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PAULO FREIRE:
UM HOMEM SÍNTESE DO SEU TEMPO
Por José Ramos Barbosa da Silva –
Professor do DME/CE/UFPB.
Paulo Freire nasceu no Bairro de Casa
Amarela, em Recife, no dia 19 de setembro de
1921. Filho de Edeltrudes Neves Freire e do
capitão da Polícia Militar de
Pernambuco, Joaquim Temístocles Freire.
Já morando em Jaboatão, aos 13 anos, Paulo Freire
perdeu o pai. Isso mudou a qualidade de sua vida. Sua
irmã, Stela, tornou-se professora primária do Estado.
Seus dois irmãos, Armando e Temístocles, tiveram que
trabalhar para ajudar no sutento da família. Armando
tornou-se funcionário da Prefeitura. Temístocles entrou
para o Exército.
Freire começou a estudar desde cedo. Na casa
onde nasceu, sua mãe, debaixo das mangueiras,
escrevia com gravetos algumas palavras no chão.
Assim, aprendeu que ler era lúdico. Em Jaboatão,
aprendeu a jogar futebol, a nadar no rio, a cantar,
a assoviar. Foi em Jaboatão que Paulo concluiu a
escola primária.
Paulo Freire, a partir dos 16 anos, passou a
estudar no Colégio Oswaldo Cruz, onde mais
tarde foi professor.
Freire reconhece que os tempos vividos nesta
escola e as pessoas com quem conviveu
foram marcantes para a sua vida.
Depois dos estudos secundários, Freire, aos 22
anos, ingressa na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto
estudava, casou-se com a professora primária Elza Maria
Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos.
Foi nesse tempo que se tornou professor de Português do
Colégio Oswaldo Cruz, lugar onde estudou na adolescência.
Em 1947, Freire foi convidado a dirigir o Setor de
Educação e Cultura do SESI, órgão da Confederação da
Indústria. Foi aí que teve contatos com a educação de
adultos trabalhadores.
De 1954 a 1957, tornou-se o superintendente do SESI.
Em 9 de agosto de 1956, o prefeito progressista
Pelópidas Silveira convida Freire e mais oito notáveis
educadores para constituírem o Conselho consultivo
de Educação do Recife. Freire, quatro anos depois, foi
designado a assumir a Direção da Divisão de Cultura e
Recreação do Departamento de Documentação e
Cultura da Prefeitura Municipal do Recife.
Em 1959, Freire presta concurso e obtém o
título de doutor em Filosofia e História da
Educação. Com isso tornou-se professor
efetivo de Filosofia e História da Educação da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade do Recife.
Enquanto Freire vivia sua juventude e iniciava sua fase
adulta, vários acontecimentos mundiais influenciavam a
vida política e social brasileira, afetando a economia, a
educação e a cultura.
A decisão de cada Estado seguia as decisões nacionais e as
decisões nacionais obedeciam às cobranças internacionais.
De modo que se vivia numa rede de interligação e
dependência política.
• Ilustrando isto, desde o inicio do século XX, O Brasil começou a sofrer
influências de um movimento internacional que se colocava contra o
ensino tradicional das escolas.
• Esse movimento pregava a valorização das crianças, a liberdade e a
iniciativa dos estudantes, valorizando mais o seu ato de aprender e não o
ensino do professor.
• Um movimento inspirado em Jean Jacques Rousseau, que mundialmente
recebeu diversas denominações: escola nova, pedagogia ativa, escola do
trabalho. Essas escolas disseminavam métodos ativos de aprendizagem. O
aluno seria o sujeito de sua própria aprendizagem, ainda que auxiliado
pelo trabalho cooperante de um professor.
No campo cultural, após o final da segunda Guerra
Mundial, a Organização das Nações Unidas desencadeou
um processo de recomendação aos países do terceiro
mundo para investirem na educação dos adultos.
Este trabalho visava a formação técnica para comunidades
camponesas e também a alfabetização dos adultos.
