SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 5
Downloaden Sie, um offline zu lesen
A UA U L A
     L A

    21
21
             Eureca!


                                              A  o subir a serra, de volta para casa, Gaspar
             avistou o mar! Aquela imensidão azul! Como estavam próximos a uma região
             portuária, viu vários navios aguardando para entrar no porto.
                 “Alberta, olhe quantos navios! A maioria deles carrega grandes e pesadas
             cargas, veja só como são enormes! Devem pesar toneladas!”
                 “É verdade! Eu sempre me pergunto: como é que eles conseguem boiar? Por
             que não afundam?”
                 “Eu não sei explicar” disse Gaspar.
                 E você? Também já teve essa dúvida? Sabe como é que os navios, que pesam
             várias toneladas, conseguem boiar?


                 Nesta aula, vamos investigar a Física que existe por trás desse fenômeno e,
             então, seremos capazes de explicá-lo. Para isso, vamos utilizar alguns conheci-
             mentos adquiridos nas últimas aulas.


                Para realizar esta atividade, você vai precisar de:
             l  um recipiente com água;
             l  uma rolha de garrafa.
                Coloque a rolha no recipiente com água. O que você observa?
                Agora, com o dedo, tente empurrá-la para baixo, isto é, tente afundá-la.
             O que você observa?


                 Você deve ter sentido uma resistência, uma dificuldade, ao tentar afundar a
             rolha, como se algo empurrasse a rolha para cima.
                 Se você levar a rolha até o fundo e depois soltá-la, verá que sobe imediata-
             mente. De fato, para que a rolha suba, é preciso que haja uma força que a empurre
             para cima.
                 Mas que força é essa? E como ela surge?
                 Na aula passada, vimos o que é pressão e como ela se relaciona com força
             (p = F/A). Além disso, vimos como ela se comporta no interior dos líquidos:
                                        profundidade.
             a pressão aumenta com a profundidade
                 Observe a Figura 1: uma rolha mergulhada num líquido. Note que a rolha se
             estende por uma certa região do líquido.
Podemos pensar nela como se fosse formada por vários        A U L A
                     pedaços: cada um mergulhado numa profundidade diferente.
                          Lembre-se de que a pressão é o resultado da aplicação
                     de uma força sobre uma superfície Vamos estudar as
                                                 superfície.                          21
                     forças que atuam nas diferentes partes do corpo. Sabemos
       Figura 1      que a força é diretamente proporcional à pressão: logo, a
                                                      maior.
                     força é maior onde a pressão é maior
     Na Figura 1 as setas indicam as forças que atuam nas diferentes partes do
corpo. Note que o tamanho da seta indica a intensidade da força naquele ponto.
     Observe que as forças que atuam na parte de baixo do objeto, isto é, aquelas
que tendem a empurrar o objeto para cima, são maiores do que as que tendem
a empurrar o objeto para baixo. Somando todas essas forças, vemos que existe
uma força resultante que tem a direção vertical e o sentido para cima Essa força
                                                                 cima.
é o empuxo e é ele que empurra para cima os corpos mergulhados nos líquidos,
inclusive a nossa rolha.
     Se a pressão não variasse com a profundidade, todas as forças seriam iguais
e se anulariam, portanto, a resultante seria zero e não haveria empuxo.
     Então, um corpo pode boiar graças ao empuxo. Mas não são todos os corpos
que bóiam, quando colocados num líquido. Por exemplo: um tijolo bóia na água?
E um pedaço de madeira? Veremos adiante como calcular o empuxo recebido
por um corpo e em que condições um corpo bóia ou afunda.

    Como calcular o empuxo?
   Foi o filósofo e matemático grego Arquimedes, que viveu no século III a.C.,
quem descobriu, a partir de experiências cuidadosas, como calcular o empuxo.
Arquimedes expressou as conclusões de suas observações num princípio que
conhecemos como o princípio de Arquimedes e que diz o seguinte:
                                  Arquimedes,
   Todo corpo mergulhado num líquido recebe um empuxo vertical, para
     cima, cujo valor é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo.

