O documento analisa os riscos à saúde dos trabalhadores da construção civil e a aplicação dos programas de controle médico de saúde ocupacional. Discute os principais agentes de risco como poeiras, ruído, vibração e esforço físico, e as doenças associadas como problemas respiratórios, auditivos, musculoesqueléticos e acidentes de trabalho. Também aborda a importância da avaliação médica, capacitação dos trabalhadores e implementação de ações de promoção da saúde.
3. Análise Crítica do PCMSO
Aplicado na Construção Civil
O que é um canteiro de obras?
Atividade com esforço físico intenso em muitas das funções
Localização do canteiro
Tipo de obra (residencial, comercial.../ obra viária...)
Algumas funções requerem atenção especial: Op. de equipamentos
móveis e motoristas
Trabalho em altura
Trabalho noturno
Espaços confinados
Tempo e estresse (prazos, tarefas, organização do trabalho/medições)
Fenômeno da Terceirização MO, Precarização, ...
Avaliação de doenças em tratamento (ou não adequadamente
controladas - ex: DIP, HAS, DM, neurológicas...)
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4. • Agentes Químicos:
Poeiras
Produtos de alvenaria
Tintas, solventes, Impermeabilizantes
• Agentes Físicos:
Ruído
Vibração
Radiações não-ionizantes
• Agentes Biológicos:
Aspectos sociais,
Culturais,
Perfil de adoecimento
Escavação
Saneamento
• Riscos Ergonômicos:
Posturas
Esforço físico intenso
Repetitividade
Trabalho em turnos e noturno
Organização do trabalho (tarefas, produtividade)
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5. Análise Crítica do PCMSO
Aplicado na Construção Civil
Agentes Químicos
Tintas e solventes – monitorar exposição + funções hepática e
renal – TGO/TGP/GGT/Creatinina
Situações diversas – Aditivos, resinas, mistura de HPA…
(fenol, MEC,…)
Aerodispersóides – RX tórax
1987)
(OIT, 1980)
e espirometria
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(ATS,
6. Análise Crítica do PCMSO
Aplicado na Construção Civil
Agentes Físicos:
Ruído – Audiometria – Anexo I Qdo. II
(Port.19/1998)
Vibração – efeitos cardiovasculares, osteomusculares, audição…
Radiações não-ionizantes – pele, olhos
Calor, frio, umidade
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7. EFEITOS DA VIBRAÇÃO
Efeitos em 3 dimensões (Eixos X, Y e Z)
Oscilações verticais (ex: veículos, plataformas de trabalho)
- freqüências < 1 Hz - variações de aceleração no aparelho vestibular →
náuseas e vômitos
- vibrações até ± 100 Hertz - patologias coluna vertebral, do aparelho
digestivo, da visão, da função respiratória, da função cardiovascular,
além de inibição de reflexos
Oscilações de ferramentas motorizadas - lesões vasculares em
extremidades (Raynaud)
Na Construção Civil - VCI e VL
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8. CALOR E FRIO
A exposição prolongada ao calor excessivo:
• irritabilidade, fraqueza, depressão, ansiedade e ↓ concentração
• casos mais graves: erupção (vesículas), desidratação, câimbras
até síncope e coma.
No FRIO – vasoconstricção, mudança da cor da pele, parestesias,
dor, anestesia transitória, até o congelamento de tecidos profundos
com isquemia persistente, cianose profunda, trombose…
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9. RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES
Radiação Ultravioleta
- luz solar, lâmpadas e solda a arco. A RUV da luz solar é essencial
para a síntese de vitamina D na pele e em outros aspectos
fisiológicos da vida humana. Entretanto, pode ocasionar uma
variedade de efeitos patológicos, como queimaduras, mudanças de
pigmentação da pele, alterações imunológicas e cancer de pele.
- Olhos: queratite e conjuntivite, que aparecem poucas horas após
uma exposição excessiva e normalmente regridem em um a dois
dias. Entretanto, a exposição prolongada pode contribuir para a
formação de cataratas.
- Pele: desde eritema até o aumento da incidência de CA.
