O documento descreve os 10 princípios da economia segundo Mankiw e dois modelos para explicar o funcionamento da economia: 1) o modelo do fluxo real e monetário que mostra a circulação entre famílias, empresas e setores; 2) o modelo da caixa d'água que representa a economia como um recipiente com entrada e saída de recursos controlados por mercados e políticas.
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE DIVINOPOLIS – FUNEDI
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO – INESP
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: PRINCIPIOS DE ECONOMIA
PROF Ms OTAVINO ALVES DA SILVA
CAPITULO 1 – OS PRINCIPIOS DE ECONOMIA SEGUNDO MANKIW
Mankiw(2001) a respeito do problema da escolha desenvolveu a abordagem dos
princípios mostrando como as pessoas tomam decisões, como elas interagem e como
funciona o sistema econômico de um país. São 10 os princípios elencados por Mankiw:
a) Como as pessoas tomam decisões:
• o principio do trade off: nada é de graça. Estamos sempre em situações de
preferir alfo a outro, comparando algo com outro para tomar decisões. Só
tomamos decisões acertadas se entendermos as opções disponíveis;
• o principio do custo de oportunidade: o custo de alguma coisa é aquilo de que
desistimos para obtê-la. Os trade offs exigem comparar sacrifícios e benefícios
dos vários tipos e cursos de ação. O custo de oportunidade é qualquer coisa que
temos de abrir mão para obter alguma coisa;
• o princípio dos benefícios marginais e dos custos marginais: nõs só podemos
tomar decisões melhores pensando nos benefícios marginais em relação aos
custos marginais e se, somente se, os benefícios marginais de tal decisão exceder
seus custos marginais;
• o princípio as pessoas respondem a incentivos: nós tomamos decisão
comparando, abrindo mão de algo para obter algum outro, pensando na margem.
Isso significa que respondemos a incentivos.
Esses princípios estão associados ao comportamento da
demanda ou procura.
b) como as pessoas interagem
• o principio o comércio pode melhorar a situação de todos: o comércio deve
beneficiar as partes e não é um jogo em que um perde e o outro ganha. No
mercado, cada qual compete com o outro para comprar os melhores produtos e
serviços pelo menor preço. O comércio deve ser o modo em que cada um se
especializa nas atividades em que é mais apto ( no que faz de melhor) e permitir-
lhe beneficiar-se de uma maior variedade de produtos em que não mais apto;
• o principio os mercados são, em geral, uma boa forma de organizar a atividade
econômica: no mundo capitalista de economia de mercado, entende-se que são
as pessoas e as empresas que decidem que bens e serviços devem ser
produzidos, orientadas pelo preço e pelo interesse próprio;
• o principio os governos podem melhorar os resultados do mercado: através da
política econômica, o Estado pode promover a eficiencia econômica e a
equidade na distribuição da produção, posto que nem sempre os mercados por si
sós conseguem alocar os recursos disponíveis eficientemente.
Esses princípios estão associados ao comportamento da oferta
c) como funciona a economia como um todo
2. • o principio o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir
bens e serviços: a quantidade de bens e serviços produzidos em um determinado
período de tempo explica asw grandes diferenças nos padrões de vida entre
países e entre épocas diferentes. Por exemplo: quando o Governo gasta mais do
que arrecada, gera déficit orçamentário; para cobri-lo, o Governo toma
empréstimos nos mercados financeiros, elevando a taxa de juros e reduzindo
recursos privados para atender as atividades privadas;
• o principio os preços sobem quando o Governo emite moeda demais: nesse caso
ocorre a inflação (aumento do nível geral de preços). A politica monetária
controla a expansão da quantidade de moeda em circulação;
• o principio trade off de curto prazo entre a inflação e o desemprego: ele ocorre
porque alguns preços demoram a se ajustar, ou seja, a curto prazo eles são
rígidos. Por exemplo: uma redução da quantidade de moeda reduz o montante de
gastos das pessoas que, por sua vez, leva as empresas a reduzir sua produção,
consequentemente podendo demitir empregados, gerando um ciclo de crise
econômica (deflação); se a quantidade de moeda aumenta e a produção não
acompanha esse aumento, surge a inflação ( os preços dos bens e serviços sobem
mais rapidamente do que os salários, ocorrendo queda do poder aquisitivo).
Para explicar essa rede de relações e interações e como a sociedade administra seus
recursos e meios de produção, a economia utiliza modelos que representam
simplificadamente e esquematicamente a realidade. São utilizados dois modelos: o
modelo do fluxo real e do fluxo monetário e o modelo da caixa d´agua.
3. CAPITULO 2 – OS MODELOS EXPLICATIVOS DE FUNCIONAMENTO DA
ECONOMIA
2.1 – O MODELO DO FLUXO REAL E DO FLUXO MONETÁRIO
Em anexo se encontram os desenhos desse modelo. É um modelo simplificado da
realidade, ou seja, cenários a partir dos quais são estabelecidos os critérios de gestão e
administração para os negócios e o comportamento dos administradores para
sistematizar parâmetros de desempenho em relação a concorrentes e sua posição em
relação ao setor econômico onde a empresa está inserida.
O modelo circular da atividade econômica ou diagrama do fluxo circular da renda
dá uma idéia das dimensões conceituais, analíticas e de representação dos ambientes
externos e internos que influenciam e impactam o comportamento de uma empresa
como agente econômico produtor e circulador de bens e serviços. Partindo-se da
realidade como é podemos estimar ou prever ou propor como essa realidade poderia ser
e a partir da observação sistematizada do mundo real e da descrição, classificação e
mensuração de fenômenos econômicos, atos administrativos e fatos contábeis –
podemos estabelecer certos princípios, leis e teorias que possibilitam formatar modelos
de interação nos comportamentos dos agentes econômicos.
A política econômica do Governo apresenta as diretrizes e os instrumentos que
serão empregados para que objetivos sejam alcançados como 1) o crescimento
econômico, expresso pelo aumento do PIB-Produto Interno Bruto; 2) estabilidade dos
preços ou sustentação dos níveis gerais de preços da economia e do emprego
equilibrado nas transações econômicas com o Exterior; 3) a equitatividade e/ou
igualdade na distribuição da riqueza gerada.
Segundo o modelo Fluxo Circular da Atividade Econômica, o sistema econômico é
constituído de dois pólos que se interligam através da corrente real de bens e serviços e,
em contrapartida, através da corrente monetária (a moeda).
Em um dos pólos, o polo esquerdo, ficam as famílias que se constituem
proprietárias de fatores de produção ou recursos produtivos e ao mesmo tempo se
constituem consumidores e agentes através do seu processo de poder de escolha. Esses
recursos produtivos ou fatores de produção são constituídos 1) pelos recursos naturais
(Terra) que recebem preços/alugueis, 2) pelo trabalho que recebe remuneração
denominada salários, 3) pelo capital constituído de máquinas e equipamentos que
recebem remuneração chamada de royalties/renda/retorno/juro/alugueis; 4) pelo
empreendedor(empresário) que tem como remuneração o lucro/retorno, 5) pela
tecnologia que é a aplicação do conhecimento que recebe remuneração denominada
preço/royalties, 6) pela comunicação (informação) que recebe remuneração sob diversas
formas como royalties, lucros, etc). Esses fatores de produção ou recursos produtivos
são transacionados no mercado de fatores de produção sob a forma de oferta por parte
de seus proprietários. De posse dessa remuneração, as famílias, os proprietários de
fatores transformam-se em consumidores e vão aos mercados ofertar tais fatores ao
aparelho produtivo e com essa remuneração vão aos mercados de bens e serviços
4. efetuar suas compras para atender suas necessidades. Esse processo chama-se oferta e
demanda.
No outro pólo, o pólo da direita, fica o aparelho produtivo que compreende as
empresas produtoras de bens e serviços subdivididas em três setores econômicos: 1) O
setor primário que compreende todas as atividades relacionadas com a agricultura, a
pecuária, a pesca, a silvicultura(agroflorestal), a extração de minérios, a avicultura, a
apicultura; 2) o setor secundário conhecido também com o nome de setor industrial, de
transformação compreende todas as atividades de manufaturas e subdivide-se em
indústrias de bens de consumo final( calçados, vestuário, alimentos), indústrias de bens
de consumo duráveis (eletrodomésticos, eletrônicos, veículos, moveis) e as indústrias de
bens intermediários ( gusa, pneus, componentes em geral, ferragens, petróleo e gás,
fiação, têxtil, siderurgia, metalurgia etc), as indústrias de bens de capital ( máquinas,
equipamentos); 3) o setor terciário que compreende as atividades conhecidas como
serviços (comércio, transportes, segurança, educação, entretenimento, seguro,
intermediação financeira, turismo, energia, saúde, etc.). Esse aparelho produtivo oferta
sua produção de bens e serviços aos consumidores, como também se dirige ao mercado
de fatores para contratar e comprar os recursos produtivos. Esse processo chama-se
oferta e demanda.
Segundo a propriedade dos fatores e dos meios de produção, o sistema econômico
pode ser classificado como capitalista (predomínio do capital privado), socialista ou
comunista (predomínio do Estado como proprietário e tomador de decisões) ou misto
como o do Brasil (há intervenção do Estado na economia, respeitando-se a iniciativa
privada).
Nesse fluxo circular da atividade econômica, há ainda a considerar a presença do
comércio exterior que compreende as relações comerciais com outros países: quando
vendemos lá fora nossos bens e serviços, dizemos que se trata de exportações; quando
compramos bens e serviços lá fora, dizemos que se trata de importações. Essas
transações com os países do mundo são representadas e controladas por um
demonstrativo chamado Balanço de Pagamentos.
Até agora falamos de coisas materiais, o fluxo real da economia. No entanto, todas
as transações nos mercados de bens e serviços ou nos mercados de fatores de produção
são realizadas em moeda nacional – o real – que constitui o fluxo monetário. O Governo
emite moeda (cédulas/notas e moedas propriamente dito) numa quantidade suficiente
para que empresas e consumidores realizem seus pagamentos e recebimentos no sistema
econômico. Isso leva à constituição de um novo mercado chamado mercado financeiro,
onde estão os bancos que recebem depósitos, pagam cheques, emprestam dinheiro,
realizam seguros, etc. Muitas empresas quando necessitam de recursos financeiros para
realizar suas operações de compra e venda ou de investimentos utilizam de um
mecanismo conhecido como venda de ações ou emissão de debêntures. Essas operações
são realizadas no mercado de capitais ou de ações através das bolsas de valores e
corretores.
5. 2.2 – A EXPLICAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DA ECONOMIA PELO MODELO
DA CAIXA D´ÁGUA
A caixa d´água comum é composta por um recipiente com uma entrada e uma saída
de água, mas contém também uma bóia que controla o fluxo da água mantendo-a em
certo nível e enchendo-a novamente até esse nível quando é esvaziada.
Os economistas analogamente explicam o funcionamento da economia usando
desse artifício: água de entrada é a produção de bens e serviços (PIB), a renda das
pessoas e empresas, as importações do exterior, a tecnologia; a água de saída é o
consumo, o gasto público, as exportações; o nível da água é chamado de estoque e
compreende a população, o capital, a moeda, o crédito, a riqueza, o produto, os ativos
financeiros, os recursos naturais, a capacidade empresarial; a bóia compreende os
mercados, as políticas públicas, a taxa de juros, a taxa cambial, a inflação.
