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17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1
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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Rio de Janeiro
27ª Vara Federal do Rio de Janeiro
Av Rio Branco, 243, anexo II, 2º andar - Bairro: Centro - CEP: 20040-009 - Fone: (21)3218-
8274 - www.jfrj.jus.br/juizos/paginas-das-varas/27vf/27vf - Email: 27vf@jfrj.jus.br
AÇÃO POPULAR Nº 0007746-90.2013.4.02.5101/RJ
AUTOR: MARCO ANTONIO BARROZO MADEIRA
RÉU: MARIA DAS GRACAS SILVA FOSTER
RÉU: JOSE SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO
RÉU: PRESIDENTE - UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO - RIO DE JANEIRO
RÉU: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
RÉU: LUIZ INACIO LULA DA SILVA
RÉU: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO
SENTENÇA
Vistos, etc.
MARCO ANTONIO BARROZO MADEIRA
ajuíza Ação Popular em face da UNIÃO FEDERAL,  DA ENTÃO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA DILMA VANA ROUSSEF, DO
EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA LUIZ INÁCIO LULA DA
SILVA, DA ENTÃO PRESIDENTE DA PETROBRÁS MARIA
DAS GRAÇAS SILVA FOSTER, DO EX-PRESIDENTE DA
PETROBRÁS JOSÉ SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO E DA
PETROLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRÁS, em que requer
"seja JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO, acolhendo os pedidos do
suplicante para determinar definitivamente: i) a anulação de todos os
atos administrativos ligados ao dito investimento, bem como a
paralisação definitiva da obra; ii) a reversão, aos cofres da Petrobrás,
de todo o ativo separado para dito investimento; iii) a venda do
equipamento - maquinário - hoje existente, com a reversão do resultado
da venda para o caixa da Petrobrás". Pugna, ainda, pela condenação
dos réus "ao pagamento de danos morais, a ser arbitrado por V.Exa.,
pois, como já dito, os atos dos Réus são imorais, e, portanto, lesivos à
cidadania brasileira, levando-se em conta os fatores apontados acima,
bem como posição econômica dos ofensores e ofendidos, e gravidade
dos danos, revertendo-se tal verba para o Fundo Especial de Apoio a
Programas de Proteção e Defesa do Consumidor de todos os Estados da
Federação, equanimemente" e pela condenação dos réus pessoas físicas
"a restituir, solidariamente, aos cofres da Petrobrás, os gastos até o
presente momento usados nesse moribundo investimento, devidamente
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corrigido, bem como as custas e demais despesas judiciais e
extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência". (Petição Inicial,
Evento 01, Pág. 8/9).
Para tanto, alega que a construção da refinaria Abreu e
Lima, em Pernambuco, é um projeto irresponsável e inconsequente, com
custo previsto de  20 bilhões de reais, que conta com a parceria da
PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, que ainda não havia investido
no projeto.
Aduz que a construção da refinaria fere a moralidade
administrativa e  destrói o patrimônio público, já que decorre de
investimento sem planejamento e com parceiros inidôneos.
Petição inicial, acompanhada de certidão da Justiça
Eleitoral (Doc.  2, Pág. 1) e documentos (Evento 1).
Decisão do Evento 10 indefere o pedido liminar requerido.
No Evento 16 a parte autora traz reportagem sobre a
refinaria objeto desta demanda, requer a reconsideração da decisão que
indeferiu a liminar, bem como pugna pela intimação da Petrobrás para
juntar documentos.
Decisão do Evento 17 determina a intimação da União e da
Petrobrás, para se manifestarem nos termos do artigo 6º, § 3º da Lei nº
4.717/65, bem como a intimação da Petrobrás  para apresentar os
documentos descritos no item l, da exordial (fl. 09), bem como a cópia
de todos os contratos referentes à construção da refinaria Abreu de
Lima, conforme requerimento do Autor.
O autor junta novas reportagens sobre a questão discutida
nesta demanda nos Eventos 21 e 25.
Contestação da União no Evento 23, em que alega,
preliminarmente, a sua ilegitimidade passiva, pois as relações jurídicas
travadas acerca do assunto na presente demanda são estabelecidas entre
o autor popular e Petrobras. 
No mérito, defende que o autor utiliza-se  unicamente de
reportagens jornalísticas para tentar configurar ato lesivo supostamente
praticado pelos Réus da ação, e que as referidas reportagens não têm o
condão de configurar a existência de ato concreto lesivo ao patrimônio
público.
Afirma que  as reportagens jornalísticas não dotam,
necessariamente, o fato de notoriedade, como parece pretender o Autor
Popular, razão pela qual não está afastada a necessidade de
comprovação da prática de ato concreto por parte dos demandados.
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No Evento 45 a Petrobrás junta os documentos requeridos
pelo Juízo (acautelados em Secretaria, conforme certidão do Evento 44)
e pede a decretação de segredo de justiça, para obstar a divulgação de
dados sensíveis.
Contestação da Petrobrás e de Maria das Graças Silva
Foster no Evento 47, em que argumentam, preliminarmente, a
ilegitimidade da, à época, Presidente da Petrobrás, para responder
pessoalmente à demanda. 
Afirmam que, ainda que eventualmente se aponte algum
prejuízo em decorrência do projeto RNEST, o que se admite apenas para
argumentar, injurídico se afigura atribuir responsabilidade pessoal
unicamente a senhora Graça Foster, pelo fato de ser a então Presidente
da Companhia, seja porque as regras de governança infirmam essa
possibilidade – as aprovações nas instâncias superiores são colegiadas e,
ainda, há que se perquirir o grau de responsabilidade de cada
Administrador ; seja porque a cronologia dos fatos situa as fases
determinantes da aprovação do projeto em período anterior à gestão da
atual Presidente, sendo certo que, nessas circunstâncias, o art. 6º, Lei
4.717/65, indica a falta de legitimidade da 4ª Ré para ser demandada via
Ação Popular.
