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Especial 60 Anos de Extensão Rural
Informativo da Associação Mineira dos Aposentados da Extensão Rural - Ano 8/Nº 41 - Dezembro/2008
IMPRESSO
A comemoração de uma data,
como a que estamos vivendo
agora, de celebração dos 60
anos da extensão rural, sempre
nos leva a momentos de refle-
xão. Os que participaram da
jornada, e já depuseram suas
armas, buscam refletir sobre os
estradas percorridas, as lutas
encetadas e os resultados colhi-
dos ao longo do caminho. Lem-
bram-se dos companheiros que
participaram das jornadas e re-
cordam cada trecho percorrido
por terem vivido intensamente
cada instante da caminhada.
Alguns trechos se apresenta-
ram prazerosos e agradáveis.
Outros representaram desafios
e obstáculos a serem supera-
dos. Ficou um sentimento de
dever cumprido. Por isso mes-
mo, neles, ficou ainda o com-
prometimento com tudo aquilo
que representa a continuidade
da jornada. De fora, acompa-
nham interessados os passos
que estão sendo dados, torcen-
do para que a senda seja favo-
rável e as colheitas abundantes
e generosas.
Os que se encontram no meio
da jornada avaliam o momen-
to e pensam no futuro. Estes se
dedicam a traçar novos rumo-
se assegurar meios para que a
trajetória prossiga. Os tempos
são outros. Novos desafios cer-
tamente os esperam. Pode-se
para superá-los contar com as
lições de outrora. Não é o caso
de duplicar experiências bem
sucedidas em outros contextos,
mas, tirar ensinamentos dos
acertos e, certamente, corrigir
e adaptar estratégias utilizadas
no passado.
Nas comemorações do cin-
qüentenário da Emater–MG,
em 1998, na sede da empresa,
em Belo Horizonte, foi inau-
gurado o Centro de Documen-
tação Engenheiro Agrônomo
José Alfredo Amaral de Paula.
Nele pode ser apreciado um
rico acervo de documentos,
fotos, equipamentos, revistas e
material de divulgação, os mais
diversos, que registram épocas
da trajetória da extensão rural
em Minas Gerais. Trata-se de
uma rica coleção mostrando
parte importante da história da
Empresa. Todavia a verdadeira
história da extensão rural deve
ser buscada e contada a partir
dos acontecimentos que con-
tribuíram para mudar o meio
rural mineiro. O palco onde se
desenvolveu todos estes atos
é o campo, e os outros atores
desta representação, os princi-
pais, razão de ser de todas as
conquistas, foram as famílias
dos agricultores mineiros. O
resultado desta ação pode ser
avaliado pela contribuição dada
ao desenvolvimento da produ-
ção agrícola e pecuária, em to-
das as regiões de Minas, e em
ações da melhoria do bem estar
social de centenas de milhares
de famílias de agricultores fa-
miliares de nosso estado.
AAmaer considera a celebra-
ção dos 60 anos da extensão
rural um marco extraordinário
para o meio rural mineiro e
brasileiro. Trata-se de uma das
mais bem sucedidas experiên-
cias de inclusão social de que
60 ANOS DA EXTENSÃO RURAL
se tem notícia. O mais impor-
tante e significativo de se regis-
trar nas ações de extensão rural
é seu sentido educativo. Não
existe a prática da extensão ru-
ral sem estar alicerçada na edu-
cação. O escritor Rubem Alves,
professor emérito da Unicamp
escreveu que “a primeira tarefa
da educação é ensinar a ver... O
ato de ver não é coisa natural
precisa ser aprendido.” A for-
ça da extensão rural está exa-
tamente em ensinar a ver. Vale
recordar: ajudar a família do
agricultor a ajudar a si mesma.
Cada extensionista tem, nesse
sentido, uma grande responsa-
bilidade. É preciso mostrar a
vida a quem ainda não a viu.
Na oportunidade de data tão
significativa a Amaer cumpri-
menta seus associados pela ex-
traordinária contribuição dada
na construção desta história
e deseja aos empregados da
Emater–MG, que continuam a
construí-la, sucesso nesta mis-
são tão nobre. Valeu e vale a
pena.
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
Presidente:
Regina Campos
Vice-presidente:
João Leonardo Martins de Oliveira
Diretora Secretária:
Maria Cristina Gomes Sant’Anna
Diretor Financeiro:
Carlos Augusto Ruas
Diretor de Benefícios:
Sebastião Cardoso Barbosa
Diretora Social:
Eluse Duarte Coelho
Diretora Cultural:
Maria da Graça Lima Bragança
Diretor de Divulgação:
Ronald Cesar Gava
Jornalista resposável:
Ana Luiza Oliveira
(13.431/MG)
analu.jornalismo@gmail.com
Associação Mineira dos Aposenta-
dos na Extensão Rural (Amaer)
Contatos
Av. Raja Gabaglia, 1626
cep. 30350-540
Belo Horizonte MG
(31) 3349-8063
(31) 3342-1475
amaer@emater.mg.gov.br
Expediente
Meu trabalho na Extensão Rural...
Em 1958 comecei a trabalhar
na Associação de Crédito e As-
sistência Rural (Acar) Fazia
parte de uma equipe formada
por um técnico agrícola, uma
supervisora doméstica (eu) e
uma secretária. Geralmente era
assim o quadro de profissionais
dos escritórios locais da Em-
presa. Muitas vezes ao invés
de técnico era um agrônomo.
Éramos coordenados por uma
equipe Regional, que por sua
vez era orientada por profis-
sionais sediados no Escritório
Central, em Belo Horizonte.
O objetivo principal do nosso
trabalho era melhorar a renda
da propriedade e o bem estar da
Maria da Piedade em um atendimento a uma família na
região de Pedro Leopoldo
família do “pequeno produtor”,
isso com o auxilio do crédito
rural.
Quando comecei a trabalhar,
meu colega de equipe tinha
apenas 19 anos, apesar de ser
tão jovem, ele era muito res-
ponsável. Sempre fomos bem
recebidos tanto no meio rural
quanto na cidade, devido ao
bom desempenho do trabalho
da equipe anterior à nossa. A
população já sentia a importân-
cia da Acar em seu município.
Os agricultores procuravam
o nosso escritório para serem
beneficiados pelo crédito rural.
