O documento discute as diferentes visões do que é um currículo. Segundo a autora, um currículo pode ser visto como uma linguagem que produz vários significados. Um currículo também é descrito como um ser falante que não sabe o que diz ou quer. Finalmente, o documento propõe a ideia de um "pós-currículo" que rejeita os conceitos tradicionais de currículo.
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
O que quer um currículo - Sandra Corazza
1.
2. O QUE QUER UM CURRÍCULO?
O texto se inicia com uma pergunta da autora ( o que é
um currículo?). Explica:
3. No domínio de uma “metafórica” do currículo,
constituída pelas teorias da linguagem estruturalista e
pós-estruturalista, podemos pensar que o que um
currículo “é” é uma linguagem. (CORAZZA, 2001, p. 9)
4. Diz que se ao currículo se classificar como linguagem,
recebe vários significados: sons, imagens, conceitos,
falas, língua, posições discursivas, representações,
metáforas, metonímias, ironias, invenções, fluxos,
cortes, etc.
5. Podemos, agora, propor um silogismo para o
funcionamento de um currículo, significado como ser
falante: lá, onde um currículo fala, um currículo não
sabe o que diz. Se um currículo fala, um currículo quer.
Lá, onde um currículo quer, um currículo não sabe o
que quer. (CORAZZA, 2001, p. 11)
6. Esta é uma visão de currículo como ser falante, porém
inanimado, que não sabe o que faz. Isto mostra de
forma clara que autora não está humanizando o
currículo.
“Um currículo é o que dizemos e fazemos... com ele, por
ele, nele.” (CORAZZA, 2001, p. 14)
7. Isto é um currículo: um ser falante, como nós, efeito e derivado da
linguagem [...] Um ser sem coerência e sem profundidade. Que
experimenta relações fracionadas, construídas ao redor de pedaços de
falas de cada um. Que pode (pode?) ser qualquer coisa, em qualquer
momento. Que não sabe mais para onde vai, mas que, mesmo assim,
continua em frente, querendo saber das condições históricas e
políticas, que produzem as verdades linguajeiras de um currículo.
(CORAZZA, 2001, p. 14)
8. Indagações sobre o que quer um currículo:
Um currículo quer um sujeito que pensa, logo é? Que
duvida de tudo, até de sua capacidade de conhecer?
Quer um ser autônomo? Quer um ser dividido? Quer
um sujeito que interpele os indivíduos concretos, para
sujeita-los a um Sujeito Absoluto?
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9. OLHOS DE PODER SOBRE O CURRÍCULO
Dispositivo avaliativo dos pareceres descritivos.
1- Usos e costumes
2- Continuidades didáticas
3 - Ver, saber
4 - Dispositivo de penalização normativa
5 - Olhos inocentes? Só se forem os nossos.
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10. CURRÍCULO COMO MODO DE SUBJETIVAÇÃO
DO INFANTIL
“Conceber o currículo como modo de subjetivação implica
analisar seus conhecimentos, linguagens, formas de
raciocínio, ciências, tipos de experiência, [...] enquanto
vinculados às relações de saber e poder que atravessam
os corpos para gravar-se nas consciências” (CORAZZA,
2001, p.57)
11. “Que posso eu saber? O que posso ver e enunciar
em tais condições de luz e de linguagem? O que
posso fazer? A que poder visar e que resistências
opor? Que posso ser? Como me produzir como
sujeito?” (CORAZZA, 2001, p.61)
12. “Quem é e como é o infantil de agora? Como
podemos caracterizar sua infantilidade, seu modo
de ser infantil? Como podemos dizer e pensar sua
forma-sujeito? [...] (CORAZZA, 2001, p.65)
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13. GOVERNAMENTALIDADE MORAL DO
CURRÍCULO NACIONAL
1 - Governamentalidade moral do currículo nacional
O currículo nacional prescreve uma educação moral?
Quem é o sujeito que pretende moralizar?
14. 2 - O método para ler o currículo moral
Descrição do discurso dos PCNs, por meio da
racionalidade que transforma o infantil escolarizado em
um “objeto” conhecível, calculado e administrável. (p. 79).
PCNs é um objeto que não passa de um correlato das
práticas de governo do Governo que formula. (p. 80).
