O documento descreve a abertura da Campanha da Fraternidade de 2011 na Arquidiocese de Florianópolis, que terá como tema "Fraternidade e Vida no Planeta" e alertará para os problemas ambientais causados pela ação humana que ameaçam a vida no planeta.
1. Celebração abre a CF-2011
Campanha alerta para os problemas ambientas que ameaçam a vida no planeta
Uma Celebração Eucarística realizada no dia 09 de março, às 18h15min, na
Catedral de Florianópolis, marcará a abertura da Campanha da Fraternidade de
2011 na Arquidiocese de Florianópolis. Como o tema “Fraternidade e Vida no
Planeta”, e lema “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22), a CF
pretende alertar para as ações do homem que tem provocado a destruição do
meio ambiente e, em consequência, a destruição da vida na Terra.
A celebração será presidida por Dom Murilo Krieger, Administrador
Apostólico da Arquidiocese de Florianópolis e Arcebispo nomeado para a
Arquidiocese de Salvador, na Bahia. Ao final, será realizada a imposição das
Cinzas. Antes, no mesmo dia, às 14h30, Dom Murilo concederá
entrevista coletiva à imprensa no Auditório da Cúria Metropolitana,
sobre a CF-2011.
A Campanha tem como objetivos “contribuir para o aprofundamento do
debate e busca de caminhos de superação dos problemas ambientais
provocados pelo aquecimento global e seus impactos sobre as condições da
vida no planeta” (Texto-Base da CF-2011).
Usufruir sem destruir
Para Dom Murilo, ao criar o ser humano, a ordem do Senhor era para que o
homem e a mulher submetessem a terra, dominando sobre os peixes do mar, as
aves do céu e todos os animais que se movem pelo chão (cf. Gn 1,28), não para
que deles usufruísse egoisticamente e os destruísse. Afinal, uma geração deve
entregar à outra um planeta melhor, mais saudável e agradável, e não uma terra
transformada em deserto, rios sem vida e ambientes poluídos.
“Individualmente, pouco poderemos fazer para reverter a situação atual de
nosso planeta. Mas, à medida que as comunidades cristãs e as pessoas de boa
vontade se conscientizarem sobre a gravidade do aquecimento global e das
mudanças climáticas, e sentirem-se motivadas a participar de debates e ações
que visem enfrentar o problema, na tentativa de preservar as condições de vida
no planeta, poderemos ter esperança de que a situação de nosso mundo
melhorará. O que está em causa é a própria vida humana”, refletiu Dom
Murilo.
História
Esta é a 47ª Campanha da Fraternidade desde que foi criada em 1964. A
conscientização sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas está
entre os principais objetivos da Campanha. A busca de ações que preservem a
vida no planeta é outra meta da CF.
Não é a primeira vez que a Campanha da Fraternidade aborda o tema meio
ambiente. Em 1979, a Campanha discutiu o tema “Por um mundo mais humano
– Preserve o que é de todos”; em 2004, “Fraternidade e Água – Água, fonte de
2. vida”; e, em 2007, a Amazônia foi lembrada: “Fraternidade e Amazônia – vida
e missão neste chão”.
Sessão Especial na ALESC
Uma sessão especial na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, ALESC,
em Florianópolis, no dia 14 de março, às 19h, celebrará a Campanha da
Fraternidade de 2011. O evento é uma proposição da equipe de coordenação da
CF, através do deputado Pe. Pedro Baldissera.
O evento será realizado no Plenário da Assembleia. “Todas as lideranças da
Arquidiocese são convidadas se fazerem presentes no evento”, disse Adelir da
Silva Raup, coordenadora da CF na Arquidiocese.
Na oportunidade, Dom Murilo receberá uma homenagem especial da
ALESC, pelos seus nove anos de episcopado à frente da Arquidiocese de
Florianópolis.
Efeitos da ação do homem contra a natureza em números
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima a existência de 50 milhões de
“migrantes do clima”. São pessoas que estão fugindo de seus locais de origem por
conta, sobretudo, da escassez de água. É o que ainda hoje acontece com os nossos
irmãos nordestinos.
