1. A ORAÇÃO E SUAS FORMAS DE EXPRESSÃO
Estudo 11- A ORAÇÃO E SUAS FORMAS DE EXPRESSÃO
Texto: Salmo 139
Até aqui estivemos meditando sobre os princípios bíblicos da oração genuína e sobre a experiência dos
servos de Deus no passado neste precioso trabalho da alma: a oração.
Neste estudo, estaremos refletindo sobre algumas das formas de expressão que a oração pode assumir,
quando se trata de fazermos uso dela para manifestarmos a Deus um conteúdo específico.
Sendo assim, iniciaremos com a oração de adoração.
Considerando que, antes de qualquer manifestação objetiva, a adoração é um desejo de cultuar e
glorificar a Deus que nasce na intimidade de um coração reconhecido da grandeza, da majestade, do
amor e da bondade de Deus, toda oração verdadeira pode ser compreendida como ato de adoração.
Como poderia o homem aproximar-se de Deus em oração sem esse reconhecimento?
Ocorre que, ainda que seja assim, há momentos em que a oração assume a forma específica de
adoração. Melhor dizendo, há momentos em que nos servimos da oração como meio principal para
apresentarmos a Deus o nosso louvor e bendizermos o seu nome. De igual modo, há momentos em que
a adoração a Deus é o motivo central e o principal assunto da nossa oração, visto que nada mais
desejamos naquela hora além de exaltarmos e engrandecermos a Deus pelo que Ele é e pelo que Ele faz.
Frequentemente, a oração de adoração vem acompanhada da oração de gratidão, de tal modo que louvor
e ação de graças se associam numa única forma de oração.
O Salmo 138 é um bom exemplo desta associação de gratidão e adoração: “Graças te dou de todo o meu
coração; diante dos deuses a ti canto louvores. Inclino-me para o teu santo templo, e louvo o teu nome
pela tua benignidade, e pela tua fidelidade; pois engrandeceste acima de tudo o teu nome e a tua
palavra” (v.1-2).
A seguir, destacamos outra forma, talvez a mais usual: a oração de petição. Aquela em que
apresentamos a Deus as nossas necessidades e suplicamos em nosso próprio favor.
Por vezes, esta forma de oração tem sido criticada sob o argumento de se tratar de uma oração egoísta.
Outros dizem que temos muito a agradecer a Deus e, por isso, não deveríamos nos preocupar tanto em
pedir.
Porém, não seria essa uma forma sutil, para não dizer perigosa, de escondermos sentimentos de orgulho
e autossuficiência?
A ausência de gratidão é uma falta grave que não devemos cometer. Contudo, a petição é absolutamente
necessária em nossa vida. Quem de nós poderia subsistir sem o favor de Deus? Qual o homem que, de si
mesmo, possui recursos para enfrentar e vencer as adversidades da vida?
Somos todos dependentes da graça, da bondade e do poder de Deus. Além do mais, a Bíblia ensina e
recomenda a oração de petição em diversos dos seus textos.
É bom lembrar, no entanto, que o Espírito Santo nos adverte através do apóstolo Tiago a não pedirmos
mal, porque se o fizermos nada receberemos (Tiago 4:3).
Entretanto, ser cuidadoso em não fazer petições imaturas e levianas não significa deixar de pedir. O
mesmo apóstolo, no verso anterior, diz: “Nada tendes, porque não pedis”.
Tanto é assim que o próprio Senhor Jesus é quem melhor nos instrui e mais nos incentiva, recomenda e
encoraja a fazermos a oração de petição quando diz: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus
7:7-8).
2. Como extensão da oração de petição, temos a oração de intercessão, através da qual a nossa petição é
feita em favor de outra pessoa.
A intercessão é uma forma de levarmos as cargas uns dos outros (Gálatas 6:2). É um ministério do qual
todos nós tomamos parte, embora alguns recebam um chamado especial do Espírito Santo para que se
atenham com maior dedicação a esta tarefa.
Pela intercessão, as profundas necessidades de outras pessoas são encaminhadas ao trono de Deus;
graves problemas são sanados e até mesmo evitados; vidas são abençoadas.
Por isso, estejamos prontos a interceder, lembrando que Jesus é o supremo e eterno intercessor que
confirma junto ao Pai a nossa intercessão (Romanos 8:34; Hebreus 7:25).
Há, entretanto, outra forma que, pelo seu conteúdo principal, torna-se indispensável àqueles que
desejam desenvolver uma autêntica vida de oração. É a oração de submissão. Por meio dela
expressamos a Deus o nosso desejo de sermos moldados pelo seu Espírito. Isto implica em submeter-nos
a um processo progressivo de transformações para nos tornarmos mais semelhantes a Jesus.
Para tanto, é necessário que estejamos dispostos a reconhecer e a nos despojarmos de tudo aquilo que
possa prejudicar o nosso aperfeiçoamento espiritual.
Sendo assim, a oração de submissão requer de nós um autêntico sentimento de humildade, onde não há
lugar para a superestima que leva à arrogância, nem para a subestima que produz uma pretensa
humildade. A verdadeira humildade nos leva a ver-nos como de fato somos e nos conduz, em submissão,
à graça e ao poder de Deus. Graça e poder que transformam o homem para melhor.
Sendo assim, é bom lembrarmos que toda oração verdadeira exclui a arrogância e deixa de fora todas as
pretensões humanas.
O Senhor Jesus nos ensina a esse respeito com a parábola do fariseu e do publicano que foram ao templo
para orar. Enquanto o fariseu confiava em si mesmo e exaltava a si mesmo, crendo que era justo, e
desprezava os outros, o publicano apenas disse: “Ó Deus, sê propício a mim pecador”. Jesus conclui,
dizendo que o publicano, aquele que orou com verdadeira humildade, saiu justificado. Já o fariseu,
aquele que orou com tanta arrogância, não alcançou a pretendida justificação. Isto porque, diz Jesus,
“todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado” (Lucas 18:9-14).
Por isso, façamos sempre a nossa oração de submissão à graça e ao poder de Deus que nos transformam
para melhor.
Ao fazê-la, lembremos que o exame feito por nós mesmos, por mais honesto que seja, é sempre
imperfeito devido às nossas limitações humanas, carecendo sempre do exame feito pelo Espírito de Deus
que “esquadrinha todos os corações, e penetra todos os desígnios e pensamentos” (I Crônicas 28:9).
Sendo assim, devemos concluir a nossa oração de submissão como fez Davi no Salmo 139:23-24:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em
mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno”.
Que Deus nos abençoe e ajude. Amém.