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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
       DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
       CONVÊNIO UNEB/ITIÚBA-SENHOR DO BONFIM




          EDIVÂNIA ROSA DE SÁ
         LIDIANE LOPES CAMPOS
    SELENE SANTANA SOUSA CARNEIRO
         TELMA SOUSA SANTOS




Escola e Família: Uma aproximação necessária




                ITIÚBA-BA
                   2012
EDIVÂNIA ROSA DE SÁ
            LIDIANE LOPES CAMPOS
     SELENE SANTANA DE SOUSA CARNEIRO
            TELMA SOUSA SANTOS




ESCOLA E FAMÍLIA: UMA APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA




                    Trabalho de Conclusão de Curso
                    apresentado à Universidade do Estado da
                    Bahia, como requisito para a obtenção do
                    Título de Pedagogo.
                    Orientado pelo professor Gilberto Lima.




                  ITIÚBA-BA
                    2012
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA




                   Edivânia Rosa de Sá
                   Lidiane Lopes Campos
             Selene Santana de Sousa Carneiro
                    Telma Sousa Santos




   ESCOLA E FAMÍLIA: UMA APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA



                 BANCA EXAMINADORA:




____________________________       __________________________
   Profº.(a) Avaliador (a)               Profº. (a). Avaliador (a))




         ______________________________________

                     Prof. Gilberto Lima

                        (Orientador)
DEDICATÓRIA




Dedicamos     a   nosso   orientador     o
incentivo e a paciência, a todos os
membros      da   nossa    família     que
contribuíram, direta ou indiretamente,
para   o    desenvolvimento     da   nossa
pesquisa,   incentivando-nos,    a   seguir
mesmo quando os entraves pareciam
nos submergir e em muitas situações
pela paciência com a nossa falta de
tempo e atenção para com eles.
“(...) Cada criança é um ser único, diferente de qualquer outra,
que experimenta ritmo de evolução próprios, tem os seus
interesses e provém de um universo cultural,econômico e
familiar específico; cada um é um caso,uma personalidade
que desabrocha de modo
diverso.”
                     Joaquim Azevedo (1994, p 118-120)
Agradecimentos


      Agradecemos a Deus pelo Ser que somos cheios de determinação e
coragem;


      Aos nossos pais presentes e ausentes, os quais amamos muito, pelos seus
exemplos de vida, empenho e dedicação.


      Aos nossos amados filhos, razões das nossas vidas e motivação para
prosseguirmos nos estudos;


      Aos esposos queridos que foram companheiro durante esses quase cinco
anos, ajudando a cuidar dos filhos, desempenhando assim o papel de pai e mãe;


      À UNEB pela participação na realização do nosso sonho;
      À Coordenação do Programa REDE UNEB 2000, na pessoa da
coordenadora Norma Neide, pela estruturação e organização do curso;


      Ao Departamento de Educação do CAMPUS VII, Senhor do Bonfim, da
Universidade do Estado da Bahia, por disponibilizar professores de alto nível de
competência e responsabilidade;


      À Coordenadora do programa em Itiúba-ba, Alaíde Ferreira, por sua
incansável busca e preocupação em sanar os problemas e pelo apoio constante;


      À Prefeitura Municipal de Itiúba-ba, que possibilitou esse convênio com a
UNEB;


      Às Orientadoras Roseane Cinthia Pinto e Normaci Reis, pelo apoio nos
momentos necessários;


      Aos nossos mestres por nos da à oportunidade de nos incorporar no mundo
do conhecimento com ensinamentos e lições para toda uma vida;
Aos colegas pelos momentos de alegria, troca de conhecimento, e pela
valorosa sabedoria em aceitar opiniões diversas;


      E finalmente, ao nosso Orientador Gilberto Lima, que se mostrou incansável
na correção e cobrança, sempre em horas certas e precisas e pela sua paciência,
pelas valiosas intervenções que contribuíram para a construção desse trabalho.
Nosso muito obrigado!
RESUMO

       O presente estudo sobre a temática “Escola e Família”: visou reavaliar a função da
escola e repensar a participação da família no contexto educacional. Teve como objetivo,
averiguar se há alguma relação entre o acompanhamento realizado pelos pais e o
desempenho escolar dos seus filhos. Esta pesquisa girou em torno da problemática: Por
que alguns pais não acompanham a vida escolar dos filhos? Isso interfere na
aprendizagem deles? Fundamentamos nossa pesquisa nas contribuições de Costa (2001),
Tiba (1996), Freire (1979), Lane (2001), Pilleti (1991/1993), Moll (1996), Salvador (1999),
entre outros. Utilizamos a pesquisa qualitativa, baseados em: Severino (2002), Minayo
(1998), Orofino e Zanello (1997), Lima (2004).

        Ela foi realizada na Escola Luiz Navarro de Britto, onde contamos com a
participação de treze indivíduos, sendo dez pais, destes, (cinco acompanham a vida
escolar dos filhos e cinco não acompanham), a diretora da escola e duas professoras, teve
como instrumento de pesquisa a entrevista semiestruturada. A entrevista foi gravada e
depois transcrita pelos membros da equipe. A partir da análise das entrevistas, apurou-se
que os pais acham importante manter um contato mais estreito com a escola dos filhos,
mas alguns priorizam o trabalho e os afazeres domésticos, deixando assim a vida escolar
dos filhos para o segundo plano. As professoras também fortaleceram a ideia de que a
presença dos pais na escola é de grande relevância. Elas se queixam que os pais
infrequentes deixam muito a cargo da escola a educação dos seus filhos, atribuindo a esta
toda a responsabilidade que lhes compete. A diretora da escola também sente a falta
desses pais para o melhor desenvolvimento escolar de seus filhos. Já temos a certeza de
que escola e família são variantes importantes na formação do processo de
desenvolvimento dos indivíduos. Dessa forma é preciso que haja uma parceria de sucesso
entre família e escola, pois, somente assim será possível se alcançar uma educação de
qualidade, promovendo o bem comum.

       Palavras-chave: Família; Escola; Educação; Integração.
ABSTRACT

         The present study on the theme "School and Family" aimed to reassess the role of
the school and rethink the family's participation in the educational context. Aimed to
ascertain whether there is any relationship between monitoring by parents and school
performance of their children. This research has revolved around the issue: Why do some
parents do not follow the school life of children? This interferes with their learning? Base
our research on the contributions of Costa (2001), Tiba (1996), Freire (1979), Lane (2001),
Pilleti (1991/1993), Moll (1996), Salvador (1999), among others. We used qualitative
research based on: Severino (2002), Minayo (1998), Orofino and Zanello (1997), Lima
(2004).

She was held at the School Luiz Navarro de Britto, where we had the participation of
thirteen individuals, ten parents, of whom five (attached to the school life of children and
five do not follow), the school principal and two teachers, had the instrument Search the
semistructured interview. The interview was taped and then transcribed by members of the
team. From the analysis of the interviews, it was found that parents find important to keep a
closer contact with school children, but some prioritize work and household chores, thus
leaving the school life of children into the background. The teachers also strengthened the
idea that the presence of parents in school is of great importance. They complain that
parents infrequently leave much to be borne by the school education of their children,
attributing this all the responsibility that falls to them. The school also feels the lack of
parents to develop the best school for their children. We have to make sure that school and
family are important variations in the formation of the development process of individuals.
Thus there must be a successful partnership between family and school, because only then
can      we    achieve     a    quality   education,     promoting  the     common      good.


Keywords: Family; School; Education; Integration.
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 à 14
1.0 CAPÍTULO I - PERCURSO DA PESQUISA .......................................................... 15

1.1 A necessidade da Aproximação Escola-Família.............. .......... .................................15 à 17

1.2 Família........................................................................................... ..............................17 à 18

1.2.1 Família Indígena .......................................................... ............................................ 18 à 22

1.2.2 Família negra....................................................................................................... 22 à 23
1.2.3 Família branca...................................................................................................... 24 à 25

1.2.4 Família Contemporânea...................................................................................... 25 à 28
1.3 Escola......................................................................................................................28 à 30
1.3.1Escola Pública e Escola Privada ........................................................................... 30 à 32
1.3.2 Interação Escola-Família ................................................................................... 32 à 44
2.0 CAPÍTULO II - Método ........................................................................................... 45
2.1Pesquisa qualitativa ............................................................................................. 45 à 46
2.2 Lócus da Pesquisa........................................................................................................... 46
2.3 Participantes ...................................................................................................... 46 à 47
2.4 Instrumentos .................................................................................................................47
2.5 Procedimentos da coleta de dados..............................................................................47
2.6 Procedimentos da Análise de Dados.......................................................................47 à 49
3.0 CAPÍTULO III – RESULTADO E DISCUSSÃO ......................................................... 50 à 53
3.1 Apresentação de Resultados através de gráficos.................................................... 54 à 57
4.0 CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 58 à 60
Referencias ............................................................................................................ 61 à 63
Anexos .......................................................................................................................... 64
10



INTRODUÇÃO


          O presente estudo sobre a temática “Escola e Família”: uma aproximação
necessária visou reavaliar a função da escola e repensar a participação da família
no contexto educacional, teve como objetivo, desta forma, fazer a reflexão sobre os
elementos e os fatores que podem aproximar os pais do ambiente escolar e a
análise da relação existente entre o corpo docente e as famílias.


          A escolha desse tema surgiu por meio de nossa prática direta em sala de
aula, enquanto professoras do Ensino Fundamental, onde podemos fazer
comparações do êxito adquirido pelos alunos que tem a presença frequente dos pais
com as dificuldades encontradas pelos alunos de pais ausentes. Pretendemos com
esta pesquisa buscar subsídios que venham contribuir para minimizar a
problemática existente no processo de ensino e aprendizagem dos educandos da
Escola Municipal Luiz Navarro de Britto, situada no Bairro do Alto, na Rua Augusto
Meira, s/n, da cidade de Itiúba-Ba. Acreditamos que a parceria entre família e escola
é de fundamental importância para o sucesso intelectual, moral e psicossocial dos
nossos alunos. Quanto à problemática ela gira em torno das seguintes questões: Por
que alguns pais não acompanham a vida escolar dos filhos? Isso interfere na
aprendizagem deles?


          Na sociedade contemporânea, a família tem atribuído para à escola a
responsabilidade de educar seus filhos e acredita que os educadores transmitam
valores morais, regras e condutas. De acordo com Aranha: “ A ação da escola
tornou-se cada vez mais extensa, “roubando” funções antes assumidas pela família
e exercendo considerável influência na formação das crianças e dos jovens” (1996,
p.74). A família alega que trabalha cada vez mais, e não tem tempo para zelar dos
filhos.    Percebemos no ambiente educacional que poucas famílias demonstram
interesse pela vida escolar de seus filhos e filhas, enquanto outras famílias omitem o
seu papel, pois se consideram dispensáveis para a construção do processo
educativo dos cidadãos.


          No que diz respeito aos objetivos, destacamos como objetivo geral, averiguar
se há alguma relação entre o acompanhamento realizado pelos pais e o
11



desempenho escolar dos seus filhos, e como objetivos específicos: Compreender as
razões pelas quais alguns pais não acompanham a vida escolar de seus filhos e
caracterizar o desempenho escolar desses estudantes.


      Em virtude de acharmos importante a presença da família na escola surgiu a
seguinte inquietação: Por que alguns pais não acompanham a vida escolar de seus
filhos? Isso interfere na aprendizagem deles? A escola pode construir uma
verdadeira relação com a família?


      A estrutura familiar,assim como suas funções, vem mudando no decorrer das
décadas, adequando-se à realidade da época vivida. As famílias apresentam suas
singularidades, não sendo uniformes nem tendo um modelo padrão, mas
apresentam traços em comum. Considerando que a família e a escola têm papéis
fundamentais na formação do indivíduo, eles devem atuar de maneira eficaz no
processo de ensino-aprendizagem dos alunos, sendo poderosas armas para
eventuais dificuldades.


      Espera-se com esse estudo, inserir os pais no contexto escolar de uma forma
tão prazerosa que eles percebam que são protagonistas na construção de uma
sociedade participativa e se conscientizem de seu papel como cidadãos
responsáveis pela realidade circundante. Pois acreditamos que através da parceria
entre família e escola poderemos ter êxito no processo de ensino-aprendizagem.


      Essa pesquisa visa contribuir para o enriquecimento do acervo de pesquisa
do espaço acadêmico UNEB e credibilizar a instituição como órgão formador e
fomentador de professores e profissionais que procuram desfazer estereótipos e se
inquietam com situações antes parcialmente discutidas e que são de grande
relevância, abrindo, assim, um leque para a investigação em diversos campos do
conhecimento, o que promoverá o fortalecimento da pesquisa local.


      Deseja-se que o resultado desta pesquisa possa incentivar e orientar o
município a desenvolver políticas públicas, voltadas para o envolvimento familiar nos
espaços escolares, aprofundando as reflexões e parcerias entre a comunidade e as
12



instituições de ensino, buscando desta forma subsidiar a prática pedagógica dos
docentes.


      No primeiro capítulo, falaremos sobre os registros históricos de como a
educação se desenvolvia nos anos anteriores à escola, quando as crianças
recebiam instruções no âmbito familiar; faremos um resgate histórico do surgimento
das primeiras instituições de ensino, como a escola se organizava, quem foram os
primeiros a se beneficiar delas e como ela foi evoluindo até assumir as
características que possui hoje.


      Dialogaremos sobre o conceito de escola e família, baseados em diversos
autores como: Costa (2001), Tiba (1996), Freire (1979), Lane (2001), Pilleti
(1991/1993), Moll (1996), Salvador (1999), entre outros. As diversas opiniões que
forem levantadas relacionadas à escola serão analisadas para servir de base para
investigações acerca das influências que as mesmas podem exercer na formação do
indivíduo, pois não podemos subestimar o poder da escola. É fato que a família,
assim como a escola, desenvolve papel de relevante influência na organização da
sociedade, mesmo sendo notório o distanciamento desses dois segmentos.


      Abordaremos no segundo capítulo, as contribuições de Severino (2002),
Minayo (1998), Orofino e Zanello (1997), Lima (2004), sobre a pesquisa qualitativa,
sua apropriação na compreensão do contexto estudado, bem como suas
concepções sobre a delimitação e formulação do problema, lócus da pesquisa, os
sujeitos da pesquisa, instrumentos da pesquisa, as técnicas a serem aplicadas
nesse tipo de estudo.


      O terceiro capítulo tratará de explicitar a problemática em estudo, através dos
resultados da pesquisa de campo. Observaremos de diferentes ângulos a parceria
escola e família, as quais apresentam expectativas e reclamações uma em relação à
outra. É possível ampliarmos os vínculos entre escola e família, unindo forças na
tentativa de remover os obstáculos e de promover o processo de ensino-
aprendizagem. É importante que tanto a família como a escola estejam atentas ao
seu papel, não transferindo a responsabilidade que lhes competem um ao outro.
13



       O quarto capítulo , relatamos os resultados principais da pesquisa realizada
entre a parceria escola e família. Tivemos informações sobre os reais motivos que
levam os pais a se ausentarem do ambiente escolar e as consequências dessa
ausência no desempenho escolar dos seus filhos.


             Por sua vez, apresentamos alguns objetivos que foram: averiguar se há
alguma relação entre o acompanhamento realizado pelos pais e o desempenho
escolar dos seus filhos, compreender as razões pelas quais alguns pais não
acompanham a vida escolar de seus filhos e caracterizar o desempenho escolar
desses estudantes com o intuito de contribuir para o processo de ensino
aprendizagem, a partir de investigações, conscientização da importância da relação
que a família e escola exercem no processo educacional, assim como o uso de
estratégias que viabilizem a construção da identidade do aluno promovendo a sua
autonomia, com responsabilidade, conhecimento e exercício de sua cidadania
partindo da sua estrutura familiar moderna relacionada com a instituição escolar.
14



                  1.0 CAPÍTULO I - PERCURSO DA PESQUISA


            1.1 A NECESSIDADE DA APROXIMAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA


   Quando não havia escola, a educação ocorria de acordo com a cultura, a
necessidade dos povos e do período histórico vivenciado, variando-se as instituições
que se dedicavam a processos educativos da sociedade instituída. Nas sociedades
pré-literárias, como os povos primitivos, não havia escola, nem professores:


                                 A educação se faz pela convivência das crianças com
                          os adultos, na vida diária da comunidade: No trabalho para
                          sobrevivência, nas cerimônias coletivas e nas histórias dos
                          antepassados contadas pelos velhos. Todo adulto é professor e
                          a educação resulta da prática e da experiência. (PILETTI, 1991,
                          p.87-88)


   Sabemos que a educação nem sempre se desenvolveu no âmbito escolar, os
filhos recebiam seus primeiros ensinamentos em casa, onde se ensinava desde
hábitos comportamentais, respeito aos mais velhos e superiores, como ler e
escrever.


   De acordo com Piletti (1991), toda a nossa vida é acompanhada por momentos
educativos, pois estamos sempre aprendendo coisas novas, sempre nos educando.
A intensidade da educação é mais eficaz na infância, onde é proporcionado ao
indivíduo o instrumental físico, intelectual, emocional e social. Em todos os
ambientes ocorre educação, desde que haja pessoas mais velhas que levem as
crianças a assimilar padrões comportamentais.


  Ainda, segundo Piletti (1991),a educação da nova geração se dá através da
escola que é a instituição especializada nesse processo. A escola por sua vez tem o
objetivo de dispor para os alunos através de atividades programadas e sistemáticas
aspectos da cultura da humanidade. Patrimônios como esses nos levam a crer que
estão nas matérias escolares, mas nem sempre esse processo é concretizado, pois
se afastam em muitas vezes das experiências humanas mais significativas.
15



       A História da Educação Brasileira não é difícil de ser compreendida. Ela
evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. É notório o descaso da
escola com a questão das etnias que transformam o Brasil numa mistura de raças,
até hoje quase não temos materiais didáticos que valorizem essa realidade. Ao
fazermos uma visitação histórica pela formação do povo brasileiro, percebemos o
quanto é decadente encontrarmos informações sobre as raças subjugadas pelos
europeus.


      Percebemos que o acesso à escola e o respeito às diferenças étnicas dos
grupos existentes nunca foram respeitadas, a escola sempre priorizou as classes
dominantes, esquecendo das classes oprimidas que compõem a maioria da nossa
população. Essa realidade é evidenciada de forma gritante nas nossa escolas
quando notamos o quanto a educação bancária apresentada através dos currículos
e programas impostos está fora das necessidades e interesses dos nossos alunos
que vem de famílias analfabetas e totalmente desestruturadas, exaltando mais ainda
a dicotomia existente entre homem-mundo que, de acordo com Freire (1987,p.62),
“Homens simplesmente no mundo e não com o mundo e com os outros.Homens
expectadores e não recriadores do mundo”.


      De acordo com os estudos históricos na formação do povo brasileiro,
percebemos que a primeira ruptura ocorre com a chegada dos portugueses ao
território brasileiro. Não podemos deixar de reconhecer que eles trouxeram um
padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que
por aqui viviam já não possuíam características próprias de se fazer educação. É
importante ressaltar que a educação que se praticava entre os povos indígenas não
tinha as marcas repressivas do modelo de educação européia.