No mérito, relata o histórico do projeto da Refinaria Abreu
e Lima, que decorreu de uma aliança estratégica celebrada entre os
presidentes do Brasil e da Venezuela, que englobava, dentre outras, as
áreas de energia petroquímica e gás. Informa que estudos realizados
apontaram Pernambuco como o Estado mais indicado para realizar a
construção da refinaria, tendo sido utilizada uma área em localização
logístico-estratégica.
No mais, informa que diversos procedimentos foram
realizados para viabilizar a sua construção, contudo, a PDVSA (estatal
Venezuelana de petróleo) alterou radicalmente seu posicionamento e
ainda que tenha apresentado propostas, a Ré Petrobrás não as aceitou e
prosseguiu no desenvolvimento do projeto sozinha, não havendo que se
falar, portanto, na existência de sócia ou parceira, eis que a parceria não
se concretizou.
Destaca que os cálculos iniciais da área técnica
responsável utilizaram métodos paramétricos de estimativa de custos,
que consideram fatores de escala correspondentes aos tipos de unidade
previstos no projeto, através de software específico denominado Ícarus,
e cuja metodologia de cálculo está alinhada às práticas recomendadas
internacionalmente e explícitas na documentação  da AACEi
(Association for Advancement of Cost Engineering International).
Assevera que  no caso da RNEST, os US$ 2,4 bi foram
apurados com critério e metodologia adequados, levando-se em conta a
fase inicial do projeto, quando ainda não se dispunha da localização
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exata da refinaria, critério e metodologia plenamente conformes às
melhores práticas adotadas no mercado internacional.
Relata que quando o empreendimento efetivamente passou
da Fase III para a Fase IV (aprovação do projeto básico para iniciar a
execução), quando já definidos o local de construção, do escopo do
projeto etc, os custos da unidade foram orçados em US$ 13,362 bi, e
que  o orçamento inicial sofreu acréscimos por diversos fatores,
devidamente justificados e compatíveis com o retorno esperado
(aumento de preços em função do aquecimento do mercado fornecedor
de bens e serviços entre 2006 e 2009,  variação cambial,  ajuste da
estimativa preliminar da base Golfo do México para o Brasil
e adequações do escopo da obra).
Por fim, afirma que não houve prejuízo em razão da não
concretização da parceria com a PDVSA.
Decisão do Evento 50 determina a tramitação da ação em
segredo de justiça.
Contestação do réu Luiz Inácio Lula da Silva no Evento
57, em que argúi, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, pois é
impossível compreender qual é a imputação que o autor lhe faz; a
inépcia da petição inicial, porque, além de não preencher os requisitos
objetivos exigidos pela Lei nº 4.717/65, de sua narrativa fática não é
possível conhecer a causa de pedir; e a impossibilidade jurídica do
pedido, pois os fatos narrados pelo autor não se amoldam a nenhuma das
hipóteses previstas na Lei nº 4.717/65.
No mérito, suscita a ausência de qualquer elemento apto a
indicar a existência de ilicitude ou lesividade na construção da refinaria
de Abreu e Lima, em Pernambuco, e aduz que a mera juntada de
reportagens e artigos jornalísticos não são aptos a comprovar, nem
sequer minimamente, a ocorrência de supostas lesões ao patrimônio
público.
Contestação da ré Dilma Vana Roussef no Evento  63, em
que alega, preliminarmente:  a incompetência absoluta deste Juízo,
porquanto a ação foi ajuizada em Seção Judiciária diversa daquela em
que o dano foi supostamente praticado; a inépcia da petição inicial, pois
da leitura dos fatos narrados, não se extrai a conclusão de que tenha
havido um prejuízo decorrente ao patrimônio público; a ilegitimidade
passiva, posto que  o Autor não apontou qualquer ato administrativo
praticado pela demandada que tenha resultado no suposto prejuízo
consubstanciado no projeto de construção da refinaria Abreu e Lima; e a
ausência do interesse de agir, consubstanciada na desnecessidade do
acionamento das vias judiciais para alcançar a tutela de um direito que,
se for o caso, será oportunamente promovida pelos órgãos ou
instituições legitimados para tanto, além do fato de eventuais ilícitos
praticados em obras e outras contratações realizadas pela Petrobrás,
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inclusive a de construção da refinaria Abreu e Lima, serem objeto de
persecuções realizadas pelo MPF, como desdobramento da “Operação
Lava Jato”.
Aduz, ainda, a  ausência dos requisitos necessários ao
ajuizamento da Ação Popular e a ocorrência da decadência do direito de
ajuizar a respectiva ação, considerando que a aliança celebrada entre
Brasil e Venezuela ocorreu em 2005.
No mérito, ressalta que  a condução do projeto de
construção da Refinaria Abreu e Lima é promovida exclusivamente pela
Petrobrás, no contexto do seu plano de investimentos, segundo as leis do
mercado, estando, porém, ajustado às diretrizes também perseguidas
pelo Ministério de Minas e Energia – MME, respaldadas pelos estudos
que compõem o Plano Decenal de Energia – PDE 2019.
Destaca, por fim, que não está configurado qualquer ato
que ostente a pecha de ilegal, lesivo ao patrimônio ou à moralidade
administrativa, que possa ser imputado à demandada, tendo em vista que
as assertivas lançadas pelo Autor Popular não se respaldam pelo mínimo
substrato probatório, ou pela demonstração (concreta) de um agir
potencialmente lesivo ao interesse público, ou eivado de má-fé.
Contestação do réu José Sergio Gabrielli de Azevedo no
Evento  84, em que argumenta, preliminarmente, a inépcia da petição
inicial, ao sustentar carecer de qualquer embasamento fático concreto e
fundamento jurídico, além da sua ilegitimidade passiva, pelo fato de ele,
ex presidente da Petrobrás, não ser responsável por todo e qualquer fato
ocorrido na empresa.
