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O belo, o feio e a questão do gosto
Prof.ª Ms. Aline Corso
A beleza e a feiúra sempre estiveram entre
as discussões presentes em todos os
tempos, de todas as sociedades.
A estética é um ramo da filosofia que se
ocupa das questões tradicionalmente
ligadas à arte, como o belo, o feio, o gosto,
os estilos e as teorias da criação e da
percepção artísticas.
Do ponto de vista estritamente filosófico,
a estética estuda racionalmente o belo
e o sentimento que este desperta nos
homens. Dessa forma, surge o uso
corrente, comum, de estética como
sinônimo de beleza.
O Belo
Será que podemos definir claramente o que é a beleza, ou será que esse é um conceito
relativo, que vai depender da época, do país, da pessoa, enfim? Em outros termos, a
beleza é um valor objetivo, que pertence ao objeto e pode ser medido, ou subjetivo,
que pertence ao sujeito e que, portanto, poderá mudar de indivíduo para indivíduo?
As respostas a essas perguntas variaram durante o decorrer da História!
Gregos
Os gregos, na Antiguidade, introduziram a primeira tese, pressupondo que o belo é
uma característica das coisas belas e que certas proporções são belas por si mesmas.
Os pitagóricos (século VI ao IV a.C.) descobriram que em todas as coisas há uma relação
matemática, e, portanto, numérica. Não usavam o termo “beleza”, mas antes
aquele de “harmonia”, que estava ligado ao número, à medida e à proporção. A
sua concepção influenciou a arte grega e atingiu particularmente a música. Um outro
fato do conhecimento dos pitagóricos era a relação do número de ouro, uma
proporcionalidade que é encontrada na natureza e que também garante a harmonia
das obras plásticas, quando entre o todo e a maior parte há a mesma relação que entre
a maior e a menor parte, correspondendo a 1,618. É certo que os arquitetos e os
escultores gregos empregavam esta relação nas suas criações.
Proporção Áurea, Sequência de Fibonacci, Número de Ouro
https://www.youtube.com/watch?v=58dmCj0wuKw
Platão (séc. V a.C.)
● Para Platão, o belo está ligado a uma essência universal.
● O belo não depende de quem observa, pois está contido no próprio objeto.
● Esse é o ideal das Academias de Arte.
● Elas tentam fixar regras para a produção artística a partir de uma determinada
concepção de belo.
David Hume (séc. XVII)
● A Beleza é algo pessoal.
● Portanto, não pode ser discutido racionalmente.
● Como diz o ditado popular: “Gosto não se discute”.
Immanuel Kant (séc. XVIII)
● O Belo é universal porque julgar algo é uma faculdade de qualquer ser humano.
● Todavia o critério de avaliação não é a razão, mas os sentimentos.
Georg Hegel (séc. XIX)
● A arte, o gosto e a noção do que é belo muda de acordo com o tempo (dialética).
● Portanto, a produção de uma obra ou a definição de algo como belo depende
mais da cultura de uma determinada época.
● O que é considerado feio em certo período pode ser belo em outro.
O belo para a fenomenologia (séc. XX)
● A fenomenologia é uma corrente filosófica atual.
● Para os fenomenólogos a obra é única e pode ser entendida por meio da
experiência estética.
● Cada coisa tem uma forma singular de beleza.
● Não existe único de estética para se avaliar tudo.
Hoje em dia, numa visão fenomenológica, consideramos o belo como uma qualidade
de certos objetos singulares que nos são dados à percepção. Beleza é, também, a
imanência total de um sentido ao sensível, ou seja, a existência de um sentido
absolutamente inseparável do sensível. O objeto é belo porque realiza o seu destino, é
autêntico, é verdadeiramente segundo o seu modo de ser, isto é, é um objeto singular,
sensível, que carrega um significado que só pode ser percebido na experiência estética.
Não existe mais a ideia de um único valor estético a partir do qual julgamos todas
as obras. Cada objeto singular estabelece seu próprio tipo de beleza.
Em nosso tempo o interesse e a busca de
homens e mulheres por um corpo bonito,
magro, saudável é uma questão que
cotidianamente pode ser percebida
através dos mais diversos tipos de mídia.
