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Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associados
Engº Antonio Fernando Navarro1

Introdução
O transporte de cargas é sabidamente uma das primeiras atividades humanas. O
homem para sustentar a família precisava caçar. O resultado dessa atividade era o transporte da caça
morta para a habitação da família. Esse transporte era quase sempre manual, com o caçador
transportando a caça sobre os ombros. Quando passou a residir fora das cavernas também
transportavam os materiais de construção manualmente.
Não há registros dos primeiros transportes que não fossem através do homem.
Sabe-se da história que eram empregados roletes, feitos de troncos de árvores, onde a carga
depositada sobre os mesmos era empurrada reduzindo assim o esforço manual. Assim, os humanos
passaram a criar meios de transporte que não fossem nas costas dos trabalhadores a partir do
momento em que essas passaram a ter maiores dimensões e pesos.
Neste paper iremos tratar de forma prática sobre as questões que envolvem os
transportes, baseados em nossos estudos e pesquisas e nas avaliações de atividades, por quase
quarenta anos de atividades em atividades relacionadas à construção civil e em obras industriais de
construção de montagem.
Meios de transporte
Inúmeros são os meios de transporte. Quando conjugados, passam a ser
denominados de modais de carga. Entre outros tantos meios de transporte podem ser citados alguns
como:
•

Transporte manual empregando carrinhos e mão ou plataformas;

•

Transporte utilizando veículos como: caminhões e carretas, empilhadeiras, trolleys,
guindastes sobre pneus ou lagartas;

•

1

Transporte sobre trilhos, como pontes rolantes, guindastes sobre trilhos, vagões ferroviários;

Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando em
engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – e-mail:
navarro@vm.uff.br; afnavarro@terra.com.br.
•

Transporte sobre plataformas, como sobre roletes ou skids;

•

Transporte por gruas, pontes rolantes, talhas;

•

Carrinhos e empilhadeiras;

•

Transportes sobre meios flutuantes, como barcaças, navios ou outros meios, etc..
Os meios mais usuais para o transporte de grandes volumes de cargas são através

de caminhões e em navios.
Modais de transporte
Modais de transporte são os modos de como as cargas serão transportadas. Esses modos podem
conjugar vários meios de transporte, como:
•

vagões associados a barcaças, para grãos, como ocorre hoje em Rondônia;

•

caminhões para aviões e desses para caminhões, como ocorre na Zona Franca de Manaus
(AM);

•

caminhões para navios e desses para vagões ou caminhões, como ocorre no escoamento das
safras de grãos que são embarcadas no Porto de Paranaguá, o maior do Brasil nesse tipo de
embarque;

•

Múltiplos equipamentos para o transporte, içamento ou descida, principalmente em função
das dimensões e ou peso;

•

embarcações para caminhões e desses para aviões e, a partir daí, para outros meios, como se
dá no transporte de pescados.
Submarino sendo içado por um conjunto de dois guindastes flutuantes.

Içamento, para posicionamento de módulo de plataforma fixa;

Cargas especiais sendo transportadas por caminhões com carreta especial. Seu grande número de
pneus possibilita uma melhor distribuição do peso da carga sobre o pavimento da estrada.
Neste exemplo a carga é acondicionada em containers e esses são transportados por navios
especiais.

Exemplos de cargas transportadas por embarcação especial. Esse tipo de embarcação é submergida
para que a carga, que se encontra flutuando, seja posicionada na embarcação. Depois de
deslastreada a embarcação sobe a seu nível normal de flutuabilidade.

Transporte de carga por empilhadeira móvel.
Transporte de grãos em navio graneleiro.

Carga especial, veículo do tipo “fora de estrada”, sendo transportado por dois caminhões de grande
porte. O principal risco da atividade é a do sincronismo da velocidade dos dois veículos
transportadores.

Transporte de equipamento especial com cavalo mecânico especial e carreta dupla. São atividades
extremamente complexas e em baixa velocidade.
Deslocamento de embarcação com o emprego de quatro trolleys, cujas rodas são acionadas
individualmente, por meio de controles centralizados.

