SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 1
Downloaden Sie, um offline zu lesen
O RIO DE POSSIBILIDADES
Metrópole formada por convergências de diferentes territórios, uxos e culturas, São Paulo, em sua essência
plural e complexa, também é formada por crises – cada vez mais comuns em nossa cultura. Como uma obra
aberta, a cidade contém múltiplas interpretações e experiências, a sociedade constrói o lugar que habita de
acordo com seus desejos e valores.
São Paulo é uma cidade que nasceu entre rios e, por muito tempo, usufrui disto. O Rio Pinheiros, que nasce
do encontro do Rio Guarapiranga com o Rio Grande e desaguava no Rio Tietê, teve, com a construção de
pontes que permitiam a sua travessia, suas margens ocupadas que se tornaram locais privilegiados para
piqueniques, torneios de natação e regatas náuticas com a presença de clubes e moradia; além das estações
elevatórias que geravam energia elétrica.
Segundo Orlando Manso, lho de imigrantes italianos, nascido em 1919, a relação com o rio era direta.
Pessoas que habitavam a beira do rio tinham barcos. Navegavam pelo rio, muitas vezes até o cruzamento do
Rio Tietê com o Rio Pinheiros; as pessoas pescavam, pulavam e nadavam no rio limpo. Porém, com a nova
tecnologia das hidrelétricas, promoção da industrialização do Estado e, coincidentemente, com a enchente
que ocorreu em 1929, aconteceu um afastamento gradativo da cidade em relação ao rio. O processo de
industrialização induziu à mudança de comportamento e cultura das pessoas; a vinda de estruturas pré-
fabricadas e a produção industrial em larga escala, construção de rodovias (Plano de
Traçado original do Rio Pinheiros - Trabalho de Angela Kayo
Disponível em:< >. Acesso em: 14 fev. 2014.http://riopinheiros.wordpress.com/onde-passava-o-rio-pinheiros/
Clube Germânia, atual Clube Pinheiros
Disponível em:< http://blogs.estadao.com.br/blog-da-garoa/os-rios-da-
cidade-e-seu-passado-feliz/>. Acesso em: 14 fev. 2014.
Avenidas, de Prestes Maia) e a cultura do automóvel como
transporte individual, inuenciada pelo american way of life.
Estudos também provam que esse distanciamento ocorreu e como
isso se desenvolveu. A partir de uma parceria público-privado, a
Light São Paulo iniciou o processo de reticação do Rio Pinheiros,
com a desapropriação de milhões de metros quadrados entre os
anos 20 e 30, obras de infraestrutura e a reversão do uxo natural do
Rio Pinheiros (até os anos 50) para que recebesse águas do Rio Tietê,
alimentando a Usina Henry Borden, em Cubatão. De acordo com a
pesquisa de Angela Kayo, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
uma grande parcela dos imóveis desapropriados da várzea do Rio Pinheiros pertenceu à Light São Paulo,
onde a maioria das terras foi destinada à comercialização e o restante foi destinado à obra em si, como o
canal do rio, linhas de transmissão e construção das vias de acesso da Marginal Pinheiros, inaugurada nos
anos 70; além das obras de construção do ramal de Jurubatuba da Estrada de Ferro Sorocabana (1957), que
pertence atualmente à CPTM, na margem leste do rio. Aos poucos, a paisagem urbana ao redor do rio foi
completamente modicada; mudou-se o comportamento e o modo de viver em São Paulo.
O novo estilo de vida adotado parecia totalmente
eciente. A urbanização se fazia necessária, crescendo
num ritmo desenfreado e sem prever futuros
prejuízos. Indústrias se instalaram próximas às
margens, prédios se multiplicaram, automóveis
tomaram conta das ruas – onde o pedestre e o ciclista
“perderam vez”. A Marginal Pinheiros, pensada
inicialmente como alternativa, tornou-se a rota
principal de muitos paulistanos. O carro, que antes era
a melhor opção, tornou-se o responsável por
quilômetros de congestionamento e horas no
trânsito. A cidade e a população cresceram – e muito
-e muito – desde os primórdios da industrialização; porém em ritmos diferentes, que resulta na situação atual:
muitas pessoas, muitos carros, muitas ruas, pontes e viadutos, que ao invés de conectar, transformam a
malha urbana em um grande entroncamento de vias, com conexões falhas e muitas vezes inexistentes,
principalmente para pedestres e bicicletas (atual alternativa para fugir de trânsito).
Então, extrapolam-se os limites de um único lote. A crise na mobilidade urbana é uma questão presente no
cotidiano de todo paulistano. A m de focar em uma área onde o nó formado pelo sistema viário e as
conexões falhas entram em conito com o transporte individual e público, enaltecendo a falta de alternativas
que pedestres e ciclistas tem para circular, além de ser uma região onde o rio não passa de uma barreira física:
a Ponte do Socorro e seu entorno, na zona sul de São Paulo. Local com uxo intenso de de pessoas, servido de
uma infraestrutura urbana já ultrapassada e
antiga, com ligações beirando à ineciência e a
falta de segurança, a Ponte do Socorro liga três
eixos de grande importância para a cidade:
