2. Era Outono e as primeiras gotas de chuva
Começavam de mansinho
A cair na terra seca
Molhando-a devagarinho.
O Filipe olhou espantado
E esticou o dedo a experimentar
Ai que fria que estava
A gota que caíra a brilhar.
Com cuidado pegou nela
E numa conchinha a colocou
“Anda cá, Diogo,
Vem ver o que o mano achou”.
3. “O que é que trazes aí?
O que vem nessa conchinha?”
“Psiu, não vês que está a dormir?
Ainda é pequenina”.
“Mas o que é, o que é?”
Perguntou o Diogo a espreitar
“Ai tão giro, é uma pérola!
Onde a vamos deitar?”
“Se calhar ela está triste.
Não vês que está sozinha?
Caiu lá daquela nuvem,
Tenho pena, pobrezinha.”
4. Os dois pequeninos olharam
Um para o outro a pensar
Tinham de fazer qualquer coisa
E havia tanto para imaginar…
“Já sei, tive uma ideia!”
Diz o Filipe a dançar.
“Vamos construir um avião
Para a pormos de novo no ar”.
“Está bem. Mas temos de ir
Lá fora, para o jardim.
O avião tem de ser grande,
No quarto não ia caber assim.”
5. “Na arca das trapalhadas
Temos muitas coisas importantes
Vamos levar os balões,
As cordas e os volantes”.
Correram escadas abaixo
Com um brilho no olhar
Havia tanto para fazer
E tanto para inventar…
“Tenham cuidado lá fora
Daqui a pouco vamos jantar.
Ai estes meninos não param,
Ai que se vão constipar.”
“Tenham cuidado…”
6. “Descobri uma caixa enorme
Vai se o nosso avião.
Agarra naquele tronco
Vamos voar, pois então”.
Atarefados que estavam
Nem davam pelo tempo passar
E as folhas caíam de mansinho
Só para lhes poder tocar.
E entraram no se brinquedo
Com a pérola na concha, quentinha.
Com ruídos descolaram
Até à nuvem que estava sozinha.
7. Perderam-se em batalhas com gigantes
E venceram tempestades.
Cumprimentaram as estrelas,
E acenaram à eternidade.
Por fim aterraram na nuvem
E o seu tesouro deixaram ficar
“Não fiques triste gotinha
Nós voltamos para te visitar.”
#Venham jantar meninos.
Já são horas, lavar as mãos.
Vamos embora, depressa,
Minhas pérolas do coração”.