1) A tese analisa a evolução e expansão recente da agropecuária no Centro-Oeste brasileiro, com foco na soja, cana-de-açúcar e pecuária bovina.
2) A hipótese é que o crescimento ainda ocorre de forma expansiva, apesar de novas tecnologias e debates sobre preservação ambiental.
3) Os capítulos analisam a dinâmica de expansão das culturas, seus efeitos nos biomas, e a efetividade de zoneamentos e conselhos ambientais.
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
A expansão da agropecuária no Centro-Oeste: soja, cana e pecuária em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
1. TESE - INSTITUTO DE ECONOMIA
UNICAMP
O DESENVOLVIMENTO E A EXPANSÃO RECENTE
DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
NO CENTRO-OESTE
Vivian Helena Capacle Correa
Orientador: Prof. Dr. Walter Belik
2. Objetivos
• Analisar a evolução da agropecuária no Centro-Oeste
• Destaque para :
Soja: maior produtor nacional
Efeitos para os Biomas:
Cana-de-Açúcar: Nova Fronteira Agrícola
Cerrado
Pecuária Bovina: maior dinamismo a partir dos anos
70, atividade desbravadora
Pantanal
Amazônia
• Qual a dinâmica de expansão dessas produções?
• Qual é a efetividade dos Zoneamento EconômicoEcológico e Conselhos Municipais de Meio Ambiente
3. Hipótese
O crescimento da agropecuária na Região Centro-Oeste
do país ainda ocorre pela forma expansiva de produção
e de ocupação de novas áreas, apesar da introdução de
tecnologias de produção e do debate público sobre a
preservação dos biomas e dos ambientes florestais.
5. 1º Capítulo
• Revisão bibliográfica sobre expansão da agropecuária no
Centro-Oeste;
• Políticas públicas de estímulo à expansão;
• Evolução da área plantada das principais culturas;
• Análise da Substituição de culturas;
• Utilizados: Dados IBGE - PAM de 1990 à 2009
Censos Agropecuários de 1985, 1995 e 2006
6. 2º Capítulo
• Destaque para as principais culturas e Identificação dos
principais Estados produtores:
• Caracterização das produções, unidades industriais de
soja, evolução da área de pastagem;
• Análise da Contribuição da Área e Contribuição do
Rendimento
Dados IBGE - PAM de 1990 à 2009
Censos Agropecuários de 1985, 1995 e 2006
Elaboração de MAPAS – Software PHILCARTHO
7. 3º Capítulo
• Características específicas das produções dominantes:
Soja e Pecuária = Mato Grosso
Cana-de-açúcar = Mato Grosso do Sul e Goiás
• Identificação dos Principais municípios produtores
para posterior análise sobre os Conselhos Municipais de
Meio-Ambiente
• Apresentação das unidades industriais de açúcar e
etanol em MS e GO
•
Áreas de produção
bioma
Particularidades Pecuária
Condições Pastos
Bovina em MT
Cria-recria-engorda
8. 4º Capítulo
• Revisão Bibliográfica
• Análise dos Danos Ambientais sobre os BIOMAS do
Centro-Oeste pela expansão da agropecuária
• Mapas e Tabelas sobre desmatamento
IBGE
Ministério Meio Ambiente
IMAZON
PRODES
9. 5º Capítulo
• Conselhos Municipais de Meio Ambiente (CMMA)
• Zoneamento Econômico-Econômico (ZEE)
Marco Regulatório da LEI nos Estados
• Resultado das Entrevistas aos agentes que atuam no
setor da cana, soja e pecuária no Centro-Oeste
11. Gráficos 3, 4 e 5: Efetivo Bovino, Composição da
participação nas regiões
220.000
200.000
1990
N
9%
CO
180.000
31%
NE
18%
Milhares de cabeças bovinas
160.000
140.000
120.000
2009
100.000
S
80.000
17%
SE
25%
N
20%
CO
34%
60.000
40.000
NE
14%
20.000
Brasil
Norte
Nordeste
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal, 2011.