Avenidas Guarapiranga, Atlântica e Vitor Manzini
(com acesso para a Marginal), com grande
proximidade a bairros comerciais, como Largo
Treze e Santo Amaro. A região conta com a Estação
Socorro, da Linha 9 da CPTM, que liga o extremo
sul da cidade com áreas centrais.
O rio tornou-se um ponto negativo na cidade,
tratado como centro de dejetos e barreira física. A proximidade com o rio e tê-lo como algo bom na cidade
não faz mais parte da cultura paulistana, mesmo com projetos governamentais que buscam sua restauração:
Projeto Pomar Urbano (1999) – para devolver a vida das margens do rio com plantio de mudas – e a Ciclovia
do Rio Pinheiros (2010) com 19 quilômetros de extensão, além da tentativa de limpá-lo, processo em ação
desde 1998. De certa forma, essas iniciativas restauraram um pouco do convívio com o rio.
Partindo dessa crise, o projeto prevê novas conexões, a revitalização da região e a reaproximação com o rio. O
uxo de pedestres, que está contido em apenas atravessar a ponte, sem qualquer proximidade com o rio,
será enaltecido com novas conexões e requalicação das pré-existentes, buscando conectá-los de um lado a outro
do rio e com o restante da cidade; os pedestres e os ciclistas ganham maior espaço com modicações simples no
viário e instalações de pequenos equipamentos urbanos que atendem demandas menores - a curto prazo.
A partir dessas pequenas modicações, desdobram-se intervenções de maior porte, como a requalicação das
áreas verdes - para uma cidade que carece de áreas públicas permeáveis e priorizando (re)conexões e opções de
caminhos. Inspirado em histórias de outros rios que se reconectaram à cidade - Rio Sena, em Paris e o Rio Tâmisa,
em Londres - o projeto tem como foco utilizar o rio como uma alternativa para o transporte, partindo da ideia de
um rio despoluído, buscando alternativas de uxos e um rio que conecta a cidade e a população não só em uma
escala geográca, também em uma escala social; propondo uma cidade mais democrática e com maior qualidade
de vida - uma utopia talvez não tão distante.
Falha nas conexões: Ciclistas só conseguem circular pela
ciclovia, que tem poucos pontos de acesso. Porém, muitos
ciclistas arriscam-se pela Ponte do Socorro para atravessar o
rio, além de utilizar a pequena passarela que há para
pedestres, tornando o uxo turbulento. O pedestre não
consegue acessar, em momento algum, as margens do rio e a
travessia pela Ponte do Socorro é estreita e desconfortável,
com poucos acessos à Marginal – que já não privilegia o
pedestre. O rio, por ser extremamente poluído, não possui
nenhum tipo de opção de transporte hidroviário, o que seria
uma excelente alternativa em tempos de crise na mobilidade
urbana.
Fluxo de bicicletas: Visando ligações ecientes para
pedestres e ciclistas, o projeto conta com novas opções de
caminhos e vias, buscando conectá-los não somente de um
lado a outro do rio, também com o restante da cidade;
dessa forma, os ciclistas ganham maior espaço na Ponte do
Socorro, com possibilidade de expansão dessas ciclofaixas,
e acessos da Ponte à ciclovia – esta, que também contará
com melhorias na paisagem e nas margens do rio,
requalicando a área verde que está ali e com a instalação
de bicicletários.
Fluxos de pedestres: atualmente, o uxo está contido
apenas em atravessar a ponte, sem qualquer proximidade
com o rio ou possibilidade de transitar pelas margens e
áreas verdes existentes. O acesso do pedestre da ponte à
Marginal é feito por uma escadaria abandonada, não
possui corrimãos e acaba em uma rua sem saída. O projeto
propõe que o pedestre seja privilegiado na questão dos
uxos: além da ampliação das vias para pedestre e melhoria
dos acessos, tanto para a Marginal quanto para as margens
do rio, o projeto conta com a despoluição do Rio Pinheiros,
instalação de um Centro Cultural, utilizando os dutos
existentes, ligando-o à ponte e às margens do rio – que
funciona, também, como um mirante da região.
Transportes públicos: Atualmente, a região conta
apenas com duas modalidades de transporte público:
ônibus e trem. Considerando que essas duas modalidades
não suprem por completo a necessidade da população,
uma das propostas do projeto é utilizar o rio como uma
alternativa para o transporte, partindo da ideia de um rio
despoluído – como o Rio Tâmisa, em Londres e o Rio Sena,
em Paris – contando com decks nas duas margens do rio e
barcos para transportar as pessoas de uma margem à outra
e ao longo do rio.
Ciclista na
Ponte Socorro
Marginal e Ponte Socorro
Escada de acesso à
Ponte Socorro
Duto em frente a Ponte SocorroEstação Socorro, ciclovia e duto
Corte - situação atual Corte - projeto
0 30 105
Ponte Socorro Estação Socorro
Marginal Pinheiros Marginal Pinheiros
Centro Cultural Estação Socorro
Uso misto
Parque e bicicletário
Planta
0 9020
Parque linear
Uso misto:
galerias no térreo
e habitação
multifamiliar
Croquis iniciais do projeto:
vista aérea
Croquis da ideia:
vista da marginal pinheiros

