1. Modernismo no Brasil. Primeira geração: ousadia e
inovação
Tarsila do
Amaral foi uma
das mais
importantes
artistas do Brasil.
Ela tomou a frente
do Movimento
Modernista do
país. A tela Cartão
Postal do Brasil,
feito em 1928,
mostra a cidade
do Rio de Janeiro.
Nela, vemos o
macaco que é um
bicho
2. Modernismo no Brasil
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a
cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da
literatura e das artes plásticas.
O movimento no Brasil foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e
artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra
Mundial, como o Cubismo e o Futurismo.
3. A Republica Velha chega ao fim
A República Velha, é o nome dado ao período compreendido
entre a Proclamação da República, em 1889, e a eclosão da
Revolução de 1930. A República da Espada abrange os governos
dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Foi durante
a República da Espada que foi outorgada a Constituição que iria
nortear as ações institucionais durante a Primeira República. Além
disso, o período foi marcado por crises econômicas, como a do
Encilhamento, e por conflitos entre as elites brasileiras, como a
Revolução Federalista e a Revolta da Armada
A crise das oligarquias rurais e a crise econômica mundial,
atingindo profundamente a produção cafeeira, representaram a
agonia da República Velha. A insatisfação com a eleição de Júlio
Prestes, em 1930, deu à elite os motivos para derrubar os
fazendeiros paulistas que estavam no poder, através da Revolução
de 1930. Era o fim da República Velha e o início da Era Vargas. Getúlio Vargas
4. A polêmica exposição de Anita Malfatti
Anita Malfatti desagradou os conservadores
da sua época ao trazer técnicas das vanguardas
europeias para as suas telas, no entanto
agradou aos entusiastas do modernismo
brasileiro – sendo destacada como a grande
artista da Semana de Arte Moderna de 1922.
sendo considerada por Sérgio Milliet a grande
artista da exposição, Para Monteiro Lobato,
que era o maior opositor às vanguardas
europeias, Malfatti estava desperdiçando o seu
talento, entregando-se a estrangeirismos
deslumbrados e mistificadores. Malfatti quis
mostrar todo o furor do impressionismo em
voga na Alemanha, contrariando os conceitos
de arte presentes na sociedade paulistana,
ainda em desenvolvimento.
Anita Malfatti foi uma
importante e famosa
artista plástica (pintora e
desenhista) brasileira.
Nasceu na cidade de São
Paulo, no dia 2 de
dezembro de 1889. Em
1910 foi para Berlim
estudar na Academia
Real. e voltou ao Brasil
em 1914 quando
realizou a sua primeira
exposição individual.
faleceu em 6 de
novembro de 1964.
5. Semana de Arte Moderna: três noites que fizeram história
A Semana de Arte Moderna de 1922, ocorreu nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro. Quando um
grupo de artistas plásticos e intelectuais reuniu-se no Teatro Municipal de São Paulo, para
apresentar recitais de música e poesia, palestras e danças, exposições de pintura, escultura e
arquitetura. O grupo composto por intelectuais do Rio de Janeiro e São Paulo propunham uma
nova estética, revolucionando todas as formas de expressão artísticas, rompendo com a tradição
acadêmica e as influências da cultura europeia, principalmente a francesa, e inspirando-se nas
raízes culturais brasileiras, com total liberdade de expressão.
Vaias , relinchos e miados: espanto do publico
13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do
evento. Espalhadas pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo,
várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio
por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa
conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte
Moderna". Tudo transcorreu em certa calma neste dia.
6. 15 de fevereiro (Quarta-feira) A "atração" da noite foi a palestra de Menotti del Picchia
sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem
vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternam e
confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos de
Manuel Bandeira, o público faz coro atrapalhando a leitura do texto.
17 de fevereiro (Sexta-feira) - O
dia mais tranquilo da semana,
apresentações musicais de Villa-
Lobos, com participação de vários
músicos. O público em número
reduzido, portava-se com mais
respeito, até que Villa-Lobos entra
de casaca, mas com um pé
calçado com um sapato, e outro
com chinelo; o público interpreta
a atitude como futurista e
desrespeitosa e vaia o artista
impiedosamente. Mais tarde, o
maestro explicaria que não se
tratava de modismo e, sim, de um
calo inflamado.