    Então, para calcular o valor do empuxo exercido sobre um corpo, basta
calcular o peso do líquido deslocado pelo corpo.
    Portanto, quanto mais líquido o objeto deslocar, maior será o empuxo.
    Podemos obter a expressão matemática para calcular o empuxo sobre um                    Arquimedes:
corpo. Dissemos que o empuxo (E) é igual ao peso do líquido deslocado (Plíq):        filósofo e
                                                                                     matemático
                                     E = Plíq                                        grego
    O peso é igual ao produto da sua massa, pela aceleração da gravidade.
Portanto: Plíq = mlíq · g ; assim: E = mlíq · g
     Não é muito conveniente medir a massa do líquido deslocado pelo corpo.
Um jeito seria encher o recipiente até a borda, mergulhar o corpo, recolher a água
que transborda e colocá-la numa balança. Pouco prático, não é mesmo?
     Existe uma maneira indireta de saber qual foi a massa deslocada. Na aula
passada, discutimos o conceito de massa específica Vimos que massa específi-
                                            específica.
ca, também chamada de densidade, é uma grandeza que relaciona a massa de
um corpo e o seu volume:
                        d = m/V          ou         m=d·V
    Assim, no lugar da massa do líquido deslocado, podemos utilizar o produto
da densidade do líquido (obtida numa tabela) pelo volume deslocado (Vd).
A U L A        Você pode estar se perguntando: será que é preciso recolher a água e medir
          o seu volume?

21             Não! Com o volume é mais
          simples. Primeiro, podemos
          utilizar um recipiente que contenha
                                                                                                vd
          uma graduação (em mililitros, por
          exemplo), de modo que, para saber
          o volume de líquido deslocado, bas-
          ta verificar o nível do líquido antes e
          depois de mergulhar o objeto.            Figura 2. Pela alteração do nível do líquido
                                                              sabemos o volume deslocado.

               Note que o volume de líquido deslocado é igual ao volume do objeto imerso,
          isto é, mergulhado no líquido. Portanto, uma outra maneira de conhecer o
          volume de líquido deslocado é a partir do volume do objeto imerso.
               Utilizando m = d . V, o empuxo será dado por:
                                             E = dlíq · Vd · g

              Então, o valor do empuxo será tanto maior quanto maior for a densidade do
          líquido e quanto maior for o volume de líquido deslocado.


              Sobe, desce ou fica parado?

              Nem todos os objetos que colocamos num líquido se comportam da mesma
          forma: alguns afundam, outros ficam na superfície, outros, descem um pouco e
          param no meio do líquido.                                          E
              Quando é que cada uma dessas situações
          acontece? Quando um objeto é mergulhado num
          líquido, fica sujeito a duas forças: ao seu próprio
          peso e ao empuxo
                     empuxo.                                                 P

                                                                                 Figura 3

              Para saber o que ocorre com o objeto, precisamos estudar a relação entre as
          forças que agem sobre ele. Podem ocorrer três situações distintas:
              P>E                         P=E                       P<E

               Na tabela abaixo, está um resumo que explica o que ocorre em cada uma das
          três situações:

                                                 TABELA   1
                Situação                        Descrição                         Exemplo

                  P>E               O peso do objeto é maior do que o         Uma pedra ou
                                    empuxo:o objeto afunda até atingir o      um tijolo na
                                    fundo.                                    água.
                  P=E               O peso do objeto é igual ao empuxo:       Um submarino.
                                    o objeto fica parado onde foi
                                    abandonado.
                  P<E               O peso do objeto é menor que o            Uma rolha ou um
                                    empuxo: o objeto sobe no líquido.         navio na água.
Prevendo situações                                                                 A U L A

   Existe uma maneira de saber se um objeto vai afundar ou não num determi-
nado líquido.                                                                          21
   Como vimos, o empuxo depende de três grandezas:
l  do volume de líquido deslocado;
l  da densidade do líquido;
l  da aceleração da gravidade.
    Isto é:                           E = dlíq · Vd · g
    Por outro lado, o peso do objeto (Po = mo · g) pode ser escrito em função:
l   do seu volume;
l   da sua densidade;
l   da aceleração da gravidade.
    Isto é:                        P = do · Vo · g
onde a massa foi escrita como: mo = do · Vo
     Podemos comparar essas duas expressões, tal como fizemos na seção ante-
rior (Tabela 1). Teremos novamente três situações:
    P>E                        P=E                        P<E
    Vamos supor que o objeto está totalmente imerso no líquido e, que, portanto:
                                      Vlíq = VO

