1. Violência Escolar eViolência Escolar e
Práticas Restaurativas:Práticas Restaurativas:
Uma Cultura de PazUma Cultura de Paz
Profa. Ester HauserProfa. Ester Hauser
Profa. Maria Alice Canzi AmesProfa. Maria Alice Canzi Ames
2. Roteiro/Objetivo da Oficina
• Primeira: compreender os princípios fundantes da Justiça
Restaurativa; Entender a Justiça Restaurativa como uma
ferramenta a mais na construção de uma escola e de uma
sociedade mais pacífica:
• Segunda: socialização das situações conflituosas vivenciadas
e formas de resolução, tendo como referência os paradigmas
tradicionais e restaurativas.
3. A violência no contexto
atual
• Fragilidade das instituições;
• Insuficiência políticas sociais;
• Liquidez valores e referenciais;
• Relações desiguais;
• Cultura da “urgência” e da violência;
• Estímulo à transgressão de normas;
• Integração perversa: estreitamento dos laços
sociais com gangues e organizações mafiosas;
• Respostas Saudosistas
4. Como enfrentar a violência e a exclusão
sem retroalimentar a violência?
(Noberto Bobio).
5. APOIO (encorajamento, sustentação)
ALTO
ALTOBAIXO
baixo controle
alto apoio
=
disciplina social
PERMISSIVA
CONTR(disciplina,
limites)
baixo controle
baixo apoio
=
Disciplina social
NEGLIGENTE
alto controle
baixo apoio
=
disciplina social
PUNITIVA
alto controle
alto apoio
=
disciplina social
RESTAURATIVA
PaulMcColdeTedWachtel
BAIXO
Estilos de Controle da Disciplina Social
6. Justiça Restaurativa
• “um processo através do qual todas as
partes que têm algum interesse em
uma ofensa em particular se reúnem
para resolver coletivamente como
tratar as consequências da infração e
suas implicações para o futuro”
(Marshall, Tony F.)
7. Importante:
• A justiça restaurativa está fundada
em um conjunto de princípios e
valores que correspondem a
construção de uma cultura de paz.
Para isso o desarmamento simbólico
das pessoas é fundamental. Busca
garantir direitos, promover a
igualdade, educar para relações
pacíficas, fundadas na participação
democrática, na tolerância e na
solidariedade.
8. Princípios de JR:
• - A transgressão é, em primeiro lugar, uma ofensa
contra as relações humanas.
• - A resposta à transgressão deve salientar valores
pacíficos:
• conflito pode produzir perigos ou oportunidades
• Resposta deve buscar atender as necessidades das
pessoas envolvidas no conflito
• deve ser construída de forma cooperativa
• deve salientar valores, responsabilidade, prestação
de contas e civilidade.
9. Conflitos como oportunidades
de aprendizagem:
• Valores são apreendidos quando
vivenciados (exemplos, identificações,
referências.) (processos e valores)
• “Promover práticas restaurativas
implica promover vivências que
proporcionem ao sujeitos a
constituição de registros fundados
em valores humanos.”
10. Valores da JR:
- Participação: vítimas e ofensores são os
principais oradores para aprender a dizer
sua palavra; reconhecer seus próprios
erros e sentimentos;
- Respeito: observação sem julgamento.
- Honestidade: relato da experiência, dos
sentimentos e das necessidades.
- Humildade: falhabilidade e vulnerabilidade
são inerentes ao ser humano.
11. Valores da JR:
-Interconexão: laços comunais,
responsabilidade compartilhada;
- Responsabilidade: aceitação da
responsabilidade pelo ato danoso;
- Empoderamento: crime como sinal de
humilhação, desprezo.
- Esperança: cura para as vítimas, mudança
para os ofensores e maior civilidade para a
coletividade.
13. “EU VEJO VOCÊ”
• Ética da Alteridade:
• Estabelecer ponte entre eu e o “outro”;
descoberta das necessidades do “outro”;
• O “outro” é um “humano” que erra, mas “eu”
também;
• Importância da “visibilidade”: “todo ato de
violência é a expressão trágica de uma
necessidade não atendida” (Marschall).
14. Nova concepção de
justiça:
• “que os ouvidos sintam antes que os
olhos concluam”;
• Uma justiça isenta, acolhedora e
dialógica: deve ser capaz de ouvir
cada pessoa na inteireza de sua
humanidade, respeitado o limite de
suas próprias circunstâncias.
• Leoberto Brancher
15. Características:
• 1. Participação das partes
• 2. Processo dialogado: (comunicação não violenta)
- desprezo x reconhecimento;
- igualdade entre as partes
- vítima: expressa seu sofrimento;
- autor: consciência do dano;
3. Acordos restauradores:
- reparação material ou simbólica;
16. Melhorando a Comunicação:
“Trocando as Lentes”
• LENTE
RETRIBUTIVA:
• Apuração da Culpa
é central;
• Foco no passado;
• Necessidades são
secundárias;
• Respostas
simbólicas
produzidas em
tempo mínimo
• LENTE
RESTAURATIVA:
• Solução do problema
é central;
• Foco no Futuro;
• Necessidades são
primárias;
• Respostas efetivas
construídas a partir
dos contextos
17. Melhorando a Comunicação:
“Trocando as Lentes”
• LENTE
RETRIBUTIVA:
• Estratégia: modelo
de batalha,
enfrentamento de
um adversário;
• LENTE
RESTAURATIVA:
• O diálogo é a
norma;
18. Melhorando a Comunicação:
“Trocando as Lentes”
• LENTE
RETRIBUTIVA:
• Imposição da dor
como estratégia
educativa: retribuo
com mais dor;
• LENTE
RESTAURATIVA:
• Restaurar, além de
Reparar!