   No período das capitanias hereditárias, não havia preocupações com a educação
escolarizada. Com a chegada dos jesuítas, iniciou-se uma inquietação com esse tipo
de educação, inaugurando-se assim as primeiras escolas. A educação jesuítica,
embora “instrua” e “catequize” os indígenas, também foi um instrumento na
formação da elite colonial. Sendo assim, essa atuação jesuíta era caracterizada pelo
dualismo, isto é, catequizar os índios para conversão ao catolicismo e servidão e
formar elite para o exercício das funções nobres da colônia. Piletti (1993, p.166)
16



  Como foi relatado anteriormente, o período de dominação dos jesuítas sobre toda
e qualquer forma de educação no Brasil foi duradoura. Desde 1530 até a metade do
século XVIII. Foi o Marquês de Pombal que acabou com a dominação dos jesuítas.
Porém, o maior declínio ocorreu com o ciclo do ouro, no final do século XVII e
começo do XVIII, que transformou a realidade da colônia, favorecendo desta forma o
crescimento das cidades, gerando um aumento populacional e, portanto,
aumentando a necessidade de educar. É bom lembrar que a educação estava nas
mãos dos religiosos e que a maioria dos senhores brancos brasileiros eram
analfabetos. Quando muito, mandavam seus filhos para ser educados na Europa e
nunca aqui no Brasil. (MOOL, apud, FREIRE. 1996) afirma que:


                      a fase pombalina de escolarização colonial representa uma
                     desestruturação na organização escolar jesuítica e, segundo Freire
                     (1989), um retrocesso à medida que ficamos treze anos sem escolas,
                     com os cursos seriados dos jesuítas sendo substituídos por aulas
                     “avulsas”, ministradas por professores improvisados (não professores
                     régios).

 Foi Dom Pedro I quem deu o primeiro passo para a educação pública primária no
Brasil, com sua lei de 15 de outubro de 1827 que organizava a educação das
crianças dentro do Império, inclusive tratava até dos salários dos professores e do
currículo das escolas. É por causa desta lei que o dia do professor é comemorado
no dia 15 de outubro. Mas foi apenas no período republicano que houve maior
disseminação da educação em terras brasileiras, com o surgimento das escolas
privadas, controladas por grupos religiosos. A maioria católica, mas havia também
os maçons.


                                 Durante todo o império, pouco ou nada se fez para a
                          formação dos professores. Segundo a já citada lei de 15 de
                          outubro de 1827, eram vitalícios “os provimentos dos
                          professores e mestres”, e os que não estivessem capacitados
                          deveriam “instruir-se em curto prazo, e à custa dos seus
                          ordenados, nas escolas das capitais”. (PILETTI, 1993, p.179)


  Completando essa ideia, podemos ressaltar que antes não havia cursos de
formação, nem tão pouco de aperfeiçoamento para professores. Os professores
eram escolhidos pela maioridade e conduta. Podendo adquirir uma formação
17



profissional aqueles que dispusessem de condições financeiras favoráveis para
custear seus estudos.

1.2 Família


      O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo
doméstico”. Criado na Roma Antiga este termo designa um novo grupo social que
surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também para a
escravidão legalizada.      Se nesta época predominava uma estrutura familiar
patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do
mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas começaram a estar
ligadas       por     vínculos     matrimoniais,     formando      novas      famílias.


          O Dia Nacional da Família na Escola foi instituído pelo MEC, em 24 de abril
de 2001, como forma de oportunizar na instituição escolar a participação das
famílias. Isso nos leva a perceber que essa iniciativa governamental reconhece a
grande importância da união da escola com a família para o desenvolvimento
intelectual das crianças. Declara Costa (2001):


                                   A educação é uma oficina em que educador e educando
                            trabalham uma educação capaz de resultar em instrumentos
                            que possibilitem ao educando nos planos pessoais e sociais,
                            exercitar sua iniciativa, na liberdade e na capacidade de
                            comprometer-se consigo mesmo e com os outros. (COSTA,
                            2001, p.122)


      O educador aparece como mediador de situações onde o educando terá
autonomia e segurança para gerenciar seus atos tanto na sua vida social como em
seus projetos individuais sendo ele livre para gerir suas ações.


1.2.1 As famílias indígenas


          Os “índios” são povos nativos, por serem eles os primeiros habitantes do
nosso continente, tem uma história, uma cultura, uma língua em comum que os
diferenciam de outros. Sabendo-se que temos uma cultura e que somos uma nação
18



pluriétnica, e que os índios foram fundamentais também na nossa formação. Os
índios por muito tempo tiveram sua identidade negada, não eram chamados pelos
seus nomes, nem reconhecido individualmente pela sua face, tudo o que se via era
“índio”.
Como afirma Ruffaldi, 2008:


                            Washington Novaes fez isso e escreveu “Entender o índio,
                     entender sua cultura e respeitá-lo, implica despir-nos desta nossa
                     civilização. Porque o encontro com o índio é um mergulho em outro
                     espaço e outro tempo. Um espaço aberto de céu e terra, água e
                     fogo. Um espaço colorido e pródigo, povoado pelos animais, vegetais
                     e minerais e espíritos, um tempo prodigiosamente mais lento que
                     permite consumir meses para polir o arco e aguçar a flecha. Tempo
                     para varar a noite a noite dançando, tempo para receber filho que
                     nasce ou despedir-se do ancestral que morre; tempo para rir e tempo
                     para chorar, cantar e dançar, plantar e colher.” (RUFFALDI, 2008,
                     p.02.)


       O Decreto presidencial 26/91 é uma prova de como tem crescido o interesse
do Ministério da Educação pela educação indígena. Nele é implementado uma
política nacional de educação escolar indígena, que atende a preceitos legais
estabelecidos na LDB, Plano Nacional de Educação, e na Constituição de 1988.
Desta última, o Estado brasileiro reconhece aos povos indígenas o direito de uma
cidadania diferenciada, por meio do reconhecimento de seus bens territoriais e
culturais, sendo que a questão da especificidade da educação indígena passou a ser
progressivamente reconhecida e normatizada.

       Podemos dividir a história da educação escolar indígena em quatro fases,
sendo a primeira, mais ampla, vinda desde o Brasil colônia até chegar ao comando
dos missionários católicos, em especial os Jesuítas. Já o segundo é firmado pela
criação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), em 1910, e se amplia à política de
ensino da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e a união com o SIL (Summer
Institute Of Linguistics) entre outras missões religiosas. O terceiro momento inicia-se
no fim dos anos 60 aos anos 70, quando surgem como destaque organizações não
governamentais: Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Operação Amazônia
Nativa (OPAN), Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Comissão Pró-Índio, e outras e
do movimento indígena. Delineada pela iniciativa dos povos indígenas, a quarta fase
19



se dá nos anos 80, onde eles passam a reivindicar definições de autogestão dos
andamentos de educação formal.
Conforme afirma Ferreira, 2001:


                                A finalidade do estado brasileiro, que procura acelerar se
                        integrar os índios à sociedade envolvente por meio da escolarização,
                        confronta-se, atualmente, com os ideais de autodeterminação dos
                        povos. Para os índios, a educação é essencialmente distinta daquela
                        praticada desde os tempos coloniais por missionários e
                        representantes do governo. Os índios recorrem à educação escolar,
                        hoje em dia, como instrumento conceituado de luta. (FERREIRA,
                        2001, p. 71)

      A educação indígena é um processo globalizante ensinada e aprendida em
marco de socialização integrante, antes da chegada dos portugueses. Toda a
comunidade indígena tem interesse pela educação de cada índio, sendo cada um
educado para o prazer de viver, trabalhavam permitindo-se assim uma educação
voluntária de alto grau, conquistavam dessa forma liberdade e autonomia. O modelo
de educação vivido pelos índios foi sendo transformado, isso com a chegada dos
colonizadores e tendo início com a chegada dos jesuítas junto com o governador
geral Tomé de Sousa e comandados pelo padre Manoel da Nóbrega que edificaram
a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, sendo esse o primeiro e o mais
longo momento. Como se afirma nas palavras de Carvalho (1998):


                                Desde a época colonial, diversas missões católicas
                        dedicaram-se à catequese indígena em geral, visto que a religião
                        católica aqui chegou com os padres jesuítas trazidos pelos primeiros
                        governadores do Brasil colônia. Ela foi considerada a religião do
                        Estado e o principal vínculo de unidade nacional, até o governo de D.
                        Pedro I. (CARVALHO. 1998, p.55-6)


      Desde a colonização os jesuítas criaram a educação para índios com o
objetivo de catequizá-los para atender a interesses do governo. De acordo com
(BITTENCOURT E SILVA, 2002). “Havia colégios para educação dos jovens brancos
onde, eventualmente podiam conviver alguns indígenas e haviam aldeias
missionárias criadas para catequese”.


          Os valores que os jesuítas queriam impor aos indígenas eram baseados em
valores     europeus.   Eles   serviriam    aos   colonos    como mão       de    obra   em
20



empreendimentos agrícolas ou de mineração. No Período colonial a escola indígena
tinha como princípio conversão religiosa, o uso de mão de obra e de todo tipo de
trabalho. A “integração” foi uma das maneiras mais eficazes de destruição das
culturas indígenas. Para Azêvedo e Silva:


                             Até o fim do período colonial, a educação indígena
                      permaneceu a cargo de missionários católicos de diversas ordens,
                      por delegação tácita ou explícita da Coroa portuguesa. Com o
                      advento do Império, ficou tudo como antes: no Projeto Constitucional
                      de 1823, em seu título XVII, art. 254, foi proposta a criação de “...
                      estabelecimentos para a catechese e civilização dos índios”... . Como
                      a Constituição de 1824 foi omissa, sobre esse ponto, o Ato Adicional
                      de 1834, art.11, parágrafo 5, procurou corrigir a lacuna e atribui
                      competência às Assembleias Legislativas, Provinciais para promover
                      cumulativamente com as Assembleias e Governos Gerais “... a
                      catechese e a civilização do indígena e o estabelecimento de
                      colônias”. (AZÊVEDO E SILVA, 2004,p.150).

      Os jesuítas educavam os índios em um processo de catequização também,
com orientações agrícolas que garantiam fontes de renda aos jesuítas. As
mudanças no que diz respeito à educação escolar indígena no Período do Império
não são significativas.


      De acordo a um texto do MEC, com o advento do Império, em 1822:


                              Apesar da educação indígena estar presente nas agendas
                      políticas da época não representou para os índios uma política
                      imperial voltada especificamente para seus interesses. Ao final do
                      império, os especialistas e autoridades, que chegaram a se
                      entusiasmar com a possibilidade de haver instituições públicas
                      destinadas ao ensino de crianças indígenas, desacreditavam que
                      isso pudesse ocorrer sem a intervenção das missões religiosas,
                      dessa forma, até o início do século XX o indigenismo brasileiro vivera
                      uma fase de total identificação católica e o Estado dividirá com as
                      ordens religiosas católicas, mais uma vez, a responsabilidade com a
                      educação formal para os índios. ( SECAD/MEC, 2007,p. 13)


      A educação escolar indígena em 1906 passou a ser atribuição do recém-
criado Ministério da Agricultura, pouco a pouco, começaram a surgir às primeiras
escolas indígenas financiadas pelo governo escolar.


De acordo as Diretrizes da Educação Indígena:
21



                              Para uma ação educacional efetiva, requer-se, não apenas
                      uma intensa experiência em desenvolvimento curricular, mas
                      também métodos de investigação e pesquisa para compreender as
                      práticas culturais do grupo. Assim, para a definição e
                      desenvolvimento do currículo da escola de uma determinada
                      comunidade indígena é necessária a formação de uma equipe
                      multidisciplinar, constituída por antropólogos, linguistas e
                      educadores, entre outros, de maneira a garantir que o processo de
                      ensino-aprendizagem se insira num contexto mais amplo do que um
                      processo paralelo e dissociado de outras instâncias de apreensão e
                      compreensão da realidade." (MEC, 1994, Cap.4 –p.08)


1.2.2 A família negra


       A busca por informações sobre a família negra no Brasil é candente. Por
isso, os pesquisadores, em especial os demógrafos historiadores, vêm procurando
resgatar em documentos manuscritos e impressos vestígios que revelem o cotidiano
desta família no Brasil.


       Como sabemos, os negros e negras viviam em regime de cativeiro, porém,
conta à história, muitos se casavam legitimamente ou viviam em regime consensual.
E segundo Pohl (1975), se estes tivessem bom comportamento ou representassem
produtividade poderia casar-se com a negra ou negro do seu interesse, em alguns
casos até ganhavam um aposento para morar e constituir uma família de fato.


       Essa atitude dependia muito do caráter ou capricho dos seus Senhores, dos
seus donos. E é evidente que os casamentos, em algumas situações, eram
facilitados não como um gesto de benevolência, mas como uma estratégia para
manter os escravos e escravas presas à rotina de trabalho da Fazenda, bem como
garantir a ordem entre os escravos. Conforme Benci:


                             ... Logo, ainda que haja entre os escravos e pretos alguns e
                      alguma, que só desmandem depois de casados, nem por isso se
                      segue que não convém casá-los. Casai-vos, querendo eles, que
                      desta maneira satisfareis à vossa obrigação. (BENCI, 1700, p.102)


       O casamento entre negros não era uma regra, nesse tempo comumente se
via casais negros sendo separados com brutalidade, tendo em vista o fato de serem
vendidos para fazendas diferentes. Na realidade essa situação horrenda acontecia
antes mesmo dos negros chegarem ao Brasil. Ainda em solo africano, estes eram
22



separados de seus entes queridos num ato de violência que provocava o
rompimento do elo familiar.


      De acordo com o livro Orientações e Ações para a Educação das Relações
Étnico-Raciais:


                     Foi e é na família constituída por laços de sangue ou por laços de
                     identidade que a população negra viveu e resistiu à escravidão, ao
                     racismo, a exploração, à perseguição. As famílias desfeitas no
                     período escravista deram lugar a outras famílias que uniam povos de
                     regiões da África, com línguas e crenças diferentes, numa união pela
                     saudade da terra, da casa, da família, como reunisse para
                     sobreviver, resistir e lutar com laços familiares reconstituídos e
                     reessignificado. (SECAD, 2006.p.41)


      Por serem os negros destituídos de valores humanos, eram reconhecidos
como uma peça de valores distintos. E nesse caso os homens, ao contrário das
mulheres e idosos, agregavam um valor demasiado por serem mais necessários
para o trabalho braçal. Porém, antes de serem obrigados a uma realidade servil,
estes eram pais de família, marido, líderes e provedores do lar. Em Santos, (2002)
podemos observar o seguinte fragmento:


                            A definição do homem que servirá e do homem a ser servido
                     faz com que se recorra a uma diferenciação natural entre eles, (...) a
                     desigualdade social é apenas uma decorrência de uma desigualdade
                     que se iniciou no âmbito físico; cabe à sociedade usufruir dessa
                     desigualdade em proveito próprio. (SANTOS, 2002, p.42)

       Para conhecer melhor a experiência da vida familiar do povo negro nas
últimas décadas da escravidão brasileira, é muito importante debater e entender que
as mudanças sociais, políticas e econômicas influenciaram bastante nesse
processo.
23



1.2.3 A família branca


       Segundo Sotero (2009), a história tradicionalmente descreve a mulher
brasileira, principalmente a mulher branca, como esposa obediente, reclusa e
passiva. A mulher sendo associada à natureza enquanto o homem à cultura. O
centro dos ensinamentos educacionais era baseado na religião e na moral. A
educação feminina limitava-se ao aprendizado das boas maneiras e dos afazeres
domésticos, excluindo-se do processo de educação da mulher a aprendizagem de
ler e escrever.


       O preconceito contra as mulheres aparece dentro de suas próprias
residências, o exemplo mais ativo são os afazeres domésticos, quando em dupla
jornada, as mulheres trabalham e ao retornarem para sua moradia, tendem a fazer
limpeza e preparar a refeições para sua família. (Sotero, 2009)


       Sotero, afirma ainda que hoje a luta das mulheres é distinta, estando sob o
domínio da cultura da conjuntura e das condições sociopolíticas de cada região
brasileira. Passando pela igualdade de condições de oportunidades, trabalho e
salário, pelo fim da violência doméstica e familiar, pelo direito ao aborto, por políticas
de cotas em instâncias diretivas, pela paz, pela luta contra a violência sexual, o
estupro e a fome.


       De acordo com Silva (1984), no Brasil colonial o papel realizado pelas
mulheres brancas na sociedade, era muito mais complexo do que nos primeiros
séculos da colonização portuguesa na América.


       A classe feminina branca vivia por vezes à margem das leis eclesiásticas e
civis: prostituição, concubinato e adultério, eram crimes cometidos por mulheres
brancas. Quando ficavam velhas estas mulheres encontravam moradias e proteção
em casa de seus filhos ou parentes.


       Se a mulher geria seus bens administravam os seus engenhos,
supervisionavam feitores e capatazes, ou tinham responsabilidades de um
estabelecimento mercantil, por morte do marido estas atividades deveriam ser
24



encaradas como trabalho do mesmo modo que o são quando era o homem a
desempenhá-las (SILVA, 1984, p.78).


      Bruschini (apud Samara, 2000, p. 35), afirma que o significativo aumento da
atividade econômica das mulheres, uma das mais importantes transformações
ocorridas no país, desde os anos de 1970, resultou das transformações
demográficas culturais e sociais que ocorreram no país e afetaram as mulheres e
famílias brasileiras. As transformações nos padrões culturais e nos valores ao papel
social da mulher, interno pelo impacto dos movimentos feministas desde os anos de
1970, e pela presença cada vez mais frequente das mulheres nos espaços públicos
alteraram a Constituição da identidade feminista, cada vez mais voltada para o
trabalho produtivo.


