O documento fornece dicas para jornalistas freelancers ("frilas") conseguirem pautas para reportagens, como: pesquisar assuntos a partir de conversas e observações; checar se o tema já foi coberto; e fazer uma pequena apuração prévia com fontes antes de sugerir a pauta para um veículo.
1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
Virei frila. Como emplacar pautas?
Ana Estela de Sousa Pinto
Disponível em
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2007-08-
19_2007-08-25.html#2007_08-19_15_28_12-11540919-
27 , acessado em 20/03/10
Luisa, do Rio, era repórter de um jornal carioca, mas preferiu sair e passar a fazer
frilas, atrás de tempo para tocar outros projetos profissionais.
Ela pergunta:
Há dicas para quem está fazendo ou quer fazer frilas em jornais ou outros veículos de
comunicação? Qual é uma forma boa de conseguir pautas e pré-apurar sem estar
direto na Redação?
A pergunta dela faz sentido, porque, quando se está no dia-a-dia de um jornal, as
pautas aparecem com mais facilidade. Durante uma cobertura a fonte sugere outro
assunto, seu chefe manda apurar algo, a agenda do jornal se impõe.
Na maioria das vezes, são pautas mais quentes, fatos novos, desdobramentos de
notícias já publicadas.
Já os frilas, em geral, costumam trabalhar com pautas mais frias, pois os jornais
tendem a cobrir o noticiário principal com sua própria equipe.
Tudo bem, sobram várias áreas em que um frila pode atuar: comportamento, cultura,
saúde, temas infantis, moda, decoração etc. Como há um mundo de veículos que
costumam publicar textos de free-lancers --cadernos semanais dos jornais diários,
revistas especializadas, revistas femininas, jornais estrangeiros etc.--, o caminho
melhor talvez seja descobrir assuntos legais e depois pensar quem poderia se
interessar por ele.
Como achar as pautas sem estar numa Redação?
O frila tem a desvantagem de não ter uma estrutura empresarial (tem que usar seu
próprio telefone, seu carro etc.), mas tem a vantagem de ter mais tempo livre para
poder realmente conversar com pessoas, ver a cidade, achar coisas legais.
Quem já teve uma experiência prévia deve ter feito fontes com as quais não deve
perder contato. Consulte-as, veja se há novidades nas áreas delas. Outros bons
"fornecedores de idéias" são amigos. Fique de ouvidos e olhos abertos.
Uma das dificuldades principais nessa hora é que, para vender uma pauta para um
veículo, não basta uma boa hipótese, uma boa idéia geral. É preciso alguma apuração
prévia.
Um exemplo: fui buscar meu carro na concessionária e vi um enorme painel
"Personalize seu carro. Eco Sport e KA. pintura de pára-choque e retrovisor". Uma
luzinha começou a piscar: será que isso é novidade? Está virando moda ou é restrito a
um grupo? Que tipo de motorista faz essas pinturas? Será uma coisa mais feminina?
Mais boyzinho? Mais tiozinho Sukita? Que modelos de pintura existem (já comecei a
imaginar uma arte bem bonitinha com as pinturas)? Todas as marcas fazem? É caro?
Dá pra pintar em casa? Enfim, como você viu, comecei a pensar numa pauta para
Veículos.
Mas eu teria um problema para apresentá-la como sugestão. Como sou leitora
esporádica dos cadernos e revistas da área, não sabia se o assunto era novo. Vai que
saiu no mês passado. Já pensou a vergonha que eu iria passar?
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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2. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
A primeira providência, então, é checar nos arquivos. Olhei no da Folha e, desde 2005,
não achei nada publicado. No site da Quatro Rodas, também não.
Se não é tema batido, vale a pena então levantar um mínimo de informações antes de
sugerir a pauta: ligar pra uma concessionária de cada marca e fazer algumas das
perguntas que listei acima. Se tudo der certo, você pode fazer uma sugestão que teria
mais ou menos essa cara:
"Barbie e labaredas ganham espaço nos espelhinhos - concessionárias da cidade dizem
que procura por retrovisor personalizado dobrou nos últimos meses. Garotas são
principal público e escolhem desenhos de todos os tipos, de infantis a mais ousados.
Serviço custa R$ 200, em média". Pode até sugerir uma arte, uma tabela de serviço
etc.
Se aceitarem a pauta, aí você vai atrás dos personagens, de marcar boas fotos, pensar
em detalhezinhos legais etc.
É mais ou menos por aí. Na verdade, não tem muito segredo. Basta estar atenta e
curiosa sobre tudo o que está à sua volta, e consciente de que a pauta exige algum
trabalho prévio.
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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