Os sapos
7. O projeto literário da primeira geração modernista
Menotti del Picchia resumiu
de modo objetivo o projeto
literário da primeira geração de
modernistas brasileiros.
Segundo ele , o grupo da
semana “não formulou um
código: formulou uma
consciência, um movimento
libertador a integrar nosso
pensamento e nossa arte na
nossa paisagem e no nosso
espirito dentro da autêntica
brasilidade”.
8. Os agentes do discurso
As condições de produção da primeira geração
modernista eram bastante similares às que envolveram as
vanguardas europeias. Embora o Manifesto do Futurismo
tenha sido publicado em 1909 em um jornal da Bahia, foi
apenas em 1912, após a republicação por 0swald de
Andrade, que suas ideias passaram a ser discutidas pelos
jovens escritores brasileiros. Essas ideias também
circulavam em salões como a Villa Kyrial, em que membros
da elite paulistana e jovens intelectuais e artistas
encontravam-se para discutir os novos rumos da arte.
Na Europa, o público recebeu com espanto as primeiras
manifestações modernas, como os quadros cubistas, mas
logo as pessoas passaram a aceitá-las. Já no Brasil, mesmo
com o apoio das elites, as propostas modernistas
demoraram a ser acolhidas pelo público em geral.
9. Manifesto: proposição de novos caminhos estéticos
O primeiro
manifesto lançado
foi Manifesto pau-
brasil, publicado
por Oswald de
Andrade em I924.
Trazia propostas
como: conciliar a
arte popular e a
erudita "ver com
olhos livres" e o
uso de uma
linguagem popular
coloquial.
Em 1928, Oswald de Andrade
lançou o Manifesto
antropófago. Valendo-se da
antropofagia como uma
metáfora do que deveria ser
culturalmente assimilado,
digerido e superado para que se
alcançasse uma verdadeira
independência cultural. A
liberdade de criação deu
identidade à produção dos
primeiros modernistas. Se
manifestou na escolha de temas
e no aspecto formal literário.
Abaporu é uma clássica
pintura do modernismo
brasileiro, da artista
Tarsila do Amaral. O
nome da obra é de
origem tupi-guarani que
significa "homem que
come gente" (canibal ou
antropófago),
O Manifesto Pau-
Brasil apresenta
uma posição
primitivista,
buscando uma
poesia ingênua, de
redescoberta do
mundo e do Brasil
10. Oswald de Andrade: irreverência e critica
Podemos dizer que o referido poeta foi o maior
representante da estética modernista no que se
refere às características estilísticas. José Oswald
Nogueira de Andrade nasceu em São Paulo.
Frequentou a Escola Modelo Caetano de
Campos, o Ginásio Nossa Senhora do Carmo e o
Colégio de São Bento, no qual se formou em
humanidades, em 1908.Autor de poesias e
romances, teatrólogo e crítico literário, suas
obras resumem-se em: Os Condenados,
Memórias Sentimentais, Pau-Brasil, Marco Zero,
A morta e o Rei da Vela. Dentre as características
de suas obras, destacam-se: linguagem
espontânea, livre de apegos no que diz respeito
à sintaxe, predominância do coloquialismo e de
uma crítica extremamente irreverente.
11. Em seus poemas, Oswald de Andrade
afirma uma imagem do brasil marcada pelo
humor pela ironia e também por uma critica
profunda e um imenso amor ao País, como
atesta o lirismo de muitos de seus versos.
A poesia
Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim, pela graça de Deus
– Canhém Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval.
A prosa
Os dois romances escritos por Oswald de
Andrade. Memorias sentimentais de João
Miramar e Serafim Ponte Grande, trouxeram para
a literatura brasileira uma estrutura inovadora.
146.Verbo crackar
"Eu empobreço de repente
Tu enriqueces por minha causa
Ele azula para o sertão
Nós entramos em concordata
Vós protestais por preferência
Eles escafedem a massa
Sê piratas
Sede trouxas
Abrindo o pala
Pessoal sarado
Oxalá que eu tivesse sabido que esse verbo era irregular.
12. Mário de Andrade: a descoberta do Brasil brasileiro
O poeta projetava nos versos sobre a sua cidade e seus país a essência de sua alma lírica.
