SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 170
ANAIS
Manaus, AM
2
RESUMOS INDICATIVOS
DOM BOSCO EDUCADOR NO SÉCULO DAS LIBERDADES
Pe. João da Silva Mendonça Filho, sdb
RESUMO: O objetivo deste ensaio é apresentar as grandes linhas de Dom Bosco educador no século XIX, diante das grandes mudanças
daquela época. Ele intuiu que o cerne de todas as transformações que estavam acontecendo na cidade de Turim era de cunho cultural. Sua
sensibilidade de padre educador o levou a optar pelos jovens abandonados e excluídos da vida social, religiosa, econômica e politica. Para
eles e com eles organizou um estilo de vida familiar fundando na preventividade, não como uma estratégia educativa, mas uma forma de estar
com os jovens. Dom Bosco não agiu sozinho nem criou nada apensa pela intuição. Soube ler os sinais dos tempos e conseguiu traduzir em
iniciativas pastorais e educativas uma forma de promover o jovem, valorizá-lo e prepará-lo para viver na sociedade como bom cristão e
cidadão honesto.
DOM BOSCO, MESTRE DE ESPIRITUALIDADE
Pe. João Sucarrats, sdb
RESUMO: Para falar de Dom Bosco como Mestre de espiritualidade é preciso partir da definição de alguns conceitos que são usados na
linguagem comum, e também em textos impressos, com uma grande variedade de significados. A espiritualidade cristã tem como sentido
unívoco o seguimento de Jesus Cristo, que se diversifica de acordo com os tempos e as culturas e o peso que se dá às mediações que
ajudam a participar “por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo”, da vida divina. Dom Bosco foi influenciado por diversos
Mestres de Espiritualidade e aos poucos foi elaborando, mais na prática que na teoria, um caminho de santidade para si, para os seus e para
os jovens, que se resume no famoso “bons cristãos e honestos cidadãos” e na prática das virtudes do trabalho e da temperança.
A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Gilson Tenório, Francisca Sousa, Lorena Leite, Núbia Ferreira, Ana Paula Sá Menezes
RESUMO: Numa visão tradicional, o principal objetivo das empresas era ganhar dinheiro tanto quanto possível, maximizando o valor
financeiro para os proprietários e acionistas. Agora, uma empresa precisa analisar seus empreendimentos não só a partir da rentabilidade
econômica. Existem agora duas outras contas a considerar: Social e Ambiental. A nova tendência em direção a um modelo socioeconômico
em que as empresas já não têm o único objetivo de maximização do lucro, é expressa na adoção da Responsabilidade Social Empresarial
(RSE) na gestão empresarial. O objetivo desse trabalho é proporcionar uma revisão da literatura analisando o conceito de RSE e as teorias
por trás dele. Conclui-se que a Cadeia de Valor Corporativa busca o diálogo entre acionistas e stakeholders para que se vejam como
parceiros e não como adversários no palco das mudanças de comportamentos social e ambiental exigidas pelos consumidores.
A NATUREZA DA LIDERANÇA NA FACULDADE SALESIANA DOM BOSCO
Odete Ferreira Coelho, Carlos Henrique Soares Carvalho
RESUMO: O presente artigo apresenta a investigação sobre o estilo de liderança predominante nos ocupantes de cargos de chefia da
Faculdade Salesiana Dom Bosco. De um modo geral, as pessoas não entendem o verdadeiro significado da palavra liderança ou tem
dificuldade de encontrar métodos para ser um bom líder. Existem muitos autores que conceituam a respeito da liderança e indicam caminhos
e estratégias não só, para se tornar um líder, mas também para desenvolver as habilidades profissionais dos seus colaboradores. A
metodologia utilizada na pesquisa foi de caráter exploratório que possibilita maior familiaridade com o problema, através da aplicação de
questionário com perguntas abertas e fechadas e estudo bibliográfico sobre o assunto em tela, tendo-se destacado a natureza da liderança
que trata White, a partir da metáfora dos répteis e dos mamíferos. A partir da pesquisa, concluiu-se que os ocupantes de cargos de chefia na
FSDB tendenciam a serem grandes lideranças, o que é fundamental para o crescimento de qualquer empresa, seja ela com fins lucrativos ou
não.
3
O FORTALECIMENTO DA INTEGRIDADE ÉTICA DO FUTURO CONTADOR
Núbia Ferreira, Naiara Limeira Moura, Francisca Souza da Silva, Gilson Tenório, Ana Paula Sá Menezes
RESUMO: Infelizmente, situações adversas, resultando em amoralidade, ocorrem muito frequentemente nas áreas de direito, negócios e no
próprio governo brasileiro. Na área contábil, obrigações profissionais podem colocar o contador em uma situação onde o mesmo é suscetível
às pressões da moralidade. Se o contador se envolve em atos consistentes com a amoralidade, pode resultar em danos significativos não só
à empresa, mas à sociedade de maneira geral. O presente estudo busca uma reflexão sobre o papel da ética profissional contábil. É uma
pesquisa exploratória e bibliográfica. Conclui-se que ao reforçar princípios éticos nos contadores em formação nas universidades é condição
sine qua non para que o país e empresas privadas tenham transparência em suas contas, diminuindo o desvio de recursos e estimulando o
trabalho honesto como uma fonte para o crescimento pessoal.
DESCRITORES: Ética Contábil; Contador em Formação.
A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Silvia de Freitas Gil, Maria Roseane Gonçalves de Menezes
RESUMO: Este artigo refere-se a uma pesquisa realizada com professores do Ensino Fundamental do turno matutino de uma escola da Rede
Pública Municipal da cidade de Manaus. Objetivou-se analisar as concepções de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental do
turno matutino de uma Escola Pública Municipal da cidade de Manaus a cerca da avaliação da aprendizagem. A pesquisa é qualitativa,
bibliográfica e de campo, onde para a coleta de dados recorremos a entrevistas e observações diretas em sala de aula. Apresentamos
primeiramente um conceito de avaliação, abordamos sobre o processo histórico, tendências e avaliação da aprendizagem com intuito de
conhecer melhor o caminho utilizado pelo professor no ato de avaliar. Discutimos sobre o professor e suas metodologias, se o mesmo busca
novas técnicas de abordagem e se favorecem a aprendizagem dos alunos. O estudo torna-se relevante, por apresentar discussões a cerca da
avaliação no processo de ensino e aprendizagem observando que muitos professores consideram a avaliação ainda de forma tradicional
como uma ação que deve ocorrer num fim de um ciclo didático. Os dados coletados foram analisados com base na triangulação onde damos
á total importância as vozes dos entrevistados, do pesquisador e dos teóricos que abordam sobre a temática. Reconhecemos que para se
obter um desempenho educacional favorável, é necessário ressignificar a avaliação da aprendizagem, discutindo sobre a temática na escola
nos momentos de reuniões pedagógicas, pontuando o que é possível fazer para que todos os alunos sejam atendidos de forma satisfatória,
aprendendo o que está sendo ensinado.
AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGÜE DE ALUNOS COM
SURDEZ NA ESCOLA INCLUSIVA
Jocilene Maria da Conceição Silva, Maria Estelita Pereira Ferreira, Yuri Expósito Nicot
RESUMO: Este artigo tem como objetivo principal, analisar de que maneira a gestão das escolas tem contribuído na educação bilíngüe de
alunos com surdez nas escolas públicas que devem ser inclusivas, visto que, os documentos legais que norteiam a educação inclusiva
preconizam que a escola regular precisa estar preparada para recebê-los. Na realidade, a questão principal da educação de surdos se dá na
aquisição da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS paralelamente a Língua Portuguesa, o que se denomina “Educação Bilíngüe”.O trabalho
realizou-se metodologicamente, embasado em uma pesquisa bibliográfica, dando ênfase para a análise em uma abordagem qualitativa e
participativa. Percebe-se que para que se efetive uma educação de fato inclusiva, a gestão necessita ser democrática e participativa, para que
possa estar contribuindo para a inclusão desses alunos, tendo o Projeto Político Pedagógico como instrumento norteador das ações
desenvolvidas na escola.
4
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NA SAÚDE
Tatiana Sá Menezes, Ana Paula Sá Menezes
RESUMO: A escola é um campo imprescindível ao desenvolvimento de projetos de saúde coletiva. O objetivo da pesquisa foi identificar a
partir de conceitos de Educação em Saúde utilizados por pesquisadores de Saúde Coletiva, qual seria a tendência pedagógica mais profícua
para se promover a Educação em Saúde na comunidade escolar. As tendências pedagógicas analisadas foram: liberal (tradicional) e
progressista (libertária, libertadora e histórico-crítico-social dos conteúdos). A pesquisa foi bibliográfica e exploratória. Conclui-se que as
propostas educacionais baseadas na reflexão, na crítica e na conscientização do indivíduo enquanto cidadão, são as mais propícias quando
se fala em implantar novos projetos educativos na promoção da saúde.
PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE MANAUS
Maria Elaine Gonçalves de Menezes Pinheiro, Josafá Lima Ramos, Maria Roseane Gonçalves De Menezes
RESUMO: O presente artigo objetiva abordar sobre a questão da Pedagogia Hospitalar, considerando que essa se apresenta como uma parte
importante da pedagogia geral. Buscamos especificamente descrever sobre o atendimento hospitalar desenvolvido em um hospital da cidade
de Manaus e refletir sobre esse atendimento educacional a partir de uma fundamentação teórica pautada nos princípios da Educação
Inclusiva. O que nos suscitou a apresentar esse artigo foi à preocupação com a educação de crianças fora dos espaços escolares,
acreditamos que nesse novo espaço que envolve características medicas e pedagógicas a educação pode se fazer presente. O estudo é de
cunho qualitativo, por apresentarmos dados relevantes que nos fazem refletir sobre a questão da Pedagogia Hospitalar. Envolve uma
pesquisa de campo e bibliográfica. Os dados coletados partiram das observações participantes no local do atendimento hospitalar, conversas
dirigidas com pais por meio de reuniões e elaboração de relatórios mensais sobre o atendimento hospitalar por nos desenvolvido. O torna-se
relevante por motivo da política educacional propagar a educação inclusiva, nesse sentido entende-se que as crianças que estão
hospitalizadas não podem ficar a margens do processo escolar, visto que, possuem esse direito adquirido e assegurado em leis.
AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DE ALUNOS FINALISTAS E EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO
Maison Antonio dos Anjos Batista, Silvana Andrade Martins
RESUMO: Não há um consenso para se chegar a uma definição de analfabetismo funcional, pois depende da quantidade de leitura que uma
sociedade coloca para seus cidadãos e das expectativas educacionais esperadas por essa sociedade. Dados do INAF mostram que as
pessoas têm tido mais acesso à escolarização, mas não acompanharam a média em termos qualitativos. Há programas nacionais e
internacionais que avaliam a qualidade da educação como o PISA e o ENEM. Fez-se então uma pesquisa através de questionário e entrevista
com alunos finalistas e egressos em uma Escola Estadual de Manaus para se conhecer o perfil de leitura e escrita desses e saber se a escola
está cumprindo com seu papel de fazer com que a pessoa seja produtora de conhecimento e participante do mundo como rezam os PCN’s do
Ensino Médio. Conclui-se que mesmo metade dos alunos entrevistados acreditarem que a escola não cumpreseu papel eles sabem onde
buscar informações e soluções para as dificuldades relacionadas à leitura e à escrita do dia a dia, em um texto conseguem fazer a
recuperação de uma informação, mas têm dificuldades em refletir sobre o conteúdo de um texto, avaliando a pertinência de uma seção do
texto em relação ao seu significado e propósito gerais. A pesquisa tem grande importância para se conhecer as expectativas dos alunos e
egressos em relação à escola sabendo se essa está atendendo a necessidade dos mesmos, bem como conhecer o perfil de leitura e escrita
dos entrevistados.
O ATO DE LER E A LÍNGUA PORTUGUESA: UM ENFOQUE A PARTIR DE PAULO FREIRE
José Cavalcante Lacerda Junior, Antonia Gilmara Lira de Lacerda
RESUMO: A leitura como instrumento de decodificação dos signos linguísticos ganha uma maior amplitude com a concepção de Paulo Freire
que entende a leitura como uma forma de compreender os intercursos ideológicos da realidade. Neste sentido, o presente artigo está
organizada em dois tópicos, a saber: No primeiro, a leitura a partir da perspectiva freireana destaca a importância da leitura na constituição
biográfica de Freire, evidenciando seu conceito de leitura e sua aplicação em seu modelo educativo. No segundo evidencia a prática da leitura
ao longo do decurso histórico no Brasil, demonstrando a mesma como um instrumento da elite para manutenção do poder. Ressaltou-se,
ainda, a importância da leitura na disciplina de Língua Portuguesa como prática cognitiva e como instrumento de entendimento de mundo.
Desta forma, busca-se destacar a importância da leitura na construção de um ser humano crítico e instrumentalizado para transformação
ideológica da sociedade.
5
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA
Ana Moreira, Jocilene Maria da Conceição Silva
RESUMO: não apresentou
A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
Silvia de Freitas Gil, Maria Roseane Gonçalves de Menezes
RESUMO: Este artigo refere-se a uma pesquisa realizada com professores do Ensino Fundamental do turno matutino de uma escola da Rede
Pública Municipal da cidade de Manaus. Objetivou-se analisar as concepções de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental do
turno matutino de uma Escola Pública Municipal da cidade de Manaus a cerca da avaliação da aprendizagem. A pesquisa é qualitativa,
bibliográfica e de campo, onde para a coleta de dados recorremos a entrevistas e observações diretas em sala de aula. Apresentamos
primeiramente um conceito de avaliação, abordamos sobre o processo histórico, tendências e avaliação da aprendizagem com intuito de
conhecer melhor o caminho utilizado pelo professor no ato de avaliar. Discutimos sobre o professor e suas metodologias, se o mesmo busca
novas técnicas de abordagem e se favorecem a aprendizagem dos alunos. O estudo torna-se relevante, por apresentar discussões a cerca da
avaliação no processo de ensino e aprendizagem observando que muitos professores consideram a avaliação ainda de forma tradicional
como uma ação que deve ocorrer num fim de um ciclo didático. Os dados coletados foram analisados com base na triangulação onde damos
á total importância as vozes dos entrevistados, do pesquisador e dos teóricos que abordam sobre a temática. Reconhecemos que para se
obter um desempenho educacional favorável, é necessário ressignificar a avaliação da aprendizagem, discutindo sobre a temática na escola
nos momentos de reuniões pedagógicas, pontuando o que é possível fazer para que todos os alunos sejam atendidos de forma satisfatória,
aprendendo o que está sendo ensinado.
ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA QUALIDADE DE VIDA DE UNIVERSITÁRIOS
Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Denise Machado Duran Gutierrez, Maria Luiza de Andrade Picanço Meleiro,
Ingrid dos Santos
RESUMO: O presente artigo tem os objetivos de analisar os escores de qualidade de vida dos universitários da Escola de Saúde da
Universidade do Estado do Amazonas; verificar os escores de qualidade de vida total e suas dimensões (física, psicológica, social, ambiental)
e correlacionar os níveis de qualidade de vida com as variáveis sócio demográficas. Método: pesquisa transversal quantitativa. Utilizados dois
questionário: sócio demográfico e o WHOQOL- abreviado (OMS). Resultados: Os escores de QV geral indicou satisfação com a vida (70,4%),
enquanto os domínios físico, psicológico, social e meio ambiente apresentaram respectivamente os escores de 59,5%, 70,3%, 67,6% e
53,1%. Conclusão: A população obteve escores de qualidade de vida que expressam satisfação com a vida, com prejuízo nos domínios físico
e meio ambiente ao considerar a escala de 0 (pior QV) a 100 (melhor QV).
UMA EXPERIÊNCIA SOBRE DISCIPLINA E AFETIVIDADE NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS
NA CASA MAMÃE MARGARIDA À LUZ DO SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO
Eneila Raimunda Lima Oliveira
RESUMO: O presente relato de experiência trata-se de um projeto realizado com as crianças e adolescentes atendidas na Casa Mamãe
Margarida. Partindo da constatação de que a aprendizagem começa muito cedo, quando ainda somos bebê e que a partir do ensino formal as
dificuldades desse processo costumam se tornar mais evidentes, faz-se necessário que a escola possa intervir de forma eficaz, sem deixar
que a vida, o cotidiano e a rotina roubem a sensibilidade, o olhar, o reconhecimento e a importância de cada detalhe. A disciplina, o bem
comum, o bom comportamento, a importância da higiene adequada e a afetividade; valores e virtudes que bem trabalhados têm o poder de
transformar a dor em amor, o sofrimento em alegria. Dom Bosco dizia que por mais problemático que pudesse parecer um jovem, se o
olhássemos de dentro para fora iríamos encontrar nele a semente do bem. O sistema preventivo remonta a credibilidade no protagonismo
juvenil com o qual se deve acreditar que a jovem pode, ela não é uma “coitadinha”, uma mera vítima, mas agente de sua própria história, um
ser humano em potencial, sujeito ativo social e pessoal.
6
EDUCAÇÃO RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA ATUAL LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Francisco Sales Bastos Palheta
RESUMO: No presente trabalho você terá os principais elementos para fazer uma breve e ao mesmo tempo proveitosa relação entre as
contribuições das Ciências da Religião, os Direitos Humanos, o Direito Educacional na legislação brasileira e o Ensino Religioso Escolar. Tudo
realizado em forma de diálogo com autores, legislações, declarações, estatutos e minha contribuição pessoal. No primeiro momento,
menciono de modo breve as principais contribuições das diversas escolas das Ciências da Religião, seguida de breves recortes históricos no
processo de conquista dos Direitos Humanos. Continuando o texto dialogo autores, declarações, artigos da Constituição Federal e da Lei das
Diretrizes e Bases da Educação. Encerrando enumero algumas conclusões e aponto algumas perspectivas.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
Jocilene Maria da Conceição Silva, Maria Roseane Gonçalves de Menezes, Maria Waldelores Pinheiro Bessa
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo analisar a formação dos professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a influência nas
suas práticas pedagógicas. Buscamos entender como a formação inicial e continuada e influência na prática pedagógica de 06 (seis)
professores de uma Escola Pública Estadual da Cidade de Manaus/AM. A pesquisa centrou-se em uma abordagem qualitativa, onde
utilizamos questionários para a coleta das informações. Consideramos de suma importância discutir sobre a formação dos professores que
atuam na Educação de Jovens e Adultos, uma vez que estes profissionais em parte são responsáveis pelo retorno e permanência de pessoas
que estavam desligadas dos estudos, reincorporando-as na sociedade escolar e resgatando sua identidade e cidadania para que possam
entender e atuar na sociedade em que vivem.
JOGOS OLÍMPICOS BOSCONIANOS NA PEDAGOGIA SALESIANA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Maurício Cordeiro Barbosa
RESUMO: O presente relato baseia-se na experiência vivenciada nas trinta e quatro edições dos Jogos Olímpicos Bosconianos no Colégio
Dom Bosco de Manaus demonstrando a importância e o valor educacional dos jogos como elemento que contribuem na formação humana
numa perspectiva social pautada nos princípios educativos de Dom Bosco. Como objetivo, desde os primórdios da sua criação no ano de
1977, o foco sempre foi a promoção do carisma e da identidade Salesiana a partir das dimensões: esportiva, pedagógica, espiritual e cultural.
O trabalho prático destaca as experiências em três momentos distintos: inicialmente na perspectiva de aluno/atleta, como educador na função
de assessor e finalmente como coordenador geral. O trabalho finaliza com algumas reflexões acerca do valor educativo dos Jogos e as
implicações na vida dos alunos.
OS PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR
Eduardo Segura, Josefina Kahil
RESUMO: O Presente artigo visa articular entre três autores as abordagens de interdisciplinaridade de cada um e as principais variáveis
encontradas a partir de um estudo minucioso desses autores. Desta forma, por intermédio da técnica de triangulação, se tem por objetivo
estudar e compreender com maior profundidade o tema apresentado. A metodologia desenvolvida no artigo possibilita abranger e unificar três
teóricos diferentes ao mesmo tempo articulando áreas do conhecimento diversificado. Sendo assim, temos uma clara compreensão da
interdisciplinaridade e sua prática no cotidiano institucional e acadêmico.
O USO DO BLOG EM UM PROJETO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lauriberto Araújo da Silva, Liany Oliveira Ferreira, Maurício da Silva Bentes
RESUMO: Este trabalho consiste em um relato de experiência sobre a criação de blog como recurso de apresentação de um projeto
interdisciplinar no Ensino Médio. A experiência descrita trata de um projeto interdisciplinar desenvolvido com quatro turmas do primeiro ano do
Colégio Dom Bosco de Manaus, envolvendo dez componentes curriculares. No presente trabalho apresentou-se uma reflexão sobre a
utilização do blog no contexto escolar, a fim de demonstrar as possibilidades de uso desta ferramenta no processo ensino/aprendizagem.
7
PROJETO ENCHENTES NA REALIDADE AMAZÔNICA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR
José Cavalcante Lacerda Jr., Lourenço Almeida da Silva Filho, Rafael Raimundo Oliveira Albuquerque
RESUMO: Este relato visa demonstrar a experiência de um projeto disciplinar realizado no Colégio Dom Bosco de Manaus que contou com a
participação de nove professores envolvendo os componentes curriculares de Artes, Biologia, Educação Física, Ensino Religioso, Filosofia,
Física, Geografia, História e Química. A realização do projeto sobre as enchentes na realidade amazônica: os rios e seus limites teve como
base o propósito de enriquecer a formação escolar, através da participação dos alunos e professores dos diversos componentes curriculares
e áreas em atividade interdisciplinar com base na transversalidade de conteúdos e contextualização possibilitando um conhecimento sobre as
enchentes na realidade amazônica. Cada professor fez a sua abordagem, levando os estudantes nova forma de compreensão sobre o tema
abordado. O trabalho mostra o processo de ensino e aprendizagem, através da interdisciplinaridade, trabalhando com a construção do
conhecimento baseado na realidade sem a fragmentação.
PROJETO INTERDISCIPLINAR E APRENDIZAGEM COOPERATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jamilton Silva Boes, Joyceane de Araújo Freitas, Lídia Nascimento de Souza
RESUMO: O presente trabalho traz o relato de experiência de um projeto interdisciplinar desenvolvido com quatro turmas do primeiro ano do
Ensino Médio do Colégio Dom Bosco de Manaus tendo como fundamentação os princípios da Aprendizagem Cooperativa (AC). A
Aprendizagem Cooperativa, em seus princípios, apresenta as bases que viabilizam práticas de aprendizagem significativa de conteúdos, os
estudantes são protagonistas de suas ações, sendo o professor mediador do processo, organizando e dinamizando o trabalho nas equipes.
O projeto teve como objetivo geral desenvolver habilidades, competências e o estudo de conteúdos de dez componentes curriculares
trabalhados de forma contextualizada, tomando-se por base fenômenos da realidade amazônica.
PROJETO INTERDISCIPLINAR SAÚDE E MEIO AMBIENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Elisângela Cavalcante de Souza, Fernanda Nascimento Bezerra, Maria do Socorro Campos Levy
RESUMO: O presente trabalho traz o relato de experiência de um projeto interdisciplinar realizado na área de linguagens e códigos no ano de
2012, desenvolvido com quatro turmas do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Dom Bosco de Manaus tendo como tema Saúde e Meio
Ambiente. O projeto teve como objetivo promover uma visão crítica, analítica e criativa junto ao grupo de educandos no intuito de desenvolver
o potencial dos eixos da linguagem (oralidade, leitura e escrita) diante das temáticas propostas pelas áreas envolvidas. Dessa maneira, a
criação do projeto oportunizou novas perspectivas na construção do conhecimento a partir da realidade do aluno.
PROJETO INTERDISCIPLINAR JOHN DEWEY – EDUCAÇÃO É VIDA: contribuições para a formação de professores no Curso
de Pedagogia da FSDB
Isabel Cristina Fernandes Ferreira
RESUMO: O presente texto apresenta um relato de experiência sobre o Projeto Interdisciplinar do Curso de Pedagogia da Faculdade
Salesiana Dom Bosco, realizado em 2011, tendo como tema John Dewey: Educação é Vida. O projeto objetivou possibilitar espaço-tempo
para aprofundamento de conceitos e a análise crítica relacionados aos estudos de John Dewey, sendo desenvolvido em dois semestres
letivos. O primeiro semestre contemplou o estudo dos fundamentos teóricos e propostas voltadas para a educação apresentados pelo autor
em suas obras, analisados e relacionados a partir de diversos recursos, técnicas e vivências; já o segundo considerou o desafio “A Escola de
Educação Infantil como espaço-tempo de e para a aprendizagem - Educação é Vida”, desenvolvendo três propostas: Currículo High/Scope,
Letramento e Brinquedoteca, articulando aspectos teóricos e práticos na elaboração de propostas didático-pedagógicas por cada grupo. Neste
relato apresentaremos o trabalho desenvolvido no primeiro semestre letivo de 2011 que possibilitou, dentre outros, a articulação teoria e
prática, a contextualização dos conteúdos, a releitura do projeto do curso e a qualificação da formação docente.
8
SUMÁRIO
DOM BOSCO EDUCADOR NO SÉCULO DAS LIBERDADES ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................09
DOM BOSCO, MESTRE DE ESPIRITUALIDADE .....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................14
A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................22
A NATUREZA DA LIDERANÇA NA FACULDADE SALESIANA DOM BOSCO ....................................................................................................................................................................................................................................................................................33
O FORTALECIMENTO DA INTEGRIDADE ÉTICA DO FUTURO CONTADOR ..................................................................................................................................................................................................................................................................................42
A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..............................................................................................................................................................50
AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGÜE DE ALUNOS COM SURDEZ NA ESCOLA INCLUSIVA ................................................................................................................60
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NA SAÚDE ................................................................................................................................................................................................................................................................................67
PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE MANAUS ......................................................................................................................................................................................................................75
AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DE ALUNOS FINALISTAS E EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO ............................................................................................................................................................................................................................................81
O ATO DE LER E A LÍNGUA PORTUGUESA: UM ENFOQUE A PARTIR DE PAULO FREIRE .....................................................................................................................................................................................................................................................90
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA ...................................................................................................................................................................................................97
A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..........................................................................................................................................................100
ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA QUALIDADE DE VIDA DE UNIVERSITÁRIOS ...................................................................................................................................................................................................110
UMA EXPERIÊNCIA SOBRE DISCIPLINA E AFETIVIDADE NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS NA CASA MAMÃE MARGARIDA À LUZ DO SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO
...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................118
EDUCAÇÃO RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA ATUAL LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ......................................................................................................................................................................................120
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA EJA ..........................................................................................................................................................................................................................................................129
JOGOS OLÍMPICOS BOSCONIANOS NA PEDAGOGIA SALESIANA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................................................................................................................................................................136
IDENTIDADE, SUBJETIVIDADE E FORMAÇÃO DO SUJEITO NO CONTEXTO AMAZÔNICO ................................................................................................................................................................................................................................................140
