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AULA 1 – CONCEITUAÇÃO DE JORNALISMO INVESTIGATIVO

Muito se discute sobre a conceituação desse tipo de jornalismo específico. Para alguns mais
radicais, todo o jornalismo é investigativo, e se não é investigativo não é jornalismo. No entanto,
a questão não pode ser tratada com tal maniqueísmo. Vejamos por exemplo a notícia sobre o
rendimento diário da caderneta de poupança. É uma informação de utilidade pública. Logo, é
jornalismo. No entanto, não é necessário o jornalista fazer um grande esforço de reportagem
para obter o rendimento da caderneta de poupança dia a dia. Basta consultar uma tabela
fornecida pelo Banco Central.
O Jornalismo Investigativo que vamos ver aqui é algo mais profundo, ligado com o processo de
profunda pesquisa, apuração dos fatos, cruzamento de dados. Você vai perceber ao longo da
disciplina que o objetivo do jornalista investigativo é revelar algo que quer ser ocultado da
sociedade. Essa é a orientação conceitual que utilizaremos em nosso curso.
Esse tipo de jornalismo vai além. Procura sempre mais e não se contenta com o factual. É um
tipo de jornalismo importantíssimo na fiscalização da sociedade, e em muitos momentos,
indispensável para o funcionamento de uma sociedade democrática. Exemplos não nos faltam:
as matérias que divulgavam os escândalos da ditadura, com relação a tortura e corrupção; o
Caso Collor, que culminou com o pedido de impeachment contra o ex-presidente e sua renúncia;
a renúncia do presidente Nixon, no famoso Caso Watergate, e por aí vai.
Portanto, pelo menos em nosso estudo vamos utilizar uma abordagem que difere sim o
jornalismo convencional do Jornalismo Investigativo. Para o bem do próprio jornalismo.

Para fixar este começo de aprendizado, propomos uma reflexão sobre a seguinte questão:

Questão:
Todo jornalismo é investigativo? O Jornalismo de Variedades, por exemplo, é
investigativo?
PADRÃO DE RESPOSTA: Como visto nesta pequena introdução, não podemos considerar
todo o jornalismo investigativo. O exemplo da importância da variação do índice da caderneta
de poupança ilustra a questão proposta. Ainda sobre o tema, também não podemos
considerar o jornalismo de variedades como investigativo. Nem por isso, atualmente, podemos
considerar que o jornalismo de celebridades, a vida dos artistas, por exemplo, deixa de ser
jornalismo, já que existe um público cativo por esse tipo de informação.
JORNALISMO INVESTIGATIVO: ORIGENS

O jornalismo investigativo tem suas origens nos Estados Unidos, no período imediatamente
posterior ao término da II Guerra Mundial, e em especial, entre os anos de 1955 e 1974.
Os jornalistas passaram a exercer uma postura crítica em relação ao governo dos Estados
Unidos, em conseqüência da participação desastrosa dos norte-americanos na Guerra do Vietnã
(1959-1975). A imprensa, de um modo geral, passou a revelar em que condições os soldados
norte-americanos deixavam suas famílias para guerrear do outro lado do mundo numa combate
suicida.
As reportagens dessa época foram veiculadas principalmente nas revistas Life e Look.
Um fato, porém, marcou o uso da expressão “Jornalismo Investigativo”, o chamado Caso
Watergate. A celebrada investigação de Carl Bernstein e Bob Woodward, do Washington Post,
culminou com o pedido de renúncia do então presidente Richard Nixon, em 9 de agosto de 1974.
(O episódio do Caso Watergate será estudado detalhadamente no Módulo 2).
O Caso Watergate criou um precedente ao demonstrar a importância de alguns princípios do
jornalismo:

- não se ater a uma única fonte
- não se contentar com o jornalismo “chapa branca”
- questionar informações oficiais

O caso repercutiu no cenário mundial jornalístico, influenciando repórteres no mundo todo.

Questão:
Qual a contribuição maior do Caso Watergate ao jornalismo?
PADRÃO DE RESPOSTA: O Caso Watergate mostrou a necessidade de não se confiar
piamente nas informações divulgadas pelo governo e revelou a necessidade do cruzamento
de fontes para a confirmação de informações.