É desta recomendação que os países considerados pobres
começaram a idealizar campanhas de alfabetização de
massa para a população acima dos 15 anos.
A década de 1940 trouxe também grandes mudanças políticas para
o Brasil.
É o tempo da abertura política decretada por Getúlio Vargas que a
partir de 1943 permite a atuação do Partido Comunista no
Brasil, decorrendo deste a criação dos Comitês Democráticos nos
municípios e bairros das grandes cidades.
É o tempo do pós-II guerra mundial, onde, depois de 1945, a Guerra
Fria atua junto aos governos, recomendando alianças, proibindo a
atuação de comunistas no lado ocidental do planeta.
É o tempo onde o Brasil tenta também desenvolver sua própria
indústria, tempo de desenvolvimento, considerado como tempo
desenvolvimentista e nacionalista.
• Tempo de luta entre correntes contrárias, de emergência de novas
ideias pedagógicas, da busca da fórmula brasileira para a educação
popular, ligada às artes, à cultura do povo e suas atividades
cotidianas.
• Tempo da organização das escolas como Associações da Cultura
Popular. Movimento que reunia
intelectuais, sindicalistas, religiosos, políticos e povo. Tempo rico de
ideias, que vai até o ano de 1964.
• Mas também um tempo próprio ao populismo, que permitia a
organização das classes populares, sem reprimir a atuação dos
capitalistas na rearrumação dos seus negócios lucrativos.
Entre 1947 e 1964 surgem, de diferentes segmentos da sociedade, várias
propostas para a educação de adultos:
• a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, criada em 1958, em
Leopoldina (RJ), que misturava alfabetização com serviços assistenciais de
saúde e puericultura;
• os Serviços de Assistência Rural, de 1955 a 1958, no Rio Grande do Norte;
• os Centros Populares de Cultura, que florescem em todo país, de 1961 a 1964;
• o Movimento de Educação de Base, de 1960, sob a responsabilidade da CNBB;
• a campanha “De pé no chão também se aprende a ler”, no Rio Grande do
Norte;
• o Sistema Paulo Freire, através dos Círculos de Cultura e dos Centros de
Cultura, como extensão cultural da Universidade de Recife;
• a Campanha de Educação Popular, na Paraíba;
• entre outros.
• Pelos envolvimentos que Paulo Freire começou a
ter, ele já era considerado um homem da
Esquerda. E como militante de Esquerda, seguiu
um dos caminhos políticos existentes à época: o
que resgatava a participação popular na
construção do próprio país.
• Esse movimento que trazia o povo a ser coautor
do seu destino era também vivenciado por
artistas e intelectuais de Esquerda e por uma
pequena parte da Igreja Católica, mais tarde
batizada de Igreja progressista ou Teologia da
Libertação. Freire era católico, ligado a pessoas
dessa Igreja de Esquerda.
Essa aproximação de Freire com comunistas, que queriam
um mundo justo e sem classes sociais e com Cristãos que
pregavam um mundo justo e sem classes sociais, para que
possamos de fato ser cristãos irmãos, permitiu que Freire
não diferenciasse a pregação comunista da pregação
cristã, tornando-se assim uma pessoa de fé, que conjugava
as ideias cristãs com as ideias comunistas.
• A sua preocupação com a
alfabetização, combinada com sua crença política
que desejava transformar o mundo, gerou o que
mais tarde chamou-se de Método Paulo Freire de
Alfabetização. Método que utilizava frases e
palavras, caminho pelo qual ele, na infância, fora
alfabetizado.
• O Método Paulo Freire de Alfabetização utilizava-se da
palavra que seria desmembrada em sílabas, através do
método da silabação.
• Essa palavra deveria ser muito significativa para os
educandos, pois enquanto ia-se estudando sua composição
de letras e sílabas, ia-se discutindo o lugar daquela palavra
na vida das pessoas e acerca do seu significado prático e
político.
• Essas palavras, por sediarem uma discussão, eram
chamadas de palavras geradoras.