Para Oliveira (2001) a beleza define-se
de um lado como uma questão
construída/exibida por discursos
normativos; e de outro, por ser uma
vivência pessoal, onde estão presentes
e interagindo nossas experiências e
escolhas.
As discussões sobre beleza e feiúra
‘alimentam’ a mídia, que percebe um
interesse natural do público por estes
temas.
O Feio
Mas e o Feio?
A discussão sobre o que é o feio se coloca junto com a discussão do que seja o belo. O
feio pode aparecer em uma obra de arte de duas maneiras:
● Em uma primeira, pode surgir como forma (estilo artístico feio).
● De outra maneira, pode aparecer como tema retratado (algo que não seja bonito
de ser apreciado).
Isso significa que uma obra de arte pode ser
feia?
A resposta é NÃO.
Não é nesses termos que se avalia uma obra de arte.
Elas são avaliadas de acordo com a sua originalidade e capacidade de mexer com
nossas sensibilidades.
Uma obra somente é feia se o artista não atingir os objetivos a que se propôs ao criá-la.
Só haverá obras feias na medida em que forem malfeitas, isto é, que não
correspondam plenamente a sua proposta. Em outras palavras, se houver uma obra
feia - neste último sentido -, não haverá obra de arte.
O Gosto
Educar o gosto?
Se quisermos educar o nosso gosto frente a um objeto estético, a subjetividade precisa
estar mais interessada em conhecer que em preferir. Para isso, ela deve entregar-se às
particularidades de cada objeto.
Nesse sentido, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos. É deixar
que cada uma das obras vá formando o nosso gosto, modificando-o. Se nós nos
limitarmos àquelas obras, sejam elas música, cinema, programas de televisão,
quadros, esculturas, edifícios, que já conhecemos e sabemos que gostamos, jamais
nosso gosto será ampliado. É a própria presença da obra de arte que forma o gosto:
torna-nos disponíveis, faz-nos deixar de lado as particularidades da subjetividade para
chegarmos ao universal.
Assim, a educação do gosto se dá dentro da experiência estética, que é a experiência
da presença tanto do objeto estético como do sujeito que o percebe. Ela se dá no
momento em que, em vez de impor os meus padrões à obra, deixo que essa mesma
obra se mostre a partir de suas regras internas, de sua configuração única. Em outras
palavras, no momento em que entro no mundo da obra, jogo o seu jogo de acordo com
suas regras e vou deixando aparecer alguns de seus muitos sentidos.
Isso não quer dizer que vá ser sempre fácil. Precisamos começar com obras que nos
estejam mais próximas, no sentido de serem mais fáceis de aceitar. E dar um passo de
cada vez. O importante é não parar no meio do caminho, pois o universo da arte é
muito rico e muito enriquecedor. Através dele, descobrimos o que o mundo pode ser e,
também, o que nós podemos ser e conhecer. Vale a pena.
Quem ama o feio,
bonito lhe
parece?
Quem ama o feio,
bonito lhe
parece?
Essa expressão popular significa que não há uma única forma de analisar o que é feio e o que
é bonito. Tratadas como objeto de estudo da Filosofia, essas expressões, o feio e o bonito,
proporcionaram a formulação de inúmeras ideias a seu respeito. Para muitos discutir o belo e o
feio é uma tarefa inútil, pois cada um vê o mundo da sua maneira, influenciado pela sua cultura
e pela sua educação que é diferente de pessoa para pessoa.
Concluindo tudo isso que acabamos de discutir: os conceitos de beleza e feiúra, os
problemas do gosto e a recepção estética constituem o território desse ramo da
filosofia denominado estética.
Exercícios
1. Compare o padrão de beleza feminina e masculina na Grécia, na Idade Média e no
Renascimento, através de esculturas e pinturas. Quais as alterações encontradas?
2. Compare os padrões de beleza de grupos étnicos diferentes, levantando seus
valores. Esses padrões são mostrados e respeitados em sua diversidade na nossa
sociedade?
3. Levante o padrão de beleza divulgado pela mídia. Ele está de acordo com a
composição da nossa população?
4. Qual o papel que a mídia/publicidade desempenham na formação do nosso gosto,
no que diz respeito ao padrão de beleza humana?