    Então, as duas expressões: E = dlíq · Vd · g e P = do · Vo · g só diferem quanto
às densidades, isto é, quanto aos valores de dlíq e do.
    Vamos analisar os três casos.
                                        P>E
   1 º − Vimos que o objeto afunda. Nesse caso, do > dlíq, isto é, o objeto é mais
denso que o líquido. É o exemplo do tijolo e da pedra.
                                        P=E
     2 º − Vimos que o objeto permanece parado, em equilíbrio, na posição onde
foi deixado, totalmente imerso no líquido. Nesse caso, temos do = dlíq, isto é, a
densidade do objeto é igual à densidade do líquido. É o exemplo do submarino.
                                        P<E
    3 º − Vimos que o corpo sobe até atingir o equilíbrio na superfície, ficando
com uma parte para fora do líquido (emersa). Olhando as expressões, teremos
do < dlíq. Portanto, se a densidade do objeto for menor do que a densidade do
líquido, ele poderá boiar. É o caso do navio e da rolha.
    Assim, conhecendo a densidade do líquido e do objeto, podemos prever o
que ocorrerá quando o objeto for mergulhado no líquido. Esta tabela resume as
nossas conclusões:

                                      TABELA   2
     Forças           Densidade                           Situação
     P>E               do > dlíq        O objeto afunda
     P=E               do = dlíq        O objeto fica equilibrado totalmente imerso.
     P<E               do < dlíq        O objeto bóia com uma parte emersa.
A U L A                                   Você sabia?


21
               Eureca é uma palavra grega que significa: “achei”. Segundo consta, ela
          foi empregada por Arquimedes quando ele solucionou o problema da coroa
          do rei Hieron. O rei suspeitava que sua coroa não era de ouro puro, e
          Arquimedes foi incumbido de solucionar o caso. Arquimedes teria achado a
          solução do problema enquanto tomava banho, ao observar a elevação do
          nível da água, quando mergulhou seu corpo na banheira. Ele teria ficado tão
          entusiasmado que saiu correndo pelas ruas, gritando: “Eureca! Eureca!”.
          Só que se esqueceu de pegar a toalha!



              Nesta aula, você aprendeu:
          l   o que é empuxo (E): uma força vertical, dirigida para cima, que aparece
              sempre que um corpo está mergulhado num fluido qualquer;
          l   que o empuxo surge em conseqüência do fato de a pressão variar com a
              profundidade no interior de um líquido;
          l   o Princípio de Arquimedes que nos diz: “Todo corpo mergulhado em um
                             Arquimedes,
              líquido recebe um empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido
              deslocado pelo corpo”;
          l   que, matematicamente o empuxo se escreve como E = dlíq · g · Vdeslocado;
                   matematicamente,
          l   que é possível prever o que ocorrerá com um corpo quando ele for
              mergulhado num certo líquido, apenas analisando as suas densidades.



          Exercício 1
             Uma pedra está mergulhada num rio, apoiada sobre o seu leito. Você se
             abaixa e levanta, mas sem tirá-la da água.
             a) Faça um esquema mostrando as forças que agem sobre a pedra.
             b) Ela lhe parecerá mais leve ou mais pesada do que se estivesse fora da
                água? Explique.

          Exercício 2
             Um tronco está boiando na superfície de um lago. Metade do tronco fica para
                                                                                       3
             fora da água, e a outra metade fica imersa. O volume do tronco é 1 m .
                                                                                 3
             Considere a densidade da água do lago como sendo de 1.000 kg/m .
             a) Faça um esquema indicando as forças que agem sobre o tronco.
             b) Calcule o valor do empuxo recebido pelo tronco.
             c) Qual o seu peso? E qual a sua massa?
             d) Calcule a densidade do material que compõe o tronco.