Aprendiam-se as sílabas das palavras e também as
derivações dessas sílabas, chamadas de “família das
silabas”.
Por exemplo, da palavra LABUTA, separavam-se as
sílabas: LA, BU, TA e, a seguir, estudava-se a família do
LA: LA, LE, LI, LO LU, LÃO; do BU:
BA, BE, BI, BO, BU, BÃO; e do TA:
TA, TE, TI, TO, TU, TÃO.
Dessas novas sílabas formavam-se novas palavras:
LUTA, TATU, BALÃO, BAITOLA, BITOLA, TABU etc.
• Assim sendo, a alfabetização freireana era
política, mas também técnica. Não se alfabetiza
alguém se a questão técnica da alfabetização não
for bem tratada.
• Só é alfabetizado quem identifica
frases, palavras, sílabas e letras. Isso por qualquer
método, isso por qualquer caminho pedagógico.
• As palavras escolhidas como palavras chaves da alfabetização eram
discutidas antes do processo da alfabetização começar. Havia uma
pesquisa prévia no local onde seria implantada a escola de
alfabetização.
• Essa pesquisa se dava de modo tranquilo: passeando-se na
feira, nas bodegas, nos locais onde as pessoas ficavam reunidas.
• Ia-se ouvindo as conversas, perguntando-se sobre as preocupações
das pessoas, ia-se conhecendo pouco a pouco o universo de mundo
das pessoas.
• Isso permitia a escolha das palavras certas, as mais significativas
para uma boa conversa. Por isso eram palavras geradoras.
• A escolha das palavras de acordo com os interesses
locais não permitia a criação de uma cartilha. Mas isso
não significava dizer que o método Paulo Freire não
tivesse direção.
• Havia em combinação com o lado técnico do
alfabetizar, uma direção política que permitia dar voz e
vez ao aluno nas discussões travadas em sala de
aula, tudo em combinação com a palavra chave
estudada naquele momento, que tratava da realidade
vivida.
• O método Paulo Freire não era solto, sem direção, nem
também baseado no disse-me-disse, a partir da vontade de
cada um... Isso é perder o rumo.
• Toda ação da escola freireana era planejada, pois todo
ensino persegue objetivos. Cada aula perseguia os
objetivos de ensinamento previamente traçados.
• Se era para aprender a ler a palavra LABUTA e dela formar
novas palavras, esse objetivo era mantido, mesmo que a
participação de todos trouxesse novos elementos de
aprendizagem não previstos no planejamento.
• Esse cuidado com o lado técnico e também
político da alfabetização permitiu o sucesso
alcançado em Angicos, no Rio Grande do
Norte, quando foram alfabetizados 300
cortadores de cana em apenas 40 horas.
• Ora, se Paulo Freire e sua equipe de trabalho
tiveram sucesso nas décadas de 1950 e
1960, por que nós, agora, não podemos ter
sucesso no nosso trabalho de alfabetização?
• Para obtermos sucesso, precisamos planejar o que
queremos ensinar durante o curso de alfabetização.
• Depois disso, é necessário planejar aula por aula. No
ensino, sem planejamento, quase nada dá certo.
• Mesmo com o planejamento, de quando em quando,
precisamos reajustar as ações planejadas. O
planejamento é ação prévia, mas é a ação quem vai
nos informar sobre os necessários ajustes da ação
diária da alfabetização.
• “Se pela educação não transformaremos o
mundo, por ela podemos transformar
pessoas. E se podemos transformar
pessoas, através destas podemos transformar
o mundo”.
Texto e escolha de imagens: José Ramos Barbosa da Silva.
Obras consultadas:
• PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de adultos.
São Paulo: Loyola, 1983.
• ACO DO BRASIL. História da classe operária no Brasil: idade difícil
1920-1945. 3º caderno. São Paulo: Loyola, 1978.
• GADOTTI, Moacir. Paulo Freire: uma bibliografia. São Paulo:
Cortez/Instituto Paulo Freire; Brasília: UNESCO, 1996.
• LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1992.
