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O modelo epigenético do
desenvolvimento
Os modelos utilizados para
explicar o desenvolvimento ao
longo de todo o ciclo vital têm
estado centrados em algumas
metáforas.

Destacam-se duas:
a) o mecanicismo (baseado na
metáfora da máquina);
b) o organicismo (derivado da
metáfora do organismo vivo
biológico).
O mecanicismo postula que o
desenvolvimento é o somatório
das múltiplas relações de causa
e efeito que atuam sobre os
indivíduos ao longo do seu ciclo
vital.
O desenvolvimento é concebido
como direcionado de fora para
dentro e seria o resultado do
impacto sobre o indivíduo das
influências externas (presentes
no meio).
A metáfora da máquina reflete
esta ideia.

Dado um sistema de roldanas,
podemos escrever a história do
seu desenvolvimento com base
nos diferentes estados por que
passa ao longo do tempo sempre
que fazemos incidir sobre ele uma
força.
Podemos prever cada um desses
estados sabendo que forças atuam
no sistema e as leis físicas que
regulam as suas interações. O tipo
de força determina a sua evolução
futura.
O organicismo entende o
desenvolvimento como uma
sequência de estádios cuja
natureza e ritmo de sucessão
são determinados pelo nosso
programa genético.
O desenvolvimento estaria
direcionado de dentro para
fora, sendo o produto de um
processo de maturação guiado
(ou regulado) internamente ao
longo do tempo.
Segundo o modelo mecanicista,
os indivíduos teriam um papel
passivo face a um ambiente
formador.
Segundo o modelo organicista,
os indivíduos teriam um papel
activo quer na sua adaptação
ao meio (físico e social) quer na
adaptação destes contextos a si
próprios.
Estes modelos (ou metáforas)
estão em conflito e excluem-se
mutuamente.
Nenhum deles, contudo, parece
dar atenção suficiente ao ponto
em que os factores internos e
externos interagem, em que a
determinação do meio externo
se cruza com a determinação
interna.
O modelo epigenético procura ir além
do conflito mecanicismo-organicismo
tentando ver no desenvolvimento um
processo onde o acaso tem um papel
importante.
O desenvolvimento individual não seria
o produto inevitável (determinado) do
meio ou dos genes.
Cada um destes fatores abre uma via
de desenvolvimento potencial que
torna mais prováveis certos percursos
(em vez de outros), e deixa em aberto
o resultado final.
O desenvolvimento processa-se
através das interações das
pessoas com os seus contextos e
não segue uma rota determinada
antecipadamente (pelo meio ou
pelos genes), capaz de limitar vias
futuras.
Mantém-se sempre em aberto a
possibilidade de cada indivíduo
gerar a cada novo momento um
conjunto de novas adaptações
que irão tornar-se nos blocos a
partir dos quais a mudança futura
vai emergir.
No modelo epigenético, cada
pessoa é entendida como
estando ligada a um conjunto
de contextos em permanente
mudança. Nos planos social,
ecológico, cultural e biológico, a
estabilidade é a exceção e não
a norma.
Esta perspectiva tenta destacar
a complexidade da mudança
através da interdependência
das múltiplas variáveis intraindividuais (os genes, a história
pessoal), inter-individuais (as
relações com os outros) e ecoambientais.
A ideia de epigénese exclui
toda a abordagem que entenda
o desenvolvimento como um
produto:
a) de fatores ambientais (ou
externos);
b) de fatores genéticos (ou
internos);
isoladamente considerados.
O modelo epigenético encontra
o seu opositor histórico no
modelo preformista no século
XVII.
De acordo com esta conceção,
o desenvolvimento do embrião
apenas reflete o crescimento
de um organismo que já estava
totalmente formado, chamado
homúnculo.
As teorias comportamentalistas
de John Watson e de Burrhus
Skinner são consideradas como
mecanicistas.
A teoria maturacionista de
Arnold Gesell é entendida como
organicista.