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...
Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...
Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...Fundação Fernando Henrique Cardoso
 
Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.douglasmsiqueira
 
Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.douglasmsiqueira
 
Boletim Eletrônico n.6
Boletim Eletrônico n.6Boletim Eletrônico n.6
Boletim Eletrônico n.6Vânia Galvão
 
Cronologia do Transporte na Cidade de SP
Cronologia do Transporte na Cidade de SPCronologia do Transporte na Cidade de SP
Cronologia do Transporte na Cidade de SPEstevão Brizante
 
Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016
Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016
Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016Câmara Municipal de Coimbra
 
363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...
363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...
363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...Câmara Municipal de Coimbra
 
Património Cultural Português - Moinhos de Portugal - Artur Filipe dos Santos
Património Cultural Português - Moinhos de Portugal -  Artur Filipe dos SantosPatrimónio Cultural Português - Moinhos de Portugal -  Artur Filipe dos Santos
Património Cultural Português - Moinhos de Portugal - Artur Filipe dos SantosArtur Filipe dos Santos
 
“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...
“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...
“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...Diamantino Augusto Sardinha Neto
 
Catanese quinzenal 02
Catanese quinzenal 02Catanese quinzenal 02
Catanese quinzenal 02rcatanese
 
Locações de Caminhões Pipa
Locações de Caminhões PipaLocações de Caminhões Pipa
Locações de Caminhões PipaÁgua Líder
 
Poluição dos rio tieitê
Poluição dos rio tieitêPoluição dos rio tieitê
Poluição dos rio tieitêLuh1
 

Was ist angesagt? (20)

Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...
Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...
Despoluição do Pinheiros: o que pode significar para a cidade? - Rodolfo Cost...
 
Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.
 
Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.Apresentação pier park tietê.
Apresentação pier park tietê.
 
Boletim Eletrônico n.6
Boletim Eletrônico n.6Boletim Eletrônico n.6
Boletim Eletrônico n.6
 
86 JTR 15 à 30 de novembro de 2013
86 JTR 15 à 30 de novembro de 201386 JTR 15 à 30 de novembro de 2013
86 JTR 15 à 30 de novembro de 2013
 
Cronologia do Transporte na Cidade de SP
Cronologia do Transporte na Cidade de SPCronologia do Transporte na Cidade de SP
Cronologia do Transporte na Cidade de SP
 
Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016
Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016
Reunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 10.10.2016
 
363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...
363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...
363 reuniao cReunião do executivo da Câmara Municipal de Coimbra - 15.02.2016...
 
Património Cultural Português - Moinhos de Portugal - Artur Filipe dos Santos
Património Cultural Português - Moinhos de Portugal -  Artur Filipe dos SantosPatrimónio Cultural Português - Moinhos de Portugal -  Artur Filipe dos Santos
Património Cultural Português - Moinhos de Portugal - Artur Filipe dos Santos
 
Informativo insp 74
Informativo insp   74Informativo insp   74
Informativo insp 74
 
“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...
“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...
“IMPACTOS URBANÍSTICOS E SOCIAIS DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ: O CASO DA FREGUESIA...
 
Esgoto de tempo seco parte 2
Esgoto de tempo seco   parte 2Esgoto de tempo seco   parte 2
Esgoto de tempo seco parte 2
 
Catanese quinzenal 02
Catanese quinzenal 02Catanese quinzenal 02
Catanese quinzenal 02
 
Informativo insp 18
Informativo insp   18Informativo insp   18
Informativo insp 18
 
Locações de Caminhões Pipa
Locações de Caminhões PipaLocações de Caminhões Pipa
Locações de Caminhões Pipa
 
Informativo insp 53
Informativo insp   53Informativo insp   53
Informativo insp 53
 
Ponte ilhéu4
Ponte ilhéu4Ponte ilhéu4
Ponte ilhéu4
 
3o coloquio Brasil-Portugal
3o coloquio Brasil-Portugal3o coloquio Brasil-Portugal
3o coloquio Brasil-Portugal
 
Informativo insp 65
Informativo insp   65Informativo insp   65
Informativo insp 65
 
Poluição dos rio tieitê
Poluição dos rio tieitêPoluição dos rio tieitê
Poluição dos rio tieitê
 

Ähnlich wie Rio de Possibilidades: revitalização da região da Ponte do Socorro

Ähnlich wie Rio de Possibilidades: revitalização da região da Ponte do Socorro (20)

Informativo insp 69
Informativo insp   69Informativo insp   69
Informativo insp 69
 
Informativo insp 42
Informativo insp   42Informativo insp   42
Informativo insp 42
 
Informativo insp 45
Informativo insp   45Informativo insp   45
Informativo insp 45
 
Informativo insp 22
Informativo insp   22Informativo insp   22
Informativo insp 22
 
Informativo insp 52
Informativo insp   52Informativo insp   52
Informativo insp 52
 
Projeto Rio Tamanduateí.pptxAAAAAAAAAAAAAAAAA
Projeto Rio Tamanduateí.pptxAAAAAAAAAAAAAAAAAProjeto Rio Tamanduateí.pptxAAAAAAAAAAAAAAAAA
Projeto Rio Tamanduateí.pptxAAAAAAAAAAAAAAAAA
 
Capítulo 04 vias exclusivas para pedestres e os calçadões curitibanos
Capítulo 04 vias exclusivas para pedestres e os calçadões curitibanosCapítulo 04 vias exclusivas para pedestres e os calçadões curitibanos
Capítulo 04 vias exclusivas para pedestres e os calçadões curitibanos
 
