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Pintura de metais não-ferrosos
Quem já pintou uma peça de galvanizado, ou de alumínio ou mesmo
de aço inoxidável sem uma preparação adequada da superfície, sabe o que
significa descascamento da tinta.
É muito fácil encontrar placas de propaganda de aço galvanizado,
pintadas com muito esmero, mas com partes da tinta começando a se soltar.
O que acontece com estas superfícies?
Parece que a natureza conspira contra as pinturas: quando a superfície
é ferro, tende a enferrujar – quando é outro metal, as tintas não aderem!
De fato, os metais ditos não-ferrosos, necessitam ser tratados
adequadamente para promover a aderência das tintas. Os mais empregados
na indústria são: alumínio, zinco (galvanizados), latão, cobre e magnésio. Estes
metais puros ou suas ligas. Podemos incluir neste estudo o aço inoxidável que,
a rigor, é um metal ferroso, mas apresenta comportamento semelhante aos
não-ferrosos no que diz respeito à dificuldade na pintura.
Atenção especial merece o galvanizado: o pintor experiente sabe que
galvanizado novo é difícil de pintar. Acontece que ele sai da fábrica com uma
camada de proteção, normalmente à base de óleos minerais. Esta camada
precisa ser removida, pois é anti-aderente por natureza. Com o passar do
tempo, se a superfície estiver exposta ao tempo, esta camada se desgasta e
por isso se diz que galvanizado envelhecido pode ser pintado. Só que junto
com a camada de óleo, se perdeu também um pouco a camada de zinco que é
a proteção do aço abaixo dela.
Outro problema do galvanizado é a saponificação do filme acima dele,
pois zinco é um metal alcalino. Em outras palavras: se pintar galvanizado com
tinta esmalte e/ou sintética (alquídicas em geral), sem o uso de um primer
adequado, o próprio zinco provocará a degradação da tinta e em pouco tempo
começará a descascar. Este fenômeno é muito fácil de encontrar nas placas de
propaganda – observe quando andar na rua.
Então o que deve ser feito para garantir uma boa aderência das tintas
sobre estes metais?
Primeiramente é necessário proceder a uma boa limpeza para remover
óleos e outros contaminantes. Antigamente usava-se limpeza com panos
embebidos em solventes fortes, mas esta técnica é condenada por motivos de
segurança e poluição, além de cara. A alternativa é empregar detergentes
apropriados (normalmente tensoativos não-iônico) que são fornecidos por
empresas que atuam neste ramo. Estes são seguros e eficientes.
Em seguida é necessário aplicar um primer adequado para o tipo de
metal: quando se tratar de alumínio, emprega-se um produto chamado
tecnicamente de Wash-Primer. Trata-se de uma tinta de fundo à base de ácido
fosfórico e uma resina vinilbutiral, fornecido em dois componentes que são
misturados imediatamente antes da aplicação. Este primer adere fortemente ao
alumínio e é uma excelente base para qualquer tipo de acabamento. O wash-
primer (poderíamos traduzir por fundo fosfatizante) deve ser aplicado à pistola
em camada muito fina, da ordem de 15 micrometros, filme quase transparente.
Mesmo tratamento pode ser dado quando o metal for cobre, latão, e até
zinco. Entretanto para o zinco, em se tratando de aço galvanizado, o mais
adequado é a aplicação de um primer à base de epóxi ou de PU-epóxi em
espessura de 25 a 40 micrometros, preferentemente à pistola para garantir
uma camada uniforme.
Este tipo de primer é comumente chamado de Shop Primer.
Os aços inoxidáveis raramente são pintados, a não ser por motivos
estéticos ou de sinalização. Quando assim for especificado, o mais adequado é
empregar um wash-primer e sobre este aplicar o acabamento. Sem este fundo,
o risco de descascamento é grande, pois a superfície é muito lisa e propicia
pouca aderência.
Por fim resta lembrar que os metais não-ferrosos também se
degradam formando óxidos na superfície, muitas vezes difíceis de
visualizar. A limpeza prévia destes metais com a retirada dos óxidos e demais
contaminantes (principalmente graxas e óleos) é vital para a aderência de
qualquer tinta.
Um pintor bem treinado, uma boa tinta e um equipamento de pintura em
bom estado, são a garantia de uma excelente pintura.