1.2.4 A família contemporânea


      A concepção do termo família vem mudando e se alargando. Nos dias de
hoje, é comum nas novas configurações familiares um cônjuge desempenhar ambas
as funções (pai e mãe) e isso acontece devido às transformações ocorridas na
estrutura familiar ao longo da sua história. Tais mudanças fazem parte de uma
sociedade em evolução que, de acordo com Costa (2007), atualmente, observa-se
um avassalador declínio da influência familiar com tendência a se tornar uma mera
repetidora de valores e condutas ditadas por essa mesma sociedade. Como
resultado a família tradicional passa a ter uma nova configuração, onde suas
características podem ser denominadas de família pós-moderna influenciada pela
propaganda, que gera todos os dias novas necessidades de consumo, pela televisão
que funciona como um novo e persuasivo membro familiar. (COSTA. 2007, p. 21)


      A família contemporânea com base no modelo nuclear vem atualmente
passando por transformações impostas pela sociedade e estas não abalam só a sua
estrutura, mas também os seus princípios éticos. Outrora a família vivia no modelo
patriarcal. O pai tinha a incumbência de proteger a família e garantir-lhe o sustento,
além de ter autoridade sobre a esposa e os filhos. Hoje não só o pai, mas também a
mãe dividem essas responsabilidades, e essa nova configuração na hierarquia
familiar cada vez mais comum acaba abrindo brechas para que os filhos meçam
25



poder de autoridade especialmente com a figura paterna. Famílias onde o pai
mandava e o filho obedecia tenderão a desaparecer. Gley Costa (2007) analisa esta
instituição familiar e diz:


                                um aspecto dessa nova família tutelada pela mídia é a
                        inversão de valores”. Antes eram os pais que serviam de modelo
                        para os filhos. Hoje são os filhos que modelam os pais. Isso é fruto
                        de um fenômeno típico da pós-modernidade chamada moda, que
                        define estruturalmente a sociedade de consumo. (...) quando falamos
                        em novas configurações familiares também consideramos as que
                        resultam dos casamentos realizados entre pessoas separadas ou
                        divorciadas, juntando filhos de sua união atual aos filhos dos
                        relacionamentos anteriores. Na falta de um melhor termo, essas
                        famílias costumam ser chamadas de “reconstituídas”. (COSTA,
                        2007.p.21)


       Mesmo com todas essas transformações, é no seio familiar que a criança e o
adolescente encontram a proteção integral necessária à sua sobrevivência tanto nos
aspectos afetivos quanto materiais. No tocante à educação informal e formal a
família tem um papel decisivo, pois é no convívio familiar que a criança adquire
valores éticos e culturais que mais tarde lhe serão cobrado pela sociedade.
Conforme esclarece Campos (1983):


                               A palavra família, na sociedade ocidental contemporânea tem
                        ainda para a maioria das pessoas, conotação altamente impregnada
                        de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da família como ideal
                        para a educação dos filhos, geralmente evidenciam o calor materno e
                        o amor como contribuição para o estabelecimento do elo afetivo
                        mãe-filho, inexistente no caso de crianças institucionalizadas. Um
                        dos representantes deste ponto de vista foi Bowlby, p.19. (CAMPOS,
                        1983, p.32)

       A família é formada por membros unidos por laços de parentescos em que a
coletividade e a reciprocidade se perpetuam. A figura dos avós que antes eram tidos
apenas como pessoas sábias, carinhosas, afetuosas e até frágeis, também sofreu
modificações no decorrer da história familiar. Tais mudanças são provenientes da
participação da mulher no mercado de trabalho, do crescente número de casais
separados e do surgimento de crianças órfãs. Esses são acontecimentos que fazem
parte da vida moderna, na qual “a presença constante dos avós vêm substituindo os
pais”. (TOSCANO, 2002, p.111)
26



          Atualmente e gradativamente a família vem passando por grandes
transformações, sejam nos aspectos sociais, econômicos, físicos e históricos. Para
explicar melhor tais transformações que vem ocorrendo, ainda buscamos apoio nas
palavras de Toscano (2002), que tem como referencial a família burguesa ocidental
do século passado. De acordo com a autora esse tipo de família de modelo patriarcal
ruralista vivia inserida num momento histórico de mudanças lentas e sua
organização era pater-família, onde a mulher vivia submetida ao poder do marido e a
família era constituída por um grande número de filhos. Mesmo com o trabalho fora
do âmbito doméstico, os pais ainda mantinham uma grande convivência com seus
filhos.


          A religião impunha uma moral que era cumprida rigorosamente formando
assim um elo de união. Na esfera jurídica era tida como célula básica social onde o
direito de herança era reconhecido, e no código civil eram destacados os direitos
que o marido exercia sobre a mulher e os filhos, não existia o divórcio especialmente
nos países latinos, isso fazia com que houvesse uma estabilidade com as
instituições ligadas à família. Ainda segundo Toscano, (2002) essas são algumas
características de uma família tradicional, da qual a sociedade brasileira apresenta
resquícios. Ela salienta ainda que a família sofreu abalos, os quais determinaram a
velocidade da quebra dos padrões tradicionais, tais como:


                               a urbanização violenta, o êxodo rural, o trabalho feminino
                       fora do lar, a influência crescente, a grande mobilidade geográfica e
                       social. Estes são alguns dos fatores responsáveis pela maior parte
                       das profundas alterações por que vem passando a família.
                       (TOSCANO, 2002, p.107)


          Nesse novo contexto de família, surge a figura da mulher mãe, que antes
submissa ao marido cabiam-lhe não só a função de cuidar dos afazeres domésticos,
mas também zelar dos filhos e da educação destes. O pai era isento e ausente no
que se referia à educação dos filhos, porém essa estrutura familiar vem mudando, “o
que mais aparece agora, como grande e tardia descoberta, é a necessidade da
participação do pai na educação dos filhos” (LOPES, 2009, p.11).


          A sociedade atual é formada de filhos exigentes que querem cada vez mais.
Isso faz com que pais e mães trabalhem muito, ficando muito tempo fora de casa
27



com isso, não sobra tempo para se dedicarem aos filhos, os quais buscam
preencher esse tempo no manuseio de celulares, assistindo programas de televisão
e usando computadores. Um dos graves problemas da família contemporânea é a
falta de tempo dos pais para com os filhos. TIBA (2008, p.31) faz a seguinte
afirmação: “Há pais que, apesar de terem tempo, não conseguem tempo para os filhos; A
maioria dos pais, porém, “Sem tempo para nada” ainda conseguem criar tempo para os
filhos, pois seres inteligentes administram o próprio tempo.”


       Os pais delegam muito as suas responsabilidades a terceiros, trabalham fora
e os filhos ficam muito tempo sozinhos manipulando instrumentos eletrônicos, dessa
maneira fica a cargo da escola muitas das responsabilidades que caberiam aos pais,
estes por sua vez devem organizar melhor o seu tempo para gerir melhor as
atividades dos filhos e do seu trabalho.



1.3 Escola

       Segundo o dicionário Barsa (2008) escola é estabelecimento público ou
privado, destinado a ministrar ensino coletivo de maneira regular, sistemática e
intencional; conjunto de alunos e professores, tudo que ensina e dá experiência.




       Para Mizukami, “a escola é a agência que educa formalmente. Não é
necessário a ela, oferecer condições ao sujeito para que ele explore o
conhecimento, o ambiente, invente e descubra.”




        Muito mais que uma instituição de ensino a escola pode ser reconhecida
como uma instituição de cunho social com a finalidade diretamente educativa que
tem a função de propiciar a socialização e o desenvolvimento de seus alunos.
Segundo Rubem Alves (1986, p.9) essa expectativa ocorre ao contrário: “ Crianças
que eram de carne e osso, ao entrar na escola, só recebem diplomas depois de se
transformarem em bonecos de pau”.
28




      A escola é o espaço que dá oportunidade as pessoas à convivência com seus
semelhantes. De acordo com o Penin,Vieira e Machado (2001, p 23):


                          As melhores e mais conceituadas escolas pertenciam à rede
                          particular, atendendo um grupo elitizado, enquanto a grande
                          maioria teria que lutar para conseguir uma vaga em escolas
                          públicas, com estrutura física e pedagógica deficientes.
                          (PENIN,VIEIRA E MACHADO , 2001,p.23)


      O país tem passado por muitas transformações significativas, no que se trata
ao funcionamento e acesso da população brasileira ao ensino público, quando em
um passado recente era vantagem das camadas sociais ricas “elite” e de preferência
para os homens, as mulheres mal apareciam nas cenas sociais, quando muito os
únicos que tinham acesso ao saber formal recebiam alguma iniciação em desenho e
música.


      Percebemos que o que realmente mudou ao longo do tempo foi o
pensamento das pessoas que fazem e frequentam a escola. A função básica da
escola hoje é social e de transmissão cultural. Ela deixou de ser o centro de
transmissão de conhecimento para se tornar responsável pela manutenção de
valores e normas de conduta. As crianças passam muito tempo na escola e é lá que
os alunos aprendem as formas de se relacionarem. O conceito de transferir para a
escola a responsabilidade de cuidar das crianças foi elaborado no período da
industrialização que ocorreu no século XVIII, na Inglaterra e no século XIX, no resto
da Europa, Estados Unidos e Japão.


      Nesse período, a escola era para crianças em idade de Educação Infantil.
Porém, as creches não tinham caráter pedagógico, mas de assistência social, de
guarda. Apenas na década de 1980 é que foi iniciado um movimento para
reorganização da educação infantil com caráter pedagógico. Atualmente, o acesso à
informação foi disseminado.
29



      O grande desafio da escola é fazer do ambiente escolar um espaço que
auxilie o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e
passe a ser, além disso, encontro com o saber com descobertas de forma prazerosa
e funcional. Conforme Libâneo (2005)


                    Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela
                    mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos
                    conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e
                    afetivas, indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais
                    e sociais dos alunos. (LIBÂNEO 2005, p.117)

      A escola deve se preocupar em oferecer situações que valorizem e
despertem o interesse pelo aprendizado, onde haja vontade, razão, e entendimento
da importância desse conhecimento no futuro do educando. Segundo, Penin,Vieira e
Machado. (2001):


                    Uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando
                    valoriza a transmissão de conhecimento, mas também enfatiza
                    outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o
                    respeito às diferenças, a cultura escolar. (PENIN,VIEIRA E
                    MACHADO 2001, p. 45)

      O aluno deve adquirir uma razão para querer aprender, entender o motivo
pelo qual precisa ou busca determinado conhecimento, já é um passo importante,
conhecer a sua cultura e valoriza-la é também algo que pode ser enfatizado pelo
aluno e pela própria escola.

1.3.1 Escola Pública e Escola Privada


      A escola particular surgiu no Brasil, antes da escola pública e era privilégio
apenas da classe alta (elite), por querer uma educação diferenciada para os filhos,
os pais, que em geral eram fazendeiros e barões os colocavam em escolas privadas
e renomadas, querendo assim que os mesmos se destacassem profissionalmente e
elevassem o nome da família.


      A escola pública surgiu depois do enfraquecimento das escolas distintas para
ricos e pobres no século XIX, quando a classe operária começa a reclamar e lutar
por um ensino onde favorecesse não só a classe rica mais também a classe pobre.
Contudo, mesmo com a união desses dois grupos continua a desigualdade, pois os
30



filhos dos ricos sempre se superavam nos resultados por terem melhores condições
extraclasses.


          Não há como negar as inúmeras diferenças entre a escola pública e a escola
privada, podemos destacar alguns pontos como: a relação dos professores com
alunos e pais que, na escola particular, é muito mais amigável e constante, o
interesse e acompanhamento dos pais pelo desenvolvimento              educacional dos
filhos.


          O espaço escolar é também uma construção cultural e, portanto histórica,
pois desde os tempos remotos até os dias atuais pode-se observar que a arrumação
de uma sala de aula continua sendo a mesma: carteiras enfileiradas, portas
fechadas, carteira de professor ao lado do quadro e virado para alunos e a constante
utilização do quadro e giz.


          Hoje com o avanço tecnológico e o mercado de trabalho cada vez mais
exigente não só os pais da classe alta mais os da classe média optam também por
matricularem seus filhos em escolas particulares, pois alguns acham que as escolas
públicas não os capacitam para futuramente prestarem um vestibular. Há aqueles
que pensam ainda que a escola particular cobra mais do aluno por eles pagarem
uma mensalidade fixa, muitos não têm o conhecimento que os recursos didáticos e
paradidáticos da escola pública que seus filhos usam são pagos com o dinheiro de
impostos inclusos em suas contas.


                               A luta pela defesa da escola particular, pela defesa da
                       liberdade de ensino, pela defesa do direito que a família tem de
                       escolher a educação que ela quer para seus filhos, não pode
                       traduzir-se hoje num confronto entre a escola particular paga e a
                       escola pública gratuita. (REVISTA da AEC, 1981, nº 40).


          De acordo com Piletti (1991), o saber escolarizado na Idade Média era
privilegio da nobreza, do clero, e da burguesia na idade moderna. Foi a partir da
revolução francesa que as classes populares perceberam a importância do saber ler,
escrever e contar, com isso começaram a exigir escola pública e gratuita para todos.
Como se afirma nas palavras de Moll (1996):
31



                     Historicamente o processo de educação escolar no Brasil está
                     marcado pela exclusão das camadas populares da sociedade desde
                     o início do processo de colonização o saber matéria-prima do
                     trabalho escolar- é mantido como privilegio de grupos
                     economicamente hegemônicos. (MOLL, 1996, p.12)




      No Brasil historicamente sempre houve dois tipos de escolas, a escola feita
para a elite que era a escola superior e secundária e a escola primária para as
classes populares, porém a maioria dos brasileiros não tinha acesso à escola. Moll
(1996) faz ainda a seguinte colocação.


                     Há um caráter elitista explícito na distribuição do saber letrado. A
                     educação escolarizada só era conveniente à camada dirigente
                     (pequena nobreza e seus descendentes) que vinculava os interesses
                     metropolitanos às atividades coloniais. (MOLL 1996, p.13)

      Ainda hoje a escola tem resquícios dessa segregação e imposição de
saberes, a escola é preparada para conduzir os educandos para a servidão, estando
de portas abertas para a elite que de certa forma já vem conscientizada do próprio
âmbito familiar sobre as orientações que devem tomar como base.


1.3.2 Interação Escola-Família


      A educação brasileira sofreu grandes transformações no século XX: A
primeira universidade do Brasil é inaugurada no estado do Paraná em 1912 e em
1920, o Rio de janeiro inaugura a sua. Em 1930 surge o Ministério dos Negócios da
Educação e da Saúde Pública. Na constituição de 1934 aparece pela primeira vez a
educação como direito de todos (art.149), é reintroduziu também o ensino religioso
de caráter facultativo. Em 1937 a legislação da prioridade do ensino pré- vocacional
e profissionalizante às classes baixas. A educação entra em crise após a Segunda
Guerra Mundial e educadores se unem em prol da construção de um mundo melhor.
Em 1953, o curso normal passa a ter o mesmo valor que o Ensino Médio para o
ingresso na universidade. Em 1961, é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação. É criado o Mobral em 1964 pelo regime militar com a finalidade de acabar
com o analfabetismo. Em 1988, é criada uma nova Constituição, que além de definir
a educação como direito de todos e dever do estado e da família (art.205), também
obriga a União e os Estados a aplicar respectivamente 18% e 25% da receita em
32



educação. Em 1996, a promulgação da Nova LDB inverte a ordem das
competências dizendo que a educação é dever da família e do estado (art.2º),
sabemos que a educação antes é obrigação primeiro do estado e depois da família
com esse artigo inverteu-se a ordem.


      Depois dos movimentos populares, da revolução feminina, do progresso do
movimento sindical, das revoluções no campo político, dos governos militares e do
avanço tecnológico, o Brasil sofreu grandes transformações tanto sociais como
políticas. Além disso, o Brasil se mostra cada vez mais como um país capitalista,
preocupado com a criação de políticas públicas especialmente com aquelas
relacionadas à educação. O mercado de trabalho abre suas portas para a mulher e
isso fez com que seus filhos passassem a maior parte do tempo fora de casa, sendo
assim, a escola teve que assumir um papel maior na formação destes. “A partir do
capitalismo a instalação das fábricas separa o local de trabalho do local de moradia,
obrigando a mulher que precisa completar o orçamento doméstico a se ausentar de
casa.” (ARANHA, 1996, p.95).


      A descoberta de problemas que afastam as famílias da escola pode ser um
caminho a serem pensados como elo entre esses dois vieses. Ao pensarmos que
historicamente existe não um “modelo de família” e sim modelos familiares infinitos,
cada um com sua singularidade e traços próprios e cada uma defendendo do seu
jeito e protegendo a sua subsistência. Estão presentes dessa maneira, sentimentos
pertinentes ao cotidiano de qualquer agrupamento como amor, ódio, ciúme, inveja,
entre outros. Os deveres que por ora são de obrigação familiar são transferidos
apenas para o ambiente escolar, fazendo-se assim uma inversão de papéis. Quando
estes matriculam seus filhos na escola estão buscando um saber sistematizado, pois
até então o único tipo de educação que tinham era assistemática.


      Segundo Kaloustian (1988), todos os membros da família devem ter no
ambiente familiar a garantia de auxílio integral e sobrevivência, não importando a
situação em que se estrutura essa família. Na família é que os seus membros são
conduzidos afetivamente, tendo todo o aparato material necessário para o bom
desenvolvimento dos seus indivíduos. É no espaço familiar que são absorvidos
valores éticos, desempenhando de forma decisiva na educação formal e informal de
33



seus componentes. Através dos valores culturais observados é que se formam os
traços das novas gerações.


       Para que o direito a educação se estendesse a todos e o número de escolas
públicas fosse ampliado foram necessárias várias campanhas envolvendo diversos
setores da sociedade: entre eles educadores, sindicatos igrejas, comunidades,
dentre outras categorias profissionais. De acordo com artigo 125 da Constituição
(1988):


                      A educação integral da prole é o primeiro dever e direito natural dos
                      pais. O estado não será estranho a esse dever, colaborando de
                      maneira principal ou subsidiária para facilitar a sua execução de
                      suprir as deficiências e lacunas da educação particular.
                      (CONSTITUIÇÃO, 1988, art.125).

       Existem relevantes tarefas no que diz respeito à orientação e educação de
crianças e jovens que são divididas pela família e pela escola, nesses espaços eles
trocam conhecimentos e valores. Para a escola dar certo se acredita que ela deva
estar ciente do processo familiar de cada aluno e a família deve estar interessada
pelas atitudes e desempenhos dos seus filhos. “A importância da participação dos pais
na educação e escolarização dos filhos é praticamente regra em sistema educacional e
dispensa referência a fontes específicas de inspiração”. (OLIVEIRA, 2001, p. 71).


       Segundo Gokhale (1980), A família não é apenas o berço cultural e nem
apenas base de civilizações futuras, mas é núcleo da vida social... A criatividade e
comportamento servirão de apoio dependendo muito da sucessão da educação na
família. A formação da personalidade e caráter das pessoas depende muito da
influência familiar. . “As funções básicas da família estão de tal modo identificadas
com a educação que não se pode tratar de uma sem referir-se a outra.” (TOSCANO,
2002, p. 110).


       Por acreditar que a escola é a continuação do lar, os pais acabam
transferindo as suas obrigações para ela. As atribuições da escola e da família são
tão parecidas que ambas se perdem no entendimento de suas funções, os pais
criam um vínculo de intimidade com a escola, mas, em momento nenhum deve
deixar de cumprir o seu papel, independente do seu modelo. A obrigação da família
34



é intransferível, só ela possui capacidade de tais responsabilidades, só ela terá
instrumentos relativos aos conhecimentos prévios dos educandos, sua disciplina,
seus costumes e hábitos culturais e emocionais.


       Na visão de Silva (2008), a escola não deve ser só um ambiente de
aprendizagem, mas também um espaço de ação na qual haverá desenvolvimento de
vida afetiva, ou seja, deve existir uma continuidade da mesma, quando os alunos se
sentam para debaterem assuntos sobre o processo de aprendizagem. É também
importante falarem de amizade, respeito ao próximo, sobre os problemas que
prejudicam o nosso planeta.


       A criação, a educação e a preparação dos filhos nos dias atuais é um desafio
gigantesco. A família tem um papel fundamental em todos os momentos e nas mais
diferentes fases da vida do ser humano, pois é ela quem define desde cedo onde os
filhos irão estudar, o que é prioridade eles saberem para tomarem possíveis
decisões no futuro. Junto à família está a escola, para assegurar um bom
desenvolvimento do individuo, os pais e a escola devem contribuir na formação e
educação formal das crianças de maneira sólida e consciente. “Cabe aos pais e a
escola preciosa família de transformar a criança imatura e experiente em cidadão
madura, participativo, atuante, consciente de seus deveres e direitos, possibilidades
e atribuições.” (SANTO, 2008:14).