No mérito, aduz que inexiste lesão ao patrimônio público
decorrente da prática dos atos questionados pelo autor, e nem ilegalidade
na construção da refinaria.
Decisão do Evento 98 determina que a quebra de sigilo
seja limitada somente aos documentos juntados pela Petrobrás às fls.
90/499 (Eventos 47 e 48), ao DVD custodiado e ao relatório do TCU de
fls. 681/726 (Doc. 79, Evento 63).
Réplica no Evento 103, em que aduz que a União responde
a esta ação por ser acionista majoritária da Petrobras; que Lula e Dilma
são partes legítimas porque foram responsáveis pela gestão do país e
representantes da União; e que o TCU tem apurado irregularidades no
caso da RNEST, em compartilhamento de informações com a Operação
Lava-Jato, o que levaria à responsabilização dos presidentes da
Petrobras.
No Evento 117 a Petrobrás junta aos autos documentos que
já haviam sido juntados anteriormente, mas que, contudo, estavam com
problemas para serem visualizados pelas partes.
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Manifestação do réu Luiz Inácio Lula da Silva sobre os
documentos juntados pela Petrobrás no Evento 120, da União no Evento
123 e da ré Dilma Vana Rousseff no Evento 124.
Decisão do Evento 137 rejeita todas as preliminares
arguidas por todos os réus, indefere o pedido do Autor de juntada dos
projetos da Petrobrás e dos planos relativos ao meio ambiente e defere a
expedição de ofício ao Tribunal de Contas da União para compartilhar
as informações não sigilosas da apuração acerca das irregularidades na
construção da refinaria Abreu Lima.
Manifestação  do réu Luiz Inácio Lula da Silva sobre a
decisão saneadora no Evento 142 e da ré Dilma Vana Roussef no Evento
144.
Decisão do Evento 150 reconhe a ilegitimidade passiva da
União e determina o declínio de competência a um dos Juízos de Direito
do Estado do Rio de Janeiro.
Consta no Evento 177 a decisão proferida pelo Superior
Tribunal de Justiça no conflito negativo de competência suscitado pela
4ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, que fixou a
competência deste Juízo para processar e julgar a ação.
Decisão do Evento 180 determina a intimação do autor e
do Ministério Público Federal acerca da presença da condição de
interesse-necessidade no prosseguimento desta ação, diante
da informação de que os fatos da presente ação encontram-se abarcados
por procedimentos no âmbito da operação Lava Jato, dos quais já houve
instauração de processo judicial na esfera criminal, com condenação.
O Ministério Público Federal manifesta-se no Evento 183
e aduz que não há como oferecer óbice ao processamento e julgamento
deste feito, mormente por não se ter notícia de haver ação com o mesmo
objeto em curso.
O autor, por seu turno, manifesta-se no Evento 188 e
afirma possuir interesse na continuidade desta ação.
Decisão do Evento 189 revê a decisão do Evento 98, para
determinar que seja  levantado o sigilo Nível 3  dos documentos  dos
Eventos 247 e 48, bem como no documento 79 do Evento 63, para
assegurar  a publicidade da íntegra do processo;  disponibiliza  ao
Ministério Público Federal o  DVD acautelado na Secretaria do Juízo,
para entrega presencial da mídia acautelada e indefere a expedição de
Ofício ao TCU, dada a natureza da demanda e o seu eventual alcance,
notadamente por juntados aos autos extratos de Tomada de Contas do
TCU, que instruem o pedido inicial.
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Manifestação do Ministério Público Federal no Evento
209, em que informa que existem diversas ações em curso que tratam do
esquema de corrupção, superfaturamento e  fraude à licitação, sendo
certo que o Processo nº 5057144- 14.2018.4.04.7000/PR, que corre em
segredo de justiça, trata exatamente da Refinaria Abreu e Lima, com
apuração do enorme prejuízo causado aos cofres públicos, abrangendo,
pois, o objeto da presente ação. Requer, pois, o declínio de competência
em favor do Juízo da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba
– Paraná, por conexão com o processo nº 5057144-
14.2018.4.04.7000/PR
Decisão do Evento 211 acolhe  o pedido formulado pelo
Ministério Público Federal no Evento 209  e  declina  da
competência para a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, em
virtude da conexão entre esta Ação Popular e a Ação Civil por
Improbidade Administrativa nº 5057144-14.2018.4.04.7000.
Ofício do Tribunal Regional Federal da 2ª Região no
Evento 245, com a informação de que foi dado provimento ao Agravo
de Instrumento nº 50005447020214020000, interposto pelo réu Luiz
Inácio Lula da Silva, para revogar a decisão do Evento 211 e determinar
a manutenção do processamento e julgamento da Ação Civil Pública
neste Juízo.
As partes foram intimadas acerca do resultado do
julgamento do Agravo e da reativação do processo (Eventos 246/253). 
Parecer do Ministério Público Federal no Evento 258, em
que opina pela improcedência dos pedidos autorais, tendo em vista que a
associação com a empresa venezuela não se operou e a decisão que
determinou o investimento desta refinaria  é um ato discricionário, e,
embora adstrito ao princípio a legalidade, foi devidamente
fundamentado em planejamento estratégico para atendimento aos
interesses da empresa, na consecução de seus fins sociais, como
demonstrou a Petrobrás.
Manifestação do réu Luiz Inácio Lula da Silva no Evento
260, em que pugna pela improcedência dos pedidos.
É o relatório. Passo a fundamentar e decidir.
A ação popular é regida pela Lei nº 4.717/65 e visa
resguardar o patrimônio público, com o objetivo de anulação de atos a
ele lesivos, e a Constituição Federal, no art. 5º, LXXIII, legitima o
cidadão à sua propositura, por meio de representação direta.