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10. Agentes Biológicos: Escavação e Saneamento
Tétano (*)
Ascaridíase
Ancilostomíase
Blastomicose
Leishmaniose
Histoplasmose
Leptospirose
Hepatite A e B (*)
Malária (*)
Doenças transmitidas por animais sinantrópicos em áreas de
vivência
(*) Vacinação, quimioprofilaxia
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11. Riscos Ergonômicos:
– Levantamento e transporte manual de peso
– Posturas inadequadas
– Esforço físico intenso
– Jornadas prolongadas
– Tarefas…
– Repetitividade
– Trabalho em turnos e noturno
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12. Espaços Confinados (NR 33)
Importante
lembrar:
1.
2.
3.
Entrada (regras claras de
segurança mediante inspeção
prévia,…)
Permanência (monitoramento
contínuo)
Plano e Treinamento para
Resgate (treinamento e
capacitação de equipe de
resgate e prontoatendimento)
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13. Análise Crítica do PCMSO
Aplicado na Construção Civil
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
Acidentes do Trabalho
PAIR
Patologias Musculo-esqueléticas
Patologias de Pele
Patologias Pulmonares
Patologias hepáticas
Patologias renais
DIP, Metabólicas, Cardiovasculares, Neurológicas e
outras
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14. Análise Crítica do PCMSO Aplicado na Construção Civil
Acidentes do Trabalho
Italia (CENSIS) – 918 mortes AT em 2007 (AT>transito>violência urbana)
Alemanha – 678
Espanha – 662
França – 593
No Brasil ~ 3 mil mortes /ano
Brasil:
Construção Civil em 2008
Quantidade total de acidentes: 49.191
Qtd. total com CAT registrada: 37.677
Qtd. total sem CAT registrada: 11.514
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Fontes: AEPS e CENSIS
15. NOISE-INDUCED HEARING LOSS IN
CONSTRUCTION WORKERS
ICOH Congress, 2003, Iguassu Falls, Brazil
José Carlos Dias Carneiro, MD
Luciano de Souza Barros, MD
jccarneiro@esame.com.br
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16. RESULTADOS
Os resultados mostraram que dos 4386 trabalhadores
da construção civil, avaliados no período de junho de 1998 a
dezembro de 2002, 2676 (61,01%) apresentaram
audiogramas normais e 1710 (38,99%) alterados. O
comprometimento
auditivo
caracterizou-se
como
predominantemente bilateral (75,38%) e de grau leve
(50,58%).
Os trabalhadores foram classificados de acordo com as
suas funções.
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17. Fig. 5 - Percentual de audiometrias alteradas em
carpinteiros de acordo com a faixa etária:
90%
81%
72%
63%
54%
45%
36%
27%
18%
9%
0%
20 a 25
anos
26 a 30
anos
31 a 35
anos
Alteradas
36 a 40
anos
41 a 45
anos
46 a 50
anos
> 50
anos
Expon. (Alteradas)
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18. Patologias Musculo-esqueléticas
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, arrastar pesos (ex: remoção com pá) - 440Kcal/h
Trabalho fatigante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . - 550 Kcal/h
Esforço físico intenso
Levantamento e transporte manual de peso
Emprego de força
Posturas
Organização do trabalho
Jornadas prolongadas
Aspectos socioculturais
Patologias de coluna vertebral
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Patologias osteo-musculo-ligamentares
19. Análise Crítica do PCMSO
Aplicado na Construção Civil
Dermatoses Ocupacionais
Quadro clínico, história de exposição ocupacional, concordância
entre o início do quadro e o início da exposição, bem como a
localização das lesões em áreas de contato com os agentes
suspeitos.
Melhora com o afastamento e piora com o retorno ao trabalho
O cimento, por ser abrasivo, alcalino e altamente higroscópico,
pode produzir ulcerações rasas ou profundas. O tempo de contato
mais a pressão e atrito exercido pelo calçado e/ou vestuário são
fatores importantes no aparecimento destas lesões.