          Exercício 3
             A massa de um objeto é 80 g e o seu volume 100 cm3.
             a) Calcule a sua densidade.
                                                               3
             b) Sabendo que a densidade da gasolina é 0,70 g/cm , e a densidade da água
                          3
                1,00 g/cm , verifique o que acontece quando o objeto é mergulhado em
                cada um desses líquidos.

          Exercício 4
             Por que um navio pode boiar? O que podemos dizer sobre a densidade
             média do navio, quando comparada com a densidade da água do mar?

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt? (19)

Aula 7
Aula 7Aula 7
Aula 7
 
10 queda e lançamento
10  queda e lançamento10  queda e lançamento
10 queda e lançamento
 
Resumos físico química (3º teste)
Resumos físico química (3º teste)Resumos físico química (3º teste)
Resumos físico química (3º teste)
 
Queda dos corpos
Queda dos corposQueda dos corpos
Queda dos corpos
 
Fisica 001 movimentos
Fisica   001 movimentosFisica   001 movimentos
Fisica 001 movimentos
 
4 a causa final da gravitação
4 a causa final da gravitação4 a causa final da gravitação
4 a causa final da gravitação
 
4 a causa final da gravitação
4 a causa final da gravitação4 a causa final da gravitação
4 a causa final da gravitação
 
Hidrostática
HidrostáticaHidrostática
Hidrostática
 
Aulão de física
Aulão de físicaAulão de física
Aulão de física
 
3614573 fisica-pre vestibular-impacto-lancamento-horizontal
3614573 fisica-pre vestibular-impacto-lancamento-horizontal3614573 fisica-pre vestibular-impacto-lancamento-horizontal
3614573 fisica-pre vestibular-impacto-lancamento-horizontal
 
A estabilidade de um navio - Física
A estabilidade de um navio - FísicaA estabilidade de um navio - Física
A estabilidade de um navio - Física
 
Queda Dos Corpos
Queda Dos CorposQueda Dos Corpos
Queda Dos Corpos
 
Experiencias com a água
Experiencias com a águaExperiencias com a água
Experiencias com a água
 
mecanica dos fluidos
mecanica dos fluidosmecanica dos fluidos
mecanica dos fluidos
 
Cap 7 fisica
Cap 7 fisicaCap 7 fisica
Cap 7 fisica
 
Hidrostática resumo
Hidrostática resumoHidrostática resumo
Hidrostática resumo
 
07 física
07   física07   física
07 física
 
A folha seca, a pedra, a maçã e o Sputnik
A folha seca, a pedra, a maçã e o SputnikA folha seca, a pedra, a maçã e o Sputnik
A folha seca, a pedra, a maçã e o Sputnik
 
Lista de física pdf
Lista de física pdfLista de física pdf
Lista de física pdf
 

Andere mochten auch

C:\Users\Usuario\Desktop\Escola VáRios\A Sopa Verde
C:\Users\Usuario\Desktop\Escola   VáRios\A Sopa VerdeC:\Users\Usuario\Desktop\Escola   VáRios\A Sopa Verde
C:\Users\Usuario\Desktop\Escola VáRios\A Sopa VerdeFernanda Gasalho
 
Que es un blogggg
Que es un bloggggQue es un blogggg
Que es un bloggggFlor_Marina
 
A Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&Negócios
A Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&NegóciosA Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&Negócios
A Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&NegóciosDVS Editora
 
Presentacion italia de sandra y j.alberto
Presentacion italia de sandra y j.albertoPresentacion italia de sandra y j.alberto
Presentacion italia de sandra y j.albertosandryta1988
 
Escuela de verano 2012
Escuela de verano 2012Escuela de verano 2012
Escuela de verano 2012iglesiavandaro
 

Andere mochten auch (6)

Calculo1 aula01
Calculo1 aula01Calculo1 aula01
Calculo1 aula01
 
C:\Users\Usuario\Desktop\Escola VáRios\A Sopa Verde
C:\Users\Usuario\Desktop\Escola   VáRios\A Sopa VerdeC:\Users\Usuario\Desktop\Escola   VáRios\A Sopa Verde
C:\Users\Usuario\Desktop\Escola VáRios\A Sopa Verde
 