No caso concreto, o objeto desta ação popular é a anulação
de todos os atos administrativos ligados à  construção da Refinaria de
Abreu e Lima, a paralisação definitiva da obra e  a reversão à
Petrobrás  de todo o ativo separado para  o referido investimento,
inclusive com a venda de  equipamento/maquinário. O autor popular
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pugna, ainda, pela condenação dos réus ao pagamento de danos morais,
com reversão da verba para o Fundo Especial de Apoio a Programas de
Proteção e Defesa do Consumidor de todos os Estados da Federação,
equanimemente, e pela condenação dos réus pessoas físicas a restituir,
solidariamente, aos cofres da Petrobrás, os gastos com o mencionado
investimento, devidamente corrigido, bem como as custas e demais
despesas judiciais e extrajudiciais.
Com relação aos pedidos de paralisação da obra, anulação
de atos administrativos e reversão à Petrobrás de ativo separado para o
investimento na construção da Refinaria de Abreu e Lima (item "a" dos
pedidos - Petição Inicial, Pág. 8), há que se reconhecer a perda
superveniente de objeto.
Isso porque após o ajuizamento desta ação, em 2013, e não
tendo sido concedida a medida liminar requerida pelo autor popular, a
Refinaria Abreu e Lima - RNEST terminou de ser construída, tendo,
inclusive, iniciado suas operações no ano de 2014.
Assim sendo, construída a refinaria  e iniciadas as
operações de refino, não há mais a possibilidade de se paralisar a obra e
nem de reverter à Petrobrás ativo separado para o investimento, o qual já
se concretizou.
Verifica-se  também a perda de objeto relativa ao pedido
"e" da petição inicial, que trata da condenação dos réus pessoas físicas a
restituir aos cofres da Petrobrás os gastos usados no investimento
("sejam os réus, à exceção da Petrobrás e da União, condenados a
restituir, solidariamente, aos cofres da Petrobrás, os gastos até o
presente momento usados nesse moribundo investimento, devidamente
corrigido, bem como as custas e demais despesas judiciais e
extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência").
Afinal, esse pedido possui vinculação direta ao pedido de
paralisação da obra de construção da refinaria, já que o autor popular
objetivava que os réus pessoas físicas devolvessem à Petrobrás os
valores até então investidos na construção da refinaria que ele
objetivava não fosse finalizada. 
Ocorre que, como mencionado acima, o investimento na
RNEST foi finalizado, a obra foi concluída e a refinaria iniciou suas
atividades. Ou seja, não há mais que se falar em "gastos (...) usados
nesse morimbundo investimento", já que os valores investidos pela
Petrobrás e pela União foram efetivamente utilizados na obra de
construção da RNEST, e o investimento reverteu-se na construção  da
refinaria. 
Como destacou o Ministério Público Federal no parecer do
Evento 258, esta ação cinge-se à discussão acerca da viabilidade da
obra, tendo o autor popular defendido que a construção da RNEST seria
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um "projeto irrespónsável, inconsequente, e fruto de um
desplanejamento". Não é, contudo, o que a prova dos autos demonstra,
especialmente tendo em vista que a obra foi de fato concluída e a
refinaria está atualmente em atividade.
Eventual discussão acerca da excessividade dos gastos ou
da ocorrência de corrupção na construção na refinaria fogem do escopo
dessa demanda, especialmente tendo em vista que nestes autos não foi
produzida nenhuma prova nesse sentido, bem como que essa questão
está sendo devidamente apurada na seara criminal e também sob a luz
da lei de improbidade administrativa.
Como destacou o MPF, as obras realizadas e os contratos
delas decorrentes são objeto de investigação e ações judiciais que visam
reparar os danos causados aos cofres públicos, e não devem ser tratados
na presente ação popular, sob pena de haver decisão conflitante com as
demais ações, que possuem objetos específicos.
Resta, portanto, analisar somente o pedido "d" da petição
inicial, relativo à condenação dos réus ao pagamento de danos morais,
com reversão da verba para o Fundo Especial de Apoio a Programas de
Proteção e Defesa do Consumidor de todos os Estados da Federação,
equanimemente, sob o argumento de que os atos dos réus seriam imorais
e lesivos à cidadania brasileira.
Com relação a este pedido, ao analisar a petição inicial,
verifico que o autor popular não indicou com clareza a causa de pedir
que motiva o pedido de condenação dos réus ao pagamento de danos
morais. Não há, no corpo da exordial, qualquer argumentação acerca da
existência de dano moral coletivo advindo da conduta dos réus.
Na parte dos pedidos, o autor traz pela primeira vez a
questão da indenização por supostos danos morais, sem, contudo,
individualizar quais condutas seriam ensejadoras da alegada
responsabilidade civil. Menciona o autor, somente, que os danos morais
seriam devidos pelo fato de os atos dos réus serem imorais e lesivos à
cidadania brasileira.
Assim sendo, e diante do conjunto probatório constante
dos autos, convenço-me de que não há prova nesta demanda que
demonstre que a construção da RNEST seja lesiva à cidadania brasileira,
e nem há individualização de atos dos réus que possibilite chegar à
conclusão da alegada imoralidade.
Para caracterizar o dano moral coletivo é necessário que a
ofensa extrapole o âmbito individual e cause repercussão coletiva,
mediante a repulsa geral da sociedade diante do ato antijurídico. No
caso concreto, não restou demonstrado nestes autos que a construção da
RNEST seja ilegal, imoral ou mesmo que tenha lesado os cofres
públicos. 
17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1
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Ainda que tudo isso possa vir a ser demonstrado em outros
processos judiciais que também tratam da construção da Refinaria
Abreu e Lima, fato é que, nesta ação popular, não há elemento
probatório que corrobore as afirmações autorais.
Ante o exposto, julgo improcedente o pedido e declaro o
processo extinto com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, I
do CPC.
Sem custas e sem condenação em verba honorária.
Cientifique-se o Ministério Público Federal.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição, nos termos do
art. 19 da Lei nº 4.717/65.