OS PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ............................................................................................................................................................................................................................................................................147
O USO DO BLOG EM UM PROJETO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................................................................................................................................................155
PROJETO ENCHENTES NA REALIDADE AMAZÔNICA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR ...................................................................................................................................................................................................................................158
PROJETO INTERDISCIPLINAR E APRENDIZAGEM COOPERATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ...........................................................................................................................................................................................................................162
PROJETO INTERDISCIPLINAR SAÚDE E MEIO AMBIENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA ....................................................................................................................................................................................................................................................165
PROJETO INTERDISCIPLINAR JOHN DEWEY – EDUCAÇÃO É VIDA ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................167
9
DOM BOSCO EDUCADOR NO SÉCULO DAS LIBERDADES
Pe. João da Silva Mendonça Filho, sdb1
RESUMO: O objetivo deste ensaio é apresentar as grandes linhas de Dom Bosco educador no século XIX, diante das grandes mudanças
daquela época. Ele intuiu que o cerne de todas as transformações que estavam acontecendo na cidade de Turim era de cunho cultural. Sua
sensibilidade de padre educador o levou a optar pelos jovens abandonados e excluídos da vida social, religiosa, econômica e politica. Para
eles e com eles organizou um estilo de vida familiar fundando na preventividade, não como uma estratégia educativa, mas uma forma de estar
com os jovens. Dom Bosco não agiu sozinho nem criou nada apensa pela intuição. Soube ler os sinais dos tempos e conseguiu traduzir em
iniciativas pastorais e educativas uma forma de promover o jovem, valorizá-lo e prepará-lo para viver na sociedade como bom cristão e cidadão
honesto.
DESCRITORES: Dom Bosco. Pedagogia Salesiana. Educador Salesiano. Sistema Preventivo.
1 INTRODUÇÃO
Dom Bosco (1815-1888), não foi um pedagogista no “sentido técnico da palavra; um teórico da educação, um escritor sistemático,
que tenha ocupado profissionalmente seu tempo com os problemas educativos. Foi um homem prático, dedicado
apaixonadamente ao seu trabalho educativo pela mesma índole da sua personalidade, não se preocupou de elaborar uma
hipótese de estudo e de reflexão pedagógica” (PERAZA, 2012, p. 136). Dom Bosco foi um padre sensibilizado pelos apelos do
seu tempo e se fez companheiro dos jovens em situação de risco social. “As profundas transformações politicas, sociais,
econômicas, culturais e educativas do Estado liberal levaram os católicos a assumir uma posição diante destas questões,
sobretudo educativa e contra a secularização da escola” (CASELLA, 2007, p. 18).
O catolicismo social do século XIX se inspirou em grandes modelos de educadores com sua característica própria: Santo Afonso
Maria de Ligório (misericórdia de Deus), São Vicente de Paulo (caridade ativa), São Francisco de Sales (bondade e zelo), São
Filipe Neri (saber acolher e a alegria) e foi impulsionado durante o pontificado do papa Leão XIII (1878-1903) com a encíclica
social Rerum Novarum (1891). Todo este empenho educativo investiu numa nova evangelização da sociedade2. É, neste
contexto, que encontramos católicos liberais comprometidos com a educação (Alporti, Lambruschini, Capponi, Tommaseo,
Rosmini) e revistas de pedagogia como a “Guia do educador” e “O educador primário”, que tiveram grande influencia na
sistematização educativa das Universidades italianas3.
Neste conjunto de iniciativas encontramos Dom Bosco padre educador os jovens. Sua primeira iniciativa foi o Oratório de
Valdocco (1846),
[...] lugar de complexa e articulada atividade: lazer, instrução religiosa, oração para jovens trabalhadores e
estudantes; escola dominical e semanas, pensionato-internato para jovens aprendizes e estudantes (1847),
escola fundamental e média (1855-1859), seminário para formação de padres (1863). A década de 1853-1863
foi a mais fecunda com seus escritos e sua atividade de educador. É a década de Domingos Sávio, Magone,
Besucco, Cagliero, Bonetti, Barberis, Berto, Cerruti. Também marcada por sonhos audaciosos4.
No final desta frutuosa década ele surge como uma figura de educador plural com forte diferencial entre seus coetâneos com
traços de modernidade. É o padre dos jovens, inovador, empreendedor, fiel a ortodoxia católica e dialogante com o novo contexto
cível liberal, antenado às mudanças, despojado de si mesmo, de toda segurança econômica. Um padre pobre, forte, culto e
dedicado à caridade. Com uma clara proposta de evangelização e educação para jovens abandonados, que ele mesmo acolhe
1 Presbítero salesiano. Licenciado em Filosofia (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, 1985); Bacharel em Teologia (Javeriana/Bogotá, 1991);
Mestre em Educação com especialização na formação presbiteral e religiosa, UPS/Roma, 1996; Pós-graduação em Educação sexual (Unisal/SP, 2009); Pós-
graduação em Comunicação
(SEPAC-PUC/SP, 2010; Especialização em Docência em Salesianidade (Centro Regional de Quito/Equador, 2012).
2 Ibid., p. 20s.
3
G, VICO. Ottocento pedagogico Cristiano. Brescia: La Scuola, 2005.
4
CASELLA, Francesco. L’esperienza educativa preventiva di Don Bosco, p. 24-25.
10
em sua casa e para eles publica livros, elabora um jornal, difunde as famosas Leituras Católicas e com elas envolve um público
adulto católico porque sua grande preocupação foi também o catecismo da Igreja católica. Contudo, não se limita a doutrinas, mas
usa do teatro, da música, da formação para o trabalho e, assim, gera uma nova concepção educativa preventiva, “não
sistematizada sobre suas ideias educativas”5, mas com uma referencia explicita a práticas educativas precedentes e também
contemporâneas6.
Nesta minha breve reflexão pretendo discorrer sobre três temáticas: A intuição educativa de Dom Bosco na mudança de época do
século XIX; o novo paradigma da bondade no avesso dos castigos e a presença-ausência-assistência que gera confiança e
espírito de família.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A INTUIÇÃO EDUCATIVA DE DOM BOSCO NA MUDANÇA DE ÉPOCA DO SÉCULO XIX
Dom Bosco viveu uma mudança de época marcada pela Revolução Industrial e a Revolução Francesa. A época do racionalismo,
do liberalismo e da secularização que sacudiu os costumes, gerou os grandes centros urbanos e pulverizou a hegemonia
intelectual católica. Foi o século das liberdades: religiosa, econômica, social, politica, educativa, ética. Aos poucos o jovem padre
Bosco foi percebendo, dentro da crescente Turim dos anos 40, que a questão de base era cultural. Alguns protagonistas da
cultura já tinham percebido e dando respostas. Os irmãos Cavanes – Angelo (1772-1858) e Marco Antonio (1774-1853) – ambos
de Veneza, desenvolveram um estilo de educação de jovens pobres com instrução gratuita e lazer. O nobre padre da Província de
Brescia, também na Itália, Ludovico Pavoni (1784-1849), organizou um oratório para órfãos e depois uma Congregação religiosa
dedicada a educação dos jovens. Seu método de baseava na razão e no amor. Marcelino Champagnat (1789-1840), outro grande
educador de jovens, fundou uma Sociedade de irmãos para cuidar dos jovens e de sua educação religiosa na França
revolucionária. Tereza Eustochio Verzeri (1801-1852) organizou uma Instituição religiosa para cuidar da juventude feminina
abandonada fundada no principio da preventividade, assistência-presença e domínio de si. O padre Leonardo Murialdo (1828-
1900), contemporâneo e amigo de Dom Bosco, também trabalhou com os jovens para fortalecer a consciência moral e a formação
profissional. O padre Luís Guanella (1842-1915), outro amigo de Dom Bosco, também organizou um estilo educativo fundado no
“fazer-se amar sempre, antes que fazer-se temer”, principio assumido pelo próprio Dom Bosco (Ibid.). De todo este histórico
pedagógico Dom Bosco intuiu a preventidade, o cuidado do jovem, como forma educativa evangélica, eliminando o castigo e as
humilhações, porque quem ama educa.
Não podemos desconsiderar aqui o possível contato de Dom Bosco com F. Aporti (1791-1858) e seu pensamento educativo.
Parece que Dom Bosco participou de algumas conferências do pedagogo em Turim em 1844. Não temos dados para dizer se
Dom Bosco conheceu profundamente o pensamento deste pensador, mas temos alguns elementos que demonstram uma
proximidade, sobretudo em duas expressões de Aporti: “É preciso primeiro ganhar a confiança e o afeto do jovem”, mais adiante
encontramos “A habilidade de educar não é tanto no saber punir os erros dos jovens, mas o saber prevenir” (Ibid., p.60).
Certamente este estudioso da educação proporcionou a Dom Bosco elementos de reflexão que enriqueceu sua convicção no
acreditar na capacidade do jovem.
2.2 O NOVO PARADIGMA DA BONDADE NO AVESSO DOS CASTIGOS
A maturidade do pensamento de Dom Bosco sobre sua ação educativa preventiva a encontramos num pequeno discurso feito no
dia 12 de março de 1877 em Nizza para a inauguração da Escola São Pedro para a educação de rapazes. Para a ocasião Dom
Bosco preparou um pequeno tratado sobre seu método educativo preventivo7. Pietro Braido comenta de forma fenomenal a
origem do texto e sua compreensão educativa para nos ajudar a entender que na mente de Dom Bosco educador estava muito
5
BRAIDO, Pietro. L’esperienza pedagogica di Don Bosco. Roma: LAS, 1988, p. 47.
6
Ibid., p. 28-42.
7
BRAIDO, Pietro (organizador). Il sistema preventiva nella educazione della gioventù. In Don Bosco educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992,p.
211-271.
11
bem amadurecida a ideia de que não se educa pela força, com bancadas e ameaças, mas no “ajudar o jovem a conhecer as
regras – limites – para saber fazer o bem, excluindo todo castigo violento, respeitando sempre a mobilidade juvenil”. Isto significar
saber respeitar as fases da vida juvenil, seus interesses, suas crises e sua busca de identificação.
Esta ação educativa supõe saber ganhar o coração do jovem com a paciência, bondade e confiança”8. Longe da mente de Dom
Bosco e da nossa práxis contemporânea entender tudo isto como impunidade e ausência de disciplina. O sistema preventivo
proporciona liberdade de expressão, protagonismo, respeito, dedicação, experiência de Deus, relações fraternas. O cerne da
questão é “a dedicação total do educador ao bem do educando”9. O castigo, quando for necessário, deverá ser “dado em privado,
jamais em público”. Longe dos outros jovens, com máxima prudência e paciência para ajudar o educando a reconhecer seu erro.
Para tanto, o diretor precisa divulgar e fazer conhecer as normas da casa”10. A mística desta preventividade é “fazer-se amar”.
Portanto, o método educativo salesiano não é parceiro da impunidade, do descaso e da indisciplina. Não se forma um cidadão
honesto sem senso de justiça e verdade; não se forma um cristão coerente sem ascese, disciplina. Hoje, numa sociedade
mergulhada no caos da violência e da banalização da vida, precisamos recuperar o sentido da disciplina se quisermos viver com
dignidade.
2.3 A PRESENÇA-AUSÊNCIA-ASSISTÊNCIA QUE GERA CONFIANÇA E ESPÍRITO DE FAMÍLIA
Educar para Dom Bosco era muito mais que transmitir conhecimentos. Na sua prática pedagógica aparece claramente o amor
como: disponibilidade, simpatia e diálogo com os jovens, resumindo, familiaridade11.
Trata-se de uma relação que se estabelece entre educador e educando que transcende os limites de um simples contato. É um
olhar afetuoso, é palavra clara e orientativa, é interesse pelos problemas reais, é fixar o olhar no jovem quando se fala com ele, é
estar com ele e com eles sem condenações, mas na atitude de acolhida. Certamente será cansativo para um educador-assistente
nos dias atuais desenvolver tais atitudes porque vivemos numa sociedade marcada pelo tempo, pelo agora, por escolhas muitas
vezes demasiado efêmeras e pessoais.
O educador salesiano, entenda-se por educador/a todo aquele que procura valorizar os potenciais humanos dos jovens, precisará
conhecer ainda mais o mundo juvenil e seus apelos, despojando-se dos preconceitos e abrindo-se ao diálogo de pátio que supõe
tempo, vontade e iniciativa.
Portanto, o amor educativo salesiano é disponibilidade, quer dizer, saber colocar-se ao lado dos jovens, quem sabe conectado
nas praças das mídias sociais ou mesmo no contato pessoal, para entender sua nova linguagem, às vezes muda, outras vezes
rouca, talvez em forma de gritos que ultrapassam os ruídos das múltiplas mídias e, como bem disse Bento XVI na homilia do
domingo de Pentecostes 2012, de uma era onde predomina a comunicação, embora o ser humano parece não se comunicar
verdadeiramente ou até se sente ameaçado pelo outro. Ora, ser disponível aos jovens será para todos nós um desafio cotidiano e
um saber romper os condicionamentos do muito fazer sem saber exatamente os motivos essenciais.
O amor educativo salesiano gera simpatia porque o educador não é um vigilante, mas um companheiro de viagem do jovem.
Saber sorrir, mesmo enfrentando as dificuldades, desilusões e cansaços. Saber propor e suscitar esperança mesmo diante dos
medos que sufocam e atropelam as idades juvenis como as drogas, a prostituição, a falta de oportunidades no trabalho,
qualificação e vivência familiar. Saber alegrar-se mesmo diante da dor e do extermínio que machuca e mata tantos jovens em
nossas cidades, periferias e bairros. Saber, enfim, criar espaços lúdicos, culturais, artísticos, religiosos que criem sinergia entre o
que os jovens gostam e o que nos agrada.
Ilustro ainda este amor de simpatia com um fato. Nos inicios de outubro de 1887 entrou em Valdocco um jovem chamado Luís
Variara oriundo de Viarigi. Mais tarde Variara se tornará salesiano, missionário dos leprosos em Colômbia e fundador de uma
8
Ibid., p. 254-255.
9
Ibid., p. 260.
10
Ibid., p. 261. Conferir também o famoso e controverso texto de 1883 sobre os castigos nas casas salesianas (PRELLEZO, Manuel. Dei castigui da
ingliggersi nelle case salesiane 1883. In BRAIDO, Pietro. Don Bosco educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992, p. 309-341.
11
BRAIDO, Pietro. Due lettere datate da Roma 10 maggio 1884. In Don Bosco Educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992, p. 347-390.
12
comunidade religiosa, as Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria e, finalmente, candidato aos altares. Pois bem, Variara
alimentava um sonho: ver e falar com Dom Bosco. Entretanto, naqueles últimos meses de vida Dom Bosco não apareceria tanto
no pátio e raramente conversa com os meninos. Sua saúde estava muito debilitada. Contudo, num dia, enquanto estavam todos
no recreio uma voz ecoou: Dom Bosco! Dom Bosco! De fato, Dom Bosco apareceu para dar um passeio. Todos correram para
encontrá-lo. Luís buscou um lugar no meio da multidão para quem sabe tocar e falar com o pai Dom Bosco. Aconteceu algo que
ele jamais esquecerá. Dom Bosco apenas apareceu fixou o olhar no pequeno Variara. Sem dizer uma palavra falou ao coração do
jovem oratoriano. Isto fez a diferença para Variara. E, é isto que faz a diferença na simpatia com os jovens de hoje, quer dizer, ir
ao encontro de suas necessidades reais e responder aos seus desejos.
Outro elemento fundamental deste amor educativo salesiano é o diálogo construtivo. Quando Domingos Sávio encontrou Dom
Bosco pela primeira vez e pediu para entrar no oratório, Dom Bosco não achou a coisa mais acertada. Entretanto, entregou um
texto das Leituras Católicas para Domingos ler. Depois de alguns minutos o menino retornou e repetiu todo o texto.
Imediatamente Dom Bosco se convenceu que ali estava um bom tecido para ser trabalho e o levou para Valdocco. Outro fato
aconteceu com o oratoriano Francisco Bessuco.
Um dia ele procurou Dom Bosco e manifestou a dificuldade com as mortificações e sacrifícios. Imediatamente Dom Bosco disse a
Bessuco abrindo um diálogo: basta que saibas suportar o calor e o frio, a sede e a fome, sempre que se trate da salvação de teus
companheiros, isto basta. Este saber dialogar com os jovens de forma direta e reconhecendo seus valores e interesses é
projetual, educativo e preventivo.
De toda esta realidade amorosa educativa brota a familiaridade, quer dizer, a paternidade, a acolhida incondicional do jovem, o
afeto. Nenhum desses elementos é simples e fácil, pois exige do educador o prazer de estar com os jovens. Que Dom Bosco nos
ajude a desenvolver este amor que liberta.
3 CONSIDERAÇÕES
O agir educativo de Dom Bosco não nasceu de uma hipótese, mas de uma experiência partilhada com os jovens. Ele desceu às
prisões de Turim, às praças, becos e canteiros de obras para encontrar meninos e jovens explorados, violentados e desiludidos.
Com eles fez um caminho de humanização.
Durante o percurso entendeu que era necessário oferecer lazer, arte, educação, profissão. Os tempos exigiam homens novos e
mentalidades corajosas. Investiu, então, nos seus jovens sem medo de errar e lhes proporcionou aberta ao transcendente,
encontro, diálogo e confiança. Foi pai, mãe e irmão maior. Tanto confiou que chamou muitos de seus meninos para assumir com
ele a mesma ação de caridade ativa.
O sistema preventivo brotou com a semente que caiu no bem terreno e deu frutos. A nós, hoje, no século da subjetividade, nos
toca saber ler os sinais e crer nos jovens e no seu potencial.
REFERÊNCIAS
ATTARD, Fabio. A emergência educativa, o trabalho da Igreja e o recente Magistério Católico. In Cadernos Salesianos, Ano 1, no.2, julho-
dezembro 2010, p. 39-52.
BRAIDO, Pietro. L’esperienza pedagógica di Don Bosco. Roma:LAS, 1988.
______ (organizador). Don Bosco educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992.
______. Prevenir, não reprimir. São Paulo: Salesiana, 2004.
CASELLA, Francesco. L’esperienza educativa preventiva di Don Bosco. Roma: LAS, 2007.
CHAVEZ VILLANUEVA, Pascual. Educação e cidadania formar “salesianamente” o cidadão. In Cadernos Salesianos, Ano 1, no.2, julho-
dezembro 2010, p. 7-28.
13
DA SILVA FERREIRA, Antônio. Não basta amar, a pedagogia de Dom Bosco em seus escritos. São Paulo: Salesiana, 2008.
PERAZA, Fernando. Los estigmas de nuestro tiempo y la pedagogia de la bondade. Situaciones históricas, reflexiones e hipótesis
interpretativas, proyecciones y utopias educacionales. Quito/Ecuador: Abya-Yala, 2012.
14
DOM BOSCO, MESTRE DE ESPIRITUALIDADE
P. João Sucarrats, SDB
RESUMO: Para falar de Dom Bosco como Mestre de espiritualidade é preciso partir da definição de alguns conceitos que são usados na
linguagem comum, e também em textos impressos, com uma grande variedade de significados. A espiritualidade cristã tem como sentido
unívoco o seguimento de Jesus Cristo, que se diversifica de acordo com os tempos e as culturas e o peso que se dá às mediações que ajudam
a participar “por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo”, da vida divina. Dom Bosco foi influenciado por diversos Mestres
de Espiritualidade e aos poucos foi elaborando, mais na prática que na teoria, um caminho de santidade para si, para os seus e para os jovens,
que se resume no famoso “bons cristãos e honestos cidadãos” e na prática das virtudes do trabalho e da temperança.
DESCRITORES: Jesus Cristo. Dom Bosco. Espiritualidade. Compromisso com o Reino.
1 INTRODUÇÃO
Como introdução a esta pequena contribuição para o II Seminário em preparação ao Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco,
apresento algumas reflexões feitas a partir da dissertação de mestrado em teologia pastoral que apresentei na Universidade
Pontifícia Salesiana de Roma, em 1975, com o título: “A JUVENTUDE POBRE E ABANDONADA, UM TEMA DOMINANTE DAS
MEMÓRIAS DO ORATÓRIO DE SÃO FRANCISCO DE SALES”
Sabemos que a espiritualidade pode ser entendida no seu aspecto pessoal, que corresponde ao modo de
responder e viver a graça de Deus, ou pode ser entendida também como um estilo de vida comum a um grupo
de pessoas e que depende das variantes históricas ou da forma de vida12.
O P. Pietro Stella na sua obra “Dom Bosco na história da religiosidade católica” escolhe uma definição de espiritualidade de
caráter pessoal: “Entendemos por espiritualidade um modo específico de sentir a perfeição cristã e de tender a ela, ou se se
preferir de outra forma, um modo de ordenar a própria vida à aquisição da perfeição cristã e também à participação de especiais
carismas da presença divina”13. Nesse sentido, a espiritualidade praticamente se identifica com a “vida espiritual” de que fala
Francis Desramaut em “Dom Bosco e a vida espiritual”: “Tudo aquilo que é relativo à vida cristã segundo o Espírito – mais
precisamente, as realidades mistas que participam tanto do Espírito de Deus quanto do espírito do homem – e, portanto, toda a
vida cristã”14.
Entendendo a espiritualidade no sentido coletivo de que fala o P. Bernard, encontramos o caminho para podermos falar do
“espírito” de um determinado instituto, como fazem os Atos do Capítulo Geral Especial para os salesianos15. A diversidade de
formas de vida espiritual, ou de espiritualidades, nasce das “diversas proporções em que são usadas as mediações”16 e “toda vida
espiritual busca uma intensificação da vida teologal nas condições concretas da sua realização”17.
O Capítulo Geral Especial dos salesianos nos mostra os elementos essenciais do espírito de Dom Bosco: “vocação, vida, obras e
ensinamentos”18. A vocação pessoal, que sempre tem como meta a conformação com Cristo19, determina uma vida espiritual que
é sempre concreta e existencial20. Para o amadurecimento dessa vocação pessoal seguem-se três etapas: um convite secreto,
uma orientação profunda e uma firme decisão que a faz aparecer como uma escolha21; finalmente, Deus, para fazer conhecer a
12
Cfr. Bernard A., Compendio di Teologia Spirituale 8.
13
Cfr. Stella P.,Don Bosco… II, 13
14
Cfr. Desramaut F., Don Bosco e la vita spirituale 8
15
Cfr. CGE no 86
16
Cfr. Bernard, o.c. 180
17
ibid.
18
Cfr. CGE no 87
19
Cfr. Bernard, o.c. 213
20
ibid. 214
21
ibid. 215
15
sua vontade, pode servir-se ou de coisas externas ou do interior da pessoa através de “uma inspiração que nos convida a uma
vida espiritual mais elevada ou a uma ação espiritual particular: a inspiração e a iluminação dependem de causas antecedentes”22.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 DEFININDO CONCEITOS
Antes de falar de Dom Bosco como mestre de espiritualidade, convém esclarecermos o que entendemos quando usamos alguns
conceitos que a linguagem comum tornou ambíguos.
2.1.1 Religiosidade
Entendemos por religiosidade a relação assimétrica do ser humano com realidades que transcendem o universo espaço-temporal.
Esta relação pode ser de medo (o deus terrível), de indiferença(o motor imóvel), de adoração (a perfeição infinita), de louvor (o
doador de todos os dons) ou de proximidade (o deus revelado)... Em todas as culturas encontramos formas de religiosidade
xpressas através de diversas crenças, que muitas vezes se misturam com as de outras culturas em variadas formas de
sincretismo. No mundo secularizado surgem substitutivos da religiosidade que, às vezes são chamados de “sacerdócio”.
2.1.2 Fé
A fé é a adesão a uma pessoa ou a uma ideia. A fé pode ser mental (ortodoxia), sentimental (alienação), prática (ortopraxis) ou
integral (quando envolve toda a pessoa).
2.1.3 Religião
Uma religião é um sistema organizado de crenças e práticas ligadas à relação com o mundo sobrenatural. Com frequência as
estruturas criadas pelo sistema religioso se transformam em estruturas de poder e correm o risco de se afastar do núcleo central
que justifica a religião.
2.1.4 Espiritualidade
A espiritualidade é a concretização de uma fé vivida. Espiritual é tudo o que se refere a realidades que superam a nossa
materialidade. A espiritualidade cristã é o seguimento de Jesus que nos comunica o Espírito Santo.
2.1.5 Escola de Espiritualidade
Uma escola de espiritualidade é um sistema organizado a partir dos ensinamentos ou da prática de um “mestre de espírito”, que
atraiu e continua atraindo seguidores. Uma escola de espiritualidade cristã, para ser válida, tem que oferecer um itinerário
concreto de ajuda no seguimento de Jesus, e produzir frutos exemplares de santidade. Os iniciadores de uma escola de
espiritualidade, em geral, fizeram uma síntese vital de diversas outras escolas de espiritualidade.
2.2 COMPONENTES DA ESPIRITUALIDADE
A espiritualidade é uma síntese vital de várias componentes:
2.2.1 Crenças
São a componente mental. A elas se adere pela fé. As “verdades da fé” na religião cristã estão fundamentadas na Palavra de
Deus encarnada em Jesus Cristo. A “ortodoxia” consiste nesta adesão a essas “verdades da fé”. Mas existem muitas outras
crenças e superstições que tem sua origem atávica nas diversas culturas e no sincretismo que acontece entre elas.
2.2.2 Testemunho de vida
Consiste na vida vivida de acordo com os ensinamentos daquele que deu origem a determinada forma de espiritualidade, e
recebe o nome de “ortopraxis”. No cristianismo o testemunho de vida está pautado pela prática do caminho que foi resumido nas
22
ibid. 216
16
“Bem-aventuranças”. A sociedade também oferece escalas de valores que em parte levam à vivência das bem-aventuranças e em
parte se distanciam delas.
2.2.3 Ascese
A ascese é o conjunto de práticas e de renúncias que o sujeito faz para não desviar-se do projeto de vida assumido na fé. Na
espiritualidade cristã, que tem como fundamento o amor, o caminho está pautado pelas chamadas virtudes cardeais: prudência,
justiça, fortaleza e temperança. Jesus nos ensina que a verdadeira ascese está no coração da pessoa e não tanto nas práticas
rituais.
2.2.4 Mística
A mística é a participação no mistério em que se acredita. Esta participação se realiza na fé e constitui aquilo que chamamos de
“união com Deus”. Quando esta participação na vida divina é muito intensa, de acordo com a situação psicológica da pessoa,
podem acontecer “fenômenos místicos” extraordinários que em muitos casos podem ser confundidos com fenômenos
paranormais. É a chamada “mística experiencial”. Jesus Cristo nos dá o Espírito Santo, que é a presença divina em nós e que,
através de moções interiores nos inspira a viver de acordo com a vontade de Deus. A hagiografia muitas vezes apresenta mais
esses fenômenos extraordinários que a vida mística dos santos.
2.2.5 Missão
O compromisso de fazer outros “discípulos” do mestre, de anunciar a verdade acreditada ou de transformar o mundo pode ser
feito através da imposição, do engano (proselitismo), ou em forma de proposta (a prática de Jesus Cristo).
2.3 Vida no Espírito
No nosso tempo muito se fala do Espírito Santo, sobretudo através do pentecostalismo que vai progredindotanto dentro quanto
fora da Igreja Católica. Para o cristão, a vida no Espírito é o modo de viver a espiritualidade. Este modo de viver tem diversos
aspectos:
- a crença fundamental é a certeza de que Jesus é o Filho de Deus;
- o testemunho de vida é a coerência com o caminho das bem-aventuranças;
- a ascese consiste em assumir a loucura da cruz;
- a mística é a união com o Pai e com o Filho no Espírito Santo, que se manifesta numa atitude amorosa para com todos;
- a missão é colaborar no plano da salvação.
Quando esquecemos, ou deixamos de lado, algum desses elementos, corremos o risco de usar o nome de Deus em vão e de
promover uma religiosidade alienada e alienante.
2.4 MESTRES DE ESPIRITUALIDADE
Mestres de espiritualidade são pessoas que se destacaram pela palavra e pelo exemplo, por viver a vida no Espírito. Quando a
Igreja canoniza alguém proclamando-o bem-aventurado ou santo, está dizendo que podemos olhar para ele, sem receio,
proclamados doutores da Igreja por tê-la enriquecido com uma explicação da doutrina ou uma prática de vida que pode servir de
exemplo a muitos.
Alguns mestres de espiritualidade conseguem dar início a uma “escola de espiritualidade” por ter um número grande de
seguidores e por ter seus ensinamentos perpetuados no tempo e no espaço. Na história da Igreja destacam-se a espiritualidade
beneditina, franciscana, carmelitana, inaciana...Recentemente estão se consolidando escolas de espiritualidade de tendência
intimista, outras de tendência libertadora e outras de busca de uma radicalidade mais visível no seguimento de Jesus.
17
As escolas de espiritualidade se diferenciam pela dosagem e peculiaridade dos meios de que se servem para viver a vida no
Espírito: centralidade de um aspecto específico do mistério de Cristo, vida de oração, prática das virtudes, práticas ascéticas e
modalidade do cumprimento da missão transformadora do mundo.
2.5 INFLUÊNCIAS EM DOM BOSCO
Dom Bosco, ao longo da sua vida teve grande influência de alguns mestres de espiritualidade:
- A Imitação de Cristo, texto típico da “devotio moderna” que Dom Bosco leu no tempo de seminário influenciou muito sua
espiritualidade durante toda a sua vida.
- De São Francisco de Sales, objetode grande devoção no Piemonte, Dom Bosco assumiu o humanismo otimista, a convicção
de que o caminho da santidade é para todos, a perseverança no meio das dificuldades, o uso de meios de comunicação simples e
populares e, sobretudo, a bondade – doçura.
- De Santo Inácio de Loyola: Dom Bosco encontrou na figura do jesuíta São Luis Gonzaga, santo também muito significativo no
Piemonte, um modelo de santidade juvenil. Dos jesuítas, indiretamente, recebeu também as bases da catequese no tempo em
que era estudante. A prática dos Exercícios Espirituais foi mais um elemento jesuíta que foi assumido na espiritualidade de Dom
Bosco.
- De São Vicente de Paulo: as conferências de São Vicente de Paulo faziam parte do mundo cristão vivido por Dom Bosco. No
Oratório de Valdocco, além das famosas “companhias”, constituiu grupos de jovens com a finalidade de viver uma forma de ajuda
mútua, também no campo econômico. Também se inspirou em São Vicente de Paulo no desejo e na criatividade para ajudar os
jovens mais necessitados. Várias obras salesianas nasceram sob a influência ou o patrocínio das Conferências de São Vicente de
Paulo.
- São Filipe Neri: O fundador dos Padres do Oratório se caracterizou pela proximidade dos pobres, pela compreensão da
juventude e pelo sentido da alegria, que foram elementos importantes da espiritualidade assumida por Dom Bosco.
- Santo Afonso Maria de Liguori: no pensionato eclesiástico fundado por Pio Lanteri e dirigido pelo teólogo Luis Guala e pelo P.
José Cafasso, Dom Bosco aprendeu a ser confessor e a “ser padre”. Aquele centro de formação para padres novos, na escola de