O capital é o conjunto das riquezas acumuladas com as quais os agentes
econômicos se equipam para o exercício de suas atividades de produção e distribuição
de bens e serviços. O estoque desse capital tem propriedades morfogenéticas, ou seja,
tem o sentido da auto-acumulação, da auto-expansão, da auto-renovação. Segundo
alguns economistas, esse estoque de capital é subdividido em cinco categorias: infra-
estrutura econômica e social, construções e edificações, equipamentos de transporte,
máquinas, ferramentas, agrocapitais (culturas permanentes plantadas).
O processo de acumulação é conhecido como formação bruta de capital e para ela
aconteça é preciso de fontes de financiamento geralmente constituídas de poupança e
empréstimos.
O fator capacidade empresarial é imprescindível para a descoberta e exploração dos
recursos produtivos e constituição dos negócios, pois os fatores de produção somente
adquirem utilidade e relevância quando empregados conjuntamente pelos agentes
econômicos empresários.
O fator tecnológico é o conhecimento possível de aplicação e que dá sustentação ao
processo de produção e distribuição quanto aos procedimentos de combinação,
transformação, extração, transporte e reciclagem. Esse conjunto de conhecimento e
habilidades, segundo alguns economistas, é agrupado em três categorias: capacitação
para pesquisa e desenvolvimento (armazenar, processar, interpretar, integrar, fundir),
capacitação para desenvolver e implementar projetos dando-se a passagem da invenção
para a inovação, e a capacitação para operar as atividades de produção e distribuição
propriamente ditas.
Sabemos que quanto maior a expansão dos padrões materiais de bem-estar
(satisfação das necessidades imediatas de consumo) maior será a exigência por mais
disponibilidade de bens e serviços e consequentemente maior será o emprego de fatores
de produção e ampliação do parque de produção. Sabemos também que a escassez de
fatores de produção implica escolhas e estas implicam custos de oportunidade. Isso
significa dizer que um sistema de produção está permanentemente buscando soluções
para questões de eficiência produtiva, questões de eficácia alocativa e questões de
6. justiça distributiva, bem como com questões relacionadas com o ordenamento
institucional (leis e disciplinamento do funcionamento do sistema econômico e da
interação entre os agentes econômicos e estes com o Estado).
Cabe, pela ordem constitucional e institucional ao capitalista a primazia para a
exploração da atividade econômica. Para isso, é mister a existência de uma ordem
jurídica que lhe permita desincumbir-se plenamente da função de produzir e circular
bens e serviços. Essa ordem jurídica se encontra estruturada na Constituição Federal de
1988, no Código Civil (Lei 10406/2002), na Lei 6.404/76 e suas alterações que
disciplinam as sociedades anônimas ou companhias, a Lei 8.884/94 ( Lei das Infrações à
Ordem Econômica), Lei 8934/94 (Lei do Registro de Empresas, a Lei 5.172/66 (Código
Tributário Nacional), a Lei 8.078/90 (Lei de Defesa do Consumidor), Decreto-Lei
1.598/77 e Decreto 3.000 ( Lei do Imposto de Renda), Lei Complementar 123/06 (Lei
da Microempresa-Super Simples), e outros normativos sobre IPI, ICMS, ISS,
contribuições econômicas e sociais, etc.
2.3 - AMBIENTES DE NEGÓCIOS: mercados
2.3.1 – Estrutura de mercados de bens e serviços
A estrutura dos mercados, segundo a literatura econômica existente, está associada
ao número das empresas produtoras de bens e serviços atuantes no mercado e à
homogeneidade ou diferenciação dos produtos das empresas. A Teoria Econômica
convencionou classificar as seguintes estruturas de mercado: concorrência perfeita,
monopólio, oligopólio, concorrência monopolista.
Concorrência perfeita
É uma hipótese ideal, imaginária, baseada no princípio de que se todas as pessoas
buscarem fazer sua parte, a sociedade como um todo atingiria a felicidade ( cada um
buscando satisfazer seus interesses, ao final resultaria um consenso geral). Como essa
situação de concorrência perfeita se daria? Se ocorressem as seguintes hipóteses:
* existência de um grande número de consumidores e vendedores, de sorte que
nenhum deles, individualmente, atuando isoladamente, conseguiria influenciar o
preço do bem ou serviço;
* os produtos sejam homogêneos, isto é, perfeitamente substitutos entre si, de sorte
que os compradores seriam indiferentes de qual firma comprar; e o preço de
mercado seria único pelo qual a empresa venderia seus produtos;
* possibilidade de livre ingresso e saída de empresas do mercado, sem quaisquer
barreiras legais ou de direitos de propriedade, ou mesmo econômicas 2quanto à
limitação de recursos para investimentos
* possibilidade de transparência do mercado, insto é, todos - compradores e
vendedores - teriam perfeito conhecimento do mercado quanto a preço, qualidade
dos produtos, disponibilidade do produto e quanto aos custos e lucros dos
concorrentes.
7. Uma das conseqüências desse regime de mercado seria que o preço de mercado
proviria de um suposto equilíbrio entre quantidades demandadas e quantidades ofertadas
e seria constante, de modo que ele não variaria a qualquer quantidade que a empresa
produzisse. Subjacentemente, a receita total da empresa seria obtida pela multiplicação
do preço unitário pelas quantidades vendidas, tendo a configuração de uma reta partindo
da origem dos eixos cartesianos formando um ângulo agudo com tais eixos. Isso
significa dizer que a receita média é igual ao próprio preço unitário. Ora, se quisermos
saber a receita marginal - que é dada pela variação na receita total decorrente do
acréscimo de uma unidade do produto vendido - vamos verificar que essa receita
marginal é igual à receita média, que é igual ao preço do produto.
Isso tudo é para explicar que, numa situação de concorrência perfeita, a receita
marginal da empresa coincide com a curva da procura dos produtos dessa empresa com
que a empresa se defronta ( que é representada por uma reta horizontal ao eixo das
quantidades vendidas, eixo das abcissas).
Esse conceito é importante porque dele utilizamos para explicar como se realizará a
maximização do lucro a curto prazo, ou seja, - no período de tempo em que a empresa
pode expandir ou retrair sua produção, utilizando maior ou menor quantidade apenas de
fatores de produção ( insumos e mão-de-obra) variáveis.
Nós já aprendemos, em semestres anteriores, que no conceito tradicional, o lucro é
definido como sendo a diferença entre a receita total das vendas e o custo total de
produção.
Monopólio
Esse regime de mercado é o extremo oposto da concorrência perfeita e é um fato real
que encontramos em nossa vida, não tão sistematicamente como descrito pela
Economia. Ele é dado por aquela situação em que existe uma só empresa produtora de
bens e serviços que não têm nenhum substituto próximo.
Em decorrência disso, é a empresa monopolista que estabelece o preço de mercado a
ser cobrado. As principais hipóteses para que esse regime de mercado ocorra são:
• um determinado produto é suprido por uma única empresa;
• não há substitutos próximos para esse produto;
• existem barreiras e obstáculos para o ingresso de novas empresas no mercado.
Nesse regime de mercado, ocorre que se a empresa monopolista estabelecer níveis
elevados de preço, a quantidade vendida diminuirá e ocorrerá o inverso se os preços
baixarem. Esse fato tem implicações importantes com as receitas de venda da empresa
monopolista. Como para cada nível de preço ocorrerá uma correspondente quantidade
vendida, isso significa que a receita total terá um comportamento de curva normal, ou
seja, começa de zero para uma produção zero, vai crescendo à medida que os
compradores aceitam preços maiores e vão adquirindo o produto, porém até atingir um
máximo, a partir do qual começa a decrescer à medida que a elasticidade preço-
demanda vai tornando-se inelásticA ( quantidades de compras sendo mantidas
indiferentemente de redução do preço).
8. Em termos gerais, podemos dizer que a empresa monopolista maximiza o seu lucro
ao nível de produção em que a diferença positiva entre receita e custos totais é máxima.
Uma outra maneira de dizer a mesma coisa é dada pela condição em que a receita
marginal iguala ao custo marginal, quando o preço unitário é superior ao custo médio. A
literatura econômica nos diz que enquanto a receita marginal for superior ao custo
marginal, a empresa poderá aumentar a sua produção e vendê-la até ambos se igualarem
( receita marginal = custo marginal); também quando o custo marginal for maior que a
receita marginal, a produção poderá ser diminuída até ambos se igualarem.
Oligopólio
Essa forma de estrutura de mercado ocorre com frequência e é dada pela
situação em que pequeno número de empresas controla a oferta de um determinado
produto ou serviço. Isso se dá em razão da busca por economia de escala, do controle
sobre insumos e patentes e pelo fato das empresas serem interdependentes.
Há duas situações em que ocorre o oligopólio: os cartéis quando os produtores se
reúnem para determinar uma política para todos eles; a outra diz respeito à liderança de
preços, ou seja, as empresas decidem, sem acordo formal, estabelecer o mesmo preço.
A prática de cartel é condenada pela legislação brasileira.
Concorrência monopolista
Segundo a literatura econômica, esse regime de mercado é dado por uma estrutura
que contém elementos de concorrência perfeita e do monopólio. Nessa estrutura, cada
empresa procura diferenciar seu produto em relação ao da concorrente procurando
torná-lo único ( é o caso dos produtos eletroeletrônicos, da linha doméstica, produtos de
composição química, serviços ofertados, marca, embalagens, design, publicidade, etc).
O Mercado de trabalho
Este tipo de mercado está associado com a população economicamente ativa (PEA),
ou seja, a força de trabalho. Esse conceito é estabelecido a partir da população total,
excluídos os muito jovens e os muito idosos que forma a população em idade ativa.
Todavia, subtraindo-se dessa população, os estudantes, os inválidos, os que executam
apenas tarefas domésticas, em tese, obteríamos as pessoas que não trabalham e
procuram emprego e as pessoas empregadas. São essas pessoas que constituem a força
de trabalho (PEA).
Com relação às pessoas que não trabalham – situação conhecida como
DESEMPREGO – tal situação se caracteriza por diversos tipos:
a) desemprego friccional – compreende a situação daquelas pessoas
desempregadas temporariamente. Diz-se que é friccional porque resulta do
9. conhecimento imperfeito do mercado de trabalho, da mobilidade imperfeita da
mão-de-obra e da incapacidade de o sistema econômico empregar rapidamente
todas as pessoas;
b) desemprego estrutural: decorre das alterações na estrutura e conjuntura da
economia, seja pela falta de instrução e capacitação profissional, seja pelo
obsoletismo dos conhecimentos dos trabalhadores que se tornaram ultrapassados
devido a mudanças tecnológicas;
c) desemprego involuntário: decorre quando as pessoas querem trabalhar com
salário real vigente e não encontram emprego. É também chamado de
desemprego cíclico ou conjuntural, resultando de depressões e recessões
econômicas.
d) Desemprego sazonal: decorre da sazonalidade de algumas atividades
econômicas principalmente na agricultura.
O desemprego é um dos grandes desafios de uma economia como a brasileira que
enfrenta ainda o fantasma da inflação, devido aos efeitos sociais como vadiagem,
delinqüência, drogas, alcoolismo, banditismo, etc. Para o IBGE, toda pessoa com idade
acima de 16 anos que esteja procurando emprego, constitui o fenômeno do desemprego.
Para os economistas, mercado de trabalho é dado por uma permanente busca de
equilíbrio entre a demanda de trabalho e a oferta de trabalho, em função de um
determinado nível de salário. Na redução de salários, ocorre redução do consumo. Na
existência de um certo volume de mão-de-obra desocupada, ocorre um custo para a
sociedade, tal como seguro-desemprego, aumento de impostos e contribuições sociais,
geração e evolução da economia informal, etc.