Transporte de cargas superpostas, para racionalização dos meios de transporte.

Transporte de carga pesada com dois cavalos mecânicos, um à frente e outro à ré.
Veículo para transportes especiais, com o centro de gravidade mais baixo do que o normal,
oferecendo maior segurança durante o transporte.
O modelo de transporte pode estar associado a várias questões, como:
•

Prazo para a entrega;

•

Características do produto se frágil ou não;

•

Cargas especiais quanto ao peso e ou dimensões;

•

Capacidade de suportação do peso da mercadoria transportada, associado ao peso do veículo
transportador;

•

Locais de embarque e de desembarque;

•

Locais de difícil acesso para o carregamento ou descarregamento;

•

Necessidade de equipamentos especiais para a descarga dos materiais;

•

Meios para a proteção mesmo que temporária das cargas;

•

Custos associados ao transporte;

•

Meios de transporte disponíveis;

•

Necessidade de embalagens especiais;

•

Possibilidade de transporte a granel ou fracionado, entre outras questões.
Os modais devem ser previstos desde a fase inicial das atividades de produção, já

que têm que estar associados uns aos outros. Muitas vezes uma forma de transporte encontra-se
disponível enquanto a outra forma não está. Assim a mercadoria deve ficar armazenada durante
determinado período onerando os custos de transporte.
Não se pode ignorar que quanto maior é a quantidade de manuseios da mercadoria
maiores são as possibilidades de existência de danos aos bens. Isso se dá, em grande parte, devido
às atividades de estiva.
Independentemente dos modais a raiz da questão da escolha está diretamente
associada às características físicas das cargas ou mercadorias. Assim, uma partida de frutas da
estação não podem ficar longos períodos sem estar em ambientes climatizados. Portanto, nesses
casos, os meios de transporte esse tipo de carga devem ser adequados ao ambiente climatizado.
Outra questão crucial é a que contempla os transportes após o recebimento das
cargas pelos clientes. Depois que a mercadoria chega ao seu destino deve ser dado a ela idêntico
tratamento, de maneira a preservá-la até a sua aplicação ou comercialização.
Um exemplo interessante é o que trata de equipamentos, componentes ou sistemas
que necessitam ser mantidos energizados, enquanto estiverem armazenados. Para tal, no ambiente
de depósito devem ser tomados todos os cuidados para não só manterem-se os equipamentos
energizados, assim como para evitar que incêndios venham a ocorrer.
Outro exemplo é o que trata de grandes equipamentos que precisam de controle
constante enquanto estiverem armazenados, como motores de grande porte que necessitam de
lubrificação de mancais, do giro dos eixos para que não haja empenos, entre outros cuidados.

Tipos de cargas transportadas
As cargas transportadas podem ser ter as seguintes características físicas:
•

Cargas sólidas;

•

Cargas líquidas;

•

Cargas gasosas;
As formas de como as cargas podem ser acondicionadas são:

•

Tambores metálicos;

•

Caixas de madeira, plásticas ou de papelão;

•

Containers para sólidos, líquidos ou gases;

•

Containers pressurizados ou climatizados;

•

Pallets metálicos;

•

Carga a granel disposta no meio de transporte;

•

Cargas acondicionadas em bags ou outros meios de contenção para cargas à granel;

•

Cargas sem embalagem, etc..
Em função das características físicas das cargas e das formas de como são
acondicionadas, são definidas as estratégias de transporte. Em uma obra civil, para a montagem da
estrutura da construção, por exemplo, em concreto armado, são necessários materiais, que
aglomerados, misturados e posicionados possibilitam que a estrutura seja erigida. Assim, em vista
dos volumes de materiais empregados, para acelerar-se o processo de construção, são preparadas no
canteiro de obras as fôrmas de madeira ou metálicas, onde serão acondicionadas as ferragens e o
concreto. As ferragens podem chegar em carretas e cortadas e preparadas no canteiro de obras, ou já
virem prontas do fornecedor. O concreto pode chegar em betoneiras e seu lançado por bombas,
sendo bombeados diretamente nas formas.