Que es un blogggg
Que es un bloggggQue es un blogggg
Que es un blogggg
 
A Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&Negócios
A Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&NegóciosA Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&Negócios
A Marca Chamada Você é indicada na sessão livros do jornal Empresas&Negócios
 
Presentacion italia de sandra y j.alberto
Presentacion italia de sandra y j.albertoPresentacion italia de sandra y j.alberto
Presentacion italia de sandra y j.alberto
 
Escuela de verano 2012
Escuela de verano 2012Escuela de verano 2012
Escuela de verano 2012
 

Ähnlich wie 21fis

A água uma subst especial
A água uma subst especialA água uma subst especial
A água uma subst especialISJ
 
6º ano cap 14 a água uma subst especial
6º ano cap 14 a água uma subst especial6º ano cap 14 a água uma subst especial
6º ano cap 14 a água uma subst especialISJ
 
Impulsão e a lei de Arquimedes
Impulsão e a lei de ArquimedesImpulsão e a lei de Arquimedes
Impulsão e a lei de Arquimedesdinaclemente7
 
AULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICA
AULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICAAULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICA
AULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICAMarcellusPinheiro1
 
Experiencias com a água
Experiencias com a águaExperiencias com a água
Experiencias com a águaFatima Duarte
 
flutuar_flutuar_flutuante
flutuar_flutuar_flutuanteflutuar_flutuar_flutuante
flutuar_flutuar_flutuantenataliadecarli
 
Impulsão e lei de Arquimedes.pptx
Impulsão e lei de Arquimedes.pptxImpulsão e lei de Arquimedes.pptx
Impulsão e lei de Arquimedes.pptxCarlosFerreira476317
 
239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5Bruno Silva
 
239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5Bruno Silva
 
Atividades 1 ano .empuxo e estática prof.waldir montenegro
Atividades 1 ano .empuxo  e estática prof.waldir montenegroAtividades 1 ano .empuxo  e estática prof.waldir montenegro
Atividades 1 ano .empuxo e estática prof.waldir montenegroWaldir Montenegro
 
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof Elvis
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof ElvisAula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof Elvis
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof ElvisElvis Soares
 
apresentação de empuxo estatica dos liquidos
apresentação de empuxo estatica dos liquidosapresentação de empuxo estatica dos liquidos
apresentação de empuxo estatica dos liquidosJoaoJose53
 

Ähnlich wie 21fis (20)

A água uma subst especial
A água uma subst especialA água uma subst especial
A água uma subst especial
 
6º ano cap 14 a água uma subst especial
6º ano cap 14 a água uma subst especial6º ano cap 14 a água uma subst especial
6º ano cap 14 a água uma subst especial
 
O ludiao
O ludiaoO ludiao
O ludiao
 
O ludiao
O ludiaoO ludiao
O ludiao
 
Impulsão e a lei de Arquimedes
Impulsão e a lei de ArquimedesImpulsão e a lei de Arquimedes
Impulsão e a lei de Arquimedes
 
AULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICA
AULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICAAULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICA
AULA - RESUMO SOBRE CONCEITOS E DEFINIÇÕES HIDROSTÁTICA
 
Experiencias com a água
Experiencias com a águaExperiencias com a água
Experiencias com a água
 
flutuar_flutuar_flutuante
flutuar_flutuar_flutuanteflutuar_flutuar_flutuante
flutuar_flutuar_flutuante
 
Impulsão e lei de Arquimedes.pptx
Impulsão e lei de Arquimedes.pptxImpulsão e lei de Arquimedes.pptx
Impulsão e lei de Arquimedes.pptx
 
A física da água
A física da águaA física da água
A física da água
 
Lei de arquimedes
Lei de arquimedesLei de arquimedes
Lei de arquimedes
 
239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5
 
239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5239 fis ens_med_03_03_2-5
239 fis ens_med_03_03_2-5
 