Interposto recurso por quaisquer das partes, abra-se vista à
parte contrária para apresentar contrarrazões. Oportunamente, remetam-
se os autos ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
 
GERALDINE VITAL 
Juíza Federal
 
 
 
 
 


Documento eletrônico assinado por GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO, Juíza
Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e
Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A conferência da autenticidade do
documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc.jfrj.jus.br, mediante o
preenchimento do código verificador 510006619525v118 e do código CRC ab80434d.



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Signatário (a): GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO

Data e Hora: 17/12/2021, às 13:25:45

 
 
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  • 1. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 1/10 Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Rio de Janeiro 27ª Vara Federal do Rio de Janeiro Av Rio Branco, 243, anexo II, 2º andar - Bairro: Centro - CEP: 20040-009 - Fone: (21)3218- 8274 - www.jfrj.jus.br/juizos/paginas-das-varas/27vf/27vf - Email: 27vf@jfrj.jus.br AÇÃO POPULAR Nº 0007746-90.2013.4.02.5101/RJ AUTOR: MARCO ANTONIO BARROZO MADEIRA RÉU: MARIA DAS GRACAS SILVA FOSTER RÉU: JOSE SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO RÉU: PRESIDENTE - UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO - RIO DE JANEIRO RÉU: PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS RÉU: LUIZ INACIO LULA DA SILVA RÉU: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO SENTENÇA Vistos, etc. MARCO ANTONIO BARROZO MADEIRA ajuíza Ação Popular em face da UNIÃO FEDERAL,  DA ENTÃO PRESIDENTE DA REPÚBLICA DILMA VANA ROUSSEF, DO EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, DA ENTÃO PRESIDENTE DA PETROBRÁS MARIA DAS GRAÇAS SILVA FOSTER, DO EX-PRESIDENTE DA PETROBRÁS JOSÉ SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO E DA PETROLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRÁS, em que requer "seja JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO, acolhendo os pedidos do suplicante para determinar definitivamente: i) a anulação de todos os atos administrativos ligados ao dito investimento, bem como a paralisação definitiva da obra; ii) a reversão, aos cofres da Petrobrás, de todo o ativo separado para dito investimento; iii) a venda do equipamento - maquinário - hoje existente, com a reversão do resultado da venda para o caixa da Petrobrás". Pugna, ainda, pela condenação dos réus "ao pagamento de danos morais, a ser arbitrado por V.Exa., pois, como já dito, os atos dos Réus são imorais, e, portanto, lesivos à cidadania brasileira, levando-se em conta os fatores apontados acima, bem como posição econômica dos ofensores e ofendidos, e gravidade dos danos, revertendo-se tal verba para o Fundo Especial de Apoio a Programas de Proteção e Defesa do Consumidor de todos os Estados da Federação, equanimemente" e pela condenação dos réus pessoas físicas "a restituir, solidariamente, aos cofres da Petrobrás, os gastos até o presente momento usados nesse moribundo investimento, devidamente
  • 2. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 2/10 corrigido, bem como as custas e demais despesas judiciais e extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência". (Petição Inicial, Evento 01, Pág. 8/9). Para tanto, alega que a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é um projeto irresponsável e inconsequente, com custo previsto de  20 bilhões de reais, que conta com a parceria da PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, que ainda não havia investido no projeto. Aduz que a construção da refinaria fere a moralidade administrativa e  destrói o patrimônio público, já que decorre de investimento sem planejamento e com parceiros inidôneos. Petição inicial, acompanhada de certidão da Justiça Eleitoral (Doc.  2, Pág. 1) e documentos (Evento 1). Decisão do Evento 10 indefere o pedido liminar requerido. No Evento 16 a parte autora traz reportagem sobre a refinaria objeto desta demanda, requer a reconsideração da decisão que indeferiu a liminar, bem como pugna pela intimação da Petrobrás para juntar documentos. Decisão do Evento 17 determina a intimação da União e da Petrobrás, para se manifestarem nos termos do artigo 6º, § 3º da Lei nº 4.717/65, bem como a intimação da Petrobrás  para apresentar os documentos descritos no item l, da exordial (fl. 09), bem como a cópia de todos os contratos referentes à construção da refinaria Abreu de Lima, conforme requerimento do Autor. O autor junta novas reportagens sobre a questão discutida nesta demanda nos Eventos 21 e 25. Contestação da União no Evento 23, em que alega, preliminarmente, a sua ilegitimidade passiva, pois as relações jurídicas travadas acerca do assunto na presente demanda são estabelecidas entre o autor popular e Petrobras.  No mérito, defende que o autor utiliza-se  unicamente de reportagens jornalísticas para tentar configurar ato lesivo supostamente praticado pelos Réus da ação, e que as referidas reportagens não têm o condão de configurar a existência de ato concreto lesivo ao patrimônio público. Afirma que  as reportagens jornalísticas não dotam, necessariamente, o fato de notoriedade, como parece pretender o Autor Popular, razão pela qual não está afastada a necessidade de comprovação da prática de ato concreto por parte dos demandados.