Avaliação Global – ferramentas de análise
Vários são os aspectos a serem observados nas atividades de transporte de cargas,
alguns dos quais podem ser redundantes, ou seja, mais de um fator pode ter contribuído para a
ocorrência de um acidente ou um incidentes, como por exemplo, o rompimento de uma eslinga, sem
que a carga tenha ido ao solo, em uma atividade de içamento conjugada com a movimentação. As
causas básicas podem ser definidas através de pesquisas e análises dos acidentes. Neste paper
utilizou-se como base para a análise uma listagem de 221 acidentes de transporte de cargas, sem se
distinguir, nessa fase, as características das cargas. A relação das causas básicas é a apresentada a
seguir:
Causas básicas
Rompimento de lingadas
Mau dimensionamento dos pesos e dispositivos de içamento
Tombamento do veículo transportador
Irregularidades no piso
Movimentação em função do vento
Balanço excessivo em função dos desníveis de terreno
Quebra da lança de içamento do equipamento de guindar
Falhas operacionais
Falhas no planejamento das atividades
Quebra dos acessórios de içamento da carga
Defeito de materiais
Quebra dos pontos de amarração
Quebra dos pontos de pega
Rompimento das embalagens
Queda do material transportado por má estiva
Dimensionamento inadequado do centro de gravidade
Impacto contra objetos fixos ao longo do caminho
Impacto contra objetos móveis

% acidentes
55%
30%
15%
25%
10%
15%
5%
40%
35%
20%
65%
10%
10%
45%
20%
15%
25%
20%
(Navarro, 2012)

Acidente provocado pelo choque da carreta contra um poste, posicionado em um trecho com curva.

Transporte especial com duas carretas.
Riscos observados nos transporte de cargas
Os principais riscos que devem ser avaliados para a realização devem ser
extraídos da planilha apresentada anteriormente. Mas, pode-se simplificar essa análise em alguns
tópicos, como a saber:
1. Toda a atividade, por mais simples que seja, deve ser planejada. O planejamento deve
contemplar não só a própria atividade do transporte, como também o ambiente onde essa
atividade se desenvolverá. Para movimentações com cargas de grandes dimensões e peso
deve-se utilizar modelos de simulação em 3D, que possibilitam obter-se alternativas mais
seguras;
2. A carga transportada deve ser observada como um todo, avaliando-se, no estudo:
•

Dimensões;

•

Peso;

•

Centro de gravidade do conjunto;

•

Centro de gravidade do componente de maior peso;

•

Possibilidade de modularizar-se o transporte;

•

Existência de protuberâncias, extremidades e ressaltos, que podem ser pontos de
contato com objetos durante o transporte;

•

Utilização de lingadas com coeficiente de segurança maior ou igual a 5;

•

Existência de pontos de pega ou de amarração das lingadas;

•

Inspeção de todos os pontos, suas conexões e soldas;

•

Inspeção de todo o material empregado na atividade, cabos e todos seus acessórios;

•

Definição do meio de transporte, assegurando-se que haja uma folga mínima entre a
capacidade do mesmo e o peso da carga superior a 3;

•

Verificação se todos os componentes do meio de transporte;

•

Avaliação do percurso, verificando:
Possíveis pontos de contato,
Irregularidades do piso,
Restrição quanto à largura,
Possibilidade de a carga ser deixada sobre calços caso haja ventos com
velocidade superior a 15km/h,
Possibilidade do equipamento de transporte ficar parado por razões técnicas,
sem que haja o estorvo na circulação dos demais veículos,
Proximidade de linhas elétricas,
Proximidade da movimentação de outras cargas,
Movimentação de pessoal sob a carga,
Obstruções a serem ultrapassadas,
Existência de aclives ou declives.
•

Local onde a carga será depositada;

•

Existência de guias ou de pontos de conexão com outros elementos;