Santo Afonso, ajudava a superar o rigorismo jansenista através da compreensão, da misericórdia e do contato direto com as mais
variadas situações humanas. Naquele ambiente Dom Bosco também entendeu a importância da boa imprensa, das associações
cristãs e da defesa do papado.
2.6 ESPIRITUALIDADE DE DOM BOSCO
2.6.1 Fé (eu creio):
O conteúdo da fé em Dom Bosco era, naturalmente,o da Igreja católica. A partir dessa “ortodoxia” se destacam alguns elementos:
- Deus é o Pai do Céu: a confiança na Divina Providência é um elemento sempre presente nas suas palavras e escritos. Mas
Deus também é o Juiz diante do qual deveremos apresentar-nos um dia.
- Jesus Cristo é o Bom Pastor que quer que sejamos bons pastores. A expressão “humilde, forte e robusto” encerra as virtudes
que deve ter o pastor salesiano junto com a “obediência e a ciência”.
- Jesus Cristo está presente na Eucaristia, que é alimento espiritual e objeto de adoração.
- A graça de Deus, que é a presença do Espírito Santo na vida do cristão, é o grande tesouro que é preciso conservar e defender
de todos os inimigos. O sacramento da confissão é essencial para permanecer na graça de Deus.
- A Igreja é o meio necessário para a salvação, e o papa, representante de Cristo na terra, deve ser defendido de todos os seus
inimigos.
18
- Maria Imaculada é mãe, mestra, guia e auxiliadora. Ela está nas nossas casas e na nossa vida. “Quem entra numa casa
salesiana o faz pela mão de Nossa Senhora”.
- Os santos são modelos que temos diante dos olhos e também são intercessores que temos no céu. Também são consideradas
santas, na glória de Deus, pessoas, muitas delas jovens, que servem de exemplo, mesmo sem ter sido canonizados.
- A vida eterna com os seus correspondentes prêmio ou castigo são uma certeza que motiva e acompanha os passos do cristão.
2.6.2 Testemunho de vida:
A vida de Dom Bosco foi uma vida coerente de cristão e de padre em qualquer circunstância.
- No modo de viver e nas palavras transparecia a certeza de estar na presença de Deus. O modelo de vida devota proposto por
São Francisco de Sales era seu estilo de vida e o estilo de vida que propunha aos colaboradores e aos jovens.
- A identidade sacerdotal não se manifestava somente em determinados momentos, mas era evidente, mesmo se o seu modo de
agir e de estar com os jovens escandalizava alguns eclesiásticos mais ciosos da própria dignidade.No dia 12-12-1886 ao ministro
Ricasoli diz: “Excelência, saiba que Dom Bosco é sacerdote no altar, no confessionário, no meio dos jovens, é sacerdote em
Turim como em Florença; é padre na casa do pobre, padre na casa do rei e dos ministros” (MMBB VIII, p 534).
- A defesa da fé cristã era uma grande preocupação de Dom Bosco, e semanifestava através de gestos, palavras e escritos.
2.6.3 Ascese
A prática ascética na espiritualidade de Dom Bosco se expressa de forma emblemática no lema “trabalho e temperança”. A força
espiritual do trabalho, Dom Bosco a aprendeu em casa com Mamãe Margarida. Depois, quando teve que trabalhar para pagar os
estudos, internalizou a sentido ascético e não só prático do valor do trabalho: diante de propostas indecentes de colegas, entre o
trabalho, o roubo e a diversão reforçou a certeza de que a honestidade passa pelo trabalho.
No seu ensinamento espiritual, Dom Bosco também nos mostra o cumprimento dos próprios deveres como caminho de
santificação, tanto quando os deveres são agradáveis quanto quando não o são. Aos missionários deixará como lembrete:
“trabalhem, mas não além das próprias forças”.
Junto com o trabalho, Dom Bosco coloca a temperança, a virtude cardeal do autocontrole, da medida certa, do evitar os exageros
na comida, na bebida, no descanso, nas diversões... e também no trabalho. Mas ninguém poderá dizer que Dom Bosco tenha
usado esta moderação para justificar a preguiça: “comilões e preguiçosos, longe da minha casa”.
2.6.4 Mística:
A participação na vida divina para Dom Bosco se manifesta na alegria. Ele coloca nos lábios de Domingos Sávio o grande
ensinamento que o discípulo tinha aprendido do mestre: “Fazemos consistir a santidade em estar sempre alegres”.
É conhecida a objeção feita no processo de canonização de Dom Bosco:
“Quando é que dom Bosco rezava?”, e a resposta: “Quando é que Dom Bosco não rezava?”. Na mística de Dom Bosco, a união
permanente com Deus, o sentido da presença de Deus, é muito mais importante que as orações rituais. Por outro lado, os fatos
demonstram o quanto Dom Bosco valorizava a meditação, as orações litúrgicas e as devoções populares.
A participação de Dom Bosco na vida trinitária está intimamente unida à presença de Maria na sua vida e na vida do Oratório e de
toda casa salesiana. Junto com a Eucaristia, Maria protege a Igreja das insídias do inimigo. A certeza de que a Imaculada
Auxiliadora participa da glória de Deus é a razão de querer colocar todos seus filhos debaixo da proteção da Santa Mãe de Deus.
Em Dom Bosco encontramos também indícios de experiências místicas extraordinárias: sonhos, visões, curas, graças alcançadas
pela intercessão de Nossa Senhora Auxiliadora, o dom de perceber a situação espiritual das pessoas... Tudo isso são fenômenos
19
que estão sendo analisados a partir da crítica histórica, da psicologia e da parapsicologia. Estas experiências místicas se
manifestam também na vida de Domingos Sávio em êxtases e em alguma forma de percepção extra-sensorial. Mas não podemos
negar que em Dom Bosco “o extraordinário parecia ordinário”.
2.6.5 Compromisso com o Reino:
A convicção de ter sido chamado para trabalhar com a juventude em favor do Reino de Deus é uma constante nas palavras e
escritos de Dom Bosco: “Basta que sejais jovens para que eu vos ame” e “Prometi a Deus que até meu último suspiro seria em
favor dos meus pobres jovens” são frases programáticas de grande conteúdo espiritual.
A caridade pastoral – do Bom Pastor – em Dom Bosco sempre foi atenta às necessidades da juventude, criativa na busca de
respostas e realista, tomando em consideração os maios disponíveis: “o ótimo muitas vezes é inimigo do bom”.
A partir de Dom Bosco muitos discípulos dele foram sendo organizados: a congregação salesiana, o Instituto das Filhas de Maria
Auxiliadora, os Salesianos Cooperadores, os ex-alunos e ex-alunas e muitos outros grupos que surgiram depois da sua morte e
que formam a Família Salesiana. Além dos grupos organizados, outras muitas pessoas fazem referência a Dom Bosco na sua
vida espiritual, constituindo um “Vasto Movimento Salesiano”, espalhado por todo o mundo.
A irradiação do modo de Dom Bosco viver a vida espiritual, transforma o fundador deste vasto movimento num mestre de
espiritualidade. Porém, a vida no Espírito não é estática. A espiritualidade salesiana está sendo inculturada no tempo e no espaço
nas diversas culturas e situações religiosas. Concretamente, na Amazônia, os filhos e filhas espirituais de Dom Bosco temos a
missão de expressar a riqueza do carisma salesiano no contexto cultural e eclesial que vivemos. assim pretendemos continuar
sendo “Dom Bosco vivo hoje para os jovens de hoje”.
3 CONCLUSÃO: DUAS PÉROLAS
Como conclusão desta pequena contribuição, apresento duas pérolas dos escritos de Dom Bosco que resumem a exposição feita
e justificam o título de Mestre de Espiritualidade. São dois textos lembrados pelo P. Giuseppe Buccellato no seu livro “Dom Bosco:
notas para uma história espiritual de sua vida”.
Dois são os enganos principais com que o demônio costuma afastar os jovens da virtude. O primeiro é o de
fazê-los pensar que servir a Deus consiste em viver uma vida triste e longe de todo divertimento e prazer. Não é
assim, queridos jovens. Eu quero ensinar-lhes um modo de vida cristã que pode deixa-los ao mesmo tempo
alegres e contentes e apontar-lhes quais são os verdadeiros divertimentos e verdadeiros prazeres de tal modo
que vocês possam dizer com o santo profeta Davi: ‘Sirvamos ao Senhor em santa alegria’.
(Da introdução ao Jovem instruído)
Comecem por tirar proveito daquilo que irei descrevendo. E digam em seu coração o que dizia Santo Agostinho:
’Si ille, cur non ego?’. Se um colega meu, de minha idade, vivendo no mesmo lugar, exposto aos mesmos e
talvez maiores perigos, apesar de tudo, encontrou tempo e modo de manter-se fiel seguidor de Jesus Cristo, por
que não posso também eu fazer o mesmo? Lembrem-se bem, porém, que a verdadeira religião não consiste só
em palavras. É preciso passar às obras. Por isso, encontrando algum fato digno de admiração, não se
contentem em dizer: ‘Isto é bonito, isto me agrada’. Pelo contrário, digam: ‘Quero esforçar-me por praticar o que
li a respeito de outros e despertou minha admiração’.
(Da apresentação da vida do jovem Domingos Sávio)
REFERÊNCIAS
AUBRY J., Apostoli per i giovani, Torino 1972
______. Lo spirito salesiano, lineamenti, Roma 1974
20
______. Una via che conduce alamore, Torino 1974
BERNARD CH. A., Compendio di teologia spirituale, Roma, 1973
BOSCO G, Memorie dellOratorio di San Francesco di Sales, dal 1815 al 1855, Torino, SEI, 1946. Com Introduzione e note de Don Engenio
Ceria (as citações são da 3ª edição brasileira, revista e ampliada, aos cuidados do P. Antonioda Silva Ferreira, editora salesiana, São Paulo,
2005).
______. Epistolario di San Giovanni Bosco ed, E. Ceria, Torino 1955-1959, 4 vol.
______. Opere e scritti editi e inediti nuovamente pubblicati e riveduti secondo le edizioni originali e manoscriti superstiti a cura della Pia
Società Salesiana, ed. A. Caviglia, Torino 1929-1943, 4 vol. (ed. póstuma, 1964, vol V e VI)
BRAIDO P., Il Sistema Preventivo di Don Bosco, Zurich 1964
BUCCELLATO G., Dom Bosco: notas para uma história espiritual de sua vida, São Paulo, 2009
CAVIGLIA A., Don Bosco, profilo storico, Torino 1946
CERIA E., Don Bosco con Dio, Torino, 1946
DESRAMAUT F., Don Bosco e la vita spirituale, Torino 1969
______. Les memorie I di Giovanni Battista Lemoyne. Etude d’un livre fondamental sur la jeunesse de Saint Jean Bosco, Lyon 1962
GIRAUDI F., L’Oratorio di Don Bosco, Torino 1935
KLEIN J. et VALENTINI E., Una rettificazione cronologica delle “Memorie di San Giovanni Bosco” in Salesianum XVII (1955) 588ss
LEMOINE G.B., AMADEI A., CERIA E., Memorie biografiche di Don Giovanni Bosco, San Benigno e Torino 1898-1948, 20 vol.
MOLINERIS M., Don Bosco inedito, Castelnuovo Don Bosco 1974
STELLA P., Don Bosco nella Storia della Religiosità Cattolica, I: Vita e Opere, Zurich 1968
21
APRESENTAÇÕES
EM
FORMA
DE
PÔSTER
22
A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Gilson Tenório23
Francisca Sousa23
Lorena Leite23
Núbia Ferreira23
Ana Paula Sá Menezes24
RESUMO: Numa visão tradicional, o principal objetivo das empresas era ganhar dinheiro tanto quanto possível, maximizando o valor financeiro
para os proprietários e acionistas. Agora, uma empresa precisa analisar seus empreendimentos não só a partir da rentabilidade
econômica. Existem agora duas outras contas a considerar: Social e Ambiental. A nova tendência em direção a um modelo socioeconômico
em que as empresas já não têm o único objetivo de maximização do lucro, é expressa na adoção da Responsabilidade Social Empresarial
(RSE) na gestão empresarial. O objetivo desse trabalho é proporcionar uma revisão da literatura analisando o conceito de RSE e as teorias por
trás dele. Conclui-se que a Cadeia de Valor Corporativa busca o diálogo entre acionistas e stakeholders para que se vejam como parceiros e
não como adversários no palco das mudanças de comportamentos social e ambiental exigidas pelos consumidores.
DESCRITORES: Ética Empresarial; Responsabilidade Social Empresarial; Cadeia de Valor Corporativa.
RESUMEN: En un punto de vista tradicional, el objetivo principal de las empresas estaban haciendo dinero tanto como sea posible,
maximizando el valor financiero a los propietarios y accionistas. Ahora, una empresa tiene que analizar sus proyectos no sólo de la rentabilidad
económica. En la actualidad hay otras dos cuentas a considerar: Social y Ambiental. La nueva tendencia hacia un modelo socioeconómico en
el que las empresas ya no tienen el único objetivo de la maximización del beneficio, se expresa en la adopción de la Responsabilidad Social
Corporativa (RSC) en la gestión empresarial. El objetivo de este trabajo es ofrecer una revisión de la literatura que analiza el concepto de RSE
y las teorías detrás de él. Se concluye que la Cadena de Valor Corporativo busca el diálogo entre los accionistas y las partes interesadas a sí
mismos como socios y no como adversarios en el escenario de cambio de los comportamientos sociales y ambientales requeridos por los
consumidores.
DESCRIPTORES: Ética Empresarial; Responsabilidad Social Corporativa; la Cadena de el Valor Corporativo.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, as grandes corporações multinacionais estão chegando em lucros inimagináveis ao utilizar o mundo globalizado
como mercado consumidor. E o usa sem piedade. A ganância de seus acionistas é tanta que não se preocupam com os efeitos
colaterais negativos da maximização de seus lucros, tanto a nível de direitos humanos como do meio ambiente e sua
sustentabilidade. Atuam sem ter medo de seres punidos, sem a necessidade de responder por seus atos diante das gerações
futuras, e, inclusive, fazendo os governos de marionetes, mesmo das grandes potências mundiais.
O enfoque dos shareholder, grupo conhecido no mundo dos negócios por defender a maximização dos lucros da empresa a
qualquer preço e o aumento do valor das ações na Bolsa, apenas se importando se os proprietários e acionistas estão contentes.
Essa ideia é comprovada pelo pronunciamento de Percy Barnevik, ex-presidente da ABB (uma multinacional de equipamento
elétrico com sede na Suíça) em 199525:
23
Acadêmicos do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus, AM. E-mail: gilsontfab@hotmail.com
24 Mestre em Ensino de Ciências na Amazônia. Pofessora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus, AM. Orientadora da
pesquisa.
25 Disponível em: <http://www.setem.cat/CD-ROM/idioma/setem_cat/mo/mo040107e.pdf>. Acesso em 19/07/2012 às 18h43min.
23
“Defino la mundialización como la libertad de mi grupo para invertir donde quiera, durante el tiempo que quiera,
para producir lo que desee, aprovisionándose y vendiendo donde quiera con las mínimas limitaciones posibles
en materia de derecho laboral y de convenciones sociales”26 .
Aos olhos de muitos, essa filosofia parece exitosa, pois a ABB é atualmente a 15ª multinacional, a 6ª européia e a 2ª na Suíça em
relação ao montante de ativos estrangeiros que possui27.
Por outro lado, os stakeholders vêm com o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), a qual pretende que as
empresas criem códigos de conduta internos que garantam o desenvolvimento de suas atividades ordinárias, a nível interno e
externo, sejam sustentáveis e que não atentem contra os direitos sociais e o meio ambiente.
A RSE propõe que uma empresa, para perdurar no tempo, deve ser sustentável e levar em consideração, no momento de definir
suas estratégias, todos os agentes sociais que se relaciona tanto de maneira direta como indireta. Esse planejamento é realizado
pelos chamados stakeholder – que são contrários ao planejamento tradicional feito pelos shareholder. Esse novo enfoque propõe
que é necessário escutar todos os agentes envolvidos na empresa: trabalhadores, gestores, clientes, sociedade civil, governo.
Para analisar o conceito de RSE e as teorias por trás dele, faz-se necessário conceituar a Teoria dos Sistemas, Ética, Ética
Empresarial, Empresa, Valores e Cadeia de Valor Corporativa para que se possa desenvolver o entendimento e reflexão sobre a
responsabilidade social das empresas com a comunidade, tema da presente pesquisa.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 TEORIA DOS SISTEMAS
A Teoria dos Sistemas surgiu da percepção de que certos princípios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes ramos da
ciência. Imbuído dessa filosofia, as bases da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi lançada em 1937 pelo alemão Ludwig von
Bertalanffy, mas só foi amplamente reconhecida pela Administração na década de 60 (FERREIRA; PEREIRA; REIS, 2002).
Segundo Chiavenato (2004, p. 474), a TGS “não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias ou
formulações conceituais para aplicações na realidade empírica”.
Para Chiavenato (2006), a TGS fundamenta-se em três premissas básicas a saber:
 Os sistemas existem dentro de sistemas e cada sistema é constituído de subsistemas e, ao mesmo tempo, fazem parte
de um sistema maior, o suprasistema;
 Os sistemas são abertos e caracterizados por um processo infinito de intercâmbio com o seu ambiente para trocar
energia e informação;
 As funções de um sistema dependem de sua estrutura.
Para Chiavenato (2006, p. 79), a Teoria dos Sistemas “permite reconceituar os fenômenos dentro de uma abordagem global,
permitindo a interrelação e a integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de naturezas completamente diferentes”.
No sentido de buscar uma melhor compreensão entre organismos vivos e organizações empresariais, a figura 1 apresenta um
esquema comparativo envolvendo alguns aspectos relacionados às características gerais dos seres vivos (ZACCARELLI, apud
FERREIRA; PEREIRA; REIS, 2002, p. 59), sendo que uma das maiores características das empresas ser a sua capacidade de
ampliar seu ciclo de vida, diferentemente dos organismos vivos, através de reorganizações contínuas.
26
"Eu defino a globalização como a liberdade do meu grupo de investir em qualquer lugar, durante o tempo que quiser, para produzir o que quiser, estocando
e vendendo sempre que possível com restrições mínimas sobre direito do trabalho e as convenções sociais" (tradução).
27 Dados publicados pela ONU em 2001. Disponível em: <http://www.setem.cat/CD-ROM/idioma/setem_cat/mo/mo040107e.pdf>. Acesso em 19/07/2012 às
18h43min.
24
Figura 1 – Esquema comparativo entre Organismos e Organizações
Organismos Organizações
Herdam seus traços Adquirem estrutura em estágios
Morrem Podem ser reorganizadas
Têm um ciclo de vida predeterminado Não têm um ciclo de vida definido
São seres concretos São seres abstratos
São seres completos (não precisam praticar parasitismo ou
simbiose)
São seres incompletos
A doença é um distúrbio no processo vital O problema é um desvio nos procedimentos
adotados pela organização
Fonte: Zaccarelli (apud FERREIRA; PEREIRA; REIS, 2002, p. 59).
No estudo de caso de Amariles et al (s.d.), enfoca-se que a Teoria de Sistemas aborda conceitos de ética, empresa e valores,
como elementos básicos que permitirão compreender a maneira como se desenvolvem as atividades empresariais nos mercados
e as interações decorrentes entre a organização e o empregado e “todo ello enfocado a la comprensión de la responsabilidad
social empresarial con sus componentes legal, laboral, productivo y social”28.
Em vista disso, aborda-se-ão os conceitos de ética, valores e empresa para que se possa desenvolver o conceito de
responsabilidade social das empresas com a comunidade, tema da presente pesquisa.
2.1.1 Conceito de Ética
Barton e Barton (apud SEGRE; COHEN, 2002, p. 21) a “ética está representada por um conjunto de normas que regulamentam o
comportamento de um grupo particular de pessoas”. Esse conceito parece muito com o conceito de moral que, segundo Segre e
Cohen (2002, p. 20) “a lei moral ou seus códigos caracterizam-se por uma ou mais normas, que usualmente têm por finalidade
ordenar um conjunto de direitos ou deveres do indivíduo e da sociedade”.
Para Marques (2009, p. 13-14), ética “não se confunde com a moral. [...] a ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. [...] a
ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações
humanas”.
Segre e Cohen (2002, p. 21) compreendem ética estando na
[...] percepção dos conflitos da vida psíquica na condição [...] de nos posicionarmos de forma coerente, face a
esses conflitos. [...] a ética se fundamenta em três princípios: 1. percepção dos conflitos (consciência); 2.
autonomia (condição de posicionar-se entre a emoção e a razão, sendo que essa escolha de posição é ativa e
autônoma); 3. coerência.
Logo, pode-se dizer que a diferença entre ética e moral está na percepção de que a moral é algo imposto enquanto que a ética é
algo que deve ser apreendida pelo indivíduo.
2.1.2 Conceito de Empresa
Asquini (apud SILVA, 2007, p. 103) entende empresa como “um fenômeno econômico poliédrico, o qual tem sob o aspecto
jurídico, não um, mas diversos perfis em relação aos diversos elementos que o integram”.
Já para Silva (2007, p. 103), empresa é uma “atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou
serviços”. Portanto, por atividade econômica entende-se que a entidade deve gerar lucros, organizada significa que o binômio
capital e trabalho deve estar organizado de modo que possa produzir ou circular bens ou serviços.
28 Tudo visando a compreensão da responsabilidade social corporativa com seus componentes legais, trabalhistas, produtivas e sociais (tradução).
25
Amariles et al (s.d.) concebem empresa como “un sistema que interacciona con su entorno materializando una idea, de forma
planificada, dando satisfacción a unas demandas y deseos de clientes, a través de una actividad económica”29. Para Fulgêncio
(2007, p. 251)
O termo empresa vem sendo empregado em inúmeros sentidos, principalmente, no de estabelecimento
comercial. Em face do emprego inadequado do termo na legislação civil, comercial, trabalhista e fiscal, o
conceito de empresa, universalizado, passa a ter sua compreensão dificultada. [...]. em sentido mais abrangente
pode-se defini-la como uma atividade particular, pública, ou de economia mista, que produz combinando fatores
da produção e oferecendo bens e/ou serviços, com o objetivo de obter lucros. As empresas do Poder Público
têm a finalidade de obter rentabilidade social. [...] tem as seguintes categorias: a) Setor primário,
correspondendo à agricultura; b) Setor secundário, correspondendo à indústria; c) Setor terciário,
correspondendo ao setor de serviços.
Entretanto, uma organização que ainda não tenha obtido lucro, mas que desenvolveu um produto com um potencial de ser
rentável no futuro pode ser considerado empresa? Sim. Por exemplo, uma empresa de informática no processo de
desenvolvimento de uma tecnologia revolucionária pode atrair investidores porque eles acreditam que a empresa possivelmente
poderia se tornar a próxima Microsoft, Apple, Facebook e/ou Google.
2.1.3 Conceito de Valores
Etimologicamente, valor vem de valere, palavra latina que significa que tem valor, custo. Para Segre e Cohen (2002, p. 19) o
conceito de valor está “vinculado à noção de preferência ou de seleção”. Rocheart (apud SEGRE; COHEN, 2002, p. 19) define
valor como “uma crença duradoura em um modelo específico de conduta ou estado de existência, que é pessoal ou socialmente
adotado e que está embasado em uma conduta pré-existente”.
Para Jones e Gerard (apud VIANA, 2007, p. 15) valores são “qualquer estado ou objeto singular que o indivíduo se esforça em
obter do qual procura acercar-se, elogia, adora, voluntariamente consome, incorre em despesas para adquirir, constitui valor
positivo”. Kluckhon (apud VIANA, 2007, p. 16) define valor como “uma concepção do desejável explícita e implícita característica
de um indivíduo ou de um grupo, e que influencia a seleção dos modos, meios e fins de ação”. Parsons (apud VIANA, 2007, p. 15)
afirma que valor “é um elemento de um sistema simbólico partilhado que serve de critério ou padrão para a seleção entre
alternativas de orientação que são intrisecamente viáveis numa situação”. Mannheim (apud VIANA, 2007, p. 18) forneceu a
seguinte definição: “[...] os valores se exprimem inicialmente em função das escolhas feitas pelos indivíduos: ao preferir isto em
vez daquilo, estou valorizando coisas”.
Amariles et al (s.d.) partem da ideia de que valores são
Cualidades esenciales en el sentido de que no existen por sí solos sino que hacen parte de la esencia misma de
los objetos considerados como bienes, haciendo parte de su estructura en un doble sentido: por una parte, en
una dimensión objetiva que precisa de una situación concreta que sirva como referencia a la persona y al objeto
para la actualización del valor encarnado por el objeto en el que se percibe su presencia30.
Enfim, valores são definidos como características, propriedades ou qualidades consideradas particularmente importante para um
indivíduo ou um grupo. A sua utilidade é encontrada na base para tomada de decisões, ações ou julgamentos. Geralmente, são
apresentados em termos positivos e/ou demonstrações de valor eficaz. A importância disso nas organizações é que os conceitos
de valores ajudam na decisão do que a empresa estará escolhendo para trabalhar ssua responsabilidade social, ou seja, o que a
comunidade em seu entorno valoriza deve ser levado em consideração na escolha da atividade social a ser realizada.
29 Um sistema que interage com seu ambiente para materializar uma idéia, de forma planejada, satisfazendo algumas demandas e desejos dos clientes,
através da atividade econômica (tradução).
30 Qualidades essenciais no sentido de que existem sozinhos, mas são parte da essência mesma dos objetos considerados como bens, fazendo parte da sua
estrutura de duas maneiras: por um lado, em uma dimensão objetiva que requer uma situação específica que sirva de referência para a pessoa e para e ao
objeto para atualizar o valor incorporado pelo objeto em que se percebe sua presença (tradução).
26
2.2 ÉTICA NAS EMPRESAS E NOS NEGÓCIOS
Enquanto a deontologia, ética profissional, está voltada para profissionais, associações e entidades de classe, as empresas têm o
que se chama de ética empresarial, que é aquela a nortear a conduta dos seus integrantes, bem como os valores e convicções
primários da organização. Devido a isso, Marques (2009, p. 8) sugere que é necessário conhecer a evolução do conceito de ética
nas empresas e nos negócios (figura 1):
Figura 2 – Evolução do conceito de ética nos negócios – de 1960 até o início do século XXI
Fonte: Adaptado de Marques (2009).
Para Amariles et al (s.d.), a ética nos negócios
Se trata de una red de relaciones en la que la empresa compete a todas las personas y a todos los sectores que
la integran, en un concepto de corresponsabilidad, en el que es importante la toma de conciencia acerca de la
totalidad de los procesos desarrollados al interior de la compañía, de tal forma que desaparecen los límites
rígidos que otrora fueron tan importantes31.
A sociedade atual vive uma crise ética. Os homens tendem a viver sob um código de ética próprio, onde o que é melhor para si
vem em primeiro lugar ao que é melhor para a coletividade. Quando se fala em ética há sempre a ideia de pensamentos
retrógrados e, logo depois, a rejeição. Porque a sociedade está em uma crise ética, isso se reflete em muitas áreas de assuntos
dos homens, como é o negócio. À Ética ainda não é dada a devida importância nas estratégias de negócios, apesar das tentativas
estratégicas de gestores e acadêmicos. Foi necessário estabelecer um pensamento estratégico, por exemplo, como a inflação
global foi devastando o mercado. Falou-se de valores sociais e das expectativas sociais e que as empresas devem respeitar os
direitos humanos e as condições de trabalho. Outra tentativa estratégica foi a reflexão sobre o conceito de capacidade de
resposta social, que afirmou que as empresas devem tentar responder rapidamente às demandas sociais.
Ninguém contesta que o setor empresarial está gerando mudanças na sociedade – consumidores estão mais atetos aos produtos
que compra aos impactos causados pela sua produção, direitos do consumidor –, por isso é natural que as empresas assumam a
responsabilidade pelo tipo de futuro que se está criando. Nesse contexto, o conceito de RSE está mais associado a um
movimento nesse processo, um conceito em busca de definição, como um meio de transformação social. Alguns pensam que a
RSE deve ser incorporada apenas por questões de imagem, ou por requisitos exigidos pelo mercado externo, por motivos éticos
ou ou mesmo porque melhora a gestão e rentabilidade. Entretanto, o que não está em discussão é que as empresas estão
31
Esta é uma rede de relacionamentos nos quais a empresa se apóia com todas as pessoas e todos os setores de cobertura, em um conceito de
responsabilidade, que é importante na conscientização sobre todos os processos desenvolvidos no âmbito empresa, de tal forma que desaparecem os limites
rígidos que eram tão importantes (tradução).
27
percebendo rapidamente que a RSE é um novo desafio colocado pela globalização. E isso é discutir comportamento ético. Isso é
ética nos negócios.
2.2.1 Ética Empresarial no Brasil
Em São Paulo, a ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios, primeira faculdade de administração do país, fundada
em 1941, privilegiou o ensino da ética nos cursos de graduação desde seu início. O ano de 1992 foi profícuo (MARQUES, 2009,
p. 11 et seq):
 o MEC sugeriu formalmente que todos os cursos de administração tivessem ética em sua grade curricular.
 a Fundação FIDES desenvolveu uma sólida pesquisa sobre Ética nas Empresas Brasileiras.
 a Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, criou o CENE – Centro de Estudos de Ética nos Negócios.
Atualmente, as IES incluíram o ensino de ética em seus currículos. Um exemplo disso é o curso de Ciências Contábeis da FSDB,
Manaus, que inova trazendo em seu currículo a Ética Profissional.
2.3 A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Para Amariles et al (s.d.), a clássica contradição de que não são compatíveis a ética com os negócios, está sendo superada
paulatinamente, o que permite pensar na atuação ética das empresas como seu melhor negócio na atualidade. Assim, é possível
abordar um estudo sobre o que se considera moralmente correto ou incorreto nos comportamentos das pessoas enquanto
representam as organizações e nas políticas que esta promove para alcançar melhores negócios. A responsabilidade social
empresarial é baseada na relação entre os três aspectos que o compõem: a responsabilidade econômica, a responsabilidade
social e a responsabilidade ambiental (figura 3).
Figura 3 – Esquema representando o Tripé da Sustentabilidade Empresarial
Fonte: Disponível em <www.copesul.com.br>.
Para Kraemer (s.d.), “o desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão intimamente ligados. Só é inteligente o uso de
recursos naturais para o desenvolvimento caso haja parcimônia e responsabilidade no uso dos referidos recursos. Do contrário, a
degradação e o caos serão inevitáveis”.
Segundo Reis (2007), o movimento da responsabilidade social das empresas, que ocorreu nos anos 1960, nos EUA, relacionado
à degradação do meio ambiente e aos direitos dos consumidores, no Brasil, passou a ser pauta da agenda do setor privado a
partir dos anos 1990, referindo-se à participação do setor empresarial no enfrentamento dos já tradicionais e novos problemas de
ordem social, resultantes de um crescimento econômico desarticulado de um projeto de desenvolvimento econômico e social, e
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar
A educação inclusiva na pedagogia hospitalar

