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Ficha Informativa n.º 6
A frase complexa – coordenação e subordinação
As orações de uma frase complexa podem ligar-se por coordenação ou por subordinação. Em cada um destes processos de ligação interoracional podemos distinguir
vários subtipos de orações.
A Orações coordenadas
As orações coordenadas são consideradas autónomas, pois não dependem sintacticamente umas das outras.
As conjunções ou locuções coordenativas que unem estas orações estabelecem
uma determinada relação semântica entre elas, de acordo com a qual se identificam
vários subgrupos de orações coordenadas.
Nota:
A classificação de uma oração coordenada como adversativa, copulativa, conclusiva,
disjuntiva ou explicativa é reservada somente à oração que é iniciada pela conjunção;
a outra oração designa-se apenas como oração coordenada.
Orações coordenadas copulativas
O Ricardo pinta e a Marta faz teatro.
O mecânico não veio, nem telefonou.
Nem leu o livro nem fez o trabalho.
Conjunções e locuções copulativas (marcam uma adição ou sequência temporal)
e; nem; nem… nem; não só… mas também; não só… como/mas (também); tanto… como
As orações coordenadas copulativas introduzidas por uma conjunção ou locução
coordenativa são sindéticas por oposição às assindéticas, que não são introduzidas por
conjunção, mas apenas separadas por pausa, representada na escrita por uma vírgula.
O velho abriu a porta e espreitou cautelosamente.
(oração coordenada sindética)
O velho abriu a porta, espreitou cautelosamente.
(oração coordenada assindética)
Orações coordenadas disjuntivas
Vais ao cinema ou ficas em casa?
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Vou sair, quer chova quer faça sol.
Ora chora, ora ri.
Conjunções e locuções disjuntivas (marcam uma alternativa)
ou; ou… ou; ora… ora; quer… quer; seja… seja
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A FRASE COMPLEXA – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Orações coordenadas adversativas
Avisei-o várias vezes, mas não me ouviu.
Prometeu pontualidade, no entanto atrasou-se.
mas
Orações coordenadas conclusivas
Aquele rapaz deita-se tardíssimo; logo anda sempre ensonado.
Tiraste fracas notas, portanto não vais à festa.
Conjunção conclusiva (marca o resultado, o efeito ou a consequência/conclusão)
logo
Orações coordenadas explicativas
Tiraste fracas notas, pois não estudaste.
Conjunção explicativa (marca uma justificação ou explicação)
pois
Como algumas frases com orações coordenadas podem ter sentido idêntico ao de
outras com orações subordinadas, convém saber como as distinguir.
Um comportamento que caracteriza as orações coordenadas, permitindo distingui-las
das subordinadas adverbiais (temporais, causais, finais, condicionais e concessivas), é
a impossibilidade de movimentação da oração introduzida pela conjunção coordenativa
para o início da frase (mantendo o mesmo sentido) face à possibilidade desse movimento com as orações subordinadas.
Saiu quando acabou o trabalho.
Quando acabou o trabalho, saiu.
Prometeu pontualidade, mas atrasou-se.
*Mas atrasou-se, prometeu pontualidade.
Atrasou-se, embora tenha prometido pontualidade.
Embora tenha prometido pontualidade, atrasou-se.
Acendeu a luz, pois estava a anoitecer.
*Pois estava a anoitecer, acendeu a luz.
Acendeu a luz, uma vez que estava a anoitecer.
Uma vez que estava a anoitecer, acendeu a luz.
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Conjunção adversativa (marca um contraste ou oposição)
- 3. A FRASE COMPLEXA – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
B Orações subordinadas
As orações subordinadas desempenham uma função sintáctica na frase em que se
encontram.
Classificam-se tradicionalmente em substantivas, adjectivas e adverbiais, segundo a
função sintáctica que desempenham, por serem comparáveis a grupos nominais, a
grupos adjectivais e a grupos adverbiais.
Orações subordinadas substantivas
As orações subordinadas substantivas podem desempenhar na frase em que se
encaixam a função sintáctica de sujeito ou complemento de um verbo, de um nome ou
de um adjectivo.