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
2009
2008
SE
19%
2007
2006
2005
2004
S
14%
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
1990
0
12. id
ad
e
Efeito Escala – Efeito Substituição
Centro-Oeste 1995-2006
At
iv
• Método indicativo e não determinístico
Efeito Escala Efeito Substituição
Algodão Herbáceo
8.108
279.247
• Supõe: produtos que tiveram61 expansão 396 área
de
Alho
Pastagem Natural
695.138 4.407.589
substituíram proporcionalmente os produtos que
Pastagem
2.339.281
cederam área Plantada 1.806.036 Arroz
31.316 369.895
Cana
11.539
291.926
• Dados área plantada
Feijão
Girassol
Milho
Soja
Sorgo
Tomate
Borracha
Palmito
Outras
8.681 73.790
181.481
2.180
210
840
8.515
6.808
46.307
538.298
5.543.067
355.456
4.911
4.382
2.107
58.267
• Soja e cana-de-açúcar têm substituído áreas destinadas à produção
de alimentos, como arroz e feijão.
• Pastagens natural e plantada cederam lugar à lavoura.
• Reconfiguração do Espaço Produtivo
13. 2º Capítulo
• Contribuição de Área e Contribuição do Rendimento da
Soja
Contribuição de Área Contribuição de Rendimento
• Contribuição de Área e Contribuição do Rendimento da
Brasil
54,65
45,35
Cana-de-Açúcar
Centro-Oeste
63,52
36,48
Mato Grosso do Sul Contribuição de Área Contribuição de Rendimento
54,86
45,14
Brasil Grosso
Mato
65,98
72,51
34,02
27,49
Centro-Oeste
Goiás
77,36
56,51
22,64
43,49
Mato Grosso do Sul
67,99
32,01
Mato Grosso
81,35
18,65
Goiás
81,41
18,59
• Padrão intrínseco à dinâmica canaveira do país =
crescimento pela incorporação de novas terras
(acumulação de propriedade para a perpetuação das
estruturas produtivas e de poder)
14.
15.
16.
17. Tabela 18: Evolução da área de pastagem, efetivo de bovinos
(cabeças) e taxa de lotação nos estabelecimentos agropecuários
1985
Região/Estado
Área de Pastagem (ha)
Total
Cabeças Bovinas
Lotação
Brasil
Natural
105.094.029
Plantada
74.094.402
Cabeças/ha Pastagem Total
179.188.431
128.041.757
0,71
Centro-Oeste
28.992.372
30.251.745
59.244.117
36.116.293
0,61
Mato Grosso
9.685.306
6.719.064
16.404.370
6.545.956
0,40
Mato Grosso do Sul
9.658.224
12.144.529
21.802.753
15.017.906
0,69
Goiás
9.569.989
11.324.595
20.894.584
14.476.565
0,69
1995
Região/Estado
Área de Pastagem (ha)
Total
Cabeças Bovinas
Lotação
Brasil
Natural
78.048.463
Plantada
99.652.009
Cabeças/ha Pastagem Total
177.700.472
153.058.275
0,86
Centro-Oeste
17.443.641
45.320.271
62.763.912
50.766.496
0,81
Mato Grosso
6.189.573
15.262.488
21.452.061
14.438.135
0,67
Mato Grosso do Sul
6.082.778
15.727.930
21.810.708
19.754.356
0,91
Goiás
5.137.285
14.267.411
19.404.696
16.488.390
0,85
2006
Região/Estado
Área de Pastagem (ha)
Brasil
Natural
57.633.189
Plantada
Total
102.408.873 160.042.062
45.228.574 59.035.897
Centro-Oeste
13.807.323
Mato Grosso
4.404.283
17.658.375
Mato Grosso do Sul
6.220.544
Goiás
3.149.576
Cabeças Bovinas
Lotação
Cabeças/ha Pastagem Total
176.147.501
1,10
59.616.953
1,01
22.062.658
20.666.147
0,94
14.834.578
21.055.122
20.634.817
0,98
12.688.744
15.838.320
18.234.548
1,15
Fonte: Censos Agropecuários de 1985, 1995 e 2006.
18. 3 º Capítulo Soja em Mato Grosso
• Nos próximos 10 anos a produção de soja crescerá 50%
em Mato Grosso;
• Crescimento da área plantada de 2,5% ao ano, de 6
milhões de hectares para 7,7 milhões de hectares;
• Sorriso é o principal produtor;
• Soja vai ocupando áreas de pasto e empurrando essa
atividades para áreas mais ao norte do Estado e para os
Estados da Região Norte.
19. Cana-de-açúcar
Goiás e Mato Grosso do Sul
• Nova fronteira agrícola da cana-de-açúcar;
• São Paulo já está saturado, elevação dos preços
das terras – boom mercado imobiliário;
• Estados apresentam grandes extensões de terras,
preços menores em relação ao Estado de São
Paulo, infra-estrutura para o escoamento da
produção e incentivos governamentais para a
instalação de usinas.
