[1] O documento discute como o conhecimento das ciências humanas é possível devido a alguma ordem e regularidade no universo, natureza e sociedade, apesar da complexidade desses sistemas.
[2] Explica que o conhecimento só se atualiza através do sujeito que conhece, mas se apoia no trabalho de intelectuais anteriores.
[3] Finalmente, pede aos alunos que mapeiem as influências indiretas, como filmes e redes sociais, que incorporam símbolos e imagens
Roteiro para Aula - O Conhecimento nas Ciências Humanas
1. Roteiro para Aula 02 – O Conhecimento nas Ciências Humanas
Prof. Rodrigo Guimarães (rodrigo.guimaraes@rolante.ifrs.edu.br)
Introdução: Nós estamos inseridos num cosmos de tamanho inimaginável para a mente humana. Ao pensarmos
neste universo, o concebemos como caótico, sem nenhuma regularidade em seus fenômenos, ou pensamos nele como
se existisse uma ordem, uma estrutura relativamente estável, etc.? Nós também existimos em uma natureza que é
própria da Terra, inabarcável à mente, e que permite a existência da nossa vida e de outros seres. Esta natureza é
completamente caótica, sem nenhuma regularidade em nada do que a compõe, ou ela é determinada por leis estáveis,
ou seja, possui regularidades que são observáveis? Do mesmo modo, estamos inseridos num ambiente social que,
atualmente, por meio da globalização econômica e cultural, interliga todo o planeta (mais de 7 bilhões de pessoas).
Esse conjunto é ainda mais complexo, porque pertencemos a uma série de esferas sociais menos abrangentes: a
civilização ocidental; a nação; a província ou o estado; a região; o município; o bairro; a família. Isso tudo, além de
outros grupos sociais: igreja; escola; amigos; etc. Desse modo, todas as relações sociais que estabelecemos são
absolutamente caóticas, sem que haja a menor possibilidade de se ter qualquer expectativa sobre o comportamento do
outro, ou possuem alguma ordem, estabilidade e, também, alguma historicidade concebível?
O conhecimento racional de várias particularidades do universo, da natureza e da sociedade só é
possível porque há alguma ordem, estabilidade e historicidade nestas realidades.
Citação: “(…) quando Aristóteles define o homem como animal racional, ele não quer dizer nem que todos os homens
sejam racionais efetivamente e em tudo, nem que a razão seja uma “potência impotente”, incapaz de se efetivar. Ao
contrário: o homem enquanto espécie é definido pela potência da razão, justamente na medida em que nele essa
potência busca efetivar-se e pode fazê-lo. Um homem pode, acidentalmente, estar privado dos meios de efetivar a
potência da razão, mas a espécie humana é humana justamente porque, nela, essa potência tende a converter-se em
ato e de fato o faz na maioria dos casos.” (CARVALHO, p. 53, 2013).
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O caminho ao conhecimento precisa ser trilhado individualmente, pois ele só se atualiza através do
sujeito que conhece. Porém, a busca pelo saber dificilmente partirá do zero, ela se apoia no trabalho
acumulado pelos intelectuais de cada área. A principal característica das Ciências Humanas é a de que
somos sujeitos e objetos desse conhecimento, somos capazes de compreender e descrever muitas relações
sociais presentes e passadas, ao mesmo tempo que participamos valorizando certas características do social
e rejeitando outras. Assim, conhecer determinadas relações sociais também implica a vontade de que estas
sejam modificadas, aperfeiçoadas ou conservadas.
O estudante de Ciências Humanas, logicamente, já possui uma série de experiências com o mundo
social através das relações que ele estabelece em seu cotidiano. Ele absorve através dos sentidos uma série
de informações e símbolos presentes nas esferas sociais, seja diretamente, incorporando-os através de suas
experiências de vida, ou indiretamente, da leitura de livros, também de filmes, séries, vídeos, programas de
televisão, youtubers, redes sociais, games, etc. Estes símbolos e informações serão memorizados ou
esquecidos, ou melhor, filtrados na mente e formam nela um fluxo contínuo de imagens. Este depósito ativo
fornece os dados principais sobre os quais é possível para cada estudante imaginar o mundo social em
suas diferentes dimensões. Assim, é a imaginação que interpreta os dados da memória, os articula, os
combina e que também preenche as lacunas para uma visão mais integral da sociedade. Porém, estas
vivências podem ficar praticamente excluídas do ensino da Sociologia se nele só existir os componentes
racionais ou conceituais que os sociólogos já cristalizaram em livros, esquematizando as relações sociais.
Os símbolos e as imagens memorizadas formam o conteúdo básico para o ensino da Sociologia. Os
símbolos são associações entre valores e objetos, pessoas, atos, etc. que vão sendo incorporadas ao longo da
vida. Os símbolos estruturam nossa imaginação sobre a realidade social e são aprendidos pela cultura,
sendo ao mesmo tempo uma força coercitiva e um potencial para o pensamento. Ao final, os símbolos e as
imagens são esquematizados pela razão, estabilizados em conceitos que podem ser generalizados para, por
analogias, compreender outras realidades sociais. Um dos principais objetivos do ensino de Sociologia está
em estranhar esses símbolos e imagens que formam o senso comum, para torná-los um pouco mais visíveis
em suas finalidades.
Tarefa: Mapeamento de Influências. Faça uma lista das fontes de informações e símbolos indiretos que você
está incorporando, através de suas experiências neste ano. Liste: filmes; séries; canais de vídeos; programas
de TV; youtubers ou personalidades que costuma seguir; games; cursos online, etc. Procure organizar as
informações. Esse é o mapa das referências de símbolos e imagens que você está incorporando na
atualidade. É isso que vai compor sua imaginação sobre o mundo social. Entregar digitado em página A4,
fonte 12, por e-mail em PDF.