Atividades 1 ano .empuxo e estática prof.waldir montenegro
Atividades 1 ano .empuxo  e estática prof.waldir montenegroAtividades 1 ano .empuxo  e estática prof.waldir montenegro
Atividades 1 ano .empuxo e estática prof.waldir montenegro
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof Elvis
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof ElvisAula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof Elvis
Aula 5 - Segunda Lei de Newton - Física - PVSJ - Prof Elvis
 
Hidrostática
HidrostáticaHidrostática
Hidrostática
 
apresentação de empuxo estatica dos liquidos
apresentação de empuxo estatica dos liquidosapresentação de empuxo estatica dos liquidos
apresentação de empuxo estatica dos liquidos
 
Impulsão
ImpulsãoImpulsão
Impulsão
 
Todos relatorios pdf
Todos relatorios pdfTodos relatorios pdf
Todos relatorios pdf
 

21fis

  • 1. A UA U L A L A 21 21 Eureca! A o subir a serra, de volta para casa, Gaspar avistou o mar! Aquela imensidão azul! Como estavam próximos a uma região portuária, viu vários navios aguardando para entrar no porto. “Alberta, olhe quantos navios! A maioria deles carrega grandes e pesadas cargas, veja só como são enormes! Devem pesar toneladas!” “É verdade! Eu sempre me pergunto: como é que eles conseguem boiar? Por que não afundam?” “Eu não sei explicar” disse Gaspar. E você? Também já teve essa dúvida? Sabe como é que os navios, que pesam várias toneladas, conseguem boiar? Nesta aula, vamos investigar a Física que existe por trás desse fenômeno e, então, seremos capazes de explicá-lo. Para isso, vamos utilizar alguns conheci- mentos adquiridos nas últimas aulas. Para realizar esta atividade, você vai precisar de: l um recipiente com água; l uma rolha de garrafa. Coloque a rolha no recipiente com água. O que você observa? Agora, com o dedo, tente empurrá-la para baixo, isto é, tente afundá-la. O que você observa? Você deve ter sentido uma resistência, uma dificuldade, ao tentar afundar a rolha, como se algo empurrasse a rolha para cima. Se você levar a rolha até o fundo e depois soltá-la, verá que sobe imediata- mente. De fato, para que a rolha suba, é preciso que haja uma força que a empurre para cima. Mas que força é essa? E como ela surge? Na aula passada, vimos o que é pressão e como ela se relaciona com força (p = F/A). Além disso, vimos como ela se comporta no interior dos líquidos: profundidade. a pressão aumenta com a profundidade Observe a Figura 1: uma rolha mergulhada num líquido. Note que a rolha se estende por uma certa região do líquido.
  • 2. Podemos pensar nela como se fosse formada por vários A U L A pedaços: cada um mergulhado numa profundidade diferente. Lembre-se de que a pressão é o resultado da aplicação de uma força sobre uma superfície Vamos estudar as superfície. 21 forças que atuam nas diferentes partes do corpo. Sabemos Figura 1 que a força é diretamente proporcional à pressão: logo, a maior. força é maior onde a pressão é maior Na Figura 1 as setas indicam as forças que atuam nas diferentes partes do corpo. Note que o tamanho da seta indica a intensidade da força naquele ponto. Observe que as forças que atuam na parte de baixo do objeto, isto é, aquelas que tendem a empurrar o objeto para cima, são maiores do que as que tendem a empurrar o objeto para baixo. Somando todas essas forças, vemos que existe uma força resultante que tem a direção vertical e o sentido para cima Essa força cima. é o empuxo e é ele que empurra para cima os corpos mergulhados nos líquidos, inclusive a nossa rolha. Se a pressão não variasse com a profundidade, todas as forças seriam iguais e se anulariam, portanto, a resultante seria zero e não haveria empuxo. Então, um corpo pode boiar graças ao empuxo. Mas não são todos os corpos que bóiam, quando colocados num líquido. Por exemplo: um tijolo bóia na água? E um pedaço de madeira? Veremos adiante como calcular o empuxo recebido