1) O documento analisa a evolução da violência homicida no estado de Pernambuco entre 1980-2010, identificando quatro períodos distintos: crescimento moderado até 1994, aceleração entre 1994-2001, estagnação entre 2001-2007 e forte queda entre 2007-2010.
2) Nas últimas décadas, houve uma disseminação da violência para áreas antes mais tranquilas e redução nas grandes cidades, especialmente Recife, que teve queda de 40% em sua taxa de homicídios.
3) Embora a taxa total
Mapa da Violência 2012: Evolução da taxa de homicídios em Pernambuco (1980-2010
1.
2. Mapa da Violência 2012: os noVos padrões da Violência HoMicida no Brasil
c onsolidação dos d ados da Violência H oMicida
por U nidade F ederada
J ulgamos que seria de grande utilidade consolidar as informações disponíveis para cada Unidade
Federada. Como já indicamos na introdução, não se pretende aqui realizar um diagnóstico da si-
tuação e evolução dos homicídios em cada local. Procura-se elencar um conjunto de informações
que possibilitem a elaboração desse diagnóstico, seja por parte das autoridades, seja pela sociedade
civil, ou de forma conjunta.
Com essa finalidade são detalhados dados dos 30 anos disponíveis – 1980/2010 – ou, para
maior aprofundamento, da última década -2000/2010 – mediante tabelas, gráficos e mapas geore-
ferenciados. Um último esclarecimento referente aos cortes utilizados nos mapas:
0,0: Municípios sem registro de homicídio no ano de referência.
0,0 -| 10,0: Municípios que registram homicídios, mas por embaixo do nível epidêmico.
10,0 -| 26,0: Municípios acima do nível epidêmico, mas ainda embaixo da média nacional.
26,0 e +: Municípios acima da média nacional.
3. Mapa da Violência 2012: os noVos padrões da Violência HoMicida no Brasil
pernaMBuco
n a virada do século, Pernambuco era o estado que apresentava o maior nível de violência do
país. Sua taxa de 54 homicídios em 100 mil habitantes duplicava o índice nacional. Para o ano 2010
essa taxa cai para 38,8, o que representa uma queda de 28,2%, localizando-se agora no quarto lugar
entre as 27 UF.
Em sua evolução histórica, desde 1980, podemos reconhecer quatro grandes etapas. Nas duas
primeiras, que vão até o ano 2001, as taxas de homicídios são crescentes, e o motor desse cresci-
mento pode ser encontrado na elevação das taxas nas regiões metropolitanas (RM)1 do estado, que
se distanciam do interior. As duas últimas etapas, a partir de 2001, vão marcar o declínio nas taxas,
com início lento e acelerando a partir de 2007, onde as quedas concentram-se também nas RM,
cujas taxas vão se reaproximando das do interior.
Diversas situações do Estado vão resultar nesses quatro períodos:
Primeiro período: 1980/1994. As taxas do estado, sempre acima das nacionais, crescem de
forma moderada, com um ritmo de 4,7% ao ano, com maior intensidade no interior. O estado
acompanha de perto o crescimento nacional, onde já aparece entre os cinco mais violentos do país.
Segundo período: 1994/2001. Acelerado crescimento das taxas (7,7% aa.), centrado nas RM
(9,1% aa.) crescendo com uma intensidade bem acima da média nacional (3,9% aa.). Esse íngreme
crescimento leva o Estado a ocupar o primeiro lugar no mapa nacional em 1998, situação que
perdura até 2001. Em contra partida, também o interior continua crescendo de forma regular,
mas com um ritmo bem menor que as RM. Com isso, as diferenças entre ambas as áreas tende a
aumentar: as taxas das RM mais que duplicam às do interior.
Terceiro período: 2001/2007. Estagna a espiral de violência e as taxas do estado, vagarosamen-
te, começam a declinar (-1,7% aa.), acompanhando o ritmo nacional (-1,6%). As RM apresentam
uma taxa de queda levemente maior (-2,8% ao ano) que as do interior, que praticamente estagna
(0,8% ao ano.).
Quarto período: 2007/2010*. Quedas aceleradas nas taxas de homicídio do estado (-9,9%
aa.) puxadas pelas RM (-11,2% aa.), mas com significativas quedas, ainda que em menor grau,
no interior (-7,3%). Num período que os índices nacionais aumentam muito devagar (1,3% aa.) o
estado cai para o 4º lugar entre as 27 UF. As taxas do interior vão ficando mais próximas às da RM.
1. Além dos 14 municípios que integram a RM de Recife, aqui também são incluídos os dados do município de Petro-
lina, integrante do RIDE do Polo Petrolina/Juazeiro.
171
5. Mapa da Violência 2012: os noVos padrões da Violência HoMicida no Brasil
Tabela PE2. Crescimento % total e ao ano por período e área. Pernambuco. 1980/2010*
1980-1994 1994/2001 2001-2007 2007-2010*
ÁreA
% totAl % Ao Ano % totAl % Ao Ano % totAl % Ao Ano % totAl % Ao Ano
BrAsil 81,5 4,3 31,1 3,9 -9,4 -1,6 3,9 1,3
uF 91,2 4,7 68,3 7,7 -9,5 -1,7 -26,9 -9,9
cAPitAl+rm 75,6 4,1 84,3 9,1 -15,4 -2,8 -30,1 -11,2
interior 106,3 5,3 29,6 3,8 5,2 0,8 -20,3 -7,3
Fonte: SIM/SVS/MS *2010: Dados Preliminares
Os mapas a seguir e a tabela PE3 permitem verificar outros indicadores dessa disseminação da
violência no estado. Na última década, podemos ver que:
• Cai a participação relativa dos grandes centros urbanos: nas seis cidades do estado com
mais de 200 mil habitantes, as taxas passam de 89,6 em 2000 para 48,7 em 2010, um declínio
de 45,6%.