19. Melhorando a Comunicação:
“Trocando as Lentes”
• LENTE
RETRIBUTIVA:
• Estado e Ofensor
são elementos
chaves
• Conflito como algo
negativo, a ser
eliminado
• LENTE
RESTAURATIVA:
• Vítima e Ofensor
são os elementos
chaves;
• Conflito como
oportunidade de
aprendizagem.
20. Conflito
• O conflito é inerente à diversidade
social; há opiniões divergentes;
• O modo como os administramos é que
os tornam positivos ou negativos.
• Conflitos podem ser excelentes
oportunidades de aprendizagem
individual e coletiva.
21. Um exemplo de conflito:
• “cinco estudantes moram juntos e um deles, em certo
momento, golpeia e quebra o televisor. Cada um deles
analisará o acontecimento à sua maneira e adotará uma
atitude diferente. Um, furioso, declarará que não quer mais
viver com o primeiro;outro reclamará que pague o dano ou
compre outro televisor novo; outro afirmará que
seguramente não está em seu perfeito juízo, que deve se
submeter a uma intervenção profissional; e o último
observará que, para que tenha lugar um fato desta natureza,
algo deve andar mal na comunidade, o que exige um exame
comum de consciência.” (Louck Hulsmann)
22. Conflito x solução
• Em qualquer situação de conflito a
solução punitiva é somente uma das
soluções possíveis:
• - Resposta retributiva/punitiva;
• - Resposta terapêutica;
• - Resposta restitutiva;
• - Resposta comunitária/conciliatória
(restaurativa)
23. Sentidos da
“punição/responsabilização”
• Sentido moral ou sagrado- lembrança da LEI; (“punir é
recordar a lei”)
• Sentido político/econômico – defesa da SOCIEDADE;
(“punir é defender a sociedade”)
• Sentido pedagógico – transformação do CRIMINOSO;
• (“punir é educar um indivíduo”)
• Sentido reconstrutivo – restauração das relações – AUTOR
e VÍTIMA; (“punir/responsabilizar é restaurar as relações
entre as partes envolvidas no conflito, a partir do
reconhecimento dos sentimentos e das necessidades”)
24. Procedimento
Restaurativo
• Segue um roteiro, proporcionando um
espaço protegido e seguro onde as
pessoas possam abordar o problema e
construir soluções para o futuro:
• Pré-círculo;
• Círculo;
• Pós-círculo;
25. Pré-Círculo
• É o primeiro contato com os
participantes do círculo, no qual o
Coordenador precisa inteirar-se de
todas as informações disponíveis sobre
o fato que promoveu o conflito;
• Coordenador deve reunir-se com cada
participante , escutá-los de maneira
empática e respeitar a vontade de
prosseguirem nas etapas seguintes;
• Estabelecer um vínculo de confiança.
27. Círculo
• Coordenador deve colocar-se em
conexão com suas forças internas;
• Acolhimento é decisivo para
distensionar o clima e fluir os demais
passos formais;
• Disponibilizar material explicativo
sobre os passos do círculo;
• Explicar os passos, esclarecendo a
intenção;
• Termo de consentimento.
28. Questões fundamentais:
Comunicação Não Violenta
1. O que observamos? (observação x
avaliação)
2. O que sentimos? (identificação e
expressão de sentimentos)
3. O que necessitamos?
4. O que pedimos? Como pedimos?
(linguagem positiva e clara –
distinguir exigências de pedidos).
29. Momentos do Círculo:
1. COMPREENSÃO MUTUA:
(observação do fatos e expressão dos sentimentos)
A) Vítima:
O que ocorreu? ( observação dos fatos)
Como você se sentiu em relação a isso? -(sentimentos)
B) Autor:
O que você entendeu do relato da vítima?
C) Vítima:
Você se sente compreendido?
30. Momentos do Círculo:
2º MOMENTO: AUTORRESPONSABILIZAÇÃO
(Expressão de sentimentos e necessidades)
A) Autor:
O que você pode dizer sobre os fatos? Como você se sentia
naquele momento?
Como você se sente hoje em relação a isso?
B) Vítima:
O que você compreendeu do que ele disse?
C) Autor:
Você se sentiu compreendido?
31. Momentos do Círculo:
3º MOMENTO: Atendimento das necessidades
(identificação das necessidades e formatação dos pedidos)
A) Vítima:
O que você necessita para que o dano seja reparado?
O que você quer pedir ou oferecer?
B) Autor:
O que você pode ou deseja fazer para reparar o dano?
Você necessita de algo? Tem algum pedido a fazer?
C) Apoiadores:
O que podemos fazer para auxiliar as partes?
Como podemos auxiliar na efetivação do acordo?
32. Pós-Círculo
• Avaliação do círculo: verificam se o
acordo foi cumprido e se foi
satisfatório;
• Coordenador registra o encontro e
pode encerrar, se o acordo foi
cumprido ou os participantes vão
sugerir alternativas de
prosseguimento;
33. Mudando as lentes...
• Perguntas
restaurativas no
confronto de um
problema:
• O que aconteceu?
• Como está
envolvido e como?
• Qual foi a lição
para que isso não
aconteça
novamente?
• Perguntas
tradicionais no
confronto de um
problema:
• O que aconteceu?
• Quem é o culpado?
• Qual o melhor
castigo?
34. Conciliando Conflitos
• Mostre maturidade – tome a iniciativa
para uma reconciliação;(Quando as opiniões
divergem, fica claro quem tem mais jogo de
cintura);
• Foque o problema – esqueça as
características que lhe desagradam no outro;
• Faça uma autocrítica – aproveite para
crescer e aprender com suas reações;
• Preserve um bom ambiente –
colabore, seja diplomático (não falso); Seja
humilde: peça desculpas, se for o caso.