GASTALDI (2005) define salário como sendo o “ pagamento ao trabalhador em
retribuição a seu trabalho”. Há outras denominações como vencimento, ordenado,
honorário, soldo, etc. É a retribuição em dinheiro ou utilidades pelos serviços do
trabalhador. Só a partir do século XV se concebe o salário como entendido hoje. Salário
etimologicamente deriva de sal com o qual o Império Romano pagava parte do soldo
dos soldados.
Há o salário sob a forma de pagamento em moeda, ou depósito bancário. Há o
salário sob a forma de utilidades como moradia, mantimentos, mercadorias, serviços,
etc. Essa prática de pagamento em sua totalidade chamada truck-system é proibida pela
legislação brasileira.
Na modalidade de pagamento em dinheiro ou moeda ou depósito bancário,
distinguimos o salário nominal e o salário real. O salário nominal é expresso em moeda
corrente e legal e contabilizado como custo ou despesa. O salário real leva em conta o
poder aquisitivo do dinheiro que ele representa. A legislação brasileira admite o salário-
hora, o salário-dia, o salário-semana, o salário-quinzena, o salário-mensal. Ele pode
conter uma parte fixa e uma outra parte variável ( comissão, prêmio, etc.).
Segundo GASTALDI( 2005), a política salarial “ deve sintetizar não apenas os
anseios de justiça social, mas conjugá-los com medidas de técnica econômica” , uma
delas a proporcionalidade entre salários e preços ( poder aquisitivo).
10. Como disse Adam Smith, “ o propósito da produção é o consumo” , daí porque a
vida do trabalhador é equalizar seu fluxo de renda através do tempo ( STIGLER 1968).
Ele fará isso pelo princípio de que se onde trabalha os salários são baixos, ele irá
transferir-se para um serviço que pague mais, isso ocasionando que os salários
aumentarão no mercado que os trabalhadores estão deixando, e baixarão no mercado em
que estão entrando.
Diz ainda STIGLER (1968)que “ o equilibrio será alcançado na estrutura
ocupacional e geográfica do salário, quando as vantagens líquidas de todas as ocupações
abertas aos trabalhadores sejam iguais. Por vantagens líquidas ele considera todos os
fatores que atraem ou repelem um trabalhador, tais como
• despesa ocupacional direta: os gastos realizados com a aquisição ou uso de
equipamentos para o exercício profissional. Por exemplo, as despesas pela
compra de livros por um professor necessários ao seu trabalho; um carpinteiro
que usa suas próprias ferramentas e não as de outro devendo ser compensado
pelo custo das ferramentas. Sem ser pessoa jurídica, ele poderia deduzir tais
custos do imposto de renda? A grande questão é separar despesas ocupacionais
de despesas de consumo;
• custos de treinamento: entre assumir um emprego agora ou realizar um
treinamento para só depois ir trabalhar;
• outros fatores tais como diferenças em custo de vida ( mais altos quanto maior
for a comunidade na qual se vive e as ocupações que nela se concentram devem
ter uma média mais alta de salários do que em pequenas comunidades)
2.4-Os mercados do dinheiro, dos papéis e de divisas
O corpo humano é constituído de uma parte física – cabeça, tronco e membros e
seus órgãos – e de uma parte que é a circulação sanguínea. Por analogia, podemos dizer
que até agora estudamos os mercados que compõe a parte física da economia. Vamos
determo-nos agora à parte que constitui a circulação da economia: o fluxo monetário, o
financiamento para a realização dos planos de produção e consumo, mediante a
transferência de recursos financeiros de um agente econômico para outro. Esse
processo de transferência constitui o mercado monetário, de crédito, cambial e de
capitais, dentre outros, sobre os quais apresentamos resumidamente conceitos e
comentários.
Mercado monetário
Este mercado serve de instrumento para operacionalidade da política monetária do
Governo através do Conselho Monetário Nacional e suas instituições de execução e
fiscalização e sua função principal é controlar o nível de liquidez da economia
( retirando ou injetando quantidades de dinheiro em circulação) e definindo a taxa de
juros (SELIC).
– Política Monetária. É definida como um conjunto de medidas adotadas pelo
Governo, através do CMN e seus órgãos executores, para controlar a oferta de moeda,
as taxas de juro, as condições de crédito, de modo a assegurar certo equilíbrio ideal da
economia. Como conseqüência, são afetados o mercado de trabalho pela elevação ou
retração do nível geral de emprego, a estabilidade dos preços, a necessária e adequada
11. taxa de crescimento econômico, a realista taxa cambial. Com intervenções sobre as
reservas bancárias e as taxas de juro, o Governo induz o público a alterar o perfil de
seus gastos ou destinação de suas rendas.
A política monetária pode ser restritiva ou expansiva incidindo sobre a atividade
econômica, principalmente quanto à demanda agregada ( consumo mais investimento)
que impacta a produção real, o emprego e a inflação. Quando restritiva, busca-se reduzir
o crescimento da quantidade de dinheiro em circulação encarecendo os empréstimos
pela elevação da taxa de juro. Quando expansiva, dá-se o oposto.
A política monetária afeta sobremaneira os custos e despesas das empresas,
impactando os registros e apurações contábeis das contas do ativo, passivo e DRE.
Mercado de crédito
É constituído pelas operações de financiamento e empréstimos, a curto e médio
prazos, para aquisição de bens de consumo e capital de giro das empresas. Compreende
os bancos comerciais, bancos de investimentos e financeiras.
Mercado de câmbio ou de divisas internacionais
Este mercado está associado às relações internacionais mantidas pelo Brasil com o
resto do Mundo.
Nas transações nacionais é utilizada a moeda corrente nacional ( no nosso caso o
real). Nas transações internacionais, são utilizadas as moedas estrangeiras, sendo o
dolar norte-americano a moeda de transação internacional mais utilizada. Daí surge um
mercado onde as moedas dos países são trocadas, ou seja, originam-se o fenômeno da
oferta e o fenômeno da demanda de moeda nacional por moeda estrangeira.
Desse processo de compra e venda de moedas estrangeiras e moeda nacional, surge
a taxa de câmbio - que, segundo TROSTER e MOCHÓN(2002) - “ é o preço de uma
moeda expressa em outra, ( ou seja), o número de unidades da moeda nacional por
unidade de moeda estrangeira” .
Como são determinadas, na prática, as taxas de câmbio? Nas economias abertas, a
taxa de câmbio é determinada pela oferta e demanda de moedas, sem a intervenção do
Governo ou sua Autoridade Monetária. Nesse caso, diz-se que a taxa de câmbio é livre,
flexível, flutuante.
Nas economias centralizadas ou mistas, com forte intervenção do Estado,
geralmente o câmbio é fixado pela Autoridade Monetária de forma política. Nesse caso,
diz-se que a taxa de câmbio é fixa.
A oferta de moeda estrangeira decorre do aumento das exportações e do ingresso
de capitais estrangeiros para investimentos no país ou mediante empréstimos e
financiamentos, entrada de turistas, transferências unilaterais como ajuda financeira.
Quando a moeda estrangeira ingressa no país, ela precisa ser trocada pela moeda
12. nacional ( real). Nesse caso, surge o fenômeno do aumento da oferta de dólares ( por
exemplo) e, em conseqüência, ocorre a valorização do real ( menos quantidade de reais
para adquirir uma unidade de dólar).
A demanda de moeda estrangeira dá-se pelo fenômeno inverso, ou seja, saída de
divisas decorrentes de redução das exportações e aumento das importações, saída de
capitais estrangeiros investidos no mercado financeiro interno, pagamentos de juros e
amortizações de empréstimos e financiamentos, saída de turistas para o exterior,
remessa de lucros por empresas estrangeiras. Nesse caso, surge o fenômeno da
demanda por moeda estrangeira e ocorre a desvalorização do real ( maiores quantidades
de reais para adquirir uma unidade de dólar).
BIBLIOGRAFIA
MANKIW, N Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia.
7ª.ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2001
PASSOS, Carlos Roberto e NOGAMI, Otto. Princípios de economia. 2ª.ed. São Paulo:
Atlas, 1998
TROSTER, Roberto Luis e MOCHÓN, Francisco. Introdução à economia. São Paulo:
Pearson, 2002.
APÊNDICE A
O QUE É PRODUTO/
NO DICIONÁRIO: resultado da produção, do trabalho, de uma ou mais forças postas
em ação.
NOS LIVROS DE ECONOMIA: é um BEM que é tudo aquilo que permite satisfazer
necessidades humanas.
BEM LIVRE: existe em quantidade ilimitada ( luz solar, o ar, o mar, etc). Não possuem
preço.
BEM ECONÔMICO: é relativamente escasso e supõe a ocorrência do esforço humano
na sua obtenção (roupas, eletrodomésticos, etc.)
BEM MATERIAL: é tangível, palpável possuindo características de peso, tamanho,
espessura, volume, altura, comprimento, etc.
BEM IMATERIAL OU SERVIÇO: é intangível, não estocável( cuidado médico,
trabalho de advogado, o trabalho do professor, etc.)
BEM DE CONSUMO: é aquele diretamente utilizado para satisfazer necessidades
( alimentos, roupas, carro, etc)
BEM DE CONSUMO DURÁVEL FINAL: é aquele que pode ser usado por muito
tempo ) moveis, carro, eletrônicos, etc)
BEM DE CONSUMO NÃO-DURÁVEL FINAL: é aquele que desaparece uma vez
utilizado (alimentos, gasolina, cigarro, etc.)
BEM DE CAPITAL ou DE PRODUÇÃO: é aquele que permite produzir outros bens
( máquinas, equipamentos, instalações, etc)
13. BEM INTERMEDIÁRIO: é aquele que precisa ainda ser transformado para atingir sua
forma definitiva ( autopeças, fertilizante, aço, vidro, borracha, ferro, alumínio, etc)
BEM PRIVADO: é aquele produzido e possuído privativamente ( televisor, etc)
BEM PÚBLICO: é aquele utilizado ou consumido por várias pessoas ao mesmo tempo
( escola, parque, hospital, etc.)
O QUE SÃO RECURSOS PRODUTIVOS OU FATORES DE PRODUÇÃO?
Para produzir bens ou produtos que satisfaçam necessidades humanas, necessita-se
de recursos ou fatores de produção que não são encontrados em quantidades limitadas.
Eles constituem elementos utilizados no processo de fabricação dos bens ou
mercadorias.
Eles são classificados em TERRA OU RECURSOS NATURAIS ( florestas,
minérios, água, ventos, energia solar, petróleo, etc), TRABALHO ( esforço humano,
esforço de uma máquina), CAPITAL OU BEM DE CAPITAL( máquinas, instalações,
etc), CAPACIDADE EMPRESARIAL, CONHECIMENTO.
Os bens ou recursos produtivos podem ser mensurados. Qual forma ou tipo de
mensuração capaz de variar chama-se VARIÁVEL ( preço, volume, peso,
quantidade/número, etc).
VARIÁVEL FLUXO: é a medida dentro de um intervalor de tempo ( uma semana, um
mês, um ano, etc). Valor das vendas de janeiro a março.
VARIÁVEL ESTOQUE: é a medida em um ponto qualquer, num momento qualquer
do tempo. Valor das vendas do dia 5 de março.
EM MARKETING: produto é mais do que o objeto físico. Ele representa um pacote ou
conjunto completo de benefícios que o consumidor percebe se adquirir o produto. Ele
contém todos os atributos físicos, psicológicos, simbólicos e de serviço.