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Etica protagonismo juvenil
Etica   protagonismo juvenilEtica   protagonismo juvenil
Etica protagonismo juveniltatyathaydes
 
Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia
Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia
Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia Jocilaine Moreira
 
Trabalho educativo _2004[1]
Trabalho educativo _2004[1]Trabalho educativo _2004[1]
Trabalho educativo _2004[1]NandaTome
 
Revista gestão - Novembro/Dezembro de 2010
Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010
Revista gestão - Novembro/Dezembro de 2010paulocabral
 
Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...
Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...
Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...Carina
 
Supervisor educacional
Supervisor educacionalSupervisor educacional
Supervisor educacionalDavi Brandão
 
Resumo da proposta de tempo integral
Resumo da proposta de tempo integralResumo da proposta de tempo integral
Resumo da proposta de tempo integralescolabeatriz
 
Artigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino SuperiorArtigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino SuperiorVALERIAOLIVEIRAAMORI
 
Plano político pedagógico 21.03.13
Plano político pedagógico 21.03.13Plano político pedagógico 21.03.13
Plano político pedagógico 21.03.13Marcinha Mello
 
Modelos de Intervenção
Modelos de IntervençãoModelos de Intervenção
Modelos de IntervençãoHelena13dias
 

Was ist angesagt? (11)

Etica protagonismo juvenil
Etica   protagonismo juvenilEtica   protagonismo juvenil
Etica protagonismo juvenil
 
Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia
Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia
Projeto de Dissertação de Mestrado em Filosofia
 
Trabalho educativo _2004[1]
Trabalho educativo _2004[1]Trabalho educativo _2004[1]
Trabalho educativo _2004[1]
 
Orientação educacional slide 2
Orientação educacional   slide 2Orientação educacional   slide 2
Orientação educacional slide 2
 
Revista gestão - Novembro/Dezembro de 2010
Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010
Revista gestão - Novembro/Dezembro de 2010
 
Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...
Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...
Projeto Formação no ambiente escolar - uma busca pela integração prática e te...
 
