2.
Dilema principal: uma única espécie com uma imensa pluralidade
cultural, mesma carga genética e comportamentos diferenciados.
Cultura é o que diferencia os humanos dos demais animais. (GEERTZ)
Cultura diferencia os homens entre si. (GEERTZ)
Desde a antiguidade, pensadores como Heródoto e Tácito questionavam
sobre a cultura dos outros povos.
Durante a Idade Moderna, Michel de Montaigne afirmava: “na verdade,
cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra”. O
relativismo aparece na obra deste francês, comparando o canibalismo
ritual indígena com as ações da inquisição espanhola.
Alguns julgam as diferenças de comportamento como influências do meio
físico. O que nós podemos afirmar?
Para observar a diversidade cultural da espécie humana, basta comparar
os costumes de nossos contemporâneos.
Tanto o determinismo biológico quanto o determinismo geográfico não
são suficientes para explicar o dilema da pluralidade cultural.
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3.
As diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. A
faculdade de aprender e a plasticidade do conhecimento humano são os
fatores fundamentais para sua evolução.
Pesquisas comprovam que os grupos humanos possuem as mesmas
capacidades mentais, por exemplo, a divisão sexual do trabalho em
diferentes povos revela um determinismo cultural, não uma função
biológica.
O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um
processo chamado endoculturação.
O determinismo geográfico começou a ser refutado a partir de 1920,
quando antropólogos como Boas, Wissler, Kroeber refutaram esta tese e
apresentaram a limitada influência do meio geográfico sobre os fatores
culturais, sendo possível existir uma grande diversidade cultural num
mesmo ambiente físico.
Segundo a moderna antropologia, a cultura age de forma seletiva, e não
de maneira casual sobre seu meio ambiente, explorando determinadas
possibilidades e limitações ao desenvolvimento. É a cultura e a história
cultural de cada grupo que trabalha nesta seleção.
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5.
Kultur: aspectos espirituais (Alemanha- século XVIII).
Civilization: realizações materiais (França- século XVIII).
Culture:conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes,
hábitos adquiridos (Edward Tylor. Inglaterra- século XIX).
Precursores do conceito de cultura:
John Locke: defensor do relativismo cultural através do conceito
de tábula rasa.
“Nenhuma ordem social é baseada em verdades inatas, uma
mudança no ambiente resulta numa mudança no
comportamento”. Locke.
Jacques Turgot: o homem é capaz de transmitir a sua cultura.
Jean Jacques Rousseau: a educação como caminho para a
transformação do homem.
Alfred Kroeber: o fator cultural exerce maior influência que o
biológico.
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7.
Edward Tylor considerava a cultura como um fenômeno natural logo,
pode ser objeto de estudo sistematizado.
“Para muitas mentes educadas parece alguma coisa presunçosa e
repulsiva o ponto de vista que a história da humanidade é parte
integrante da história da natureza”. Tylor.
Para Tylor, a diversidade é explicada por ele como resultado da
desigualdade de estágios existentes no processo de evolução: selvageria,
barbárie e civilização. Sua corrente de pensamento é conhecida como
evolucionismo.
No século XIX, o etnocentrismo predominou ao lado das ciências positivas.
Tylor comete erros a não reconhecer os múltiplos caminhos da cultura.
Franz Boas representou a reação ao evolucionismo. Segundo ele, a
antropologia deve reconstruir a história de povos ou regiões e comparar a
vida social de diferentes povos. Defensor da comparação dos resultados
obtidos através dos estudos históricos das culturas simples e compreensão
dos efeitos das condições psicológicas e dos meios ambientes.
Boas desenvolveu o
particularismo histórico, a Escola Cultural
Americana.
A abordagem multilinear significa que cada grupo humano evolui a partir
de seu próprio caminho.
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8.
Alfred Kroeber mostrou como a cultura atua sobre o homem. Considerou o homem
como um ser capaz de transpor as limitações orgânicas.
As necessidades biológicas são iguais para todos os seres humanos, porém as formas
de satisfazê-las varia de uma cultura para outra.
“É esta grande variedade na operação de um número tão pequeno de funções que
faz com que o homem seja considerado um ser predominantemente cultural”.