Modernamente, na OMC-Organização Mundial do Comércio, o produto é
concebido como serviço ou o serviço é concebido como produto/mercadoria. Nessa
concepção, teríamos os bens físicos( livros, calça, sapato, etc.), os serviços (corte de
cabelo, lavagem de roupa/carro, trabalho, etc), eventos ( concertos, desfiles, festa da
cerveja, festa do peão, etc.), pessoas (imagem/marca Pelé, Ronaldinho, etc), locais
( Porto Seguro, Praia do Leblon, etc), organizações ( SOS, greenpeace, etc), idéias
( planejamento da produção, direção defensiva, etc), a educação em suas várias
modalidades ( superior, treinamento, etc).
O contador deve estar atento às atividades de inovação que promovem mudanças no
produto e exigirão gerência de riscos e solução de compromissos de interesses e novas
configurações de contas, principalmente para acobertar fatores que adicionam valor ao
produto e aqueles que provocam novos custos, além dos de engenharia de métodos.
A especificação do produto e do processo compreende um ciclo de idéias para
estruturação e ordenação das contas contábeis: um produto que é idealizado para ser
mais barato que os dos concorrentes, por exemplo, tem metas de custo e preço. Isso
14. deve ser evidenciado na ordenação e estruturação das contas contábeis. Um produto,
que é idealizado para funcionar melhor do que os dos concorrentes, tem metas
funcionais. Isso deve ser evidenciado na ordenação e estruturação das contas contábeis
direcionadas para controle de qualidade e metas técnicas de especificações para
produção. Um produto orientado para o mercado deve ter a ordenação e estruturação das
contas contábeis que evidenciem o acréscimo de valor para o consumidor ( custos e
despesas que expressam benefícios para o consumidor ).
Há uma máxima que diz: só se deve lançar-se ao mar quando o porto de destino
for determinado.
A ideação das contas contábeis deve direcionar-se para a viabilidade técnica ao
registrar e mensurar a disponibilidade de insumos, componentes, processos produtivos e
para viabilidade econômica ao registrar e mensurar as necessidades de investimento, os
custos e despesas e o retorno do capital.
As contas contábeis são o produto de três funções básicas do negócio: 1) aquisição,
extração; 2) manufatura, combinação, beneficiamento; 3) distribuição - e devem
transmitir a idéia de que espelham corretamente o objetivo para o qual foram criadas e a
confiança na medida em que elas refletem a auto-imagem do negócio e na medida em
que ajudam os usuários a construir essa imagem perante os outros.
No nosso entender, as contas contábeis devem espelhar informações para responder
às indagações: Como a empresa se encontra? Para onde a empresa vai? Como a
empresa chega lá? Como saber se chegará lá?
O Empresário empreendedor
Segundo Mamede (2008), empreender é esforçar-se para que uma sequência de
eventos se sucedam até culminar no resultado desejado – o êxito, o sucesso.
Sabemos que um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito da República
Federativa do Brasil é a valorização social do trabalho e da livre iniciativa e a ordem
econômica, que tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, deve observar os princípios, dentre outros, - propriedade privada, função
social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio
ambiente - e se estrutura de modo que favoreça o primado do trabalho como base da
ordem social. Há dois elementos de Estado Democrático de Direito - a ordem
econômica e a ordem social - aos quais deve sujeitar-se o empresário ou sociedade
empresária. Uma vez considerado empresário ou sociedade empresária, na forma
estabelecida nos artigos 966 e 982 da Lei no. 10.406/2002(Código Civil), ele assume
função social, distinguindo-se como elemento de sociedade. Assumimos essa
concepção com base nas argumentações de Mamede(2008) e Coelho (2008).
Para o exercício da livre iniciativa é indispensável saber o que é proibido e o que é
obrigatório e exercício implica atividade que é a sucessão contínua de ações para
realizar o objeto professado. A atividade econômica, constitucionalmente, tem
existência socialmente reconhecida, desde que assegure existência digna conforme os
ditames da justiça social. O valor social de então procedente é a ampla aceitação pela
comunidade atendida, ou pelo mercado.
15. É considerado empresário “ quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços” (Art. 966 da Lei
10.406/2002, Código Civil). Nas argumentações de Mamede (2008) e Coelho (2008),
profissionalmente implica pontualidade e pessoalidade no exercer atividade empresarial;
atividade, devendo ser reconhecida com a significação de empreendimento, negócio em
torno do qual gravita imensa gama de interesses e que deve ser preservado e ter
continuidade, ou seja, significação de empresa; econômica, porque possibilita gerar
lucro para quem a explora ou dele utiliza como meio; organizada, porque nela se
encontram articulados, pelo empresário, os fatores de produção, ou fatores produtivos.
Na abordagem de Cury (2000), podemos assumir que organizada significa
estruturada que implica agrupamento das funções de acordo com certo padrão de
autoridade, ou onde é estabelecida a divisão do trabalho, do poder e das
responsabilidade de comunicação. Ou, ainda, segundo Pfiffner & Sherwood ( apud Cury
2000), “ um tipo de associação em que os indivíduos...se dedicam a tarefas complexas e
estão entre si relacionados por um consciente e sistemático estabelecimento e
consecução de objetivos, mutuamente aceitos”.
Cabendo, pela ordem constitucional, ao capitalista a primazia para a exploração da
atividade econômica, é mister a existência de uma ordem jurídica que lhe permita
desincumbir-se, plenamente, da função de produção ou circulação de bens ou serviços.
Essa ordem jurídica se encontra estruturada em diversos institutos legais como a Lei no.
10406/2002 (Código Civil), a Lei no. 6.404/76 e suas alterações ( Lei das SAs), a Lei
no. 8.884/94 (Lei das Infrações à Ordem Econômica), Lei no. 8.934/94 ( Lei do
Registro de Empresas), a Lei no. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), a Lei no.
8.078/90 ( Lei de Defesa do Consumidor), DL 1.598/77, LC no. 123/06, Lei no. 9.718,
etc., além de decretos, portarias, resoluções, instruções normativas. Essa ordem jurídica
também diz respeito às responsabilidades solidárias, subsidiárias do empresário ou
sociedade empresária e seus prepostos e sócios, inclusive quanto à hipótese de
desconsideração da personalidade jurídica.
Segundo Coelho (2008), o empresário, pessoa física ou jurídica, está sujeito a três
obrigações: registrar-se no Registro de Empresas antes de iniciar suas atividades;
escriturar regularmente os livros obrigatórios e levantar balanço patrimonial e o
balanço de resultado econômico. Isso independe do ramo de atividade em que atue, da
forma societária adotada ou quaisquer outras circunstâncias.
BIBLIOGRAFIA
CURY, Antonio. Organização e Métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2000.
MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. 3ª.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia.
7ª.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001
PASSOS, Carlos Roberto e NOGAMI, Otto. Princípios de economia.2ª. ed. São Paulo:
Atlas 1998
SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5ª.ed. São Paulo: Atlas, 2005.
TROSTER, Roberto Luis e MOCHON, Francisco. Introdução à economia. São Paulo:
Pearson, 2002
16. CAPITULO 3 – A TEORIA DA EFICIÊNCIA ALOCATIVA DOS FATORES DE
PRODUÇÃO OU A TEORIA DA OPÇÃO DE PRODUÇÃO ENTRE DOIS BENS
Como já vimos em sala de aula, a Economia se preocupa com a busca de respostas
a questões como: o que produzir, quanto produzir, para quem produzir. As
respostas para essas questões geralmente encontram-se no campo de estudo dos
mercados, em que os preços equilibram a demanda e a oferta. Há outras questões
também do campo de análise da Economia, mas que são também do campo de estudo
das Engenharias: Com que produzir e como produzir que são respondidas pela
análise da função de produção e as teorias das eficiências.
A TEORIA DA EFICIÊNCIA ALOCATIVA DOS FATORES DE PRODUÇÃO
Diz respeito ao dilema entre produzir um determinado produto A ou um outro
alternativo (produto B). É um caso de trade off, ou seja, para se produzir uma
determinada quantidade do produto A, deve-se abrir mão de certa quantidade do
produto B ( as possibilidades expandidas de um produto dependem das reduções de um
outro produto). É o dilema, por exemplo, de produzir bens de consumo ou bens de
capital, poupar ou investir. É o dilema entre o emprego de recursos e a escolha entre
alternativas concorrentes. A eficiência alocativa significa escolhas otimizadas, como
acentua ROSSETTI (2003). Qualquer que seja a escolha, implica perdas, posto que não
é possível empregar todos os recursos ou usufruir de todos os bens e serviços ao mesmo
tempo. Daí surge o conceito de custo de oportunidade, que a Contabilidade ainda não
reconhece.
A Ciência Econômica também tem uma teoria para direcionar soluções para o
problema da escassez e da escolha utilizando gráficos e exemplos numéricos. Chama-se
FRONTEIRA OU CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO. Esse modelo
econômico diz respeito à explicação do funcionamento do sistema econômico, sob o
ponto de vista da eficiência alocativa dos fatores de produção que devem ser
empregados para produção alternativa entre dois produtos ou serviços. Para explicar
isso, vamos contar uma história: a história do “seu” Constantino.
“Seu” Constantino mora na região do Centro Oeste mineiro, conhecida como zona
Campo das Vertentes e micro região do Vale do Itapecerica, classificada
administrativamente como Alto do São Francisco. Essa região caracteriza-se pela
topografia ondulada e está banhada pelas bacias hidrográficas do Rio Pará e do Rio Boa
Vista. É considerada uma região de cerrado com clima temperado com temperaturas
variando entre 13o. C e 36o. C e seu regime pluviométrico nas águas chega a 1.200mm.
Segundo dados estatísticos, existem 78 estabelecimentos rurais e apenas 9% da área são
ocupadas por lavouras temporárias ( 65,8% das terras são ocupadas por pastagens). A
sua produção agrícola concentra-se em milho, café, arroz, laranja, feijão, cana-de-
açúcar, reflorestamento com eucalipto.
17. O filho mais moço de “seu” Constantino que mora nos Estados Unidos enviou uma
certa quantia para comprar uma sorte de terras com área de 150 hectares e recomendou
sua exploração mediante assistência técnica da Emater/MG. “Seu” Constantino já tem
experiência em lavouras porque possui uma pequena área que explora há muitos anos.
O projeto da Emater/MG apresentou as seguintes conclusões e recomendações:
• área máxima agricultável: 100 hectares;
• lavouras recomendadas para exploração comercial: arroz com produtividade
estimada em 2.500 kg/ha e milho com produtividade estimada de 5.000 kg/ha;
• os módulos de plantio seriam de 25 ha para exploração das duas lavouras;
• a tecnologia de manejo das terras e das lavouras compreenderiam: calagem,
adubação de plantio e de cobertura, aplicação de herbicidas, inseticidas,
fungicidas tudo em função do solo e das ervas daninhas da região; definição de
espaçamento e da densidade e as operações seriam realizadas mecanicamente,
pois havia equipamentos e implementos em disponibilidade;
• com relação às sementes foram sugeridas três cultivares melhoradas com suas
respectivas exigências de adubação e condições pluviométricas. O “seu”
Constantino opinou pela cultivar de produtividade média assinalada acima;
• foi estabelecida uma relação positiva entre tamanho de área cultivada e a
produção, ou seja, quanto maior a área maior a produção.
O agrônomo elaborou uma tabela para essas duas lavouras com plantios
alternativos em função dos limites ou fronteiras de utilização dos 100 hectares de terras
agricultáveis: 100 ha com plantio de milho ou 100 ha com plantio de arroz ou possíveis
alternativas de plantio simultâneo das duas lavouras, obedecendo ao módulo técnico de
25 ha.