Observatório da Cidade_Orla Maracanã
Observatório da Cidade_Orla MaracanãObservatório da Cidade_Orla Maracanã
Observatório da Cidade_Orla Maracanã
 
áGuas de bh
áGuas de bháGuas de bh
áGuas de bh
 
Informativo INSP 79
Informativo INSP   79Informativo INSP   79
Informativo INSP 79
 
Daniel grisotto
Daniel grisottoDaniel grisotto
Daniel grisotto
 
Informativo insp 15
Informativo insp   15Informativo insp   15
Informativo insp 15
 
Informativo insp 51
Informativo insp   51Informativo insp   51
Informativo insp 51
 
Informativo insp 51
Informativo insp   51Informativo insp   51
Informativo insp 51
 
Final Undergraduate Project december_2012
Final Undergraduate Project december_2012Final Undergraduate Project december_2012
Final Undergraduate Project december_2012
 
Observatório da Cidade_Parque Linear Voluntários da Pátria
Observatório da Cidade_Parque Linear Voluntários da PátriaObservatório da Cidade_Parque Linear Voluntários da Pátria
Observatório da Cidade_Parque Linear Voluntários da Pátria
 
Informativo insp 14
Informativo insp   14Informativo insp   14
Informativo insp 14
 
Trabalho: viaduto st. tereza
Trabalho: viaduto st. terezaTrabalho: viaduto st. tereza
Trabalho: viaduto st. tereza
 
STUB - Transportes Urbanos de Braganca
STUB - Transportes Urbanos de BragancaSTUB - Transportes Urbanos de Braganca
STUB - Transportes Urbanos de Braganca
 