       No contexto em que vivemos hoje, a escola e a família tem que caminharem
juntas, uma necessita da outra e devem desenvolver ações e tarefas em conjunto
para a formação total dos educandos e filhos. “O ambiente escolar deve ser de uma
instituição que complete o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e
geradores princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno”. (TIBA, 1996:140)


       Ao nascer, todo ser humano é introduzido num mundo em que ser social é
fundamental para a sua sobrevivência, onde, a sua convivência com outras pessoas
lhe traz aprendizagens relevantes ao seu desenvolvimento. Vários elementos
contribuem para adquirir conhecimentos e na formação de comportamento, a família
aparece como um dos mais influentes.
35



       Na sociedade em que vivemos muitos elementos estão envolvidos no
processo educativo, tais como a escola, igreja, meios de comunicação, o trabalho e
a família. No entanto, a escola e a família se destacam como instituições de
importante influência e que precisam trabalhar na intenção de educar os indivíduos
de forma brilhante, para que estes se tornem cidadãos pensantes e capazes de
cumprir com seus deveres e saberem buscar seus direitos.
De uma maneira geral, sobre a relação família e educação, afirma Nérici (1972):


                            A educação deve orientar a formação do homem para ele
                    poder ser o que é, da melhor forma possível, sem mistificações, sem
                    deformações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação
                    educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo
                    em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas
                    necessidades das pessoas e da sociedade (...) A influência da
                    Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo
                    do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de
                    substituí-la. (...) A educação para ser autêntica, tem de descer à
                    individualização, à apreensão da essência humana de cada
                    educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas
                    fortalezas e aspirações. (...) O processo educativo deve conduzir à
                    responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como
                    sinônimo de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus
                    próprios atos. De modo geral, instruir é dizer o que uma coisa é, e
                    educar e dar o sentido moral e social do uso desta coisa". (
                    NÉRICI,1972,p.12).


       O termo “Integração”, na acepção da palavra, significa “tornar inteiro”
“completar” (LUFT, 2000), e é esse o sentido desta busca, aproximando família e
escola, que a educação de uma venha completar a educação da outra, e que, juntas
possam fortalecer-se enquanto instituições formadoras.


       Se tratando da relação família e escola, precisamos esclarecer as funções
dos pais e escola na vida escolar dos seus filhos, apenas a observação das
atividades, questões comportamentais e a entrega dos filhos na escola não se
constituem como participação, o papel dos pais não se restringe somente a essas
obrigações. A participação (ou ausência de) é um tema “reclamado”, mas não é um
tema “discutido”. Os pais se predispondo a ajudar não têm claro como o podem
fazê-lo.
36



       Segundo TIBA (2002, p.180) “[...] percebo que as crianças têm dificuldade de
estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente quando os próprios pais
delegam à escola a educação dos filhos [...]”.


       São muitas as mudanças ocorridas na sociedade. O mundo capitalista e
globalizado põe fim nas grandes receitas, estabelecendo uma nova ordem que
chega a essa nova era voltada para a 3ª revolução industrial, que nos chama a
repensar o nosso papel e atualizar os nossos conhecimentos. Os principais atores
do processo ensino-aprendizagem, professor e aluno sofrem nesse processo efeitos
comprometedores, abalando valores e prevalecendo o individualismo e a
competitividade, o hedonismo sujeita às atitudes de solidariedade, valor e respeito à
vida. Esse contexto acarreta vários problemas no convívio familiar, ficando à escola
a responsabilidade de transmitir aos filhos valores antes pertinente à família. Na fala
de Gomes (2005, p.295), “a escola é comparável a uma arena competitivo-conflitual,
onde se encontram pelo menos duas gerações”; mediar tais conflitos não é tarefa
fácil, nem tampouco incumbência exclusiva da escola.


       Família e escola estão vivendo a chamada “crise existencial”, as ineficácias
determinadas situações são temas de livros, artigos, discursos, onde atravessam
expressões     de   mudanças       como    reinventar,   reconceituar,      rever,   resgatar,
transformar,    juntamente     com    outras     expressões   indicativas     de     mudança,
cooperação, coletivo, humano, sendo esse um meio sugerido para amenizar esse
quadro de crise. Partes destes termos implícita ou explicitamente estão presentes na
fala de Libâneo (2001) ao fazer referência à gestão democrática:


                       A gestão democrática participativa valoriza a participação da
                       comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a
                       docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva de
                       objetivos e das práticas escolares, no diálogo e na busca do
                       consenso. (LIBÂNEO, 2001, p.131-132)


       A Lei 9394/96-LDB (art. 4º), ao tratar dos princípios e fins da educação,
explicita: “a educação, dever da família e do Estado”... tem por finalidade o pleno
desenvolvimento educacional...” e ainda, a mesma Lei coloca, “os estabelecimentos
de ensino terão a incumbência de ... articular-se com as famílias ... criando
processos de integração... .” Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990),
37



determina que é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais (Cap. IV,
parágrafo único); ou seja, a educação é primeiro, dever da família, é com a família
que se inicia o processo de educar, processo esse,ampliado pela educação escolar
com a obrigatoriedade do Estado.


       A Família e a escola são os primeiros e os principais núcleos de formação
social da criança, por isso ambas devem trabalhar conjuntamente a fim de
promoverem o desenvolvimento pleno e integral desta. Porém o que se percebe
atualmente são transferências de culpas e responsabilidades. A família seja por
incapacidade de educar seus filhos ou pelo fato de não ter tempo devido à correria
do dia a dia cruzam os braços, achando que sozinha a escola dará conta de cumprir
a dupla tarefa: suprir a carência emocional que o aluno traz de uma família
desestruturada e ensinar-lhe o que ela precisa para futuramente ser um cidadão
capacitado para ingressar em uma sociedade onde a capacidade intelectual será
exigida. Porém a função que a família desempenha na educação dos filhos é
intransferível.


       A instituição escolar por sua vez, acha que ensinando conteúdos e aplicando
avaliações na maioria das vezes quantitativas, está cumprindo seu papel social com
este aluno. Não sabendo ela, que sua missão vai além dos muros da escola. Cabe a
esta, não apenas a transmissão de conteúdos, mas, também o conhecimento da
família do aluno, pois com isso o trabalho escolar acontecerá de forma consciente e
eficiente. E esse conhecimento que é de importância fundamental só poderá ocorrer
se a instituição escolar fornecer meio para esse intercâmbio, o qual poderá ser feito
por meio de visitas a casa dos alunos, disponibilização para o professor de uma
ficha com dados pessoais do aluno no início do aluno letivo, criação de atividades
nas quais os pais dos alunos possam ser inseridos e assim participem mais da vida
escolar de seus filhos e do espaço da escola.


       O que não pode acontecer é a escola e a família se distanciarem e medirem
força para ver de quem é a culpa da não aprendizagem do aluno. O trabalho em
conjunto desses dois segmentos facilitará a educação das crianças integrando-as à
38



sociedade, porém cada uma fazendo o que é de sua incumbência. Nérici (1997) em
Escola Lar e Educação afirma:


                             A escola existe para completar a ação educativa do lar, na
                     sua tarefa de preparar novas gerações para o exercício pleno da
                     cidadania. Atende também à sociedade, colaborando na formação do
                     tipo de cidadão que mais convém a sua sobrevivência e
                     desenvolvimento (...) A escola não deve assumir sozinha, a
                     incumbência da família de educar os filhos. Deve sim, empenhar-se
                     para que essa se convença das suas obrigações inalienáveis no
                     processo educativo da prole. Deve evidenciar que certas condições
                     básicas, emotivas principalmente, para boa marcha da educação,
                     devem ser preparadas pela família, sem o que muito pouco poderá
                     fazer a escola. (NÉRICI, 1977, p.194)


      Nos dias atuais, diante da complexidade no campo educacional que hoje os
seres humanos vivem, nos preocupamos e pretendemos entender a enorme
necessidade da relação que deve existir entre a escola e a família.


      Os questionamentos a respeito da participação da família junto à escola são
muitos, referente à educação dos filhos. A escola não pode ser uma mera sociedade
que apenas recebe alunos das mais diversas camadas sociais e cuida de formá-los
como cidadãos e/ou em pessoas que procurem desenvolver sua conduta de forma a
corresponder com os padrões exigidos pela sociedade em que vivem. Como afirma I
Lopez (1999):


                     É preciso convencer-se de que a participação, diferenciada conforme
                     o papel que cabe a cada setor da comunidade educacional constitui
                     ao mesmo tempo uma manifestação de democracia social e uma
                     garantia de qualidade. Por certo não se pode confundir a participação
                     com qualidade em se da educação escolar , porque a qualidade
                     refere aos resultados educacionais alcançados pela escola, enquanto
                     participação é apenas um meio. Contudo, trata-se de um meio
                     fundamental, porque a educação não depende de si mesma, mas em
                     grande parte do papel que desempenha a família dentro e fora da
                     escola. Como se dá com outras habilidades humanas, é participando
                     que se aprende a participar (I LOPEZ, 1999, p.83)

      A escola não deve limitar-se em si mesma o papel de educadora e
transformadora do ser humano, essencialmente quando se trata da educação
voltada para pessoas que são portadoras de necessidades especiais. É preciso que
entidade escola compreenda-se como mediadora que precisa está em perfeita
39



ligação com a família para que unidas encontrem saídas para uma aproximação de
sucesso entre as mesmas.


      É preciso existir um profundo conhecimento por parte da escola em relação à
família. O que acontece no seio da mesma deve ser de necessária importância para
a escola hoje, porque só se pode resolver determinadas situações problemas
quando há um conhecimento anterior de imposições que venham ser a causa por
onde decorrem tais problemas. Por outro lado, a escola precisa estar aberta para
que a família possa ter um acesso maior quanto ao seu projeto pedagógico. Supõe-
se que uma vez a família vendo de perto as propostas que a escola tem para
oferecer aos seus filhos e podendo ajudar no que for possível, a partir desse
momento, pode surgir uma relação de confiança e colaboração. É relevante que a
escola leve em consideração o fator social como diz Alarcão (2001):


                     A escola reflexiva é uma escola que se assume como instituição que
                    sabe o que quer e para onde vai. Na observação da realidade social,
                    descobre os melhores caminhos para desempenhar a missão que lhe
                    cabe dentro da sociedade. (ALARCÃO, 2001, p.26)


      A interação família e escola, na contemporaneidade, é temário significante
nos debates estabelecidos em diferentes âmbitos da sociedade. Muito se fala que o
dueto família e escola é o responsável direto na construção do histórico positivo,
alcançado pelos alunos e alunas no tocante ao ensino-aprendizagem. Comumente
escutamos os professores solicitarem o apoio constante e verdadeiramente
comprometido da família, pois essa parceria é fundamental para um bom
desenvolvimento do aluno, conforme o grifo de Melo:


                    A participação da família na escola pode se dar de várias maneiras,
                    na atuação direta dos pais em projetos especiais, nos momentos de
                    avaliação dos filhos e no conselho escolar, no qual participa da
                    formulação e acompanhamento do Projeto Político- Pedagógico e de
                    outras questões pertinentes à escola. Muitas pesquisas indicam que
                    a participação da família auxilia, direta e indiretamente, no processo
                    educativo dos filhos (MELO 2011, p. 9).

      Carregamos no nosso entendimento que o ambiente escolar é aquele
composto por um professor ensinando um conteúdo a uma turma de meninos e
meninas. Esse cenário não está equivocado, mas compor a escola tendo apenas o
40



professor e os alunos como únicos personagens, é anular do enredo escolar, outros
elementos importantes, como a família, e isso representa muito.


      No entanto, quando expomos uma expectativa de apoio, falamos de uma
relação apaziguadora em que não há espaço para acusação e muito menos para a
crença de que o mau desempenho dos alunos diz respeito unicamente à falta de
acompanhamento dos pais. Ou ainda que o insucesso da vida escolar dos filhos e
filhas é resultado da deficiência estrutural nas famílias, como afirma Paro:


                     Na mesma medida que enfatizam a importância e a necessidade de
                     os pais participarem, em casa, da vida escolar de seus filhos os
                     professores e funcionários, em geral, reclamam da falta dessa
                     participação (PARO 2007, p.39).


      A qualidade da relação criança e família irão oferecer condições ao processo
de socialização da criança com a escola e vice-versa. Ou seja, a família e escola
são sinais expressivos dentro da dinâmica ensino-aprendizagem, isso tudo pelos
aspectos da limitação, da identificação e outras mais características determinadas
pelo contexto familiar e escolar. Nessa parceria harmônica a criança caminha com
passos do bom desenvolvimento.


      Devemos compreender a educação como uma forma de intervenção no
mundo. Devemos entender que os alunos devem ter condições para tomar decisões
coerentes, portanto a família e escola devem está constantemente dialogando,
expondo dificuldades, elaborando estratégias, pois o aluno é também o filho. De
acordo com Salvador, (1999):


                            Embora a escola e a família sejam contextos diferentes e
                     ofereçam experiências educativas diversas, o aluno/filho é a mesma
                     pessoa e necessita de alguns critérios estáveis, que serão os que
                     poderá se interiorizar para regular a sua própria vida de maneira
                     autônoma. (SALVADOR, 1999, p.186)


      Dialogar é mais que preciso, pois não há uma cartilha ensinando como
acolher e envolver os pais na escola. Não há uma receita pronta que nos oriente na
difícil, porém necessária, tarefa de atrair os pais para o âmbito escolar. Sendo
assim, é papel da escola elaborar estratégias que respeitem as heterogêneas
41



características da comunidade familiar. Pois, é no diálogo simples e repleto de afeto
que conhecemos os nossos e os valores alheios. A escola poderá coincidir com os
valores da família, potencializando a boa educação de berço, e por consequência, a
família engrossará o coro da aprendizagem pautada na união. Segundo Lane, (et.al.,
2001, p.102)


                               ... é na família que os indivíduos são educados para que
                       venham continuar biológica e socialmente a estrutura familiar. Ao
                       realizar seu projeto de reprodução social, a família participa do
                       mesmo projeto global, referente à sociedade na qual está inserida. É
                       por isso que ela também ensina aos seus membros como se
                       comportar fora das relações familiares em toda e qualquer situação.
                       A família é, pois, a formadora do cidadão. (LANE, et.al. 2001, p.102).

       Um dos maiores obstáculos hoje em dia para os seres humanos vem sendo a
desintegração dos seus valores, ética, cidadania, que vem não mais fazendo sentido
na formação do indivíduo, cada dia mais, sendo banidos de suas vidas. Nesse
momento fica evidente a necessidade da presença da família e da escola para
impedirem que esse processo de banalização continue, tentando ao mesmo tempo
resgatar valores tão importantes como a boa formação do caráter.


      A escola e a família que tem objetivos em comuns caminham juntas para a
formação integral do individuo, desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem. A
escola e a família se constituem em um conjunto com grandiosas tarefas, sendo
desenvolvidas nelas os primeiros grupos sociais da criança. Em relação a isso, A
LDB- Lei de Diretrizes e Base da Educação (lei 9394, de dezembro de 1996)
formaliza e institui a gestão democrática nas escolas e vai além. Algumas conquistas
se destacam: A concepção de educação, concepção ampla, estendendo a educação
para além da educação escolar, ou, seja comprometimento com a formação do
caráter do educando.


      A primeira formação do indivíduo deve existir na família, que é o caráter e a
personalidade, a família é indispensável e devemos ter um olhar grandioso sobre a
mesma. De acordo com Chalita (2004):


                               Não se experimentou para a educação informal nenhuma
                       célula social melhor do que a família. É nela que se forma o caráter.
42



                     Qualquer projeto educacional sério depende da participação familiar:
                     Em alguns momentos, apenas do incentivo, em outros de uma
                     participação efetiva no aprendizado ou pesquisa, ao discutir, ao
                     valorizar a preocupação que o filho traz da escola. (CHALITA, 2004,
                     p.17)


    Torna-se explícito que a família é a célula que ocupa o primeiro lugar na
formação educacional do ser humano, pois é dela que parte o incentivo e o apoio ao
aluno na escola e para a escola. É importante que a família esteja mais presente do
que nunca, pois além de se tratar de formação, trata-se também de uma inclusão do
indivíduo e também da família. Gentile (2006) afirma que:


                           A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e
                     seus membros são exemplos para a vida no que diz respeito à
                     educação, se essas pessoas demonstrarem curiosidade em relação
                     ao que acontece em sala de aula e reforçarem a importância do que
                     está sendo aprendido, estarão dando uma enorme contribuição para
                     o sucesso da aprendizagem. (GENTILE, 2006, p.35)


      De acordo com o comentário de Paola Gentile no artigo que escreve na
revista Nova escola de junho/ julho de 2006, com o título: Abrir as portas à
participação de familiares e da comunidade, ela diz: “Escola e família têm os
mesmos objetivos: Fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos e ter
sucesso na aprendizagem”... (GENTILE, 2006, p. 33)


      A   escola   enquanto     instituição   responsável    pela    comunicação      do
conhecimento deverá ter consciência do seu papel, compreendendo que precisa
valorizar a importância das pessoas envolvidas em todo o seu processo, entendendo
que não só a família deverá ter reconhecimento da sua função na ação educativa e
educacional dos seus filhos. De acordo com Alarcão (2001):


                             A escola sem pessoas séria um edifício sem vida. Quem a
                     torna viva são as pessoas: os alunos, os professores, os
                     funcionários, os pais que, não estando lá permanentemente, com ela
                     interagem. As pessoas são o sentido da sua existência. Para elas
                     existem os espaços, com elas se vive o tempo. As pessoas
                     socializam-se no contexto em que próprias criam e recriam. São o
                     recurso sem o qual todos os outros recursos seriam desperdício... As
                     relações das pessoas entre si e de si próprias com o seu trabalho e
                     com a sua escola são a pedra de toque para a vivência de um clima
                     de escila em busca de uma educação melhor a cada dia.
                     (ALARCÂO, 2001,p. 20)
43



      Carregamos no nosso entendimento que o ambiente escolar é aquele
composto por um professor ensinando um conteúdo a uma turma de meninos e
meninas. Esse cenário não está equivocado, mas compor a escola tendo apenas o
professor e os alunos como únicos personagens é anular do enredo escolar outros
elementos importantes, como a família, e isso representa muito.


      Enfim, encontraremos vários sentidos para o termo interação. Mas, o seu
melhor significado habita na necessidade de conhecer as razões pelas quais as
famílias se negam a corresponder ao que os educadores aspiram, ou seja, no
tocante a sua participação na vida escolar dos filhos. Necessitamos urgentemente
abandonar a velha postura de juízes que condenam e sentenciam sem conhecer os
motivos manifestados nas ações alheias, pois só assim, conseguiremos êxito.
44



                               2.0 CAPÍTULO II - MÉTODO




2.1 Pesquisa qualitativa

      O presente trabalho foi realizado através de uma pesquisa qualitativa . É uma
pesquisa que permite a compreensão sobre todo o contexto estudado, atendendo a
toda a complexidade do tema através de entrevistas. Nesse tipo de pesquisa os
dados coletados são descritos e depois interpretados. Isso quer dizer que a
interpretação deve ocorrer de modo imparcial, sem preconceitos e opiniões
pessoais. De acordo com Neves (1996, p. 1)


                             conceitua pesquisa qualitativa como[...] um conjunto de
                    diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a
                    decodificar os componentes de um sistema complexo de
                    significados. Tendo por objetivo traduzir e expressar o sentido dos
                    fenômenos do mundo social [...] ( NEVES, 1996, p. 1)

      A pesquisa qualitativa não tenta expressar em procedimentos os conteúdos
diretos e claros do sujeito com o intuito de transformá-lo em entidades objetivas
suscetíveis de processamento matemático. A opção epistemológica que escolhemos
como fundamento da abordagem qualitativa representa o conhecimento como
processo permanente, de caráter aberto dentro do qual o pesquisador sempre
descobre e constrói opções. Como diz Minayo (1998)


                    A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela
                    preocupa-se nas ciências sociais, com um nível de realidade que não
                    pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de
                    significados, motivos, aspirações, valores e atitudes que corresponde
                    a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
                    fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
                    resultados. (MINAYO, 1998, pág. 22).