Após o pedido ser aprovado, fa-
zíamos a primeira visita à casa
do produtor para elaborar, com
família dele, um plano de ação.
As demais visitas eram feitas
de acordo com a execução do
trabalho planejado. Geralmen-
te transmitíamos orientações
técnicas para melhorar a pro-
priedade e o lar, como: o uso
de filtro, construção de fossa,
compra de equipamentos, téc-
nicas agrícolas para plantação e
hortas, reformas de casa, entre
outros.
Os resultados positivos logo
apareciam, mais leite para a
família e para a venda, planta-
ções de feijão, milho e café em
curva de nível, hortas domésti-
cas cercadas e com mais varie-
dades de hortaliças, melhores
condições de higiene e saúde.
Grupos HO, SM e 4S
Os grupos Homens (HO), Se-
nhoras e Moças (SM) e Sentir,
Servir, Saber e Saúde (4S) eram
uma das estratégias do nosso
trabalho para alcançar um nú-
mero maior de famílias.
Uma vez por mês, nas comuni-
dades rurais trabalhadas, numa
igrejinha ou numa escola rural,
ou mesmo debaixo de uma ár-
vore, os pequenos produtores,
mutuários ou não, suas espo-
sas e filhos se reuniam com os
técnicos dos escritórios locais
da Acar. O objetivo dos encon-
tros era o aprendizado de novas
técnicas, assim como discutir
e resolver os problemas das
estradas, a reforma da escola
rural ou algo semelhante, que
proporcionaria uma qualidade
de vida melhor a comunidade.
Eu me lembro que foi nesses
grupos que surgiram mutirões
para resolver os problemas de
saúde no campo, como o com-
bate a verminose. Em uma
ocasião, alguns homens foram
treinados para fazer a laje das
fossas e depois eles iam de
casa em casa construindo as
“casinhas”. Houve também
uma campanha, na qual as só-
cias do grupo SM conseguiram
comprar filtros de cerâmica por
atacado e assim pagaram um
preço bem mais baixo.
Com o desenvolvimento do
trabalho, percebemos a neces-
sidade de treinar mais lideres
rurais. Em pouco tempo, essas
lideranças que surgiram come-
çaram a dirigir outros grupos
nos locais mais distantes.
Os clubes 4S eram basea-
dos no grupo 4H dos Estados
Unidos, porém adaptados para
nossas condições, eram grupos
de jovens. Os meninos rece-
biam treinamento em técnicas
de agricultura e desenvolviam
pequenos projetos como plan-
tação de milho, feijão e outros.
As meninas seguiam projetos
baseados em saúde, alimenta-
ção e vestuário. Todos os anos
havia uma eleição para formar
uma diretoria do clube, eleita
entre os sócios. Em todos os
encontros havia discussão de
assuntos da comunidade e pro-
jetos, era elaborada uma ata da
reunião. Era um meio de de-
senvolver os jovens não apenas
para técnicas, mas também o
lado social.
Um jipe pelas estradas
Só mesmo um jipe para en-
frentar estradas deficientes, ca-
minhos difíceis, travessias de
córregos e mata-burros, com ou
sem chuva e com muita poeira.
Nada impedia de chegarmos até
as comunidades trabalhadas.
Quanto mais longe era a pro-
priedade, mais porteiras para
abrir e fechar. Era a superviso-
ra doméstica que cuidava dessa
parte, enquanto o técnico diri-
gia. Cheguei a contar uma vez,
mais de 20 porteiras até chegar
a casa de um “pequeno produ-
tor”.
Maria da Piedade Ferreira*
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
A hora de sair para o trabalho
dependia da distância a percor-
rer. Era comum sair às 7h e não
ter hora para chegar em casa.
Trabalhávamos também aos
sábados, principalmente para
reunir os sócios de clubes 4S
que não podiam prejudicar as
aulas.
Acar para Emater–MG
Após ter trabalhado sete anos
em escritórios locais (Itapece-
rica e Pedro Leopoldo) e cinco
anos no Regional de Curvelo,
houve a mudança de Acar para
Empresa de Assistência Téc-
nica e Extensão Rural (Ema-
ter–MG).
Os escritórios regionais pas-
saram a abranger mais muni-
cípios e aumentou o número
de técnicos especialistas em
projetos agropecuários e des-
sa forma passou-se a atender
também os grandes produtores.
O projeto Bem Estar Social
(BES) foi criado para orientar
as extensionistas BES (antigas
supervisoras domésticas) de
cada escritório local.
Nessa época, fiz a opção de
voltar a trabalhar em escritório
local, e passei por Felixlândia,
Vespasiano, incluindo Lagoa
Santa, Baldim e Jaboticatu-
bas. A extensionista BES tinha
como objetivo: “levar o públi-
co beneficiário a adquirir novos
conhecimentos e a adotar hábi-
tos, atitudes e comportamento
conducente ao melhoramen-
to da qualidade de vida e que
contribuam também, ainda que
indiretamente, para o aumento
da produção e produtividade do
setor agropecuário”.
O projeto BES estava direta-
mente relacionado às melho-
rias sociais e estruturais das
comunidades, por isso o traba-
lho com os grupos continuava
sempre buscando formar mais
lideres e manter contatos com
autoridades e instituições que
também tinham esse interesse.
	
Dificuldades
Na execução do projeto Bem
Estar Social, as extensionis-
tas tiveram várias dificuldades
devido a falta de veículos para
elas. Já não era possível tra-
balhar sempre com o colega,
apenas quando coincidia. As
extensionistas com mais tempo
de serviço não tinham carteira
de motorista e mesmo que ti-
vessem não havia um veiculo
exclusivo para elas, e com o
agravante que também não po-
diam dirigir o carro da Acar.
O jeito era se virar, cada uma
como podia. Tinha colega que
ia até de bicicleta. Outras,
como eu, iam de ônibus até um
ponto mais próximo das comu-
nidades a serem trabalhadas e
terminavam de chegar a pé.
Mas logo a Emater notou o
valor do trabalho de Bem Estar
Social e assim as extensionistas
passaram a poder dirigir os car-
ros da Empresa. Alem disso
houve uma valorização de
mão de obra qualificada, an-
tes era necessário apenas o
Ensino Médio para trabalhar
na profissão.