Arnold Gesell (1880-1981)

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Modelo epigenético do desenvolvimento

  • 1. O modelo epigenético do desenvolvimento
  • 2. Os modelos utilizados para explicar o desenvolvimento ao longo de todo o ciclo vital têm estado centrados em algumas metáforas. Destacam-se duas: a) o mecanicismo (baseado na metáfora da máquina); b) o organicismo (derivado da metáfora do organismo vivo biológico).
  • 3. O mecanicismo postula que o desenvolvimento é o somatório das múltiplas relações de causa e efeito que atuam sobre os indivíduos ao longo do seu ciclo vital. O desenvolvimento é concebido como direcionado de fora para dentro e seria o resultado do impacto sobre o indivíduo das influências externas (presentes no meio).
  • 4. A metáfora da máquina reflete esta ideia. Dado um sistema de roldanas, podemos escrever a história do seu desenvolvimento com base nos diferentes estados por que passa ao longo do tempo sempre que fazemos incidir sobre ele uma força. Podemos prever cada um desses estados sabendo que forças atuam no sistema e as leis físicas que regulam as suas interações. O tipo de força determina a sua evolução futura.
  • 5. O organicismo entende o desenvolvimento como uma sequência de estádios cuja natureza e ritmo de sucessão são determinados pelo nosso programa genético. O desenvolvimento estaria direcionado de dentro para fora, sendo o produto de um processo de maturação guiado (ou regulado) internamente ao longo do tempo.
  • 6. Segundo o modelo mecanicista, os indivíduos teriam um papel passivo face a um ambiente formador. Segundo o modelo organicista, os indivíduos teriam um papel activo quer na sua adaptação ao meio (físico e social) quer na adaptação destes contextos a si próprios.
  • 7. Estes modelos (ou metáforas) estão em conflito e excluem-se mutuamente. Nenhum deles, contudo, parece dar atenção suficiente ao ponto em que os factores internos e externos interagem, em que a determinação do meio externo se cruza com a determinação interna.
  • 8. O modelo epigenético procura ir além do conflito mecanicismo-organicismo tentando ver no desenvolvimento um processo onde o acaso tem um papel importante. O desenvolvimento individual não seria o produto inevitável (determinado) do meio ou dos genes. Cada um destes fatores abre uma via de desenvolvimento potencial que torna mais prováveis certos percursos (em vez de outros), e deixa em aberto o resultado final.
  • 9. O desenvolvimento processa-se através das interações das pessoas com os seus contextos e não segue uma rota determinada antecipadamente (pelo meio ou pelos genes), capaz de limitar vias futuras. Mantém-se sempre em aberto a possibilidade de cada indivíduo gerar a cada novo momento um conjunto de novas adaptações que irão tornar-se nos blocos a partir dos quais a mudança futura vai emergir.
  • 10. No modelo epigenético, cada pessoa é entendida como estando ligada a um conjunto de contextos em permanente mudança. Nos planos social, ecológico, cultural e biológico, a estabilidade é a exceção e não a norma. Esta perspectiva tenta destacar a complexidade da mudança através da interdependência das múltiplas variáveis intraindividuais (os genes, a história pessoal), inter-individuais (as relações com os outros) e ecoambientais.
  • 11. A ideia de epigénese exclui toda a abordagem que entenda o desenvolvimento como um produto: a) de fatores ambientais (ou externos); b) de fatores genéticos (ou internos); isoladamente considerados.
  • 12. O modelo epigenético encontra o seu opositor histórico no modelo preformista no século XVII. De acordo com esta conceção, o desenvolvimento do embrião apenas reflete o crescimento de um organismo que já estava totalmente formado, chamado homúnculo.
  • 13. As teorias comportamentalistas de John Watson e de Burrhus Skinner são consideradas como mecanicistas. A teoria maturacionista de Arnold Gesell é entendida como organicista. Arnold Gesell (1880-1981)