15. O currículo nacional é uma de suas formas
privilegiadas de controle e regulação, funcionando
como principio e método para racionalizar as próprias
práticas governamentais. (p.81).
16. 3 - Cidadania: a matéria moral do infantil
Objetos “de época”, o que é isto?
Dispositivos de “cidadanidade”
Técnica empresarial da subjetividade
1º) o “núcleo moral”
2º) sua natureza democrática
3º) caráter obstrato dos valores transmitidos pelo
currículo.
17. Saberes psicomorais
Ontologia infantil.
Política da Subjetividade
Sociedade e Estado Público e privado
Resulta em:
1 - Código moral
2 - Moralidade do comportamento
3 - Conjunto de práticas de si.
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18. CURRÍCULOS ALTERNATIVOS - OFICIAIS: O (S)
RISCO (S) DO HIBRIDISMO
Os termos de um currículo “oficial” e de um currículo
“alternativo”
19. TEMPOS “FÁCEIS” AQUELES!
[...] FÁCIL, porque nós, ainda, conseguíamos dividir o
mundo, o sistema e nosso trabalho entre os “deles” e os
“nossos”. (p. 99)
20. TEMPOS “DIFICEIS” ESTES!
“DIFÍCEIS”, porque, não há mais enraizamento, nem
raízes; [...] só redes de poder que movem o mundo. [...]
(p. 101)
21. AVALIAR O TRAÇADO
Para des-montar, des-fazer, dis-juntar o que está ai,
representado pelo traço de união entre cirrículo
alternativo-oficial, penso que podemos avaliar, no sentido
nietscheano de “criar”.
22. Por que somos sujeitos desta época e de nenhuma outra, não
conseguimos experienciar mais a Educação e a Pedagogia do
mesmo jeito que antes. Por isto, as praticamos, enquanto os
novos seres híbridos que somos. Seres que, dentre outras
características, possuem, em seus fazeres, pensares e dizeres,
uma porção de currículo “oficial” e outra porção de Currículo
“alternativo”. Ao perdermos os fatores distintivos, entre “oficial” e
“alternativo”, nossos currículos passam a ser representados pelo
traço de união que liga, agora, as duas palavras.
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23. MANIFESTO POR UM PÓS-CURRÍCULO:
O Pós-currículo é um grito, um alerta, um manifesto como o foi
o manifesto comunista de Marx e Engels, de 1848;
Ele procura definir novas possibilidades racionais e
emocionais;
24. DESSAS POSSIBILIDADES SURGIRAM DUAS CONCLUSÕES:
1º- O pós- currículo reconhecido educacionalmente como
um poder.
2º- Já é tempo dos pós-curriculistas irem expor
abertamente ao mundo inteiro, os seus modos de ver e
dizer, enfim as formas como pesquisam e elaboram o
currículo.
25. Dessa forma surgiu com vários Pós-curriculistas um
seminário:
Os Pós- curriculistas das mais diversas gerações se reuniram para este
fim durante 60 horas, no seminário avançado Pós-currículo: governo,
subjetividade, identidade desenvolvido em 2000/1 no programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-
Pós-curriculistas das mais diversas gerações, etnias, gêneros, classe,
ecologias, sexualidade entre outros se reuniram e delinearam o manifesto.
26. I - È chegada a hora de mudar todas as unidades do
discurso da Educação, dentre as quais, a de currículo’;
II – Praticar o trabalho negativo. Negar o conceito de
currículo, pesquisando e praticando um ‘’pós-currículo;
III- Manter em suspenso. Suspender todas as condutas,
relações, verdades que vêm sendo reunidas sob o nome’
currículo;
27. IV- Liberar o domínio. Liberar o domínio discursivo da
Educação de todas as noções ligadas a ‘currículo’;
V- O novo domínio;
VI- Território dos acontecimentos discursivos;
VII- Para que serve?
VIII - Aprender outras formas de regularidades;
28. IX- Tomar decisões controladas;
X- Não é sem limites;
XI- Circunscrição da região;
XII- Por fim.
29. “Por toda a parte, os pós-curriculistas trabalham na
execução dessas operações. Os pós-curriculistas
desdenham ocultar as suas posições e os seus propósitos.
Declaram, abertamente, que os seus fins só podem ser
alcançados pela transformação violenta e radical de toda a
ordem e pesquisa curricular até hoje
existentes’’(CORAZZA, p.141).
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