Hoje as extensionistas po-
dem se casar e ter seus filhos,
antes “moças casadas” não
eram contratadas e aquelas
que se casavam, tinham que
Inauguração de um posto de saude de uma comunidade de
Curvelo, onde Maria trabalhou.
deixar o emprego.
Escritório Central
Quando faltava seis anos
para me aposentar, fui trab-
alhar no Escritório Central,
com o cargo de especial-
ista Estadual em Vestuário
e Artesanato e me aposentei
em 09 de maio de 1989.
*Maria da Piedade Ferreira em sua casa
Hoje aposentada, Maria se dedica aos serviços de casa.
Gosta de ler e costurar. Apesar de ter parado um pouco, ela
também se deidca ao trabalho voluntário ensinando o cultivo
de hortas e plantas medicionais.
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
Em 06 de dezembro de 1948 é criada a Associa-
ção de Crédito e Assistência Rural (Acar)
Associação de Crédito e Assisténcia Rural – Empre
1955: Treinamento para supervisoras domésticas
1980: Curso de Indústria Caseira em Montes
Claros
1989: Inauguração da sala da Amaer
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
esa de Assistência Técnica e Extensão Rural
1966: Reunião de Regionais 1977: Equipe de Cambuquira
1990: Confraternização de coordenadora de
Bem-Estar-Social 2008: Ceame Bambuí
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
Amaer fala sobre Emater–MG:
Mauricio Almeida entrou na Acar em 1972 para trabalhar no Centro de Ensino e Extensão, em
Viçosa. Em 1979, ele foi transferido para BH para atuar na área de metodologia e comunicação
que pertencia ao Departamento Técnico da Empresa.
Hoje ele ainda está na ativa e pertence a Assessoria de Comunicação da Emater-MG. O que
Mauricio observou durante esses 36 anos de Empresa foi a valorização da comunicação e da
tecnologia. De acordo com ele a adoção de meios como a internet, facilitou a vida dos extensio-
nistas “Antes era muito difícil, as correspondências chegavam a demorar 15 dias para chegar ao
campo”, ressalta.
Na área de metodologia, Mauricio acompanhou dia-a-dia a transformação dos equipamentos,
que a Emater-MG procurou estar sempre atualizada. “Antigamente utilizávamos o episcópio,
depois surgiu o diafilme, em seguida os projetos de slide e lâminas.”
Maria de Lourdes Falcão entrou para aAcar em 1963. Ela explica que havia terminado o magis-
tério, mas não gostou de dar aulas e por isso procurou emprego em outra área. Ela trabalhou com o
professor Memória que veio ao Brasil fazer uma pesquisa com os clubes 4S. Assim, depois ela foi
trabalhar com relatório estatístico, na área de pesquisa. “O pessoal fazia a pesquisa no campo, cada
regional enviava o relatório dos seus municípios.”, explica Maria de Lourdes que acompanhou de
perto o aprimoramento das fichas e maneiras de pesquisa na Empresa. Ela tem muitas lembranças
e acompanhou muitas modificações da Empresa, entre ela as duas mudanças de endereço, da Rua
da Bahia para a Praça da Estação e depois para a Avenida Raja Gabaglia.
“No inicio a Empresa era uma família, poucos funcionários, por isso comparecíamos aos eventos
familiares dos colegas, comemorávamos Natal, Missa de Páscoa”, ela lembra ainda que todo dia 30
de setembro, havia um lanche na Churrascaria Camponesa, devido ao dia da secretaria.
José Maria Gamarano entrou para Acar em 1966. Passou por Caratinga, Governador Valadares
e Patos de Minas durante os 32 anos que trabalhou na Extensão Rural. Ele tem boas lembranças
desse tempo, uma delas é que Acar treinava os técnicos para tirar carteira de motorista e depois
disponibilizava um jipe 51 para execução do trabalho no campo. “O jipe era um membro da equipe
do escritório local”, chega a brincar.
Outro fato interessante que José Maria faz questão de lembrar é que ele começou a difundir algu-
mas técnicas de agricultura orgânica, o que era proibido. “Incentivávamos a agricultura alternativa,
como era conhecida na época escondido, porque não era aceito na Empresa e hoje a Emater-MG
tem até mesmo especialista nessa área.”
O extensionista conta que quando entrou para a Acar ele tinha problema de timidez e dificuldade
de falar em público. Mas segundo aos poucos ele foi melhorando e isso o ajudou bastante até
mesmo em sua vida pessoal. José Maria está aposentado desde 1998 e mora em Caratinga.
“Entrei na Acar em 1º de dezembro de 1962 e me aposentei em novembro de 1999, portanto es-
tive na Empresa durante 37 anos.Trabalhei em Formiga, Cataguases, Pará de Minas, Divinópolis,
Muriaé e Juiz de Fora.
A principal mudança que presenciei foi a transformação da Acar em Emater-MG - Um divisor
de águas na empresa. Posteriormente várias mudanças e enfoques foram efetuados. Mas a mais
marcante talvez tenha sido o estreito relacionamento de parcerias com as Prefeituras Municipais
formalizados por convênios entre as partes. Passaram, as prefeituras, a influir em todas as fases do
trabalho da Emater-MG no município além de contribuir para a manutenção do escritório da equipe
local. Nesse período a política nacional de crédito rural prejudicou substancialmente o pequeno
“produtor rural” e sua família com a extinção do crédito rural supervisionado. Porém o trabalho
com médios e grandes produtores conferiram nome a empresa, pois, com o Crédito Rural Orien-
tado, pode-se implantar várias atividades como avicultura, suinocultura, horticultura e outros que
deram bastante destaque à Empresa.
Evidentemente que mudanças aconteceram no país, uma delas o grande êxodo rural
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
Afonso Peixoto de Magalhães trabalhou durante 40 anos na Acar/Emater–MG. Ele começou
quando ainda era menino no Escritório Central da Associação. Ele tem várias lembranças desse
tempo de serviço, porém o que mais o marcou foi a atenção e compreensão que as pessoas tinham
com ele quando começou, principalmente a diretoria da época (José Paulo Ribeiro e Dr Calumby)
que o incentivaram a continuar os estudos. Um caso que lembra com orgulho dessa época foi quan-
do trouxe um crio do Serro (sua terra natal), para o Dr Calumby ver. “O pássaro cantou na mesa
dele e toda a Acar foi chamada para ver e ouvir o Peito Roxo”
De acordo com Maria da Gra-
ça Bragança, a indústria caseira
de alimentos é uma atividade
sempre trabalhada pela Acar/
Emater–MG ao longo desses
60 anos. Ela faz parte das áreas
técnicas que compõem o Projeto
Bem Estar Social da Empresa:
Alimentação e Nutrição, Educa-
ção, Saúde, Saneamento Básico,
Habitação Rural, Vestuário eAr-
tesanato, essas atuações visam
atender às necessidades básicas
das famílias rurais, de acordo
com a realidade local.