20. Nova Fronteira Agrícola Cana-de-açúcar
• Goiás = 60% dos municípios produzem cana-de-açúcar;
•
Joint venture entre Grupo São Martinho e Petrobrás
Biocombustíveis = Nova Fronteira em Quirinópolis;
MAIOR PRODUTORA DE ETANOL DO MUNDO
• Goiás: crescimento 740% na produção de etanol e cerca de
340% na produção de açúcar (2000 – 2009)
• MS: 80% dos municípios produzem cana-de-açúcar;80%
da colheita via máquinas;
• Muitas usinas possuem terra própria para o cultivo
Produtores: parentesco com os usineiros
“Corretores” próprios
21. Pecuária em Mato Grosso
•Taxa média de lotação é baixa
2010: 0,76 UA/ha
•Produção caracterizada pelo modelo extensivo em extensas
áreas;
•Há microrregiões pertencentes ao bioma Amazônia com
mais de 50% da área de pasto, sendo o limite de 20%.
• O confinamento não é o elo que será poupador de área e a
solução para conter a expansão da pecuária.
Custo alto para o confinamento
R$5,00 por dia por animal.
Fazenda com 10.000 cabeças = R$ 50 mil por dia
22. 4º Capítulo
Desmatamento no bioma Cerrado até 2008
MT – maior área desmatada no
período 2002- 2008.
Maior desmatamento:
PRODUTORES DE SOJA
Brasnorte
Nova Ubiratã
Sapezal
Nova Mutum
São José do Rio Pardo
Santa Rita do Trivelato
Nova São Joaquim
Campos de Júlio
Diamantino
Campo Novo dos Parecis Sorriso
Campo Verde.
Fonte: MMA, 2009
23. Desmatamento no bioma Pantanal 2002-2008.
Cáceres – MT: maior área
desmatada no bioma
Pantanal – município entre
os que detém maior efetivo
de bovinos em Mato
Grosso.
Fonte: MMA, 2010.
24. Distribuição do desmatamento acumulado na Amazônia Legal em 2011.
Maiores Produtores pecuária bovina
Novo Mundo (80%)
Nova Bandeirante 100%)
2000-2008
Fonte: Imazon, 2013.
25. 5º Capítulo
Zoneamento Econômico - Ecológico
Decreto 4.297/2002 – critérios para o ZEE
Brasil
ZEE Lei Federal nº 6.938/81
ZEE nacional e regional
Permite ZEE estadual e municipal
Reconhece
4.297/2002 –
critérios para o
ZEE Brasil
Deve ser aprovada pela
Assembléia Legislativa estadual ou
municipal
•Orientação de atividades industriais e agropecuárias que
utilizam os recursos ambientais
•Desenvolvimento ecológico e econômico sustentável do
setor rual
26. 5º Capítulo
Conselhos Municipais de Meio Ambiente
• Art. 23 da Constituição Federal
• Determinação
Legal
Lei
Federal
6.938/81
Descentralização da gestão ambiental municipal
–
• Licenças ambientais fornecidas pelo órgão público
municipal ou pela gestão ambiental municipal = CMMA
• Competências:
proteção paisagens naturais notáveis, proteção do meioambiente, combate à poluição, preservação das florestas,
fauna e flora
– CMMA não tem qualquer competência sobre as áreas de expansão das
produções;
27. Situação Atual
Mato Grosso do Sul
• ZEE Estadual protege áreas do Pantanal;
• Não há programas para recuperação do pasto
degradado; a “cultura” é de abrir áreas para a produção
de gado;
• Usinas conhecem o programa de zoneamento e não há
projetos de instalação no bioma Pantanal e Amazônia;
• Crescimento das cidades, geração de emprego e renda.
28. Situação Atual
Goiás
• Não possui ZEE Estadual;
não possibilita o conhecimento pleno sobre as áreas de ocupação da
agropecuária no território estadual e as fragilidades ambientais
• Governos estadual e municipais não têm qualquer preocupação com
a degradação ambiental e abertura de áreas para a expansão da
cana;
• Pecuária cedeu lugar para a expansão da cana e se deslocou para
Mato Grosso;
• Pecuaristas endividados X elevada lucratividade da cana;
• Falência de frigoríficos na região;
• Há desmatamentos de áreas de mata; retirada ilegal de árvores
nativas para expansão da produção.