3. Toda a atividade de movimentação de cargas de grandes dimensões ou pesos deve ter
APENAS UM RESPONSÁVEL, a quem todos devem se reportar;
4. TODOS os envolvidos na operação são importantes e necessários. Assim, deve existir um
meio seguro de comunicação com as pessoas. O operador do equipamento ou operadores, já
que há transportes com vários equipamentos envolvidos, como apresentado em algumas
fotografias anteriores, devem ter sistema de comunicação segura, já que as sinalizações
habituais por gestos podem ser mal interpretadas ou entendidas, podendo ser a causa de um
acidente;
5. Especial atenção deve ser dado a trechos do percurso com curvas ou com mudança do
alinhamento da estrada, principalmente se a carreta for longa, com mais de 30 metros.
Acessórios empregados na movimentação de cargas

Alavanca com catraca
Amarração da carga

Anéis ou argolas

Barra de carga para içamento

Cadernais

Carretilha elétrica
Carretilha para içamento

Carretilhas

Cinta de poliéster
Cinta plana

Destorcedor olhal-manilha

Dispositivos para extremidade dos cabos

Gancho automático
Gancho com olhal

Gancho com trava livre

Estropos
Gancho e moitão

Ganchos simples para elevação de carga

Garra de pega

Laços de cabos
Moitão com gancho

Manilha reta

Moitão de madeira
Moitão duplo

Mosquetão com gancho

Mosquetão com trava dupla
Pega chapas

Polia e olhal

Quadro de içamento

Sapatilha de aço

Soquete aberto
Tenaz

Tirfor

Viga de içamento

Conclusão
Por fim, uma atividade de transporte de carga é perigosa e pode apresentar
complexidades que aumentam o grau de risco. Em muitas dessas operações os trabalhadores devem
se aproximar tanto quanto possível para o posicionamento de spinas ou parafusos de fixação.
Nesses momentos, qualquer balanço da carga pode significar pessoas mortas ou com graves lesões.
Os acidentes somente podem ser considerados como algo normal quando um ou
vários procedimentos de segurança são descumpridos. Basta que o planejamento seja mal executado
para que a probabilidade de ocorrência de acidentes cresça exponencialmente. Isso costuma ocorrer
quando a empresa não possui a adequada cultura de segurança, quando as atividades são realizadas
“para ontem” e quando há improvisos. Somente estes três itens citados neste parágrafo já seriam
responsáveis por mais de 60% das ocorrências de acidentes.

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Avaliação global do transporte de cargas e riscos em