Ela explica que a Indústria Ca-
seira era trabalhada dentro da
área de Alimentação e Nutrição
e tinha como foco aumentar o
tempo de conservação dos ali-
mentos para auto-consumo,
principalmente na entressafra, e
para a comercialização em mer-
cados próximos da propriedade.
Mas Graça destaca que dos
anos 80, a Indústria Caseira de
Alimentos ou Conservação e
Industrialização Caseira de Ali-
mentos, como era também cha-
mada, passou a ser uma área téc-
nica específica dentro do Projeto
Bem Estar Social, interagindo
sempre com as demais áreas.
“Isso porque a Empresa passou
a encarar a Indústria Caseira
como forma de agregação de
valor à produção e complemen-
tação da renda dos agricultores
familiares, e buscou parcerias
para viabilizar a comercializa-
ção de seus produtos.”, ressalta
Graça.
Os produtos da Indústria Ca-
seira ou Agroindústria artesanal
de alimentos, como também é
chamada, que até algum tempo
atrás eram destinados principal-
mente ao auto-consumo e aos
mercados locais, apresentam
hoje outra realidade. “Os pro-
dutos alcançaram as prateleiras
das grandes redes de supermer-
cados e lojas de conveniência,
para atender às demandas de
consumidores, cada vez mais
exigentes.”, conta Graça.
Atualmente a agroindústria
artesanal de alimentos está em
destaque,e vemrecebendoapoio
e incentivo por parte de vários
órgãos públicos e privados, ten-
do sido criadas inclusive, políti-
cas públicas para o incentivo à
produção e comercialização de
produtos artesanais, oriundos da
“agricultura familiar”.
Pensando nessas questões
de agregação de valor, a Ema-
ter–MG implantou em 2002, o
Queijo MinasArtesanal, voltado
para as regiões do Serro, Araxá,
Canastra e Cerrado. De acordo
com o extensionista Elmer Fer-
reira Luiz de Almeida, o progra-
ma visa a melhoria da qualidade
do queijo, a segurança alimentar
e a organização e qualificação
dos produtores.
Elmer explica que são realiza-
das capacitações aos produtores,
estruturadas por um veterinário
e uma bem-estar-social de cada
região. Até hoje, 88 produtores
atendidos pela Emater–MG já
têm registro no Instituto Minei-
ro deAgropecuária (IMA), devi-
do a qualidade alcançada. “Esse
cadastramento além de agregar
valor, possibilita rastreabilidade
ao produto, o que proporciona
mais credibilidade ao produtor.
Para se cadastrar, o agricultor
deve ter recebido a capacitação
oferecida pela Emater–MG,
Indústria Caseira e Agregação de Valor
estar com as queijarias e cur-
rais perfeitamente adequados,
manter os animais em dia com
as questões de saúde e oferecer
embalagens adequadas.
De acordo com Elmer para in-
centivar os produtores são rea-
lizados todos os anos concursos
Municipal, Regional e Estadual.
Até hoje no Estado o Programa
já assistiu mais de nove mil pro-
dutores e 250 queijarias já estão
nos padrões exigidos.
Família de produtores do Cerrado, ganhadora do 2º
Concurso Estadual de Queijo Artesanal
Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural
“Saber, Sentir, Saúde e Ser-
vir”, esse era o significado da
sigla 4S. Os clubes 4S foram
criados na década de 50 e tin-
ham o objetivo de trabalhar
com os jovens filhos de agri-
cultores. Eles eram baseados
no trabalho que já era desen-
volvido pela AIA nos Estados
Unidos. No inglês eram 4H.
Os jovens participantes de-
senvolviam uma série de ativi-
dades na área agrícola, pecuária
e de bem estar social. O clube
tinha uma diretoria formada
pelos próprios integrantes, a
chapa era eleita pelos sócios e
todos os encontros tinham ata.
O objetivo era formar lideran-
ças comunitárias e jovens pre-
parados para participar de con-
selhos e interferir nas políticas
públicas.
Uma das principais vantagens
de se trabalhar com os jovens
na história da Extensão Rural
foi a difusão das novas técnicas
que o extensionista tinha que
ensinar aos produtores. Geral-
mente os agricultores tinham
receio das inovações e por isso
nem sempre aceitavam as sug-
estões dos técnicos.
Já os jovens desenvolviam
os projetos a partir das orien-
Jovens em atividades do Projeto Transformar
tações do extensionista e as-
sim colocavam em práticas as
novas técnicas de cultivo. O
sucesso do trabalho dos filhos
levou os pais a confiar e utilizar
as novas práticas. Vários foram
os exemplos de métodos que os
jovens dos clubes 4S utilizaram
e revolucionaram a agricultura
de Minas, entre eles, estão o
Milho Hibrido, o cultivo do
morango no Sul do Estado e a
Avicultura.
Os meninos tinham que de-
senvolver projetos na área
agrícola, enquanto as meninas
aprendiam técnicas de saúde,
higiene, vestuários e artesan-
ato.
Os clubes 4S também tinham
um forte papel social em cam-
panhas, construção de escolas
e postos de saúde, entre out-
ros benefícios que a popula-
ção precisava. Com o sucesso
do trabalho realizado pelos
clubes, várias pessoas de fora
estiveram aqui para conhecer
o trabalho dos clubes. Foram
realizadas várias convenções
de âmbito Estadual, Nacional
e Internacional com destaque
a participação de Governo de
países, como EUA, Paraguai e
México.
Hoje a juventude continua
como uma das preocupações
da Emater–MG. No inicio de
2006, a Empresa lançou o Pro-
jeto Transformar com o obje-
tivo de capacitar filhos de ag-
ricultores para o trabalho e ter
acesso a recursos do Pronaf Jo-
vem. Para adquirir esse crédito,
eles precisam ter 100 horas de
treinamento, no caso oferecido
pela Emater–MG. Outro obje-
tivo das atividades do Projeto é
ensinar aos jovens o funciona-
A Juventude e a Extensão Rural
mento das políticas públicas.