Kroeber.
Para Kroeber, o processo de desenvolvimento da civilização é cumulativo,
conservando-se o antigo, apesar da aquisição do novo. Kroeber ainda mostrou que
superando o orgânico, o homem libertou-se da natureza.
Há também explicações da natureza humana que podem ser perigosas, associando
tipos de discriminações raciais e sociais, enquanto justificativa para as diferenças
sociais.Como exemplo, o criminalista italiano Lombroso que procurou correlacionar
a aparência física com tendência a comportamentos criminosos.
O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro
de um longo processo cumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência
adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam.
Resumindo o pensamento de Kroeber:
A cultura determina e justifica o comportamento do homem.
O homem age de acordo com seus padrões culturais.
A cultura é o meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos.
O homem transformou toda a terra em seu habitat.
Adquirindo cultura, o homem é dependente do aprendizado.
O processo de aprendizagem determina o comportamento, as capacidades artísticas
e profissionais.
A cultura é um processo acumulativo.
Os gênios realizam suas descobertas graças ao aparato cultural que dispõem, sendo
este conhecimento construído pelos indivíduos da sociedade.
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9.
Richard Leakey e Roger Lewin: a origem da
cultura está na vida arborícola.
David Pilbeam: o bipedismo diferenciou os
hominídeos.
Kenneth P. Oakley: as habilidades manuais
estimularam o crescimento do cérebro
atuando para sua complexidade.
Claude Lévi- Strauss: a cultura surgiu quando
o homem convencionou a primeira regra.
Leslie White: a passagem do estado de
animal para humanidade ocorreu quando o
cérebro foi capaz de gerar símbolos.
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11.
Teorias modernas: culturas são sistemas de padrões de
comportamento socialmente transmitidos.
O homem através da cultura se adapta ao meio para sobreviver.
Tecnologia, economia e sociedade constituem o domínio mais
adaptativo da cultura.
Os comportamentos ideológicos dos sistemas culturais poder ter
conseqüências adaptativas no controle da população, da
subsistência, da manutenção do ecossistema, etc.
Teorias idealistas: a cultura como sistema cognitivo (análise dos
modelos construídos pelos membros da comunidade a respeito de
seu próprio universo).
A cultura como sistemas estruturais, definindo-se como sistema
simbólico que é por sua vez, uma criação acumulativa da mente
humana.
Para Geertz, todos os homens são geneticamente aptos para
receber um programa e este programa é o chamamos de cultura.
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13.
A cultura condiciona a visão de mundo do homem.
A nossa herança cultural desenvolvida através de inúmeras gerações,
sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao
comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria
da comunidade. Por isto discriminamos o comportamento desviante.
Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a
utilização do mesmo ao invés de ser determinada geneticamente,
depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que
fazem parte da herança cultural do grupo.
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como
conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais
correto e o mais natural. Tal tendência denominada de etnocentrismo é
responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos
conflitos sociais.
“(...)É comum assim a crença no povo eleito predestinado por seres
sobrenaturais para ser superior aos demais. Tais crenças contêm o germe
do racismo da intolerância e freqüentemente, são utilizadas para
justificar a violência praticada contra os outros”.
Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações
negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros
sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais.
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14.
Reação oposta ao etnocentrismo.
Em lugar de superestimar os valores de sua própria sociedade, numa dada
situação de crise, os membros de uma cultura abandonam a crença na
mesma e, conseqüentemente perdem a motivação que os mantêm unidos
e vivos.
As doenças psicossomáticas são fortemente influenciadas pelos padrões
culturais.
A cultura também é capaz de provocar curas.
Os indivíduos participam de forma diferente de sua cultura:
A participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada, nenhuma
pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura.
A cultura tem uma lógica própria: “(...) assim, ao invés de um contínuo
magia-religião-ciência, temos de fato sistemas simultâneos e nãosucessivos da humanidade.
A cultura é dinâmica:
Podemos afirmar que existem dois tipos de mudanças culturais: uma que
é interna, resultante da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma
segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com um
outro.
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15.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um
conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor. 1993, 9 ed.
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Hinweis der Redaktion
Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. Evans Pritchard.