por um corpo e em que condições um corpo bóia ou afunda. Como calcular o empuxo? Foi o filósofo e matemático grego Arquimedes, que viveu no século III a.C., quem descobriu, a partir de experiências cuidadosas, como calcular o empuxo. Arquimedes expressou as conclusões de suas observações num princípio que conhecemos como o princípio de Arquimedes e que diz o seguinte: Arquimedes, Todo corpo mergulhado num líquido recebe um empuxo vertical, para cima, cujo valor é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo. Então, para calcular o valor do empuxo exercido sobre um corpo, basta calcular o peso do líquido deslocado pelo corpo. Portanto, quanto mais líquido o objeto deslocar, maior será o empuxo. Podemos obter a expressão matemática para calcular o empuxo sobre um Arquimedes: corpo. Dissemos que o empuxo (E) é igual ao peso do líquido deslocado (Plíq): filósofo e matemático E = Plíq grego O peso é igual ao produto da sua massa, pela aceleração da gravidade. Portanto: Plíq = mlíq · g ; assim: E = mlíq · g Não é muito conveniente medir a massa do líquido deslocado pelo corpo. Um jeito seria encher o recipiente até a borda, mergulhar o corpo, recolher a água que transborda e colocá-la numa balança. Pouco prático, não é mesmo? Existe uma maneira indireta de saber qual foi a massa deslocada. Na aula passada, discutimos o conceito de massa específica Vimos que massa específi- específica. ca, também chamada de densidade, é uma grandeza que relaciona a massa de um corpo e o seu volume: d = m/V ou m=d·V Assim, no lugar da massa do líquido deslocado, podemos utilizar o produto da densidade do líquido (obtida numa tabela) pelo volume deslocado (Vd).
  • 3. A U L A Você pode estar se perguntando: será que é preciso recolher a água e medir o seu volume? 21 Não! Com o volume é mais simples. Primeiro, podemos utilizar um recipiente que contenha vd uma graduação (em mililitros, por exemplo), de modo que, para saber o volume de líquido deslocado, bas- ta verificar o nível do líquido antes e depois de mergulhar o objeto. Figura 2. Pela alteração do nível do líquido sabemos o volume deslocado. Note que o volume de líquido deslocado é igual ao volume do objeto imerso, isto é, mergulhado no líquido. Portanto, uma outra maneira de conhecer o volume de líquido deslocado é a partir do volume do objeto imerso. Utilizando m = d . V, o empuxo será dado por: E = dlíq · Vd · g Então, o valor do empuxo será tanto maior quanto maior for a densidade do líquido e quanto maior for o volume de líquido deslocado. Sobe, desce ou fica parado? Nem todos os objetos que colocamos num líquido se comportam da mesma forma: alguns afundam, outros ficam na superfície, outros, descem um pouco e param no meio do líquido. E Quando é que cada uma dessas situações acontece? Quando um objeto é mergulhado num líquido, fica sujeito a duas forças: ao seu próprio peso e ao empuxo empuxo. P Figura 3 Para saber o que ocorre com o objeto, precisamos estudar a relação entre as forças que agem sobre ele. Podem ocorrer três situações distintas: P>E P=E P<E Na tabela abaixo, está um resumo que explica o que ocorre em cada uma das três situações: TABELA 1 Situação Descrição Exemplo P>E O peso do objeto é maior do que o Uma pedra ou empuxo:o objeto afunda até atingir o um tijolo na fundo. água. P=E O peso do objeto é igual ao empuxo: Um submarino. o objeto fica parado onde foi abandonado. P<E O peso do objeto é menor que o Uma rolha ou um empuxo: o objeto sobe no líquido. navio na água.
