O documento apresenta poemas e trechos que descrevem a cultura e o estilo de vida dos gaúchos, incluindo sua história de luta pela liberdade, as atividades tradicionais como andar a cavalo e trabalhar com gado, e a forte conexão e saudades que sentem com a terra do Rio Grande do Sul.
1. Orgulho Farroupilha
Quem foi Bento Gonçalves? Quem foi David Canabarro? Não foram
estátuas de barro, nem pobres leigos sem eira. Quem foi Pinto
Bandeira? Eu nesses versos lhe digo, com altivez e estoicismo,
foram a nata do gauchismo, do nosso Rio Grande amigo.
2. Nos velhos tempos de antanho,
quando o campo era sem dono, o guasca era
um rei no trono verde-escuro das coxilhas...
Sua corte eram tropilhas selvagens dos
potros bravos. O pampa não tinha escravos,
onde tudo era igualdade, e o pendão a liberdade !
3. A espora que retinia, a garrucha, a lança esguia
a boleadeira e os cavalos, eram somente os vassalos
que o gaúcho conhecia.
Mas um dia a prepotência mostrou as garras malvadas!
Banhou de sangue as estradas, cobriu de luto a verdade.
4. Porém o guasca altaneiro boleou a perna
no pingo, e foi pra luta sorrindo,
porque o destino mandou.
Muito gaúcho tombou, mas, entre
os guascas sombrios, a prepotência
caiu e a liberdade ficou!
5. Olha estas mãos afeitas ao manejo
das rédeas e das lanças e do arado, trilogia
dos trastes campesinos de onde surgiram
rumos e destinos de um povo que se orgulha
do passado.
6. Os ponchos velhos acenando, em fiapos,
a legenda dos épicos farraphos
e a liberdade agigantando os ombros.
7. República de sonho e rebeldia,
efêmera e no entanto duradoura;
viveu dez anos, mas se faz, ainda,
a lição imortal que nunca finda
à vossa, à nossa e à geração vindoura.
8. Brotei do ventre da Pampa
que é pátria na minha Terra.
Sou resumo de uma guerra
que ainda tem importância.
Reconhecemos ir sumindo, aos poucos,
pelos caminhos das modernas rotas,
nossa estirpe de bravos cavaleiros
que hoje vivem, talvez, os derradeiros
momentos em que possa andar de botas.
9. Daí pensarmos redobradas vezes em fugir da alienígena influência, e num
pleonasmo já vazio de luxo, ensinar o
gaúcho a ser gaúcho e à querência o valor de uma querência. .
10. Pobre João,
de bolica em bolica,
mais de mil idas na bica
pra seu ninho terminar.
E o par de barreros?... Lindo!
Quanto mais o tempo andava
mais amizade sem fim!
Um do outro não se esquecia.
11. Hoje perguntando para a própria vida,
prá onde foi a lida que ele conheceu.
Envidou os pagos numa só parada .
Vai voltar aos pagos para remoçar.
12. És a ronda do pampa com teu bando...
A noite toda passas denunciando
cruzada de viajante ou de índio vago.
A noite acende um clarão
prendendo velas miúdas,
em dois olhos de coruja,
no castiçal de um moerão.
13. Saudades do chimarrão antes do meio dia
dos bolinhos de sonhos com canela nos dias
de chuva.
14. Saudades do fogão de
lenha que de longe se vê
a fumaça se perder no ar.
Daquele café gostoso do bule
preto da broa de milho com
manteiga e chimia e as vezes até
torresmo pra quem queria.
15. Não tem mistério o feitio dessa
iguaria bagual, meta fogo de
verdade na panela cascurrenta.
16. Já em tempos muito remotos, essa
era a forma "normal" de preparar
o rango da peonada.
Essa tradição foi sendo cultivada
em paralelo à evolução.
17. Ah, saudades de andar na geada
sentindo os estalinhos do gelo de
parecer que está fumando de
ficar com lábios e bochechas
vermelhas.
E voltar prá casa correndo,
sentar em um banquito na
frente do fogão até se
esquentar.
18. Se, por acaso, um dia eu me
bandear, mil recordações do meu
Rio Grande irei levar...
...pois um gaúcho tem sua
estampa, jamais esquece de
sua pampa lugar onde sempre
viveu.
19. É um pedacinho do sul do meu país
e aqui quem vive, com certeza é feliz
e nesta terra a gente planta,
a gente ama, a gente canta
e encanta quem vem aqui
20. Não importa pra onde vou, levo sempre comigo as belezas do
meu chão e quem quiser, venha ver como
é que é, o Rio Grande te espera,
21. O pensamento a galope,
se vai parando rodeio,
saudade mascando o freio,
vai camperiando a amplidão.
22. Eu me vejo num repente, gineteando
campo afora, quem riscou potros de
espora, no oficio de domador.
23. Na minha idéia surrada, vai desfilando
o meu pago, até paro prá tomar um trago, quando
a saudade me embuçala, de ansiedade perco a fala ...
24. Que é por demais a emoção ,
que o tempo vêm repontando,
pro peito deste peão...
25. Sou a alma cheia e tão longa, como os caminhos que
voltam substituindo os espinhos e a perda de alguns
carinhos. Velhos e antigos afrontes, surgiram muitos,
aos montes,nesta minha vida aragana destas andanças
veterana, de ir descampando horizontes.
26. Tem muitas coisas que este gaúcho preserva,
e traz consigo: manter respeito, educação e amizade
com este povo que é o orgulho desta terra.
27. Foi teu riso disfarçado prenda minha
que laçou meu bem-querer,
se eu fugir do sul do mundo num
segundo voltarei prá te rever .
28. Quando a tarde chega ao fim
avermelhando o poente a luz do sol
lentamente vai apagando sua brasa
29. Sinto pulsar a querência ,
e nesta minha existência ,
enquanto estiver na terra ...
30. Cruzarei campanha e serra,
sempre cantando meu chão,
levando a tropa de ânsias ,
da minha alma de galpão.
31. Irmão do gado, ele se sente nesta hora
e o seu destino, também vai, neste reponte,
igual a tropa, neste tranco, estrada a fora
Sempre encharcado de horizonte...
32. A tropa segue, devagar, mugindo tonta,
talvez pressinta que seu fim
é o matadouro...
33. E o tropeiro, entristecido, se
dá conta
O boi é bicho, mais tem alma
sob o couro...
O boi é bicho, mais tem alma
sob o couro...
34. Trechos poéticos
Lendas do Quero-Quero
Glaucus Saraiva da Fonsecs
Gaucho eu Sou
Marcelo Demetto
Eis o Homen
Marco Aurélio Campol
Apenas Saudades
Leda Bock
Gaúcho
Ruben Sofildo da Silva
Quero-Quero
Vargas Neto
O Esquilador
Telmo de Lima Freitas
fotografia: Flickr – Clic RBS -,Olhares
formatação: roberfran@hotmail.com
Música: Poncho Molhado
José Cláudio Machado e
Os Serranos