  • 3. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 3/10 No Evento 45 a Petrobrás junta os documentos requeridos pelo Juízo (acautelados em Secretaria, conforme certidão do Evento 44) e pede a decretação de segredo de justiça, para obstar a divulgação de dados sensíveis. Contestação da Petrobrás e de Maria das Graças Silva Foster no Evento 47, em que argumentam, preliminarmente, a ilegitimidade da, à época, Presidente da Petrobrás, para responder pessoalmente à demanda.  Afirmam que, ainda que eventualmente se aponte algum prejuízo em decorrência do projeto RNEST, o que se admite apenas para argumentar, injurídico se afigura atribuir responsabilidade pessoal unicamente a senhora Graça Foster, pelo fato de ser a então Presidente da Companhia, seja porque as regras de governança infirmam essa possibilidade – as aprovações nas instâncias superiores são colegiadas e, ainda, há que se perquirir o grau de responsabilidade de cada Administrador ; seja porque a cronologia dos fatos situa as fases determinantes da aprovação do projeto em período anterior à gestão da atual Presidente, sendo certo que, nessas circunstâncias, o art. 6º, Lei 4.717/65, indica a falta de legitimidade da 4ª Ré para ser demandada via Ação Popular. No mérito, relata o histórico do projeto da Refinaria Abreu e Lima, que decorreu de uma aliança estratégica celebrada entre os presidentes do Brasil e da Venezuela, que englobava, dentre outras, as áreas de energia petroquímica e gás. Informa que estudos realizados apontaram Pernambuco como o Estado mais indicado para realizar a construção da refinaria, tendo sido utilizada uma área em localização logístico-estratégica. No mais, informa que diversos procedimentos foram realizados para viabilizar a sua construção, contudo, a PDVSA (estatal Venezuelana de petróleo) alterou radicalmente seu posicionamento e ainda que tenha apresentado propostas, a Ré Petrobrás não as aceitou e prosseguiu no desenvolvimento do projeto sozinha, não havendo que se falar, portanto, na existência de sócia ou parceira, eis que a parceria não se concretizou. Destaca que os cálculos iniciais da área técnica responsável utilizaram métodos paramétricos de estimativa de custos, que consideram fatores de escala correspondentes aos tipos de unidade previstos no projeto, através de software específico denominado Ícarus, e cuja metodologia de cálculo está alinhada às práticas recomendadas internacionalmente e explícitas na documentação  da AACEi (Association for Advancement of Cost Engineering International). Assevera que  no caso da RNEST, os US$ 2,4 bi foram apurados com critério e metodologia adequados, levando-se em conta a fase inicial do projeto, quando ainda não se dispunha da localização
  • 4. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 4/10 exata da refinaria, critério e metodologia plenamente conformes às melhores práticas adotadas no mercado internacional. Relata que quando o empreendimento efetivamente passou da Fase III para a Fase IV (aprovação do projeto básico para iniciar a execução), quando já definidos o local de construção, do escopo do projeto etc, os custos da unidade foram orçados em US$ 13,362 bi, e que  o orçamento inicial sofreu acréscimos por diversos fatores, devidamente justificados e compatíveis com o retorno esperado (aumento de preços em função do aquecimento do mercado fornecedor de bens e serviços entre 2006 e 2009,  variação cambial,  ajuste da estimativa preliminar da base Golfo do México para o Brasil e adequações do escopo da obra). Por fim, afirma que não houve prejuízo em razão da não concretização da parceria com a PDVSA. Decisão do Evento 50 determina a tramitação da ação em segredo de justiça. Contestação do réu Luiz Inácio Lula da Silva no Evento 57, em que argúi, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, pois é impossível compreender qual é a imputação que o autor lhe faz; a inépcia da petição inicial, porque, além de não preencher os requisitos objetivos exigidos pela Lei nº 4.717/65, de sua narrativa fática não é possível conhecer a causa de pedir; e a impossibilidade jurídica do pedido, pois os fatos narrados pelo autor não se amoldam a nenhuma das hipóteses previstas na Lei nº 4.717/65. No mérito, suscita a ausência de qualquer elemento apto a indicar a existência de ilicitude ou lesividade na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e aduz que a mera juntada de reportagens e artigos jornalísticos não são aptos a comprovar, nem sequer minimamente, a ocorrência de supostas lesões ao patrimônio público. Contestação da ré Dilma Vana Roussef no Evento  63, em que alega, preliminarmente:  a incompetência absoluta deste Juízo, porquanto a ação foi ajuizada em Seção Judiciária diversa daquela em que o dano foi supostamente praticado; a inépcia da petição inicial, pois da leitura dos fatos narrados, não se extrai a conclusão de que tenha havido um prejuízo decorrente ao patrimônio público; a ilegitimidade passiva, posto que  o Autor não apontou qualquer ato administrativo praticado pela demandada que tenha resultado no suposto prejuízo consubstanciado no projeto de construção da refinaria Abreu e Lima; e a ausência do interesse de agir, consubstanciada na desnecessidade do acionamento das vias judiciais para alcançar a tutela de um direito que, se for o caso, será oportunamente promovida pelos órgãos ou instituições legitimados para tanto, além do fato de eventuais ilícitos praticados em obras e outras contratações realizadas pela Petrobrás,
  • 5. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 5/10 inclusive a de construção da refinaria Abreu e Lima, serem objeto de persecuções realizadas pelo MPF, como desdobramento da “Operação Lava Jato”. Aduz, ainda, a  ausência dos requisitos necessários ao ajuizamento da Ação Popular e a ocorrência da decadência do direito de ajuizar a respectiva ação, considerando que a aliança celebrada entre Brasil e Venezuela ocorreu em 2005. No mérito, ressalta que  a condução do projeto de construção da Refinaria Abreu e Lima é promovida exclusivamente pela Petrobrás, no contexto do seu plano de investimentos, segundo as leis do mercado, estando, porém, ajustado às diretrizes também perseguidas pelo Ministério de Minas e Energia – MME, respaldadas pelos estudos que compõem o Plano Decenal de Energia – PDE 2019. Destaca, por fim, que não está configurado qualquer ato que ostente a pecha de ilegal, lesivo ao patrimônio ou à moralidade administrativa, que possa ser imputado à demandada, tendo em vista que as assertivas lançadas pelo Autor Popular não se respaldam pelo mínimo substrato probatório, ou pela demonstração (concreta) de um agir potencialmente lesivo ao interesse público, ou eivado de má-fé. Contestação do réu José Sergio Gabrielli de Azevedo no Evento  84, em que argumenta, preliminarmente, a inépcia da petição inicial, ao sustentar carecer de qualquer embasamento fático concreto e fundamento jurídico, além da sua ilegitimidade passiva, pelo fato de ele, ex presidente da Petrobrás, não ser responsável por todo e qualquer fato ocorrido na empresa. No mérito, aduz que inexiste lesão ao patrimônio público decorrente da prática dos atos questionados pelo autor, e nem ilegalidade na construção da refinaria. Decisão do Evento 98 determina que a quebra de sigilo seja limitada somente aos documentos juntados pela Petrobrás às fls. 90/499 (Eventos 47 e 48), ao DVD custodiado e ao relatório do TCU de fls. 681/726 (Doc. 79, Evento 63). Réplica no Evento 103, em que aduz que a União responde a esta ação por ser acionista majoritária da Petrobras; que Lula e Dilma são partes legítimas porque foram responsáveis pela gestão do país e representantes da União; e que o TCU tem apurado irregularidades no caso da RNEST, em compartilhamento de informações com a Operação Lava-Jato, o que levaria à responsabilização dos presidentes da Petrobras. No Evento 117 a Petrobrás junta aos autos documentos que já haviam sido juntados anteriormente, mas que, contudo, estavam com problemas para serem visualizados pelas partes.