Podem participar das ativi-
dades do Projeto, filhos de “ag-
ricultores familiares” de 16 a
29 anos. Os jovens devem de-
senvolver um projeto orientado
pelo extensionista e esse trab-
alho serve também para que ele
consiga ter acesso ao Pronaf.
Até hoje 4.100 jovens foram
atendidos no Estado de Minas
Gerais.
Jovens do 4S em visita ao presidente Médici, em 1970.
1ª Convenção de Clubes 4-S, um sócio coloca o trevo na lapela
do Governador Magalhães Pinto

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  • 1. Especial 60 Anos de Extensão Rural Informativo da Associação Mineira dos Aposentados da Extensão Rural - Ano 8/Nº 41 - Dezembro/2008 IMPRESSO A comemoração de uma data, como a que estamos vivendo agora, de celebração dos 60 anos da extensão rural, sempre nos leva a momentos de refle- xão. Os que participaram da jornada, e já depuseram suas armas, buscam refletir sobre os estradas percorridas, as lutas encetadas e os resultados colhi- dos ao longo do caminho. Lem- bram-se dos companheiros que participaram das jornadas e re- cordam cada trecho percorrido por terem vivido intensamente cada instante da caminhada. Alguns trechos se apresenta- ram prazerosos e agradáveis. Outros representaram desafios e obstáculos a serem supera- dos. Ficou um sentimento de dever cumprido. Por isso mes- mo, neles, ficou ainda o com- prometimento com tudo aquilo que representa a continuidade da jornada. De fora, acompa- nham interessados os passos que estão sendo dados, torcen- do para que a senda seja favo- rável e as colheitas abundantes e generosas. Os que se encontram no meio da jornada avaliam o momen- to e pensam no futuro. Estes se dedicam a traçar novos rumo- se assegurar meios para que a trajetória prossiga. Os tempos são outros. Novos desafios cer- tamente os esperam. Pode-se para superá-los contar com as lições de outrora. Não é o caso de duplicar experiências bem sucedidas em outros contextos, mas, tirar ensinamentos dos acertos e, certamente, corrigir e adaptar estratégias utilizadas no passado. Nas comemorações do cin- qüentenário da Emater–MG, em 1998, na sede da empresa, em Belo Horizonte, foi inau- gurado o Centro de Documen- tação Engenheiro Agrônomo José Alfredo Amaral de Paula. Nele pode ser apreciado um rico acervo de documentos, fotos, equipamentos, revistas e material de divulgação, os mais diversos, que registram épocas da trajetória da extensão rural em Minas Gerais. Trata-se de uma rica coleção mostrando parte importante da história da Empresa. Todavia a verdadeira história da extensão rural deve ser buscada e contada a partir dos acontecimentos que con- tribuíram para mudar o meio rural mineiro. O palco onde se desenvolveu todos estes atos é o campo, e os outros atores desta representação, os princi- pais, razão de ser de todas as conquistas, foram as famílias dos agricultores mineiros. O resultado desta ação pode ser avaliado pela contribuição dada ao desenvolvimento da produ- ção agrícola e pecuária, em to- das as regiões de Minas, e em ações da melhoria do bem estar social de centenas de milhares de famílias de agricultores fa- miliares de nosso estado. AAmaer considera a celebra- ção dos 60 anos da extensão rural um marco extraordinário para o meio rural mineiro e brasileiro. Trata-se de uma das mais bem sucedidas experiên- cias de inclusão social de que 60 ANOS DA EXTENSÃO RURAL se tem notícia. O mais impor- tante e significativo de se regis- trar nas ações de extensão rural é seu sentido educativo. Não existe a prática da extensão ru- ral sem estar alicerçada na edu- cação. O escritor Rubem Alves, professor emérito da Unicamp escreveu que “a primeira tarefa da educação é ensinar a ver... O ato de ver não é coisa natural precisa ser aprendido.” A for- ça da extensão rural está exa- tamente em ensinar a ver. Vale recordar: ajudar a família do agricultor a ajudar a si mesma. Cada extensionista tem, nesse sentido, uma grande responsa- bilidade. É preciso mostrar a vida a quem ainda não a viu. Na oportunidade de data tão significativa a Amaer cumpri- menta seus associados pela ex- traordinária contribuição dada na construção desta história e deseja aos empregados da Emater–MG, que continuam a construí-la, sucesso nesta mis- são tão nobre. Valeu e vale a pena.
