superior (12,5%). O segmento das empresas não financeiras foi o único que entre 2000 e 2006 apresentou tanto elevação da participação das remunerações dos trabalhadores como o aumento relativo da renda dos proprietários e mista na renda nacional. Na administração pública houve também a elevação da renda do trabalho, porém com redução no peso da renda dos proprietários. Nas famílias ocorreu a redução tanto na participação das remunerações dos trabalhadores como na renda da propriedade e mista no total do país. Somente o segmento das empresas financeiras reduziu a renda do trabalho com elevação da renda dos proprietários. Gráfico 05 Brasil: evolução da composição do rendimento do trabalho na renda nacional por setores entre 2000 e 2006 (em %) 70 60 55,3 56,7 50 40 27,9 28,4 30 20 7,4 7,4 5,9 6,8 10 2,0 2,2 0 2000 2006 Empresa financeira Empresa não financeira Administração pública Famílias ISFLSF Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) * Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias Na composição da renda do trabalho por setores de atividade, observa-se o avanço relativo das empresas não financeiras, da administração pública e das instituições sem fim lucrativo entre os anos de 2000 e 2006. Em contrapartida, reduziu a participação das empresas financeiras e das famílias no total da renda do trabalho. Gráfico 06 25 Brasil: participação da renda dos 23,2 22,4 trabalhadores na renda nacional por setores entre 2000 e 2006 (em %) 20 15 11,6 11,3 10 5 3,0 3,0 2,4 2,8 0,9 0,8 0 Empresas não Empresas Adminstração Famílias ISFLSF* financeiras financeiras pública 2000 2006 Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) *Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias
  • 8. 8 25 23,0 21,2 20,5 20 Gráfico 07 Brasil: participação da renda dos 15,7 proprietários e mista na renda nacional por 15 setores entre 2000 e 2006 (em %) 10 5 3,6 2,0 1,7 1,5 0 Empresas não Empresas Adminstração Famílias financeiras financeiras pública 2000 2006 Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) Quando se considera somente a parcela do trabalho na renda nacional, pode- se constatar o papel relativo do salário ou das contribuições sociais. Entre 2000 e 2006, por exemplo, o peso relativo dos salários aumentou levemente em relação às contribuições sociais. Gráfico 08 Brasil: evolução da composição da renda do trabalho em 2000 e 2006 (em %) 90 79,3 79,5 80 70 60 50 40 30 20,7 20,5 20 10 0 2000 2006 Salário Contribuição social Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) Entre 2000 e 2006, as contribuições sociais apresentaram efeito nulo, embora com situações distintas por períodos de tempo. Noutras palavras apresentaram efeito anticíclico que indica na fase de baixa das remunerações dos trabalhadores, como entre 2000 e 2004 (-4,1%) o crescimento relativo das contribuições (+1,2%) na renda do trabalho. Já na fase de alta da remuneração, como entre 2004 e 2006 (+5,5%), decresceu o peso relativo das contribuições (-1,2%) no total da renda do trabalho.
  • 9. 9 Gráfico 09 Brasil: evolução da composição da parcela do trabalho na renda nacional entre 2000 e 2006 (em %) 6 5,5 5 4,1 4 3 2 1,2 1,2 1,0 1 0,0 0 -1 Renda do trabalho Salário Contribuição social -2 -1,2 -3 -4 -2,9 -5 -4,1 2000-2004 2004-06 2000-06 Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) De 2000 a 2004, a taxa de ocupação no Brasil cresceu 1,1% (de 55,7% para 56,3% na população de 10 anos e mais de idade), enquanto o rendimento médio dos trabalhadores foi diminuído em 11,6% (de R$940 para R$831). Entre 2004 e 2006, a taxa de ocupação aumentou 1,2% (de 56,3% para 57%) e o rendimento médio dos ocupados cresceu 12,2% (de R$831 para R$932). Em relação ao conjunto dos componentes da renda nacional, percebe-se que, entre 2000 e 2006, os detentores de renda mista (que não se enquadram no trabalho subordinado, pois possuem meios próprios de geração de rendimentos como família com aluguel, autônomo, entre outros) foram o segmento que acumulou perda de 21,1%. Simultaneamente à diminuição relativa do rendimento misto na renda nacional entre 2000 e 2006, houve a expansão da renda dos proprietários (2,4%) e do trabalho 1%. Gráfico 10 Brasil: evolução dos componentes da renda nacional entre 2000 e 2006 (em %) 35 30 25 Renda da Renda do 20 propriedade Renda Mista trabalho 15 10 5,3 4,1 2,4 5 1,0 0 -5 -2,9 -2,8 -10 -5,3 -15 -20 -16,7 -25 -21,1 2000-2004 2004-06 2000-06 Fonte: IBGE/SCN (elaboração própria) De 2000 a 2004, os trabalhadores e detentores de renda mista perderam, enquanto os proprietários aumentaram a participação relativa na renda nacional. Depois de 2004, somente os trabalhadores conseguiram elevar a participação relativa na renda
  • 10. 10 nacional, uma vez que proprietários e detentores de renda mista reduziram seus pesos relativos. Gráfico 11 Brasil: gastos acumulados com juros, saúde, educação e investimentos da União entre 2000 e 2007 (em bilhões de reais*) 1400 1.267,6 1200 1000 800 600 400 310,9 149,9 200 93,8 0 Juros Saude Educação Investimentos Fonte: SIAF/STN, Bacen e IPEA -Disoc (elaboração própria) * deflator implícito do PIB Diante do destacado desempenho dos principais componentes da renda nacional, cabe breve referência sobre a qualidade do gasto público realizado. Se considerada a despesa acumulada pela União entre 2000 e 2007, nota-se, por exemplo, que o pagamento de juros com o endividame nto público respondeu por próximo de 7% ao ano como média do total do PIB. Ademais de poder ser considerado como um gasto improdutivo, pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores, termina fundamentalmente favorecendo a maior apropriação da renda nacional pelos detentores de renda da propriedade (títulos financeiros). Para o mesmo período de tempo, a somatória dos gastos da União com saúde, educação e investimento correspondeu a somente 43,8% do total das despesas com juros, equivalente a quase 54% da renda nacional de 2006 (2,370 trilhões de reais).