Supervisor educacional
Supervisor educacionalSupervisor educacional
Supervisor educacional
 
Resumo da proposta de tempo integral
Resumo da proposta de tempo integralResumo da proposta de tempo integral
Resumo da proposta de tempo integral
 
Artigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino SuperiorArtigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino Superior
 
Plano político pedagógico 21.03.13
Plano político pedagógico 21.03.13Plano político pedagógico 21.03.13
Plano político pedagógico 21.03.13
 
Modelos de Intervenção
Modelos de IntervençãoModelos de Intervenção
Modelos de Intervenção
 

Ähnlich wie A educação inclusiva na pedagogia hospitalar

05p 9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes
05p   9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes05p   9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes
05p 9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenesValentina Silva
 
Aprendizagem de resultados malcolm knowles
Aprendizagem de resultados   malcolm knowlesAprendizagem de resultados   malcolm knowles
Aprendizagem de resultados malcolm knowlesAndre Santos
 
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3Thiago Ávila Medeiros
 
Relat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mecRelat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mecproinfancia
 
Relatoriopppunicid
RelatoriopppunicidRelatoriopppunicid
Relatoriopppunicidlillianmello
 
Slides proinfantil claudia e elaine
Slides proinfantil claudia e elaineSlides proinfantil claudia e elaine
Slides proinfantil claudia e elaineEducação Infantil
 
Eduvirtua mod 2 ppt1
Eduvirtua mod 2 ppt1Eduvirtua mod 2 ppt1
Eduvirtua mod 2 ppt1Sandra Andrea
 
Manual de Educação Sexual
Manual de Educação SexualManual de Educação Sexual
Manual de Educação SexualTeresa Pedras
 
Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012
Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012
Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012Carina
 
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...Luciana Torturello
 
DIDATICA _ objeto estudo _texto.pdf
DIDATICA _ objeto estudo _texto.pdfDIDATICA _ objeto estudo _texto.pdf
DIDATICA _ objeto estudo _texto.pdfDenise De Ramos
 
Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...
Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...
Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...Ricardo Pinheiro
 
Binomio criar-educar
Binomio criar-educarBinomio criar-educar
Binomio criar-educarKelly Sz
 
Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011
Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011
Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011Carina
 
Dialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdf
Dialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdfDialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdf
Dialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdfJulianoRibasignez1
 
Projeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio França
Projeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio FrançaProjeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio França
Projeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio FrançaSocorro Vasconcelos
 

Ähnlich wie A educação inclusiva na pedagogia hospitalar (20)

Monografia Carla Pedagogia 2009
Monografia Carla Pedagogia 2009Monografia Carla Pedagogia 2009
Monografia Carla Pedagogia 2009
 
05p 9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes
05p   9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes05p   9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes
05p 9-motivação-em-busca-do-conhecimento-geenes
 
Aprendizagem de resultados malcolm knowles
Aprendizagem de resultados   malcolm knowlesAprendizagem de resultados   malcolm knowles
Aprendizagem de resultados malcolm knowles
 
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
Educação para Saúde e Meio Ambiente - Aula 3
 
Relat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mecRelat seb praticas_cotidianas coedi mec
Relat seb praticas_cotidianas coedi mec
 
Relatoriopppunicid
RelatoriopppunicidRelatoriopppunicid
Relatoriopppunicid
 
Slides proinfantil claudia e elaine
Slides proinfantil claudia e elaineSlides proinfantil claudia e elaine
Slides proinfantil claudia e elaine
 
Eduvirtua mod 2 ppt1
Eduvirtua mod 2 ppt1Eduvirtua mod 2 ppt1
Eduvirtua mod 2 ppt1
 
Manual de Educação Sexual
Manual de Educação SexualManual de Educação Sexual
Manual de Educação Sexual
 
Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012
Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012
Projeto "Formação no ambiente escolar" 2012
 
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DO DIÁLOGO NO DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ESCO...
 
Relatorio de pos
Relatorio de posRelatorio de pos
Relatorio de pos
 
DIDATICA _ objeto estudo _texto.pdf
DIDATICA _ objeto estudo _texto.pdfDIDATICA _ objeto estudo _texto.pdf
DIDATICA _ objeto estudo _texto.pdf
 
Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...
Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...
Empreendedorismo na educação superior um estudo bibliométrico nas faculdades ...
 
Binomio criar-educar
Binomio criar-educarBinomio criar-educar
Binomio criar-educar
 
Projeto
ProjetoProjeto
Projeto
 
Pratica docente es
Pratica docente esPratica docente es
Pratica docente es
 
Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011
Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011
Projeto "Formação no ambiente escolar" - 2011
 
Dialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdf
Dialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdfDialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdf
Dialnet-MetodologiaAtiva-5113187.pdf
 
Projeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio França
Projeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio FrançaProjeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio França
Projeto Político Pedagógico _ EEEP Júlio França
 