O projeto apresentou uma tabela e dois gráficos para identificar as possíveis
alternativas simultâneas de plantio das lavouras de milho e arroz.
TABELA 1
Possibilidades de Produção na Fazenda
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO ARROZ (KG) MILHO (KG)
A 250.000 (100Ha)_ 0 (0Ha)
B 187.000 ( 75Ha ) 125.500 (25Ha)
C 125.000 (50Ha) 250.000(50Ha)
D 62.500 (25Ha) 375.000 (75Ha)
E 0 (0Ha) 500.000 (100Ha)
__________________________________________________________________________________
____
18. GRÁFICO No. 1
No gráfico no. 1, vemos uma reta ligando os pontos A e E que a Ciência Econômica
denomina FRONTEIRA OU CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO. Esse
modelo pode ser utilizado também pela Administração, para tomada de decisões, ou
escolher entre diversos cursos alternativos de ações: seja quanto a produção de bens e
serviços, quanto à alocação de insumos nas quantidades e formulações recomendadas,
quanto ao emprego de tecnologias ou seja, quanto a oportunidades de negócio, ou ainda,
quanto ao cumprimento de metas alternativas.
Nesse exemplo do projeto do “seu” Constantino, todos os fatores de produção
estão plenamente utilizados, sem ociosidade. A linha representativa da curva indica as
condições de PLENO EMPREGO DOS FATORES DE PRODUÇÃO, ou seja, em
qualquer ponto sobre essa curva(reta) é indiferente produzir milho ou arroz. Em outras
palavras, qualquer aumento na quantidade da produção de milho, necessariamente
implica na diminuição da quantidade produzida de arroz, ou vice versa.
Como podemos observar da Tabela No. 1, para cada aumento de plantio de 25 ha da
lavoura de milho há uma correspondente redução de 62.500 kg na produção de arroz. A
Ciência Econômica chama essa situação de CUSTO DE OPORTUNIDADE, isto é, a
quantidade sacrificada de um insumo empregado ou produto deixado de ser produzido é
igual (maior ou menor) à quantidade do outro insumo empregado como opção ou
produto escolhido para ser produzido. São quantidades sacrificadas marginais e
benefícios marginais. Esse tipo de custo não é contabilizado pelo fato de não representar
desembolso de caixa ou assunção de dívida. No ponto C sobre a curva, onde ocorre o
plantio de 50 ha de arroz e 50 ha de milho, todos os fatores de produção estão
plenamente empregados, numa relação 1 por 2.
Na prática, no entanto, “seu” Constantino não executou a contento as
recomendações da Emater/MG. Apesar de ter adquirido os insumos recomendados no
19. projeto, ele não fez as aplicações corretas das adubações previstas e nem aplicou os
herbicidas para eliminação do mato, limitando-se apenas a uma capina. Ao final da
colheita, “seu” Constantino verificou que as produções de arroz e milho foram
inferiores às quantidades estimadas no projeto: uma quebra de 10% na colheita de arroz
e de 15% na colheita de milho. Abaixo, é reproduzida a Tabela No. 2 que mostra as
produções efetivamente colhidas e o gráfico No. 2 que mostra a nova situação da
fronteira de possibilidades de produção, sobreposta à situação anterior do projeto.
TABELA No. 2
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO ARROZ ( KG) MILHO (KG)
A 225.000 0
B 168.300 106.250
C 112.500 212.500
D 56.250 318.750
E 0 425.000
GRÁFICO No. 2
O ponto C`, onde ocorre o plantio de 50 ha de arroz e 50 ha de milho, foi
deslocado para o interior da reta original de pleno emprego, indicando uma situação de
sub-utilização dos fatores de produção ou a condição de desemprego. O custo de
oportunidade se tornou muito maior em relação à situação estimada pelo projeto da
Emater/MG, a relação passou de 1 por 2 para 1 por 1,888.
Vamos pensar, agora, de forma otimista. O técnico da Emater/MG informou que se
“seu” Constantino tivesse cumprido todas as recomendações e utilizado sementes
melhoradas superiores, suas produções teriam sido 10% superiores às estimadas no
projeto. A Tabela No. 3 e o gráfico No. 3 mostram a nova situação hipotética.
TABELA No. 3
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO ARROZ (KG) MILHO (KG)
A 275.000 0
B 205.7000 137.500
20. C 137.500 275.000
D 68.750 412,500
E 0 550.000
______________________________________________________________________
GRÁFICO No. 3
O ponto C”, onde ocorre o plantio de 50 ha de arroz e 50 ha de milho, se deslocou
à direita ( para o exterior) da linha de fronteira, indicando que houve sobre-emprego de
fatores de produção( aumento da produtividade). O custo de oportunidade manteve a
mesma proporcionalidade em relação à situação projetada, 1 por 2.
Nas diversas situações de emprego alternativo de insumos e serviços ou produções
alternativas dos dois bens , ocorreu que, para se obter iguais quantidades adicionais de
milho, foram sacrificadas quantidades proporcionais de arroz. Esse fenômeno recebe o
nome de CUSTOS CONSTANTES. Mas, se ocorrer que para se obter as mesmas
quantidades adicionais de milho, devam ser sacrificadas quantidades maiores de arroz,
esse fenômeno é chamado de CUSTOS CRESCENTES. A explicação para esses
fenômenos é que os recursos utilizados na produção de um produto podem NÃO TER A
MESMA EFICIÊNCIA quando transferidos para a produção de um outro produto. Isso
quer dizer que os administradores devem levar em consideração AS
CARACTERÍSTICAS ESPECIALIZADAS DOS RECURSOS PRODUTIVOS.
O deslocamento da curva ou fronteira de possibilidades de produção para a direita
em relação a uma situação anterior, mantendo-se uma relação de proporcionalidade
entre os insumos ou produtos considerados, é conhecido como o FENÔMENO DO
21. CRESCIMENTO. A CONTABILIDADE registra esse fenômeno como aumento do
patrimônio líquido.
A TEORIA DA EFICIÊNCIA TÉCNICA OU PRODUTIVA
A QUESTÃO DA EFICIÊNCIA TÉCNICA OU PRODUTIVA. Diz respeito ao
emprego dos fatores de produção, pressupondo-se que a mobilização e a combinação
dos fatores disponíveis sejam realizadas sob padrões ótimos de desempenho e de
organização do processo produtivo.
Segundo ROSSETTI( 2003 ), a eficiência produtiva é alcançada quanto, além dos
fatores estarem plenamente empregados e não ociosos, estão operando no limite
máximo de seus potenciais. Acréscimos na dotação dos fatores de produção podem
ocasionar acréscimos ou decréscimos, proporcionais ou não, na capacidade de produção
e no volume resultante de produtos. Se utilizarmos a descrição desse fenômeno com
base na curva ou fronteira de possibilidades de produção, vamos perceber que ela é
côncava em relação à origem, significando a existência de custos crescentes devido aos
recursos serem relativamente inflexíveis.
Para PASSOS & NOGAMI (1998), a eficiência técnica decorre da função de
produção, que é a relação que indica a quantidade máxima que se pode obter de um
produto, por unidade de tempo, a partir da utilização de uma determinada quantidade de
fatores de produção e mediante a escolha do processo mais adequado. Como já
dissemos, os fatores de produção são os insumos ou materiais disponíveis e
empregados, a tecnologia, a informação, a capacidade empresária e o ambiente
institucional ( a ordem econômica e financeira, a ordem social, a ordem jurídica, a
ordem política, a ordem ecológica) que condicionam as relações de troca nos mercados
e impactam positiva ou negativamente os resultados da empresa.
A função de produção é uma teoria com a qual a Ciência Econômica procura
encaminhar respostas para as indagações: PARA QUE PRODUZIR? (para formar
excedentes, acumulação, fartura, obter lucros); COM QUE PRODUZIR? ( mediante o
emprego de fatores de produção, tais como insumos e mão-de-obra); COMO
PRODUZIR? ( empregando as melhores práticas buscando a eficiência técnica e a
eficiência alocativa)
MANKIW (2001) ao revelar-nos os princípios da Economia diz que “ pessoas
racionais pensam na margem” para mostrar a idéia-chave de que margem está implícita
no conceito de produto marginal, que decorre do emprego de quantidades adicionais de
um determinado fator de produção; ou seja, para explicar o que acontece com as
quantidades produzidas de um bem quando se aumentam ou diminuem as quantidades
dos seus insumos.
Para melhor explicitar esse fenômeno, vamos reproduzir um exemplo dado por
MANKIW (2001): Numa fábrica de biscoitos, se for contratado um operário, haverá
uma produção de 50kg/hora de biscoitos; se for contratado um segundo operário, essa
produção se eleva para 90kg/hora; se for contratado um terceiro operário, a produção
será de 120kg/hora; se for contratado um quarto operário, a produção obtida será de
22. 140kg/hora e um quinto operário a produção será de 150kg/hora. Com esses dados
podemos elaborar a Tabela No. 4 abaixo:
TABELA No. 4
_____________________________________________________________________________________
___
NÚMERO DE EMPREGADOS PRODUÇÃO (kg/h) PRODUTO PRODUTO
MARGINAL (Kg/h)
MEDIO(Kg/h)
0 0 0 0
1 50 50 50
2 90 40 45
3 120 30 40
4 140 20 35
5 150 10 30
______________________________________________________________________
_____
Como se observa, a cada acréscimo de mais um operário, a produção total de
biscoitos aumenta, mas o PRODUTO MARGINAL de cada novo operário contratado
vai diminuindo. A esse fenômeno a Ciência Econômica dá o nome de LEI DOS
RENDIMENTOS DECRESCENTES. Configurando os dados dessa tabela no gráfico
abaixo, percebemos que até certo ponto a curva de produção vai crescendo e em seguida
começa a mudar de direção, ou seja, há uma inclinação para baixo refletindo o produto
marginal decrescente,
23. GRÁFICO No. 4
Esse fenômeno da lei dos rendimentos decrescentes faz surgir o fenômeno do
obsoletismo, resultando que novas máquinas ou novos procedimentos ou, ainda, novas
habilidades sejam introduzidas na fábrica substituindo aqueles que perderam
produtividade ou sua capacidade de produzir. Esse fenômeno a Contabilidade registra
como depreciação, exaustão.
TABELA No. 5
_____________________________________________________________________________________
____
NÚMERO DE PRODUTO TOTAL PRODUTO MÉDIO PRODUTO MARGINAL
EMPREGADOS(N) Q Q/N ^ ^
Q/ N
_____________________________________________________________________________________
____
0 0 0 0
1 10 10 10
2 22 11 12
3 39 13 17
4 52 13 13
5 60 12 8
6 60 10 0
7 56 8 -4
8 48 6 -8
_____________________________________________________________________________________
_____
24. PASSOS & NOGAMI (1998: 145)
GRÁFICO No. 5
Na Tabela No. 5 e no Gráfico No.5, está representada uma nova situação em que
percebemos que inicialmente tanto o produto médio quanto o produto marginal crescem
até um determinado ponto, onde atingem o valor máximo, e começam em seguida a
decrescer gerando o fenômeno em que o produto marginal se iguala ao produto médio
onde este atinge o valor máximo. Esse é o ponto de ALERTA para a empresa. Se ela
precisar adicionar novas quantidades de fatores de produção variáveis para obter
maiores produções, - ocorrerá perda de produtividade, necessitando, que a função de
produção dos fatores fixos seja alterada. Contabilmente, é quando a empresa inicia seu
processo de resultados negativos ou prejuízos.