• Dewey, John. Experiência e educação. 2 ed. Petrópolis (RJ):
Vozes, 2011.
João Pessoa, Maio de 2013.

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Paulo Freire: Um homem síntese do seu tempo

  • 1. PAULO FREIRE: UM HOMEM SÍNTESE DO SEU TEMPO Por José Ramos Barbosa da Silva – Professor do DME/CE/UFPB.
  • 2. Paulo Freire nasceu no Bairro de Casa Amarela, em Recife, no dia 19 de setembro de 1921. Filho de Edeltrudes Neves Freire e do capitão da Polícia Militar de Pernambuco, Joaquim Temístocles Freire.
  • 3. Já morando em Jaboatão, aos 13 anos, Paulo Freire perdeu o pai. Isso mudou a qualidade de sua vida. Sua irmã, Stela, tornou-se professora primária do Estado. Seus dois irmãos, Armando e Temístocles, tiveram que trabalhar para ajudar no sutento da família. Armando tornou-se funcionário da Prefeitura. Temístocles entrou para o Exército.
  • 4. Freire começou a estudar desde cedo. Na casa onde nasceu, sua mãe, debaixo das mangueiras, escrevia com gravetos algumas palavras no chão. Assim, aprendeu que ler era lúdico. Em Jaboatão, aprendeu a jogar futebol, a nadar no rio, a cantar, a assoviar. Foi em Jaboatão que Paulo concluiu a escola primária.
  • 5. Paulo Freire, a partir dos 16 anos, passou a estudar no Colégio Oswaldo Cruz, onde mais tarde foi professor. Freire reconhece que os tempos vividos nesta escola e as pessoas com quem conviveu foram marcantes para a sua vida.
  • 6. Depois dos estudos secundários, Freire, aos 22 anos, ingressa na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto estudava, casou-se com a professora primária Elza Maria Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Foi nesse tempo que se tornou professor de Português do Colégio Oswaldo Cruz, lugar onde estudou na adolescência.
  • 7. Em 1947, Freire foi convidado a dirigir o Setor de Educação e Cultura do SESI, órgão da Confederação da Indústria. Foi aí que teve contatos com a educação de adultos trabalhadores. De 1954 a 1957, tornou-se o superintendente do SESI.
  • 8. Em 9 de agosto de 1956, o prefeito progressista Pelópidas Silveira convida Freire e mais oito notáveis educadores para constituírem o Conselho consultivo de Educação do Recife. Freire, quatro anos depois, foi designado a assumir a Direção da Divisão de Cultura e Recreação do Departamento de Documentação e Cultura da Prefeitura Municipal do Recife.
  • 9. Em 1959, Freire presta concurso e obtém o título de doutor em Filosofia e História da Educação. Com isso tornou-se professor efetivo de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife.
  • 10. Enquanto Freire vivia sua juventude e iniciava sua fase adulta, vários acontecimentos mundiais influenciavam a vida política e social brasileira, afetando a economia, a educação e a cultura. A decisão de cada Estado seguia as decisões nacionais e as decisões nacionais obedeciam às cobranças internacionais. De modo que se vivia numa rede de interligação e dependência política.
  • 11. • Ilustrando isto, desde o inicio do século XX, O Brasil começou a sofrer influências de um movimento internacional que se colocava contra o ensino tradicional das escolas. • Esse movimento pregava a valorização das crianças, a liberdade e a iniciativa dos estudantes, valorizando mais o seu ato de aprender e não o ensino do professor. • Um movimento inspirado em Jean Jacques Rousseau, que mundialmente recebeu diversas denominações: escola nova, pedagogia ativa, escola do trabalho. Essas escolas disseminavam métodos ativos de aprendizagem. O aluno seria o sujeito de sua própria aprendizagem, ainda que auxiliado pelo trabalho cooperante de um professor.
  • 12. No campo cultural, após o final da segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas desencadeou um processo de recomendação aos países do terceiro mundo para investirem na educação dos adultos. Este trabalho visava a formação técnica para comunidades camponesas e também a alfabetização dos adultos. É desta recomendação que os países considerados pobres começaram a idealizar campanhas de alfabetização de massa para a população acima dos 15 anos.