A Organização Mundial da Saúde estima que 13% da população mundial (900
milhões) vivem sem acesso à água potável, e 39% (2,6 milhões) não dispõem
de saneamento básico. Na América Latina, 85 milhões de pessoas não têm água
potável e 115 milhões vivem sem saneamento básico. Isso é responsável direto pela
morte de 1,5 milhão de crianças com menos de cinco anos de idade, vitimadas por
diarréia.
Um dos mais perceptíveis efeitos da ação do homem contra o meio ambiente é sentido
na temperatura. Há cem anos a temperatura na superfície do planeta era de
14,5ºC, hoje é de 15ºC. Embora pareça pequena, 0,5ºC traz grandes e drásticas
alterações no clima.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU,
formado por cientistas do mundo inteiro e de várias áreas do conhecimento, apontou
que de 1750 (início do processo de industrialização do mundo) a 2006, a
temperatura média da terra aumentou 0,74ºC. As consequências são o degelo
do Ártico, da Antártida, e das montanhas, secas mais longas, chuvas mais fortes e
mais enchentes, e aumento no nível do mar.
Dados do IPCC de 2007 indicam que as recentes mudanças são maiores do
que as ocorridas no clima no últimos 1.300 anos.
Entre 1995 e 2006, o mundo teve 11 dos 12 anos mais quentes já
registrados para a temperatura na superfície da Terra. A maior parte do
aquecimento se deve a atividades humanas nos últimos 50 anos (fonte IPCC).
O relatório afirma que continuarmos como estamos, a temperatura na superfície da
Terra deve aumentar em cerca de 2,4ºC até 2050, mesmo se a humanidade
mudar se padrão de produção e consumo imediatamente. Caso contrário, pode
chegar a 4ºC. O resultado será elevação dos mares em até 0,60cm, em virtude do
derretimento de geleiras, tempestades, furações, enchentes sempre mais intensas e
secas ainda mais amplas e prolongadas.
3. No século XX a população mundial quadruplicou . Hoje ultrapassa os 6,5
bilhões de pessoas. Estima-se que até 2050, seremos 9 bilhões. Por conta das
transformações que provocamos na Terra, há quem diga que estamos entrando em
uma nova era geológica, o “antropoceno”.
A água é essencial para a vida e boa parte da sua poluição está relacionada ao modo
de produção industrial e ao nosso consumo. Estima-se que a produção de um de
quilo de café requer 20 mil litros de água, um hambúrguer de 100 gramas,
11 mil, e um jeans, 8 mil. São produtos que utilizam água na irrigação ou na
produção industrial e o resíduos (agrotóxicos, solventes, colorantes...) são despejados
no meio ambiente.
O ser humano consome hoje 800 metros cúbicos per capita ao ano, na
seguinte proporção: irrigação 70%; indústria 20%; e domicílios 10%.
O chamado agronegócio é o responsável pelo consumo e desperdício de 70%
da água doce do mundo. O seu meio de produção desmata impiedosamente, os
fertilizantes, além de contaminarem lagos e rios, já são causadores de zonas mortas
nas águas marítimas litorâneas.
O efeito estufa é provocado sobretudo graças a concentração de dióxido de carbônico
(CO2) na atmosfera. A maior fonte de emissão desse gás está na utilização de
combustíveis fósseis, principal fonte energética no mundo. Em 2007, 80% do
fornecimento de energia para as economias e os lares vinha de combustíveis
fósseis, na seguinte proporção: petróleo 34,4%; carvão 26%, gás 20,5%.
A biodiversidade que conhecemos foi se constituindo ao longo de mais de
três bilhões de anos e estima-se que haja 10 milhões de espécies na Terra,
das quais apenas um décimo é conhecido. A biodiversidade encontra-se
seriamente ameaçada. Mesmo sendo difícil precisar a taxa de extinção, estima-se que
esteja cem vezes mais alta que a do passado geológico.
Fonte: Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2011, CNBB
Mais informações pelo fone (48) 8405-6578, com o jornalista Zulmar
Faustino.