Narração
NarraçãoNarração
Narração
 

Kürzlich hochgeladen

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 

Rio de Possibilidades: revitalização da região da Ponte do Socorro

  • 1. O RIO DE POSSIBILIDADES Metrópole formada por convergências de diferentes territórios, uxos e culturas, São Paulo, em sua essência plural e complexa, também é formada por crises – cada vez mais comuns em nossa cultura. Como uma obra aberta, a cidade contém múltiplas interpretações e experiências, a sociedade constrói o lugar que habita de acordo com seus desejos e valores. São Paulo é uma cidade que nasceu entre rios e, por muito tempo, usufrui disto. O Rio Pinheiros, que nasce do encontro do Rio Guarapiranga com o Rio Grande e desaguava no Rio Tietê, teve, com a construção de pontes que permitiam a sua travessia, suas margens ocupadas que se tornaram locais privilegiados para piqueniques, torneios de natação e regatas náuticas com a presença de clubes e moradia; além das estações elevatórias que geravam energia elétrica. Segundo Orlando Manso, lho de imigrantes italianos, nascido em 1919, a relação com o rio era direta. Pessoas que habitavam a beira do rio tinham barcos. Navegavam pelo rio, muitas vezes até o cruzamento do Rio Tietê com o Rio Pinheiros; as pessoas pescavam, pulavam e nadavam no rio limpo. Porém, com a nova tecnologia das hidrelétricas, promoção da industrialização do Estado e, coincidentemente, com a enchente que ocorreu em 1929, aconteceu um afastamento gradativo da cidade em relação ao rio. O processo de industrialização induziu à mudança de comportamento e cultura das pessoas; a vinda de estruturas pré- fabricadas e a produção industrial em larga escala, construção de rodovias (Plano de Traçado original do Rio Pinheiros - Trabalho de Angela Kayo Disponível em:< >. Acesso em: 14 fev. 2014.http://riopinheiros.wordpress.com/onde-passava-o-rio-pinheiros/ Clube Germânia, atual Clube Pinheiros Disponível em:< http://blogs.estadao.com.br/blog-da-garoa/os-rios-da- cidade-e-seu-passado-feliz/>. Acesso em: 14 fev. 2014. Avenidas, de Prestes Maia) e a cultura do automóvel como transporte individual, inuenciada pelo american way of life. Estudos também provam que esse distanciamento ocorreu e como isso se desenvolveu. A partir de uma parceria público-privado, a Light São Paulo iniciou o processo de reticação do Rio Pinheiros, com a desapropriação de milhões de metros quadrados entre os anos 20 e 30, obras de infraestrutura e a reversão do uxo natural do Rio Pinheiros (até os anos 50) para que recebesse águas do Rio Tietê, alimentando a Usina Henry Borden, em Cubatão. De acordo com a pesquisa de Angela Kayo, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, uma grande parcela dos imóveis desapropriados da várzea do Rio Pinheiros pertenceu à Light São Paulo, onde a maioria das terras foi destinada à comercialização e o restante foi destinado à obra em si, como o canal do rio, linhas de transmissão e construção das vias de acesso da Marginal Pinheiros, inaugurada nos anos 70; além das obras de construção do ramal de Jurubatuba da Estrada de Ferro Sorocabana (1957), que pertence atualmente à CPTM, na margem leste do rio. Aos poucos, a paisagem urbana ao redor do rio foi completamente modicada; mudou-se o comportamento e o modo de viver em São Paulo. O novo estilo de vida adotado parecia totalmente eciente. A urbanização se fazia necessária, crescendo num ritmo desenfreado e sem prever futuros prejuízos. Indústrias se instalaram próximas às margens, prédios se multiplicaram, automóveis tomaram conta das ruas – onde o pedestre e o ciclista “perderam vez”. A Marginal Pinheiros, pensada inicialmente como alternativa, tornou-se a rota principal de muitos paulistanos. O carro, que antes era a melhor opção, tornou-se o responsável por quilômetros de congestionamento e horas no trânsito. A cidade e a população cresceram – e muito -e muito – desde os primórdios da industrialização; porém em ritmos diferentes, que resulta na situação atual: muitas pessoas, muitos carros, muitas ruas, pontes e viadutos, que ao invés de conectar, transformam a malha urbana em um grande entroncamento de vias, com conexões falhas e muitas vezes inexistentes, principalmente para pedestres e bicicletas (atual alternativa para fugir de trânsito). Então, extrapolam-se os limites de um único lote. A crise na mobilidade urbana é uma questão presente no cotidiano de todo paulistano. A m de focar em uma área onde o nó formado pelo sistema viário e as conexões falhas entram em conito com o transporte individual e público, enaltecendo a falta de alternativas que pedestres e ciclistas tem para circular, além de ser uma região onde o rio não passa de uma barreira física: a Ponte do Socorro e seu entorno, na zona sul de São Paulo. Local com uxo intenso de de pessoas, servido de uma infraestrutura urbana já ultrapassada e antiga, com ligações beirando à ineciência e a falta de segurança, a Ponte do Socorro liga três eixos de