  • 13. A década de 1940 trouxe também grandes mudanças políticas para o Brasil. É o tempo da abertura política decretada por Getúlio Vargas que a partir de 1943 permite a atuação do Partido Comunista no Brasil, decorrendo deste a criação dos Comitês Democráticos nos municípios e bairros das grandes cidades. É o tempo do pós-II guerra mundial, onde, depois de 1945, a Guerra Fria atua junto aos governos, recomendando alianças, proibindo a atuação de comunistas no lado ocidental do planeta. É o tempo onde o Brasil tenta também desenvolver sua própria indústria, tempo de desenvolvimento, considerado como tempo desenvolvimentista e nacionalista.
  • 14. • Tempo de luta entre correntes contrárias, de emergência de novas ideias pedagógicas, da busca da fórmula brasileira para a educação popular, ligada às artes, à cultura do povo e suas atividades cotidianas. • Tempo da organização das escolas como Associações da Cultura Popular. Movimento que reunia intelectuais, sindicalistas, religiosos, políticos e povo. Tempo rico de ideias, que vai até o ano de 1964. • Mas também um tempo próprio ao populismo, que permitia a organização das classes populares, sem reprimir a atuação dos capitalistas na rearrumação dos seus negócios lucrativos.
  • 15. Entre 1947 e 1964 surgem, de diferentes segmentos da sociedade, várias propostas para a educação de adultos: • a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, criada em 1958, em Leopoldina (RJ), que misturava alfabetização com serviços assistenciais de saúde e puericultura; • os Serviços de Assistência Rural, de 1955 a 1958, no Rio Grande do Norte; • os Centros Populares de Cultura, que florescem em todo país, de 1961 a 1964; • o Movimento de Educação de Base, de 1960, sob a responsabilidade da CNBB; • a campanha “De pé no chão também se aprende a ler”, no Rio Grande do Norte; • o Sistema Paulo Freire, através dos Círculos de Cultura e dos Centros de Cultura, como extensão cultural da Universidade de Recife; • a Campanha de Educação Popular, na Paraíba; • entre outros.
  • 16. • Pelos envolvimentos que Paulo Freire começou a ter, ele já era considerado um homem da Esquerda. E como militante de Esquerda, seguiu um dos caminhos políticos existentes à época: o que resgatava a participação popular na construção do próprio país.
  • 17. • Esse movimento que trazia o povo a ser coautor do seu destino era também vivenciado por artistas e intelectuais de Esquerda e por uma pequena parte da Igreja Católica, mais tarde batizada de Igreja progressista ou Teologia da Libertação. Freire era católico, ligado a pessoas dessa Igreja de Esquerda.
  • 18. Essa aproximação de Freire com comunistas, que queriam um mundo justo e sem classes sociais e com Cristãos que pregavam um mundo justo e sem classes sociais, para que possamos de fato ser cristãos irmãos, permitiu que Freire não diferenciasse a pregação comunista da pregação cristã, tornando-se assim uma pessoa de fé, que conjugava as ideias cristãs com as ideias comunistas.
  • 19. • A sua preocupação com a alfabetização, combinada com sua crença política que desejava transformar o mundo, gerou o que mais tarde chamou-se de Método Paulo Freire de Alfabetização. Método que utilizava frases e palavras, caminho pelo qual ele, na infância, fora alfabetizado.
  • 20. • O Método Paulo Freire de Alfabetização utilizava-se da palavra que seria desmembrada em sílabas, através do método da silabação. • Essa palavra deveria ser muito significativa para os educandos, pois enquanto ia-se estudando sua composição de letras e sílabas, ia-se discutindo o lugar daquela palavra na vida das pessoas e acerca do seu significado prático e político. • Essas palavras, por sediarem uma discussão, eram chamadas de palavras geradoras.