      A concepção de trabalho de campo historicamente está ligada com a
etnografia, o que em nossa opinião depende do método descritivo, pioneiro no
desenvolvimento de uma orientação qualitativa de pesquisa cientifica. No entanto o
trabalho de campo é exigência para muitas pesquisas qualitativas desenvolvidas no
campo das ciências antropossociais. O trabalho de campo não deve estar agregado
45



apenas à participação do pesquisador no meio estudado. A presença do
pesquisador na instituição estudada é trabalho de campo. Orofino e Zanello afirmam:


                     Interessa-nos o sujeito concreto e não um sujeito hipotético. Não
                     iniciamos a pesquisa com hipóteses a priori que nos fariam cair na
                     armadilha de filtrar a observação. Acreditamos que a pesquisa se faz
                     pela construção dinâmica, pelo cotidiano das vivências geradas pela
                     relação pesquisador-pesquisado (OROFINO E ZANELLO, 1997:13).

      A pesquisa qualitativa faz sentido a partir do momento que nos deparamos
com sujeitos reais, os quais de forma livre discorrem sobre aspectos de suas vidas
ou do foco ao qual é questionado.


2.2 Lócus da Pesquisa


      A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Luiz Navarro de Britto,
situada no Bairro do Alto, na Rua Doutor Manoel Augusto Meira, S/N na cidade de
Itiúba-BA, em funcionamento desde1969. No quadro de funcionários a escola conta
com 10 professores para atender a uma clientela de 273 alunos, que estão
distribuídos nos dois turnos (matutino/ vespertino). A escola oferece desde a
Educação Infantil, uma é o Ensino Fundamental I. Quanto à estrutura física, a escola
é composta de seis (6) salas de aulas, uma (1) sala para a diretoria, uma (1) cantina,
três banheiros. O espaço externo se limita a uma pequena área.


2.3 Participantes


   Contamos com a participação de treze (13) indivíduos, sendo eles dois (02)
professores da turma, dez (10) pais selecionados através de documentos da escola
(frequência, matriculas e atas,) cedidos pela direção da escola para que nós
fizéssemos uma análise e posterior seleção, classificando um mesmo número, como
pais frequentes e pais ausentes na vida escolar dos seus filhos. Contamos apenas
com participantes do sexo feminino. Fizemos um trabalho coletivo, nesse contexto
os pesquisados são reconhecidos como sujeitos, na construção do conhecimento e
autores de práticas adequadas capazes de intervir no problema identificado. Os
participantes se encontram numa faixa etária entre 25 à 45 anos, os professores se
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Escola e Família: Parceria Necessária