◆
orações completivas
As orações subordinadas completivas podem ser seleccionadas por um verbo.
Admira-me que o Tó se tenha atrasado. [= Isso admira-me.]
(sujeito)
Ela pediu ao pai que a desculpasse. [= Ela pediu isso ao pai.]
(complemento directo)
Ela desistiu de que a compreendessem. [= Ela desistiu disso.]
(complemento oblíquo)
Ele perguntou se podia sair. [= Ele perguntou isso.]
(complemento directo)
A mãe disse-lhe para fazer a cama. [= A mãe disse-lhe isso.]
(complemento directo)
As orações completivas também podem ser seleccionadas por um nome ou por
um adjectivo.
O receio de que tivesse sido a culpada apavorava-a.
(complemento do nome receio)
Ela estava desconfiada de que a tinham enganado.
(complemento do adjectivo desconfiada)
Conjunções completivas
que; se; para
◆
orações relativas (sem antecedente)
As orações relativas sem antecedente são introduzidas pelos vários tipos de palavras relativas (pronomes: quem, o que; advérbio: onde; quantificador: quanto) sem
antecedente na frase em que se encaixam e podem exercer as funções sintácticas
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de sujeito, complemento directo, complemento indirecto, complemento oblíquo ou
modificador do grupo verbal.
Quem desconfia é ladrão.
(sujeito)
Ele evita o que o possa magoar.
(complemento directo)
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A FRASE COMPLEXA – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Fizeram uma festa a quem venceu.
(complemento indirecto)
Vou para onde me apetecer.
(complemento oblíquo)
Paramos onde quiseres.
(modificador do grupo verbal)
As orações subordinadas adjectivas são as orações relativas com antecedente que
exercem a função sintáctica de modificadores do nome e são introduzidas pelos vários
tipos de palavras relativas com um antecedente no grupo nominal em que se encaixam.
Descobri a pulseira que tinha desaparecido.
(antecedente)
→
Tal como os outros modificadores do nome, estas orações relativas podem ser restritivas ou explicativas (apositivas), consoante restringem ou não a informação dada
sobre o antecedente.
◆
orações relativas restritivas
O rapaz que me apresentaste veio cá ontem.
Os alunos cujas notas foram más vão repetir o teste.
Gosto da cidade onde vivo.
Na escrita, não se separam por vírgulas.
◆
orações relativas explicativas
O meu padrinho, que vive em Paris, telefonou-me ontem.
O meu filho, cujas qualidades todos reconhecem, vai estudar para Londres.
Encontrei o Rui, o qual me pareceu adoentado.
Na escrita, separam-se por vírgulas.
Orações subordinadas adverbiais
As orações subordinadas adverbiais desempenham a função de modificador da
frase ou do grupo verbal e podem ser introduzidas por diferentes conjunções ou locuções subordinativas, que exprimem uma determinada relação semântica com a oração
subordinante. De acordo com essa relação distinguem-se vários subtipos.
◆
temporais
Exprimem uma relação de tempo com a oração subordinante.
Ela compareceu logo que/quando foi chamada.
Conjunções e locuções temporais
quando; enquanto; apenas; mal; agora que; desde que; antes que; assim que; logo que;
depois que; até que; sempre que; todas as vezes que; cada vez que; antes de; depois de
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Orações subordinadas adjectivas – orações relativas (com antecedente)
- 5. A FRASE COMPLEXA – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
◆
causais
Indicam um motivo ou uma causa em relação à oração subordinante (efeito ou
resultado).
Não comprámos o medicamento, porque a farmácia fechou.
Como tinha pressa, chamei um táxi.
Conjunções e locuções causais
porque; como (= porque); que (= porque); visto; dado; pois que; uma vez que;
visto que; já que; dado que
◆
finais
Indicam uma finalidade ou intencionalidade em relação à oração subordinante.
Para que tudo esteja pronto a horas, prepara as coisas com antecedência.