Bibliografia
http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2012/02/beleza-segundo-alguns-filosofos.html
https://sites.google.com/site/professordiegoobonito/temas-de-filosofia---feio-ou-
bonito-depende-do-gosto

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O belo e o feio

  • 1. O belo, o feio e a questão do gosto Prof.ª Ms. Aline Corso
  • 2. A beleza e a feiúra sempre estiveram entre as discussões presentes em todos os tempos, de todas as sociedades. A estética é um ramo da filosofia que se ocupa das questões tradicionalmente ligadas à arte, como o belo, o feio, o gosto, os estilos e as teorias da criação e da percepção artísticas. Do ponto de vista estritamente filosófico, a estética estuda racionalmente o belo e o sentimento que este desperta nos homens. Dessa forma, surge o uso corrente, comum, de estética como sinônimo de beleza.
  • 4. Será que podemos definir claramente o que é a beleza, ou será que esse é um conceito relativo, que vai depender da época, do país, da pessoa, enfim? Em outros termos, a beleza é um valor objetivo, que pertence ao objeto e pode ser medido, ou subjetivo, que pertence ao sujeito e que, portanto, poderá mudar de indivíduo para indivíduo? As respostas a essas perguntas variaram durante o decorrer da História!
  • 5. Gregos Os gregos, na Antiguidade, introduziram a primeira tese, pressupondo que o belo é uma característica das coisas belas e que certas proporções são belas por si mesmas. Os pitagóricos (século VI ao IV a.C.) descobriram que em todas as coisas há uma relação matemática, e, portanto, numérica. Não usavam o termo “beleza”, mas antes aquele de “harmonia”, que estava ligado ao número, à medida e à proporção. A sua concepção influenciou a arte grega e atingiu particularmente a música. Um outro fato do conhecimento dos pitagóricos era a relação do número de ouro, uma proporcionalidade que é encontrada na natureza e que também garante a harmonia das obras plásticas, quando entre o todo e a maior parte há a mesma relação que entre a maior e a menor parte, correspondendo a 1,618. É certo que os arquitetos e os escultores gregos empregavam esta relação nas suas criações.
  • 6. Proporção Áurea, Sequência de Fibonacci, Número de Ouro https://www.youtube.com/watch?v=58dmCj0wuKw
  • 7.
  • 8. Platão (séc. V a.C.) ● Para Platão, o belo está ligado a uma essência universal. ● O belo não depende de quem observa, pois está contido no próprio objeto. ● Esse é o ideal das Academias de Arte. ● Elas tentam fixar regras para a produção artística a partir de uma determinada concepção de belo.
  • 9.
  • 10. David Hume (séc. XVII) ● A Beleza é algo pessoal. ● Portanto, não pode ser discutido racionalmente. ● Como diz o ditado popular: “Gosto não se discute”.
  • 11.
  • 12. Immanuel Kant (séc. XVIII) ● O Belo é universal porque julgar algo é uma faculdade de qualquer ser humano. ● Todavia o critério de avaliação não é a razão, mas os sentimentos.
  • 13.
  • 14. Georg Hegel (séc. XIX) ● A arte, o gosto e a noção do que é belo muda de acordo com o tempo (dialética). ● Portanto, a produção de uma obra ou a definição de algo como belo depende mais da cultura de uma determinada época. ● O que é considerado feio em certo período pode ser belo em outro.
  • 15.
  • 16. O belo para a fenomenologia (séc. XX) ● A fenomenologia é uma corrente filosófica atual. ● Para os fenomenólogos a obra é única e pode ser entendida por meio da experiência estética. ● Cada coisa tem uma forma singular de beleza. ● Não existe único de estética para se avaliar tudo.
  • 17. Hoje em dia, numa visão fenomenológica, consideramos o belo como uma qualidade de certos objetos singulares que nos são dados à percepção. Beleza é, também, a imanência total de um sentido ao sensível, ou seja, a existência de um sentido absolutamente inseparável do sensível. O objeto é belo porque realiza o seu destino, é autêntico, é verdadeiramente segundo o seu modo de ser, isto é, é um objeto singular, sensível, que carrega um significado que só pode ser percebido na experiência estética. Não existe mais a ideia de um único valor estético a partir do qual julgamos todas as obras. Cada objeto singular estabelece seu próprio tipo de beleza.
  • 18.
  • 19. Em nosso tempo o interesse e a busca de homens e mulheres por um corpo bonito, magro, saudável é uma questão que cotidianamente pode ser percebida através dos mais diversos tipos de mídia.