grande importância para a cidade: Avenidas Guarapiranga, Atlântica e Vitor Manzini (com acesso para a Marginal), com grande proximidade a bairros comerciais, como Largo Treze e Santo Amaro. A região conta com a Estação Socorro, da Linha 9 da CPTM, que liga o extremo sul da cidade com áreas centrais. O rio tornou-se um ponto negativo na cidade, tratado como centro de dejetos e barreira física. A proximidade com o rio e tê-lo como algo bom na cidade não faz mais parte da cultura paulistana, mesmo com projetos governamentais que buscam sua restauração: Projeto Pomar Urbano (1999) – para devolver a vida das margens do rio com plantio de mudas – e a Ciclovia do Rio Pinheiros (2010) com 19 quilômetros de extensão, além da tentativa de limpá-lo, processo em ação desde 1998. De certa forma, essas iniciativas restauraram um pouco do convívio com o rio. Partindo dessa crise, o projeto prevê novas conexões, a revitalização da região e a reaproximação com o rio. O uxo de pedestres, que está contido em apenas atravessar a ponte, sem qualquer proximidade com o rio, será enaltecido com novas conexões e requalicação das pré-existentes, buscando conectá-los de um lado a outro do rio e com o restante da cidade; os pedestres e os ciclistas ganham maior espaço com modicações simples no viário e instalações de pequenos equipamentos urbanos que atendem demandas menores - a curto prazo. A partir dessas pequenas modicações, desdobram-se intervenções de maior porte, como a requalicação das áreas verdes - para uma cidade que carece de áreas públicas permeáveis e priorizando (re)conexões e opções de caminhos. Inspirado em histórias de outros rios que se reconectaram à cidade - Rio Sena, em Paris e o Rio Tâmisa, em Londres - o projeto tem como foco utilizar o rio como uma alternativa para o transporte, partindo da ideia de um rio despoluído, buscando alternativas de uxos e um rio que conecta a cidade e a população não só em uma escala geográca, também em uma escala social; propondo uma cidade mais democrática e com maior qualidade de vida - uma utopia talvez não tão distante. Falha nas conexões: Ciclistas só conseguem circular pela ciclovia, que tem poucos pontos de acesso. Porém, muitos ciclistas arriscam-se pela Ponte do Socorro para atravessar o rio, além de utilizar a pequena passarela que há para pedestres, tornando o uxo turbulento. O pedestre não consegue acessar, em momento algum, as margens do rio e a travessia pela Ponte do Socorro é estreita e desconfortável, com poucos acessos à Marginal – que já não privilegia o pedestre. O rio, por ser extremamente poluído, não possui nenhum tipo de opção de transporte hidroviário, o que seria uma excelente alternativa em tempos de crise na mobilidade urbana. Fluxo de bicicletas: Visando ligações ecientes para pedestres e ciclistas, o projeto conta com novas opções de caminhos e vias, buscando conectá-los não somente de um lado a outro do rio, também com o restante da cidade; dessa forma, os ciclistas ganham maior espaço na Ponte do Socorro, com possibilidade de expansão dessas ciclofaixas, e acessos da Ponte à ciclovia – esta, que também contará com melhorias na paisagem e nas margens do rio, requalicando a área verde que está ali e com a instalação de bicicletários. Fluxos de pedestres: atualmente, o uxo está contido apenas em atravessar a ponte, sem qualquer proximidade com o rio ou possibilidade de transitar pelas margens e áreas verdes existentes. O acesso do pedestre da ponte à Marginal é feito por uma escadaria abandonada, não possui corrimãos e acaba em uma rua sem saída. O projeto propõe que o pedestre seja privilegiado na questão dos uxos: além da ampliação das vias para pedestre e melhoria dos acessos, tanto para a Marginal quanto para as margens do rio, o projeto conta com a despoluição do Rio Pinheiros, instalação de um Centro Cultural, utilizando os dutos existentes, ligando-o à ponte e às margens do rio – que funciona, também, como um mirante da região. Transportes públicos: Atualmente, a região conta apenas com duas modalidades de transporte público: ônibus e trem. Considerando que essas duas modalidades não suprem por completo a necessidade da população, uma das propostas do projeto é utilizar o rio como uma alternativa para o transporte, partindo da ideia de um rio despoluído – como o Rio Tâmisa, em Londres e o Rio Sena, em Paris – contando com decks nas duas margens do rio e barcos para transportar as pessoas de uma margem à outra e ao longo do rio. Ciclista na Ponte Socorro Marginal e Ponte Socorro Escada de acesso à Ponte Socorro Duto em frente a Ponte SocorroEstação Socorro, ciclovia e duto Corte - situação atual Corte - projeto 0 30 105 Ponte Socorro Estação Socorro Marginal Pinheiros Marginal Pinheiros Centro Cultural Estação Socorro Uso misto Parque e bicicletário Planta 0 9020 Parque linear Uso misto: galerias no térreo e habitação multifamiliar Croquis iniciais do projeto: vista aérea Croquis da ideia: vista da marginal pinheiros