Empenhado em pesquisar os elementos mais característicos da identidade nacional , viajou pelo
Brasil coletando exemplos de manifestações folclóricas e musicais na tentativa de compreender
melhor a essência do país. Morou em São Paulo praticamente toda a sua vida, cultivou um
sentimento pela cidade. Isso é perceptível no poema “Inspiração.”
"INSPIRAÇÃO"
"SÃO PAULO ! comoção de minha vida ...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal! ... Traje de losangos... Cinza e ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...
SÃO PAULO! comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da América!"
13. "Amar, Verbo Intransitivo" (1927), O primeiro
romance, desmascara a estrutura familiar
paulistana. A história gira em torno de um rico
industrial que contrata uma governanta para
ensinar alemão aos filhos. Na verdade, tudo não
passa de fachada para a iniciação sexual do filho
mais velho.
Em "Clan do Jabuti" (também de 1927), Mário
mostra a importância que dá a pesquisa do
folclore brasileiro, tendência que atingirá seu
ponto alto no romance "Macunaíma" (1928), no
qual recria mitos e lendas indígenas para traçar
um painel do processo civilizatório brasileiro: "No
fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói
de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo
da noite. Houve um momento em que o silêncio
foi tão grande escutando o murmurejo do
Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma
criança feia. Essa criança é que chamaram de
Macunaíma".
14. Manuel Bandeira: olhar terno para o cotidiano
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886 - 1968)
foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de
literatura. A poética de Manuel Bandeira possui um estilo
simples e direto. Aborda temáticas cotidianas e universais,
às vezes com uma abordagem de "poema-piada", lidando
com formas e inspiração que a tradição acadêmica
considera vulgares. Mesmo assim, conhecedor da
Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de formas
colhidas nas tradições clássicas e medievais. Uma certa
melancolia, associada a um sentimento de angústia,
permeia sua obra, em que procura uma forma de sentir a
alegria de viver. Doente dos pulmões, Bandeira sofria de
tuberculose e sabia dos riscos que corria diariamente, e a
perspectiva de deixar de existir a qualquer momento é uma
constante na sua obra. Como no versos de “Testamento”
Testamento
Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
15. Uma das inovações da obra de Manuel Bandeira é o uso que faz da linguagem na apresentação
das situações cotidiana. A capacidade de ver as cena prosaica, as situações mais banais do dia a
dia filtrada por lentes líricas e de recria-las poeticamente por meio de uma linguagem simples
são as característica mais marcantes de sua poesia.
A poesia da mais simples ternura
● A evocação do passado
As memorias da infância
vivida no recife tem lugar
especial entre os poemas
de Bandeira. Cenas de
rua, pessoas com quem
conviveu vão revivendo
em versos inesquecíveis.
Evocação do Recife
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias
Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância [...]
16. Alcântara Machado: os italianos em São Paulo
Antônio Castilho de Alcântara Machado d’Oliveira nasceu em
25 de maio de 1901, em São Paulo. Nesta cidade, formou-se na
faculdade de Direito, durante a qual publicou sua primeira crítica
literária para o “Jornal do Comércio”. Após esse fato, passou a
colaborar para este jornal até tornar-se redator-chefe. Formou-se,
mas não chegou a exercer a profissão porque estava atrelado à
carreira jornalística.
Os movimentos modernistas na literatura começavam a se
despontar com a “Semana de Arte Moderna”, da qual o escritor
não participou. Contudo, depois de tornar-se amigo de Oswald de
Andrade, adere ao movimento que o tornou um dos nomes mais
significativos da prosa da Geração de 22.
17. Seu primeiro livro, “Pathé Baby” (com prefácio de Oswald de Andrade), é fruto do que
escreveu para a imprensa em sua viagem à Europa, em 1925. Em 1928 publica "Brás, Bexiga e
Barra Funda"
A sociedade
— Filha minha não casa com filho de
Carcamano!
A esposa do Conselheiro José Bonifácio
de Matos e Arruda disse isso e foi brigar
com o italiano das batatas.
Teresa Rita misturou lágrimas com
gemidos e entrou no seu quarto batendo
a porta. O Conselheiro José Bonifácio
limpou as unhas com o palito, suspirou e
saiu de casa abotoando o fraque [...]
O trecho acima ilustra a técnica narrativa que consagrou Alcântara Machado. As cenas
rápidas, flagrando situações e tipo, quase como tomadas cinematográficas.