JORNALISMO INVESTIGATIVO NO BRASIL

Em primeiro lugar, devemos observar alguns antecedentes na trajetória do Jornalismo
Investigativo no Brasil:
Antecedentes:


Euclides da Cunha – Os Sertões (1902) – Guerra de Canudos (1893-1897)



Coberturas jornalísticas na II Guerra Mundial (Joel Silveira e Rubem Braga)



1972 – estoura o Caso Watergate nos EUA

(contexto brasileiro: a imprensa vive sob a dura censura do general Emílio Garrastazu Médici)


1974 – assume o poder o general Ernesto Geisel



morte do operário Manuel Fiel Filho



morte do jornalista Vladimir Herzog



aceleração do processo de abertura política (lenta, gradual e segura)

Podemos observar o marco deixado na história do jornalismo brasileiro por Euclides da Cunha
ao retratar a Guerra de Canudos, na obra Os Sertões. Não se trata evidentemente de uma obra
de Jornalismo Investigativo, já que esse termo, como visto na aula anterior, passou a ser moldado
a partir do caso Watergate. No entanto é um registro interessante de jornalismo em profundidade
feito ainda no começo do século passado.
É digna de registro também a participação dos jornalistas brasileiros durante a II Guerra Mundial,
Joel Silveira e Rubem Braga.
Em seguida, no quadro acima, é destacado o Caso Watergate, o verdadeiro marco no Jornalismo
Investigativo
O Brasil, no início dos anos 1970, vivia os anos difíceis da ditadura militar. A presidência era
ocupada pelo general Ernesto Geisel, que sucedia o general Emílio Garrastazu Médici, que ficou
conhecido pelo bordão “Brasil, ame-o, ou deixe-o”. A imprensa vivia os duros anos da censura
prévia, que se estendeu até o ano de 1975. Nesse período, qualquer reportagem um pouco mais
aprofundada significava perigo para o autor e o veículo que a publicasse.
Como marcas do jornalismo investigativo no país temos a célebre reportagem de Ricardo
Kotscho intitulada “Assim vivem os nossos superfuncionários”, que abalou a vida política
brasileira ao desvendar as regalias de ministros e funcionários do alto escalão do governo.
A repercussão da reportagem foi imediata, tanto que Kotscho foi aconselhado a deixar o país
por medidas de segurança.
Anos mais tarde, a imprensa brasileira voltaria a noticiar os escândalos da ditadura militar com
a reportagem “Descendo aos Porões”, de Antonio Carlos Fon, publicada na Veja, em que o autor
revelava os bastidores da tortura no país.
O jornalismo como um todo voltou a ter papel atuante principalmente no processo de
redemocratização no país, em especial, na campanha das Diretas-Já (1984), e acentuadamente
em 1992, no processo que culminou com a renúncia do presidente Collor, a partir de uma série
de denúncias efetuadas por Pedro Collor na revista Veja.

Questão:
Euclides da Cunha pode ser considerado um jornalista investigativo?
PADRÃO DE RESPOSTA: Não. O termo nem existia à época de Euclides da Cunha. O seu
trabalho, no entanto, é tido como um marco no jornalismo brasileiro dada a profundidade da
reportagem e qualidade textual.

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Aula 1 conceituação e origens do jornalismo investigativo