  • 20. Para Oliveira (2001) a beleza define-se de um lado como uma questão construída/exibida por discursos normativos; e de outro, por ser uma vivência pessoal, onde estão presentes e interagindo nossas experiências e escolhas. As discussões sobre beleza e feiúra ‘alimentam’ a mídia, que percebe um interesse natural do público por estes temas.
  • 22. Mas e o Feio? A discussão sobre o que é o feio se coloca junto com a discussão do que seja o belo. O feio pode aparecer em uma obra de arte de duas maneiras: ● Em uma primeira, pode surgir como forma (estilo artístico feio). ● De outra maneira, pode aparecer como tema retratado (algo que não seja bonito de ser apreciado).
  • 23.
  • 24. Isso significa que uma obra de arte pode ser feia? A resposta é NÃO. Não é nesses termos que se avalia uma obra de arte. Elas são avaliadas de acordo com a sua originalidade e capacidade de mexer com nossas sensibilidades. Uma obra somente é feia se o artista não atingir os objetivos a que se propôs ao criá-la. Só haverá obras feias na medida em que forem malfeitas, isto é, que não correspondam plenamente a sua proposta. Em outras palavras, se houver uma obra feia - neste último sentido -, não haverá obra de arte.
  • 26. Educar o gosto? Se quisermos educar o nosso gosto frente a um objeto estético, a subjetividade precisa estar mais interessada em conhecer que em preferir. Para isso, ela deve entregar-se às particularidades de cada objeto. Nesse sentido, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos. É deixar que cada uma das obras vá formando o nosso gosto, modificando-o. Se nós nos limitarmos àquelas obras, sejam elas música, cinema, programas de televisão, quadros, esculturas, edifícios, que já conhecemos e sabemos que gostamos, jamais nosso gosto será ampliado. É a própria presença da obra de arte que forma o gosto: torna-nos disponíveis, faz-nos deixar de lado as particularidades da subjetividade para chegarmos ao universal.
  • 27. Assim, a educação do gosto se dá dentro da experiência estética, que é a experiência da presença tanto do objeto estético como do sujeito que o percebe. Ela se dá no momento em que, em vez de impor os meus padrões à obra, deixo que essa mesma obra se mostre a partir de suas regras internas, de sua configuração única. Em outras palavras, no momento em que entro no mundo da obra, jogo o seu jogo de acordo com suas regras e vou deixando aparecer alguns de seus muitos sentidos.
  • 28. Isso não quer dizer que vá ser sempre fácil. Precisamos começar com obras que nos estejam mais próximas, no sentido de serem mais fáceis de aceitar. E dar um passo de cada vez. O importante é não parar no meio do caminho, pois o universo da arte é muito rico e muito enriquecedor. Através dele, descobrimos o que o mundo pode ser e, também, o que nós podemos ser e conhecer. Vale a pena.
  • 29. Quem ama o feio, bonito lhe parece?
  • 30. Quem ama o feio, bonito lhe parece? Essa expressão popular significa que não há uma única forma de analisar o que é feio e o que é bonito. Tratadas como objeto de estudo da Filosofia, essas expressões, o feio e o bonito, proporcionaram a formulação de inúmeras ideias a seu respeito. Para muitos discutir o belo e o feio é uma tarefa inútil, pois cada um vê o mundo da sua maneira, influenciado pela sua cultura e pela sua educação que é diferente de pessoa para pessoa.
  • 31.
  • 32. Concluindo tudo isso que acabamos de discutir: os conceitos de beleza e feiúra, os problemas do gosto e a recepção estética constituem o território desse ramo da filosofia denominado estética.
  • 33. Exercícios 1. Compare o padrão de beleza feminina e masculina na Grécia, na Idade Média e no Renascimento, através de esculturas e pinturas. Quais as alterações encontradas? 2. Compare os padrões de beleza de grupos étnicos diferentes, levantando seus valores. Esses padrões são mostrados e respeitados em sua diversidade na nossa sociedade? 3. Levante o padrão de beleza divulgado pela mídia. Ele está de acordo com a composição da nossa população? 4. Qual o papel que a mídia/publicidade desempenham na formação do nosso gosto, no que diz respeito ao padrão de beleza humana?