• Pela coluna ∆% Taxas da tabela PE3, pode-se verificar que, em geral, quanto maior o tama-
nho do município, maiores foram as quedas nos homicídios registrados na década. Nos dois
municípios do estado com mais de 500 mil habitantes: Recife e Jaboatão dos Guararapes, as
quedas foram significativas e semelhantes em ambos, em torno de 40%. A intensidade das
quedas vai diminuindo até os 65 municípios de menor porte, entre 5 e 20 mil habitantes,
onde as taxas em realidade cresceram.
Mapa PE1. Pernambuco: 2000
taxa 2000
0,0
0,0 --| 10,0
10,0 --| 26,0
26,0 --| +
Fonte: SIM/SVS/MS
173
6. Mapa PE2. Pernambuco: 2010*
taxa 2010*
0,0
0,0 --| 10,0
10,0 --| 26,0
26,0 --| +
Fonte: SIM/SVS/MS *2010: Dados Preliminares
• Inclusive nos 3 municípios com menos de 5 mil habitantes, que no ano 2000 não registraram
nenhum homicídio, em 2010 já evidenciam a existência de mortes por agressão intencional.
• Vemos assim que, se no conjunto do estado os homicídios caíram 28,2%, as quedas não se
espalharam uniformemente no conjunto dos municípios. Seria de esperar que com as que-
das, deveria aumentar o número de municípios sem registro de homicídios, mas pelo con-
trário, o número de municípios livres do flagelo diminuiu. Em 2000, Pernambuco registrou
19 municípios sem homicídios, já em 2010 esse número caiu para 12.
• Recife, que em 2000 era a cidade mais violenta do estado, com uma taxa de 97,5 homicídios
em 100 mil habitantes, em 2010 passa para a 12º posição no estado, com uma taxa de 57,9.
• Essas mudanças também podem ser observadas nos mapas. No ano 2000 várias áreas con-
centravam a violência extrema do estado. Eram os polos dinâmicos centrados em torno de
determinadas atividades: a agricultura irrigada do polo Petrolina, o polo das confecções
do eixo Santa Cruz do Capibaribe/Caruaru, o denominado polígono da maconha, a RM de
Recife, a região da mata sul do Estado.
• Para 2010 o panorama fica muito mais difuso e os antigos polos perdem especificidade, com
deslocamentos significativos, por exemplo, da região da mata sul para a mata norte do estado.
Resumindo, Pernambuco forma parte do conjunto de estados onde o fenômeno da dissemi-
nação da violência atuou de forma clara, com marcadas quedas nos grandes centros urbanos e
elevação dos níveis em áreas relativamente tranquilas na virada do século.
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7. Mapa da Violência 2012: os noVos padrões da Violência HoMicida no Brasil
Tabela PE3. Taxas de homicídio (em 100 mil habitantes) por tamanho do município. Pernambuco: 2000-2010*
homicídios 2000 homicídios 2010* Δ% n. muni-
tAmAnho do municíPio tAxAs
n tAxAs % n tAxAs % cíPios
Até 5 mil hABitAntes 0 0,0 0,0 1 8,7 0,0 – 3
de 5 A -10 mil 17 15,1 0,4 18 15,6 0,5 3,5 15
de 10 A -20 mil 198 22,8 4,6 232 24,8 6,8 9,1 65
de 20 A -50 mil 586 33,2 13,7 574 29,6 16,8 -10,9 67
de 50 A -100 mil 595 43,6 13,9 518 33,8 15,2 -22,5 23
de 100 A -200 mil 376 54,5 8,8 379 47,7 11,1 -12,4 6
de 200 A -500 mil 693 62,9 16,2 519 40,3 15,2 -35,9 4
500 mil e mAis. 1811 90,3 42,4 1171 53,7 34,3 -40,6 2
ToTal 4276 54,0 100,0 3412 38,8 100,0 -28,2 185
Fonte: SIM/SVS/MS. *2010: Dados Preliminares
Gráfico PE2. Taxas de homicídio (em 100 mil habitantes) segundo tamanho do município. Pernambuco: 2000-2010*
100
90,3
Taxas de Homicídio (em 100 mil)
90
80
70
62,9
60 54,5 53,7
47,7
50
43,6
40,3
40
33,2 33,8
29,6
30
22,8 24,8
20 15,1 15,6
8,7 2000
10
0,0 2010*
0
Até 5 5 a -10 10 a -20 20 a -50 50 a -100 100 a -200 200 a -500 500 e +
Tamanho do município (1000 habitantes)
Fonte: SIM/SVS/MS. *2010: Dados Preliminares
175
9. INSTITUTO SANGARI
Rua Estela Borges Morato, 336
Vila Siqueira
CEP 02722-000 · São Paulo-SP
Tel: 55 (11) 3474-7500
Fax: 55 (11) 3474-7699
www.institutosangari.org.br
As tabelas contendo diversos dados de todos
os 5.565 municípios brasileiros estão disponíveis,
junto com a versão integral deste estudo, em
www.mapadaviolencia.org.br