  • 1. AULA 1 – CONCEITUAÇÃO DE JORNALISMO INVESTIGATIVO Muito se discute sobre a conceituação desse tipo de jornalismo específico. Para alguns mais radicais, todo o jornalismo é investigativo, e se não é investigativo não é jornalismo. No entanto, a questão não pode ser tratada com tal maniqueísmo. Vejamos por exemplo a notícia sobre o rendimento diário da caderneta de poupança. É uma informação de utilidade pública. Logo, é jornalismo. No entanto, não é necessário o jornalista fazer um grande esforço de reportagem para obter o rendimento da caderneta de poupança dia a dia. Basta consultar uma tabela fornecida pelo Banco Central. O Jornalismo Investigativo que vamos ver aqui é algo mais profundo, ligado com o processo de profunda pesquisa, apuração dos fatos, cruzamento de dados. Você vai perceber ao longo da disciplina que o objetivo do jornalista investigativo é revelar algo que quer ser ocultado da sociedade. Essa é a orientação conceitual que utilizaremos em nosso curso. Esse tipo de jornalismo vai além. Procura sempre mais e não se contenta com o factual. É um tipo de jornalismo importantíssimo na fiscalização da sociedade, e em muitos momentos, indispensável para o funcionamento de uma sociedade democrática. Exemplos não nos faltam: as matérias que divulgavam os escândalos da ditadura, com relação a tortura e corrupção; o Caso Collor, que culminou com o pedido de impeachment contra o ex-presidente e sua renúncia; a renúncia do presidente Nixon, no famoso Caso Watergate, e por aí vai. Portanto, pelo menos em nosso estudo vamos utilizar uma abordagem que difere sim o jornalismo convencional do Jornalismo Investigativo. Para o bem do próprio jornalismo. Para fixar este começo de aprendizado, propomos uma reflexão sobre a seguinte questão: Questão: Todo jornalismo é investigativo? O Jornalismo de Variedades, por exemplo, é investigativo? PADRÃO DE RESPOSTA: Como visto nesta pequena introdução, não podemos considerar todo o jornalismo investigativo. O exemplo da importância da variação do índice da caderneta de poupança ilustra a questão proposta. Ainda sobre o tema, também não podemos considerar o jornalismo de variedades como investigativo. Nem por isso, atualmente, podemos considerar que o jornalismo de celebridades, a vida dos artistas, por exemplo, deixa de ser jornalismo, já que existe um público cativo por esse tipo de informação.
  • 2. JORNALISMO INVESTIGATIVO: ORIGENS O jornalismo investigativo tem suas origens nos Estados Unidos, no período imediatamente posterior ao término da II Guerra Mundial, e em especial, entre os anos de 1955 e 1974. Os jornalistas passaram a exercer uma postura crítica em relação ao governo dos Estados Unidos, em conseqüência da participação desastrosa dos norte-americanos na Guerra do Vietnã (1959-1975). A imprensa, de um modo geral, passou a revelar em que condições os soldados norte-americanos deixavam suas famílias para guerrear do outro lado do mundo numa combate suicida. As reportagens dessa época foram veiculadas principalmente nas revistas Life e Look. Um fato, porém, marcou o uso da expressão “Jornalismo Investigativo”, o chamado Caso Watergate. A celebrada investigação de Carl Bernstein e Bob Woodward, do Washington Post, culminou com o pedido de renúncia do então presidente Richard Nixon, em 9 de agosto de 1974. (O episódio do Caso Watergate será estudado detalhadamente no Módulo 2). O Caso Watergate criou um precedente ao demonstrar a importância de alguns princípios do jornalismo: - não se ater a uma única fonte - não se contentar com o jornalismo “chapa branca” - questionar informações oficiais O caso repercutiu no cenário mundial jornalístico, influenciando repórteres no mundo todo. Questão: Qual a contribuição maior do Caso Watergate ao jornalismo? PADRÃO DE RESPOSTA: O Caso Watergate mostrou a necessidade de não se confiar piamente nas informações divulgadas pelo governo e revelou a necessidade do cruzamento de fontes para a confirmação de informações. JORNALISMO INVESTIGATIVO NO BRASIL Em primeiro lugar, devemos observar alguns antecedentes na trajetória do Jornalismo Investigativo no Brasil:
  • 3. Antecedentes:  Euclides da Cunha – Os Sertões (1902) – Guerra de Canudos (1893-1897)  Coberturas jornalísticas na II Guerra Mundial (Joel Silveira e Rubem Braga)  1972 – estoura o Caso Watergate nos EUA (contexto brasileiro: a imprensa vive sob a dura censura do general Emílio Garrastazu Médici)  1974 – assume o poder o general Ernesto Geisel  morte do operário Manuel Fiel Filho  morte do jornalista Vladimir Herzog  aceleração do processo de abertura política (lenta, gradual e segura) Podemos observar o marco deixado na história do jornalismo brasileiro por Euclides da Cunha ao retratar a Guerra de Canudos, na obra Os Sertões. Não se trata evidentemente de uma obra de Jornalismo Investigativo, já que esse termo, como visto na aula anterior, passou a ser moldado a partir do caso Watergate. No entanto é um registro interessante de jornalismo em profundidade feito ainda no começo do século passado. É digna de registro também a participação dos jornalistas brasileiros durante a II Guerra Mundial, Joel Silveira e Rubem Braga. Em seguida, no quadro acima, é destacado o Caso Watergate, o verdadeiro marco no Jornalismo Investigativo O Brasil, no início dos anos 1970, vivia os anos difíceis da ditadura militar. A presidência era ocupada pelo general Ernesto Geisel, que sucedia o general Emílio Garrastazu Médici, que ficou conhecido pelo bordão “Brasil, ame-o, ou deixe-o”. A imprensa vivia os duros anos da censura prévia, que se estendeu até o ano de 1975. Nesse período, qualquer reportagem um pouco mais aprofundada significava perigo para o autor e o veículo que a publicasse. Como marcas do jornalismo investigativo no país temos a célebre reportagem de Ricardo Kotscho intitulada “Assim vivem os nossos superfuncionários”, que abalou a vida política brasileira ao desvendar as regalias de ministros e funcionários do alto escalão do governo. A repercussão da reportagem foi imediata, tanto que Kotscho foi aconselhado a deixar o país por medidas de segurança. Anos mais tarde, a imprensa brasileira voltaria a noticiar os escândalos da ditadura militar com a reportagem “Descendo aos Porões”, de Antonio Carlos Fon, publicada na Veja, em que o autor revelava os bastidores da tortura no país. O jornalismo como um todo voltou a ter papel atuante principalmente no processo de redemocratização no país, em especial, na campanha das Diretas-Já (1984), e acentuadamente
  • 4. em 1992, no processo que culminou com a renúncia do presidente Collor, a partir de uma série de denúncias efetuadas por Pedro Collor na revista Veja. Questão: Euclides da Cunha pode ser considerado um jornalista investigativo? PADRÃO DE RESPOSTA: Não. O termo nem existia à época de Euclides da Cunha. O seu trabalho, no entanto, é tido como um marco no jornalismo brasileiro dada a profundidade da reportagem e qualidade textual.