O documento resume o relatório do Banco Central sobre o crédito em setembro de 2012, com as seguintes informações principais: 1) O estoque total de crédito cresceu 15,8% em termos nominais, abaixo de agosto; 2) Tanto o crédito para pessoas jurídicas quanto físicas apresentaram desaceleração no crescimento; 3) A taxa média de juros para empréstimos reduziu-se moderadamente.
Pine Flash Note: A continuidade do desaquecimento do crédito
1. Pine Flash Note: A continuidade do desaquecimento do crédito
29 de outubro de 2012
O Banco Central divulgou a nota à imprensa sobre Política Monetária e Operações de Crédito
do SFN referente a setembro na sexta passada. O estoque total atingiu R$ 2.237 bilhões, em
termos nominais, representando uma alta nominal mensal de 1,1% e anual de 15,8%, ambas
abaixo das variações de agosto. No entanto, segundo cálculos do BC, a relação crédito/PIB
veio de 47,4% há um ano para 51,5% no mês passado (contra 51,2% em agosto), implicando a
piora do desempenho mensal do PIB entre agosto e setembro. Ainda segundo o BC, a greve
dos bancários e o menor número de dias úteis (quatro a menos que no mês anterior)
contribuíram para a redução das concessões de crédito. Se controlarmos pelo número de dias
úteis, a média diária de concessões ampliou-se para R$ 9,6 bilhões/dia útil.
Crescimento do estoque total (% a/a) e concessões diárias (média)
40%
6,500
35% 6,000
5,500
30%
5,000
25%
4,500
20% 4,000
3,500
15%
% a/a
nominal 3,000
jul/12
jan/12
10% abr/12
2008
2009
2010
2011
2012
Estoque total (eixo esq.) PJ PF
PJ PF
Fonte: Banco Central; elaboração: Pine Research
Estoque de crédito – Tanto o saldo à PJ quanto o estoque de crédito à PF mantiveram a
tendência de desaceleração observada desde maio; a maior influência negativa, no entanto,
veio do segmento PJ: sua desaceleração foi puxada pelas operações com recursos
direcionados, cuja expansão reduziu-se de 14,9% para 12,4% (ver tabela abaixo). Como
veremos mais a frente, boa parte é explicada pelo comportamento do BNDES. O segmento PF,
diferentemente, apontou desaquecimento mais expressivo no crédito livre, com destaques
para o menor crescimento do crédito para aquisição de veículos, além do crédito pessoal.
Crescimento anual do saldo de crédito – novo desaquecimento
Variação % a/a
jul/12 ago/12 set/12
Saldo de crédito (nominal) 17.7% 17.1% 15.8%
Pessoa Jurídica 16.8% 15.6% 14.0%
Recursos livre 16.8% 16.1% 15.1%
Recursos direcionados 16.8% 14.9% 12.4%
Pessoa Física 18.8% 18.7% 18.0%
Recursos livres 14.1% 14.1% 12.8%
Recursos direcionados 29.8% 16.1% 15.1%
Fonte: Banco Central; elaboração: Pine Research
2. O crédito proveniente do BNDES, diretamente ou via repasses, ainda perde fôlego na esteira
da fraca atividade do 1S12 e das incertezas sobre o grau de sua recuperação. Contudo, o
segundo gráfico abaixo mostra a retomada das consultas junto ao banco, acompanhada do
aumento nos enquadramentos, o que sugere o aumento do apetite das corporações por
crédito por meio de intenções mais fortes de produção e investimento e, em um segundo
momento, mais dependente do BNDES, a elevação nas suas concessões de crédito.
BNDES: desembolso ainda tímido, mas consultas se recuperam
70% 490
% a/a jan/03= 100
nominal 440
60%
390
50%
340
40%
290
30% 240
20% 190
140
10%
90
0%
2008
2009
2010
2011
2012
2008
2009
2010
2011
2012
Consultas Enquadramento
Direto Repasses Total Aprovação Desembolso
Fonte: Banco Central; elaboração: Pine Research
Taxas de juros - A taxa média de juros para operações de crédito referenciais para taxa de
juros reduziu-se moderadamente para 29,9% ao ano (contra a passagem junho-agosto, que
veio de 31,1% para 30,1%) por conta da redução de 0,5 pp da taxa à PJ. A taxa média à PF
subiu 0,2 pp. O spread médio, por seu turno, apresentou queda de 0,2 pp com o recuo no
spread à PJ (0,4 pp), apesar da alta de 0,2 pp do spread à PF. Desde a primeira queda da
Selic em agosto/11, a taxa média tem queda de 9,8pp, enquanto os spreads recuaram 5,5pp.
Em linha com o comportamento do juro básico e considerando a defasagem típica entre os
juros praticados no crédito e a Selic, a tendência das taxas de empréstimos finais é cadente.
Taxas de empréstimos e Spread – cadentes, seguindo a Selic
Taxas de empréstimo Spread Spread (p.p.) Selic (% a/a)
63 36
34 27
58 34
32
53 32 22
30
48 30
28
17
43 26 28
38 24 26
12
33 22 24
28 20 22 7
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Taxa média (% a.a.) Spread médio (p.p.) Spread médio (p.p.) Selic (% a.a.)
Fonte: Banco Central; elaboração: Pine Research
3. Inadimplência – Setembro, a exemplo de julho e agosto, contou com a estabilidade da taxa
de inadimplência em 5,9%, a qual representa a máxima histórica desde o início da série em
janeiro de 2002. Aliás, a inadimplência tem se situado perto da máxima desde janeiro ao
oscilar entre 5,7% e 5,9%. Conforme apontamos anteriormente, sua elevação tem sido puxada
principalmente pela inadimplência da PF desde janeiro de 2011, a qual cresceu de forma
quase ininterrupta logo após o anúncio das medidas prudenciais (em dezembro/10), que
passaram a valer a partir de agosto de 2011. Entretanto, em nosso relatório anterior
demonstramos que as principais variáveis que explicam o atual ciclo de alta da inadimplência
apontavam melhora iminente e mais intensa ao longo do 2S12.
De qualquer forma, em resumo, levando em consideração as incertezas com relação à
retomada da atividade doméstica em um contexto de desalavancagem das instituições
financeiras ao redor do mundo (tanto pelas novas exigências de regulamentação quanto
pela instabilidade gerada pela situação europeia), mantemos nossa estimativa para a taxa
de crescimento nominal do crédito total em 15% até o final do ano. Na verdade, o
aumento da participação dos bancos públicos no crédito total brasileiro, principalmente
no segmento de crédito à PF, é a principal variável que responde pela estabilidade da
nossa estimativa. Esse resultado justifica as nossas projeções para o crescimento do PIB
brasileiro de 1,5% e 3,3% em 2012 e 2013, respectivamente.
Marco Antonio Maciel Marco Antonio Caruso
Economista-chefe Economista
Banco Pine Banco Pine
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