  • 4. Prevendo situações A U L A Existe uma maneira de saber se um objeto vai afundar ou não num determi- nado líquido. 21 Como vimos, o empuxo depende de três grandezas: l do volume de líquido deslocado; l da densidade do líquido; l da aceleração da gravidade. Isto é: E = dlíq · Vd · g Por outro lado, o peso do objeto (Po = mo · g) pode ser escrito em função: l do seu volume; l da sua densidade; l da aceleração da gravidade. Isto é: P = do · Vo · g onde a massa foi escrita como: mo = do · Vo Podemos comparar essas duas expressões, tal como fizemos na seção ante- rior (Tabela 1). Teremos novamente três situações: P>E P=E P<E Vamos supor que o objeto está totalmente imerso no líquido e, que, portanto: Vlíq = VO Então, as duas expressões: E = dlíq · Vd · g e P = do · Vo · g só diferem quanto às densidades, isto é, quanto aos valores de dlíq e do. Vamos analisar os três casos. P>E 1 º − Vimos que o objeto afunda. Nesse caso, do > dlíq, isto é, o objeto é mais denso que o líquido. É o exemplo do tijolo e da pedra. P=E 2 º − Vimos que o objeto permanece parado, em equilíbrio, na posição onde foi deixado, totalmente imerso no líquido. Nesse caso, temos do = dlíq, isto é, a densidade do objeto é igual à densidade do líquido. É o exemplo do submarino. P<E 3 º − Vimos que o corpo sobe até atingir o equilíbrio na superfície, ficando com uma parte para fora do líquido (emersa). Olhando as expressões, teremos do < dlíq. Portanto, se a densidade do objeto for menor do que a densidade do líquido, ele poderá boiar. É o caso do navio e da rolha. Assim, conhecendo a densidade do líquido e do objeto, podemos prever o que ocorrerá quando o objeto for mergulhado no líquido. Esta tabela resume as nossas conclusões: TABELA 2 Forças Densidade Situação P>E do > dlíq O objeto afunda P=E do = dlíq O objeto fica equilibrado totalmente imerso. P<E do < dlíq O objeto bóia com uma parte emersa.
  • 5. A U L A Você sabia? 21 Eureca é uma palavra grega que significa: “achei”. Segundo consta, ela foi empregada por Arquimedes quando ele solucionou o problema da coroa do rei Hieron. O rei suspeitava que sua coroa não era de ouro puro, e Arquimedes foi incumbido de solucionar o caso. Arquimedes teria achado a solução do problema enquanto tomava banho, ao observar a elevação do nível da água, quando mergulhou seu corpo na banheira. Ele teria ficado tão entusiasmado que saiu correndo pelas ruas, gritando: “Eureca! Eureca!”. Só que se esqueceu de pegar a toalha! Nesta aula, você aprendeu: l o que é empuxo (E): uma força vertical, dirigida para cima, que aparece sempre que um corpo está mergulhado num fluido qualquer; l que o empuxo surge em conseqüência do fato de a pressão variar com a profundidade no interior de um líquido; l o Princípio de Arquimedes que nos diz: “Todo corpo mergulhado em um Arquimedes, líquido recebe um empuxo vertical, para cima, igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo”; l que, matematicamente o empuxo se escreve como E = dlíq · g · Vdeslocado; matematicamente, l que é possível prever o que ocorrerá com um corpo quando ele for mergulhado num certo líquido, apenas analisando as suas densidades. Exercício 1 Uma pedra está mergulhada num rio, apoiada sobre o seu leito. Você se abaixa e levanta, mas sem tirá-la da água. a) Faça um esquema mostrando as forças que agem sobre a pedra. b) Ela lhe parecerá mais leve ou mais pesada do que se estivesse fora da água? Explique. Exercício 2 Um tronco está boiando na superfície de um lago. Metade do tronco fica para 3 fora da água, e a outra metade fica imersa. O volume do tronco é 1 m . 3 Considere a densidade da água do lago como sendo de 1.000 kg/m . a) Faça um esquema indicando as forças que agem sobre o tronco. b) Calcule o valor do empuxo recebido pelo tronco. c) Qual o seu peso? E qual a sua massa? d) Calcule a densidade do material que compõe o tronco. Exercício 3 A massa de um objeto é 80 g e o seu volume 100 cm3. a) Calcule a sua densidade. 3 b) Sabendo que a densidade da gasolina é 0,70 g/cm , e a densidade da água 3 1,00 g/cm , verifique o que acontece quando o objeto é mergulhado em cada um desses líquidos. Exercício 4 Por que um navio pode boiar? O que podemos dizer sobre a densidade média do navio, quando comparada com a densidade da água do mar?