  • 6. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 6/10 Manifestação do réu Luiz Inácio Lula da Silva sobre os documentos juntados pela Petrobrás no Evento 120, da União no Evento 123 e da ré Dilma Vana Rousseff no Evento 124. Decisão do Evento 137 rejeita todas as preliminares arguidas por todos os réus, indefere o pedido do Autor de juntada dos projetos da Petrobrás e dos planos relativos ao meio ambiente e defere a expedição de ofício ao Tribunal de Contas da União para compartilhar as informações não sigilosas da apuração acerca das irregularidades na construção da refinaria Abreu Lima. Manifestação  do réu Luiz Inácio Lula da Silva sobre a decisão saneadora no Evento 142 e da ré Dilma Vana Roussef no Evento 144. Decisão do Evento 150 reconhe a ilegitimidade passiva da União e determina o declínio de competência a um dos Juízos de Direito do Estado do Rio de Janeiro. Consta no Evento 177 a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça no conflito negativo de competência suscitado pela 4ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, que fixou a competência deste Juízo para processar e julgar a ação. Decisão do Evento 180 determina a intimação do autor e do Ministério Público Federal acerca da presença da condição de interesse-necessidade no prosseguimento desta ação, diante da informação de que os fatos da presente ação encontram-se abarcados por procedimentos no âmbito da operação Lava Jato, dos quais já houve instauração de processo judicial na esfera criminal, com condenação. O Ministério Público Federal manifesta-se no Evento 183 e aduz que não há como oferecer óbice ao processamento e julgamento deste feito, mormente por não se ter notícia de haver ação com o mesmo objeto em curso. O autor, por seu turno, manifesta-se no Evento 188 e afirma possuir interesse na continuidade desta ação. Decisão do Evento 189 revê a decisão do Evento 98, para determinar que seja  levantado o sigilo Nível 3  dos documentos  dos Eventos 247 e 48, bem como no documento 79 do Evento 63, para assegurar  a publicidade da íntegra do processo;  disponibiliza  ao Ministério Público Federal o  DVD acautelado na Secretaria do Juízo, para entrega presencial da mídia acautelada e indefere a expedição de Ofício ao TCU, dada a natureza da demanda e o seu eventual alcance, notadamente por juntados aos autos extratos de Tomada de Contas do TCU, que instruem o pedido inicial.
  • 7. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 7/10 Manifestação do Ministério Público Federal no Evento 209, em que informa que existem diversas ações em curso que tratam do esquema de corrupção, superfaturamento e  fraude à licitação, sendo certo que o Processo nº 5057144- 14.2018.4.04.7000/PR, que corre em segredo de justiça, trata exatamente da Refinaria Abreu e Lima, com apuração do enorme prejuízo causado aos cofres públicos, abrangendo, pois, o objeto da presente ação. Requer, pois, o declínio de competência em favor do Juízo da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba – Paraná, por conexão com o processo nº 5057144- 14.2018.4.04.7000/PR Decisão do Evento 211 acolhe  o pedido formulado pelo Ministério Público Federal no Evento 209  e  declina  da competência para a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, em virtude da conexão entre esta Ação Popular e a Ação Civil por Improbidade Administrativa nº 5057144-14.2018.4.04.7000. Ofício do Tribunal Regional Federal da 2ª Região no Evento 245, com a informação de que foi dado provimento ao Agravo de Instrumento nº 50005447020214020000, interposto pelo réu Luiz Inácio Lula da Silva, para revogar a decisão do Evento 211 e determinar a manutenção do processamento e julgamento da Ação Civil Pública neste Juízo. As partes foram intimadas acerca do resultado do julgamento do Agravo e da reativação do processo (Eventos 246/253).  Parecer do Ministério Público Federal no Evento 258, em que opina pela improcedência dos pedidos autorais, tendo em vista que a associação com a empresa venezuela não se operou e a decisão que determinou o investimento desta refinaria  é um ato discricionário, e, embora adstrito ao princípio a legalidade, foi devidamente fundamentado em planejamento estratégico para atendimento aos interesses da empresa, na consecução de seus fins sociais, como demonstrou a Petrobrás. Manifestação do réu Luiz Inácio Lula da Silva no Evento 260, em que pugna pela improcedência dos pedidos. É o relatório. Passo a fundamentar e decidir. A ação popular é regida pela Lei nº 4.717/65 e visa resguardar o patrimônio público, com o objetivo de anulação de atos a ele lesivos, e a Constituição Federal, no art. 5º, LXXIII, legitima o cidadão à sua propositura, por meio de representação direta. No caso concreto, o objeto desta ação popular é a anulação de todos os atos administrativos ligados à  construção da Refinaria de Abreu e Lima, a paralisação definitiva da obra e  a reversão à Petrobrás  de todo o ativo separado para  o referido investimento, inclusive com a venda de  equipamento/maquinário. O autor popular