  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII CONVÊNIO UNEB/ITIÚBA-SENHOR DO BONFIM EDIVÂNIA ROSA DE SÁ LIDIANE LOPES CAMPOS SELENE SANTANA SOUSA CARNEIRO TELMA SOUSA SANTOS Escola e Família: Uma aproximação necessária ITIÚBA-BA 2012
  • 2. EDIVÂNIA ROSA DE SÁ LIDIANE LOPES CAMPOS SELENE SANTANA DE SOUSA CARNEIRO TELMA SOUSA SANTOS ESCOLA E FAMÍLIA: UMA APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado da Bahia, como requisito para a obtenção do Título de Pedagogo. Orientado pelo professor Gilberto Lima. ITIÚBA-BA 2012
  • 3. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Edivânia Rosa de Sá Lidiane Lopes Campos Selene Santana de Sousa Carneiro Telma Sousa Santos ESCOLA E FAMÍLIA: UMA APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA BANCA EXAMINADORA: ____________________________ __________________________ Profº.(a) Avaliador (a) Profº. (a). Avaliador (a)) ______________________________________ Prof. Gilberto Lima (Orientador)
  • 4. DEDICATÓRIA Dedicamos a nosso orientador o incentivo e a paciência, a todos os membros da nossa família que contribuíram, direta ou indiretamente, para o desenvolvimento da nossa pesquisa, incentivando-nos, a seguir mesmo quando os entraves pareciam nos submergir e em muitas situações pela paciência com a nossa falta de tempo e atenção para com eles.
  • 5. “(...) Cada criança é um ser único, diferente de qualquer outra, que experimenta ritmo de evolução próprios, tem os seus interesses e provém de um universo cultural,econômico e familiar específico; cada um é um caso,uma personalidade que desabrocha de modo diverso.” Joaquim Azevedo (1994, p 118-120)
  • 6. Agradecimentos Agradecemos a Deus pelo Ser que somos cheios de determinação e coragem; Aos nossos pais presentes e ausentes, os quais amamos muito, pelos seus exemplos de vida, empenho e dedicação. Aos nossos amados filhos, razões das nossas vidas e motivação para prosseguirmos nos estudos; Aos esposos queridos que foram companheiro durante esses quase cinco anos, ajudando a cuidar dos filhos, desempenhando assim o papel de pai e mãe; À UNEB pela participação na realização do nosso sonho; À Coordenação do Programa REDE UNEB 2000, na pessoa da coordenadora Norma Neide, pela estruturação e organização do curso; Ao Departamento de Educação do CAMPUS VII, Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, por disponibilizar professores de alto nível de competência e responsabilidade; À Coordenadora do programa em Itiúba-ba, Alaíde Ferreira, por sua incansável busca e preocupação em sanar os problemas e pelo apoio constante; À Prefeitura Municipal de Itiúba-ba, que possibilitou esse convênio com a UNEB; Às Orientadoras Roseane Cinthia Pinto e Normaci Reis, pelo apoio nos momentos necessários; Aos nossos mestres por nos da à oportunidade de nos incorporar no mundo do conhecimento com ensinamentos e lições para toda uma vida;
  • 7. Aos colegas pelos momentos de alegria, troca de conhecimento, e pela valorosa sabedoria em aceitar opiniões diversas; E finalmente, ao nosso Orientador Gilberto Lima, que se mostrou incansável na correção e cobrança, sempre em horas certas e precisas e pela sua paciência, pelas valiosas intervenções que contribuíram para a construção desse trabalho. Nosso muito obrigado!
  • 8. RESUMO O presente estudo sobre a temática “Escola e Família”: visou reavaliar a função da escola e repensar a participação da família no contexto educacional. Teve como objetivo, averiguar se há alguma relação entre o acompanhamento realizado pelos pais e o desempenho escolar dos seus filhos. Esta pesquisa girou em torno da problemática: Por que alguns pais não acompanham a vida escolar dos filhos? Isso interfere na aprendizagem deles? Fundamentamos nossa pesquisa nas contribuições de Costa (2001), Tiba (1996), Freire (1979), Lane (2001), Pilleti (1991/1993), Moll (1996), Salvador (1999), entre outros. Utilizamos a pesquisa qualitativa, baseados em: Severino (2002), Minayo (1998), Orofino e Zanello (1997), Lima (2004). Ela foi realizada na Escola Luiz Navarro de Britto, onde contamos com a participação de treze indivíduos, sendo dez pais, destes, (cinco acompanham a vida escolar dos filhos e cinco não acompanham), a diretora da escola e duas professoras, teve como instrumento de pesquisa a entrevista semiestruturada. A entrevista foi gravada e depois transcrita pelos membros da equipe. A partir da análise das entrevistas, apurou-se que os pais acham importante manter um contato mais estreito com a escola dos filhos, mas alguns priorizam o trabalho e os afazeres domésticos, deixando assim a vida escolar dos filhos para o segundo plano. As professoras também fortaleceram a ideia de que a presença dos pais na escola é de grande relevância. Elas se queixam que os pais infrequentes deixam muito a cargo da escola a educação dos seus filhos, atribuindo a esta toda a responsabilidade que lhes compete. A diretora da escola também sente a falta desses pais para o melhor desenvolvimento escolar de seus filhos. Já temos a certeza de que escola e família são variantes importantes na formação do processo de desenvolvimento dos indivíduos. Dessa forma é preciso que haja uma parceria de sucesso entre família e escola, pois, somente assim será possível se alcançar uma educação de qualidade, promovendo o bem comum. Palavras-chave: Família; Escola; Educação; Integração.
  • 9. ABSTRACT The present study on the theme "School and Family" aimed to reassess the role of the school and rethink the family's participation in the educational context. Aimed to ascertain whether there is any relationship between monitoring by parents and school performance of their children. This research has revolved around the issue: Why do some parents do not follow the school life of children? This interferes with their learning? Base our research on the contributions of Costa (2001), Tiba (1996), Freire (1979), Lane (2001), Pilleti (1991/1993), Moll (1996), Salvador (1999), among others. We used qualitative research based on: Severino (2002), Minayo (1998), Orofino and Zanello (1997), Lima (2004). She was held at the School Luiz Navarro de Britto, where we had the participation of thirteen individuals, ten parents, of whom five (attached to the school life of children and five do not follow), the school principal and two teachers, had the instrument Search the semistructured interview. The interview was taped and then transcribed by members of the team. From the analysis of the interviews, it was found that parents find important to keep a closer contact with school children, but some prioritize work and household chores, thus leaving the school life of children into the background. The teachers also strengthened the idea that the presence of parents in school is of great importance. They complain that parents infrequently leave much to be borne by the school education of their children, attributing this all the responsibility that falls to them. The school also feels the lack of parents to develop the best school for their children. We have to make sure that school and family are important variations in the formation of the development process of individuals. Thus there must be a successful partnership between family and school, because only then can we achieve a quality education, promoting the common good. Keywords: Family; School; Education; Integration.
  • 10. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 à 14 1.0 CAPÍTULO I - PERCURSO DA PESQUISA .......................................................... 15 1.1 A necessidade da Aproximação Escola-Família.............. .......... .................................15 à 17 1.2 Família........................................................................................... ..............................17 à 18 1.2.1 Família Indígena .......................................................... ............................................ 18 à 22 1.2.2 Família negra....................................................................................................... 22 à 23 1.2.3 Família branca...................................................................................................... 24 à 25 1.2.4 Família Contemporânea...................................................................................... 25 à 28 1.3 Escola......................................................................................................................28 à 30 1.3.1Escola Pública e Escola Privada ........................................................................... 30 à 32 1.3.2 Interação Escola-Família ................................................................................... 32 à 44 2.0 CAPÍTULO II - Método ........................................................................................... 45 2.1Pesquisa qualitativa ............................................................................................. 45 à 46 2.2 Lócus da Pesquisa........................................................................................................... 46 2.3 Participantes ...................................................................................................... 46 à 47 2.4 Instrumentos .................................................................................................................47 2.5 Procedimentos da coleta de dados..............................................................................47 2.6 Procedimentos da Análise de Dados.......................................................................47 à 49 3.0 CAPÍTULO III – RESULTADO E DISCUSSÃO ......................................................... 50 à 53 3.1 Apresentação de Resultados através de gráficos.................................................... 54 à 57 4.0 CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 58 à 60 Referencias ............................................................................................................ 61 à 63 Anexos .......................................................................................................................... 64
  • 11. 10 INTRODUÇÃO O presente estudo sobre a temática “Escola e Família”: uma aproximação necessária visou reavaliar a função da escola e repensar a participação da família no contexto educacional, teve como objetivo, desta forma, fazer a reflexão sobre os elementos e os fatores que podem aproximar os pais do ambiente escolar e a análise da relação existente entre o corpo docente e as famílias. A escolha desse tema surgiu por meio de nossa prática direta em sala de aula, enquanto professoras do Ensino Fundamental, onde podemos fazer comparações do êxito adquirido pelos alunos que tem a presença frequente dos pais com as dificuldades encontradas pelos alunos de pais ausentes. Pretendemos com esta pesquisa buscar subsídios que venham contribuir para minimizar a problemática existente no processo de ensino e aprendizagem dos educandos da Escola Municipal Luiz Navarro de Britto, situada no Bairro do Alto, na Rua Augusto Meira, s/n, da cidade de Itiúba-Ba. Acreditamos que a parceria entre família e escola é de fundamental importância para o sucesso intelectual, moral e psicossocial dos nossos alunos. Quanto à problemática ela gira em torno das seguintes questões: Por que alguns pais não acompanham a vida escolar dos filhos? Isso interfere na aprendizagem deles? Na sociedade contemporânea, a família tem atribuído para à escola a responsabilidade de educar seus filhos e acredita que os educadores transmitam valores morais, regras e condutas. De acordo com Aranha: “ A ação da escola tornou-se cada vez mais extensa, “roubando” funções antes assumidas pela família e exercendo considerável influência na formação das crianças e dos jovens” (1996, p.74). A família alega que trabalha cada vez mais, e não tem tempo para zelar dos filhos. Percebemos no ambiente educacional que poucas famílias demonstram interesse pela vida escolar de seus filhos e filhas, enquanto outras famílias omitem o seu papel, pois se consideram dispensáveis para a construção do processo educativo dos cidadãos. No que diz respeito aos objetivos, destacamos como objetivo geral, averiguar se há alguma relação entre o acompanhamento realizado pelos pais e o
  • 12. 11 desempenho escolar dos seus filhos, e como objetivos específicos: Compreender as razões pelas quais alguns pais não acompanham a vida escolar de seus filhos e caracterizar o desempenho escolar desses estudantes. Em virtude de acharmos importante a presença da família na escola surgiu a seguinte inquietação: Por que alguns pais não acompanham a vida escolar de seus filhos? Isso interfere na aprendizagem deles? A escola pode construir uma verdadeira relação com a família? A estrutura familiar,assim como suas funções, vem mudando no decorrer das décadas, adequando-se à realidade da época vivida. As famílias apresentam suas singularidades, não sendo uniformes nem tendo um modelo padrão, mas apresentam traços em comum. Considerando que a família e a escola têm papéis fundamentais na formação do indivíduo, eles devem atuar de maneira eficaz no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, sendo poderosas armas para eventuais dificuldades. Espera-se com esse estudo, inserir os pais no contexto escolar de uma forma tão prazerosa que eles percebam que são protagonistas na construção de uma sociedade participativa e se conscientizem de seu papel como cidadãos responsáveis pela realidade circundante. Pois acreditamos que através da parceria entre família e escola poderemos ter êxito no processo de ensino-aprendizagem. Essa pesquisa visa contribuir para o enriquecimento do acervo de pesquisa do espaço acadêmico UNEB e credibilizar a instituição como órgão formador e fomentador de professores e profissionais que procuram desfazer estereótipos e se inquietam com situações antes parcialmente discutidas e que são de grande relevância, abrindo, assim, um leque para a investigação em diversos campos do conhecimento, o que promoverá o fortalecimento da pesquisa local. Deseja-se que o resultado desta pesquisa possa incentivar e orientar o município a desenvolver políticas públicas, voltadas para o envolvimento familiar nos espaços escolares, aprofundando as reflexões e parcerias entre a comunidade e as
  • 13. 12 instituições de ensino, buscando desta forma subsidiar a prática pedagógica dos docentes. No primeiro capítulo, falaremos sobre os registros históricos de como a educação se desenvolvia nos anos anteriores à escola, quando as crianças recebiam instruções no âmbito familiar; faremos um resgate histórico do surgimento das primeiras instituições de ensino, como a escola se organizava, quem foram os primeiros a se beneficiar delas e como ela foi evoluindo até assumir as características que possui hoje. Dialogaremos sobre o conceito de escola e família, baseados em diversos autores como: Costa (2001), Tiba (1996), Freire (1979), Lane (2001), Pilleti (1991/1993), Moll (1996), Salvador (1999), entre outros. As diversas opiniões que forem levantadas relacionadas à escola serão analisadas para servir de base para investigações acerca das influências que as mesmas podem exercer na formação do indivíduo, pois não podemos subestimar o poder da escola. É fato que a família, assim como a escola, desenvolve papel de relevante influência na organização da sociedade, mesmo sendo notório o distanciamento desses dois segmentos. Abordaremos no segundo capítulo, as contribuições de Severino (2002), Minayo (1998), Orofino e Zanello (1997), Lima (2004), sobre a pesquisa qualitativa, sua apropriação na compreensão do contexto estudado, bem como suas concepções sobre a delimitação e formulação do problema, lócus da pesquisa, os sujeitos da pesquisa, instrumentos da pesquisa, as técnicas a serem aplicadas nesse tipo de estudo. O terceiro capítulo tratará de explicitar a problemática em estudo, através dos resultados da pesquisa de campo. Observaremos de diferentes ângulos a parceria escola e família, as quais apresentam expectativas e reclamações uma em relação à outra. É possível ampliarmos os vínculos entre escola e família, unindo forças na tentativa de remover os obstáculos e de promover o processo de ensino- aprendizagem. É importante que tanto a família como a escola estejam atentas ao seu papel, não transferindo a responsabilidade que lhes competem um ao outro.
  • 14. 13 O quarto capítulo , relatamos os resultados principais da pesquisa realizada entre a parceria escola e família. Tivemos informações sobre os reais motivos que levam os pais a se ausentarem do ambiente escolar e as consequências dessa ausência no desempenho escolar dos seus filhos. Por sua vez, apresentamos alguns objetivos que foram: averiguar se há alguma relação entre o acompanhamento realizado pelos pais e o desempenho escolar dos seus filhos, compreender as razões pelas quais alguns pais não acompanham a vida escolar de seus filhos e caracterizar o desempenho escolar desses estudantes com o intuito de contribuir para o processo de ensino aprendizagem, a partir de investigações, conscientização da importância da relação que a família e escola exercem no processo educacional, assim como o uso de estratégias que viabilizem a construção da identidade do aluno promovendo a sua autonomia, com responsabilidade, conhecimento e exercício de sua cidadania partindo da sua estrutura familiar moderna relacionada com a instituição escolar.
  • 15. 14 1.0 CAPÍTULO I - PERCURSO DA PESQUISA 1.1 A NECESSIDADE DA APROXIMAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA Quando não havia escola, a educação ocorria de acordo com a cultura, a necessidade dos povos e do período histórico vivenciado, variando-se as instituições que se dedicavam a processos educativos da sociedade instituída. Nas sociedades pré-literárias, como os povos primitivos, não havia escola, nem professores: A educação se faz pela convivência das crianças com os adultos, na vida diária da comunidade: No trabalho para sobrevivência, nas cerimônias coletivas e nas histórias dos antepassados contadas pelos velhos. Todo adulto é professor e a educação resulta da prática e da experiência. (PILETTI, 1991, p.87-88) Sabemos que a educação nem sempre se desenvolveu no âmbito escolar, os filhos recebiam seus primeiros ensinamentos em casa, onde se ensinava desde hábitos comportamentais, respeito aos mais velhos e superiores, como ler e escrever. De acordo com Piletti (1991), toda a nossa vida é acompanhada por momentos educativos, pois estamos sempre aprendendo coisas novas, sempre nos educando. A intensidade da educação é mais eficaz na infância, onde é proporcionado ao indivíduo o instrumental físico, intelectual, emocional e social. Em todos os ambientes ocorre educação, desde que haja pessoas mais velhas que levem as crianças a assimilar padrões comportamentais. Ainda, segundo Piletti (1991),a educação da nova geração se dá através da escola que é a instituição especializada nesse processo. A escola por sua vez tem o objetivo de dispor para os alunos através de atividades programadas e sistemáticas aspectos da cultura da humanidade. Patrimônios como esses nos levam a crer que estão nas matérias escolares, mas nem sempre esse processo é concretizado, pois se afastam em muitas vezes das experiências humanas mais significativas.
  • 16. 15 A História da Educação Brasileira não é difícil de ser compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. É notório o descaso da escola com a questão das etnias que transformam o Brasil numa mistura de raças, até hoje quase não temos materiais didáticos que valorizem essa realidade. Ao fazermos uma visitação histórica pela formação do povo brasileiro, percebemos o quanto é decadente encontrarmos informações sobre as raças subjugadas pelos europeus. Percebemos que o acesso à escola e o respeito às diferenças étnicas dos grupos existentes nunca foram respeitadas, a escola sempre priorizou as classes dominantes, esquecendo das classes oprimidas que compõem a maioria da nossa população. Essa realidade é evidenciada de forma gritante nas nossa escolas quando notamos o quanto a educação bancária apresentada através dos currículos e programas impostos está fora das necessidades e interesses dos nossos alunos que vem de famílias analfabetas e totalmente desestruturadas, exaltando mais ainda a dicotomia existente entre homem-mundo que, de acordo com Freire (1987,p.62), “Homens simplesmente no mundo e não com o mundo e com os outros.Homens expectadores e não recriadores do mundo”. De acordo com os estudos históricos na formação do povo brasileiro, percebemos que a primeira ruptura ocorre com a chegada dos portugueses ao território brasileiro. Não podemos deixar de reconhecer que eles trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam características próprias de se fazer educação. É importante ressaltar que a educação que se praticava entre os povos indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo de educação européia. No período das capitanias hereditárias, não havia preocupações com a educação escolarizada. Com a chegada dos jesuítas, iniciou-se uma inquietação com esse tipo de educação, inaugurando-se assim as primeiras escolas. A educação jesuítica, embora “instrua” e “catequize” os indígenas, também foi um instrumento na formação da elite colonial. Sendo assim, essa atuação jesuíta era caracterizada pelo dualismo, isto é, catequizar os índios para conversão ao catolicismo e servidão e formar elite para o exercício das funções nobres da colônia. Piletti (1993, p.166)
  • 17. 16 Como foi relatado anteriormente, o período de dominação dos jesuítas sobre toda e qualquer forma de educação no Brasil foi duradoura. Desde 1530 até a metade do século XVIII. Foi o Marquês de Pombal que acabou com a dominação dos jesuítas. Porém, o maior declínio ocorreu com o ciclo do ouro, no final do século XVII e começo do XVIII, que transformou a realidade da colônia, favorecendo desta forma o crescimento das cidades, gerando um aumento populacional e, portanto, aumentando a necessidade de educar. É bom lembrar que a educação estava nas mãos dos religiosos e que a maioria dos senhores brancos brasileiros eram analfabetos. Quando muito, mandavam seus filhos para ser educados na Europa e nunca aqui no Brasil. (MOOL, apud, FREIRE. 1996) afirma que: a fase pombalina de escolarização colonial representa uma desestruturação na organização escolar jesuítica e, segundo Freire (1989), um retrocesso à medida que ficamos treze anos sem escolas, com os cursos seriados dos jesuítas sendo substituídos por aulas “avulsas”, ministradas por professores improvisados (não professores régios). Foi Dom Pedro I quem deu o primeiro passo para a educação pública primária no Brasil, com sua lei de 15 de outubro de 1827 que organizava a educação das crianças dentro do Império, inclusive tratava até dos salários dos professores e do currículo das escolas. É por causa desta lei que o dia do professor é comemorado no dia 15 de outubro. Mas foi apenas no período republicano que houve maior disseminação da educação em terras brasileiras, com o surgimento das escolas privadas, controladas por grupos religiosos. A maioria católica, mas havia também os maçons. Durante todo o império, pouco ou nada se fez para a formação dos professores. Segundo a já citada lei de 15 de outubro de 1827, eram vitalícios “os provimentos dos professores e mestres”, e os que não estivessem capacitados deveriam “instruir-se em curto prazo, e à custa dos seus ordenados, nas escolas das capitais”. (PILETTI, 1993, p.179) Completando essa ideia, podemos ressaltar que antes não havia cursos de formação, nem tão pouco de aperfeiçoamento para professores. Os professores eram escolhidos pela maioridade e conduta. Podendo adquirir uma formação
  • 18. 17 profissional aqueles que dispusessem de condições financeiras favoráveis para custear seus estudos. 1.2 Família O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Criado na Roma Antiga este termo designa um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também para a escravidão legalizada. Se nesta época predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. O Dia Nacional da Família na Escola foi instituído pelo MEC, em 24 de abril de 2001, como forma de oportunizar na instituição escolar a participação das famílias. Isso nos leva a perceber que essa iniciativa governamental reconhece a grande importância da união da escola com a família para o desenvolvimento intelectual das crianças. Declara Costa (2001): A educação é uma oficina em que educador e educando trabalham uma educação capaz de resultar em instrumentos que possibilitem ao educando nos planos pessoais e sociais, exercitar sua iniciativa, na liberdade e na capacidade de comprometer-se consigo mesmo e com os outros. (COSTA, 2001, p.122) O educador aparece como mediador de situações onde o educando terá autonomia e segurança para gerenciar seus atos tanto na sua vida social como em seus projetos individuais sendo ele livre para gerir suas ações. 1.2.1 As famílias indígenas Os “índios” são povos nativos, por serem eles os primeiros habitantes do nosso continente, tem uma história, uma cultura, uma língua em comum que os diferenciam de outros. Sabendo-se que temos uma cultura e que somos uma nação
  • 19. 18 pluriétnica, e que os índios foram fundamentais também na nossa formação. Os índios por muito tempo tiveram sua identidade negada, não eram chamados pelos seus nomes, nem reconhecido individualmente pela sua face, tudo o que se via era “índio”. Como afirma Ruffaldi, 2008: Washington Novaes fez isso e escreveu “Entender o índio, entender sua cultura e respeitá-lo, implica despir-nos desta nossa civilização. Porque o encontro com o índio é um mergulho em outro espaço e outro tempo. Um espaço aberto de céu e terra, água e fogo. Um espaço colorido e pródigo, povoado pelos animais, vegetais e minerais e espíritos, um tempo prodigiosamente mais lento que permite consumir meses para polir o arco e aguçar a flecha. Tempo para varar a noite a noite dançando, tempo para receber filho que nasce ou despedir-se do ancestral que morre; tempo para rir e tempo para chorar, cantar e dançar, plantar e colher.” (RUFFALDI, 2008, p.02.) O Decreto presidencial 26/91 é uma prova de como tem crescido o interesse do Ministério da Educação pela educação indígena. Nele é implementado uma política nacional de educação escolar indígena, que atende a preceitos legais estabelecidos na LDB, Plano Nacional de Educação, e na Constituição de 1988. Desta última, o Estado brasileiro reconhece aos povos indígenas o direito de uma cidadania diferenciada, por meio do reconhecimento de seus bens territoriais e culturais, sendo que a questão da especificidade da educação indígena passou a ser progressivamente reconhecida e normatizada. Podemos dividir a história da educação escolar indígena em quatro fases, sendo a primeira, mais ampla, vinda desde o Brasil colônia até chegar ao comando dos missionários católicos, em especial os Jesuítas. Já o segundo é firmado pela criação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), em 1910, e se amplia à política de ensino da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e a união com o SIL (Summer Institute Of Linguistics) entre outras missões religiosas. O terceiro momento inicia-se no fim dos anos 60 aos anos 70, quando surgem como destaque organizações não governamentais: Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Operação Amazônia Nativa (OPAN), Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Comissão Pró-Índio, e outras e do movimento indígena. Delineada pela iniciativa dos povos indígenas, a quarta fase