O conceito de eficiência técnica ou produtiva implica duas condições:
• não será usada entrada mais do que necessário para produzir a saída;
• os fatores de produção utilizados em um produto, serviço ou atividade
econômica podem não ter a mesma eficiência quando transferidos para a
produção de um outro produto, serviços ou atividade econômica, a curto prazo.
São os fatores fixos e fatores variáveis que guiam o produto médio e o produto
marginal. Por fator de produção fixo, PASSOS & NOGAMI( 1998) definem a
quantidade desse fator que não pode ser mudada de imediato quando se deseja uma
rápida variação na produção. Por fator variável, aquela quantidade que pode variar
facilmente, quando se deseja um aumento ou diminuição na produção. A partir dessas
noções, eles estabelecem o conceito de CURTO PRAZO- o período de tempo em que
pelo menos um dos fatores de produção empregados na produção é fixo ( por exemplo,
pode-se usar mais horas de trabalho com o mesmo equipamento existente); - e o
conceito de LONGO PRAZO – o período de tempo em que todos os fatores de
produção são variáveis.
Por fim, podemos incluir mais uma condição para testar a eficiência técnica ou
produtiva: SÃO OS PREÇOS DAS ENTRADAS QUE DETERMINAM AS
25. PROPORÇÕES RELATIVAS DE CADA ENTRADA QUE DEVEM SER
CONSUMIDAS que são reconhecidas pela Contabilidade como custos e despesas para
produzir receitas.
CAPITULO 4 - ENGENHARIA ECONÔMICA
A TEORIA DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA: A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO E SUAS
DERIVADAS. OS CUSTOS DE OPORTUNIDADE, MÉDIOS, MARGINAIS.
A QUESTÃO DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA.
Tem como núcleo a monetarização dos fatores de produção.
A valorização do consumidor vem sendo tomada como ponto de partida para uma
vantagem competitiva sustentável. Isso vem refletindo na velocidade das mudanças e da
comunicação que exige novas formas de gestão para novos dinamismos dos ambientes
de negócios. Isso requer, em conseqüência, novos modelos de informação tendo por
base os custos sob novas abordagens e modelos de comunicação:
• o modelo de custos centrado em objetivos como crescimento e continuidade do
negócio (entidade contábil);
• modelo de custos centrado em atividades (ABC);
• modelo de custos centrado em responsabilidades (contabilidade ambiental,
contabilidade social, contabilidade tributária);
• modelo de custos centrado em estratégias para o mercado.
O conceito de custo partiu do conceito de custo de oportunidade, de custo
econômico ( aquele que contempla o custo implícito e o custo explícito ), dos conceitos
de fatores fixos e fatores variáveis. Deles variamos para custo médio, custo variável
médio e custo marginal.
Nossa discussão vai partir de duas indagações: “ EM QUE PROPORÇÕES
DEVEM SER COMBINADOS OS VÁRIOS FATORES DE PRODUÇÃO? e QUAL A
MELHOR DESSAS COMBINAÇÕES?
STIGLER (1968) aponta três condições:
• a existência de outros fatores de produção cujas quantidades sejam mantidas
constantes;
• que seja dado o estado do conhecimento tecnológico, ou seja, as várias
possibilidades de insumo-produto sejam todas disponíveis ao mesmo tempo; e
• as proporções em que os fatores de produção podem efetivamente ser
combinados sejam variáveis, ou seja, os coeficientes técnicos de produção sejam
variáveis.
Ele também afirma que, por ser a produção um processo e não um ato, os fatores de
produção e produtos são TAXAS DE FLUXO POR UNIDADE DE TEMPO e os
26. produtos marginais são SEMPRE O GUIA para lucros máximos e custos mínimos. Esse
tema poderia ser aprofundado pela Contabilidade Gerencial.
Tomando por base essas afirmações de STIGLER (1968), podemos acrescentar uma
outra de PASSOS & NOGAMI (1998): a tomada de decisão empresarial contempla
duas condições interdependentes
• a mais eficiente que significa a obtenção da mesma quantidade de produtos com
a menor quantidade de todos os fatores de produção para outros processos
(eficiência técnica); e
• a mais eficiente economicamente que significa a obtenção da mesma quantidade
de produto que os processos alternativos, ao menor custo possível (eficiência
econômica).
Para NIGEL SLACK et alli (2002)., a eficiência técnica requer a eliminação de
todas as atividades que não adicionam valor e o coeficiente de produtividade ( relação
entre saída e entrada) pode ser calculado de duas maneiras: pela medida operacional
quando for calculada em quantidades físicas e pela medida financeira quando calculada
em quantidades monetárias.
Vamos explicar isso retomando o exemplo dado na Tabela No. 5. Como mostra
essa Tabela, à medida que a empresa for contratando sucessivas quantidades de
operários, a produção aumenta até atingir o máximo de 60 pedidos com o quinto
operário. Provavelmente, este seria o melhor indicador para a decisão: maior produção
para atender o máximo de pedidos, pois as contratações seguintes (sexto, sétimo e
oitavo operários) já se mostram inviáveis. Comparando-se as produções marginais de
cada operário, percebemos que a melhor solução seria contratar até o terceiro operário
( produto marginal de 17 pedidos). Tomando-se por base o conceito de eficiência
técnica ou produtiva, a empresa poderá contratar o quarto operário tendo em vista que o
produto marginal se iguala ao produto médio, em seu ponto máximo (13 pedidos), que é
o limite a partir do qual a empresa poderá entrar em processo de baixa produtividade e,
conseqüentemente, na zona de prejuízo. Como se ver, o contador poderá reconhecer
a existência de prejuízos futuros para a empresa, na medida em que o processo
produtivo vai ocorrendo e projetarem-se custos marginais superiores aos custos
médios.
Com respeito às relações entre custos médio e custo marginal, vamos reproduzir de
STIGLER ( 1968), a tabela abaixo:
28. Comparando os dados da Tabela No. 6 com as curvas do Gráfico No. 6,
percebemos que as curvas de custo médio, de custo marginal e de custo variável médio
começam por declinar até atingir um ponto mínimo e em seguida começam a mudar sua
trajetória para elevação e a curva de custo marginal se cruza com a curva de custo
variável médio e com a curva de custo médio, que pode acontecer em seus pontos
mínimos. Em princípio, quando a curva do custo variável médio atingir seu valor
mínimo, ele poderá ser igual ao custo marginal; da mesma forma, quando o custo médio
atingir seu valor mínimo, ele poderá ser igual ao custo marginal. As intersecções da
curva de custo marginal com a curva de custo variável médio e custo médio indicam
que O CUSTO MARGINAL SERÁ MÍNIMO QUANDO O PRODUTO MARGINAL
FOR MÁXIMO, ou seja, aumentos no custo marginal ocorrerão quando o produto
marginal estiver decrescendo. Esse fenômeno pode ser expresso pela fórmula
matemática a seguir:
Cmg = p.1/Pmg em que p é o preço do fator de produção empregado e Pmg é o produto
marginal
Quando o custo marginal tende a igualar-se ao custo variável médio, surge o
primeiro alerta para a empresa controlar seus custos marginais e quando o custo
marginal tende a igualar-se ao custo médio esse é o sinal limite, a partir do qual todo
aumento de produção poderá acarretar prejuízos. O intervalo entre as duas intersecções
mostra a tendência de redução de lucros (considerados mantidos os preços dos produtos)
à medida que o custo marginal se aproxima do valor do custo médio. Para STIGLER
(1968), a empresa terá como curva de oferta a curto prazo a CURVA DE CUSTO
MARGINAL ACIMA DO CUSTO VARIÁVEL MÉDIO MÍNIMO. A maioria das
questões dizem respeito aos custos mínimos possíveis e os custos máximos permitidos
que constituem a porção dessa curva de oferta da empresa. Daí, a importância de um
plano de contas que retrate fidedignamente essa situação.
A Ciência Econômica trata dos custos totais e também dos custos fixos (associados
ao emprego de fatores de produção fixos, tais como aluguel, seguro, imposto sobre
propriedade, salários da administração, gastos com água, luz, telefone, etc) e dos custos
variáveis ( aqueles incorridos pela utilização dos fatores de produção variáveis e estão
associados a determinado nível de produção ( geralmente são matérias-primas, mão-de-
obra, energia do processo produtivo, etc.). O custo total é formado pela adição dos
custos fixos com os custos variáveis.
Sabemos que há diferentes combinações para uma produção desejada e certamente
a escolhida deve ser a mais barata que poderá maximizar os lucros e a mais barata
dependerá dos preços relativos dos fatores de produção disponíveis e utilizáveis.
STIGLER( 1968) fornece-nos a seguinte regra: o valor de um real (1$) de qualquer
fator de produção (A por exemplo) deverá acrescentar tanto no produto total quanto o
29. valor de um real (1$) de qualquer outro fator (B, por exemplo). Essa regra tem a
denominação de CUSTO MÍNIMO e pode ser expressa matematicamente pela fórmula:
Custo mínimo = produto marginal do fator A/preço do fator A = produto marginal do
fator B/pelo preço do fator B = produto marginal do fator C/preço do fator C, etc., ou
seja,
Cmin = PmgA/pA = PmgB/pB = PmgC/pC...
Essa regra quer dizer que, quando o preço do fator de produção A sobe, a empresa
deverá usar menos desse fator A e mais de outros fatores (B, C,...) cujos preços não
aumentaram ou em outras condições: aumenta-se o produto marginal do fator de
produção com preço aumentado e diminuem-se os produtos marginais dos outros fatores
de produção.
STIGLER(1968) utiliza uma outra maneira matemática para expressar aquelas
combinações de fatores de produção que proporcionam o mesmo produto. Ele denomina
essa situação de CURVA DE IGUAL PRODUTO, a saber:
^Â.PmgA + ^B.PmgB = 0 sendo ^A < 0 e o símbolo ^ significando aumento
ou de outra maneira
^A.pA + ^B.pB = 0 sendo p o preços dos fatores A e B
e ainda da seguinte forma
G = A.pA = B.pB sendo G o gasto e p os preços de ambos os fatores
Explicando essas equações, utilizando exemplo dado por SPIGLER: o produto
marginal de um grupo de operários é 6. Se quisermos reduzir a quantidade de operários
em 25%, teremos ao final uma redução no produto total de 25% x 6 = 1,5 quantidades.
Para compensar essa redução na produção total, deveremos aumentar o insumo B ou C
em tal quantidade, de maneira que seja produzido aquele tanto de 1,5 que foi reduzido
do produto total.
Vamos esclarecer mais especificamente o custo econômico. Se você deposita R$
100,00 na poupança você espera receber de volta seu capital acrescido dos juros, depois
de certo tempo.
Quando um empresário pretende construir, por exemplo, uma fundição ele espera
ter de volta seu capital investido e mais os lucros que o negócio deve proporcionar.
Esses gastos para montar o negócio que chamamos INVESTIMENTO podem ser
recuperados sob a forma de depreciação/amortização/exaustão em parcelas computadas
como custo dos produtos vendidos, segundo o tempo de vida útil de cada natureza de
investimento ou segundo a legislação pertinente.
30. Para tocar o negócio, o empresário contrata pessoas para realizar determinadas
atividades(cargos, funções, tarefas, etc.) – que chamamos de SERVIÇOS.
Em seguida, ele compra diversos insumos tais como sucatas, ferro gusa, bentonita,
areia, coque, etc. que são combinados para produção de peças fundidas, em várias
etapas. Ele também contrata outros produtos e serviços tais como eletricidade,
comunicação, aluguéis, manutenção, materiais de expediente, embalagens, etc.