  • 1. Avaliação global do transporte de cargas e os riscos associados Engº Antonio Fernando Navarro1 Introdução O transporte de cargas é sabidamente uma das primeiras atividades humanas. O homem para sustentar a família precisava caçar. O resultado dessa atividade era o transporte da caça morta para a habitação da família. Esse transporte era quase sempre manual, com o caçador transportando a caça sobre os ombros. Quando passou a residir fora das cavernas também transportavam os materiais de construção manualmente. Não há registros dos primeiros transportes que não fossem através do homem. Sabe-se da história que eram empregados roletes, feitos de troncos de árvores, onde a carga depositada sobre os mesmos era empurrada reduzindo assim o esforço manual. Assim, os humanos passaram a criar meios de transporte que não fossem nas costas dos trabalhadores a partir do momento em que essas passaram a ter maiores dimensões e pesos. Neste paper iremos tratar de forma prática sobre as questões que envolvem os transportes, baseados em nossos estudos e pesquisas e nas avaliações de atividades, por quase quarenta anos de atividades em atividades relacionadas à construção civil e em obras industriais de construção de montagem. Meios de transporte Inúmeros são os meios de transporte. Quando conjugados, passam a ser denominados de modais de carga. Entre outros tantos meios de transporte podem ser citados alguns como: • Transporte manual empregando carrinhos e mão ou plataformas; • Transporte utilizando veículos como: caminhões e carretas, empilhadeiras, trolleys, guindastes sobre pneus ou lagartas; • 1 Transporte sobre trilhos, como pontes rolantes, guindastes sobre trilhos, vagões ferroviários; Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando em engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – e-mail: navarro@vm.uff.br; afnavarro@terra.com.br.
  • 2. • Transporte sobre plataformas, como sobre roletes ou skids; • Transporte por gruas, pontes rolantes, talhas; • Carrinhos e empilhadeiras; • Transportes sobre meios flutuantes, como barcaças, navios ou outros meios, etc.. Os meios mais usuais para o transporte de grandes volumes de cargas são através de caminhões e em navios. Modais de transporte Modais de transporte são os modos de como as cargas serão transportadas. Esses modos podem conjugar vários meios de transporte, como: • vagões associados a barcaças, para grãos, como ocorre hoje em Rondônia; • caminhões para aviões e desses para caminhões, como ocorre na Zona Franca de Manaus (AM); • caminhões para navios e desses para vagões ou caminhões, como ocorre no escoamento das safras de grãos que são embarcadas no Porto de Paranaguá, o maior do Brasil nesse tipo de embarque; • Múltiplos equipamentos para o transporte, içamento ou descida, principalmente em função das dimensões e ou peso; • embarcações para caminhões e desses para aviões e, a partir daí, para outros meios, como se dá no transporte de pescados.
  • 3. Submarino sendo içado por um conjunto de dois guindastes flutuantes. Içamento, para posicionamento de módulo de plataforma fixa; Cargas especiais sendo transportadas por caminhões com carreta especial. Seu grande número de pneus possibilita uma melhor distribuição do peso da carga sobre o pavimento da estrada.
  • 4. Neste exemplo a carga é acondicionada em containers e esses são transportados por navios especiais. Exemplos de cargas transportadas por embarcação especial. Esse tipo de embarcação é submergida para que a carga, que se encontra flutuando, seja posicionada na embarcação. Depois de deslastreada a embarcação sobe a seu nível normal de flutuabilidade. Transporte de carga por empilhadeira móvel.
  • 5. Transporte de grãos em navio graneleiro. Carga especial, veículo do tipo “fora de estrada”, sendo transportado por dois caminhões de grande porte. O principal risco da atividade é a do sincronismo da velocidade dos dois veículos transportadores. Transporte de equipamento especial com cavalo mecânico especial e carreta dupla. São atividades extremamente complexas e em baixa velocidade.
  • 6. Deslocamento de embarcação com o emprego de quatro trolleys, cujas rodas são acionadas individualmente, por meio de controles centralizados. Transporte de cargas superpostas, para racionalização dos meios de transporte. Transporte de carga pesada com dois cavalos mecânicos, um à frente e outro à ré.