Kürzlich hochgeladen

Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 

A educação inclusiva na pedagogia hospitalar

  • 2. 2 RESUMOS INDICATIVOS DOM BOSCO EDUCADOR NO SÉCULO DAS LIBERDADES Pe. João da Silva Mendonça Filho, sdb RESUMO: O objetivo deste ensaio é apresentar as grandes linhas de Dom Bosco educador no século XIX, diante das grandes mudanças daquela época. Ele intuiu que o cerne de todas as transformações que estavam acontecendo na cidade de Turim era de cunho cultural. Sua sensibilidade de padre educador o levou a optar pelos jovens abandonados e excluídos da vida social, religiosa, econômica e politica. Para eles e com eles organizou um estilo de vida familiar fundando na preventividade, não como uma estratégia educativa, mas uma forma de estar com os jovens. Dom Bosco não agiu sozinho nem criou nada apensa pela intuição. Soube ler os sinais dos tempos e conseguiu traduzir em iniciativas pastorais e educativas uma forma de promover o jovem, valorizá-lo e prepará-lo para viver na sociedade como bom cristão e cidadão honesto. DOM BOSCO, MESTRE DE ESPIRITUALIDADE Pe. João Sucarrats, sdb RESUMO: Para falar de Dom Bosco como Mestre de espiritualidade é preciso partir da definição de alguns conceitos que são usados na linguagem comum, e também em textos impressos, com uma grande variedade de significados. A espiritualidade cristã tem como sentido unívoco o seguimento de Jesus Cristo, que se diversifica de acordo com os tempos e as culturas e o peso que se dá às mediações que ajudam a participar “por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo”, da vida divina. Dom Bosco foi influenciado por diversos Mestres de Espiritualidade e aos poucos foi elaborando, mais na prática que na teoria, um caminho de santidade para si, para os seus e para os jovens, que se resume no famoso “bons cristãos e honestos cidadãos” e na prática das virtudes do trabalho e da temperança. A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Gilson Tenório, Francisca Sousa, Lorena Leite, Núbia Ferreira, Ana Paula Sá Menezes RESUMO: Numa visão tradicional, o principal objetivo das empresas era ganhar dinheiro tanto quanto possível, maximizando o valor financeiro para os proprietários e acionistas. Agora, uma empresa precisa analisar seus empreendimentos não só a partir da rentabilidade econômica. Existem agora duas outras contas a considerar: Social e Ambiental. A nova tendência em direção a um modelo socioeconômico em que as empresas já não têm o único objetivo de maximização do lucro, é expressa na adoção da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) na gestão empresarial. O objetivo desse trabalho é proporcionar uma revisão da literatura analisando o conceito de RSE e as teorias por trás dele. Conclui-se que a Cadeia de Valor Corporativa busca o diálogo entre acionistas e stakeholders para que se vejam como parceiros e não como adversários no palco das mudanças de comportamentos social e ambiental exigidas pelos consumidores. A NATUREZA DA LIDERANÇA NA FACULDADE SALESIANA DOM BOSCO Odete Ferreira Coelho, Carlos Henrique Soares Carvalho RESUMO: O presente artigo apresenta a investigação sobre o estilo de liderança predominante nos ocupantes de cargos de chefia da Faculdade Salesiana Dom Bosco. De um modo geral, as pessoas não entendem o verdadeiro significado da palavra liderança ou tem dificuldade de encontrar métodos para ser um bom líder. Existem muitos autores que conceituam a respeito da liderança e indicam caminhos e estratégias não só, para se tornar um líder, mas também para desenvolver as habilidades profissionais dos seus colaboradores. A metodologia utilizada na pesquisa foi de caráter exploratório que possibilita maior familiaridade com o problema, através da aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas e estudo bibliográfico sobre o assunto em tela, tendo-se destacado a natureza da liderança que trata White, a partir da metáfora dos répteis e dos mamíferos. A partir da pesquisa, concluiu-se que os ocupantes de cargos de chefia na FSDB tendenciam a serem grandes lideranças, o que é fundamental para o crescimento de qualquer empresa, seja ela com fins lucrativos ou não.
  • 3. 3 O FORTALECIMENTO DA INTEGRIDADE ÉTICA DO FUTURO CONTADOR Núbia Ferreira, Naiara Limeira Moura, Francisca Souza da Silva, Gilson Tenório, Ana Paula Sá Menezes RESUMO: Infelizmente, situações adversas, resultando em amoralidade, ocorrem muito frequentemente nas áreas de direito, negócios e no próprio governo brasileiro. Na área contábil, obrigações profissionais podem colocar o contador em uma situação onde o mesmo é suscetível às pressões da moralidade. Se o contador se envolve em atos consistentes com a amoralidade, pode resultar em danos significativos não só à empresa, mas à sociedade de maneira geral. O presente estudo busca uma reflexão sobre o papel da ética profissional contábil. É uma pesquisa exploratória e bibliográfica. Conclui-se que ao reforçar princípios éticos nos contadores em formação nas universidades é condição sine qua non para que o país e empresas privadas tenham transparência em suas contas, diminuindo o desvio de recursos e estimulando o trabalho honesto como uma fonte para o crescimento pessoal. DESCRITORES: Ética Contábil; Contador em Formação. A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Silvia de Freitas Gil, Maria Roseane Gonçalves de Menezes RESUMO: Este artigo refere-se a uma pesquisa realizada com professores do Ensino Fundamental do turno matutino de uma escola da Rede Pública Municipal da cidade de Manaus. Objetivou-se analisar as concepções de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental do turno matutino de uma Escola Pública Municipal da cidade de Manaus a cerca da avaliação da aprendizagem. A pesquisa é qualitativa, bibliográfica e de campo, onde para a coleta de dados recorremos a entrevistas e observações diretas em sala de aula. Apresentamos primeiramente um conceito de avaliação, abordamos sobre o processo histórico, tendências e avaliação da aprendizagem com intuito de conhecer melhor o caminho utilizado pelo professor no ato de avaliar. Discutimos sobre o professor e suas metodologias, se o mesmo busca novas técnicas de abordagem e se favorecem a aprendizagem dos alunos. O estudo torna-se relevante, por apresentar discussões a cerca da avaliação no processo de ensino e aprendizagem observando que muitos professores consideram a avaliação ainda de forma tradicional como uma ação que deve ocorrer num fim de um ciclo didático. Os dados coletados foram analisados com base na triangulação onde damos á total importância as vozes dos entrevistados, do pesquisador e dos teóricos que abordam sobre a temática. Reconhecemos que para se obter um desempenho educacional favorável, é necessário ressignificar a avaliação da aprendizagem, discutindo sobre a temática na escola nos momentos de reuniões pedagógicas, pontuando o que é possível fazer para que todos os alunos sejam atendidos de forma satisfatória, aprendendo o que está sendo ensinado. AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGÜE DE ALUNOS COM SURDEZ NA ESCOLA INCLUSIVA Jocilene Maria da Conceição Silva, Maria Estelita Pereira Ferreira, Yuri Expósito Nicot RESUMO: Este artigo tem como objetivo principal, analisar de que maneira a gestão das escolas tem contribuído na educação bilíngüe de alunos com surdez nas escolas públicas que devem ser inclusivas, visto que, os documentos legais que norteiam a educação inclusiva preconizam que a escola regular precisa estar preparada para recebê-los. Na realidade, a questão principal da educação de surdos se dá na aquisição da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS paralelamente a Língua Portuguesa, o que se denomina “Educação Bilíngüe”.O trabalho realizou-se metodologicamente, embasado em uma pesquisa bibliográfica, dando ênfase para a análise em uma abordagem qualitativa e participativa. Percebe-se que para que se efetive uma educação de fato inclusiva, a gestão necessita ser democrática e participativa, para que possa estar contribuindo para a inclusão desses alunos, tendo o Projeto Político Pedagógico como instrumento norteador das ações desenvolvidas na escola.
  • 4. 4 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NA SAÚDE Tatiana Sá Menezes, Ana Paula Sá Menezes RESUMO: A escola é um campo imprescindível ao desenvolvimento de projetos de saúde coletiva. O objetivo da pesquisa foi identificar a partir de conceitos de Educação em Saúde utilizados por pesquisadores de Saúde Coletiva, qual seria a tendência pedagógica mais profícua para se promover a Educação em Saúde na comunidade escolar. As tendências pedagógicas analisadas foram: liberal (tradicional) e progressista (libertária, libertadora e histórico-crítico-social dos conteúdos). A pesquisa foi bibliográfica e exploratória. Conclui-se que as propostas educacionais baseadas na reflexão, na crítica e na conscientização do indivíduo enquanto cidadão, são as mais propícias quando se fala em implantar novos projetos educativos na promoção da saúde. PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE MANAUS Maria Elaine Gonçalves de Menezes Pinheiro, Josafá Lima Ramos, Maria Roseane Gonçalves De Menezes RESUMO: O presente artigo objetiva abordar sobre a questão da Pedagogia Hospitalar, considerando que essa se apresenta como uma parte importante da pedagogia geral. Buscamos especificamente descrever sobre o atendimento hospitalar desenvolvido em um hospital da cidade de Manaus e refletir sobre esse atendimento educacional a partir de uma fundamentação teórica pautada nos princípios da Educação Inclusiva. O que nos suscitou a apresentar esse artigo foi à preocupação com a educação de crianças fora dos espaços escolares, acreditamos que nesse novo espaço que envolve características medicas e pedagógicas a educação pode se fazer presente. O estudo é de cunho qualitativo, por apresentarmos dados relevantes que nos fazem refletir sobre a questão da Pedagogia Hospitalar. Envolve uma pesquisa de campo e bibliográfica. Os dados coletados partiram das observações participantes no local do atendimento hospitalar, conversas dirigidas com pais por meio de reuniões e elaboração de relatórios mensais sobre o atendimento hospitalar por nos desenvolvido. O torna-se relevante por motivo da política educacional propagar a educação inclusiva, nesse sentido entende-se que as crianças que estão hospitalizadas não podem ficar a margens do processo escolar, visto que, possuem esse direito adquirido e assegurado em leis. AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DE ALUNOS FINALISTAS E EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO Maison Antonio dos Anjos Batista, Silvana Andrade Martins RESUMO: Não há um consenso para se chegar a uma definição de analfabetismo funcional, pois depende da quantidade de leitura que uma sociedade coloca para seus cidadãos e das expectativas educacionais esperadas por essa sociedade. Dados do INAF mostram que as pessoas têm tido mais acesso à escolarização, mas não acompanharam a média em termos qualitativos. Há programas nacionais e internacionais que avaliam a qualidade da educação como o PISA e o ENEM. Fez-se então uma pesquisa através de questionário e entrevista com alunos finalistas e egressos em uma Escola Estadual de Manaus para se conhecer o perfil de leitura e escrita desses e saber se a escola está cumprindo com seu papel de fazer com que a pessoa seja produtora de conhecimento e participante do mundo como rezam os PCN’s do Ensino Médio. Conclui-se que mesmo metade dos alunos entrevistados acreditarem que a escola não cumpreseu papel eles sabem onde buscar informações e soluções para as dificuldades relacionadas à leitura e à escrita do dia a dia, em um texto conseguem fazer a recuperação de uma informação, mas têm dificuldades em refletir sobre o conteúdo de um texto, avaliando a pertinência de uma seção do texto em relação ao seu significado e propósito gerais. A pesquisa tem grande importância para se conhecer as expectativas dos alunos e egressos em relação à escola sabendo se essa está atendendo a necessidade dos mesmos, bem como conhecer o perfil de leitura e escrita dos entrevistados. O ATO DE LER E A LÍNGUA PORTUGUESA: UM ENFOQUE A PARTIR DE PAULO FREIRE José Cavalcante Lacerda Junior, Antonia Gilmara Lira de Lacerda RESUMO: A leitura como instrumento de decodificação dos signos linguísticos ganha uma maior amplitude com a concepção de Paulo Freire que entende a leitura como uma forma de compreender os intercursos ideológicos da realidade. Neste sentido, o presente artigo está organizada em dois tópicos, a saber: No primeiro, a leitura a partir da perspectiva freireana destaca a importância da leitura na constituição biográfica de Freire, evidenciando seu conceito de leitura e sua aplicação em seu modelo educativo. No segundo evidencia a prática da leitura ao longo do decurso histórico no Brasil, demonstrando a mesma como um instrumento da elite para manutenção do poder. Ressaltou-se, ainda, a importância da leitura na disciplina de Língua Portuguesa como prática cognitiva e como instrumento de entendimento de mundo. Desta forma, busca-se destacar a importância da leitura na construção de um ser humano crítico e instrumentalizado para transformação ideológica da sociedade.
  • 5. 5 AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA Ana Moreira, Jocilene Maria da Conceição Silva RESUMO: não apresentou A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Silvia de Freitas Gil, Maria Roseane Gonçalves de Menezes RESUMO: Este artigo refere-se a uma pesquisa realizada com professores do Ensino Fundamental do turno matutino de uma escola da Rede Pública Municipal da cidade de Manaus. Objetivou-se analisar as concepções de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental do turno matutino de uma Escola Pública Municipal da cidade de Manaus a cerca da avaliação da aprendizagem. A pesquisa é qualitativa, bibliográfica e de campo, onde para a coleta de dados recorremos a entrevistas e observações diretas em sala de aula. Apresentamos primeiramente um conceito de avaliação, abordamos sobre o processo histórico, tendências e avaliação da aprendizagem com intuito de conhecer melhor o caminho utilizado pelo professor no ato de avaliar. Discutimos sobre o professor e suas metodologias, se o mesmo busca novas técnicas de abordagem e se favorecem a aprendizagem dos alunos. O estudo torna-se relevante, por apresentar discussões a cerca da avaliação no processo de ensino e aprendizagem observando que muitos professores consideram a avaliação ainda de forma tradicional como uma ação que deve ocorrer num fim de um ciclo didático. Os dados coletados foram analisados com base na triangulação onde damos á total importância as vozes dos entrevistados, do pesquisador e dos teóricos que abordam sobre a temática. Reconhecemos que para se obter um desempenho educacional favorável, é necessário ressignificar a avaliação da aprendizagem, discutindo sobre a temática na escola nos momentos de reuniões pedagógicas, pontuando o que é possível fazer para que todos os alunos sejam atendidos de forma satisfatória, aprendendo o que está sendo ensinado. ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA QUALIDADE DE VIDA DE UNIVERSITÁRIOS Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Denise Machado Duran Gutierrez, Maria Luiza de Andrade Picanço Meleiro, Ingrid dos Santos RESUMO: O presente artigo tem os objetivos de analisar os escores de qualidade de vida dos universitários da Escola de Saúde da Universidade do Estado do Amazonas; verificar os escores de qualidade de vida total e suas dimensões (física, psicológica, social, ambiental) e correlacionar os níveis de qualidade de vida com as variáveis sócio demográficas. Método: pesquisa transversal quantitativa. Utilizados dois questionário: sócio demográfico e o WHOQOL- abreviado (OMS). Resultados: Os escores de QV geral indicou satisfação com a vida (70,4%), enquanto os domínios físico, psicológico, social e meio ambiente apresentaram respectivamente os escores de 59,5%, 70,3%, 67,6% e 53,1%. Conclusão: A população obteve escores de qualidade de vida que expressam satisfação com a vida, com prejuízo nos domínios físico e meio ambiente ao considerar a escala de 0 (pior QV) a 100 (melhor QV). UMA EXPERIÊNCIA SOBRE DISCIPLINA E AFETIVIDADE NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS NA CASA MAMÃE MARGARIDA À LUZ DO SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO Eneila Raimunda Lima Oliveira RESUMO: O presente relato de experiência trata-se de um projeto realizado com as crianças e adolescentes atendidas na Casa Mamãe Margarida. Partindo da constatação de que a aprendizagem começa muito cedo, quando ainda somos bebê e que a partir do ensino formal as dificuldades desse processo costumam se tornar mais evidentes, faz-se necessário que a escola possa intervir de forma eficaz, sem deixar que a vida, o cotidiano e a rotina roubem a sensibilidade, o olhar, o reconhecimento e a importância de cada detalhe. A disciplina, o bem comum, o bom comportamento, a importância da higiene adequada e a afetividade; valores e virtudes que bem trabalhados têm o poder de transformar a dor em amor, o sofrimento em alegria. Dom Bosco dizia que por mais problemático que pudesse parecer um jovem, se o olhássemos de dentro para fora iríamos encontrar nele a semente do bem. O sistema preventivo remonta a credibilidade no protagonismo juvenil com o qual se deve acreditar que a jovem pode, ela não é uma “coitadinha”, uma mera vítima, mas agente de sua própria história, um ser humano em potencial, sujeito ativo social e pessoal.
  • 6. 6 EDUCAÇÃO RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA ATUAL LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Francisco Sales Bastos Palheta RESUMO: No presente trabalho você terá os principais elementos para fazer uma breve e ao mesmo tempo proveitosa relação entre as contribuições das Ciências da Religião, os Direitos Humanos, o Direito Educacional na legislação brasileira e o Ensino Religioso Escolar. Tudo realizado em forma de diálogo com autores, legislações, declarações, estatutos e minha contribuição pessoal. No primeiro momento, menciono de modo breve as principais contribuições das diversas escolas das Ciências da Religião, seguida de breves recortes históricos no processo de conquista dos Direitos Humanos. Continuando o texto dialogo autores, declarações, artigos da Constituição Federal e da Lei das Diretrizes e Bases da Educação. Encerrando enumero algumas conclusões e aponto algumas perspectivas. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) Jocilene Maria da Conceição Silva, Maria Roseane Gonçalves de Menezes, Maria Waldelores Pinheiro Bessa RESUMO: O presente artigo tem por objetivo analisar a formação dos professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a influência nas suas práticas pedagógicas. Buscamos entender como a formação inicial e continuada e influência na prática pedagógica de 06 (seis) professores de uma Escola Pública Estadual da Cidade de Manaus/AM. A pesquisa centrou-se em uma abordagem qualitativa, onde utilizamos questionários para a coleta das informações. Consideramos de suma importância discutir sobre a formação dos professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos, uma vez que estes profissionais em parte são responsáveis pelo retorno e permanência de pessoas que estavam desligadas dos estudos, reincorporando-as na sociedade escolar e resgatando sua identidade e cidadania para que possam entender e atuar na sociedade em que vivem. JOGOS OLÍMPICOS BOSCONIANOS NA PEDAGOGIA SALESIANA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Maurício Cordeiro Barbosa RESUMO: O presente relato baseia-se na experiência vivenciada nas trinta e quatro edições dos Jogos Olímpicos Bosconianos no Colégio Dom Bosco de Manaus demonstrando a importância e o valor educacional dos jogos como elemento que contribuem na formação humana numa perspectiva social pautada nos princípios educativos de Dom Bosco. Como objetivo, desde os primórdios da sua criação no ano de 1977, o foco sempre foi a promoção do carisma e da identidade Salesiana a partir das dimensões: esportiva, pedagógica, espiritual e cultural. O trabalho prático destaca as experiências em três momentos distintos: inicialmente na perspectiva de aluno/atleta, como educador na função de assessor e finalmente como coordenador geral. O trabalho finaliza com algumas reflexões acerca do valor educativo dos Jogos e as implicações na vida dos alunos. OS PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR Eduardo Segura, Josefina Kahil RESUMO: O Presente artigo visa articular entre três autores as abordagens de interdisciplinaridade de cada um e as principais variáveis encontradas a partir de um estudo minucioso desses autores. Desta forma, por intermédio da técnica de triangulação, se tem por objetivo estudar e compreender com maior profundidade o tema apresentado. A metodologia desenvolvida no artigo possibilita abranger e unificar três teóricos diferentes ao mesmo tempo articulando áreas do conhecimento diversificado. Sendo assim, temos uma clara compreensão da interdisciplinaridade e sua prática no cotidiano institucional e acadêmico. O USO DO BLOG EM UM PROJETO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA Lauriberto Araújo da Silva, Liany Oliveira Ferreira, Maurício da Silva Bentes RESUMO: Este trabalho consiste em um relato de experiência sobre a criação de blog como recurso de apresentação de um projeto interdisciplinar no Ensino Médio. A experiência descrita trata de um projeto interdisciplinar desenvolvido com quatro turmas do primeiro ano do Colégio Dom Bosco de Manaus, envolvendo dez componentes curriculares. No presente trabalho apresentou-se uma reflexão sobre a utilização do blog no contexto escolar, a fim de demonstrar as possibilidades de uso desta ferramenta no processo ensino/aprendizagem.
  • 7. 7 PROJETO ENCHENTES NA REALIDADE AMAZÔNICA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR José Cavalcante Lacerda Jr., Lourenço Almeida da Silva Filho, Rafael Raimundo Oliveira Albuquerque RESUMO: Este relato visa demonstrar a experiência de um projeto disciplinar realizado no Colégio Dom Bosco de Manaus que contou com a participação de nove professores envolvendo os componentes curriculares de Artes, Biologia, Educação Física, Ensino Religioso, Filosofia, Física, Geografia, História e Química. A realização do projeto sobre as enchentes na realidade amazônica: os rios e seus limites teve como base o propósito de enriquecer a formação escolar, através da participação dos alunos e professores dos diversos componentes curriculares e áreas em atividade interdisciplinar com base na transversalidade de conteúdos e contextualização possibilitando um conhecimento sobre as enchentes na realidade amazônica. Cada professor fez a sua abordagem, levando os estudantes nova forma de compreensão sobre o tema abordado. O trabalho mostra o processo de ensino e aprendizagem, através da interdisciplinaridade, trabalhando com a construção do conhecimento baseado na realidade sem a fragmentação. PROJETO INTERDISCIPLINAR E APRENDIZAGEM COOPERATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Jamilton Silva Boes, Joyceane de Araújo Freitas, Lídia Nascimento de Souza RESUMO: O presente trabalho traz o relato de experiência de um projeto interdisciplinar desenvolvido com quatro turmas do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Dom Bosco de Manaus tendo como fundamentação os princípios da Aprendizagem Cooperativa (AC). A Aprendizagem Cooperativa, em seus princípios, apresenta as bases que viabilizam práticas de aprendizagem significativa de conteúdos, os estudantes são protagonistas de suas ações, sendo o professor mediador do processo, organizando e dinamizando o trabalho nas equipes. O projeto teve como objetivo geral desenvolver habilidades, competências e o estudo de conteúdos de dez componentes curriculares trabalhados de forma contextualizada, tomando-se por base fenômenos da realidade amazônica. PROJETO INTERDISCIPLINAR SAÚDE E MEIO AMBIENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA Elisângela Cavalcante de Souza, Fernanda Nascimento Bezerra, Maria do Socorro Campos Levy RESUMO: O presente trabalho traz o relato de experiência de um projeto interdisciplinar realizado na área de linguagens e códigos no ano de 2012, desenvolvido com quatro turmas do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Dom Bosco de Manaus tendo como tema Saúde e Meio Ambiente. O projeto teve como objetivo promover uma visão crítica, analítica e criativa junto ao grupo de educandos no intuito de desenvolver o potencial dos eixos da linguagem (oralidade, leitura e escrita) diante das temáticas propostas pelas áreas envolvidas. Dessa maneira, a criação do projeto oportunizou novas perspectivas na construção do conhecimento a partir da realidade do aluno. PROJETO INTERDISCIPLINAR JOHN DEWEY – EDUCAÇÃO É VIDA: contribuições para a formação de professores no Curso de Pedagogia da FSDB Isabel Cristina Fernandes Ferreira RESUMO: O presente texto apresenta um relato de experiência sobre o Projeto Interdisciplinar do Curso de Pedagogia da Faculdade Salesiana Dom Bosco, realizado em 2011, tendo como tema John Dewey: Educação é Vida. O projeto objetivou possibilitar espaço-tempo para aprofundamento de conceitos e a análise crítica relacionados aos estudos de John Dewey, sendo desenvolvido em dois semestres letivos. O primeiro semestre contemplou o estudo dos fundamentos teóricos e propostas voltadas para a educação apresentados pelo autor em suas obras, analisados e relacionados a partir de diversos recursos, técnicas e vivências; já o segundo considerou o desafio “A Escola de Educação Infantil como espaço-tempo de e para a aprendizagem - Educação é Vida”, desenvolvendo três propostas: Currículo High/Scope, Letramento e Brinquedoteca, articulando aspectos teóricos e práticos na elaboração de propostas didático-pedagógicas por cada grupo. Neste relato apresentaremos o trabalho desenvolvido no primeiro semestre letivo de 2011 que possibilitou, dentre outros, a articulação teoria e prática, a contextualização dos conteúdos, a releitura do projeto do curso e a qualificação da formação docente.
  • 8. 8 SUMÁRIO DOM BOSCO EDUCADOR NO SÉCULO DAS LIBERDADES ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................09 DOM BOSCO, MESTRE DE ESPIRITUALIDADE .....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................14 A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................22 A NATUREZA DA LIDERANÇA NA FACULDADE SALESIANA DOM BOSCO ....................................................................................................................................................................................................................................................................................33 O FORTALECIMENTO DA INTEGRIDADE ÉTICA DO FUTURO CONTADOR ..................................................................................................................................................................................................................................................................................42 A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..............................................................................................................................................................50 AS CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGÜE DE ALUNOS COM SURDEZ NA ESCOLA INCLUSIVA ................................................................................................................60 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NA SAÚDE ................................................................................................................................................................................................................................................................................67 PEDAGOGIA HOSPITALAR: UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE MANAUS ......................................................................................................................................................................................................................75 AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DE ALUNOS FINALISTAS E EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO ............................................................................................................................................................................................................................................81 O ATO DE LER E A LÍNGUA PORTUGUESA: UM ENFOQUE A PARTIR DE PAULO FREIRE .....................................................................................................................................................................................................................................................90 AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA ...................................................................................................................................................................................................97 A CONCEPÇÃO DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..........................................................................................................................................................100 ASPECTOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA QUALIDADE DE VIDA DE UNIVERSITÁRIOS ...................................................................................................................................................................................................110 UMA EXPERIÊNCIA SOBRE DISCIPLINA E AFETIVIDADE NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS NA CASA MAMÃE MARGARIDA À LUZ DO SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................118 EDUCAÇÃO RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA ATUAL LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ......................................................................................................................................................................................120 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA EJA ..........................................................................................................................................................................................................................................................129 JOGOS OLÍMPICOS BOSCONIANOS NA PEDAGOGIA SALESIANA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................................................................................................................................................................136 IDENTIDADE, SUBJETIVIDADE E FORMAÇÃO DO SUJEITO NO CONTEXTO AMAZÔNICO ................................................................................................................................................................................................................................................140 OS PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ............................................................................................................................................................................................................................................................................147 O USO DO BLOG EM UM PROJETO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA ................................................................................................................................................................................................................155 PROJETO ENCHENTES NA REALIDADE AMAZÔNICA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR ...................................................................................................................................................................................................................................158 PROJETO INTERDISCIPLINAR E APRENDIZAGEM COOPERATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ...........................................................................................................................................................................................................................162 PROJETO INTERDISCIPLINAR SAÚDE E MEIO AMBIENTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA ....................................................................................................................................................................................................................................................165 PROJETO INTERDISCIPLINAR JOHN DEWEY – EDUCAÇÃO É VIDA ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................167
