2. É uma grande falácia que crianças e jovens tem que aprender a
usar computadores agora pois caso contrário eles ficarão para
trás em sua futura busca por empregos.
Uma das razões de computadores parecerem excelentes
ferramentas de aprendizado é a atração que eles exercem em
crianças e adolescentes.
3. Uma pergunta interessante é a seguinte: o que acontece com um
estudante que se acostuma a aprender com computadores? Será
que ele vai tolerar uma classe normal sem todos aqueles efeitos
cosméticos e de joguinho eletrônico?
É absolutamente antinatural para uma criança sentar numa cadeira
por longos períodos de tempo, se a criança não tem possibilidade
de imaginar ou fantasiar interiormente (o que aconteceria se ela
ouvisse um conto de fadas, por exemplo). Como no caso da TV, um
software educacional cheio de imagens não deixa espaço para a
imaginação interior.
4. A aceleração de um desenvolvimento mental e psicológico, fazendo
a criança comportar-se interior e exteriormente como adulto, é em
nossa opinião a pior influência exercida por computadores.
Qualquer aceleração indevida produz algum prejuízo; em particular,
pensamos que atividades intelectuais precoces tendem a roubar
das crianças sua infância, necessária para um desenvolvimento
equilibrado, o qual deveria abarcar aspectos físicos, psicológicos,
artísticos, sociais e intelectuais.
5. Se os computadores podem tornar crianças mais conscientes de
seu próprio processo de pensar, isso significa que essas crianças
são forçadas a se comportarem conscientemente como adultos.
Crianças não deveriam ter o mesmo grau de consciência que
adultos.
6. Este padrão baseia-se em uma concepção de que os métodos
tradicionais de ensino impõem formas estritas de comportamento e
aprendizado, sendo isso prejudicial à criança ou jovem.
É necessário reconhecer as necessidades da criança ou jovem, não
impondo o que não é próprio ou interessante para ela.
Consideramos como absolutamente necessário para um futuro
social saudável que os estudantes de qualquer idade aprendam que
há limites para o que eles podem fazer, e como devem comportar-
se; muita liberdade muito cedo tende provavelmente a produzir
adultos inseguros e desrespeitosos.
7. Um dos argumentos em favor do uso de computadores em
educação é a sua aplicação na Internet, tornando possível aos
estudantes a troca de correspondência rápida com pessoas, mas
isso requer uma boa dose de maturidade por parte do aluno.
8. Maneiras e velocidades individuais de aprendizado são ótimas
para adultos. Mas é uma aberração dizer que crianças e jovens
sabem o que é melhor para eles, e podem decidir o que e como
deveriam estudar. Novamente, essa liberdade é desejável para
adultos, mas quando induzida em crianças, torna-os inseguros e
leva a decisões erradas.
Para colocar-se o computador numa perspectiva adequada na
educação ou na vida individual ou social é necessário
compreender muito bem o que ele é.
Para se considerar o uso de computadores na educação é
absolutamente necessário ter-se um modelo do desenvolvimento
das crianças e dos jovens.
9. Somente na época do ensino médio a criança está preparada para
exercer pensamentos puramente abstratos, formais, lógico-
simbólicos. Antes disso, esses pensamentos prejudicam o seu
desenvolvimento sadio e equilibrado.
Preservando-se a sua infância e juventude deliciosa, simples,
ingênua e semiconsciente podemos educar futuros adultos
equilibrados, criativos, socialmente integrados e com atuação
positiva.
Em particular, tememos que os computadores usados cedo demais
contribuirão para criar adultos insensíveis e amorais, comportando-
se e reagindo como máquinas, incapazes de sentir interesse e
compaixão por outras pessoas e sem responsabilidade de agir
socialmente.