  • 20. 19 se dá nos anos 80, onde eles passam a reivindicar definições de autogestão dos andamentos de educação formal. Conforme afirma Ferreira, 2001: A finalidade do estado brasileiro, que procura acelerar se integrar os índios à sociedade envolvente por meio da escolarização, confronta-se, atualmente, com os ideais de autodeterminação dos povos. Para os índios, a educação é essencialmente distinta daquela praticada desde os tempos coloniais por missionários e representantes do governo. Os índios recorrem à educação escolar, hoje em dia, como instrumento conceituado de luta. (FERREIRA, 2001, p. 71) A educação indígena é um processo globalizante ensinada e aprendida em marco de socialização integrante, antes da chegada dos portugueses. Toda a comunidade indígena tem interesse pela educação de cada índio, sendo cada um educado para o prazer de viver, trabalhavam permitindo-se assim uma educação voluntária de alto grau, conquistavam dessa forma liberdade e autonomia. O modelo de educação vivido pelos índios foi sendo transformado, isso com a chegada dos colonizadores e tendo início com a chegada dos jesuítas junto com o governador geral Tomé de Sousa e comandados pelo padre Manoel da Nóbrega que edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, sendo esse o primeiro e o mais longo momento. Como se afirma nas palavras de Carvalho (1998): Desde a época colonial, diversas missões católicas dedicaram-se à catequese indígena em geral, visto que a religião católica aqui chegou com os padres jesuítas trazidos pelos primeiros governadores do Brasil colônia. Ela foi considerada a religião do Estado e o principal vínculo de unidade nacional, até o governo de D. Pedro I. (CARVALHO. 1998, p.55-6) Desde a colonização os jesuítas criaram a educação para índios com o objetivo de catequizá-los para atender a interesses do governo. De acordo com (BITTENCOURT E SILVA, 2002). “Havia colégios para educação dos jovens brancos onde, eventualmente podiam conviver alguns indígenas e haviam aldeias missionárias criadas para catequese”. Os valores que os jesuítas queriam impor aos indígenas eram baseados em valores europeus. Eles serviriam aos colonos como mão de obra em
  • 21. 20 empreendimentos agrícolas ou de mineração. No Período colonial a escola indígena tinha como princípio conversão religiosa, o uso de mão de obra e de todo tipo de trabalho. A “integração” foi uma das maneiras mais eficazes de destruição das culturas indígenas. Para Azêvedo e Silva: Até o fim do período colonial, a educação indígena permaneceu a cargo de missionários católicos de diversas ordens, por delegação tácita ou explícita da Coroa portuguesa. Com o advento do Império, ficou tudo como antes: no Projeto Constitucional de 1823, em seu título XVII, art. 254, foi proposta a criação de “... estabelecimentos para a catechese e civilização dos índios”... . Como a Constituição de 1824 foi omissa, sobre esse ponto, o Ato Adicional de 1834, art.11, parágrafo 5, procurou corrigir a lacuna e atribui competência às Assembleias Legislativas, Provinciais para promover cumulativamente com as Assembleias e Governos Gerais “... a catechese e a civilização do indígena e o estabelecimento de colônias”. (AZÊVEDO E SILVA, 2004,p.150). Os jesuítas educavam os índios em um processo de catequização também, com orientações agrícolas que garantiam fontes de renda aos jesuítas. As mudanças no que diz respeito à educação escolar indígena no Período do Império não são significativas. De acordo a um texto do MEC, com o advento do Império, em 1822: Apesar da educação indígena estar presente nas agendas políticas da época não representou para os índios uma política imperial voltada especificamente para seus interesses. Ao final do império, os especialistas e autoridades, que chegaram a se entusiasmar com a possibilidade de haver instituições públicas destinadas ao ensino de crianças indígenas, desacreditavam que isso pudesse ocorrer sem a intervenção das missões religiosas, dessa forma, até o início do século XX o indigenismo brasileiro vivera uma fase de total identificação católica e o Estado dividirá com as ordens religiosas católicas, mais uma vez, a responsabilidade com a educação formal para os índios. ( SECAD/MEC, 2007,p. 13) A educação escolar indígena em 1906 passou a ser atribuição do recém- criado Ministério da Agricultura, pouco a pouco, começaram a surgir às primeiras escolas indígenas financiadas pelo governo escolar. De acordo as Diretrizes da Educação Indígena:
  • 22. 21 Para uma ação educacional efetiva, requer-se, não apenas uma intensa experiência em desenvolvimento curricular, mas também métodos de investigação e pesquisa para compreender as práticas culturais do grupo. Assim, para a definição e desenvolvimento do currículo da escola de uma determinada comunidade indígena é necessária a formação de uma equipe multidisciplinar, constituída por antropólogos, linguistas e educadores, entre outros, de maneira a garantir que o processo de ensino-aprendizagem se insira num contexto mais amplo do que um processo paralelo e dissociado de outras instâncias de apreensão e compreensão da realidade." (MEC, 1994, Cap.4 –p.08) 1.2.2 A família negra A busca por informações sobre a família negra no Brasil é candente. Por isso, os pesquisadores, em especial os demógrafos historiadores, vêm procurando resgatar em documentos manuscritos e impressos vestígios que revelem o cotidiano desta família no Brasil. Como sabemos, os negros e negras viviam em regime de cativeiro, porém, conta à história, muitos se casavam legitimamente ou viviam em regime consensual. E segundo Pohl (1975), se estes tivessem bom comportamento ou representassem produtividade poderia casar-se com a negra ou negro do seu interesse, em alguns casos até ganhavam um aposento para morar e constituir uma família de fato. Essa atitude dependia muito do caráter ou capricho dos seus Senhores, dos seus donos. E é evidente que os casamentos, em algumas situações, eram facilitados não como um gesto de benevolência, mas como uma estratégia para manter os escravos e escravas presas à rotina de trabalho da Fazenda, bem como garantir a ordem entre os escravos. Conforme Benci: ... Logo, ainda que haja entre os escravos e pretos alguns e alguma, que só desmandem depois de casados, nem por isso se segue que não convém casá-los. Casai-vos, querendo eles, que desta maneira satisfareis à vossa obrigação. (BENCI, 1700, p.102) O casamento entre negros não era uma regra, nesse tempo comumente se via casais negros sendo separados com brutalidade, tendo em vista o fato de serem vendidos para fazendas diferentes. Na realidade essa situação horrenda acontecia antes mesmo dos negros chegarem ao Brasil. Ainda em solo africano, estes eram
  • 23. 22 separados de seus entes queridos num ato de violência que provocava o rompimento do elo familiar. De acordo com o livro Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais: Foi e é na família constituída por laços de sangue ou por laços de identidade que a população negra viveu e resistiu à escravidão, ao racismo, a exploração, à perseguição. As famílias desfeitas no período escravista deram lugar a outras famílias que uniam povos de regiões da África, com línguas e crenças diferentes, numa união pela saudade da terra, da casa, da família, como reunisse para sobreviver, resistir e lutar com laços familiares reconstituídos e reessignificado. (SECAD, 2006.p.41) Por serem os negros destituídos de valores humanos, eram reconhecidos como uma peça de valores distintos. E nesse caso os homens, ao contrário das mulheres e idosos, agregavam um valor demasiado por serem mais necessários para o trabalho braçal. Porém, antes de serem obrigados a uma realidade servil, estes eram pais de família, marido, líderes e provedores do lar. Em Santos, (2002) podemos observar o seguinte fragmento: A definição do homem que servirá e do homem a ser servido faz com que se recorra a uma diferenciação natural entre eles, (...) a desigualdade social é apenas uma decorrência de uma desigualdade que se iniciou no âmbito físico; cabe à sociedade usufruir dessa desigualdade em proveito próprio. (SANTOS, 2002, p.42) Para conhecer melhor a experiência da vida familiar do povo negro nas últimas décadas da escravidão brasileira, é muito importante debater e entender que as mudanças sociais, políticas e econômicas influenciaram bastante nesse processo.
  • 24. 23 1.2.3 A família branca Segundo Sotero (2009), a história tradicionalmente descreve a mulher brasileira, principalmente a mulher branca, como esposa obediente, reclusa e passiva. A mulher sendo associada à natureza enquanto o homem à cultura. O centro dos ensinamentos educacionais era baseado na religião e na moral. A educação feminina limitava-se ao aprendizado das boas maneiras e dos afazeres domésticos, excluindo-se do processo de educação da mulher a aprendizagem de ler e escrever. O preconceito contra as mulheres aparece dentro de suas próprias residências, o exemplo mais ativo são os afazeres domésticos, quando em dupla jornada, as mulheres trabalham e ao retornarem para sua moradia, tendem a fazer limpeza e preparar a refeições para sua família. (Sotero, 2009) Sotero, afirma ainda que hoje a luta das mulheres é distinta, estando sob o domínio da cultura da conjuntura e das condições sociopolíticas de cada região brasileira. Passando pela igualdade de condições de oportunidades, trabalho e salário, pelo fim da violência doméstica e familiar, pelo direito ao aborto, por políticas de cotas em instâncias diretivas, pela paz, pela luta contra a violência sexual, o estupro e a fome. De acordo com Silva (1984), no Brasil colonial o papel realizado pelas mulheres brancas na sociedade, era muito mais complexo do que nos primeiros séculos da colonização portuguesa na América. A classe feminina branca vivia por vezes à margem das leis eclesiásticas e civis: prostituição, concubinato e adultério, eram crimes cometidos por mulheres brancas. Quando ficavam velhas estas mulheres encontravam moradias e proteção em casa de seus filhos ou parentes. Se a mulher geria seus bens administravam os seus engenhos, supervisionavam feitores e capatazes, ou tinham responsabilidades de um estabelecimento mercantil, por morte do marido estas atividades deveriam ser
  • 25. 24 encaradas como trabalho do mesmo modo que o são quando era o homem a desempenhá-las (SILVA, 1984, p.78). Bruschini (apud Samara, 2000, p. 35), afirma que o significativo aumento da atividade econômica das mulheres, uma das mais importantes transformações ocorridas no país, desde os anos de 1970, resultou das transformações demográficas culturais e sociais que ocorreram no país e afetaram as mulheres e famílias brasileiras. As transformações nos padrões culturais e nos valores ao papel social da mulher, interno pelo impacto dos movimentos feministas desde os anos de 1970, e pela presença cada vez mais frequente das mulheres nos espaços públicos alteraram a Constituição da identidade feminista, cada vez mais voltada para o trabalho produtivo. 1.2.4 A família contemporânea A concepção do termo família vem mudando e se alargando. Nos dias de hoje, é comum nas novas configurações familiares um cônjuge desempenhar ambas as funções (pai e mãe) e isso acontece devido às transformações ocorridas na estrutura familiar ao longo da sua história. Tais mudanças fazem parte de uma sociedade em evolução que, de acordo com Costa (2007), atualmente, observa-se um avassalador declínio da influência familiar com tendência a se tornar uma mera repetidora de valores e condutas ditadas por essa mesma sociedade. Como resultado a família tradicional passa a ter uma nova configuração, onde suas características podem ser denominadas de família pós-moderna influenciada pela propaganda, que gera todos os dias novas necessidades de consumo, pela televisão que funciona como um novo e persuasivo membro familiar. (COSTA. 2007, p. 21) A família contemporânea com base no modelo nuclear vem atualmente passando por transformações impostas pela sociedade e estas não abalam só a sua estrutura, mas também os seus princípios éticos. Outrora a família vivia no modelo patriarcal. O pai tinha a incumbência de proteger a família e garantir-lhe o sustento, além de ter autoridade sobre a esposa e os filhos. Hoje não só o pai, mas também a mãe dividem essas responsabilidades, e essa nova configuração na hierarquia familiar cada vez mais comum acaba abrindo brechas para que os filhos meçam
  • 26. 25 poder de autoridade especialmente com a figura paterna. Famílias onde o pai mandava e o filho obedecia tenderão a desaparecer. Gley Costa (2007) analisa esta instituição familiar e diz: um aspecto dessa nova família tutelada pela mídia é a inversão de valores”. Antes eram os pais que serviam de modelo para os filhos. Hoje são os filhos que modelam os pais. Isso é fruto de um fenômeno típico da pós-modernidade chamada moda, que define estruturalmente a sociedade de consumo. (...) quando falamos em novas configurações familiares também consideramos as que resultam dos casamentos realizados entre pessoas separadas ou divorciadas, juntando filhos de sua união atual aos filhos dos relacionamentos anteriores. Na falta de um melhor termo, essas famílias costumam ser chamadas de “reconstituídas”. (COSTA, 2007.p.21) Mesmo com todas essas transformações, é no seio familiar que a criança e o adolescente encontram a proteção integral necessária à sua sobrevivência tanto nos aspectos afetivos quanto materiais. No tocante à educação informal e formal a família tem um papel decisivo, pois é no convívio familiar que a criança adquire valores éticos e culturais que mais tarde lhe serão cobrado pela sociedade. Conforme esclarece Campos (1983): A palavra família, na sociedade ocidental contemporânea tem ainda para a maioria das pessoas, conotação altamente impregnada de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da família como ideal para a educação dos filhos, geralmente evidenciam o calor materno e o amor como contribuição para o estabelecimento do elo afetivo mãe-filho, inexistente no caso de crianças institucionalizadas. Um dos representantes deste ponto de vista foi Bowlby, p.19. (CAMPOS, 1983, p.32) A família é formada por membros unidos por laços de parentescos em que a coletividade e a reciprocidade se perpetuam. A figura dos avós que antes eram tidos apenas como pessoas sábias, carinhosas, afetuosas e até frágeis, também sofreu modificações no decorrer da história familiar. Tais mudanças são provenientes da participação da mulher no mercado de trabalho, do crescente número de casais separados e do surgimento de crianças órfãs. Esses são acontecimentos que fazem parte da vida moderna, na qual “a presença constante dos avós vêm substituindo os pais”. (TOSCANO, 2002, p.111)
  • 27. 26 Atualmente e gradativamente a família vem passando por grandes transformações, sejam nos aspectos sociais, econômicos, físicos e históricos. Para explicar melhor tais transformações que vem ocorrendo, ainda buscamos apoio nas palavras de Toscano (2002), que tem como referencial a família burguesa ocidental do século passado. De acordo com a autora esse tipo de família de modelo patriarcal ruralista vivia inserida num momento histórico de mudanças lentas e sua organização era pater-família, onde a mulher vivia submetida ao poder do marido e a família era constituída por um grande número de filhos. Mesmo com o trabalho fora do âmbito doméstico, os pais ainda mantinham uma grande convivência com seus filhos. A religião impunha uma moral que era cumprida rigorosamente formando assim um elo de união. Na esfera jurídica era tida como célula básica social onde o direito de herança era reconhecido, e no código civil eram destacados os direitos que o marido exercia sobre a mulher e os filhos, não existia o divórcio especialmente nos países latinos, isso fazia com que houvesse uma estabilidade com as instituições ligadas à família. Ainda segundo Toscano, (2002) essas são algumas características de uma família tradicional, da qual a sociedade brasileira apresenta resquícios. Ela salienta ainda que a família sofreu abalos, os quais determinaram a velocidade da quebra dos padrões tradicionais, tais como: a urbanização violenta, o êxodo rural, o trabalho feminino fora do lar, a influência crescente, a grande mobilidade geográfica e social. Estes são alguns dos fatores responsáveis pela maior parte das profundas alterações por que vem passando a família. (TOSCANO, 2002, p.107) Nesse novo contexto de família, surge a figura da mulher mãe, que antes submissa ao marido cabiam-lhe não só a função de cuidar dos afazeres domésticos, mas também zelar dos filhos e da educação destes. O pai era isento e ausente no que se referia à educação dos filhos, porém essa estrutura familiar vem mudando, “o que mais aparece agora, como grande e tardia descoberta, é a necessidade da participação do pai na educação dos filhos” (LOPES, 2009, p.11). A sociedade atual é formada de filhos exigentes que querem cada vez mais. Isso faz com que pais e mães trabalhem muito, ficando muito tempo fora de casa
  • 28. 27 com isso, não sobra tempo para se dedicarem aos filhos, os quais buscam preencher esse tempo no manuseio de celulares, assistindo programas de televisão e usando computadores. Um dos graves problemas da família contemporânea é a falta de tempo dos pais para com os filhos. TIBA (2008, p.31) faz a seguinte afirmação: “Há pais que, apesar de terem tempo, não conseguem tempo para os filhos; A maioria dos pais, porém, “Sem tempo para nada” ainda conseguem criar tempo para os filhos, pois seres inteligentes administram o próprio tempo.” Os pais delegam muito as suas responsabilidades a terceiros, trabalham fora e os filhos ficam muito tempo sozinhos manipulando instrumentos eletrônicos, dessa maneira fica a cargo da escola muitas das responsabilidades que caberiam aos pais, estes por sua vez devem organizar melhor o seu tempo para gerir melhor as atividades dos filhos e do seu trabalho. 1.3 Escola Segundo o dicionário Barsa (2008) escola é estabelecimento público ou privado, destinado a ministrar ensino coletivo de maneira regular, sistemática e intencional; conjunto de alunos e professores, tudo que ensina e dá experiência. Para Mizukami, “a escola é a agência que educa formalmente. Não é necessário a ela, oferecer condições ao sujeito para que ele explore o conhecimento, o ambiente, invente e descubra.” Muito mais que uma instituição de ensino a escola pode ser reconhecida como uma instituição de cunho social com a finalidade diretamente educativa que tem a função de propiciar a socialização e o desenvolvimento de seus alunos. Segundo Rubem Alves (1986, p.9) essa expectativa ocorre ao contrário: “ Crianças que eram de carne e osso, ao entrar na escola, só recebem diplomas depois de se transformarem em bonecos de pau”.
  • 29. 28 A escola é o espaço que dá oportunidade as pessoas à convivência com seus semelhantes. De acordo com o Penin,Vieira e Machado (2001, p 23): As melhores e mais conceituadas escolas pertenciam à rede particular, atendendo um grupo elitizado, enquanto a grande maioria teria que lutar para conseguir uma vaga em escolas públicas, com estrutura física e pedagógica deficientes. (PENIN,VIEIRA E MACHADO , 2001,p.23) O país tem passado por muitas transformações significativas, no que se trata ao funcionamento e acesso da população brasileira ao ensino público, quando em um passado recente era vantagem das camadas sociais ricas “elite” e de preferência para os homens, as mulheres mal apareciam nas cenas sociais, quando muito os únicos que tinham acesso ao saber formal recebiam alguma iniciação em desenho e música. Percebemos que o que realmente mudou ao longo do tempo foi o pensamento das pessoas que fazem e frequentam a escola. A função básica da escola hoje é social e de transmissão cultural. Ela deixou de ser o centro de transmissão de conhecimento para se tornar responsável pela manutenção de valores e normas de conduta. As crianças passam muito tempo na escola e é lá que os alunos aprendem as formas de se relacionarem. O conceito de transferir para a escola a responsabilidade de cuidar das crianças foi elaborado no período da industrialização que ocorreu no século XVIII, na Inglaterra e no século XIX, no resto da Europa, Estados Unidos e Japão. Nesse período, a escola era para crianças em idade de Educação Infantil. Porém, as creches não tinham caráter pedagógico, mas de assistência social, de guarda. Apenas na década de 1980 é que foi iniciado um movimento para reorganização da educação infantil com caráter pedagógico. Atualmente, o acesso à informação foi disseminado.
  • 30. 29 O grande desafio da escola é fazer do ambiente escolar um espaço que auxilie o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, além disso, encontro com o saber com descobertas de forma prazerosa e funcional. Conforme Libâneo (2005) Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas, indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos. (LIBÂNEO 2005, p.117) A escola deve se preocupar em oferecer situações que valorizem e despertem o interesse pelo aprendizado, onde haja vontade, razão, e entendimento da importância desse conhecimento no futuro do educando. Segundo, Penin,Vieira e Machado. (2001): Uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando valoriza a transmissão de conhecimento, mas também enfatiza outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o respeito às diferenças, a cultura escolar. (PENIN,VIEIRA E MACHADO 2001, p. 45) O aluno deve adquirir uma razão para querer aprender, entender o motivo pelo qual precisa ou busca determinado conhecimento, já é um passo importante, conhecer a sua cultura e valoriza-la é também algo que pode ser enfatizado pelo aluno e pela própria escola. 1.3.1 Escola Pública e Escola Privada A escola particular surgiu no Brasil, antes da escola pública e era privilégio apenas da classe alta (elite), por querer uma educação diferenciada para os filhos, os pais, que em geral eram fazendeiros e barões os colocavam em escolas privadas e renomadas, querendo assim que os mesmos se destacassem profissionalmente e elevassem o nome da família. A escola pública surgiu depois do enfraquecimento das escolas distintas para ricos e pobres no século XIX, quando a classe operária começa a reclamar e lutar por um ensino onde favorecesse não só a classe rica mais também a classe pobre. Contudo, mesmo com a união desses dois grupos continua a desigualdade, pois os
  • 31. 30 filhos dos ricos sempre se superavam nos resultados por terem melhores condições extraclasses. Não há como negar as inúmeras diferenças entre a escola pública e a escola privada, podemos destacar alguns pontos como: a relação dos professores com alunos e pais que, na escola particular, é muito mais amigável e constante, o interesse e acompanhamento dos pais pelo desenvolvimento educacional dos filhos. O espaço escolar é também uma construção cultural e, portanto histórica, pois desde os tempos remotos até os dias atuais pode-se observar que a arrumação de uma sala de aula continua sendo a mesma: carteiras enfileiradas, portas fechadas, carteira de professor ao lado do quadro e virado para alunos e a constante utilização do quadro e giz. Hoje com o avanço tecnológico e o mercado de trabalho cada vez mais exigente não só os pais da classe alta mais os da classe média optam também por matricularem seus filhos em escolas particulares, pois alguns acham que as escolas públicas não os capacitam para futuramente prestarem um vestibular. Há aqueles que pensam ainda que a escola particular cobra mais do aluno por eles pagarem uma mensalidade fixa, muitos não têm o conhecimento que os recursos didáticos e paradidáticos da escola pública que seus filhos usam são pagos com o dinheiro de impostos inclusos em suas contas. A luta pela defesa da escola particular, pela defesa da liberdade de ensino, pela defesa do direito que a família tem de escolher a educação que ela quer para seus filhos, não pode traduzir-se hoje num confronto entre a escola particular paga e a escola pública gratuita. (REVISTA da AEC, 1981, nº 40). De acordo com Piletti (1991), o saber escolarizado na Idade Média era privilegio da nobreza, do clero, e da burguesia na idade moderna. Foi a partir da revolução francesa que as classes populares perceberam a importância do saber ler, escrever e contar, com isso começaram a exigir escola pública e gratuita para todos. Como se afirma nas palavras de Moll (1996):
  • 32. 31 Historicamente o processo de educação escolar no Brasil está marcado pela exclusão das camadas populares da sociedade desde o início do processo de colonização o saber matéria-prima do trabalho escolar- é mantido como privilegio de grupos economicamente hegemônicos. (MOLL, 1996, p.12) No Brasil historicamente sempre houve dois tipos de escolas, a escola feita para a elite que era a escola superior e secundária e a escola primária para as classes populares, porém a maioria dos brasileiros não tinha acesso à escola. Moll (1996) faz ainda a seguinte colocação. Há um caráter elitista explícito na distribuição do saber letrado. A educação escolarizada só era conveniente à camada dirigente (pequena nobreza e seus descendentes) que vinculava os interesses metropolitanos às atividades coloniais. (MOLL 1996, p.13) Ainda hoje a escola tem resquícios dessa segregação e imposição de saberes, a escola é preparada para conduzir os educandos para a servidão, estando de portas abertas para a elite que de certa forma já vem conscientizada do próprio âmbito familiar sobre as orientações que devem tomar como base. 1.3.2 Interação Escola-Família A educação brasileira sofreu grandes transformações no século XX: A primeira universidade do Brasil é inaugurada no estado do Paraná em 1912 e em 1920, o Rio de janeiro inaugura a sua. Em 1930 surge o Ministério dos Negócios da Educação e da Saúde Pública. Na constituição de 1934 aparece pela primeira vez a educação como direito de todos (art.149), é reintroduziu também o ensino religioso de caráter facultativo. Em 1937 a legislação da prioridade do ensino pré- vocacional e profissionalizante às classes baixas. A educação entra em crise após a Segunda Guerra Mundial e educadores se unem em prol da construção de um mundo melhor. Em 1953, o curso normal passa a ter o mesmo valor que o Ensino Médio para o ingresso na universidade. Em 1961, é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. É criado o Mobral em 1964 pelo regime militar com a finalidade de acabar com o analfabetismo. Em 1988, é criada uma nova Constituição, que além de definir a educação como direito de todos e dever do estado e da família (art.205), também obriga a União e os Estados a aplicar respectivamente 18% e 25% da receita em
  • 33. 32 educação. Em 1996, a promulgação da Nova LDB inverte a ordem das competências dizendo que a educação é dever da família e do estado (art.2º), sabemos que a educação antes é obrigação primeiro do estado e depois da família com esse artigo inverteu-se a ordem. Depois dos movimentos populares, da revolução feminina, do progresso do movimento sindical, das revoluções no campo político, dos governos militares e do avanço tecnológico, o Brasil sofreu grandes transformações tanto sociais como políticas. Além disso, o Brasil se mostra cada vez mais como um país capitalista, preocupado com a criação de políticas públicas especialmente com aquelas relacionadas à educação. O mercado de trabalho abre suas portas para a mulher e isso fez com que seus filhos passassem a maior parte do tempo fora de casa, sendo assim, a escola teve que assumir um papel maior na formação destes. “A partir do capitalismo a instalação das fábricas separa o local de trabalho do local de moradia, obrigando a mulher que precisa completar o orçamento doméstico a se ausentar de casa.” (ARANHA, 1996, p.95). A descoberta de problemas que afastam as famílias da escola pode ser um caminho a serem pensados como elo entre esses dois vieses. Ao pensarmos que historicamente existe não um “modelo de família” e sim modelos familiares infinitos, cada um com sua singularidade e traços próprios e cada uma defendendo do seu jeito e protegendo a sua subsistência. Estão presentes dessa maneira, sentimentos pertinentes ao cotidiano de qualquer agrupamento como amor, ódio, ciúme, inveja, entre outros. Os deveres que por ora são de obrigação familiar são transferidos apenas para o ambiente escolar, fazendo-se assim uma inversão de papéis. Quando estes matriculam seus filhos na escola estão buscando um saber sistematizado, pois até então o único tipo de educação que tinham era assistemática. Segundo Kaloustian (1988), todos os membros da família devem ter no ambiente familiar a garantia de auxílio integral e sobrevivência, não importando a situação em que se estrutura essa família. Na família é que os seus membros são conduzidos afetivamente, tendo todo o aparato material necessário para o bom desenvolvimento dos seus indivíduos. É no espaço familiar que são absorvidos valores éticos, desempenhando de forma decisiva na educação formal e informal de