  • 9. 9 DOM BOSCO EDUCADOR NO SÉCULO DAS LIBERDADES Pe. João da Silva Mendonça Filho, sdb1 RESUMO: O objetivo deste ensaio é apresentar as grandes linhas de Dom Bosco educador no século XIX, diante das grandes mudanças daquela época. Ele intuiu que o cerne de todas as transformações que estavam acontecendo na cidade de Turim era de cunho cultural. Sua sensibilidade de padre educador o levou a optar pelos jovens abandonados e excluídos da vida social, religiosa, econômica e politica. Para eles e com eles organizou um estilo de vida familiar fundando na preventividade, não como uma estratégia educativa, mas uma forma de estar com os jovens. Dom Bosco não agiu sozinho nem criou nada apensa pela intuição. Soube ler os sinais dos tempos e conseguiu traduzir em iniciativas pastorais e educativas uma forma de promover o jovem, valorizá-lo e prepará-lo para viver na sociedade como bom cristão e cidadão honesto. DESCRITORES: Dom Bosco. Pedagogia Salesiana. Educador Salesiano. Sistema Preventivo. 1 INTRODUÇÃO Dom Bosco (1815-1888), não foi um pedagogista no “sentido técnico da palavra; um teórico da educação, um escritor sistemático, que tenha ocupado profissionalmente seu tempo com os problemas educativos. Foi um homem prático, dedicado apaixonadamente ao seu trabalho educativo pela mesma índole da sua personalidade, não se preocupou de elaborar uma hipótese de estudo e de reflexão pedagógica” (PERAZA, 2012, p. 136). Dom Bosco foi um padre sensibilizado pelos apelos do seu tempo e se fez companheiro dos jovens em situação de risco social. “As profundas transformações politicas, sociais, econômicas, culturais e educativas do Estado liberal levaram os católicos a assumir uma posição diante destas questões, sobretudo educativa e contra a secularização da escola” (CASELLA, 2007, p. 18). O catolicismo social do século XIX se inspirou em grandes modelos de educadores com sua característica própria: Santo Afonso Maria de Ligório (misericórdia de Deus), São Vicente de Paulo (caridade ativa), São Francisco de Sales (bondade e zelo), São Filipe Neri (saber acolher e a alegria) e foi impulsionado durante o pontificado do papa Leão XIII (1878-1903) com a encíclica social Rerum Novarum (1891). Todo este empenho educativo investiu numa nova evangelização da sociedade2. É, neste contexto, que encontramos católicos liberais comprometidos com a educação (Alporti, Lambruschini, Capponi, Tommaseo, Rosmini) e revistas de pedagogia como a “Guia do educador” e “O educador primário”, que tiveram grande influencia na sistematização educativa das Universidades italianas3. Neste conjunto de iniciativas encontramos Dom Bosco padre educador os jovens. Sua primeira iniciativa foi o Oratório de Valdocco (1846), [...] lugar de complexa e articulada atividade: lazer, instrução religiosa, oração para jovens trabalhadores e estudantes; escola dominical e semanas, pensionato-internato para jovens aprendizes e estudantes (1847), escola fundamental e média (1855-1859), seminário para formação de padres (1863). A década de 1853-1863 foi a mais fecunda com seus escritos e sua atividade de educador. É a década de Domingos Sávio, Magone, Besucco, Cagliero, Bonetti, Barberis, Berto, Cerruti. Também marcada por sonhos audaciosos4. No final desta frutuosa década ele surge como uma figura de educador plural com forte diferencial entre seus coetâneos com traços de modernidade. É o padre dos jovens, inovador, empreendedor, fiel a ortodoxia católica e dialogante com o novo contexto cível liberal, antenado às mudanças, despojado de si mesmo, de toda segurança econômica. Um padre pobre, forte, culto e dedicado à caridade. Com uma clara proposta de evangelização e educação para jovens abandonados, que ele mesmo acolhe 1 Presbítero salesiano. Licenciado em Filosofia (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, 1985); Bacharel em Teologia (Javeriana/Bogotá, 1991); Mestre em Educação com especialização na formação presbiteral e religiosa, UPS/Roma, 1996; Pós-graduação em Educação sexual (Unisal/SP, 2009); Pós- graduação em Comunicação (SEPAC-PUC/SP, 2010; Especialização em Docência em Salesianidade (Centro Regional de Quito/Equador, 2012). 2 Ibid., p. 20s. 3 G, VICO. Ottocento pedagogico Cristiano. Brescia: La Scuola, 2005. 4 CASELLA, Francesco. L’esperienza educativa preventiva di Don Bosco, p. 24-25.
  • 10. 10 em sua casa e para eles publica livros, elabora um jornal, difunde as famosas Leituras Católicas e com elas envolve um público adulto católico porque sua grande preocupação foi também o catecismo da Igreja católica. Contudo, não se limita a doutrinas, mas usa do teatro, da música, da formação para o trabalho e, assim, gera uma nova concepção educativa preventiva, “não sistematizada sobre suas ideias educativas”5, mas com uma referencia explicita a práticas educativas precedentes e também contemporâneas6. Nesta minha breve reflexão pretendo discorrer sobre três temáticas: A intuição educativa de Dom Bosco na mudança de época do século XIX; o novo paradigma da bondade no avesso dos castigos e a presença-ausência-assistência que gera confiança e espírito de família. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 A INTUIÇÃO EDUCATIVA DE DOM BOSCO NA MUDANÇA DE ÉPOCA DO SÉCULO XIX Dom Bosco viveu uma mudança de época marcada pela Revolução Industrial e a Revolução Francesa. A época do racionalismo, do liberalismo e da secularização que sacudiu os costumes, gerou os grandes centros urbanos e pulverizou a hegemonia intelectual católica. Foi o século das liberdades: religiosa, econômica, social, politica, educativa, ética. Aos poucos o jovem padre Bosco foi percebendo, dentro da crescente Turim dos anos 40, que a questão de base era cultural. Alguns protagonistas da cultura já tinham percebido e dando respostas. Os irmãos Cavanes – Angelo (1772-1858) e Marco Antonio (1774-1853) – ambos de Veneza, desenvolveram um estilo de educação de jovens pobres com instrução gratuita e lazer. O nobre padre da Província de Brescia, também na Itália, Ludovico Pavoni (1784-1849), organizou um oratório para órfãos e depois uma Congregação religiosa dedicada a educação dos jovens. Seu método de baseava na razão e no amor. Marcelino Champagnat (1789-1840), outro grande educador de jovens, fundou uma Sociedade de irmãos para cuidar dos jovens e de sua educação religiosa na França revolucionária. Tereza Eustochio Verzeri (1801-1852) organizou uma Instituição religiosa para cuidar da juventude feminina abandonada fundada no principio da preventividade, assistência-presença e domínio de si. O padre Leonardo Murialdo (1828- 1900), contemporâneo e amigo de Dom Bosco, também trabalhou com os jovens para fortalecer a consciência moral e a formação profissional. O padre Luís Guanella (1842-1915), outro amigo de Dom Bosco, também organizou um estilo educativo fundado no “fazer-se amar sempre, antes que fazer-se temer”, principio assumido pelo próprio Dom Bosco (Ibid.). De todo este histórico pedagógico Dom Bosco intuiu a preventidade, o cuidado do jovem, como forma educativa evangélica, eliminando o castigo e as humilhações, porque quem ama educa. Não podemos desconsiderar aqui o possível contato de Dom Bosco com F. Aporti (1791-1858) e seu pensamento educativo. Parece que Dom Bosco participou de algumas conferências do pedagogo em Turim em 1844. Não temos dados para dizer se Dom Bosco conheceu profundamente o pensamento deste pensador, mas temos alguns elementos que demonstram uma proximidade, sobretudo em duas expressões de Aporti: “É preciso primeiro ganhar a confiança e o afeto do jovem”, mais adiante encontramos “A habilidade de educar não é tanto no saber punir os erros dos jovens, mas o saber prevenir” (Ibid., p.60). Certamente este estudioso da educação proporcionou a Dom Bosco elementos de reflexão que enriqueceu sua convicção no acreditar na capacidade do jovem. 2.2 O NOVO PARADIGMA DA BONDADE NO AVESSO DOS CASTIGOS A maturidade do pensamento de Dom Bosco sobre sua ação educativa preventiva a encontramos num pequeno discurso feito no dia 12 de março de 1877 em Nizza para a inauguração da Escola São Pedro para a educação de rapazes. Para a ocasião Dom Bosco preparou um pequeno tratado sobre seu método educativo preventivo7. Pietro Braido comenta de forma fenomenal a origem do texto e sua compreensão educativa para nos ajudar a entender que na mente de Dom Bosco educador estava muito 5 BRAIDO, Pietro. L’esperienza pedagogica di Don Bosco. Roma: LAS, 1988, p. 47. 6 Ibid., p. 28-42. 7 BRAIDO, Pietro (organizador). Il sistema preventiva nella educazione della gioventù. In Don Bosco educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992,p. 211-271.
  • 11. 11 bem amadurecida a ideia de que não se educa pela força, com bancadas e ameaças, mas no “ajudar o jovem a conhecer as regras – limites – para saber fazer o bem, excluindo todo castigo violento, respeitando sempre a mobilidade juvenil”. Isto significar saber respeitar as fases da vida juvenil, seus interesses, suas crises e sua busca de identificação. Esta ação educativa supõe saber ganhar o coração do jovem com a paciência, bondade e confiança”8. Longe da mente de Dom Bosco e da nossa práxis contemporânea entender tudo isto como impunidade e ausência de disciplina. O sistema preventivo proporciona liberdade de expressão, protagonismo, respeito, dedicação, experiência de Deus, relações fraternas. O cerne da questão é “a dedicação total do educador ao bem do educando”9. O castigo, quando for necessário, deverá ser “dado em privado, jamais em público”. Longe dos outros jovens, com máxima prudência e paciência para ajudar o educando a reconhecer seu erro. Para tanto, o diretor precisa divulgar e fazer conhecer as normas da casa”10. A mística desta preventividade é “fazer-se amar”. Portanto, o método educativo salesiano não é parceiro da impunidade, do descaso e da indisciplina. Não se forma um cidadão honesto sem senso de justiça e verdade; não se forma um cristão coerente sem ascese, disciplina. Hoje, numa sociedade mergulhada no caos da violência e da banalização da vida, precisamos recuperar o sentido da disciplina se quisermos viver com dignidade. 2.3 A PRESENÇA-AUSÊNCIA-ASSISTÊNCIA QUE GERA CONFIANÇA E ESPÍRITO DE FAMÍLIA Educar para Dom Bosco era muito mais que transmitir conhecimentos. Na sua prática pedagógica aparece claramente o amor como: disponibilidade, simpatia e diálogo com os jovens, resumindo, familiaridade11. Trata-se de uma relação que se estabelece entre educador e educando que transcende os limites de um simples contato. É um olhar afetuoso, é palavra clara e orientativa, é interesse pelos problemas reais, é fixar o olhar no jovem quando se fala com ele, é estar com ele e com eles sem condenações, mas na atitude de acolhida. Certamente será cansativo para um educador-assistente nos dias atuais desenvolver tais atitudes porque vivemos numa sociedade marcada pelo tempo, pelo agora, por escolhas muitas vezes demasiado efêmeras e pessoais. O educador salesiano, entenda-se por educador/a todo aquele que procura valorizar os potenciais humanos dos jovens, precisará conhecer ainda mais o mundo juvenil e seus apelos, despojando-se dos preconceitos e abrindo-se ao diálogo de pátio que supõe tempo, vontade e iniciativa. Portanto, o amor educativo salesiano é disponibilidade, quer dizer, saber colocar-se ao lado dos jovens, quem sabe conectado nas praças das mídias sociais ou mesmo no contato pessoal, para entender sua nova linguagem, às vezes muda, outras vezes rouca, talvez em forma de gritos que ultrapassam os ruídos das múltiplas mídias e, como bem disse Bento XVI na homilia do domingo de Pentecostes 2012, de uma era onde predomina a comunicação, embora o ser humano parece não se comunicar verdadeiramente ou até se sente ameaçado pelo outro. Ora, ser disponível aos jovens será para todos nós um desafio cotidiano e um saber romper os condicionamentos do muito fazer sem saber exatamente os motivos essenciais. O amor educativo salesiano gera simpatia porque o educador não é um vigilante, mas um companheiro de viagem do jovem. Saber sorrir, mesmo enfrentando as dificuldades, desilusões e cansaços. Saber propor e suscitar esperança mesmo diante dos medos que sufocam e atropelam as idades juvenis como as drogas, a prostituição, a falta de oportunidades no trabalho, qualificação e vivência familiar. Saber alegrar-se mesmo diante da dor e do extermínio que machuca e mata tantos jovens em nossas cidades, periferias e bairros. Saber, enfim, criar espaços lúdicos, culturais, artísticos, religiosos que criem sinergia entre o que os jovens gostam e o que nos agrada. Ilustro ainda este amor de simpatia com um fato. Nos inicios de outubro de 1887 entrou em Valdocco um jovem chamado Luís Variara oriundo de Viarigi. Mais tarde Variara se tornará salesiano, missionário dos leprosos em Colômbia e fundador de uma 8 Ibid., p. 254-255. 9 Ibid., p. 260. 10 Ibid., p. 261. Conferir também o famoso e controverso texto de 1883 sobre os castigos nas casas salesianas (PRELLEZO, Manuel. Dei castigui da ingliggersi nelle case salesiane 1883. In BRAIDO, Pietro. Don Bosco educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992, p. 309-341. 11 BRAIDO, Pietro. Due lettere datate da Roma 10 maggio 1884. In Don Bosco Educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992, p. 347-390.
  • 12. 12 comunidade religiosa, as Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria e, finalmente, candidato aos altares. Pois bem, Variara alimentava um sonho: ver e falar com Dom Bosco. Entretanto, naqueles últimos meses de vida Dom Bosco não apareceria tanto no pátio e raramente conversa com os meninos. Sua saúde estava muito debilitada. Contudo, num dia, enquanto estavam todos no recreio uma voz ecoou: Dom Bosco! Dom Bosco! De fato, Dom Bosco apareceu para dar um passeio. Todos correram para encontrá-lo. Luís buscou um lugar no meio da multidão para quem sabe tocar e falar com o pai Dom Bosco. Aconteceu algo que ele jamais esquecerá. Dom Bosco apenas apareceu fixou o olhar no pequeno Variara. Sem dizer uma palavra falou ao coração do jovem oratoriano. Isto fez a diferença para Variara. E, é isto que faz a diferença na simpatia com os jovens de hoje, quer dizer, ir ao encontro de suas necessidades reais e responder aos seus desejos. Outro elemento fundamental deste amor educativo salesiano é o diálogo construtivo. Quando Domingos Sávio encontrou Dom Bosco pela primeira vez e pediu para entrar no oratório, Dom Bosco não achou a coisa mais acertada. Entretanto, entregou um texto das Leituras Católicas para Domingos ler. Depois de alguns minutos o menino retornou e repetiu todo o texto. Imediatamente Dom Bosco se convenceu que ali estava um bom tecido para ser trabalho e o levou para Valdocco. Outro fato aconteceu com o oratoriano Francisco Bessuco. Um dia ele procurou Dom Bosco e manifestou a dificuldade com as mortificações e sacrifícios. Imediatamente Dom Bosco disse a Bessuco abrindo um diálogo: basta que saibas suportar o calor e o frio, a sede e a fome, sempre que se trate da salvação de teus companheiros, isto basta. Este saber dialogar com os jovens de forma direta e reconhecendo seus valores e interesses é projetual, educativo e preventivo. De toda esta realidade amorosa educativa brota a familiaridade, quer dizer, a paternidade, a acolhida incondicional do jovem, o afeto. Nenhum desses elementos é simples e fácil, pois exige do educador o prazer de estar com os jovens. Que Dom Bosco nos ajude a desenvolver este amor que liberta. 3 CONSIDERAÇÕES O agir educativo de Dom Bosco não nasceu de uma hipótese, mas de uma experiência partilhada com os jovens. Ele desceu às prisões de Turim, às praças, becos e canteiros de obras para encontrar meninos e jovens explorados, violentados e desiludidos. Com eles fez um caminho de humanização. Durante o percurso entendeu que era necessário oferecer lazer, arte, educação, profissão. Os tempos exigiam homens novos e mentalidades corajosas. Investiu, então, nos seus jovens sem medo de errar e lhes proporcionou aberta ao transcendente, encontro, diálogo e confiança. Foi pai, mãe e irmão maior. Tanto confiou que chamou muitos de seus meninos para assumir com ele a mesma ação de caridade ativa. O sistema preventivo brotou com a semente que caiu no bem terreno e deu frutos. A nós, hoje, no século da subjetividade, nos toca saber ler os sinais e crer nos jovens e no seu potencial. REFERÊNCIAS ATTARD, Fabio. A emergência educativa, o trabalho da Igreja e o recente Magistério Católico. In Cadernos Salesianos, Ano 1, no.2, julho- dezembro 2010, p. 39-52. BRAIDO, Pietro. L’esperienza pedagógica di Don Bosco. Roma:LAS, 1988. ______ (organizador). Don Bosco educatore, scritti e testimonianze. Roma: LAS, 1992. ______. Prevenir, não reprimir. São Paulo: Salesiana, 2004. CASELLA, Francesco. L’esperienza educativa preventiva di Don Bosco. Roma: LAS, 2007. CHAVEZ VILLANUEVA, Pascual. Educação e cidadania formar “salesianamente” o cidadão. In Cadernos Salesianos, Ano 1, no.2, julho- dezembro 2010, p. 7-28.
  • 13. 13 DA SILVA FERREIRA, Antônio. Não basta amar, a pedagogia de Dom Bosco em seus escritos. São Paulo: Salesiana, 2008. PERAZA, Fernando. Los estigmas de nuestro tiempo y la pedagogia de la bondade. Situaciones históricas, reflexiones e hipótesis interpretativas, proyecciones y utopias educacionales. Quito/Ecuador: Abya-Yala, 2012.
  • 14. 14 DOM BOSCO, MESTRE DE ESPIRITUALIDADE P. João Sucarrats, SDB RESUMO: Para falar de Dom Bosco como Mestre de espiritualidade é preciso partir da definição de alguns conceitos que são usados na linguagem comum, e também em textos impressos, com uma grande variedade de significados. A espiritualidade cristã tem como sentido unívoco o seguimento de Jesus Cristo, que se diversifica de acordo com os tempos e as culturas e o peso que se dá às mediações que ajudam a participar “por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo”, da vida divina. Dom Bosco foi influenciado por diversos Mestres de Espiritualidade e aos poucos foi elaborando, mais na prática que na teoria, um caminho de santidade para si, para os seus e para os jovens, que se resume no famoso “bons cristãos e honestos cidadãos” e na prática das virtudes do trabalho e da temperança. DESCRITORES: Jesus Cristo. Dom Bosco. Espiritualidade. Compromisso com o Reino. 1 INTRODUÇÃO Como introdução a esta pequena contribuição para o II Seminário em preparação ao Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco, apresento algumas reflexões feitas a partir da dissertação de mestrado em teologia pastoral que apresentei na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, em 1975, com o título: “A JUVENTUDE POBRE E ABANDONADA, UM TEMA DOMINANTE DAS MEMÓRIAS DO ORATÓRIO DE SÃO FRANCISCO DE SALES” Sabemos que a espiritualidade pode ser entendida no seu aspecto pessoal, que corresponde ao modo de responder e viver a graça de Deus, ou pode ser entendida também como um estilo de vida comum a um grupo de pessoas e que depende das variantes históricas ou da forma de vida12. O P. Pietro Stella na sua obra “Dom Bosco na história da religiosidade católica” escolhe uma definição de espiritualidade de caráter pessoal: “Entendemos por espiritualidade um modo específico de sentir a perfeição cristã e de tender a ela, ou se se preferir de outra forma, um modo de ordenar a própria vida à aquisição da perfeição cristã e também à participação de especiais carismas da presença divina”13. Nesse sentido, a espiritualidade praticamente se identifica com a “vida espiritual” de que fala Francis Desramaut em “Dom Bosco e a vida espiritual”: “Tudo aquilo que é relativo à vida cristã segundo o Espírito – mais precisamente, as realidades mistas que participam tanto do Espírito de Deus quanto do espírito do homem – e, portanto, toda a vida cristã”14. Entendendo a espiritualidade no sentido coletivo de que fala o P. Bernard, encontramos o caminho para podermos falar do “espírito” de um determinado instituto, como fazem os Atos do Capítulo Geral Especial para os salesianos15. A diversidade de formas de vida espiritual, ou de espiritualidades, nasce das “diversas proporções em que são usadas as mediações”16 e “toda vida espiritual busca uma intensificação da vida teologal nas condições concretas da sua realização”17. O Capítulo Geral Especial dos salesianos nos mostra os elementos essenciais do espírito de Dom Bosco: “vocação, vida, obras e ensinamentos”18. A vocação pessoal, que sempre tem como meta a conformação com Cristo19, determina uma vida espiritual que é sempre concreta e existencial20. Para o amadurecimento dessa vocação pessoal seguem-se três etapas: um convite secreto, uma orientação profunda e uma firme decisão que a faz aparecer como uma escolha21; finalmente, Deus, para fazer conhecer a 12 Cfr. Bernard A., Compendio di Teologia Spirituale 8. 13 Cfr. Stella P.,Don Bosco… II, 13 14 Cfr. Desramaut F., Don Bosco e la vita spirituale 8 15 Cfr. CGE no 86 16 Cfr. Bernard, o.c. 180 17 ibid. 18 Cfr. CGE no 87 19 Cfr. Bernard, o.c. 213 20 ibid. 214 21 ibid. 215
  • 15. 15 sua vontade, pode servir-se ou de coisas externas ou do interior da pessoa através de “uma inspiração que nos convida a uma vida espiritual mais elevada ou a uma ação espiritual particular: a inspiração e a iluminação dependem de causas antecedentes”22. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 DEFININDO CONCEITOS Antes de falar de Dom Bosco como mestre de espiritualidade, convém esclarecermos o que entendemos quando usamos alguns conceitos que a linguagem comum tornou ambíguos. 2.1.1 Religiosidade Entendemos por religiosidade a relação assimétrica do ser humano com realidades que transcendem o universo espaço-temporal. Esta relação pode ser de medo (o deus terrível), de indiferença(o motor imóvel), de adoração (a perfeição infinita), de louvor (o doador de todos os dons) ou de proximidade (o deus revelado)... Em todas as culturas encontramos formas de religiosidade xpressas através de diversas crenças, que muitas vezes se misturam com as de outras culturas em variadas formas de sincretismo. No mundo secularizado surgem substitutivos da religiosidade que, às vezes são chamados de “sacerdócio”. 2.1.2 Fé A fé é a adesão a uma pessoa ou a uma ideia. A fé pode ser mental (ortodoxia), sentimental (alienação), prática (ortopraxis) ou integral (quando envolve toda a pessoa). 2.1.3 Religião Uma religião é um sistema organizado de crenças e práticas ligadas à relação com o mundo sobrenatural. Com frequência as estruturas criadas pelo sistema religioso se transformam em estruturas de poder e correm o risco de se afastar do núcleo central que justifica a religião. 2.1.4 Espiritualidade A espiritualidade é a concretização de uma fé vivida. Espiritual é tudo o que se refere a realidades que superam a nossa materialidade. A espiritualidade cristã é o seguimento de Jesus que nos comunica o Espírito Santo. 2.1.5 Escola de Espiritualidade Uma escola de espiritualidade é um sistema organizado a partir dos ensinamentos ou da prática de um “mestre de espírito”, que atraiu e continua atraindo seguidores. Uma escola de espiritualidade cristã, para ser válida, tem que oferecer um itinerário concreto de ajuda no seguimento de Jesus, e produzir frutos exemplares de santidade. Os iniciadores de uma escola de espiritualidade, em geral, fizeram uma síntese vital de diversas outras escolas de espiritualidade. 2.2 COMPONENTES DA ESPIRITUALIDADE A espiritualidade é uma síntese vital de várias componentes: 2.2.1 Crenças São a componente mental. A elas se adere pela fé. As “verdades da fé” na religião cristã estão fundamentadas na Palavra de Deus encarnada em Jesus Cristo. A “ortodoxia” consiste nesta adesão a essas “verdades da fé”. Mas existem muitas outras crenças e superstições que tem sua origem atávica nas diversas culturas e no sincretismo que acontece entre elas. 2.2.2 Testemunho de vida Consiste na vida vivida de acordo com os ensinamentos daquele que deu origem a determinada forma de espiritualidade, e recebe o nome de “ortopraxis”. No cristianismo o testemunho de vida está pautado pela prática do caminho que foi resumido nas 22 ibid. 216
  • 16. 16 “Bem-aventuranças”. A sociedade também oferece escalas de valores que em parte levam à vivência das bem-aventuranças e em parte se distanciam delas. 2.2.3 Ascese A ascese é o conjunto de práticas e de renúncias que o sujeito faz para não desviar-se do projeto de vida assumido na fé. Na espiritualidade cristã, que tem como fundamento o amor, o caminho está pautado pelas chamadas virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Jesus nos ensina que a verdadeira ascese está no coração da pessoa e não tanto nas práticas rituais. 2.2.4 Mística A mística é a participação no mistério em que se acredita. Esta participação se realiza na fé e constitui aquilo que chamamos de “união com Deus”. Quando esta participação na vida divina é muito intensa, de acordo com a situação psicológica da pessoa, podem acontecer “fenômenos místicos” extraordinários que em muitos casos podem ser confundidos com fenômenos paranormais. É a chamada “mística experiencial”. Jesus Cristo nos dá o Espírito Santo, que é a presença divina em nós e que, através de moções interiores nos inspira a viver de acordo com a vontade de Deus. A hagiografia muitas vezes apresenta mais esses fenômenos extraordinários que a vida mística dos santos. 2.2.5 Missão O compromisso de fazer outros “discípulos” do mestre, de anunciar a verdade acreditada ou de transformar o mundo pode ser feito através da imposição, do engano (proselitismo), ou em forma de proposta (a prática de Jesus Cristo). 2.3 Vida no Espírito No nosso tempo muito se fala do Espírito Santo, sobretudo através do pentecostalismo que vai progredindotanto dentro quanto fora da Igreja Católica. Para o cristão, a vida no Espírito é o modo de viver a espiritualidade. Este modo de viver tem diversos aspectos: - a crença fundamental é a certeza de que Jesus é o Filho de Deus; - o testemunho de vida é a coerência com o caminho das bem-aventuranças; - a ascese consiste em assumir a loucura da cruz; - a mística é a união com o Pai e com o Filho no Espírito Santo, que se manifesta numa atitude amorosa para com todos; - a missão é colaborar no plano da salvação. Quando esquecemos, ou deixamos de lado, algum desses elementos, corremos o risco de usar o nome de Deus em vão e de promover uma religiosidade alienada e alienante. 2.4 MESTRES DE ESPIRITUALIDADE Mestres de espiritualidade são pessoas que se destacaram pela palavra e pelo exemplo, por viver a vida no Espírito. Quando a Igreja canoniza alguém proclamando-o bem-aventurado ou santo, está dizendo que podemos olhar para ele, sem receio, proclamados doutores da Igreja por tê-la enriquecido com uma explicação da doutrina ou uma prática de vida que pode servir de exemplo a muitos. Alguns mestres de espiritualidade conseguem dar início a uma “escola de espiritualidade” por ter um número grande de seguidores e por ter seus ensinamentos perpetuados no tempo e no espaço. Na história da Igreja destacam-se a espiritualidade beneditina, franciscana, carmelitana, inaciana...Recentemente estão se consolidando escolas de espiritualidade de tendência intimista, outras de tendência libertadora e outras de busca de uma radicalidade mais visível no seguimento de Jesus.
  • 17. 17 As escolas de espiritualidade se diferenciam pela dosagem e peculiaridade dos meios de que se servem para viver a vida no Espírito: centralidade de um aspecto específico do mistério de Cristo, vida de oração, prática das virtudes, práticas ascéticas e modalidade do cumprimento da missão transformadora do mundo. 2.5 INFLUÊNCIAS EM DOM BOSCO Dom Bosco, ao longo da sua vida teve grande influência de alguns mestres de espiritualidade: - A Imitação de Cristo, texto típico da “devotio moderna” que Dom Bosco leu no tempo de seminário influenciou muito sua espiritualidade durante toda a sua vida. - De São Francisco de Sales, objetode grande devoção no Piemonte, Dom Bosco assumiu o humanismo otimista, a convicção de que o caminho da santidade é para todos, a perseverança no meio das dificuldades, o uso de meios de comunicação simples e populares e, sobretudo, a bondade – doçura. - De Santo Inácio de Loyola: Dom Bosco encontrou na figura do jesuíta São Luis Gonzaga, santo também muito significativo no Piemonte, um modelo de santidade juvenil. Dos jesuítas, indiretamente, recebeu também as bases da catequese no tempo em que era estudante. A prática dos Exercícios Espirituais foi mais um elemento jesuíta que foi assumido na espiritualidade de Dom Bosco. - De São Vicente de Paulo: as conferências de São Vicente de Paulo faziam parte do mundo cristão vivido por Dom Bosco. No Oratório de Valdocco, além das famosas “companhias”, constituiu grupos de jovens com a finalidade de viver uma forma de ajuda mútua, também no campo econômico. Também se inspirou em São Vicente de Paulo no desejo e na criatividade para ajudar os jovens mais necessitados. Várias obras salesianas nasceram sob a influência ou o patrocínio das Conferências de São Vicente de Paulo. - São Filipe Neri: O fundador dos Padres do Oratório se caracterizou pela proximidade dos pobres, pela compreensão da juventude e pelo sentido da alegria, que foram elementos importantes da espiritualidade assumida por Dom Bosco. - Santo Afonso Maria de Liguori: no pensionato eclesiástico fundado por Pio Lanteri e dirigido pelo teólogo Luis Guala e pelo P. José Cafasso, Dom Bosco aprendeu a ser confessor e a “ser padre”. Aquele centro de formação para padres novos, na escola de Santo Afonso, ajudava a superar o rigorismo jansenista através da compreensão, da misericórdia e do contato direto com as mais variadas situações humanas. Naquele ambiente Dom Bosco também entendeu a importância da boa imprensa, das associações cristãs e da defesa do papado. 2.6 ESPIRITUALIDADE DE DOM BOSCO 2.6.1 Fé (eu creio): O conteúdo da fé em Dom Bosco era, naturalmente,o da Igreja católica. A partir dessa “ortodoxia” se destacam alguns elementos: - Deus é o Pai do Céu: a confiança na Divina Providência é um elemento sempre presente nas suas palavras e escritos. Mas Deus também é o Juiz diante do qual deveremos apresentar-nos um dia. - Jesus Cristo é o Bom Pastor que quer que sejamos bons pastores. A expressão “humilde, forte e robusto” encerra as virtudes que deve ter o pastor salesiano junto com a “obediência e a ciência”. - Jesus Cristo está presente na Eucaristia, que é alimento espiritual e objeto de adoração. - A graça de Deus, que é a presença do Espírito Santo na vida do cristão, é o grande tesouro que é preciso conservar e defender de todos os inimigos. O sacramento da confissão é essencial para permanecer na graça de Deus. - A Igreja é o meio necessário para a salvação, e o papa, representante de Cristo na terra, deve ser defendido de todos os seus inimigos.