  • 21. Aprendiam-se as sílabas das palavras e também as derivações dessas sílabas, chamadas de “família das silabas”. Por exemplo, da palavra LABUTA, separavam-se as sílabas: LA, BU, TA e, a seguir, estudava-se a família do LA: LA, LE, LI, LO LU, LÃO; do BU: BA, BE, BI, BO, BU, BÃO; e do TA: TA, TE, TI, TO, TU, TÃO. Dessas novas sílabas formavam-se novas palavras: LUTA, TATU, BALÃO, BAITOLA, BITOLA, TABU etc.
  • 22. • Assim sendo, a alfabetização freireana era política, mas também técnica. Não se alfabetiza alguém se a questão técnica da alfabetização não for bem tratada. • Só é alfabetizado quem identifica frases, palavras, sílabas e letras. Isso por qualquer método, isso por qualquer caminho pedagógico.
  • 23. • As palavras escolhidas como palavras chaves da alfabetização eram discutidas antes do processo da alfabetização começar. Havia uma pesquisa prévia no local onde seria implantada a escola de alfabetização. • Essa pesquisa se dava de modo tranquilo: passeando-se na feira, nas bodegas, nos locais onde as pessoas ficavam reunidas. • Ia-se ouvindo as conversas, perguntando-se sobre as preocupações das pessoas, ia-se conhecendo pouco a pouco o universo de mundo das pessoas. • Isso permitia a escolha das palavras certas, as mais significativas para uma boa conversa. Por isso eram palavras geradoras.
  • 24. • A escolha das palavras de acordo com os interesses locais não permitia a criação de uma cartilha. Mas isso não significava dizer que o método Paulo Freire não tivesse direção. • Havia em combinação com o lado técnico do alfabetizar, uma direção política que permitia dar voz e vez ao aluno nas discussões travadas em sala de aula, tudo em combinação com a palavra chave estudada naquele momento, que tratava da realidade vivida.
  • 25. • O método Paulo Freire não era solto, sem direção, nem também baseado no disse-me-disse, a partir da vontade de cada um... Isso é perder o rumo. • Toda ação da escola freireana era planejada, pois todo ensino persegue objetivos. Cada aula perseguia os objetivos de ensinamento previamente traçados. • Se era para aprender a ler a palavra LABUTA e dela formar novas palavras, esse objetivo era mantido, mesmo que a participação de todos trouxesse novos elementos de aprendizagem não previstos no planejamento.
  • 26. • Esse cuidado com o lado técnico e também político da alfabetização permitiu o sucesso alcançado em Angicos, no Rio Grande do Norte, quando foram alfabetizados 300 cortadores de cana em apenas 40 horas.
  • 27. • Ora, se Paulo Freire e sua equipe de trabalho tiveram sucesso nas décadas de 1950 e 1960, por que nós, agora, não podemos ter sucesso no nosso trabalho de alfabetização?
  • 28. • Para obtermos sucesso, precisamos planejar o que queremos ensinar durante o curso de alfabetização. • Depois disso, é necessário planejar aula por aula. No ensino, sem planejamento, quase nada dá certo. • Mesmo com o planejamento, de quando em quando, precisamos reajustar as ações planejadas. O planejamento é ação prévia, mas é a ação quem vai nos informar sobre os necessários ajustes da ação diária da alfabetização.
  • 29. • “Se pela educação não transformaremos o mundo, por ela podemos transformar pessoas. E se podemos transformar pessoas, através destas podemos transformar o mundo”.
  • 30. Texto e escolha de imagens: José Ramos Barbosa da Silva. Obras consultadas: • PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de adultos. São Paulo: Loyola, 1983. • ACO DO BRASIL. História da classe operária no Brasil: idade difícil 1920-1945. 3º caderno. São Paulo: Loyola, 1978. • GADOTTI, Moacir. Paulo Freire: uma bibliografia. São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire; Brasília: UNESCO, 1996. • LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1992. • Dewey, John. Experiência e educação. 2 ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2011. João Pessoa, Maio de 2013.