  • 34. 33 seus componentes. Através dos valores culturais observados é que se formam os traços das novas gerações. Para que o direito a educação se estendesse a todos e o número de escolas públicas fosse ampliado foram necessárias várias campanhas envolvendo diversos setores da sociedade: entre eles educadores, sindicatos igrejas, comunidades, dentre outras categorias profissionais. De acordo com artigo 125 da Constituição (1988): A educação integral da prole é o primeiro dever e direito natural dos pais. O estado não será estranho a esse dever, colaborando de maneira principal ou subsidiária para facilitar a sua execução de suprir as deficiências e lacunas da educação particular. (CONSTITUIÇÃO, 1988, art.125). Existem relevantes tarefas no que diz respeito à orientação e educação de crianças e jovens que são divididas pela família e pela escola, nesses espaços eles trocam conhecimentos e valores. Para a escola dar certo se acredita que ela deva estar ciente do processo familiar de cada aluno e a família deve estar interessada pelas atitudes e desempenhos dos seus filhos. “A importância da participação dos pais na educação e escolarização dos filhos é praticamente regra em sistema educacional e dispensa referência a fontes específicas de inspiração”. (OLIVEIRA, 2001, p. 71). Segundo Gokhale (1980), A família não é apenas o berço cultural e nem apenas base de civilizações futuras, mas é núcleo da vida social... A criatividade e comportamento servirão de apoio dependendo muito da sucessão da educação na família. A formação da personalidade e caráter das pessoas depende muito da influência familiar. . “As funções básicas da família estão de tal modo identificadas com a educação que não se pode tratar de uma sem referir-se a outra.” (TOSCANO, 2002, p. 110). Por acreditar que a escola é a continuação do lar, os pais acabam transferindo as suas obrigações para ela. As atribuições da escola e da família são tão parecidas que ambas se perdem no entendimento de suas funções, os pais criam um vínculo de intimidade com a escola, mas, em momento nenhum deve deixar de cumprir o seu papel, independente do seu modelo. A obrigação da família
  • 35. 34 é intransferível, só ela possui capacidade de tais responsabilidades, só ela terá instrumentos relativos aos conhecimentos prévios dos educandos, sua disciplina, seus costumes e hábitos culturais e emocionais. Na visão de Silva (2008), a escola não deve ser só um ambiente de aprendizagem, mas também um espaço de ação na qual haverá desenvolvimento de vida afetiva, ou seja, deve existir uma continuidade da mesma, quando os alunos se sentam para debaterem assuntos sobre o processo de aprendizagem. É também importante falarem de amizade, respeito ao próximo, sobre os problemas que prejudicam o nosso planeta. A criação, a educação e a preparação dos filhos nos dias atuais é um desafio gigantesco. A família tem um papel fundamental em todos os momentos e nas mais diferentes fases da vida do ser humano, pois é ela quem define desde cedo onde os filhos irão estudar, o que é prioridade eles saberem para tomarem possíveis decisões no futuro. Junto à família está a escola, para assegurar um bom desenvolvimento do individuo, os pais e a escola devem contribuir na formação e educação formal das crianças de maneira sólida e consciente. “Cabe aos pais e a escola preciosa família de transformar a criança imatura e experiente em cidadão madura, participativo, atuante, consciente de seus deveres e direitos, possibilidades e atribuições.” (SANTO, 2008:14). No contexto em que vivemos hoje, a escola e a família tem que caminharem juntas, uma necessita da outra e devem desenvolver ações e tarefas em conjunto para a formação total dos educandos e filhos. “O ambiente escolar deve ser de uma instituição que complete o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno”. (TIBA, 1996:140) Ao nascer, todo ser humano é introduzido num mundo em que ser social é fundamental para a sua sobrevivência, onde, a sua convivência com outras pessoas lhe traz aprendizagens relevantes ao seu desenvolvimento. Vários elementos contribuem para adquirir conhecimentos e na formação de comportamento, a família aparece como um dos mais influentes.
  • 36. 35 Na sociedade em que vivemos muitos elementos estão envolvidos no processo educativo, tais como a escola, igreja, meios de comunicação, o trabalho e a família. No entanto, a escola e a família se destacam como instituições de importante influência e que precisam trabalhar na intenção de educar os indivíduos de forma brilhante, para que estes se tornem cidadãos pensantes e capazes de cumprir com seus deveres e saberem buscar seus direitos. De uma maneira geral, sobre a relação família e educação, afirma Nérici (1972): A educação deve orientar a formação do homem para ele poder ser o que é, da melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas necessidades das pessoas e da sociedade (...) A influência da Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la. (...) A educação para ser autêntica, tem de descer à individualização, à apreensão da essência humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas fortalezas e aspirações. (...) O processo educativo deve conduzir à responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como sinônimo de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus próprios atos. De modo geral, instruir é dizer o que uma coisa é, e educar e dar o sentido moral e social do uso desta coisa". ( NÉRICI,1972,p.12). O termo “Integração”, na acepção da palavra, significa “tornar inteiro” “completar” (LUFT, 2000), e é esse o sentido desta busca, aproximando família e escola, que a educação de uma venha completar a educação da outra, e que, juntas possam fortalecer-se enquanto instituições formadoras. Se tratando da relação família e escola, precisamos esclarecer as funções dos pais e escola na vida escolar dos seus filhos, apenas a observação das atividades, questões comportamentais e a entrega dos filhos na escola não se constituem como participação, o papel dos pais não se restringe somente a essas obrigações. A participação (ou ausência de) é um tema “reclamado”, mas não é um tema “discutido”. Os pais se predispondo a ajudar não têm claro como o podem fazê-lo.
  • 37. 36 Segundo TIBA (2002, p.180) “[...] percebo que as crianças têm dificuldade de estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente quando os próprios pais delegam à escola a educação dos filhos [...]”. São muitas as mudanças ocorridas na sociedade. O mundo capitalista e globalizado põe fim nas grandes receitas, estabelecendo uma nova ordem que chega a essa nova era voltada para a 3ª revolução industrial, que nos chama a repensar o nosso papel e atualizar os nossos conhecimentos. Os principais atores do processo ensino-aprendizagem, professor e aluno sofrem nesse processo efeitos comprometedores, abalando valores e prevalecendo o individualismo e a competitividade, o hedonismo sujeita às atitudes de solidariedade, valor e respeito à vida. Esse contexto acarreta vários problemas no convívio familiar, ficando à escola a responsabilidade de transmitir aos filhos valores antes pertinente à família. Na fala de Gomes (2005, p.295), “a escola é comparável a uma arena competitivo-conflitual, onde se encontram pelo menos duas gerações”; mediar tais conflitos não é tarefa fácil, nem tampouco incumbência exclusiva da escola. Família e escola estão vivendo a chamada “crise existencial”, as ineficácias determinadas situações são temas de livros, artigos, discursos, onde atravessam expressões de mudanças como reinventar, reconceituar, rever, resgatar, transformar, juntamente com outras expressões indicativas de mudança, cooperação, coletivo, humano, sendo esse um meio sugerido para amenizar esse quadro de crise. Partes destes termos implícita ou explicitamente estão presentes na fala de Libâneo (2001) ao fazer referência à gestão democrática: A gestão democrática participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva de objetivos e das práticas escolares, no diálogo e na busca do consenso. (LIBÂNEO, 2001, p.131-132) A Lei 9394/96-LDB (art. 4º), ao tratar dos princípios e fins da educação, explicita: “a educação, dever da família e do Estado”... tem por finalidade o pleno desenvolvimento educacional...” e ainda, a mesma Lei coloca, “os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de ... articular-se com as famílias ... criando processos de integração... .” Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990),
  • 38. 37 determina que é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais (Cap. IV, parágrafo único); ou seja, a educação é primeiro, dever da família, é com a família que se inicia o processo de educar, processo esse,ampliado pela educação escolar com a obrigatoriedade do Estado. A Família e a escola são os primeiros e os principais núcleos de formação social da criança, por isso ambas devem trabalhar conjuntamente a fim de promoverem o desenvolvimento pleno e integral desta. Porém o que se percebe atualmente são transferências de culpas e responsabilidades. A família seja por incapacidade de educar seus filhos ou pelo fato de não ter tempo devido à correria do dia a dia cruzam os braços, achando que sozinha a escola dará conta de cumprir a dupla tarefa: suprir a carência emocional que o aluno traz de uma família desestruturada e ensinar-lhe o que ela precisa para futuramente ser um cidadão capacitado para ingressar em uma sociedade onde a capacidade intelectual será exigida. Porém a função que a família desempenha na educação dos filhos é intransferível. A instituição escolar por sua vez, acha que ensinando conteúdos e aplicando avaliações na maioria das vezes quantitativas, está cumprindo seu papel social com este aluno. Não sabendo ela, que sua missão vai além dos muros da escola. Cabe a esta, não apenas a transmissão de conteúdos, mas, também o conhecimento da família do aluno, pois com isso o trabalho escolar acontecerá de forma consciente e eficiente. E esse conhecimento que é de importância fundamental só poderá ocorrer se a instituição escolar fornecer meio para esse intercâmbio, o qual poderá ser feito por meio de visitas a casa dos alunos, disponibilização para o professor de uma ficha com dados pessoais do aluno no início do aluno letivo, criação de atividades nas quais os pais dos alunos possam ser inseridos e assim participem mais da vida escolar de seus filhos e do espaço da escola. O que não pode acontecer é a escola e a família se distanciarem e medirem força para ver de quem é a culpa da não aprendizagem do aluno. O trabalho em conjunto desses dois segmentos facilitará a educação das crianças integrando-as à
  • 39. 38 sociedade, porém cada uma fazendo o que é de sua incumbência. Nérici (1997) em Escola Lar e Educação afirma: A escola existe para completar a ação educativa do lar, na sua tarefa de preparar novas gerações para o exercício pleno da cidadania. Atende também à sociedade, colaborando na formação do tipo de cidadão que mais convém a sua sobrevivência e desenvolvimento (...) A escola não deve assumir sozinha, a incumbência da família de educar os filhos. Deve sim, empenhar-se para que essa se convença das suas obrigações inalienáveis no processo educativo da prole. Deve evidenciar que certas condições básicas, emotivas principalmente, para boa marcha da educação, devem ser preparadas pela família, sem o que muito pouco poderá fazer a escola. (NÉRICI, 1977, p.194) Nos dias atuais, diante da complexidade no campo educacional que hoje os seres humanos vivem, nos preocupamos e pretendemos entender a enorme necessidade da relação que deve existir entre a escola e a família. Os questionamentos a respeito da participação da família junto à escola são muitos, referente à educação dos filhos. A escola não pode ser uma mera sociedade que apenas recebe alunos das mais diversas camadas sociais e cuida de formá-los como cidadãos e/ou em pessoas que procurem desenvolver sua conduta de forma a corresponder com os padrões exigidos pela sociedade em que vivem. Como afirma I Lopez (1999): É preciso convencer-se de que a participação, diferenciada conforme o papel que cabe a cada setor da comunidade educacional constitui ao mesmo tempo uma manifestação de democracia social e uma garantia de qualidade. Por certo não se pode confundir a participação com qualidade em se da educação escolar , porque a qualidade refere aos resultados educacionais alcançados pela escola, enquanto participação é apenas um meio. Contudo, trata-se de um meio fundamental, porque a educação não depende de si mesma, mas em grande parte do papel que desempenha a família dentro e fora da escola. Como se dá com outras habilidades humanas, é participando que se aprende a participar (I LOPEZ, 1999, p.83) A escola não deve limitar-se em si mesma o papel de educadora e transformadora do ser humano, essencialmente quando se trata da educação voltada para pessoas que são portadoras de necessidades especiais. É preciso que entidade escola compreenda-se como mediadora que precisa está em perfeita
  • 40. 39 ligação com a família para que unidas encontrem saídas para uma aproximação de sucesso entre as mesmas. É preciso existir um profundo conhecimento por parte da escola em relação à família. O que acontece no seio da mesma deve ser de necessária importância para a escola hoje, porque só se pode resolver determinadas situações problemas quando há um conhecimento anterior de imposições que venham ser a causa por onde decorrem tais problemas. Por outro lado, a escola precisa estar aberta para que a família possa ter um acesso maior quanto ao seu projeto pedagógico. Supõe- se que uma vez a família vendo de perto as propostas que a escola tem para oferecer aos seus filhos e podendo ajudar no que for possível, a partir desse momento, pode surgir uma relação de confiança e colaboração. É relevante que a escola leve em consideração o fator social como diz Alarcão (2001): A escola reflexiva é uma escola que se assume como instituição que sabe o que quer e para onde vai. Na observação da realidade social, descobre os melhores caminhos para desempenhar a missão que lhe cabe dentro da sociedade. (ALARCÃO, 2001, p.26) A interação família e escola, na contemporaneidade, é temário significante nos debates estabelecidos em diferentes âmbitos da sociedade. Muito se fala que o dueto família e escola é o responsável direto na construção do histórico positivo, alcançado pelos alunos e alunas no tocante ao ensino-aprendizagem. Comumente escutamos os professores solicitarem o apoio constante e verdadeiramente comprometido da família, pois essa parceria é fundamental para um bom desenvolvimento do aluno, conforme o grifo de Melo: A participação da família na escola pode se dar de várias maneiras, na atuação direta dos pais em projetos especiais, nos momentos de avaliação dos filhos e no conselho escolar, no qual participa da formulação e acompanhamento do Projeto Político- Pedagógico e de outras questões pertinentes à escola. Muitas pesquisas indicam que a participação da família auxilia, direta e indiretamente, no processo educativo dos filhos (MELO 2011, p. 9). Carregamos no nosso entendimento que o ambiente escolar é aquele composto por um professor ensinando um conteúdo a uma turma de meninos e meninas. Esse cenário não está equivocado, mas compor a escola tendo apenas o
  • 41. 40 professor e os alunos como únicos personagens, é anular do enredo escolar, outros elementos importantes, como a família, e isso representa muito. No entanto, quando expomos uma expectativa de apoio, falamos de uma relação apaziguadora em que não há espaço para acusação e muito menos para a crença de que o mau desempenho dos alunos diz respeito unicamente à falta de acompanhamento dos pais. Ou ainda que o insucesso da vida escolar dos filhos e filhas é resultado da deficiência estrutural nas famílias, como afirma Paro: Na mesma medida que enfatizam a importância e a necessidade de os pais participarem, em casa, da vida escolar de seus filhos os professores e funcionários, em geral, reclamam da falta dessa participação (PARO 2007, p.39). A qualidade da relação criança e família irão oferecer condições ao processo de socialização da criança com a escola e vice-versa. Ou seja, a família e escola são sinais expressivos dentro da dinâmica ensino-aprendizagem, isso tudo pelos aspectos da limitação, da identificação e outras mais características determinadas pelo contexto familiar e escolar. Nessa parceria harmônica a criança caminha com passos do bom desenvolvimento. Devemos compreender a educação como uma forma de intervenção no mundo. Devemos entender que os alunos devem ter condições para tomar decisões coerentes, portanto a família e escola devem está constantemente dialogando, expondo dificuldades, elaborando estratégias, pois o aluno é também o filho. De acordo com Salvador, (1999): Embora a escola e a família sejam contextos diferentes e ofereçam experiências educativas diversas, o aluno/filho é a mesma pessoa e necessita de alguns critérios estáveis, que serão os que poderá se interiorizar para regular a sua própria vida de maneira autônoma. (SALVADOR, 1999, p.186) Dialogar é mais que preciso, pois não há uma cartilha ensinando como acolher e envolver os pais na escola. Não há uma receita pronta que nos oriente na difícil, porém necessária, tarefa de atrair os pais para o âmbito escolar. Sendo assim, é papel da escola elaborar estratégias que respeitem as heterogêneas
  • 42. 41 características da comunidade familiar. Pois, é no diálogo simples e repleto de afeto que conhecemos os nossos e os valores alheios. A escola poderá coincidir com os valores da família, potencializando a boa educação de berço, e por consequência, a família engrossará o coro da aprendizagem pautada na união. Segundo Lane, (et.al., 2001, p.102) ... é na família que os indivíduos são educados para que venham continuar biológica e socialmente a estrutura familiar. Ao realizar seu projeto de reprodução social, a família participa do mesmo projeto global, referente à sociedade na qual está inserida. É por isso que ela também ensina aos seus membros como se comportar fora das relações familiares em toda e qualquer situação. A família é, pois, a formadora do cidadão. (LANE, et.al. 2001, p.102). Um dos maiores obstáculos hoje em dia para os seres humanos vem sendo a desintegração dos seus valores, ética, cidadania, que vem não mais fazendo sentido na formação do indivíduo, cada dia mais, sendo banidos de suas vidas. Nesse momento fica evidente a necessidade da presença da família e da escola para impedirem que esse processo de banalização continue, tentando ao mesmo tempo resgatar valores tão importantes como a boa formação do caráter. A escola e a família que tem objetivos em comuns caminham juntas para a formação integral do individuo, desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem. A escola e a família se constituem em um conjunto com grandiosas tarefas, sendo desenvolvidas nelas os primeiros grupos sociais da criança. Em relação a isso, A LDB- Lei de Diretrizes e Base da Educação (lei 9394, de dezembro de 1996) formaliza e institui a gestão democrática nas escolas e vai além. Algumas conquistas se destacam: A concepção de educação, concepção ampla, estendendo a educação para além da educação escolar, ou, seja comprometimento com a formação do caráter do educando. A primeira formação do indivíduo deve existir na família, que é o caráter e a personalidade, a família é indispensável e devemos ter um olhar grandioso sobre a mesma. De acordo com Chalita (2004): Não se experimentou para a educação informal nenhuma célula social melhor do que a família. É nela que se forma o caráter.
  • 43. 42 Qualquer projeto educacional sério depende da participação familiar: Em alguns momentos, apenas do incentivo, em outros de uma participação efetiva no aprendizado ou pesquisa, ao discutir, ao valorizar a preocupação que o filho traz da escola. (CHALITA, 2004, p.17) Torna-se explícito que a família é a célula que ocupa o primeiro lugar na formação educacional do ser humano, pois é dela que parte o incentivo e o apoio ao aluno na escola e para a escola. É importante que a família esteja mais presente do que nunca, pois além de se tratar de formação, trata-se também de uma inclusão do indivíduo e também da família. Gentile (2006) afirma que: A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para a vida no que diz respeito à educação, se essas pessoas demonstrarem curiosidade em relação ao que acontece em sala de aula e reforçarem a importância do que está sendo aprendido, estarão dando uma enorme contribuição para o sucesso da aprendizagem. (GENTILE, 2006, p.35) De acordo com o comentário de Paola Gentile no artigo que escreve na revista Nova escola de junho/ julho de 2006, com o título: Abrir as portas à participação de familiares e da comunidade, ela diz: “Escola e família têm os mesmos objetivos: Fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem”... (GENTILE, 2006, p. 33) A escola enquanto instituição responsável pela comunicação do conhecimento deverá ter consciência do seu papel, compreendendo que precisa valorizar a importância das pessoas envolvidas em todo o seu processo, entendendo que não só a família deverá ter reconhecimento da sua função na ação educativa e educacional dos seus filhos. De acordo com Alarcão (2001): A escola sem pessoas séria um edifício sem vida. Quem a torna viva são as pessoas: os alunos, os professores, os funcionários, os pais que, não estando lá permanentemente, com ela interagem. As pessoas são o sentido da sua existência. Para elas existem os espaços, com elas se vive o tempo. As pessoas socializam-se no contexto em que próprias criam e recriam. São o recurso sem o qual todos os outros recursos seriam desperdício... As relações das pessoas entre si e de si próprias com o seu trabalho e com a sua escola são a pedra de toque para a vivência de um clima de escila em busca de uma educação melhor a cada dia. (ALARCÂO, 2001,p. 20)
  • 44. 43 Carregamos no nosso entendimento que o ambiente escolar é aquele composto por um professor ensinando um conteúdo a uma turma de meninos e meninas. Esse cenário não está equivocado, mas compor a escola tendo apenas o professor e os alunos como únicos personagens é anular do enredo escolar outros elementos importantes, como a família, e isso representa muito. Enfim, encontraremos vários sentidos para o termo interação. Mas, o seu melhor significado habita na necessidade de conhecer as razões pelas quais as famílias se negam a corresponder ao que os educadores aspiram, ou seja, no tocante a sua participação na vida escolar dos filhos. Necessitamos urgentemente abandonar a velha postura de juízes que condenam e sentenciam sem conhecer os motivos manifestados nas ações alheias, pois só assim, conseguiremos êxito.
  • 45. 44 2.0 CAPÍTULO II - MÉTODO 2.1 Pesquisa qualitativa O presente trabalho foi realizado através de uma pesquisa qualitativa . É uma pesquisa que permite a compreensão sobre todo o contexto estudado, atendendo a toda a complexidade do tema através de entrevistas. Nesse tipo de pesquisa os dados coletados são descritos e depois interpretados. Isso quer dizer que a interpretação deve ocorrer de modo imparcial, sem preconceitos e opiniões pessoais. De acordo com Neves (1996, p. 1) conceitua pesquisa qualitativa como[...] um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tendo por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social [...] ( NEVES, 1996, p. 1) A pesquisa qualitativa não tenta expressar em procedimentos os conteúdos diretos e claros do sujeito com o intuito de transformá-lo em entidades objetivas suscetíveis de processamento matemático. A opção epistemológica que escolhemos como fundamento da abordagem qualitativa representa o conhecimento como processo permanente, de caráter aberto dentro do qual o pesquisador sempre descobre e constrói opções. Como diz Minayo (1998) A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela preocupa-se nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, valores e atitudes que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de resultados. (MINAYO, 1998, pág. 22). A concepção de trabalho de campo historicamente está ligada com a etnografia, o que em nossa opinião depende do método descritivo, pioneiro no desenvolvimento de uma orientação qualitativa de pesquisa cientifica. No entanto o trabalho de campo é exigência para muitas pesquisas qualitativas desenvolvidas no campo das ciências antropossociais. O trabalho de campo não deve estar agregado
  • 46. 45 apenas à participação do pesquisador no meio estudado. A presença do pesquisador na instituição estudada é trabalho de campo. Orofino e Zanello afirmam: Interessa-nos o sujeito concreto e não um sujeito hipotético. Não iniciamos a pesquisa com hipóteses a priori que nos fariam cair na armadilha de filtrar a observação. Acreditamos que a pesquisa se faz pela construção dinâmica, pelo cotidiano das vivências geradas pela relação pesquisador-pesquisado (OROFINO E ZANELLO, 1997:13). A pesquisa qualitativa faz sentido a partir do momento que nos deparamos com sujeitos reais, os quais de forma livre discorrem sobre aspectos de suas vidas ou do foco ao qual é questionado. 2.2 Lócus da Pesquisa A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Luiz Navarro de Britto, situada no Bairro do Alto, na Rua Doutor Manoel Augusto Meira, S/N na cidade de Itiúba-BA, em funcionamento desde1969. No quadro de funcionários a escola conta com 10 professores para atender a uma clientela de 273 alunos, que estão distribuídos nos dois turnos (matutino/ vespertino). A escola oferece desde a Educação Infantil, uma é o Ensino Fundamental I. Quanto à estrutura física, a escola é composta de seis (6) salas de aulas, uma (1) sala para a diretoria, uma (1) cantina, três banheiros. O espaço externo se limita a uma pequena área. 2.3 Participantes Contamos com a participação de treze (13) indivíduos, sendo eles dois (02) professores da turma, dez (10) pais selecionados através de documentos da escola (frequência, matriculas e atas,) cedidos pela direção da escola para que nós fizéssemos uma análise e posterior seleção, classificando um mesmo número, como pais frequentes e pais ausentes na vida escolar dos seus filhos. Contamos apenas com participantes do sexo feminino. Fizemos um trabalho coletivo, nesse contexto os pesquisados são reconhecidos como sujeitos, na construção do conhecimento e autores de práticas adequadas capazes de intervir no problema identificado. Os participantes se encontram numa faixa etária entre 25 à 45 anos, os professores se