  • 18. 18 - Maria Imaculada é mãe, mestra, guia e auxiliadora. Ela está nas nossas casas e na nossa vida. “Quem entra numa casa salesiana o faz pela mão de Nossa Senhora”. - Os santos são modelos que temos diante dos olhos e também são intercessores que temos no céu. Também são consideradas santas, na glória de Deus, pessoas, muitas delas jovens, que servem de exemplo, mesmo sem ter sido canonizados. - A vida eterna com os seus correspondentes prêmio ou castigo são uma certeza que motiva e acompanha os passos do cristão. 2.6.2 Testemunho de vida: A vida de Dom Bosco foi uma vida coerente de cristão e de padre em qualquer circunstância. - No modo de viver e nas palavras transparecia a certeza de estar na presença de Deus. O modelo de vida devota proposto por São Francisco de Sales era seu estilo de vida e o estilo de vida que propunha aos colaboradores e aos jovens. - A identidade sacerdotal não se manifestava somente em determinados momentos, mas era evidente, mesmo se o seu modo de agir e de estar com os jovens escandalizava alguns eclesiásticos mais ciosos da própria dignidade.No dia 12-12-1886 ao ministro Ricasoli diz: “Excelência, saiba que Dom Bosco é sacerdote no altar, no confessionário, no meio dos jovens, é sacerdote em Turim como em Florença; é padre na casa do pobre, padre na casa do rei e dos ministros” (MMBB VIII, p 534). - A defesa da fé cristã era uma grande preocupação de Dom Bosco, e semanifestava através de gestos, palavras e escritos. 2.6.3 Ascese A prática ascética na espiritualidade de Dom Bosco se expressa de forma emblemática no lema “trabalho e temperança”. A força espiritual do trabalho, Dom Bosco a aprendeu em casa com Mamãe Margarida. Depois, quando teve que trabalhar para pagar os estudos, internalizou a sentido ascético e não só prático do valor do trabalho: diante de propostas indecentes de colegas, entre o trabalho, o roubo e a diversão reforçou a certeza de que a honestidade passa pelo trabalho. No seu ensinamento espiritual, Dom Bosco também nos mostra o cumprimento dos próprios deveres como caminho de santificação, tanto quando os deveres são agradáveis quanto quando não o são. Aos missionários deixará como lembrete: “trabalhem, mas não além das próprias forças”. Junto com o trabalho, Dom Bosco coloca a temperança, a virtude cardeal do autocontrole, da medida certa, do evitar os exageros na comida, na bebida, no descanso, nas diversões... e também no trabalho. Mas ninguém poderá dizer que Dom Bosco tenha usado esta moderação para justificar a preguiça: “comilões e preguiçosos, longe da minha casa”. 2.6.4 Mística: A participação na vida divina para Dom Bosco se manifesta na alegria. Ele coloca nos lábios de Domingos Sávio o grande ensinamento que o discípulo tinha aprendido do mestre: “Fazemos consistir a santidade em estar sempre alegres”. É conhecida a objeção feita no processo de canonização de Dom Bosco: “Quando é que dom Bosco rezava?”, e a resposta: “Quando é que Dom Bosco não rezava?”. Na mística de Dom Bosco, a união permanente com Deus, o sentido da presença de Deus, é muito mais importante que as orações rituais. Por outro lado, os fatos demonstram o quanto Dom Bosco valorizava a meditação, as orações litúrgicas e as devoções populares. A participação de Dom Bosco na vida trinitária está intimamente unida à presença de Maria na sua vida e na vida do Oratório e de toda casa salesiana. Junto com a Eucaristia, Maria protege a Igreja das insídias do inimigo. A certeza de que a Imaculada Auxiliadora participa da glória de Deus é a razão de querer colocar todos seus filhos debaixo da proteção da Santa Mãe de Deus. Em Dom Bosco encontramos também indícios de experiências místicas extraordinárias: sonhos, visões, curas, graças alcançadas pela intercessão de Nossa Senhora Auxiliadora, o dom de perceber a situação espiritual das pessoas... Tudo isso são fenômenos
  • 19. 19 que estão sendo analisados a partir da crítica histórica, da psicologia e da parapsicologia. Estas experiências místicas se manifestam também na vida de Domingos Sávio em êxtases e em alguma forma de percepção extra-sensorial. Mas não podemos negar que em Dom Bosco “o extraordinário parecia ordinário”. 2.6.5 Compromisso com o Reino: A convicção de ter sido chamado para trabalhar com a juventude em favor do Reino de Deus é uma constante nas palavras e escritos de Dom Bosco: “Basta que sejais jovens para que eu vos ame” e “Prometi a Deus que até meu último suspiro seria em favor dos meus pobres jovens” são frases programáticas de grande conteúdo espiritual. A caridade pastoral – do Bom Pastor – em Dom Bosco sempre foi atenta às necessidades da juventude, criativa na busca de respostas e realista, tomando em consideração os maios disponíveis: “o ótimo muitas vezes é inimigo do bom”. A partir de Dom Bosco muitos discípulos dele foram sendo organizados: a congregação salesiana, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, os Salesianos Cooperadores, os ex-alunos e ex-alunas e muitos outros grupos que surgiram depois da sua morte e que formam a Família Salesiana. Além dos grupos organizados, outras muitas pessoas fazem referência a Dom Bosco na sua vida espiritual, constituindo um “Vasto Movimento Salesiano”, espalhado por todo o mundo. A irradiação do modo de Dom Bosco viver a vida espiritual, transforma o fundador deste vasto movimento num mestre de espiritualidade. Porém, a vida no Espírito não é estática. A espiritualidade salesiana está sendo inculturada no tempo e no espaço nas diversas culturas e situações religiosas. Concretamente, na Amazônia, os filhos e filhas espirituais de Dom Bosco temos a missão de expressar a riqueza do carisma salesiano no contexto cultural e eclesial que vivemos. assim pretendemos continuar sendo “Dom Bosco vivo hoje para os jovens de hoje”. 3 CONCLUSÃO: DUAS PÉROLAS Como conclusão desta pequena contribuição, apresento duas pérolas dos escritos de Dom Bosco que resumem a exposição feita e justificam o título de Mestre de Espiritualidade. São dois textos lembrados pelo P. Giuseppe Buccellato no seu livro “Dom Bosco: notas para uma história espiritual de sua vida”. Dois são os enganos principais com que o demônio costuma afastar os jovens da virtude. O primeiro é o de fazê-los pensar que servir a Deus consiste em viver uma vida triste e longe de todo divertimento e prazer. Não é assim, queridos jovens. Eu quero ensinar-lhes um modo de vida cristã que pode deixa-los ao mesmo tempo alegres e contentes e apontar-lhes quais são os verdadeiros divertimentos e verdadeiros prazeres de tal modo que vocês possam dizer com o santo profeta Davi: ‘Sirvamos ao Senhor em santa alegria’. (Da introdução ao Jovem instruído) Comecem por tirar proveito daquilo que irei descrevendo. E digam em seu coração o que dizia Santo Agostinho: ’Si ille, cur non ego?’. Se um colega meu, de minha idade, vivendo no mesmo lugar, exposto aos mesmos e talvez maiores perigos, apesar de tudo, encontrou tempo e modo de manter-se fiel seguidor de Jesus Cristo, por que não posso também eu fazer o mesmo? Lembrem-se bem, porém, que a verdadeira religião não consiste só em palavras. É preciso passar às obras. Por isso, encontrando algum fato digno de admiração, não se contentem em dizer: ‘Isto é bonito, isto me agrada’. Pelo contrário, digam: ‘Quero esforçar-me por praticar o que li a respeito de outros e despertou minha admiração’. (Da apresentação da vida do jovem Domingos Sávio) REFERÊNCIAS AUBRY J., Apostoli per i giovani, Torino 1972 ______. Lo spirito salesiano, lineamenti, Roma 1974
  • 20. 20 ______. Una via che conduce alamore, Torino 1974 BERNARD CH. A., Compendio di teologia spirituale, Roma, 1973 BOSCO G, Memorie dellOratorio di San Francesco di Sales, dal 1815 al 1855, Torino, SEI, 1946. Com Introduzione e note de Don Engenio Ceria (as citações são da 3ª edição brasileira, revista e ampliada, aos cuidados do P. Antonioda Silva Ferreira, editora salesiana, São Paulo, 2005). ______. Epistolario di San Giovanni Bosco ed, E. Ceria, Torino 1955-1959, 4 vol. ______. Opere e scritti editi e inediti nuovamente pubblicati e riveduti secondo le edizioni originali e manoscriti superstiti a cura della Pia Società Salesiana, ed. A. Caviglia, Torino 1929-1943, 4 vol. (ed. póstuma, 1964, vol V e VI) BRAIDO P., Il Sistema Preventivo di Don Bosco, Zurich 1964 BUCCELLATO G., Dom Bosco: notas para uma história espiritual de sua vida, São Paulo, 2009 CAVIGLIA A., Don Bosco, profilo storico, Torino 1946 CERIA E., Don Bosco con Dio, Torino, 1946 DESRAMAUT F., Don Bosco e la vita spirituale, Torino 1969 ______. Les memorie I di Giovanni Battista Lemoyne. Etude d’un livre fondamental sur la jeunesse de Saint Jean Bosco, Lyon 1962 GIRAUDI F., L’Oratorio di Don Bosco, Torino 1935 KLEIN J. et VALENTINI E., Una rettificazione cronologica delle “Memorie di San Giovanni Bosco” in Salesianum XVII (1955) 588ss LEMOINE G.B., AMADEI A., CERIA E., Memorie biografiche di Don Giovanni Bosco, San Benigno e Torino 1898-1948, 20 vol. MOLINERIS M., Don Bosco inedito, Castelnuovo Don Bosco 1974 STELLA P., Don Bosco nella Storia della Religiosità Cattolica, I: Vita e Opere, Zurich 1968
  • 22. 22 A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Gilson Tenório23 Francisca Sousa23 Lorena Leite23 Núbia Ferreira23 Ana Paula Sá Menezes24 RESUMO: Numa visão tradicional, o principal objetivo das empresas era ganhar dinheiro tanto quanto possível, maximizando o valor financeiro para os proprietários e acionistas. Agora, uma empresa precisa analisar seus empreendimentos não só a partir da rentabilidade econômica. Existem agora duas outras contas a considerar: Social e Ambiental. A nova tendência em direção a um modelo socioeconômico em que as empresas já não têm o único objetivo de maximização do lucro, é expressa na adoção da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) na gestão empresarial. O objetivo desse trabalho é proporcionar uma revisão da literatura analisando o conceito de RSE e as teorias por trás dele. Conclui-se que a Cadeia de Valor Corporativa busca o diálogo entre acionistas e stakeholders para que se vejam como parceiros e não como adversários no palco das mudanças de comportamentos social e ambiental exigidas pelos consumidores. DESCRITORES: Ética Empresarial; Responsabilidade Social Empresarial; Cadeia de Valor Corporativa. RESUMEN: En un punto de vista tradicional, el objetivo principal de las empresas estaban haciendo dinero tanto como sea posible, maximizando el valor financiero a los propietarios y accionistas. Ahora, una empresa tiene que analizar sus proyectos no sólo de la rentabilidad económica. En la actualidad hay otras dos cuentas a considerar: Social y Ambiental. La nueva tendencia hacia un modelo socioeconómico en el que las empresas ya no tienen el único objetivo de la maximización del beneficio, se expresa en la adopción de la Responsabilidad Social Corporativa (RSC) en la gestión empresarial. El objetivo de este trabajo es ofrecer una revisión de la literatura que analiza el concepto de RSE y las teorías detrás de él. Se concluye que la Cadena de Valor Corporativo busca el diálogo entre los accionistas y las partes interesadas a sí mismos como socios y no como adversarios en el escenario de cambio de los comportamientos sociales y ambientales requeridos por los consumidores. DESCRIPTORES: Ética Empresarial; Responsabilidad Social Corporativa; la Cadena de el Valor Corporativo. 1 INTRODUÇÃO Atualmente, as grandes corporações multinacionais estão chegando em lucros inimagináveis ao utilizar o mundo globalizado como mercado consumidor. E o usa sem piedade. A ganância de seus acionistas é tanta que não se preocupam com os efeitos colaterais negativos da maximização de seus lucros, tanto a nível de direitos humanos como do meio ambiente e sua sustentabilidade. Atuam sem ter medo de seres punidos, sem a necessidade de responder por seus atos diante das gerações futuras, e, inclusive, fazendo os governos de marionetes, mesmo das grandes potências mundiais. O enfoque dos shareholder, grupo conhecido no mundo dos negócios por defender a maximização dos lucros da empresa a qualquer preço e o aumento do valor das ações na Bolsa, apenas se importando se os proprietários e acionistas estão contentes. Essa ideia é comprovada pelo pronunciamento de Percy Barnevik, ex-presidente da ABB (uma multinacional de equipamento elétrico com sede na Suíça) em 199525: 23 Acadêmicos do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus, AM. E-mail: gilsontfab@hotmail.com 24 Mestre em Ensino de Ciências na Amazônia. Pofessora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus, AM. Orientadora da pesquisa. 25 Disponível em: <http://www.setem.cat/CD-ROM/idioma/setem_cat/mo/mo040107e.pdf>. Acesso em 19/07/2012 às 18h43min.
  • 23. 23 “Defino la mundialización como la libertad de mi grupo para invertir donde quiera, durante el tiempo que quiera, para producir lo que desee, aprovisionándose y vendiendo donde quiera con las mínimas limitaciones posibles en materia de derecho laboral y de convenciones sociales”26 . Aos olhos de muitos, essa filosofia parece exitosa, pois a ABB é atualmente a 15ª multinacional, a 6ª européia e a 2ª na Suíça em relação ao montante de ativos estrangeiros que possui27. Por outro lado, os stakeholders vêm com o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), a qual pretende que as empresas criem códigos de conduta internos que garantam o desenvolvimento de suas atividades ordinárias, a nível interno e externo, sejam sustentáveis e que não atentem contra os direitos sociais e o meio ambiente. A RSE propõe que uma empresa, para perdurar no tempo, deve ser sustentável e levar em consideração, no momento de definir suas estratégias, todos os agentes sociais que se relaciona tanto de maneira direta como indireta. Esse planejamento é realizado pelos chamados stakeholder – que são contrários ao planejamento tradicional feito pelos shareholder. Esse novo enfoque propõe que é necessário escutar todos os agentes envolvidos na empresa: trabalhadores, gestores, clientes, sociedade civil, governo. Para analisar o conceito de RSE e as teorias por trás dele, faz-se necessário conceituar a Teoria dos Sistemas, Ética, Ética Empresarial, Empresa, Valores e Cadeia de Valor Corporativa para que se possa desenvolver o entendimento e reflexão sobre a responsabilidade social das empresas com a comunidade, tema da presente pesquisa. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 TEORIA DOS SISTEMAS A Teoria dos Sistemas surgiu da percepção de que certos princípios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes ramos da ciência. Imbuído dessa filosofia, as bases da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi lançada em 1937 pelo alemão Ludwig von Bertalanffy, mas só foi amplamente reconhecida pela Administração na década de 60 (FERREIRA; PEREIRA; REIS, 2002). Segundo Chiavenato (2004, p. 474), a TGS “não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias ou formulações conceituais para aplicações na realidade empírica”. Para Chiavenato (2006), a TGS fundamenta-se em três premissas básicas a saber:  Os sistemas existem dentro de sistemas e cada sistema é constituído de subsistemas e, ao mesmo tempo, fazem parte de um sistema maior, o suprasistema;  Os sistemas são abertos e caracterizados por um processo infinito de intercâmbio com o seu ambiente para trocar energia e informação;  As funções de um sistema dependem de sua estrutura. Para Chiavenato (2006, p. 79), a Teoria dos Sistemas “permite reconceituar os fenômenos dentro de uma abordagem global, permitindo a interrelação e a integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de naturezas completamente diferentes”. No sentido de buscar uma melhor compreensão entre organismos vivos e organizações empresariais, a figura 1 apresenta um esquema comparativo envolvendo alguns aspectos relacionados às características gerais dos seres vivos (ZACCARELLI, apud FERREIRA; PEREIRA; REIS, 2002, p. 59), sendo que uma das maiores características das empresas ser a sua capacidade de ampliar seu ciclo de vida, diferentemente dos organismos vivos, através de reorganizações contínuas. 26 "Eu defino a globalização como a liberdade do meu grupo de investir em qualquer lugar, durante o tempo que quiser, para produzir o que quiser, estocando e vendendo sempre que possível com restrições mínimas sobre direito do trabalho e as convenções sociais" (tradução). 27 Dados publicados pela ONU em 2001. Disponível em: <http://www.setem.cat/CD-ROM/idioma/setem_cat/mo/mo040107e.pdf>. Acesso em 19/07/2012 às 18h43min.
  • 24. 24 Figura 1 – Esquema comparativo entre Organismos e Organizações Organismos Organizações Herdam seus traços Adquirem estrutura em estágios Morrem Podem ser reorganizadas Têm um ciclo de vida predeterminado Não têm um ciclo de vida definido São seres concretos São seres abstratos São seres completos (não precisam praticar parasitismo ou simbiose) São seres incompletos A doença é um distúrbio no processo vital O problema é um desvio nos procedimentos adotados pela organização Fonte: Zaccarelli (apud FERREIRA; PEREIRA; REIS, 2002, p. 59). No estudo de caso de Amariles et al (s.d.), enfoca-se que a Teoria de Sistemas aborda conceitos de ética, empresa e valores, como elementos básicos que permitirão compreender a maneira como se desenvolvem as atividades empresariais nos mercados e as interações decorrentes entre a organização e o empregado e “todo ello enfocado a la comprensión de la responsabilidad social empresarial con sus componentes legal, laboral, productivo y social”28. Em vista disso, aborda-se-ão os conceitos de ética, valores e empresa para que se possa desenvolver o conceito de responsabilidade social das empresas com a comunidade, tema da presente pesquisa. 2.1.1 Conceito de Ética Barton e Barton (apud SEGRE; COHEN, 2002, p. 21) a “ética está representada por um conjunto de normas que regulamentam o comportamento de um grupo particular de pessoas”. Esse conceito parece muito com o conceito de moral que, segundo Segre e Cohen (2002, p. 20) “a lei moral ou seus códigos caracterizam-se por uma ou mais normas, que usualmente têm por finalidade ordenar um conjunto de direitos ou deveres do indivíduo e da sociedade”. Para Marques (2009, p. 13-14), ética “não se confunde com a moral. [...] a ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. [...] a ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas”. Segre e Cohen (2002, p. 21) compreendem ética estando na [...] percepção dos conflitos da vida psíquica na condição [...] de nos posicionarmos de forma coerente, face a esses conflitos. [...] a ética se fundamenta em três princípios: 1. percepção dos conflitos (consciência); 2. autonomia (condição de posicionar-se entre a emoção e a razão, sendo que essa escolha de posição é ativa e autônoma); 3. coerência. Logo, pode-se dizer que a diferença entre ética e moral está na percepção de que a moral é algo imposto enquanto que a ética é algo que deve ser apreendida pelo indivíduo. 2.1.2 Conceito de Empresa Asquini (apud SILVA, 2007, p. 103) entende empresa como “um fenômeno econômico poliédrico, o qual tem sob o aspecto jurídico, não um, mas diversos perfis em relação aos diversos elementos que o integram”. Já para Silva (2007, p. 103), empresa é uma “atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços”. Portanto, por atividade econômica entende-se que a entidade deve gerar lucros, organizada significa que o binômio capital e trabalho deve estar organizado de modo que possa produzir ou circular bens ou serviços. 28 Tudo visando a compreensão da responsabilidade social corporativa com seus componentes legais, trabalhistas, produtivas e sociais (tradução).
  • 25. 25 Amariles et al (s.d.) concebem empresa como “un sistema que interacciona con su entorno materializando una idea, de forma planificada, dando satisfacción a unas demandas y deseos de clientes, a través de una actividad económica”29. Para Fulgêncio (2007, p. 251) O termo empresa vem sendo empregado em inúmeros sentidos, principalmente, no de estabelecimento comercial. Em face do emprego inadequado do termo na legislação civil, comercial, trabalhista e fiscal, o conceito de empresa, universalizado, passa a ter sua compreensão dificultada. [...]. em sentido mais abrangente pode-se defini-la como uma atividade particular, pública, ou de economia mista, que produz combinando fatores da produção e oferecendo bens e/ou serviços, com o objetivo de obter lucros. As empresas do Poder Público têm a finalidade de obter rentabilidade social. [...] tem as seguintes categorias: a) Setor primário, correspondendo à agricultura; b) Setor secundário, correspondendo à indústria; c) Setor terciário, correspondendo ao setor de serviços. Entretanto, uma organização que ainda não tenha obtido lucro, mas que desenvolveu um produto com um potencial de ser rentável no futuro pode ser considerado empresa? Sim. Por exemplo, uma empresa de informática no processo de desenvolvimento de uma tecnologia revolucionária pode atrair investidores porque eles acreditam que a empresa possivelmente poderia se tornar a próxima Microsoft, Apple, Facebook e/ou Google. 2.1.3 Conceito de Valores Etimologicamente, valor vem de valere, palavra latina que significa que tem valor, custo. Para Segre e Cohen (2002, p. 19) o conceito de valor está “vinculado à noção de preferência ou de seleção”. Rocheart (apud SEGRE; COHEN, 2002, p. 19) define valor como “uma crença duradoura em um modelo específico de conduta ou estado de existência, que é pessoal ou socialmente adotado e que está embasado em uma conduta pré-existente”. Para Jones e Gerard (apud VIANA, 2007, p. 15) valores são “qualquer estado ou objeto singular que o indivíduo se esforça em obter do qual procura acercar-se, elogia, adora, voluntariamente consome, incorre em despesas para adquirir, constitui valor positivo”. Kluckhon (apud VIANA, 2007, p. 16) define valor como “uma concepção do desejável explícita e implícita característica de um indivíduo ou de um grupo, e que influencia a seleção dos modos, meios e fins de ação”. Parsons (apud VIANA, 2007, p. 15) afirma que valor “é um elemento de um sistema simbólico partilhado que serve de critério ou padrão para a seleção entre alternativas de orientação que são intrisecamente viáveis numa situação”. Mannheim (apud VIANA, 2007, p. 18) forneceu a seguinte definição: “[...] os valores se exprimem inicialmente em função das escolhas feitas pelos indivíduos: ao preferir isto em vez daquilo, estou valorizando coisas”. Amariles et al (s.d.) partem da ideia de que valores são Cualidades esenciales en el sentido de que no existen por sí solos sino que hacen parte de la esencia misma de los objetos considerados como bienes, haciendo parte de su estructura en un doble sentido: por una parte, en una dimensión objetiva que precisa de una situación concreta que sirva como referencia a la persona y al objeto para la actualización del valor encarnado por el objeto en el que se percibe su presencia30. Enfim, valores são definidos como características, propriedades ou qualidades consideradas particularmente importante para um indivíduo ou um grupo. A sua utilidade é encontrada na base para tomada de decisões, ações ou julgamentos. Geralmente, são apresentados em termos positivos e/ou demonstrações de valor eficaz. A importância disso nas organizações é que os conceitos de valores ajudam na decisão do que a empresa estará escolhendo para trabalhar ssua responsabilidade social, ou seja, o que a comunidade em seu entorno valoriza deve ser levado em consideração na escolha da atividade social a ser realizada. 29 Um sistema que interage com seu ambiente para materializar uma idéia, de forma planejada, satisfazendo algumas demandas e desejos dos clientes, através da atividade econômica (tradução). 30 Qualidades essenciais no sentido de que existem sozinhos, mas são parte da essência mesma dos objetos considerados como bens, fazendo parte da sua estrutura de duas maneiras: por um lado, em uma dimensão objetiva que requer uma situação específica que sirva de referência para a pessoa e para e ao objeto para atualizar o valor incorporado pelo objeto em que se percebe sua presença (tradução).
  • 26. 26 2.2 ÉTICA NAS EMPRESAS E NOS NEGÓCIOS Enquanto a deontologia, ética profissional, está voltada para profissionais, associações e entidades de classe, as empresas têm o que se chama de ética empresarial, que é aquela a nortear a conduta dos seus integrantes, bem como os valores e convicções primários da organização. Devido a isso, Marques (2009, p. 8) sugere que é necessário conhecer a evolução do conceito de ética nas empresas e nos negócios (figura 1): Figura 2 – Evolução do conceito de ética nos negócios – de 1960 até o início do século XXI Fonte: Adaptado de Marques (2009). Para Amariles et al (s.d.), a ética nos negócios Se trata de una red de relaciones en la que la empresa compete a todas las personas y a todos los sectores que la integran, en un concepto de corresponsabilidad, en el que es importante la toma de conciencia acerca de la totalidad de los procesos desarrollados al interior de la compañía, de tal forma que desaparecen los límites rígidos que otrora fueron tan importantes31. A sociedade atual vive uma crise ética. Os homens tendem a viver sob um código de ética próprio, onde o que é melhor para si vem em primeiro lugar ao que é melhor para a coletividade. Quando se fala em ética há sempre a ideia de pensamentos retrógrados e, logo depois, a rejeição. Porque a sociedade está em uma crise ética, isso se reflete em muitas áreas de assuntos dos homens, como é o negócio. À Ética ainda não é dada a devida importância nas estratégias de negócios, apesar das tentativas estratégicas de gestores e acadêmicos. Foi necessário estabelecer um pensamento estratégico, por exemplo, como a inflação global foi devastando o mercado. Falou-se de valores sociais e das expectativas sociais e que as empresas devem respeitar os direitos humanos e as condições de trabalho. Outra tentativa estratégica foi a reflexão sobre o conceito de capacidade de resposta social, que afirmou que as empresas devem tentar responder rapidamente às demandas sociais. Ninguém contesta que o setor empresarial está gerando mudanças na sociedade – consumidores estão mais atetos aos produtos que compra aos impactos causados pela sua produção, direitos do consumidor –, por isso é natural que as empresas assumam a responsabilidade pelo tipo de futuro que se está criando. Nesse contexto, o conceito de RSE está mais associado a um movimento nesse processo, um conceito em busca de definição, como um meio de transformação social. Alguns pensam que a RSE deve ser incorporada apenas por questões de imagem, ou por requisitos exigidos pelo mercado externo, por motivos éticos ou ou mesmo porque melhora a gestão e rentabilidade. Entretanto, o que não está em discussão é que as empresas estão 31 Esta é uma rede de relacionamentos nos quais a empresa se apóia com todas as pessoas e todos os setores de cobertura, em um conceito de responsabilidade, que é importante na conscientização sobre todos os processos desenvolvidos no âmbito empresa, de tal forma que desaparecem os limites rígidos que eram tão importantes (tradução).
  • 27. 27 percebendo rapidamente que a RSE é um novo desafio colocado pela globalização. E isso é discutir comportamento ético. Isso é ética nos negócios. 2.2.1 Ética Empresarial no Brasil Em São Paulo, a ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios, primeira faculdade de administração do país, fundada em 1941, privilegiou o ensino da ética nos cursos de graduação desde seu início. O ano de 1992 foi profícuo (MARQUES, 2009, p. 11 et seq):  o MEC sugeriu formalmente que todos os cursos de administração tivessem ética em sua grade curricular.  a Fundação FIDES desenvolveu uma sólida pesquisa sobre Ética nas Empresas Brasileiras.  a Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, criou o CENE – Centro de Estudos de Ética nos Negócios. Atualmente, as IES incluíram o ensino de ética em seus currículos. Um exemplo disso é o curso de Ciências Contábeis da FSDB, Manaus, que inova trazendo em seu currículo a Ética Profissional. 2.3 A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Para Amariles et al (s.d.), a clássica contradição de que não são compatíveis a ética com os negócios, está sendo superada paulatinamente, o que permite pensar na atuação ética das empresas como seu melhor negócio na atualidade. Assim, é possível abordar um estudo sobre o que se considera moralmente correto ou incorreto nos comportamentos das pessoas enquanto representam as organizações e nas políticas que esta promove para alcançar melhores negócios. A responsabilidade social empresarial é baseada na relação entre os três aspectos que o compõem: a responsabilidade econômica, a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental (figura 3). Figura 3 – Esquema representando o Tripé da Sustentabilidade Empresarial Fonte: Disponível em <www.copesul.com.br>. Para Kraemer (s.d.), “o desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão intimamente ligados. Só é inteligente o uso de recursos naturais para o desenvolvimento caso haja parcimônia e responsabilidade no uso dos referidos recursos. Do contrário, a degradação e o caos serão inevitáveis”. Segundo Reis (2007), o movimento da responsabilidade social das empresas, que ocorreu nos anos 1960, nos EUA, relacionado à degradação do meio ambiente e aos direitos dos consumidores, no Brasil, passou a ser pauta da agenda do setor privado a partir dos anos 1990, referindo-se à participação do setor empresarial no enfrentamento dos já tradicionais e novos problemas de ordem social, resultantes de um crescimento econômico desarticulado de um projeto de desenvolvimento econômico e social, e