1. FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Há três diferentes visões gerais da linguagem, que
definem três paradigmas hoje disponíveis para os
estudos linguísticos – realismo, mentalismo e
pragmatismo.
2. •A Filosofia (e também a Linguística) preocupa-se
com o sentido.
•As três tendências apontadas são ângulos não
necessariamente excludentes para pensar a questão
do sentido.
3. • O fenômeno da linguagem exige um tratamento
complexo.
• A Filosofia é uma proposta de busca dos sentidos
alternativa em relação ao mito: enquanto a primeira é
marcada pelo discurso justificado (passível de discussão), o
segundo é pautado pela adesão (não questionável).
• A Filosofia busca, a partir de um método racional, a
“verdade”.
4. Os três caminhos em busca da “verdade”
SOFISMO
•A realidade não pode ser apreendida, não pode
ser significada.
•O real é “aquilo que se manifesta para nós como
tal no discurso” (p. 452).
5. Um exemplo
O brasileiro já se acostumou a ligar o noticiário da TV para
assistir ao desfile de carros da Polícia Federal, de onde saem homens
parrudos de colete negro para algemar cidadãos apanhados de
surpresa em suas casas e escritórios, além de carregar computadores e
pilhas de documentos. Promovidas com previsível espalhafato, essas
ações costumam receber nomes poéticos, como Operação Pasárgada,
destinada a apurar fraudes em prefeituras, ou sensacionalistas, como a
Operação Sanguessuga, que investigou desvios na compra de
ambulâncias, ou mesmo de inspiração infantil, como Pinóquio, em
torno de crimes ambientais. [...]
Época, 14 jul. 2008, p. 41.
6. •Relativismo: é impossível “estabelecerem-se
verdades universalmente válidas, autônomas com
relação às circunstâncias concretas, contingentes e
variáveis da experiência humana” (p. 450).
•Não há lugar para o “ter sentido”, mas para o
“fazer sentido”, que se estabelece a partir de
consensos.
7. Os três caminhos em busca da “verdade”
REALISMO
•Há a verdade, que prevalece sobre o consenso.
•No sofismo, há uma oposição entre aquilo que é dito e
aquilo que não é dito; não há espaço para a verdade (ou,
melhor dizendo, a verdade é o consenso), pois a linguagem
só trata “do que é”.
•No realismo, há oposição entre aquilo que é verdadeiro e
aquilo que é falso – é possível a linguagem dizer algo que
não é.
•A verdade ou a falsidade é verificada pela confirmação no
real.
8. •Exemplo:
VALDINAR (indivíduo);
ESTÁ MINISTRANDO UMA AULA (atividade);
ESTÁ ROUCO (estado).
Pelo mero fato de serem proferidos, o enunciados
tratam daquilo que é.
•Portanto, enunciados como (1) “Valdinar está
ministrando uma aula” e (2) “Valdinar está rouco”
são, ambos, plausíveis.
9. •Contudo, ambos não são obrigatoriamente
verdadeiros; apesar de suas partes tratarem daquilo
que é, a articulação entre elas pode não imitar
fielmente a realidade, como é o caso do enunciado
(2).
•Há um critério objetivo a ser considerado quanto à
busca pelos sentidos: a correspondência com o real, o
qual reflete uma essência (ideal) que lhe é
subjacente.
10. •A principal função da linguagem é, portanto, a
nomenclatura: dar a cada entidade o nome mais
adequado que ela possa ter, para que se exprima
uma essência.
•“As diferentes línguas humanas, se representam
corretamente a realidade, têm, a despeito de sua
aparente variabilidade, a mesma estrutura
conceptual profunda” (p. 461).
11. Os três caminhos em busca da “verdade”
MENTALISMO
•Realismo e mentalismo são primos carnais. A
diferença reside no “tipo de entidade
extralinguística que se supõe em cada caso
constituir o significado das expressões” (p. 463).
•No mentalismo, entre a linguagem e o real, há a
alma (ou a mente). O “mundo das ideias” de
Platão, onde se encontram as essências que
orientam nossa observação das coisas do mundo, é
substituído pelo intelecto humano.
12. •A mente humana é capaz de promover sentidos
universais, pois filtra as imperfeições decorrentes das
percepções individuais.
•O raciocínio é a poderosa ferramenta que orienta o
conhecimento. A lógica determina as formas de
raciocínio “perfeitas”.
13. Todo cachorro é um animal.
Um pitbull é um cachorro.
Logo, o pitbull é um
animal.
B está contido em A.
c pertence a B.
Logo, c pertence a A
14. Reflexo dos três paradigmas nas teorias e
disciplinas da Linguística
•O paradigma realista-mentalista foi hegemônico
durante muitos séculos. No século XX, o realismo
pode ser associado ao Estruturalismo, enquanto o
mentalismo ainda é o pilar do Gerativismo.
•Todas as perspectivas calcadas na enunciação (que
surgiram como contraposição aos estruturalismos)
privilegiam o paradigma sofista, chamado
modernamente de pragmático.
15. Linguística = estudo da linguagem = estudo do sentido veiculado
pela comunicação
Para que
serve a
linguagem?
Apresentar a
realidade
[objetivismo]
Exprimir o
pensamento
[mentalismo]
Agir no mundo,
“influenciar” as pessoas
[perspectiva
sociocultural]