  • 2. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural Presidente: Regina Campos Vice-presidente: João Leonardo Martins de Oliveira Diretora Secretária: Maria Cristina Gomes Sant’Anna Diretor Financeiro: Carlos Augusto Ruas Diretor de Benefícios: Sebastião Cardoso Barbosa Diretora Social: Eluse Duarte Coelho Diretora Cultural: Maria da Graça Lima Bragança Diretor de Divulgação: Ronald Cesar Gava Jornalista resposável: Ana Luiza Oliveira (13.431/MG) analu.jornalismo@gmail.com Associação Mineira dos Aposenta- dos na Extensão Rural (Amaer) Contatos Av. Raja Gabaglia, 1626 cep. 30350-540 Belo Horizonte MG (31) 3349-8063 (31) 3342-1475 amaer@emater.mg.gov.br Expediente Meu trabalho na Extensão Rural... Em 1958 comecei a trabalhar na Associação de Crédito e As- sistência Rural (Acar) Fazia parte de uma equipe formada por um técnico agrícola, uma supervisora doméstica (eu) e uma secretária. Geralmente era assim o quadro de profissionais dos escritórios locais da Em- presa. Muitas vezes ao invés de técnico era um agrônomo. Éramos coordenados por uma equipe Regional, que por sua vez era orientada por profis- sionais sediados no Escritório Central, em Belo Horizonte. O objetivo principal do nosso trabalho era melhorar a renda da propriedade e o bem estar da Maria da Piedade em um atendimento a uma família na região de Pedro Leopoldo família do “pequeno produtor”, isso com o auxilio do crédito rural. Quando comecei a trabalhar, meu colega de equipe tinha apenas 19 anos, apesar de ser tão jovem, ele era muito res- ponsável. Sempre fomos bem recebidos tanto no meio rural quanto na cidade, devido ao bom desempenho do trabalho da equipe anterior à nossa. A população já sentia a importân- cia da Acar em seu município. Os agricultores procuravam o nosso escritório para serem beneficiados pelo crédito rural. Após o pedido ser aprovado, fa- zíamos a primeira visita à casa do produtor para elaborar, com família dele, um plano de ação. As demais visitas eram feitas de acordo com a execução do trabalho planejado. Geralmen- te transmitíamos orientações técnicas para melhorar a pro- priedade e o lar, como: o uso de filtro, construção de fossa, compra de equipamentos, téc- nicas agrícolas para plantação e hortas, reformas de casa, entre outros. Os resultados positivos logo apareciam, mais leite para a família e para a venda, planta- ções de feijão, milho e café em curva de nível, hortas domésti- cas cercadas e com mais varie- dades de hortaliças, melhores condições de higiene e saúde. Grupos HO, SM e 4S Os grupos Homens (HO), Se- nhoras e Moças (SM) e Sentir, Servir, Saber e Saúde (4S) eram uma das estratégias do nosso trabalho para alcançar um nú- mero maior de famílias. Uma vez por mês, nas comuni- dades rurais trabalhadas, numa igrejinha ou numa escola rural, ou mesmo debaixo de uma ár- vore, os pequenos produtores, mutuários ou não, suas espo- sas e filhos se reuniam com os técnicos dos escritórios locais da Acar. O objetivo dos encon- tros era o aprendizado de novas técnicas, assim como discutir e resolver os problemas das estradas, a reforma da escola rural ou algo semelhante, que proporcionaria uma qualidade de vida melhor a comunidade. Eu me lembro que foi nesses grupos que surgiram mutirões para resolver os problemas de saúde no campo, como o com- bate a verminose. Em uma ocasião, alguns homens foram treinados para fazer a laje das fossas e depois eles iam de casa em casa construindo as “casinhas”. Houve também uma campanha, na qual as só- cias do grupo SM conseguiram comprar filtros de cerâmica por atacado e assim pagaram um preço bem mais baixo. Com o desenvolvimento do trabalho, percebemos a neces- sidade de treinar mais lideres rurais. Em pouco tempo, essas lideranças que surgiram come- çaram a dirigir outros grupos nos locais mais distantes. Os clubes 4S eram basea- dos no grupo 4H dos Estados Unidos, porém adaptados para nossas condições, eram grupos de jovens. Os meninos rece- biam treinamento em técnicas de agricultura e desenvolviam pequenos projetos como plan- tação de milho, feijão e outros. As meninas seguiam projetos baseados em saúde, alimenta- ção e vestuário. Todos os anos havia uma eleição para formar uma diretoria do clube, eleita entre os sócios. Em todos os encontros havia discussão de assuntos da comunidade e pro- jetos, era elaborada uma ata da reunião. Era um meio de de- senvolver os jovens não apenas para técnicas, mas também o lado social. Um jipe pelas estradas Só mesmo um jipe para en- frentar estradas deficientes, ca- minhos difíceis, travessias de córregos e mata-burros, com ou sem chuva e com muita poeira. Nada impedia de chegarmos até as comunidades trabalhadas. Quanto mais longe era a pro- priedade, mais porteiras para abrir e fechar. Era a superviso- ra doméstica que cuidava dessa parte, enquanto o técnico diri- gia. Cheguei a contar uma vez, mais de 20 porteiras até chegar a casa de um “pequeno produ- tor”. Maria da Piedade Ferreira*
  • 3. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural A hora de sair para o trabalho dependia da distância a percor- rer. Era comum sair às 7h e não ter hora para chegar em casa. Trabalhávamos também aos sábados, principalmente para reunir os sócios de clubes 4S que não podiam prejudicar as aulas. Acar para Emater–MG Após ter trabalhado sete anos em escritórios locais (Itapece- rica e Pedro Leopoldo) e cinco anos no Regional de Curvelo, houve a mudança de Acar para Empresa de Assistência Téc- nica e Extensão Rural (Ema- ter–MG). Os escritórios regionais pas- saram a abranger mais muni- cípios e aumentou o número de técnicos especialistas em projetos agropecuários e des- sa forma passou-se a atender também os grandes produtores. O projeto Bem Estar Social (BES) foi criado para orientar as extensionistas BES (antigas supervisoras domésticas) de cada escritório local. Nessa época, fiz a opção de voltar a trabalhar em escritório local, e passei por Felixlândia, Vespasiano, incluindo Lagoa Santa, Baldim e Jaboticatu- bas. A extensionista BES tinha como objetivo: “levar o públi- co beneficiário a adquirir novos conhecimentos e a adotar hábi- tos, atitudes e comportamento conducente ao melhoramen- to da qualidade de vida e que contribuam também, ainda que indiretamente, para o aumento da produção e produtividade do setor agropecuário”. O projeto BES estava direta- mente relacionado às melho- rias sociais e estruturais das comunidades, por isso o traba- lho com os grupos continuava sempre buscando formar mais lideres e manter contatos com autoridades e instituições que também tinham esse interesse. Dificuldades Na execução do projeto Bem Estar Social, as extensionis- tas tiveram várias dificuldades devido a falta de veículos para elas. Já não era possível tra- balhar sempre com o colega, apenas quando coincidia. As extensionistas com mais tempo de serviço não tinham carteira de motorista e mesmo que ti- vessem não havia um veiculo exclusivo para elas, e com o agravante que também não po- diam dirigir o carro da Acar. O jeito era se virar, cada uma como podia. Tinha colega que ia até de bicicleta. Outras, como eu, iam de ônibus até um ponto mais próximo das comu- nidades a serem trabalhadas e terminavam de chegar a pé. Mas logo a Emater notou o valor do trabalho de Bem Estar Social e assim as extensionistas passaram a poder dirigir os car- ros da Empresa. Alem disso houve uma valorização de mão de obra qualificada, an- tes era necessário apenas o Ensino Médio para trabalhar na profissão. Hoje as extensionistas po- dem se casar e ter seus filhos, antes “moças casadas” não eram contratadas e aquelas que se casavam, tinham que Inauguração de um posto de saude de uma comunidade de Curvelo, onde Maria trabalhou. deixar o emprego. Escritório Central Quando faltava seis anos para me aposentar, fui trab- alhar no Escritório Central, com o cargo de especial- ista Estadual em Vestuário e Artesanato e me aposentei em 09 de maio de 1989. *Maria da Piedade Ferreira em sua casa Hoje aposentada, Maria se dedica aos serviços de casa. Gosta de ler e costurar. Apesar de ter parado um pouco, ela também se deidca ao trabalho voluntário ensinando o cultivo de hortas e plantas medicionais.