Fizeram cortes a fim de que as despesas diminuíssem.
Conjunções e locuções finais
que; para que; a fim de que; de modo que; de maneira que
◆
condicionais
Apresentam uma condição para que se verifique o facto referido na oração subordinante.
Se quiseres vir connosco, avisa.
Caso precises de ajuda, telefona-me.
Conjunções e locuções condicionais
se; caso; salvo se; contanto que; a não ser que; a menos que; desde que
◆
concessivas
Exprimem uma relação de contraste; o que se verifica na oração subordinante
surge como inesperado face ao que é dito na subordinada.
Embora eu não tenha sido convocado, irei à reunião.
Deixo-te ir à festa, se bem que tu não mereças.
Conjunções e locuções concessivas
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embora; conquanto; que; malgrado; se bem que; ainda que; mesmo que; mesmo se;
posto que; nem que; por mais que; por menos que; não obstante
Nota que as frases com orações concessivas têm um sentido equivalente ao das
frases com orações coordenadas adversativas.
Irei à reunião, mas não fui convocado.
Deixo-te ir à festa, porém tu não mereces.
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A FRASE COMPLEXA – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
comparativas
Estabelecem uma comparação com a subordinante.
Ele é tão estudioso como o irmão é preguiçoso.
Ele é mais estudioso do que o irmão.
Ele gritou como se fosse louco.
Conjunções e locuções comparativas
como; do que; qual (depois de “tal”); quanto (depois de “tanto”); assim como;
bem como; como se; que nem
Observa que, muitas vezes, na oração subordinada comparativa se suprimem (isto
é, há elisão de) alguns elementos.
O João toca tão bem piano como violino. (= como toca violino)
◆
consecutivas
Exprimem uma relação de consequência em relação ao grau da situação referida
na oração subordinante.
Ele esforçou-se tanto que acabou o trabalho a horas.
Conjunções e locuções consecutivas
que; (de tal modo) … que; (tão) … que; (de tal maneira) … que; (tanto) … que
Nota que as frases com orações consecutivas têm um sentido próximo do das frases
com orações coordenadas conclusivas, podendo estar ausente nestas a quantificação.
Ele esforçou-se (muito), portanto acabou o trabalho a horas.
Orações finitas e não finitas
As orações podem ser finitas ou não finitas consoante o verbo esteja numa forma
finita ou numa forma não finita. São não finitas as formas nominais: infinitivo (pessoal
ou impessoal), gerúndio ou particípio passado. A maioria das orações não finitas
ocorre como subordinada.
Exemplos de orações não finitas com o verbo no infinitivo:
Não fui sair por estar cansada. (oração subordinada causal não finita)
É preciso ir à farmácia. (oração subordinada completiva não finita)
Ela abraçou-o ao entrar em casa. (oração subordinada temporal não finita)
Exemplos de orações não finitas com o verbo no gerúndio:
Saltando da varanda, escapou aos bandidos. (oração subordinada causal não finita)
Mesmo trabalhando toda a noite, não acabei o trabalho. (oração subordinada concessiva não finita)
Exemplos de orações não finitas com o verbo no particípio passado:
Interrompida a estrada, tivemos de pernoitar na aldeia. (oração subordinada causal não finita)
Terminado o Inverno, arrumo as roupas mais quentes. (oração subordinada temporal não finita) )
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◆
- 7. A FRASE COMPLEXA – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
FRASES COMPLEXAS – COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO (QUADRO-SÍNTESE)
copulativas
disjuntivas
Orações coordenadas
adversativas
conclusivas
explicativas
completivas
substantivas
relativas (sem antecedente)
relativas (com antecedente) restritivas
adjectivas
relativas (com antecedente) explicativas
temporais
Orações subordinadas
causais
finais
adverbiais
condicionais
concessivas
comparativas
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consecutivas
Observação:
As orações podem ser finitas ou não finitas consoante o verbo esteja numa forma finita
ou numa forma não finita (isto é, no infinitivo pessoal ou impessoal,
no gerúndio ou no particípio passado).
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