Também ele efetua diversos outros pagamentos como impostos/contribuições/taxas aos
órgãos públicos, por contratação de seguros, pela contratação de tecnologia da
informação, pela contratação de serviços profissionais e de administração, por
contratação de transporte, por serviços para venda de seus produtos, por contratação de
financiamentos e empréstimos(juro); reserva-se o direito de efetuar doações sociais e
por fim retém uma certa quantia para si e seus sócios(lucro) ou a remuneração pelo
investimento realizado.
A Contabilidade se utiliza de vários métodos e procedimentos, geralmente
abrangendo certo período de tempo denominado EXERCICIO SOCIAL, ao final do
qual é efetuada a apuração e a confrontação de todas as operações contábeis, chamada
BALANÇO.
Todos esses fatos registrados pela Contabilidade e levados em consideração em
suas análises pelo administrador de empresa – são denominados pelo economista de
CUSTOS EXPLÍCITOS, pois resultam de desembolsos monetários por parte da
empresa.
Mas o economista vai um pouco além dessa classificação de custos(custos
explícitos) trabalhando com o conceito de CUSTO ECONÔMICO que compreende os
custos explícitos e os CUSTOS IMPLÍCITOS, que são desprezados pela
Contabilidade e nas análises dos administradores.
Segundo PASSOS & NOGAMI (1998:168), os custos implícitos são aqueles “
estimados a partir do que poderia ser ganho por esses recursos no seu melhor emprego
alternativo”. Também é considerado como custo econômico, “ uma quantia mínima de
lucro, chamado lucro normal, que é uma quantia suficiente apenas para manter o
empresário no seu negócio”.
Isso significa dizer, na opinião desses autores, que os custos econômicos serão
sempre maiores que os custos contábeis, ou seja, a empresa estará obtendo lucro normal
quando sua receita igualar-se ao custo econômico; se for maior, ocorrerá o lucro
extraordinário que na linguagem do administrador de empresa é o lucro máximo.
Todos nós sabemos que o objetivo final do empresário é ganhar dinheiro fazendo
negócios e quanto mais melhor que é o resultado da diferença entre receita total e custo
total, apurado através de balanço.
Nós já sabemos também que para adquirir uma coisa é preciso abrir mão de outra,
que para produzir uma quantidade adicional de um produto é necessário diminuir a
quantidade produzida de outro e, ainda, que quando aumentamos a produção de um
produto é preciso sacrificar certa quantidade de fatores de produção empregada na
31. produção de outro produto. Demos o nome dessa situação de tradeoff e mais
precisamente de custo de oportunidade a parcela diminuída ou sacrificada.
Vamos dar alguns exemplo para ficar melhor esclarecido esse conceito de custo de
oportunidade e custo implícito.
Quando uma empresa paga R$ 1.000,00 pela compra de matéria-prima, essa quantia
é um custo de oportunidade porque A EMPRESA não pode mais utilizar essa quantia
para pagar qualquer outra coisa. Isso é custo de oportunidade.
Você se forma em administração e é convidado para trabalhar num empresa para
ganhar R$ 3.000,00 por mês. No entanto, você recusa porque prefere tocar seu próprio
negócio que lhe vai render mensalmente R$ 2.000,00. Essa renda não ganha de R$
1.000,00 (3.000 - 2.000) é o custo implícito que você não contempla na sua
contabilidade por não ter havido desembolso monetário por sua parte. Isso é custo
implícito.
Um microempresário dispõe aplicado num fundo de investimento a quantia de R$
10.000,00 que lhe rende anualmente R$ 4.000,00. Ele decide retirar esse dinheiro da
aplicação e aplica num negócio que lhe dá de lucro anual a quantia de R$ 2.500,00. A
diferença de R$ 1.500,00 (4.000 – 2.500) que ele deixou de ganhar no fundo de
investimento, porque abriu mão dessa alternativa em favor da sua empresa, é um
CUSTO DE OPORTUNIDADE DE CAPITAL e não é considerado pela
Contabilidade, por não haver desembolso monetário por parte da empresa.
Suponhamos que ele resolva manter R$ 5.000,00 aplicados no fundo de
investimento e retira os outros R$ 5.000,00 e tome emprestado o valor de R$ 5.000,00
para completar os R$ 10.000,00 para tocar o empreendimento. Sobre o valor
emprestado, ele paga no ano de juro o equivalente a R$ 1.500,00. Muito bem, o seu
contador ao fazer o balanço da firma, contabiliza o valor de R$ 1.500,00 como despesas
financeiras e não leva em consideração a renda não ganha de R$ 2.000,00 que seria
proporcionada pela quantia que deixou de estar aplicada no fundo de investimento. Isso
é um custo implícito.
Na aula anterior, falamos sobre a eficiência produtiva ou eficiência técnica
trabalhando com os conceitos de produção total, produto médio e produto marginal ou
produtividade média e produtividade marginal do fator de produção variável.
Enunciamos ainda o conceito de eficiência econômica significando a obtenção da
mesma quantidade de produto que os processos alternativos, ao menor custo possível.
Vamos esclarecer melhor esse conceito de eficiência econômica que tem por base o
menor custo possível.
Uma empresa encontra-se na seguinte situação: pretende fazer um leasing para
montar 5 frotas de caminhões que propiciarão um volume de carga/mês de 100
toneladas. A primeira frota será composta de 6 veiculos que exigirá a contratação de 17
empregados. A segunda frota consistirá de 8 veículos que exigirá a contratação de 12
empregados. A terceira frota será composta de 10 veículos e exigirá a contratação de 10
empregados. Satisfeita a condição da eficiência técnica, qual é a melhor alternativa para
tomada de decisão sabendo-se que : o leasing custará R$ 2.000,00/mês por frota, com os
32. veículos serão gastos R$ 800,00/mês e o salário mensal de cada empregado é de R$
400,00.
Vamos primeiramente montar uma tabela
Situação Frota No. Veículos No. Empregados Carga/volume
A 1a. 6 17 100
B 2a. 8 12 100
C 3a. 10 10 100
Como vemos, todas as situações proporcionam o mesmo volume de produção(100
toneladas/mês) e há uma certa relação entre o aumento de veículos e a redução da mão-
de-obra. È preciso, portanto, efetuar o calculo dos custos de cada situação.
Custo Econômico da Situação
frota leasing numero despesa número salário despesa total
veículos p/veiculo empregados mensal
1a. 2.000 6 800 17 400 13.600
2a. 2.000 8 800 12 400 13.200
3a 2.000 10 800 10 400 14.000
O cálculo da despesa total é feito assim: 1ª. Frota (6 x 800) + (17 x 400) + 2.000 =
13.600, para o calculo das demais frotas segue-se o mesmo raciocínio. Como vemos, a
2a. frota é a melhor opção, pois, apresenta o menor custo possível e, assim, a melhor
eficiência econômica.
33. A TEORIA DA EFICIÊNCIA FINANCEIRA
A QUESTÃO DA EFICIÊNCIA FINANCEIRA, OU TEORIA DA RECEITA OU
TEORIA
DA OFERTA
Aprendemos com IUDICIBUS (2000) que o sucesso de uma entidade contábil
está no esforço de produzir receita e receita é a mensuração do valor de troca dos bens e
serviços vendidos, provocando modificações no patrimônio líquido pelos efeitos da
despesa, e despesa é o consumo de bens e serviços no processo de produzir receita. As
modificações no patrimônio líquido resultam do lucro, que é o que se pode distribuir
mantendo a potencialidade inicial do patrimônio intacta. Para acontecer essa condição,
é necessário que os ativos (recursos alocados às finalidades do negócio) mantenham sua
capacidade de serviços e benefícios. Vamos abordar tudo isso na linguagem econômica.
Já dissemos que STIGLER (1968) denomina a porção da curva do custo marginal,
resultante de sua intersecção com a curva do custo variável médio ( em seu ponto
mínimo ou próximo) e com a curva do custo médio ( em seu ponto mínimo ou
próximo), de OFERTA da empresa.
A lei econômica diz que quanto mais elevado o preço de mercado, maior será o
estímulo dos produtores para produzir e quanto menor for o preço, menores deverão ser
as quantidades que o produtor desejará vender. Isso, no entanto, depende de algumas
condições: que tudo o mais permaneça inalterado, constante como, por exemplo:
• os requisitos para os custos de produção mínimos;
• o estado do conhecimento tecnológico;
• os preços dos produtos substitutos e produtos complementares;
• as necessidades e preferências dos consumidores;
• os fatores ambientais, político-sociais e as políticas de governo;
• as expectativas do produtor em relação aos preços futuros, o que o leverá a
estocar ou não sua produção.
Para fins didáticos, nesta aula, vamos considerar a receita da entidade contábil
como sendo a oferta de seus produtos e serviços.
Outra lei econômica, também, diz que a empresa maximiza o seu lucro quando o
CUSTO MARGINAL IGUALA-SE AO PREÇO DE MERCADO. Esse lucro tem por
conceito o LUCRO ECONÔMICO, que considera as receitas implícitas (externalidades
positivas) e os custos implícitos ( as externalidades negativas), além de uma parcela
correspondente ao retorno do capital ( considerado como o custo do capital aplicado em
34. outras alternativas de produzir receita). A legislação brasileira já admite os juros do
capital próprio como parcela dedutivel do imposto de renda.
Há três abordagens para fixar a receita marginal ou o preço. A abordagem
tradicional que consiste em apurar os custos e acrescentar uma parcela ou margem
suficiente para cobrir despesas diversas e o lucro desejado. A essa parcela
convencionou-se chamar de MARKUP e a abordagem de que a produção cria sua
própria demanda. Essa abordagem ou estratégia de fixação do preço não leva em conta a
sensibilidade do consumidor ( a utilidade, a preferência, o prazer), os preços dos
produtos substitutos e complementares. Segundo a literatura de marketing, essa
metodologia de cálculo do preço com base no custo significa que a empresa está
olhando apenas para dentro de si mesma ( o plano de contas correspondente geralmente
apresenta-se com muita simplicidade).
Os manuais de marketing ainda ressaltam que a fixação do preço ou precificação de
um produto ou serviço deve estar relacionada com os objetivos estratégicos do negócio:
1) maximização do lucro para abreviar o retorno do investimento, 2) a melhoria da
participação no mercado, assumir a liderança do setor, “desbancar” o concorrente,
assegurar a máxima aceitação do produto para depois elevar o preço, 3) mudança no
conceito do produto ( do foco dos aspectos tangíveis para os aspectos intangíveis).
Segundo essa concepção, o preço é uma expressão monetária de um benefício que a
empresa entende que seu produto estará proporcionando ao seu consumidor: a
capacidade que o produto tem de agregar valor para o cliente. Esse agregar não é
simplesmente ser útil para satisfação de necessidades, mas embutir uma idéia a quem o
produto se dirige e em que posição ele está sendo colocado em relação ao produto
concorrente.
Na abordagem da estratégia de custos, utilizam-se três modelos matemáticos para
cálculo do preço:
a) cálculo do preço, sabendo-se que o custo é de R$ 21,00 e se deseja um markup
de 30%
preço = R$ 21,00 x 100/(1-30%) = R$ 30,00
b) cálculo do preço, desejando-se uma margem de 30%
preço = R$ 21,00 x (1 + 30%) = R$ 27,30
c) cálculo do preço, com base na rentabilidade do investimento de 20% para um
investimento de R$ 150,00
preço = 20% x R$ 150,00 = R$ 30,00
A segunda abordagem é da estratégia da demanda que leva em consideração que
primeiro a empresa olha para fora, para seu mercado-alvo, procurando saber a
disposição do consumidor em pagar pelo produto ou serviço. Conhecido esse preço, a
empresa busca equalizar seus custos utilizando o conceito de CUSTO MÍNIMO e
35. somente depois busca equalizar sua margem de lucro, segundo o conceito da
precificação.
