2.
do grego antigo τραγῳδία, composto de τράγος,
"bode" e ᾠδή, "canto“
é uma forma de drama que se caracteriza pela sua
seriedade e dignidade, frequentemente envolvendo
um conflito entre uma personagem e algum poder de
instância maior, como a lei, os deuses, o destino ou a
sociedade.
Conceito geral
3. Obscuras, mas é, certamente, derivada da rica poética e
tradição religiosa da Grécia Antiga.
Suas raízes podem ser rastreadas mais especificamente nos
ditirambos, os cantos e danças em honra ao deus grego
Dionísio (conhecido entre os romanos como Baco).
NO DESENVOLVIMENTO DA ARTE:
Dionísio é o deus da arte, o deus-espelho que reflete para
as pessoas o que elas são, e a partir de então elas podem
aceitar o que são e o que os outros são, podem aceitar o
diferente.
Começa a surgir o conceito de humanidade, de que o ser
humano pertence a um universo maior que o da pólis.
Origens
4. Aristóteles em sua obra A Poética = estudos e análises da
tragédia [que tinha grande papel na cultura grega e,
posteriormente, na ocidental]
Tragédia = imitação de uma ação completa e elevada, em
uma linguagem que tem ritmo, harmonia e canto.
“a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão;
deve ser composta num estilo tornado agradável pelo emprego
separado de cada uma de suas formas; na tragédia, a ação é
apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores.
Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por efeito obter a
purgação dessas emoções.”
A Poética de Aristóteles
5. Ptto: suas partes se constituem de passagens em versos
recitados e cantados, e nela atuam as personagens
diretamente, não havendo relato indireto.
A tragédia consegue abordar de uma maneira muito
profunda questões do bem e do mal.
Sua função é provocar, por meio do temor e da compaixão
(terror e piedade) a expurgação ou purificação dos
sentimentos (catarse).
“Com efeito, a união de um reconhecimento e de uma peripécia
excitará compaixão ou terror; ora, precisamente nos capazes de os
excitarem consiste a imitação que é objeto da tragédia. Além do que,
infortúnio e felicidade resultam dos atos.”
A Poética de Aristóteles
6. A tragédia clássica deve cumprir três condições:
a) possuir personagens de elevada condição (heróis, reis,
deuses),
b) ser contada em linguagem elevada e digna e
c) ter um final triste, com a destruição ou loucura de um ou
várias personagens sacrificadas por seu orgulho ao tentar se
rebelar contra as forças do destino.
A tragédia se divide em prólogo, episódio e êxodo.
A parte do coro se divide em pároclo e estásimo.
A ordem seria o prólogo precedendo o pároclo (primeira
entrada do coro), seguido de cinco episódios (atos)
alternados com os estásimos e a conclusão com o êxodo, a
intervenção final do coro, que não era cantada.
A Poética de Aristóteles
7.
Em Macbeth há compaixão e terror:
a) Há compaixão quando nos deparamos com o
sofrimento de Duncan e
b) Há terror quando Macbeth e Lady Macbeth
planejam a morte de Duncan.
Compaixão e terror são características inerentes à
natureza humana.
Em Macbeth
8.
Comparação entre a tragédia
grega e a elizabetana
Grega
Via os acontecimentos
dramáticos da vida humana
na forma de mudança da
fortuna que irrompia de fora
ou de cima sobre o homem;
O autor arranja a peça de tal
forma que o caráter do
personagem não
desempenha papel decisivo;
Édipo e Orestes não têm
liberdade de ação, cumprem
a fatalidade de um destino
previamente determinado;
Elizabetana
É muito maior o papel
desempenhado pelo caráter
singular do herói como
fonte do destino;
Macbeth é Macbeth não em
razão dos caprichos de um
deus que o moveu para um
destino trágico, mas porque
essa era a essência dele;
9.