  • 7. Veículo para transportes especiais, com o centro de gravidade mais baixo do que o normal, oferecendo maior segurança durante o transporte. O modelo de transporte pode estar associado a várias questões, como: • Prazo para a entrega; • Características do produto se frágil ou não; • Cargas especiais quanto ao peso e ou dimensões; • Capacidade de suportação do peso da mercadoria transportada, associado ao peso do veículo transportador; • Locais de embarque e de desembarque; • Locais de difícil acesso para o carregamento ou descarregamento; • Necessidade de equipamentos especiais para a descarga dos materiais; • Meios para a proteção mesmo que temporária das cargas; • Custos associados ao transporte; • Meios de transporte disponíveis; • Necessidade de embalagens especiais; • Possibilidade de transporte a granel ou fracionado, entre outras questões. Os modais devem ser previstos desde a fase inicial das atividades de produção, já que têm que estar associados uns aos outros. Muitas vezes uma forma de transporte encontra-se disponível enquanto a outra forma não está. Assim a mercadoria deve ficar armazenada durante determinado período onerando os custos de transporte. Não se pode ignorar que quanto maior é a quantidade de manuseios da mercadoria maiores são as possibilidades de existência de danos aos bens. Isso se dá, em grande parte, devido às atividades de estiva.
  • 8. Independentemente dos modais a raiz da questão da escolha está diretamente associada às características físicas das cargas ou mercadorias. Assim, uma partida de frutas da estação não podem ficar longos períodos sem estar em ambientes climatizados. Portanto, nesses casos, os meios de transporte esse tipo de carga devem ser adequados ao ambiente climatizado. Outra questão crucial é a que contempla os transportes após o recebimento das cargas pelos clientes. Depois que a mercadoria chega ao seu destino deve ser dado a ela idêntico tratamento, de maneira a preservá-la até a sua aplicação ou comercialização. Um exemplo interessante é o que trata de equipamentos, componentes ou sistemas que necessitam ser mantidos energizados, enquanto estiverem armazenados. Para tal, no ambiente de depósito devem ser tomados todos os cuidados para não só manterem-se os equipamentos energizados, assim como para evitar que incêndios venham a ocorrer. Outro exemplo é o que trata de grandes equipamentos que precisam de controle constante enquanto estiverem armazenados, como motores de grande porte que necessitam de lubrificação de mancais, do giro dos eixos para que não haja empenos, entre outros cuidados. Tipos de cargas transportadas As cargas transportadas podem ser ter as seguintes características físicas: • Cargas sólidas; • Cargas líquidas; • Cargas gasosas; As formas de como as cargas podem ser acondicionadas são: • Tambores metálicos; • Caixas de madeira, plásticas ou de papelão; • Containers para sólidos, líquidos ou gases; • Containers pressurizados ou climatizados; • Pallets metálicos; • Carga a granel disposta no meio de transporte; • Cargas acondicionadas em bags ou outros meios de contenção para cargas à granel; • Cargas sem embalagem, etc..
  • 9. Em função das características físicas das cargas e das formas de como são acondicionadas, são definidas as estratégias de transporte. Em uma obra civil, para a montagem da estrutura da construção, por exemplo, em concreto armado, são necessários materiais, que aglomerados, misturados e posicionados possibilitam que a estrutura seja erigida. Assim, em vista dos volumes de materiais empregados, para acelerar-se o processo de construção, são preparadas no canteiro de obras as fôrmas de madeira ou metálicas, onde serão acondicionadas as ferragens e o concreto. As ferragens podem chegar em carretas e cortadas e preparadas no canteiro de obras, ou já virem prontas do fornecedor. O concreto pode chegar em betoneiras e seu lançado por bombas, sendo bombeados diretamente nas formas. Avaliação Global – ferramentas de análise Vários são os aspectos a serem observados nas atividades de transporte de cargas, alguns dos quais podem ser redundantes, ou seja, mais de um fator pode ter contribuído para a ocorrência de um acidente ou um incidentes, como por exemplo, o rompimento de uma eslinga, sem que a carga tenha ido ao solo, em uma atividade de içamento conjugada com a movimentação. As causas básicas podem ser definidas através de pesquisas e análises dos acidentes. Neste paper utilizou-se como base para a análise uma listagem de 221 acidentes de transporte de cargas, sem se distinguir, nessa fase, as características das cargas. A relação das causas básicas é a apresentada a seguir: Causas básicas Rompimento de lingadas Mau dimensionamento dos pesos e dispositivos de içamento Tombamento do veículo transportador Irregularidades no piso Movimentação em função do vento Balanço excessivo em função dos desníveis de terreno Quebra da lança de içamento do equipamento de guindar Falhas operacionais Falhas no planejamento das atividades Quebra dos acessórios de içamento da carga Defeito de materiais Quebra dos pontos de amarração Quebra dos pontos de pega Rompimento das embalagens Queda do material transportado por má estiva Dimensionamento inadequado do centro de gravidade Impacto contra objetos fixos ao longo do caminho Impacto contra objetos móveis % acidentes 55% 30% 15% 25% 10% 15% 5% 40% 35% 20% 65% 10% 10% 45% 20% 15% 25% 20%