29. Situação Atual
Mato Grosso
• ZEE está suspenso pelo Ministério Público;
• Superintendência e Monitoramento de Indicadores
Ambientais da Secretaria de Meio Ambiente de Mato
Grosso
O zoneamento é uma indicação para a atividade
30. Conclusões
•Crescimento da produção agropecuária ainda ocorre pela ocupação de
novas áreas;
• As análises de Contribuição de Área e Contribuição de Rendimento
mostraram que a soja e a cana-de-açúcar crescem pelo aumento de
área;
•O crescimento da monocultura substitui as culturas menos rentáveis ou
as elimina da esfera produtiva;
•Essa dinâmica reconfigurou o espaço produtivo da cana-de-açúcar que
se concentrava na Região Sudeste do País. Mato Grosso do Sul e Goiás
são as novas fronteiras agrícolas;
•Relação com a persistente característica fundiária de produção da canade-açúcar – acumulação de propriedade é garantia de renda e poder;
31. Conclusões
• Causas da Itinerância da pecuária bovina:
1ª Substituída pela cana-de-açúcar e soja (arrendamento de
estabelecimentos pecuária para cana em MS e Goiás);
2ª Degradação dos pastos, falta de manejo adequado que está
presente em apenas 5% dos estabelecimentos pecuários;
Tragédia dos Comuns – Hardin
• A degradação ambiental e desmatamento associado ao modelo
expansivo da agropecuária no Centro-Oeste foi minizado pelo
crescimento econômico e geração de renda aos municípios e
Estados produtores;
32. Conclusões
• Esperava-se que os ZEE e CMMA fossem um afronte ao
padrão itinerante e degradante de produção;
• Que os CMMA que são instrumentos legais para o
exercício da competência relativa à proteção das
paisagens fossem instrumentos capazes de orientar
essas produção;
Dilema entre crescimento econômico e
preservação ambiental.
33. Limitações e Próximos estudos
• Dados atuais sobre os estabelecimentos agropecuárias
(último censo de 2006);
• Dificuldades nas entrevistas;
• Dados sobre CMMA em Mato Grosso = Primavera do Leste,
Lucas do Rio Verde, Sorriso, Campo Verde e Cuiabá;
• Dados sobre áreas em MT;
• Comprovações sobre números de desmatamento
•
•
•
•
•
Programas de intensificação das produções;
Programas de recuperação de áreas degradadas;
Visitas fazendas Pecuária (Paranatinga) e de Soja (SINOP);
PTF;
Efeitos sobre a Segurança Alimentar.
34. Principais Referências Bibliográficas
•CANO, W. Ensaios sobre a formação econômico regional do Brasil. Campinas-SP: Editora da
Unicamp, 2002.
•CASTRO, A. C.; FONSECA, M. G. D. A dinâmica agroindustrial do Centro-Oeste. Brasília: IPEA,
1995. 220p.
•CONWAY, G.R.; BARBIER, E. After The Green Revolution: Sustainable Agriculture For Development.
Earthscan Publications Ltd, London, 1990, 204p.
•FURTADO, C. Análise do “modelo” brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
•GASQUES, J.G. et al. Produtividade Total dos Fatores e Transformações da Agricultura Brasileira:
Análise dos Dados dos Censos Agropecuários. 48º Encontro da Sociedade Brasileira de Economia,
Administração e Sociologia Rural (SOBER), Campo Grande-MS, 25 a 28 de Julho de 2010.
•HARDIN, G. The Tragedy of the Commons. Science, Vol. 162, Dezembro de 1968.
•HOGAN, D.J. et al. Um Breve Perfil Ambiental da Região Centro-Oeste. Migração e Ambiente no
Centro-Oeste. Campinas: Núcleo de Estudos da População/UNICAMP: Pronex, 2002. 322p.
•LOPES, I. G. V. et al. Código Florestal e agricultura. Revista de Política Agrícola, Brasília: Secretaria
Nacional de Política Agrícola, Companhia Nacional de Abastecimento, ano XX, nº 2, Abr./Maio/Jun.
2011.
•RAMOS. P. Agroindústria canavieira e propriedade fundiária no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1999.
•VERA FILHO, F.; TOLLINI, H. Progresso tecnológico e desenvolvimento agrícola. In: VEIGA, A.
(Coord.). Ensaios sobre política agrícola brasileira. São Paulo: Secretaria da Agricultura, 1979, p.
87-136.
•WILKINSON, J.; HERRERA, S. Biofuels in Brazil: debates and impacts. Journal of Peasant Studies,
vol. 37, nº 4, p. 749- 768, 2010.