Renato Hoch – fevereiro 2009, especial para Multimaq

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  • 1. Pintura de metais não-ferrosos Quem já pintou uma peça de galvanizado, ou de alumínio ou mesmo de aço inoxidável sem uma preparação adequada da superfície, sabe o que significa descascamento da tinta. É muito fácil encontrar placas de propaganda de aço galvanizado, pintadas com muito esmero, mas com partes da tinta começando a se soltar. O que acontece com estas superfícies? Parece que a natureza conspira contra as pinturas: quando a superfície é ferro, tende a enferrujar – quando é outro metal, as tintas não aderem! De fato, os metais ditos não-ferrosos, necessitam ser tratados adequadamente para promover a aderência das tintas. Os mais empregados na indústria são: alumínio, zinco (galvanizados), latão, cobre e magnésio. Estes metais puros ou suas ligas. Podemos incluir neste estudo o aço inoxidável que, a rigor, é um metal ferroso, mas apresenta comportamento semelhante aos não-ferrosos no que diz respeito à dificuldade na pintura. Atenção especial merece o galvanizado: o pintor experiente sabe que galvanizado novo é difícil de pintar. Acontece que ele sai da fábrica com uma camada de proteção, normalmente à base de óleos minerais. Esta camada precisa ser removida, pois é anti-aderente por natureza. Com o passar do tempo, se a superfície estiver exposta ao tempo, esta camada se desgasta e por isso se diz que galvanizado envelhecido pode ser pintado. Só que junto com a camada de óleo, se perdeu também um pouco a camada de zinco que é a proteção do aço abaixo dela. Outro problema do galvanizado é a saponificação do filme acima dele, pois zinco é um metal alcalino. Em outras palavras: se pintar galvanizado com tinta esmalte e/ou sintética (alquídicas em geral), sem o uso de um primer adequado, o próprio zinco provocará a degradação da tinta e em pouco tempo começará a descascar. Este fenômeno é muito fácil de encontrar nas placas de propaganda – observe quando andar na rua. Então o que deve ser feito para garantir uma boa aderência das tintas sobre estes metais? Primeiramente é necessário proceder a uma boa limpeza para remover óleos e outros contaminantes. Antigamente usava-se limpeza com panos embebidos em solventes fortes, mas esta técnica é condenada por motivos de segurança e poluição, além de cara. A alternativa é empregar detergentes apropriados (normalmente tensoativos não-iônico) que são fornecidos por empresas que atuam neste ramo. Estes são seguros e eficientes. Em seguida é necessário aplicar um primer adequado para o tipo de metal: quando se tratar de alumínio, emprega-se um produto chamado tecnicamente de Wash-Primer. Trata-se de uma tinta de fundo à base de ácido
  • 2. fosfórico e uma resina vinilbutiral, fornecido em dois componentes que são misturados imediatamente antes da aplicação. Este primer adere fortemente ao alumínio e é uma excelente base para qualquer tipo de acabamento. O wash- primer (poderíamos traduzir por fundo fosfatizante) deve ser aplicado à pistola em camada muito fina, da ordem de 15 micrometros, filme quase transparente. Mesmo tratamento pode ser dado quando o metal for cobre, latão, e até zinco. Entretanto para o zinco, em se tratando de aço galvanizado, o mais adequado é a aplicação de um primer à base de epóxi ou de PU-epóxi em espessura de 25 a 40 micrometros, preferentemente à pistola para garantir uma camada uniforme. Este tipo de primer é comumente chamado de Shop Primer. Os aços inoxidáveis raramente são pintados, a não ser por motivos estéticos ou de sinalização. Quando assim for especificado, o mais adequado é empregar um wash-primer e sobre este aplicar o acabamento. Sem este fundo, o risco de descascamento é grande, pois a superfície é muito lisa e propicia pouca aderência. Por fim resta lembrar que os metais não-ferrosos também se degradam formando óxidos na superfície, muitas vezes difíceis de visualizar. A limpeza prévia destes metais com a retirada dos óxidos e demais contaminantes (principalmente graxas e óleos) é vital para a aderência de qualquer tinta. Um pintor bem treinado, uma boa tinta e um equipamento de pintura em bom estado, são a garantia de uma excelente pintura. Renato Hoch – fevereiro 2009, especial para Multimaq