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21. Fonte: Prof. Dr. José Inácio de Oliveira
Departº Med Preventiva – FCM - UNICAMP
21
22. Fonte: Prof. Dr. José Inácio de Oliveira
Departº Med Preventiva – FCM - UNICAMP
22
23. Análise Crítica do PCMSO Aplicado na Construção Civil
Patologias Pulmonares
Silicose
Na construção civil:
- os trabalhadores podem estar expostos a grande quantidade
de poeiras finas de sílica em operações como talhar, utilizar
marteletes, perfurar, cortar, moer, serrar, movimentar
materiais e carga, trabalho de pedreiro, demolição, varredura
a seco, acabamentos em mármores e outras pedras.
- asbestos, poeiras de madeira,...
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24. Análise Crítica do PCMSO
Aplicado na Construção Civil
• Perfil de adoecimento da localidade do CO
• Doenças crônico-degenerativas
(as doenças
cardiovasculares, diabetes, obesidade, cancer e as doenças
respiratórias)
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25. Prevalência de HAS por Faixa Etária:
Carneiro e cols, ICOH 2003
70%
60%
58,00%
50%
40%
38,39%
30%
27,80%
20%
10%
14,96%
9,67%
0%
Até 30 anos
31 a 40 anos
41 a 50 anos
HAS
51 a 60 anos
25
61 a 70 anos
26. O conhecimento científico atual nos autoriza a iniciar prevenção
e devem ser enfatizados em jovens.
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27. Análise Crítica dos PCMSOs na Construção Civil
EXAMES OCUPACIONAIS:
- História clínica e anamnese ocupacional
- Exame Clínico boa qualidade
- Os exames são complementares ao exame clínico
- Analisar custo/efetividade dos exames
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28. EXAMES COMPLEMENTARES para Operadores de
Máquinas, Altura, Espaços Confinados
antes de complementares: um BOM exame clínico, com bom
histórico clínico e ocupacional + Acuidade Visual
(ideal: só devem ser encaminhados após teste
de avaliação psicológica)
PRÉ-ADMISSIONAL
Audiometria
Glicemia de jejum
Eletrocardiograma
Teste Ergométrico (apenas > 40 anos)
Eletroencefalograma (*)
Espirometria
RX de Tórax
PERIÓDICOS - Glicemia e ECG apenas se > 40 anos ou a critério do
examinador
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29. OPERADOR DE MÁQUINAS, ALTURA, ESP. CONFINADOS
( há risco de perda da consciência?)
Avaliação Neurológica:
Convulsões (epilepsia?) – EEG pode ser normal em + ou - 10%
portadores, lembrando que nos Epilépticos o EEG é positivo em 50%
e 90% se associado a métodos de ativação (fechamento ocular,
fotoestimulação, sono, estímulos sonoros, etc)
Avaliação Metabólica:
DMNID (apto e controle)
DMID (inapto)
Etilismo?
Avaliação Cardiológica:
HAS não controlada
Arritmias Cardíacas
Doença Coronariana e outras doenças cardíacas
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30. AÇÕES COMPLEMENTARES DE SAÚDE
Deverão ser implementadas em acordo com o PCMAT e seu calendário,
observando perfil de saúde, adoecimento e local dos funcionários
Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
Programas Preventivos
Programas de Gestão de Doenças Endêmicas e Crônicodegenerativas
Capacitação e Treinamentos diversos
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31. Capacitação e Treinamento:
a) Capacitação continuada em Resgate com
simulações (Movimentação de vítima no interior
de espaço confinado)
b) Adequação de PPR após identificação dos agentes
c) Treinamento adequado e continuado em PHTLS,
ATLS, BLS e ACLS.
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32. NR 18-Construção Civil
PORTARIA SIT nº 201/2011: 24.01.2011, com a retificação publicada no
DOU:31.01.2011 - Altera a NR 18.
18.15.2.7 Nas atividades de montagem e desmontagem de andaimes, deve-se
observar que:
a) todos os trabalhadores sejam qualificados e recebam treinamento
específico para o tipo de andaime em operação;
b) é obrigatório o uso de cinto de segurança tipo paraquedista e com duplo
talabarte que possua ganchos de abertura mínima de cinquenta milímetros e
dupla trava;
c) as ferramentas utilizadas devem ser exclusivamente manuais e com
amarração que impeça sua queda acidental; e
d) os trabalhadores devem portar crachá de identificação e qualificação, do
qual conste a data de seu último exame médico ocupacional e treinamento.
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