  • 4. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural Em 06 de dezembro de 1948 é criada a Associa- ção de Crédito e Assistência Rural (Acar) Associação de Crédito e Assisténcia Rural – Empre 1955: Treinamento para supervisoras domésticas 1980: Curso de Indústria Caseira em Montes Claros 1989: Inauguração da sala da Amaer
  • 5. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural esa de Assistência Técnica e Extensão Rural 1966: Reunião de Regionais 1977: Equipe de Cambuquira 1990: Confraternização de coordenadora de Bem-Estar-Social 2008: Ceame Bambuí
  • 6. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural Amaer fala sobre Emater–MG: Mauricio Almeida entrou na Acar em 1972 para trabalhar no Centro de Ensino e Extensão, em Viçosa. Em 1979, ele foi transferido para BH para atuar na área de metodologia e comunicação que pertencia ao Departamento Técnico da Empresa. Hoje ele ainda está na ativa e pertence a Assessoria de Comunicação da Emater-MG. O que Mauricio observou durante esses 36 anos de Empresa foi a valorização da comunicação e da tecnologia. De acordo com ele a adoção de meios como a internet, facilitou a vida dos extensio- nistas “Antes era muito difícil, as correspondências chegavam a demorar 15 dias para chegar ao campo”, ressalta. Na área de metodologia, Mauricio acompanhou dia-a-dia a transformação dos equipamentos, que a Emater-MG procurou estar sempre atualizada. “Antigamente utilizávamos o episcópio, depois surgiu o diafilme, em seguida os projetos de slide e lâminas.” Maria de Lourdes Falcão entrou para aAcar em 1963. Ela explica que havia terminado o magis- tério, mas não gostou de dar aulas e por isso procurou emprego em outra área. Ela trabalhou com o professor Memória que veio ao Brasil fazer uma pesquisa com os clubes 4S. Assim, depois ela foi trabalhar com relatório estatístico, na área de pesquisa. “O pessoal fazia a pesquisa no campo, cada regional enviava o relatório dos seus municípios.”, explica Maria de Lourdes que acompanhou de perto o aprimoramento das fichas e maneiras de pesquisa na Empresa. Ela tem muitas lembranças e acompanhou muitas modificações da Empresa, entre ela as duas mudanças de endereço, da Rua da Bahia para a Praça da Estação e depois para a Avenida Raja Gabaglia. “No inicio a Empresa era uma família, poucos funcionários, por isso comparecíamos aos eventos familiares dos colegas, comemorávamos Natal, Missa de Páscoa”, ela lembra ainda que todo dia 30 de setembro, havia um lanche na Churrascaria Camponesa, devido ao dia da secretaria. José Maria Gamarano entrou para Acar em 1966. Passou por Caratinga, Governador Valadares e Patos de Minas durante os 32 anos que trabalhou na Extensão Rural. Ele tem boas lembranças desse tempo, uma delas é que Acar treinava os técnicos para tirar carteira de motorista e depois disponibilizava um jipe 51 para execução do trabalho no campo. “O jipe era um membro da equipe do escritório local”, chega a brincar. Outro fato interessante que José Maria faz questão de lembrar é que ele começou a difundir algu- mas técnicas de agricultura orgânica, o que era proibido. “Incentivávamos a agricultura alternativa, como era conhecida na época escondido, porque não era aceito na Empresa e hoje a Emater-MG tem até mesmo especialista nessa área.” O extensionista conta que quando entrou para a Acar ele tinha problema de timidez e dificuldade de falar em público. Mas segundo aos poucos ele foi melhorando e isso o ajudou bastante até mesmo em sua vida pessoal. José Maria está aposentado desde 1998 e mora em Caratinga. “Entrei na Acar em 1º de dezembro de 1962 e me aposentei em novembro de 1999, portanto es- tive na Empresa durante 37 anos.Trabalhei em Formiga, Cataguases, Pará de Minas, Divinópolis, Muriaé e Juiz de Fora. A principal mudança que presenciei foi a transformação da Acar em Emater-MG - Um divisor de águas na empresa. Posteriormente várias mudanças e enfoques foram efetuados. Mas a mais marcante talvez tenha sido o estreito relacionamento de parcerias com as Prefeituras Municipais formalizados por convênios entre as partes. Passaram, as prefeituras, a influir em todas as fases do trabalho da Emater-MG no município além de contribuir para a manutenção do escritório da equipe local. Nesse período a política nacional de crédito rural prejudicou substancialmente o pequeno “produtor rural” e sua família com a extinção do crédito rural supervisionado. Porém o trabalho com médios e grandes produtores conferiram nome a empresa, pois, com o Crédito Rural Orien- tado, pode-se implantar várias atividades como avicultura, suinocultura, horticultura e outros que deram bastante destaque à Empresa. Evidentemente que mudanças aconteceram no país, uma delas o grande êxodo rural
  • 7. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural Afonso Peixoto de Magalhães trabalhou durante 40 anos na Acar/Emater–MG. Ele começou quando ainda era menino no Escritório Central da Associação. Ele tem várias lembranças desse tempo de serviço, porém o que mais o marcou foi a atenção e compreensão que as pessoas tinham com ele quando começou, principalmente a diretoria da época (José Paulo Ribeiro e Dr Calumby) que o incentivaram a continuar os estudos. Um caso que lembra com orgulho dessa época foi quan- do trouxe um crio do Serro (sua terra natal), para o Dr Calumby ver. “O pássaro cantou na mesa dele e toda a Acar foi chamada para ver e ouvir o Peito Roxo” De acordo com Maria da Gra- ça Bragança, a indústria caseira de alimentos é uma atividade sempre trabalhada pela Acar/ Emater–MG ao longo desses 60 anos. Ela faz parte das áreas técnicas que compõem o Projeto Bem Estar Social da Empresa: Alimentação e Nutrição, Educa- ção, Saúde, Saneamento Básico, Habitação Rural, Vestuário eAr- tesanato, essas atuações visam atender às necessidades básicas das famílias rurais, de acordo com a realidade local. Ela explica que a Indústria