Comparação entre a tragédia
grega e a elizabetana
O meio em que as peças
se inspiram é sempre o
mesmo (os mitos
conhecidos, a herança
nacional dos helenos);
- É possível distinguir
claramente entre o caráter
natural da personagem e
o destino que a aguarda;
As personagens quase
sempre são das famílias
reais (os Atreus, os
Labdácidas, etc.);
Multiplicidade de temas
com notável liberdade de
movimentos;
O caráter é pré-formado
pelas condições de
nascimento e pelas
circunstâncias vitais;
- O mundo apresenta-se
bem mais diversificado,
tornando possível as
combinações da fantasia;
10.
Comparação entre a tragédia
grega e a elizabetana
O círculo do herói
limita-se a sua
família, à corte, ao
palácio e sua
vizinhanças;
Seus temas são os mais diversos, além da
história nacional, inclui a romana, histórias
fabulosas, novelas, contos de fadas, etc;
Graças às viagens de descobrimento que se
sucedem pelo século XVI, ocorre o apelo ao
exotismo estrangeiro (aventuras na Itália,
nas Américas, em Veneza, etc.);
Cosmopolitismo cultural: consciência
perspectiva em relação ao passado. O autor
sabe-se herdeiro da cultura antiga. A
realidade torna-se mais ampla, mais rica
em possibilidades e ilimitada. Uma
consciência mais livre abrange o mundo
inteiro;
11.
Comparação entre a tragédia
grega e a elizabetana
Sua consciência está limitada
pela presença dos deuses que
lhe impõem um destino;
A ação de Destino atinge, de
um só golpe, apenas o herói e
aqueles que são próximos;
Era culturalmente
exclusivista: o círculo dos
seus objetos eram limitados
porque o público antigo só
considerava a sua própria
cultura como digna de
consideração artística.
As desgraças transcendem o
herói e devastam toda a
sociedade;
O seu conceito é universal, é
magico e polifônico;
O destino humano é feito de
harmonia e desarmonia.
Mistura o sublime com o
baixo, abre caminho para a
tragédia individual. Busca as
forças secretas da vida - não
religiosa - os aspectos mágicos
ou mesmo científicos que
permeiam o mundo.
12. O teatro shakespeariano inovou toda uma cultura dramática,
agora o homem estava no centro do palco.
Shakespeare explorou conflitos do homem e não de deuses.
As tragédias shakespearianas representam aspectos da vida.
Shakespeare elaborava tensões; respondia a lembranças
marcantes, a pressões intensas, constantes ou penosas até à mais
pura amargura.
As personagens shakespearianas têm a capacidade falar com seu
interior.
O interior de Macbeth é essencial para a peça. Os solilóquios de
Macbeth nos mostram o seu interior.
A trajetória de Macbeth dentro da peça mostra a evolução da
personagem a partir do seu falar interior.
Em Shakespeare
13. Em Shakespeare, as personagens não se
revelam, mas se desenvolvem, e o fazem porque
têm a capacidade de se auto recriarem. Às vezes,
isso ocorre porque, involuntariamente, escutam a
própria voz, falando consigo mesmos ou com
terceiros. Para tais personagens, escutar a si
mesmos constitui o nobre caminho da
individuação, e nenhum outro autor, antes ou
depois de Shakespeare, realizou o verdadeiro
milagre de criar vozes, a um só tempo, tão distintas
e tão internamente coerentes, para seus
personagens principais, que somam mais de cem, e
para centenas de personagens secundários,
extremamente individualizados. (BLOOM, 2000, p.
19)
14. 1. ARISTÓTELES. A poética. Rio de Janeiro:
Globo. 2001.
2. AUERBACH, Erich – Mimesis. S.Paulo:
Perspectiva.
3. BLOOM, Harold- O Cânone Ocidental.
[Tradução Marco Santarrita] S.Paulo:
Objetiva, 2001.
4. _______. Shakespeare: a invenção do humano.
[Tradução de José Robert O’ Shea]. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2000.
5. ERVINE, John - Introduction in The Complete
Works of W.S.;