A terceira, a abordagem econômica da maximização do lucro toma por base o ponto
de equilíbrio ou break-even point que é definido como aquela quantidade produzida e
vendida em que todos os custos ( fixos e variáveis) são cobertos pelas receitas, isto é, o
lucro é zero. Em outras palavras, é o nível de produção e venda mínimo em que a
empresa pode operar sem perdas. A partir de então a empresa negociará suas margens
de lucro e estratégias de vendas e respectivas equalizações de custos variáveis.
Matematicamente, o cálculo do ponto de equilíbrio ou nivelamento ou break-even point
é feito pelas fórmulas a saber:
a) PE = CF/(R – CV), esse resultado é dado em percentual
b) PE = CF/(p – Cvmedio), esse resultado é dado em quantidades do produto
c) PE = CF/(1 – CV/R), esse resultado é dado em volume de vendas
Sendo CF – custos fixos,
CV – custos variáveis
Cvmédio – custos variáveis médios
p - preço do produto
R – receitas
Para atender essa abordagem, o plano de contas deverá ser mais complexo e com
flexibilidade dinâmica, principalmente com respeito às contas integrativas da DRE
(Demonstração do Resultado do Exercício). Os modelos demonstrativos contábeis
devem sair da configuração convencional (contas-estoque) para configuração de
variáveis econômicas.
O ponto de equilíbrio pode ser demonstrado conforme o gráfico abaixo
exemplificativo, em que os custos fixos representam uma reta horizontal ao eixo das
ordenadas ( das quantidades do produto) partindo do eixo vertical (representativo dos
valores monetários), em que os custos variáveis representam uma reta com inclinação
ascendente partindo de um ponto sobre a linha vertical onde se inicia a reta dos custos
fixos e, por fim, a receita que é representada por uma reta ascendente partindo da
origem dos eixos cartesianos.
36. GRAFICO NO. 7
Ao traçarmos essas retas, verificamos que a reta dos custos variáveis corta a reta
das receitas. A área abaixo desse ponto de cruzamento indica a zona de prejuízos
( crescentes à medida que produção é reduzida) e a porção acima desse ponto indica a
zona de lucros, crescentes à medida que a produção aumenta.
É muita farta a literatura sobre formação de preços na administração financeira e
em marketing. A propósito, AZEVEDO (2008) apresenta uma metodologia para a
apuração adequada do preço de venda que poderá possibilitar benefícios, dentre os
quais: determinação da taxa de marcação ideal; conhecimento da rentabilidade de cada
produto; definição clara de uma política de vendas compatível com as condições da
empresa no mercado. Sua metodologia de cálculo do preço de venda segue a sistemática
proposta por Joel José dos Santos – o método misto – que leva em consideração os
custos envolvidos, decisões da concorrência e características do mercado. Segundo essa
metodologia, a formação do preço de venda, para um mini mercado, por exemplo, teria
a seguinte estrutura:
Preço de Venda (PV) = custo da mercadoria vendida (CMV) dividido pela taxa de
marcação(TM)
37. CMV = custo de aquisição + rateio dos custos fixos + rateio do custo da mão-de-obra
direta
TM = [ 100 – (IC + ML)] : 100
ML = margem de lucro ( taxa arbitrada)
IC = índice de comercialização, composto por:
• ICMS (17% PV)
• PIS ( 0,65% PV)
• IRPJ s/lucro presumido ( 1,25% PV)
• CSLL s/lucro presumido ( 1,1% PV)
• COFINS ( 3% PV)
• PUBLICIDADE ( 3% PV)
• TAXA DE ADMINISTRAÇÃO ( 2,5% PV)
• PERDAS (0,5% PV)
• TOTAL ( 29% PV)
38. APÊNDICE C
TEXTO CONSOLIDADO SOBRE EFICIÊNCIA TÉCNICA, ECONÔMICA E
EFICIÊNCIA FINANCEIRA E FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
HANSEN & MOWEN ( 2001) afirmam que as forças de mercado estão mudando
as práticas de gestão que deve provisionar valor para os consumidores no objetivo de
uma vantagem competitiva sustentável. Isso significa entender que o sistema de custos
tradicionais ( baseado nas funções organizacionais e na função volume de produção)
deve ajustar-se ao dinamismo dos novos ambientes de negócios que requerem novos
modelos de informações consubstanciados em um sistema de gestão de custos a)
centrado em objetivos ( crescimento e continuidade do negócio), b) centrado em
atividades ( conjunto de ações que causam mudanças no consumo de recursos, no
consumo de atividades, nos custos, nas receitas), c) centrado em responsabilidades
baseadas em função, devendo evoluir para o conceito de gestão de custos baseada em
estratégia para o mercado e/ou para o consumidor.
O tratamento dos custos para a gestão estratégica significa entender que são dados
como uma função de mudança de modelos de consumo de recursos produtivos e nas
concepções de prioridades das atividades.
O conceito defendido por aqueles autores é o de que CUSTO é uma medida
crítica da eficiência, é o valor equivalente em dinheiro sacrificado para produção
de bens e serviços que tragam benefícios atuais ou futuros para a empresa.
O conhecimento econômico a respeito da eficiência econômica é modernamente
mostrado por inteiro e não fragmentos. Isso está implícito no diagrama a seguir que
mostra a eficiência técnica ou produtiva associada à eficiência econômica. É um modelo
através do qual podemos “ ver” os conceitos, seus desdobramentos e suas correlações.
Para HANSEN & MOWEN, ao conjunto de atividades necessárias para projetar,
desenvolver, produzir, comercializar, distribuir e prestar serviços ao produto e este
satisfazer necessidades e expectativas dos consumidores, - damos o nome de CADEIA
DE VALOR.
Na abordagem de MANKIW(2001), a idéia de custo parte da concepção de que
para adquirir alguma coisa é preciso abrir mão de outra (tradeoff) – o que gera o
39. conceito de custo de oportunidade, seja como custo explicito ( que se caracteriza pelo
desembolso monetário e objeto de contabilização) ou como custo implícito ( que se
caracteriza por não haver desembolso monetário, mas uma perda de ganho ou
impossibilidade de emprego em outra alternativa, e não objeto de contabilização).
STIGLER (1968) assinala que o conceito básico de custo para empregar um fator
de produção para produzir um bem A, por exemplo, é o quantum máximo que esse
fator produzirá em qualquer outra alternativa de emprego. É esse custo alternativo que
determina o valor do recurso produtivo (insumo) de usar tal fator na produção do bem
A. Para isso é necessário conhecer o quantum de recursos empregados para produzir
um determinado quantum do bem A. Por exemplo: o custo de 1 hectare de terra para
uso agrícola é o quantum que esse terra produziria para usos não agrícolas ( residências,
parques, barragens etc.). Essas alternativas geralmente são expressas como risco,
suscetibilidade de liquidez, preços competitivos de mercado, custos como
alternativas prévias.
Alguns conceitos importantes:
CUSTOS FIXOS (CF) – Estão associados ao emprego de fatores de produção
(insumos) fixos, aqueles que geralmente ocorrem quer a empresa produza ou não e
serão iguais quaisquer que sejam os níveis de produção. Alguns deles: aluguéis,
seguros, impostos sobre a propriedade, depreciações, amortização, exaustão, salários do
pessoal da administração, algumas contas de concessionárias( água, luz, telefone),
prolabore, etc.
CUSTOS VARIÁVEIS (CV) – Dizem respeito aos custos que a empresa terá de
incorrer pela utilização dos fatores de produção (insumo) variáveis e estão associados a
um determinado nível de produção. Geralmente correspondem a matérias-primas, mão-
de-obra da produção, materiais secundários, energia e combustíveis de consumo pelos
equipamentos, embalagens, etc.
CUSTO TOTAL (CT) – Está associado ao nível de produção e é obtido pela soma dos
custos fixos com os custos variáveis.
CUSTO FIXO MÉDIO (CFme) - É dado pela divisão dos custos fixos totais pela
quantidade produzida. À medida que a produção aumenta, o custo fixo médio diminui.
Matematicamente é dado pela fórmula:
CFme = CF/q
CUSTO VARIÁVEL MÉDIO (CVme) – É obtido dividindo-se os custos variáveis
totais pela quantidade produzida. É o produto entre o preço de um fator de produção
(insumo) e a quantidade desse mesmo fator (insumo). Matematicamente é dado pela
formulas:
CVme = CV/q ou p.q
CVme = pq/Pme.q ou p.1/Pme sendo Pme = produto médio
Segundo essa última fórmula, pode-se dizer que: “ desde que normalmente o Pme
aumente, atinja um máximo e depois caia, então o CVme decresce, atinge um mínimo e
depois se eleva.
40. CUSTO MARGINAL (Cmg) – É o acréscimo no custo total de um produto resultante
do acréscimo de uma unidade na produção, ou seja, o custo marginal corresponde ao
custo adicional em que incorre a empresa ao produzir mais uma unidade de produto.
Matematicamente é obtido:
Cmg = aumento do custo total dividido pelo aumento das quantidades produzidas, ou
Aumento percentual do custo total dividido pelo aumento percentual das
quantidades produ
.zidas
De acordo com a teoria da produção, o produto marginal inicialmente cresce, atinge
um máximo e depois decresce. Seguindo essa linha de raciocínio, o custo marginal
será mínimo quando o produto marginal for máximo, ou seja, aumentos no custo
marginal ocorrerão quando o produto marginal estiver decrescendo.
Matematicamente isso é dado pela fórmula:
Cmg = p.1/Pmg sendo p o preço do insumo, Pmg o produto marginal desse insumo
STIGLER (1968) ressalta que o custo marginal varia inversamente com o produto
marginal (conforme mostrado na fórmula matemática) e somente aquela porção da
curva do custo marginal acima da curva do custo variável médio é importante. O
produto variável médio tem sua utilidade em determinar o ponto mínimo efetivo
sobre a curva do produto marginal e o custo variável médio tem como uso
determinar o ponto mínimo efetivo sobre a curva do custo marginal.
PASSOS & NOGAMI mostram que quando o custo médio é decrescente, o custo
marginal é menor que o custo médio; quando o custo médio é mínimo, ele iguala-se ao
custo marginal; quando o custo médio é crescente, o custo marginal é maior do que o
custo médio. Uma característica importante por eles apontada é que a curva do custo
marginal corta as curvas do custo variável médio e a curva do custo médio em seus
pontos mínimos ( ou próximo). Isso quer dizer que se o último aumento de custo for
inferior ao custo médio anterior, esse aumento fará baixar a média, fazendo, então, com
que a curva do custo médio seja puxada para baixo. À medida que a produção aumenta,
unidade por unidade, o aumento no custo total ( ou custo marginal) é maior do que o
custo médio anterior, fazendo com que a curva do custo médio seja puxada para cima.
Para STIGLER (1968), a curva de oferta de uma empresa a curto prazo é
representada pela porção da curva de custo marginal acima da curva do custo
variável médio mínimo.
ECONOMIA DE ESCALA
O estudo da eficiência técnica ou produtiva mostra-nos que quando todos os
insumos aumentam numa dada proporção, o volume de produção pode aumentar em
proporção maior, menor ou igual ( STIGLER 1968).