Ca- seira era trabalhada dentro da área de Alimentação e Nutrição e tinha como foco aumentar o tempo de conservação dos ali- mentos para auto-consumo, principalmente na entressafra, e para a comercialização em mer- cados próximos da propriedade. Mas Graça destaca que dos anos 80, a Indústria Caseira de Alimentos ou Conservação e Industrialização Caseira de Ali- mentos, como era também cha- mada, passou a ser uma área téc- nica específica dentro do Projeto Bem Estar Social, interagindo sempre com as demais áreas. “Isso porque a Empresa passou a encarar a Indústria Caseira como forma de agregação de valor à produção e complemen- tação da renda dos agricultores familiares, e buscou parcerias para viabilizar a comercializa- ção de seus produtos.”, ressalta Graça. Os produtos da Indústria Ca- seira ou Agroindústria artesanal de alimentos, como também é chamada, que até algum tempo atrás eram destinados principal- mente ao auto-consumo e aos mercados locais, apresentam hoje outra realidade. “Os pro- dutos alcançaram as prateleiras das grandes redes de supermer- cados e lojas de conveniência, para atender às demandas de consumidores, cada vez mais exigentes.”, conta Graça. Atualmente a agroindústria artesanal de alimentos está em destaque,e vemrecebendoapoio e incentivo por parte de vários órgãos públicos e privados, ten- do sido criadas inclusive, políti- cas públicas para o incentivo à produção e comercialização de produtos artesanais, oriundos da “agricultura familiar”. Pensando nessas questões de agregação de valor, a Ema- ter–MG implantou em 2002, o Queijo MinasArtesanal, voltado para as regiões do Serro, Araxá, Canastra e Cerrado. De acordo com o extensionista Elmer Fer- reira Luiz de Almeida, o progra- ma visa a melhoria da qualidade do queijo, a segurança alimentar e a organização e qualificação dos produtores. Elmer explica que são realiza- das capacitações aos produtores, estruturadas por um veterinário e uma bem-estar-social de cada região. Até hoje, 88 produtores atendidos pela Emater–MG já têm registro no Instituto Minei- ro deAgropecuária (IMA), devi- do a qualidade alcançada. “Esse cadastramento além de agregar valor, possibilita rastreabilidade ao produto, o que proporciona mais credibilidade ao produtor. Para se cadastrar, o agricultor deve ter recebido a capacitação oferecida pela Emater–MG, Indústria Caseira e Agregação de Valor estar com as queijarias e cur- rais perfeitamente adequados, manter os animais em dia com as questões de saúde e oferecer embalagens adequadas. De acordo com Elmer para in- centivar os produtores são rea- lizados todos os anos concursos Municipal, Regional e Estadual. Até hoje no Estado o Programa já assistiu mais de nove mil pro- dutores e 250 queijarias já estão nos padrões exigidos. Família de produtores do Cerrado, ganhadora do 2º Concurso Estadual de Queijo Artesanal
  • 8. Amaer Informa - Especial 60 Anos de Extensão Rural “Saber, Sentir, Saúde e Ser- vir”, esse era o significado da sigla 4S. Os clubes 4S foram criados na década de 50 e tin- ham o objetivo de trabalhar com os jovens filhos de agri- cultores. Eles eram baseados no trabalho que já era desen- volvido pela AIA nos Estados Unidos. No inglês eram 4H. Os jovens participantes de- senvolviam uma série de ativi- dades na área agrícola, pecuária e de bem estar social. O clube tinha uma diretoria formada pelos próprios integrantes, a chapa era eleita pelos sócios e todos os encontros tinham ata. O objetivo era formar lideran- ças comunitárias e jovens pre- parados para participar de con- selhos e interferir nas políticas públicas. Uma das principais vantagens de se trabalhar com os jovens na história da Extensão Rural foi a difusão das novas técnicas que o extensionista tinha que ensinar aos produtores. Geral- mente os agricultores tinham receio das inovações e por isso nem sempre aceitavam as sug- estões dos técnicos. Já os jovens desenvolviam os projetos a partir das orien- Jovens em atividades do Projeto Transformar tações do extensionista e as- sim colocavam em práticas as novas técnicas de cultivo. O sucesso do trabalho dos filhos levou os pais a confiar e utilizar as novas práticas. Vários foram os exemplos de métodos que os jovens dos clubes 4S utilizaram e revolucionaram a agricultura de Minas, entre eles, estão o Milho Hibrido, o cultivo do morango no Sul do Estado e a Avicultura. Os meninos tinham que de- senvolver projetos na área agrícola, enquanto as meninas aprendiam técnicas de saúde, higiene, vestuários e artesan- ato. Os clubes 4S também tinham um forte papel social em cam- panhas, construção de escolas e postos de saúde, entre out- ros benefícios que a popula- ção precisava. Com o sucesso do trabalho realizado pelos clubes, várias pessoas de fora estiveram aqui para conhecer o trabalho dos clubes. Foram realizadas várias convenções de âmbito Estadual, Nacional e Internacional com destaque a participação de Governo de países, como EUA, Paraguai e México. Hoje a juventude continua como uma das preocupações da Emater–MG. No inicio de 2006, a Empresa lançou o Pro- jeto Transformar com o obje- tivo de capacitar filhos de ag- ricultores para o trabalho e ter acesso a recursos do Pronaf Jo- vem. Para adquirir esse crédito, eles precisam ter 100 horas de treinamento, no caso oferecido pela Emater–MG. Outro obje- tivo das atividades do Projeto é ensinar aos jovens o funciona- A Juventude e a Extensão Rural mento das políticas públicas. Podem participar das ativi- dades do Projeto, filhos de “ag- ricultores familiares” de 16 a 29 anos. Os jovens devem de- senvolver um projeto orientado pelo extensionista e esse trab- alho serve também para que ele consiga ter acesso ao Pronaf. Até hoje 4.100 jovens foram atendidos no Estado de Minas Gerais. Jovens do 4S em visita ao presidente Médici, em 1970. 1ª Convenção de Clubes 4-S, um sócio coloca o trevo na lapela do Governador Magalhães Pinto