  • 8. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 8/10 pugna, ainda, pela condenação dos réus ao pagamento de danos morais, com reversão da verba para o Fundo Especial de Apoio a Programas de Proteção e Defesa do Consumidor de todos os Estados da Federação, equanimemente, e pela condenação dos réus pessoas físicas a restituir, solidariamente, aos cofres da Petrobrás, os gastos com o mencionado investimento, devidamente corrigido, bem como as custas e demais despesas judiciais e extrajudiciais. Com relação aos pedidos de paralisação da obra, anulação de atos administrativos e reversão à Petrobrás de ativo separado para o investimento na construção da Refinaria de Abreu e Lima (item "a" dos pedidos - Petição Inicial, Pág. 8), há que se reconhecer a perda superveniente de objeto. Isso porque após o ajuizamento desta ação, em 2013, e não tendo sido concedida a medida liminar requerida pelo autor popular, a Refinaria Abreu e Lima - RNEST terminou de ser construída, tendo, inclusive, iniciado suas operações no ano de 2014. Assim sendo, construída a refinaria  e iniciadas as operações de refino, não há mais a possibilidade de se paralisar a obra e nem de reverter à Petrobrás ativo separado para o investimento, o qual já se concretizou. Verifica-se  também a perda de objeto relativa ao pedido "e" da petição inicial, que trata da condenação dos réus pessoas físicas a restituir aos cofres da Petrobrás os gastos usados no investimento ("sejam os réus, à exceção da Petrobrás e da União, condenados a restituir, solidariamente, aos cofres da Petrobrás, os gastos até o presente momento usados nesse moribundo investimento, devidamente corrigido, bem como as custas e demais despesas judiciais e extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência"). Afinal, esse pedido possui vinculação direta ao pedido de paralisação da obra de construção da refinaria, já que o autor popular objetivava que os réus pessoas físicas devolvessem à Petrobrás os valores até então investidos na construção da refinaria que ele objetivava não fosse finalizada.  Ocorre que, como mencionado acima, o investimento na RNEST foi finalizado, a obra foi concluída e a refinaria iniciou suas atividades. Ou seja, não há mais que se falar em "gastos (...) usados nesse morimbundo investimento", já que os valores investidos pela Petrobrás e pela União foram efetivamente utilizados na obra de construção da RNEST, e o investimento reverteu-se na construção  da refinaria.  Como destacou o Ministério Público Federal no parecer do Evento 258, esta ação cinge-se à discussão acerca da viabilidade da obra, tendo o autor popular defendido que a construção da RNEST seria
  • 9. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=51163973… 9/10 um "projeto irrespónsável, inconsequente, e fruto de um desplanejamento". Não é, contudo, o que a prova dos autos demonstra, especialmente tendo em vista que a obra foi de fato concluída e a refinaria está atualmente em atividade. Eventual discussão acerca da excessividade dos gastos ou da ocorrência de corrupção na construção na refinaria fogem do escopo dessa demanda, especialmente tendo em vista que nestes autos não foi produzida nenhuma prova nesse sentido, bem como que essa questão está sendo devidamente apurada na seara criminal e também sob a luz da lei de improbidade administrativa. Como destacou o MPF, as obras realizadas e os contratos delas decorrentes são objeto de investigação e ações judiciais que visam reparar os danos causados aos cofres públicos, e não devem ser tratados na presente ação popular, sob pena de haver decisão conflitante com as demais ações, que possuem objetos específicos. Resta, portanto, analisar somente o pedido "d" da petição inicial, relativo à condenação dos réus ao pagamento de danos morais, com reversão da verba para o Fundo Especial de Apoio a Programas de Proteção e Defesa do Consumidor de todos os Estados da Federação, equanimemente, sob o argumento de que os atos dos réus seriam imorais e lesivos à cidadania brasileira. Com relação a este pedido, ao analisar a petição inicial, verifico que o autor popular não indicou com clareza a causa de pedir que motiva o pedido de condenação dos réus ao pagamento de danos morais. Não há, no corpo da exordial, qualquer argumentação acerca da existência de dano moral coletivo advindo da conduta dos réus. Na parte dos pedidos, o autor traz pela primeira vez a questão da indenização por supostos danos morais, sem, contudo, individualizar quais condutas seriam ensejadoras da alegada responsabilidade civil. Menciona o autor, somente, que os danos morais seriam devidos pelo fato de os atos dos réus serem imorais e lesivos à cidadania brasileira. Assim sendo, e diante do conjunto probatório constante dos autos, convenço-me de que não há prova nesta demanda que demonstre que a construção da RNEST seja lesiva à cidadania brasileira, e nem há individualização de atos dos réus que possibilite chegar à conclusão da alegada imoralidade. Para caracterizar o dano moral coletivo é necessário que a ofensa extrapole o âmbito individual e cause repercussão coletiva, mediante a repulsa geral da sociedade diante do ato antijurídico. No caso concreto, não restou demonstrado nestes autos que a construção da RNEST seja ilegal, imoral ou mesmo que tenha lesado os cofres públicos. 
  • 10. 17/12/2021 20:12 Evento 268 - SENT1 https://eproc.jfrj.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=511639739525196903511226708293&evento=5116397… 10/10 Ainda que tudo isso possa vir a ser demonstrado em outros processos judiciais que também tratam da construção da Refinaria Abreu e Lima, fato é que, nesta ação popular, não há elemento probatório que corrobore as afirmações autorais. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido e declaro o processo extinto com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, I do CPC. Sem custas e sem condenação em verba honorária. Cientifique-se o Ministério Público Federal. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição, nos termos do art. 19 da Lei nº 4.717/65. Interposto recurso por quaisquer das partes, abra-se vista à parte contrária para apresentar contrarrazões. Oportunamente, remetam- se os autos ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região.   GERALDINE VITAL  Juíza Federal           Documento eletrônico assinado por GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO, Juíza Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://eproc.jfrj.jus.br, mediante o preenchimento do código verificador 510006619525v118 e do código CRC ab80434d. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): GERALDINE PINTO VITAL DE CASTRO Data e Hora: 17/12/2021, às 13:25:45     0007746-90.2013.4.02.5101 510006619525 .V118