  • 10. (Navarro, 2012) Acidente provocado pelo choque da carreta contra um poste, posicionado em um trecho com curva. Transporte especial com duas carretas.
  • 11. Riscos observados nos transporte de cargas Os principais riscos que devem ser avaliados para a realização devem ser extraídos da planilha apresentada anteriormente. Mas, pode-se simplificar essa análise em alguns tópicos, como a saber: 1. Toda a atividade, por mais simples que seja, deve ser planejada. O planejamento deve contemplar não só a própria atividade do transporte, como também o ambiente onde essa atividade se desenvolverá. Para movimentações com cargas de grandes dimensões e peso deve-se utilizar modelos de simulação em 3D, que possibilitam obter-se alternativas mais seguras; 2. A carga transportada deve ser observada como um todo, avaliando-se, no estudo: • Dimensões; • Peso; • Centro de gravidade do conjunto; • Centro de gravidade do componente de maior peso; • Possibilidade de modularizar-se o transporte; • Existência de protuberâncias, extremidades e ressaltos, que podem ser pontos de contato com objetos durante o transporte; • Utilização de lingadas com coeficiente de segurança maior ou igual a 5; • Existência de pontos de pega ou de amarração das lingadas; • Inspeção de todos os pontos, suas conexões e soldas; • Inspeção de todo o material empregado na atividade, cabos e todos seus acessórios; • Definição do meio de transporte, assegurando-se que haja uma folga mínima entre a capacidade do mesmo e o peso da carga superior a 3; • Verificação se todos os componentes do meio de transporte; • Avaliação do percurso, verificando: Possíveis pontos de contato, Irregularidades do piso, Restrição quanto à largura, Possibilidade de a carga ser deixada sobre calços caso haja ventos com velocidade superior a 15km/h, Possibilidade do equipamento de transporte ficar parado por razões técnicas, sem que haja o estorvo na circulação dos demais veículos,
  • 12. Proximidade de linhas elétricas, Proximidade da movimentação de outras cargas, Movimentação de pessoal sob a carga, Obstruções a serem ultrapassadas, Existência de aclives ou declives. • Local onde a carga será depositada; • Existência de guias ou de pontos de conexão com outros elementos; 3. Toda a atividade de movimentação de cargas de grandes dimensões ou pesos deve ter APENAS UM RESPONSÁVEL, a quem todos devem se reportar; 4. TODOS os envolvidos na operação são importantes e necessários. Assim, deve existir um meio seguro de comunicação com as pessoas. O operador do equipamento ou operadores, já que há transportes com vários equipamentos envolvidos, como apresentado em algumas fotografias anteriores, devem ter sistema de comunicação segura, já que as sinalizações habituais por gestos podem ser mal interpretadas ou entendidas, podendo ser a causa de um acidente; 5. Especial atenção deve ser dado a trechos do percurso com curvas ou com mudança do alinhamento da estrada, principalmente se a carreta for longa, com mais de 30 metros. Acessórios empregados na movimentação de cargas Alavanca com catraca
  • 13. Amarração da carga Anéis ou argolas Barra de carga para içamento Cadernais Carretilha elétrica
  • 15. Cinta plana Destorcedor olhal-manilha Dispositivos para extremidade dos cabos Gancho automático
  • 16. Gancho com olhal Gancho com trava livre Estropos
  • 17. Gancho e moitão Ganchos simples para elevação de carga Garra de pega Laços de cabos
  • 18. Moitão com gancho Manilha reta Moitão de madeira
  • 19. Moitão duplo Mosquetão com gancho Mosquetão com trava dupla
  • 20. Pega chapas Polia e olhal Quadro de içamento Sapatilha de aço Soquete aberto
  • 21. Tenaz Tirfor Viga de içamento Conclusão Por fim, uma atividade de transporte de carga é perigosa e pode apresentar complexidades que aumentam o grau de risco. Em muitas dessas operações os trabalhadores devem se aproximar tanto quanto possível para o posicionamento de spinas ou parafusos de fixação. Nesses momentos, qualquer balanço da carga pode significar pessoas mortas ou com graves lesões. Os acidentes somente podem ser considerados como algo normal quando um ou vários procedimentos de segurança são descumpridos. Basta que o planejamento seja mal executado para que a probabilidade de ocorrência de acidentes cresça exponencialmente. Isso costuma ocorrer
  • 22. quando a empresa não possui a adequada cultura de segurança, quando as atividades são realizadas “para ontem” e quando há improvisos. Somente estes três itens citados neste parágrafo já seriam responsáveis por mais de 60% das ocorrências de acidentes.