O documento discute a Estratégia de Saúde da Família e suas interfaces com a Saúde Mental. A estratégia envolve equipes multiprofissionais que acompanham famílias em áreas geográficas definidas, promovendo saúde, prevenção e tratamento. Existem desafios como situações de vulnerabilidade e dependência química que demandam novas abordagens como o trabalho em rede e a bricolagem clínica para produzir soluções adaptadas a cada território.
HOSPITAL SÃO JOÃO DE DEUS (parte 2): CLÍNICA DA ESCUTA À CLÍNICA DO SUJEITO
Saúde da Família e interfaces com a Saúde Mental
1. Estratégia de Saúde da Família e suas interfaces com a Saúde Mental Alexandre Simões Junho 2011
2. Saúde da Família: estratégia de reorientação do modelo assistencial, instrumentalizada pelas ações de equipes multiprofissionais em uma lógica afeita às complexidades do território Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde da comunidade.
3. Vale desde já lembrar que todo território tem fronteiras
4. O PSF - Programa Saúde da Família - é tido como uma das principais estratégias de reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais neste nível de assistência. Traz, portanto, muitos e complexos desafios a serem superados para consolidar-se enquanto tal.
5. Após as duas décadas de vigência do SUS em nosso país, verifica-se, de forma cada vez mais ampla, o reconhecimento acerca da importância de se criar um novo modo de produzir saúde
6. Desde há alguns anos, o PSF é definido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), ao invés de somente programa, visto que o termo programa usualmente aponta para uma atividade com instalação, início, desenvolvimento, conclusão e desmontagem. A ESF comporta em sua perspectiva areorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização.
7. Estes pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior (nitidamente calcado na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado) encontra, em relação aos recursos humanos para o SUS, desafios
8. Desafios: fronteiras Situações de vulnerabilidade e risco de crianças, adolescentes e idosos (as interfaces com o as figuras do excesso); b) Drogadições; c) Situações de crises que põem em xeque a territorialidade;
10. A equipe, o local, os fazeres, a instituição: como dispositivos
11. Dispositivo: é uma montagem ou artifício produtor de inovações que gera acontecimentos diversos, atualiza virtualidades e inventa a possibilidade do novo.
13. Trabalhar com a bricolagem seria produzir algo novo a partir de fragmentos de outros objetos/dejetos (esquecidos, ejetados, presenteados, etc.), no qual se podem perceber as partes ou pedaços anteriores. Não podemos nos esquivar do corpo-órgãos como portando esta dimensão (corpo-órgãos-metabolismo em frangalhos) A idéia de que “isso sempre pode servir” (muitas vezes a partir de pouco) percorre a prática da bricolagem. Enfim, trata-se de uma reterritorialização É um constante exercício das ‘maneiras de lidar com’ e da produção de vida face (e, às vezes, de encontro) à vida produtiva.
14. Por conseguinte, o bricoleur seria aquele capaz de transformar e de utilizar no seu trabalho quaisquer materiais encontrados. Ele sempre busca fazer com que determinado material sirva na construção de outra categoria (no caso, de sujeito)
15. Trata-se de inventar uma nova ordem de articulações que fomente o compromisso das equipes com a produção de saúde, sem cobrar-lhes onisciência ou onipotência